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DASA

Receituário Agronômico
(RA)

Prof. Eder Marques


1º/2020
Histórico
• A comercialização de defensivos agrícolas
está vinculada a uma receita agronômica
(RA) e é uma exigência legal ou prática
recomendada em muitos países há tempos

Ex.: Califórnia (EUA) – 1978 – 2800


Agrônomos credenciados

• No Brasil, tal medida somente tornou-se


obrigatória desde 1989, com a Lei Federal
7.802 (Lei dos Agrotóxicos) e com o Decreto
4.074/2002, que regulamentou a lei 2
Histórico
Mas antes:
• Início Déc. 70: Preocupações com o uso
indiscriminado de agrotóxicos, acidentes e
poluição ambiental – necessidade de
regulamentação

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Histórico
Mas antes:
1974: “1ª Convenção Regional do Centro de
Estudos de Toxicologia do RS”
• Bloqueio Regional para defensivos
ALTAMENTE TÓXICOS
• COMERCIALIZAÇÃO desses através da
Receita Agronômica, assinada por um
Agrônomo
1975: “Simpósio sobre Toxicologia dos
Pesticidas e Envenenamento Ambiental”
(Sociedade de Agronomia do RS)
• Ratifica reafirma a necessidade da implantação
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do RA para a venda de defensivos.
Histórico
Mas antes:
1976: Relato de Caso de Sucesso: Redução no
uso de produtos fitossanitários na região de
Santa Rosa – RS, pela venda controlada
(cooperativa), através de prescrição técnica
(Associação de dos Engenheiros Agrônomos do Nordeste do RS)

1977: Conselho de Desenvolvimento


Agropecuário do RS, recomendou a
implantação do Receituário Agronômico
• Atendendo a essa recomendação, o Banco
Central, determinou que as verbas
destinadas aos tratamentos fitossanitários
somente fossem liberadas mediante a
apresentação da RA 5
Histórico
Mas antes:
1981: Portaria nº 07/1981 (MAPA)
• Criou-se a necessidade do receituário
agronômico para a venda de agrotóxicos em
todo território nacional
>>> Diante disto, e da nova classificação
adotada em 1980, o receituário agronômico
tornou-se obrigatório para o consumo dos
agrotóxicos das classes de extrema e alta
toxicidade

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Lei 7.802/1989
Art. 13. A venda de agrotóxicos e afins aos
usuários será feita através de receituário
próprio, prescrito por profissionais legalmente
habilitados
Art. 14. As responsabilidades administrativa,
civil e penal pelos danos causados à saúde das
pessoas e ao meio ambiente... cabem:
a) ao profissional, quando comprovada receita
errada, displicente ou indevida

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Decreto 4.074/2002
Art. 64. Os agrotóxicos e afins só poderão
ser comercializados diretamente ao usuário,
mediante apresentação de receituário próprio
emitido por profissional legalmente habilitado

Art. 65. A receita de que trata o art. 64 deverá


ser expedida em no mínimo duas vias,
destinando-se a 1ª ao usuário e a 2ª ao
estabelecimento comercial que a manterá à
disposição dos órgãos fiscalizadores
referidos no art. 71 pelo prazo de 2 anos,
contados da data de sua emissão
https://www.creadf.org.br/template/downloads/formularios/8992-modelo-de- 8
receituario-agronomico
Decreto 4.074/2002
Art. 66. A receita, específica para cada cultura
ou problema, deverá conter, necessariamente:

I - nome do usuário, da propriedade e sua


localização

II - diagnóstico

III - recomendação para que o usuário leia


atentamente o rótulo e a bula do produto
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Decreto 4.074/2002
Art. 66. A receita, específica para cada cultura ou
problema, deverá conter, necessariamente:
IV - recomendação técnica com as seguintes
informações:
a) nome do(s) produto(s) comercial(ais) que deverá(ão) ser
utilizado(s) e de eventual(ais) produto(s) equivalente(s);
b) cultura e áreas onde serão aplicados;
c) doses de aplicação e quantidades totais a serem
adquiridas;
d) modalidade de aplicação, com anotação de instruções
específicas, quando necessário, e, obrigatoriamente, nos
casos de aplicação aérea;
e) época de aplicação;
f) intervalo de segurança... 10
Decreto 4.074/2002
Art. 66. A receita, específica para cada cultura ou
problema, deverá conter, necessariamente:
IV - recomendação técnica com as seguintes
informações:
g) orientações quanto ao manejo integrado de pragas e de
resistência;
h) precauções de uso; e
i) orientação quanto à obrigatoriedade da utilização de EPI; e
V - data, nome, CPF e assinatura do profissional que
a emitiu, além do seu registro no órgão fiscalizador
do exercício profissional
Parágrafo único. Os produtos só poderão ser
prescritos com observância das recomendações de
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uso aprovadas em rótulo e bula
Decreto 4.074/2002
Art. 67. Os órgãos responsáveis pelos setores de
agricultura, saúde e meio ambiente poderão
DISPENSAR, com base no art. 13 da Lei no 7.802, de
1989, a exigência do receituário para produtos
agrotóxicos e afins considerados de baixa
periculosidade, conforme critérios a serem
estabelecidos em regulamento

