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MECANIZAÇÃO AGRÍCOLA

14 2º VOLUME · MÁQUINAS AGRÍCOLAS


FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DO MANUAL
2º VOLUME · MÁQUINAS AGRÍCOLAS 15

Título: Manual Técnico do formando de Mecanização Agrícola – Máquinas agrícolas

Destinatários: Formandos que frequentem cursos de formação inicial ou contínua de Operador de Máquinas Agrícolas, ou que frequentem outros cursos em que está
inserida formação equiparada à de Operador de Máquinas Agrícolas

Área de Formação Profissional: Produção Agrícola e Animal (área 621 do CNAEF)

Cursos/saídas profissionais: Operador/a de máquinas agrícolas

Nível de formação: Nível 2

Componente de formação: Científico-tecnológica e prática simulada

Unidades/Módulos de Formação: IV – Engate e regulação de alfaias; V – Máquinas de mobilização do solo; VI – Distribuidores de fertilizantes;
VII – Equipamentos para tratamento e protecção das plantas; VIII – Máquinas de Sementeira e Plantação; IX – Máquinas de Transporte; X – Máquinas de Colheita

Conteúdos e duração dos módulos


Módulos Conteúdos Duração (horas)

IV – Engate e regulação de alfaias 3 – Ordem correcta de engate e desengate. 8

4 – Regulações comuns.

V – Máquinas de mobilização do solo 1 – Charruas.

2 – Grades.

3 – Cultivadores rotativos. 36

4 – Escarificadores.

5 – Rolos.
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16 2º VOLUME · MÁQUINAS AGRÍCOLAS

Conteúdos e duração dos módulos


Módulos Conteúdos Duração (horas)

VI – Distribuidores de fertilizantes 1 – Distribuidores de fertilizantes sólidos.

2 – Distribuidores de fertilizantes líquidos. 18

3 – Distribuidores de estrumes e chorumes.

VII – Equipamentos para tratamento e protecção 1 – Pulverizadores de jacto transportado.

das plantas 2 – Pulverizadores de jacto projectado. 18

3 – Atomizadores.

VIII – Máquinas de Sementeira e Plantação 1 – Semeadores de linhas centrífugos.

2 – Semeadores universais de linhas.

3 – Semeadores de precisão/monogrão. 24

4 – Semeadores pneumáticos.

5 – Plantadores.

6 – Transplantadores.

IX – Máquinas de Transporte 1 – Equipamentos de transporte e carga.

2 – Reboques. 6

3 – Caixas de carga.

4 – Carregadores hidráulicos.
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Conteúdos e duração dos módulos


Módulos Conteúdos Duração (horas)

X – Máquinas de Colheita 1 – Enfardadeiras.

2 – Gadanheiras e viradores/juntadores.

3 – Colhedores de forragem.

4 – Descoroadores e desramadores. 114

5 – Arrancadores de tubérculos.

6 – Colhedores de azeitona.

7 – Máquinas de vindimar.

8 – Ceifeiras debulhadoras.

Domínio cognitivo

5 – Noções de mecânica de tractores e máquinas agrícolas motoras, sistemas e órgãos acessórios.

6 – Agricultura aplicada à mecanização agrícola.

7 – Tecnologias e equipamentos agrícolas utilizados para mobilização de solos.

Competências a adquirir pelos formandos 8 – Tecnologias e equipamentos agrícolas utilizados para a aplicação de fertilizantes.

9 – Tecnologias e equipamentos agrícolas utilizados para tratamentos fitossanitários.

10 – Tecnologias e equipamentos agrícolas utilizados para sementeira e plantação.

11 – Tecnologias e equipamentos agrícolas utilizados para colheita.

12 – Tecnologias e equipamentos agrícolas utilizados para transporte.


FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DO MANUAL

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Domínio Psico-motor

3 – Adequar os parâmetros de regulação dos tractores, reboques, máquinas e alfaias agrícolas de acordo com as
instruções recebidas e a especificidade do trabalho.

4 – Identificar anomalias de funcionamento de tractores, reboques, alfaias e máquinas agrícolas, pelo reconhecimento
de sintomas apresentados pelos veículos e/ou equipamentos.

5 – Utilizar técnicas e produtos adequados à manutenção das condições de limpeza e de utilização dos equipamentos
e instrumentos.
Competências a adquirir pelos formandos
6 – Identificar reboques, alfaias e máquinas agrícolas e relacioná-las com as operações culturais a realizar.

7 – Utilizar as técnicas adequadas ao engate e desengate dos equipamentos agrícolas.

8 – Utilizar tractores, reboques, alfaias e máquinas agrícolas nos trabalhos de mobilização de solos, aplicação de
fertilizantes, tratamentos fitossanitários, sementeira e plantação, colheita e transporte de materiais e produtos.

9 – Utilizar técnicas adequadas de acondicionamento em reboques, de materiais e produtos agrícolas.

10 – Utilizar técnicas de manutenção, reparação e afinação de tractores, reboques, alfaias e máquinas agrícolas.

Domínio Afectivo

1 – Organizar as actividades de forma a responder às solicitações do serviço.

Competências a adquirir pelos formandos 2 – Decidir sobre as soluções mais adequadas na resolução de problemas decorrentes de avarias técnicas, durante o
exercício da actividade.

3 – Integrar as normas de protecção e melhoria do ambiente e de segurança, higiene e saúde no trabalho agrícola, no
exercício da actividade.
GUIÃO DE UTILIZAÇÃO
2º VOLUME · MÁQUINAS AGRÍCOLAS 19

Desenvolvimento de conteúdos, conceitos, exemplos, exercícios


Módulo Objectivo Geral Conteúdo programático (Unidades)
Notas técnicas relacionadas Exercícios de consolidação/avaliação
IV – Engate e No final do módulo os 3 – Ordem correcta de engate
regulação de alfaias formandos devem e desengate.
dominar as técnicas
adequadas ao engate 4 – Regulações comuns. 27.1.6 1
e desengate dos
equipamentos, bem
como as suas regulações
V – Máquinas de No final do módulo os 1 – Charruas. 27 a 27.4
mobilização do solo formandos devem
dominar as tecnologias 2 – Grades. 28 a 28.4
e equipamentos agrícolas
utilizados para 3 – Cultivadores rotativos. 33 a 33.3
mobilização de solos, 1e2
bem como saber utilizar 4 – Escarificadores. 29 a 29.4
o tractor, alfaias
e máquinas agrícolas nos 5 – Rolos. 31 a 31.1
trabalhos de mobilização
de solos
VI – Distribuidores de No final do módulo, os 1 – Distribuidores de fertilizantes sólidos. 34 a 34.1.4
fertilizantes formandos, devem
dominar as tecnologias
e equipamentos de 2 – Distribuidores de fertilizantes líquidos. 34.2
aplicação de fertilizantes, 3
bem como saber utilizar
tractores e máquinas 3 – Distribuidores de estrumes 34.2.1 a 34.3.1
agrícolas nos trabalhos de e chorumes.
aplicação de fertilizantes
GUIÃO DE UTILIZAÇÃO

20 2º VOLUME · MÁQUINAS AGRÍCOLAS

Desenvolvimento de conteúdos, conceitos, exemplos, exercícios


Módulo Objectivo Geral Conteúdo programático (Unidades)
Notas técnicas relacionadas Exercícios de consolidação/avaliação
VII – Equipamentos No final do módulo, os 1 – Pulverizadores de jacto transportado.
para tratamento e formandos devem
protecção das plantas dominar as tecnologias 39 a 39.9
e equipamentos utilizados 2 – Pulverizadores de jacto projectado.
para tratamentos 4
fitossanitários, bem como
saber utilizar tractores 3 – Atomizadores. 39.1
e máquinas agrícolas nos
trabalhos de tratamentos 4 - Polvilhadores. 40
fitossanitários
VIII - Máquinas No final do módulo os 1 – Semeadores de linhas centrífugos. 35, 35.1 e 35.3
de Sementeira formandos devem 2 – Semeadores universais de linhas.
e Plantação dominar as tecnologias 3 – Semeadores de precisão/monogrão. 35, 35.2 e 35.3
e equimamentos 4 – Semeadores pneumáticos. 35 a 35.3
utilizados para 5 – Plantadores. 36 e 36.1
sementeira e plantação, 6 – Brocadoras perfuradoras. 38 3
bem como saber utilizar 7 – Transplantadores. 37
tractores e máquinas
agrícolas nos trabalhos
de sementeira e
plantação
GUIÃO DE UTILIZAÇÃO