Parágrafo único. A dispensa da receita constará do


rótulo e da bula do produto, podendo neles ser
acrescidas eventuais recomendações julgadas
necessárias pelos órgãos competentes mencionados
no caput http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-
/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/publicada-
reclassificacao-toxicologica-de-agrotoxicos-
/219201/pop_up?_101_INSTANCE_FXrpx9%20qY7FbU_viewMod 12
e=print&_101_INSTANCE_FXrpx9qY7FbU_languageId=en_US
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Vantagens do RA
a) Contribuição para uma maior conscientização do uso de
produtos fitossanitários;
b) Valorização do meio ambiente, com medidas efetivas para
protegê-los;
c) Facilitar a adoção do manejo integrado de pragas (mip),
processo que envolve a condução de cultura
supervisionada;
d) Indução ao emprego de produtos fitossanitários mais
seguros e mais eficientes;
e) Criação de um corpo de assistência técnica de alto nível,
valorizando a classe;
f) Criação de novas condições para uma comunicação mais
efetiva entre técnicos e agricultores;
g) Permissão para maior rigor nas fiscalizações dos
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problemas de ordem toxicológica.
Vantagens do RA
Parecer
MIP
Técnico

Ferramenta
Métodos de
de
Controle
valorização
Adequado
profissional

Aplicador
Consumidor
Meio
Ambiente
RA Eficiência
Baixo Custo

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Conceitos
• Exige conhecimento do profissional
para que se possa realmente atingir os
objetivos a que se propõe
• Impõe e assume toda a
responsabilidade profissional, em toda
a sua amplitude, através de seu
documento base - a receita agronômica
• Receituário Agronômico é antes de
tudo uma metodologia de trabalho a
ser seguida por quem atua na área
fitossanitária
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RA ≠ Receita
1. RA: Conjunto de procedimentos que
levam ao diagnóstico e recomendações
de controle para um problema
fitossanitário
2. Receita: é apenas o instrumento final de
todo o processo, envolvendo
características técnicas e éticas para a
compra do agrotóxico

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Bases para o RA
Competência Legal:
• Resolução do CONFEA Nº 344 de 27/07/90 define que
apenas o Engenheiro Agrônomo e Florestal, dentro
de suas respectivas atribuições profissionais,
podem prescrever o RA
• Competência Profissional:
 Conhecimentos acadêmicos básicos sobre
Defesa Fitossanitária:
 MIP, MID e MI Plantas Invasoras
 Tecnologia de Aplicação de Produtos
Fitossanitários
 Disposição final de resíduos e embalagens e de
proteção ao meio ambiente 18
 EPI
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Bases para o RA
https://www.creadf.org.br/template/downloads/legi
Ética Profissional:
slacao/codigo-de-etica-do-profissional

• O profissional deve ter um compromisso


com sua consciência, sabendo que ele tem
um papel social, político e humano a ser
cumprido
• Ouvir o produtor e ser humilde para aprender

Visão Global dos Problemas:


• Ir ao local (avaliar, medir e verificar os
fatores ambientais);
• Dar ênfase aos preceitos
agroecotoxicológicos
• Reciclagem 20
Bases para o RA
RA suporte do MIP

• Ir a propriedade:
 Diagnóstico correto do agente causal;
 Intensidade de infestação;
 Priorizar métodos de controle alternativo;

*A prescrição do controle químico não é


condição obrigatória no RA

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Fatores determinantes para
Fator pessoal:
o sucesso do RA:
 Conhecimento técnico

 Confiança nos aplicadores e funcionários

 Cultura geral

 Noções de Sociologia Rural

 Empatia

 Educador e Orientador 22
Fatores determinantes para
o sucesso do RA:
Fator material:
• Cuidado com a manutenção dos
equipamentos de aplicação, pois pode afetar
a eficiência da prescrição

• Deve-se observar as instalações para o


armazenamento dos produtos
fitossanitários, bem como os cuidados de
segurança
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Fatores determinantes para
Fator ecológico:
o sucesso do RA:
• Conhecer a topografia da região, a natureza
da vegetação predominante e o tipo de fauna
existente para evitar a contaminação
ambiental do solo e da água
• Encarar os problemas fitossanitários como
um complexo sistema, onde a opção por
uma alternativa simplista de solução de uma
dada particularidade, pode causar danos
irreparáveis no Agroecossistema 24
Fatores determinantes para
Fator econômico:
o sucesso do RA:
• É necessário que o profissional tenha
certeza que sua receita será executada à
risca, por isso é importante:
* Um estudo do poder aquisitivo de seu
consulente, verificando equipamentos e
indicando produtos acessíveis ao seu
rendimento