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Desenvolvimento de conteúdos, conceitos, exemplos, exercícios


Módulo Objectivo Geral Conteúdo programático (Unidades)
Notas técnicas relacionadas Exercícios de consolidação/avaliação
IX - Máquinas de No final do módulo os 1 – Equipamentos de transporte e carga. 26, 44 e 45
Transporte formandos devem
dominar as tecnologias
e equipamentos
utilizados para 2 – Reboques. 26
transporte, bem como
saber utilizar tractores
e máquinas agrícolas 5e6
para transporte de 3 – Caixas de carga. 44
materiais e produtos.
Devem ainda saber
utilizar técnicas
adequadas de 4 – Carregadores hidráulicos. 45
acondicionamento em
reboques de materiais
e produtos agrícolas
X – Máquinas de No final do módulo os 1 – Enfardadeiras. 51 a 51.5
Colheita formandos devem 2 – Gadanheiras e viradores/juntadores. 46 a 48.1
dominar as tecnologias 3 – Colhedores de forragem. 49
e equipamentos 4 – Descoroadores e desramadores. 41
utilizados para colheita, 5 – Arrancadores de tubérculos. 42 e 43 5e6
bem como saber utilizar 6 – Colhedores de azeitona. 53 a 53.5
tractores e máquinas 7 – Máquinas de vindimar. 52 a 52.3
agrícolas nos trabalhos 8 – Ceifeiras debulhadoras. 50 a 50.8
de colheita de produtos
NOTA TÉCNICA Nº 26
REBOQUES AGRÍCOLAS
NOTAS TÉCNICAS
NOTA TÉCNICA Nº 26
24 REBOQUES AGRÍCOLAS

Fig 26. 1 Fig 26. 2

Numa exploração agrícola há necessidade de travões lhe reduzem a velocidade ou o param. Caixa – em madeira ou metal, está provida
transportar mercadorias na, de e para a exploração O travão de estacionamento serve para o de taipais que se unem através de fechos,
e isso faz-se, na sua grande maioria, com os imobilizar quando se encontra desengatado. apoia-se no quadro e serve para receber os
reboques agrícolas; portanto, reboque agrícola é Os travões podem ser mecânicos, hidráulicos materiais a transportar.
um veículo puxado por uma máquina agrícola e que e pneumáticos; os dois últimos são utilizados,
transporta todo o género de produtos adaptados ao de uma maneira geral, em modelos com peso Os taipais estão ligados à plataforma, soalho ou
emprego em agricultura e sobre pisos diversos. bruto (1) superior a 7 toneladas. chão do reboque e, para aumentar a capacidade,
podem colocar-se-lhe taipais suplementares.
Qualquer reboque agrícola consta de: Lança – faz a união com o puxo do tractor
através de uma “argola” rotativa, a fim de A figura 26.2 ilustra quatro tipos de fechos de
- Quadro ou “chassis” – local onde se fixam os evitar acidentes em caso de viragem; taipais.
restantes órgãos que o constituem e que são: nos semi-reboques e para facilitar o engate
e o desengate, está equipada com um suporte
Eixo (ou eixos) – provido de rodas pneumáticas de descanso, que pode ser hidráulico ou (1) Peso bruto é o peso total, máximo, do reboque carregado
e travões; as rodas suportam o reboque e mecânico; este último pode ser de sapata (tara + carga útil). Tara = peso do reboque.
permitem a sua deslocação, enquanto que os ou de macaco. Carga útil = peso máximo da carga transportada.
NOTA TÉCNICA Nº 26

REBOQUES AGRÍCOLAS 25

Taipais
Taipais Taipal Taipais suplementares Taipal lateral Taipal dianteiro suplementares
suplementares dianteiro
Taipal Abertura
Soalho e fecho Macaco
Travão Soalho
automático do hidráulico
Argola Quadro Lança taipal traseiro
rotativa
Suporte de descanço Quadro Eixos gémeos
Lança Taipal lateral

Quadro

Fig 26. 3 Fig 26. 4 Fig 26. 5

Os reboques agrícolas podem dividir-se em: Chamam-se semi-reboques de eixos gémeos ou repartição dos pesos, os reboques só podem
semi-reboques de eixos tipo “tandem”, tal como bascular para os lados, enquanto que os
- Reboques clássicos (Fig 26.1) – possuem dois a figura 26.4 ilustra. semi-reboques o fazem lateralmente e para trás;
eixos, a carga incide totalmente sobre as rodas e neste último caso chamam-se tribasculantes ou
são rebocados pelo tractor ou por outra máquina Há também semi-reboques de eixo motor que são basculantes nos três sentidos.
adequada. accionados pela tomada de força da máquina
rebocadora, dita tdf tractor, isto é, a velocidade de A figura 26.5 mostra um semi-reboque tribasculante
- Semi-reboques (Fig 26.3) – possuem um eixo rotação é proporcional ao seu avanço. Têm interesse na posição de basculamento para trás.
e a carga é repartida sobre as rodas e o ponto de quando o veículo que reboca tem fraca aderência tal
engate do tractor. como sucede, principalmente, nos motocultivadores É evidente que os sistemas basculantes permitem
e quando é exigido grande poder de tracção como, descargas muito mais rápidas.
Há semi-reboques de grande capacidade que têm por exemplo, nos equipamentos florestais.
dois eixos paralelos (2), muito próximos um do
outro, a fim de reduzir a pressão sobre o terreno, Também há reboques agrícolas basculantes, mercê
pois repartem melhor as cargas sobre as rodas, da existência de macacos hidráulicos. No entanto,
as quais podem ser simples ou duplas. por questões de estabilidade e em virtude da (2) Casos há em que, com capacidades maiores, têm três eixos.
NOTA TÉCNICA Nº 26

26 REBOQUES AGRÍCOLAS

Semanais:

Abertura e fecho automático - Verificar a pressão dos pneus e, se necessário,


do taipal traseiro
corrigi-la;
- Lavar com água limpa (3).
Taipal

Anuais:
Macaco
hidráulico
- Reparar as amolgadelas e/ou outras avarias;
Soalho
- Retocar as falhas de tinta.
Lança
Quadro
Como segurança lembramos que nunca se deve
Fig 26. 6 fazer qualquer reparação a um reboque basculante
sem o calçar entre o soalho e o quadro; o macaco
hidráulico pode falhar e a caixa desce.
A figura 26.6 representa um semi-reboque
basculante para transbordo. Trata-se de um tipo Também não esquecer a ligação da patilha dos
especial que vai levantando e mantendo a caixa na travões do tractor, a ligação das correntes nos seus
horizontal até atingir a altura que se deseja, após devidos lugares, bem como a ligação eléctrica do
o que se inicia o basculamento, que pode ser com tractor ao atrelado e um cordel ligado da alavanca
abertura e fecho automático do taipal traseiro, como do travão do reboque a um ponto fixo do tractor.
é o caso.

A manutenção destas máquinas é bem simples;


vejamos quais os cuidados:

Diários:

- Lubrificar todos os copos de lubrificação;


(3) Sempre que termine a utilização da máquina com produtos
- Verificar o estado dos pneus; fitofarmacêuticos, fertilizantes, correctivos ou estrumes, dever-se-á
- Guardar sob coberto. lavá-la de imediato.
NOTA TÉCNICA Nº 27
CHARRUAS - GENERALIDADES 27

O desenvolvimento agrícola tem um percurso Em 1847 patenteou-se a charrua de discos e em Da mecanização à super-mecanização e à
paralelo à civilização. 1863 aparecem os cultivadores com assento; só em mecanização electrónica medeia relativamente
1884 se usou a primeira charrua com assento e três pouco tempo, mas a máquina super-desenvolvida
Ao princípio, todos os trabalhos dedicados à terra rodas de apoio. só tem lugar numa estrutura de orientação de
foram executados com as mãos e melhorados com aproveitamento, amplitude de exploração e grau
o auxílio de instrumentos em madeira e/ou pedra. Em 1890 desenvolveu-se a charrua de discos. técnico de evolução perfeitamente determinados.
Foram as primeiras ferramentas agrícolas, que se
definem como instrumentos que o agricultor maneja A partir daqui a evolução é mais rápida e chegou-se A lavoura é um dos mais importantes trabalhos
com o braço para auxiliar o trabalho e alargar o aos dias de hoje, com tudo o que se conhece. de mobilização do solo arável e tem por objectivo
efeito da sua força. revolvê-lo, isto é, melhorar a circulação da água
Podemos classificar por épocas as fases por que e do ar em consequência do aumento do volume
O arado é, provavelmente, a ferramenta agrícola foram passando os trabalhos na agricultura e temos: e proceder ao enterramento de infestantes, resíduos
mais antiga utilizada nos trabalhos de mobilização da colheita, correctivos e fertilizantes.
do solo. 1º) – Época das ferramentas manuais e dos
trabalhos realizados à mão e com animais; O que foi descrito consegue-se através das
No Egipto começou-se por utilizar um pau, em charruas e ficar melhor ou pior depende, entre
forma de forquilha, aproximadamente 6000 anos 2º) – Época das máquinas de tracção animal, outros factores, da resistência específica do solo
A.C. Este arado pré-histórico era arrastado pelo caracterizada pelas numerosas máquinas cujo peso e do tipo de charrua.
homem; um dos ramos do pau era um pouco mais é suportado pela roda (s) que marcha (m) sobre o
comprido e servia de comando ou guia e o mais terreno, algumas das quais com órgãos accionados Há três tipos de charruas: clássica ou de aivecas,
curto “mexia” a terra. pelas referidas rodas; de discos e especiais.

Por volta de 900 A.C. arava-se com bois, libertando-se 3º) – Época da mecanização, também chamada de Todas são constituídas por peças activas que
o homem de trabalho tão duro. motorização parcial ou época dos animais de tiro contactam e/ou realizam trabalhos no terreno e
e do tractor, uma vez que ambas as forças se não activas ou de engate, suporte e protecção.
A seguir ao arado nasce a charrua em ferro fundido apresentam, conjuntamente, uma ao lado da outra;
e depois em aço.
4º) – Época da super-mecanização, também
Em 1788 Thomas Jefferson, 3º presidente dos EUA de chamada da motorização total.
1801 – 1809, estabeleceu as equações matemáticas
da conformação das aivecas das charruas. 5º) – Época da mecanização electrónica.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1
28 CHARRUAS DE AIVECAS

D
X
C
B
A

P
L

Fig 27.1. 1 Fig 27.1. 2

Como se pode ver na figura 27.1.1, quando uma Os referidos prismas de terra denominam-se leivas
relha se introduz no terreno realiza a ruptura de e têm uma determinada profundidade e largura.
sucessivos prismas de terra, os quais são depois
sujeitos a flexão e torção pela aiveca dando origem O esquema da figura 27.1.2 mostra o que foi
ao seu fendilhamento e, consequentemente, a um explicado, sendo P a profundidade de lavoura, L a
esmiuçamento, bem como ao reviramento da leiva. largura de trabalho e X o ângulo de reviramento.

Ficam assim, em teoria, prismas de terra invertidos A lavoura com uma charrua de aivecas faz-se com o
e apoiados uns nos outros formando um ângulo de contributo de todas as suas peças.
reviramento, maior ou menor, ângulo esse de grande
influência no arejamento da terra pois quanto maior
for maior será o arejamento, se bem que nunca
ultrapasse os 145º.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.1
PEÇAS DAS CHARRUAS DE AIVECAS 29

As peças activas de uma charrua de aiveca são as um disco de aço, com o bordo cortante, disposto
seguintes: na vertical e gira sobre um eixo.

- Sega – colocada à frente da aiveca, tem por Corta o solo com mais facilidade do que a de faca,
A C
função cortar a terra e preparar a parede do rego, bem como raízes e restos de culturas que fiquem
diminuindo o esforço e o desgaste do peito da sobre o terreno, necessitando menos esforço de
aiveca. Há segas de dois tipos: tracção para o seu deslocamento.
B D
1 – Sega de faca (Fig 27.1.1.1-A) – também As suas posições em relação à relha estão
conhecida por sega recta, é constituída por representadas na figura 27.1.1.1.
uma barra de ferro com o bordo anterior afiado
e colocada de forma a formar um ângulo de 30º - Relha – peça em forma de trapézio, é colocada na
com a vertical, para facilitar a penetração e o parte da frente da aiveca e faz o corte horizontal da Fig 27.1.1. 2
avanço no terreno. leiva no fundo do rego (1).
- Relha bico de pato (Fig 27.1.1.2-A) – a ponta tem
2 – Sega de disco (Fig 27.1.1.1-B) – também Como se pode ver na figura 27.1.1.2, pode ter as a forma parecida ao bico da dita ave.
conhecida por sega circular, é constituída por seguintes formas:
Há países onde é muito utilizada, pois rasga muito
bem o solo e pode ser utilizada em terrenos
pedregosos;

- Relha recta ou normal (Fig 27.1.1.2-B) – tem o


Aiveca
Sega recta canto fortemente aguçado e utiliza-se em solos
Sega de disco médios, pouco compactados, assim como nos
ligeiros, onde a leiva é cortada com facilidade e sem
30º 1,5 a 2 cm produzir grandes desgastes;
4 cm 5 cm
A Aiveca
Relha Aiveca B

(1) A posição da relha é determinada por quatro ângulos: ângulo


de inclinação, ângulo de sucção inferior, ângulo de ataque e ângulo
Fig 27.1.1. 1
de sucção lateral.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.1

30 PEÇAS DAS CHARRUAS DE AIVECAS

- Relha angular (Fig 27.1.1.2-C) – o canto cortante


está bem protegido por um flanco em forma de
ângulo; desta forma não só está assegurado o bordo Acrescento Acrescento

cortante como a ponta está defendida contra Aiveca


pancadas;
Orelha
- Relha de formão (Fig 27.1.1.2-D) – em Portugal é Relha Peito
Escora
o tipo utilizado em, praticamente, todas as situações.
Chapa de encosto
A relha não tem ponta e, em sua substituição, há Estômago
uma barra de aço quadrangular, com a extremidade
pontiaguda ou em bisel, denominada formão, que é
afiada de ambos os lados. Quando se desgasta de
um lado vira-se para o outro; quando ambos se Fig 27.1.1. 4 Fig 27.1.1. 5
desgastam afiam-se e volta a utilizar-se.

O formão facilita o abicamento ou penetração da leves e soltos deve ser montado ao contrário, ou - Raspadeira (Fig 27.1.1.8) – também chamada
charrua e reduz o desgaste da relha. Em terrenos seja com o bico voltado para cima. estonadeira e sega roçadoira, é um acessório
colocado à frente do peito da aiveca que raspa a
- Chapa de encosto – também designada por superfície do solo e lança-o para o fundo do rego
chapa de rasto e rasto (Figs 27.1.1.3,4 e 8), é uma anteriormente aberto.
Acrescento chapa de protecção e de desgaste que está no
Aiveca prolongamento do bico da relha e encosta à parede - Aiveca (Figs 27.1.1.3, 4, 5 e 8) – é a peça que
lateral do rego. Suporta as forças laterais infligidas à revira ou volta a leiva. Podendo ser peça única,
Cepo
charrua, assegurando o alinhamento do rego e a divide-se em três partes:
Calcanhar direcção do tractor.
1 – Peito – junto da relha. É a parte da aiveca mais
- Calcanhar (Figs 27.1.1.3 e 8) – também sujeita a desgaste, principalmente quando não há
Chapa de encosto denominado calço e talão, é uma peça de desgaste sega. Por uma questão de economia pode ser
fixada no final da chapa de encosto, a qual impede
o seu desgaste excessivo e suporta uma parte do
Fig 27.1.1. 3 peso da charrua (2). (2) Há charruas que não vêm equipadas com calcanhar.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.1

PEÇAS DAS CHARRUAS DE AIVECAS 31

amovível, sendo vulgarmente conhecida por raspa e


também por canto. Tiras

Peito
2 – Estômago – imediatamente a seguir ao peito; Cilindrica

3 – Orelha – a parte que se segue ao estômago.

- Rabo, acrescento, prolongamento ou apêndice


(Figs 27.1.1.3, 4 e 5) – peça que algumas aivecas Helicoidal
Relha
têm, aparafusada na orelha, para ajudar a fazer um
reviramento mais perfeito da leiva (3).