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Fatores determinantes para
Fator legislativo:
o sucesso do RA:
• Só poderão ser prescritos produtos com
observância das recomendações de uso
aprovadas no REGISTRO, no órgão
competente
* Observar:
 Registro pra cultura?
 Restrições no Estado, Município ou área?

http://www.adapar.pr.gov.br/arquivos/File/GAT/lista.pdf 26
Semiotécnica Agronômica
1. Abordagem (RAPPORT) Métodos de
se identificar
• Primeiro contato entre o sinais de
uma doença
profissional e o agricultor
(consulente)
 Escritório (Assistência Técnica) RAPPORT é
um técnica
 Conversar com o cliente (5 a 10 usada para
min) – assuntos diversos – para criar uma
ligação com o
ter uma visão do seu nível de atendido
conhecimento e promover
descontração

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Semiotécnica Agronômica
2. Anamnese Passiva
• Queixa e Duração (QD) - Qual o problema
(Q) e há quanto tempo existe (D)
 O cliente irá expor o problema fitossanitário,
sem ser interrompido
 O profissional anota os fatos que julgue
importante – mas NUNCA deve interromper para
emitir uma ideia, contestar ou apoiar

Anamnese =
entrevista
necessária ao
diagnóstico da
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doença
Semiotécnica Agronômica
3. Anamnese Ativa
• As informações passadas pelo agricultor
serão analisadas através de um
interrogatório mais minucioso
 Solicitar ao agricultor
informações com relação a
cultura (área, época de plantio,
cultivar, sistema de condução,
etc.), equipamentos de
aplicação (tipo de equipamento,
bicos, conservação, etc.),
Equipamentos de proteção
individual, disponibilidade de
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pessoal...
Semiotécnica Agronômica
4. Montagem da Ficha
Técnica
• História Pregressa
do Problema Atual
(HPPA)
 Resultado da
conversa inicial da
Anamnese passiva e
ativa
 Essas informações
deverão ser lançadas
numa ficha 30
Semiotécnica Agronômica
5. Visita a Propriedade – Constatar o Problema
• De posse da ficha técnica, visitar a propriedade
(a ficha deverá ser preenchida na medida em
que as informações forem coletadas)
 O profissional deverá observar todos os
detalhes referidos na ficha técnica, por exame
direto, para constatar o problema

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Semiotécnica Agronômica
É importante observar alguns
aspectos:
• Diagnóstico por cultura: Existe
mais de um agente causal?

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Semiotécnica Agronômica
É importante observar alguns aspectos:
• O agente causal atingiu o NC ou NDE?

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Semiotécnica Agronômica
É importante observar alguns aspectos:
• Quais os equipamentos disponíveis?

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Semiotécnica Agronômica
É importante observar alguns aspectos:
• Quais os EPI’s disponíveis?

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Semiotécnica Agronômica
É importante observar alguns aspectos:
• Local para descarte de Embalagens?

• Local para
armazenamento de
produtos?
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Semiotécnica Agronômica

37
Semiotécnica Agronômica

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Semiotécnica Agronômica
6. Estabelecer o
Diagnóstico
• Com base no
Histórico do
Problema Atual (HPA)
Em caso de dúvidas
– coleta de partes da
planta com sintomas
(material deve ser
embalado, etiquetado
e enviado para
especialistas)
Recomendar o
controle e medidas
preventivas
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RA
• É o documento pelo qual o profissional
se identifica, se situa, se apresenta e
prescreve o tratamento preventivo ou
curativo, em função do diagnóstico.

• É a etapa final da Semiotécnica


Agronômica.

• Deve ser clara, precisa, concisa e


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estética.
RA
• Deve estar vinculada a uma ART
(Anotação de Responsabilidade
técnica) junto ao CREA.
http://sch.confea.org.br:8585/art-online
https://portal.crea-sc.org.br/wp-content/uploads/2020/03/ART-vers%C3%A3o-03-
2020.pdf

A ART é o documento que define, para os efeitos legais,


os responsáveis técnicos pelo desenvolvimento de
atividade técnica no âmbito das profissões abrangidas
pelo Sistema Confea/Crea. A Lei nº 6.496/77 42
RA
• 5 vias:
1. Profissional

2. Cliente

3. Comerciante

4. CREA

5. Estado (fiscalização)

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Identificação Profissional
Assinatura, Crea e Data

Identificação e Endereço
Prescrição Técnica
Cultura e área

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Informações
no Verso

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Informações
no Verso
Precauções de uso e cuidados
com o aplicador (orientações
quanto a obrigatoriedade de
EPIs) e meio ambiente 46
Informações
no Verso

Informações sobre primeiros


socorros

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Informações
no Verso
https://www.youtube.com/watch?v=
LpP5BmSMaaA

Orientações sobre manejo


integrado de pragas e
resistência

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https://www.youtube.com/watch?v=8xY
4ZFDQqR0
https://www.youtube.com/watch?v=4k 49
RX_7oYTBc
50

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