A forma das aivecas tem sido objecto de amplos Mista


Fig 27.1.1. 7
estudos e fábricas há que chegaram a ter dezenas
de formas. Depois de um trabalho cuidadoso e
fundamental desenvolveram-se formas básicas para
os terrenos ligeiros, médios e pesados, as quais Fig 27.1.1. 6 Também há aivecas de tiras (Fig 27.1.1.7); são em
variam, depois, consoante a profundidade de tiras, portanto, de superfície descontínua e
trabalho e o tipo de reviramento. Assim temos empregam-se quando o terreno é pegajoso e custa
(Fig 27.1.1.6): a deslizar nas aivecas de superfície contínua. É pouco
- Helicoidal – tem uma curvatura em forma de hélice utilizada em Portugal.
- Cilíndrica – talhada em forma de cilindro, apresenta e é mais larga que a anterior. O reviramento é mais
um perfil mais regular e mais simples. Pulveriza melhor perfeito mas a acção é mais lenta, não esmiuçando Independentemente da configuração, as aivecas
a leiva mas faz um reviramento mais imperfeito. a terra tão bem como a cilíndrica. É indicada para podem ser curtas para solos ligeiros e secos e
É indicada para solos ligeiros e velocidades mais solos pesados e velocidades mais lentas; compridas para solos fortes e húmidos.
elevadas;
- Mista – também designada por cilindro-helicoidal, As peças não activas de uma charrua de aiveca
universal e americana, tem um perfil misto, são as seguintes:
aproveitando as vantagens das anteriores. É cilíndrica
(3) Há casos em que a posição do acrescento pode ser regulada, na parte anterior, que esmiuça a terra e helicoidal na - Cabeçote (Fig 27.1.1.8) – também designado por
para que se adapte às distintas condições de trabalho. posterior para fazer o reviramento, que é mais perfeito. cabeça e conhecido por torre, é o local onde engata
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.1

32 PEÇAS DAS CHARRUAS DE AIVECAS

Chapa de encosto Quadro Cabeçote


Formão Parafuso de afinação
Cabeçote da orientação

Alavanca de
Corrente de reviramento
reversão

Coluna Eixo transversal


Eixo transversal Apo
Ponteira Aiveca
Castanha
Sega de disco
Calcanhar Trinco
Raspadeira Castanha
Relha

Munhão
Fig 27.1.1. 8

Caixa do trinco Apo


o braço do terceiro ponto, barra de topo ou braço
superior do hidráulico. Fig 27.1.1. 9

- Alavanca de reviramento (Fig 27.1.1.9) – é a haste


que tem por função virar os órgãos activos da charrua As ponteiras podem ser do tipo 1, 2 ou 3, conforme cima ao quadro e em baixo ao cepo, onde estão
para cortar noutro sentido. Quando a charrua é de o diâmetro. montadas as peças activas.
reviramento automático existe uma corrente de
reversão (Fig 27.1.1.8). - Quadro ou chassis (Fig 27.1.1.9) – é a parte onde - Escora (Fig 27.1.1.4) – também designada por
estão colocados os restantes componentes da encosto e mexilho, é a peça que une a orelha da
- Eixo transversal (Figs 27.1.1.8 e 9) – é o eixo charrua e forma a estrutura principal. aiveca com a extremidade posterior da chapa de
situado na parte da frente da charrua e que tem, na encosto. Faz o equilíbrio entre o peso da terra na
ponta, as ponteiras ou munhões de engate aos - Coluna (Fig 27.1.1.8) – também designada por aiveca e o esforço que a chapa de encosto sofre
braços do hidráulico. teiró, é o suporte dos órgãos activos; fixa-se em contra a parede lateral do rego.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.2
CLASSIFICAÇÃO DAS CHARRUAS 33

As charruas de aivecas podem classificar-se da


Reversão automática
seguinte forma:
Apo
Albarda
1º - Segundo a forma como está concebida a sua
união com o tractor, ou seja o tipo de tracção:

- Rebocadas (Fig 27.1.2.1) – estão ligadas à


barra de tracção e apoiam-se sobre o solo
através de rodas, que também regulam a
profundidade de trabalho.

- Montadas – também conhecidas como


suspensas, apoiam-se no sistema de três pontos Fig 27.1.2. 2 Fig 27.1.2. 3
do hidráulico do tractor (Fig 27.1.1.8 da nota
técnica anterior);

- Semi–montadas (Fig 27.1.2.2) – também O corpo (ou corpos) pode estar a 90 ou 180 graus
conhecidas por semi-suspensas, estão ligadas designando-se por, respectivamente, de um quarto
aos dois braços inferiores do hidráulico do tractor de volta (Fig 27.1.2.3) e de meia volta (Fig 27.1.2.4).
e apoiam-se no solo, atrás, por uma roda. Estas charruas podem ainda ser:

2º - Segundo a movimentação das peças activas: - De reversão manual – quando o reviramento é


accionado pela mão do operador sobre uma alavanca
- De corpo fixo (Fig 27.1.2.2) – também que destranca a charrua e a impele, fazendo-a rodar
designadas por charrua simples, fazem sobre o apo;
reviramento só para um lado;
- De reversão semi–automática (Fig 27.1.2.4) –
- Reversível (Fig 27.1.2.1) – quando há um corpo quando o reviramento é comandado pela mão do
Fig 27.1.2. 1 duplo que permite, por alternância de um e do operador numa alavanca e a reversão executa-se
outro, reviramento para os dois lados. pelo peso da própria charrua ou por pressão do óleo
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.2

34 CLASSIFICAÇÃO DAS CHARRUAS

Esta patilha deve utilizar-se sempre que se proceda


Alavanca da reversão semi-automática ao transporte da alfaia.

Há ainda, embora já sem qualquer relevância:

- Charruas alternantes (Fig 27.1.2.6) - quando um


dos apos baixa, com o seu conjunto, para a posição
de trabalho o outro levanta.

- Charruas de balanço (Fig 27.1.2.7) – têm duas


séries de corpos colocados de um e do outro lado
de um eixo onde giram duas rodas desiguais; a
Fig 27.1.2. 4 maior, denominada roda do rego, vai, como o nome Fig 27.1.2. 6

do circuito hidráulico do tractor, consoante se trate, indica, no fundo do rego e a menor, chamada roda
respectivamente, de sistema mecânico ou Patilha Mola de trinco da terra crua, vai na terra por lavrar. A tracção
hidráulico (1); Peça de balanço faz-se por intermédio de uma corrente.
Cachimbo
- De reversão automática (Fig 27.1.2.3) – quando o Destrancador Caixa da
cabeça
reviramento é accionado, mecânica ou hidráulicamente,
Afinador Apos
Cabeça
pelo levantamento hidráulico do tractor.
Cabeça dos apos
A figura 27.1.2.5 mostra a constituição de um tipo
de sistema de reversão automática.

Corrente de
Se não se desejar a reversão do corpo da charrua Mola do tracção
há uma patilha, de comando manual, que o imobiliza. automático
Roda da
Corrente de Roda do terra crua
Armador do
reversão rego
automático

(1) Há charruas que são de reversão automática e semi-automática,


Fig 27.1.2. 5 Fig 27.1.2. 7
conforme se deseje um sistema ou outro.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.3
CHARRUAS COM LARGURA DE CORTE VARIÁVEL E DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA 35

- Possibilidade de regos mais direitos em terrenos


inclinados;

- Maior facilidade na correcção de regos tortos;

- Melhor aproveitamento da terra junto a muros,


taludes, cercas, etc.;

- Facilidade de remate no fim da lavoura.


Cursor de
Ajustamento Dispositivos de segurança.

Fig 27.1.3. 2
1 – Por parafuso (Fig 27.1.3.3) – é vulgarmente
conhecido por parafuso fusível. A coluna da
charrua é articulada num eixo e está fixa por um
parafuso; quando a relha (ou o formão) encontra um
Fig 27.1.3. 1 com o tipo e estado do solo e o fim em vista, sem obstáculo a coluna força o parafuso e este, a partir
sequer parar o trabalho. de uma determinada força, parte; a coluna fica solta
na articulação e o obstáculo é ultrapassado. Coloca-
Este sistema proporciona as seguintes vantagens e se novo parafuso com igual resistência e o trabalho
Há charruas que podem variar a largura de corte, possibilidades: continua sem outros inconvenientes para além do da
normalmente de 30 a 50 cm (12 a 20”) (Fig 27.1.3.1). perda de tempo.
- Ajuste da largura de corte de acordo com as
Nos primeiros modelos os ângulos ajustam-se condições do solo: em terrenos secos e duros o 2 – Disparo automático (Fig 27.1.3.4) – neste
mecanicamente movendo 2 ou 3 parafusos, ou por ângulo deve ajustar-se ao mínimo; nos húmidos e sistema a coluna está dividida em duas partes: a
intermédio de um tensor. ligeiros deve-se aumentar; superior, fixa à armação e a inferior, fixa à primeira
por intermédio de um eixo transversal. Na zona
Nos modelos em que a variação é hidráulica esta - Maior facilidade de trabalho; superior da parte inferior há uma reentrância, tipo
pode fazer-se sem que o operador saia do seu posto. canelura, que pressiona um perno transversal fixo a
Têm uma escala graduada e um cursor (Fig 27.1.3.2) - Melhor enterramento de estrumes e/ou resíduos umas articulações accionadas pela tracção de uma
visível ao operador e este faz a variação de acordo vegetais; forte mola. O perno serve de travão para evitar que
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.3

36 CHARRUAS COM LARGURA DE CORTE VARIÁVEL E DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA

3 – Independente dos sistemas descritos há os


Direcção da deslocação chamados non-stop; permitem lavrar com rapidez e Mola
sem parar perante obstáculos. Há vários tipos: Posição normal
Superfície do solo
de trabalho
3.1 – Mola helicoidal (Fig 27.1.3.5) – na
1
armação (pode ser dentro do apo) há uma
2
potente mola helicoidal que mantém os Obstáculo
Obstáculo Parafuso elementos de trabalho na posição normal,
enquanto não houver qualquer anormalidade.
Non-stop a
funcionar
Quando surge um obstáculo o corpo eleva-se,
3
girando sobre o ponto de apoio com a armação e a
Fig 27.1.3. 3 mola comprime-se. Fig 27.1.3. 5

a parte inferior da coluna se desloque, quando em Passado o obstáculo a mola distende-se e volta
condições normais de trabalho. tudo à posição normal.
Parte superior
Mola
Sempre que a coluna é submetida a um esforço Aiveca 3.2 – Mola de lâminas (Fig 27.1.3.6) – a mola,
anormal o perno movimenta-se, comprimindo a mola Canelura tipo mola de carroça, é montada por cima da
e permitindo o deslocamento da coluna para trás, coluna ou lateralmente, conforme o modelo e
que assim se liberta do obstáculo, conjuntamente permite o retrocesso da aiveca sempre que surja
com a aiveca e o formão, se existir. qualquer obstáculo, aumentando-lhe a resistência
Parte inferior
e voltando à posição inicial logo que o mesmo
Para colocar tudo novamente no seu lugar, apoia-se Relha seja ultrapassado.
a alfaia no solo e faz-se marcha atrás para que o
perno volte a encaixar na canelura. Chapa de Formão No caso da figura 27.1.3.6 a sega levanta com o
encosto
conjunto relha–aiveca, para uma melhor protecção.
A colocação da aiveca novamente em
funcionamento é mais rápida do que no sistema Este simples, silencioso e rápido sistema permite
anterior. Fig 27.1.3. 4 que a charrua ultrapasse determinados obstáculos
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.3

CHARRUAS COM LARGURA DE CORTE VARIÁVEL E DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA 37

Aiveca Mola
Válvula de comando
B
Bomba
Cilindros
hidráulicos Acumulador
A

Relha
Sega

Óleo
Obstáculo
Válvula
Conduta Depósito
Fig 27.1.3. 6 Manometro
de carga
Válvula reguladora
de pressão
sem grandes sobrecargas para o tractor e sem que
o operador intervenha em absoluto. Fig 27.1.3. 7

3. 3 – Hidráulico – há dois tipos: com


acumulador de ar e sem acumulador;
em ambos os casos os cilindros hidráulicos de trabalho. Também entrará óleo no acumulador No segundo tipo, sem acumulador de ar, o
comunicam entre si por intermédio de um comprimindo o ar, o qual pressionará o óleo a fim de funcionamento é idêntico, só que existe um depósito
circuito de óleo que liga às saídas dos circuitos manter os êmbolos na posição de trabalho. de óleo, uma bomba, uma válvula de comando e
externos do tractor. uma válvula reguladora de pressão, não existindo
Quando a aiveca embate num obstáculo a coluna o acumulador de ar (Fig 27.1.3.7 – B).
No primeiro caso (Fig 27.1.3.7 - A) há um levanta e o êmbolo é empurrado, o que obriga à
acumulador de ar, que tem um orifício de acesso. saída de parte do óleo que vai para o acumulador,
comprimindo ainda mais o ar. Passado o obstáculo,
A conduta de carga de óleo enche-se e fica à pressão o ar comprimido no acumulador empurra o óleo
correcta por intermédio do sistema hidráulico do novamente para o cilindro e o êmbolo volta à posição
tractor. A partir daqui a alfaia está na posição normal normal de trabalho.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.4
38 FORÇAS EXERCIDAS SOBRE A CHARRUA DE AIVECAS

No esboço da figura 27.1.4.2, visto de cima, a força


lateral devida às leivas dá origem à força de apoio
Força de penetração na terra
Peso da terra sobre as relhas e aivecas Força de apoio da aiveca na chapa de encosto da chapa de encosto na parede do rego.
Peso da charrua
As forças assinaladas actuam do seguinte modo:

1 – A carga do eixo traseiro do tractor na regulação


da resistência à tracção é tanto maior:
Resistência do solo
Força de apoio da roda de tancharia
Força de apoio da base
- Quanto mais pesado for o tractor;
Força das leivas
(chapa de encosto e calcanhar)
- Quanto maior for o peso da charrua, do solo e
Fig 27.1.4. 1 Fig 27.1.4. 2 a resistência à penetração;

- Quanto menor forem as forças de apoio da


Durante o trabalho de lavoura há várias forças a penetração do solo são equilibradas pela reacção do base e da roda de tancharia, quando exista.
actuar sobre o conjunto tractor-charrua, as quais solo à força de apoio da chapa de rasto, da roda de
podem ser alteradas por intermédio de uma escolha tancharia (quando existe) e à suportada pelo eixo 2 – A penetração da charrua na terra é tanto melhor:
harmoniosa do tractor e da charrua, bem como por traseiro do tractor. Nos sistemas montados, isto é,
diferentes regulações. em que a charrua é montada nos 3 pontos do - Quanto menor forem as forças de apoio da
tractor, parte das forças que actuam sobre a charrua base e da roda de tancharia, quando existe;
No esboço da figura 27.1.4.1 actua o peso da charrua são suportadas pelo eixo traseiro do tractor. Esta
para baixo, o peso da terra que carrega sobre o - Quanto maior for o peso da charrua e a
transferência de carga permite aumentar a aderência
corpo da charrua e a força de penetração da mesma, resistência de penetração do solo;
e, deste modo, o tractor pode desenvolver maior
condicionada pelo tipo da sua constituição. Opostas força de tracção.
3 – A pressão da base da charrua torna-se maior
a estas actuam a força de apoio da base ou da chapa
quanto mais distante estiver do eixo traseiro do
de encosto e a força de apoio da roda de tancharia, Durante o trabalho, a resistência que o solo oferece
tractor e quanto maior for a profundidade.
quando existe. à penetração da charrua dá origem a um binário que
resulta numa força de compressão no braço superior
4 – A pressão da aiveca torna-se cada vez menor:
As forças devidas ao peso da charrua, peso da terra do hidráulico, sendo este aumento de pressão utilizado
sobre as relhas e aivecas e a força resistente à na regulação do controlo automático de tracção.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.4

FORÇAS EXERCIDAS SOBRE A CHARRUA DE AIVECAS 39

- Quanto mais plana e comprida for a chapa de - Quanto menor for a resistência do solo.
encosto;
7 – A pressão sobre o braço superior do hidráulico
- Quanto mais as linhas de resistência apontarem (força regulável) é maior:
para a direita do meio do tractor (centro de tiro
ou tracção). - Quanto maior for a resistência do solo;

5 – A capacidade de condução do tractor é melhor - Quanto menor for o peso da charrua e do solo;
quando as linhas de resistência convergem no seu
eixo central; torna-se pior quanto mais elas se - Quanto maior for a distância entre as pontas
encontram fora da sua linha longitudinal. das relhas e os munhões de engate;

6 – A necessidade de força de tracção da charrua - Quanto menor for a distância entre os munhões
é cada vez menor: e o braço superior do hidráulico;

- Quanto mais pequenas forem as forças da - Quanto maior forem as forças de suporte da
base e da aiveca; base e da roda de tancharia, quando existe.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.5
40 DIMENSÕES DAS CHARRUAS DE AIVECAS

para o tractor; o braço superior do hidráulico e os


seus braços inferiores devem estar, tanto quanto
Altura do possível, dispostos de forma a que as linhas
cabeçote Profundidade imaginárias do seu prolongamento vão convergir na
de trabalho
zona da embraiagem do tractor.

- Altura do quadro – é a distância entre este e a


profundidade da lavoura; depende da profundidade
Altura do do trabalho exigido. Largura de corte
acoplamento
Altura do quadro
- Profundidade de trabalho – é a distância entre
a superfície do solo e o local onde a relha corta a
Fig 27.1.5. 1 terra. É variável e depende de vários factores, entre Fig 27.1.5. 3
os quais a constituição da charrua, mas nunca deve
ultrapassar 2/3 da largura de trabalho.

Acompanhemos as figuras 27.1.5.1 e 27.1.5.2 e - Passagem ou abertura – é a distância entre as


vejamos: pontas das relhas e deve ser pequena, para que o
ponto de resistência da charrua fique o mais à frente
- Altura do cabeçote – é a distância entre os Passagem ou abertura possível; no entanto, deve ser maior em charruas
pontos de acoplamento superior e inferior; ambos que tenham que enterrar resíduos vegetais.
podem ser alteráveis.
Largura de corte
- Largura de corte – é a distância, medida na
- Altura do acoplamento – é a distância entre o horizontal, que vai da chapa de encosto e rasto à
plano de nível e o ponto de acoplamento inferior; ponta exterior da relha (Fig 27.1.5.3).
esta dimensão também é alterável.
Largura de - Largura de trabalho – é a soma da largura de
As alturas do cabeçote e acoplamento estão trabalho
trabalho de todos os “ferros”, a qual tem que ser
dependentes uma da outra. Na regulação do controlo igual em todos eles.
de tracção o ponto de engate superior, na posição
de trabalho da charrua, deve descair ligeiramente Fig 27.1.5. 2
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.6
REGULAÇÕES DAS CHARRUAS DE AIVECAS 41

Um trabalho realizado com uma charrua bem - Maior consumo de combustível, esforço do motor Para desengatar procede-se de forma inversa.
regulada provoca um menor: e desgaste do tractor.
Caso se trate de tractores com manivela de regulação
- Desgaste das peças da alfaia; Primeiro procede-se ao engate da charrua com o em ambos os pendurais, tanto se pode começar pelo
- Consumo de combustível; tractor. Esta ligação, quando não existe um sistema lado esquerdo como pelo direito.
- Desgaste dos pneus do tractor; de engate rápido, obedece à seguinte ordem:
- Esforço do operador. A figura 27.1.6.1 mostra-nos um esquema das
1 – Engate do braço inferior esquerdo do hidráulico regulações necessárias numa charrua.
Há também um maior aproveitamento da potência do tractor no respectivo munhão da alfaia;
do tractor e uma perfeição de trabalho, o que A partir daqui vamos descrever, da forma mais
beneficiará a cultura a instalar. 2 – Engate do braço inferior direito do hidráulico do simples possível, as regulações a fazer e que são:
tractor no respectivo munhão da alfaia, com o auxílio
Para que a charrua funcione correctamente é da manivela de regulação do pendural direito do 1 – Regulação transversal – o eixo transversal da
necessário que haja um perfeito equilíbrio entre a tractor; charrua deve manter-se paralelo ao eixo traseiro do
força de tracção e a resistência oferecida pelo terreno tractor, para que os dois fiquem com o mesmo
à sua penetração, pelo peso e atrito da terra sobre 3 – Engate do braço superior do hidráulico do tractor comprimento. Os pontos de referência para este
as peças activas e o peso da própria charrua. na furação respectiva do cabeçote da alfaia. acerto são os cavilhões superior e inferior de cada

Em condições iguais de trabalho estas resistências Regulação


Regulação longitudinal
variam com o tipo e peso da charrua e com a natureza do aprumo

e o estado de humidade do solo. Para uma mesma Linha de


tracção
charrua elas variam de um lugar para o outro. Por Fita métrica
estas razões há, por vezes, necessidade de corrigir
Regulação Pendural
certas deficiências para evitar: da largura

Regulação da
- Trabalho defeituoso, irregular ou mais lento; profundidade

Posição correcta
- Deformação das várias peças e desgaste excessivo da sega Braço inferior
das activas; do hidráulico

- Esforço excessivo do operador; Fig 27.1.6. 1 Fig 27.1.6. 2


NOTA TÉCNICA Nº 27.1.6

42 REGULAÇÕES DAS CHARRUAS DE AIVECAS

Esta regulação faz-se com a alfaia elevada, para que


Corrente estabilizadora
o tractor não “fuja” para qualquer dos lados, dado
que ela (ou qualquer outra alfaia) actua nele tal como
Pendural
o leme num barco.

A charrua pode estar centrada mas o bastidor ou


armação encontrar-se desregulado. Neste caso há
que regulá-lo tal como esquema da figura 27.1.6.5;
se tal não for feito o tractor continuará a “fugir” para
Fita um dos lados.
Braço inferior métrica
do hidráulico
3 – Regulação longitudinal – deve nivelar-se a
Fig 27.1.6. 3 Fig 27.1.6. 4 charrua no sentido do seu comprimento para que
todas as relhas cortem à mesma profundidade. Para
pendural. Para isso basta alongar ou encurtar o seja igual dos dois lados, bem como a folga a dar isso é necessário alongar ou encurtar o braço superior
pendural móvel do hidráulico (Fig 27.1.6.2). Uma vez posteriormente (Fig 27.1.6.4). do hidráulico (Fig 27.1.6.6) até que todas as relhas
feito o nivelamento da alfaia deve verificar-se se a toquem no chão ao mesmo tempo.
ponta externa da 1ª relha está na direcção da linha
interna do pneu de trás do tractor (Fig 27.1.6.3), ou
afastada o máximo 5 centímetros. Caso isto não
aconteça deve alterar-se a via ou bitola (Ver Nota
Técnica Nº 20).

2 – Regulação lateral ou centralização – deve


fazer-se alinhar o centro da charrua com o centro do
tractor. Para o conseguir utilizam-se as correntes ou 1 2
barras estabilizadoras laterais, alongando-as ou
encurtando-as, conforme o necessário, para que a
distância entre os braços inferiores do hidráulico e a
parte interior das jantes das rodas traseiras do tractor Fig 27.1.6. 5
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.6

REGULAÇÕES DAS CHARRUAS DE AIVECAS 43

vice-versa) mas a sua afinação visa fundamentalmente


Braço superior o equilíbrio da charrua em funcionamento, Parafuso de
do hidráulico
relativamente ao sentido da deslocação do tractor. fixação da coluna Afinador
Parafuso de
fixação do afinador
Quando, devido à resistência do terreno sobre
Coluna ou teiró
a charrua, se notar uma reacção na direcção do
tractor que obrigue o operador a torcer o volante
e a colocar a roda da frente de encontro à parede
Calcanhar
do rego, é necessário diminuir o ângulo de ataque;
repare-se na figura 27.1.6.7.
Cabeçote
da alfaia
Em terrenos fáceis de trabalhar ganha-se em
Fig 27.1.6. 6 rendimento aumentando o ângulo de ataque Fig 27.1.6. 8
(normalmente de 1 a 6 graus) (1). Para o variar
4 – Regulação da profundidade – quando as (Fig 27.1.6.8) aliviam-se os parafusos de fixação da sentido desejado ou seja: enrosca-se para aumentar
charruas não têm rodas de tancharia esta regulação coluna, desapertando em seguida a porca do o ângulo e desenrosca-se para o diminuir.
é obtida no tractor pelo sistema de controlo de parafuso de fixação do afinador, o qual se roda no
tracção do hidráulico (Ver Nota Técnica nº 22.2). Feita a regulação pretendida voltam a apertar-se,
Parede do rego
firmemente, as porcas dos parafusos de fixação
Se a alfaia tiver roda de tancharia será esta quem antes mencionados. Naturalmente que depois de
estabelece a profundidade desejada depois de afinado um dos corpos devem afinar-se de forma
regulada, independentemente do hidráulico do tractor. idêntica os outros, se os houver.

5 – Regulação do ângulo de ataque da relha – 6 – Regulação da verticalidade ou aprumo – tem


ângulo de ataque de uma relha é o ângulo, medido A B por finalidade, em algumas charruas, colocar a coluna
no plano horizontal, que o bordo cortante da relha perpendicular à superfície do terreno. Só deve ser
forma com a parede do rego. Pode afinar-se através executada depois de feitos alguns regos, quando
do afinador respectivo. A - Ângulo de ataque mínimo
a profundidade da lavoura for a desejada e com
B - Ângulo de ataque máximo
Influencia a largura de trabalho (quanto maior for o
Fig 27.1.6. 7
ângulo de ataque maior será a largura de trabalho e (1) Há charruas em que esta variação de ângulo não é possível.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.6

44 REGULAÇÕES DAS CHARRUAS DE AIVECAS

7 – Regulação da horizontalidade ou abicamento Em terrenos normais deve-se deixar, previamente, 5


– para que a profundidade de trabalho seja constante, a 6 centímetros de altura entre o calcanhar e o solo
para evitar que a charrua tenha tendência a (Fig 27.1.6.10), fazendo-se depois a afinação final no
enterrar-se ou elevar-se mais do que o desejado, terreno.
deve corrigir-se a posição do rasto e da chapa de
encosto de forma a que fique paralela à superfície A correcção da horizontalidade ou abicamento nunca
do terreno e ligeiramente inclinada sobre o formão e deve corresponder a uma afinação da profundidade.
a ponta da relha, para facilitar a penetração da charrua
de forma a que o calcanhar roce ligeiramente no Para nos certificarmos se uma charrua de um ferro
fundo do rego. Esta regulação faz-se no braço está bem regulada na horizontal verificamos se o
superior do hidráulico (Fig 27.1.6.6), variando o seu calcanhar vai a roçar demasiado no fundo do rego,
comprimento: aumentando-o baixa-se o calcanhar ou se não deixa qualquer sinal, embora ela possa
Fig 27.1.6. 9 e levanta-se a relha; diminuindo-o levanta-se o realizar assim um trabalho razoável sem estar
calcanhar e baixa-se a relha aumentando-se, desta devidamente afinada; mas se for uma charrua de
a roda do tractor do lado da lavoura no rego e maneira, o poder de penetração da charrua. dois ou mais ferros pode um deles lavrar mais ou
repetida para a coluna do outro lado, depois de
fazer dar meia volta ao tractor. Esta correcção é feita
nas castanhas, castanhetas ou castanholas do
cabeçote, afastando-as ou aproximando-as conforme
se pretenda lavrar mais ou menos fundo. A correcção
é feita em cruz, isto é: a castanha do lado esquerdo
corrige o aprumo da coluna da direita e vice-versa
(há charruas que não têm castanhas).
Calcanhar

Uma charrua de um ferro que não esteja devidamente


+
afinada na vertical pode fazer um serviço aceitável, 5 a 6 cm
-
mas se for de dois ou mais ferros estes não trabalham
à mesma profundidade e, portanto, as leivas não
ficam da mesma altura. A figura 27.1.6.9 representa
uma regulação correcta do aprumo. Fig 27.1.6. 10
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.6

REGULAÇÕES DAS CHARRUAS DE AIVECAS 45

Uma vez feito o alinhamento das chapas de encosto


automaticamente o paralelismo, tanto das relhas
Relha
como das aivecas, deve ficar com a mesma distância,
caso a montagem esteja correcta. Será sempre
conveniente colocar as réguas e rectificar, se
necessário.
Chapas de encosto

Relhas

Aiveca

Paralelismo das chapas de encosto


Paralelismo das aivecas
Paralelismo das relhas

Fig 27.1.6. 11

menos fundo do que o outro, ficando as leivas mais arranjam-se réguas compridas e colocam-se, cada
altas umas do que as outras. uma por sua vez, encostadas às chapas de encosto.
Com uma fita métrica mede-se a distância de uma
Para além do exposto tem que haver paralelismo ponta da régua até à linha do centro do tractor; em
das chapas de encosto e das relhas e aivecas seguida faz-se o mesmo com as outras réguas.
(Fig 27.1.6.11). As medidas obtidas têm que ser iguais; estando
a primeira chapa de encosto alinhada acertam-se
Todas as chapas de encosto das charruas, com mais todas as outras à mesma distância, ficando assim
de um ferro, devem estar no mesmo alinhamento, ou paralelas umas às outras.
seja em paralelo umas com as outras. Para que isto
aconteça deve-se, em primeiro lugar, tirar uma linha O alinhamento final, em relação ao tractor, varia
longitudinal paralela ao centro do tractor. Em seguida consoante o ângulo de ataque da charrua.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.7
46 CHARRUAS REBOCADAS

As charruas rebocadas adaptam-se aos tractores de A profundidade aumenta-se levantando a roda que na terra pelo seu próprio peso. Também pode ser
rodas e de lagartas. São as melhores quando o peso vai na terra crua de tal modo que, durante o trabalho, usada a disposição inversa: o excêntrico é colocado
e o número de ferros não permite a utilização das o chassis mantenha o plano horizontal, condição no cubo e, ao accionar o sistema (embraiagem da
charruas suspensas ou semi-suspensas, pelo excesso indispensável para que os diversos corpos trabalhem charrua), o chassis levanta-se no momento oportuno.
de peso sobre o hidráulico. à mesma profundidade. A roda posterior tem, do
mesmo modo, uma regulação de altura para assegurar b) – No momento de saída do solo, quando a corda
Estas charruas são formadas por um certo número a horizontalidade da charrua no sentido longitudinal. é puxada, dá-se a blocagem da roda que vai na terra
de corpos montados, na sua parte anterior, sobre crua; avançando o tractor a roda comporta-se como
um chassis que se apoia em duas rodas de diâmetro Dispositivo de levantamento suporte que levanta o chassis. Para isto funcionar
diferente; a maior gira pelo fundo do último rego bem é necessário que a roda não patine pelo que,
aberto e a menor sobre a terra crua. Este dispositivo é hidráulico e comandado pelo normalmente, está munida de garras.
operador.
Na parte posterior há, por vezes, uma terceira roda Dispositivo de puxo
que rola pelo fundo do rego acabado de abrir. Têm Nos sistemas mais antigos, dos quais ainda há
uma estabilidade total. É necessário que o operador muitos em funcionamento, é activado pelo condutor Para assegurar uma união correcta e sem reacções
do tractor, do seu lugar, possa efectuar, no final de através de uma corda que é por ele puxada ao chegar oblíquas, o dispositivo de puxo, também chamado
cada rego, as manobras de saída e entrada dos ferros à extremidade do rego, para que o sistema funcione, de tiro, pode ser regulado, hidráulica ou
no terreno, pelo que estão providas de um dispositivo, obrigando a charrua a sair da terra, isto é, eleva-se e mecanicamente, das seguintes formas (exporemos
hidráulico ou mecânico, de elevação e descida fixa-se. O tractor gira na cabeceira e, ao começar as formas mecânicas pois e como referimos para o
automático. novo rego, a corda volta a ser puxada, o dispositivo levantamento, actualmente é tudo hidráulico):
dispara e a charrua desce e entra na terra.
A direcção da charrua é assegurada pelo tractor, ao 1 – No sentido da largura (Fig 27.1.7.1) – dado que
qual vai unida por um dispositivo de engate rígido no Este duplo movimento pode obter-se: a charrua se encontra engatada de uma forma rígida
sentido lateral e que é constituído por dois ferros a largura mantém-se através das barras de tracção,
que, juntamente com a barra de puxo, formam um a) - Por intermédio de um excêntrico situado no deslocando-se então em direcção paralela à do
triângulo indeformável. As rodas dianteiras estão chassis: pela sua excentricidade o chassis levanta-se tractor, portanto não é necessário que a roda
montadas sobre um eixo acotovelado e podem elevando os ferros e ficando enganchado ou ligado do rego vá encostada à parede; pelo contrário,
manobrar-se independentemente uma da outra, nessa posição. Deixando o chassis liberto, por meio a regulação faz-se de forma a que se afaste dela,
hidraulicamente ou por intermédio de uma alavanca. de novo puxão na corda, a charrua desce e penetra aproximadamente, 4 centímetros.
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.7

CHARRUAS REBOCADAS 47

A regulação efectua-se da seguinte forma: - se a


Roda do rego roda do rego tem tendência para se encostar à sua
parede aumenta-se o ângulo A; se a tendência for
para ir para a terra lavrada diminui-se.

2 – No sentido da altura (Fig 27.1.7.2) – a charrua


Tractor

dispõe de um engate com diversa furação vertical.


Se a barra de acoplamento for ligada no furo superior
A a charrua tem tendência a aprofundar; se, pelo
Barra de puxo contrário, o for no furo inferior B a tendência é para
do tractor Roda da terra crua
Roda posterior desferrar.

Fig 27.1.7. 1 Se for demasiado alta ocasiona uma componente


vertical que aumenta a pressão das rodas anteriores
Deve procurar-se que o engate se coloque num dos pelo eixo e este não tem tendência a inclinar-se para sobre o solo, aumentando inutilmente o esforço de
furos do meio da barra de puxo do tractor (barra qualquer dos lados. tracção.
transversal perfurada); nessa posição a tracção faz-se
Se for demasiado baixa a parte anterior da charrua
tem tendência a levantar-se, diminuindo a
Tractor profundidade de trabalho.

Barra de acoplamento A regulação ideal obtém-se por tentativas, observando


o traçado deixado na passagem das rodas que deve
ficar ligeiramente marcado na superfície do solo.

Outra forma satisfatória de regulação baseia-se no


facto do plano determinado pelos tirantes ter de
encontrar a aresta do primeiro ferro num ponto que
Roda do rego
se encontra, aproximadamente, a 15 centímetros do
fundo do rego.
Fig 27.1.7. 2
NOTA TÉCNICA Nº 27.1.7

48 CHARRUAS REBOCADAS

Uma das grandes preocupações para os agricultores em contacto com ele, visto que este atrito é a origem Concavidade do disco – pode ser definida pelo raio
e para os fabricantes de charruas é a de diminuir o de uma parte importante do consumo da energia de curvatura e pela flecha.
atrito entre o solo e as partes metálicas da charrua necessária para o trabalho. Depois de várias
experiências chegaram à conclusão de que a solução Raio de curvatura – raio da superfície esférica a que
mais eficaz estava nas charruas de discos. pertence a calote.
Engate
ao 3º
Apo
ponto Estas charruas, tal como as de aivecas, têm órgãos Espessura – como o próprio nome indica, é a
activos e não activos ou de engate e suporte. “grossura” do disco.
Os activos são os discos que fazem o trabalho dos
Munhão formões, das relhas, das aivecas e dos acrescentos A parte central do disco tem um orifício quadrado
das charruas clássicas. Os não activos são o alçado e à volta deste outros, igualmente quadrados ou
e a coluna que suporta o disco ou coluna porta-disco. redondos, que o fixam, por meio de parafusos, no
Roda de
cubo e este à coluna ou teiró que, por sua vez,
Discos lisos Cubo
guia A figura 27.2.1 mostra uma charrua de três discos está solidamente ligada ao chassis. Trata-se,
Teiró fixos, montada, com algumas das suas principais praticamente, do braço porta-disco que se vê na
peças. figura 27.2.4.
Fig 27.2. 1

O disco tem a forma de uma calote esférica, de


diâmetro variável e com uma espessura entre 6 a 8 Flecha
milímetros.

O bordo do disco, exterior e interiormente, é talhado


Raio de curvatura
em bisel para facilitar a penetração no solo, mas
também pode ser recortado (Fig 27.2.2).

Diâmetro
As dimensões que caracterizam um disco (Fig 27.2.3)
são o diâmetro, a concavidade e a espessura. Concavidade

Espessura
Diâmetro do disco – é o diâmetro da circunferência
do seu bordo.
Fig 27.2. 2 Fig 27.2. 3
NOTA TÉCNICA Nº 27.2
CHARRUAS DE DISCOS 49

Braço central

Disco Charrua
Charrua reversível
Porca de regulação fixa

Parafuso
Carcaça
Ângulo
Eixo do disco
B Ângulo
A Mínimo
Rolamentos
Máximo Máximo Mínimo
Placa de suporte
do disco

Fig 27.2. 4 Fig 27.2. 6

O disco gira livremente à volta do eixo sobre limpadora, colocada no terço superior e para a e reversível. Quanto maior for o ângulo de ataque
rolamentos (antigamente sobre chumaceiras). Cada retaguarda, com o bordo superior um pouco acima do maior será o esforço de tracção por ser maior o
disco tem, geralmente, uma (ou duas) raspadeira centro do disco e deve ficar o mais próxima possível volume de terra mobilizado.
da sua face interna (1 a 5 mm) sem que haja fricção.
- 2 - Ângulo de inclinação ou ângulo de incidência
A posição do disco é caracterizada em relação à (Fig 27.2.7) – também conhecido por ângulo vertical
Direcção da marcha

Ângulo de direcção de avanço e à vertical, definindo-se assim de corte, está compreendido entre o plano do disco
ataque
dois ângulos: e a vertical; é regulável e varia, normalmente, entre
20 e 25º.
40 a 45º
- 1 - Ângulo de ataque ou ângulo de corte (Fig
27.2.5) – também conhecido por ângulo horizontal A regulação faz-se no braço porta-disco através da
de corte, é compreendido entre a direcção de porca de regulação (Fig 27.2.4). Quanto maior for
avanço da alfaia e o plano do disco; é regulável e o ângulo melhor será o reviramento da terra, mas
varia de 40 a 45º. a capacidade de penetração diminuirá e aumentará
o esforço de tracção para mover a mesma
A figura 27.2.6, A e B, ilustra a forma de variar quantidade de terra.
Fig 27.2. 5 o ângulo de ataque numa charrua de discos fixa
NOTA TÉCNICA Nº 27.2

50 CHARRUAS DE DISCOS

Ângulo de
incidência

20 a 25º

Fig 27.2. 7 Fig 27.2. 9

Na figura 27.2.8 vemos perfeitamente os ângulos de As charruas de discos têm a mesma classificação
ataque e de incidência. do que as de aivecas.

A maioria das charruas reversíveis de discos muda o


Ângulo de incidência sentido do reviramento da terra movendo a parte
dianteira à direita ou à esquerda do centro, por
intermédio de um quadrante situado no bastidor ou
armação e por cima do corpo dianteiro (Fig 27.2.9).
Actualmente são, quase todas, de reviramento
Ângulo de
ataque hidráulico.

Direcção da marcha

Fig 27.2. 8
NOTA TÉCNICA Nº 27.2.1
REGULAÇÕES DAS CHARRUAS DE DISCOS 51

Tal como para as charruas de aivecas, primeiro subindo-a ou descendo-a através da manivela de é feita no suporte da roda de pousio, modificando-se
procede-se ao engate da alfaia ao tractor, da mesma regulação. Quando não existe roda de tancharia a o seu ângulo com o chassis. Nas suspensas e
forma que foi descrita na Nota Técnica Nº 27.1.6. regulação é obtida no tractor pelo sistema de controlo semi-suspensas a regulação é feita nos batentes.
de tracção do hidráulico, tal como descrito na Nota
Após o engate executam-se as regulações vulgarmente Técnica Nº 22.2; - Ângulo de inclinação ou ângulo de incidência –
conhecidas como de atrelamento e que são: faz-se, como se disse na Nota Técnica Nº 27.2,
- Largura de trabalho – após se adaptar, se variando a inclinação do braço porta-disco em relação
- Regulação transversal – ver Nota Técnica Nº 27.1.6. necessário, a largura do rodado do tractor à do corte ao chassis. Deve ser aumentado em terras argilosas
No entanto, uma vez feito o nivelamento da alfaia da charrua, esta regulação completa-se: ou com vegetação abundante e diminuído nas terras
deve verificar-se se a ponta da parte mais larga leves, para que o reviramento seja melhor.
do bordo da calote do 1º disco está na direcção do 1 – Modificando o corte através da roda de
plano médio do pneu traseiro do tractor. Caso isto pousio ou roda do rego, nas charruas Actualmente, uma grande parte das regulações
não aconteça há que variar a bitola do tractor; rebocadas; descritas são feitas hidraulicamente.

- Regulação lateral ou centralização – ver Nota 2 – Acrescentando ou suprimindo um ou mais


Técnica nº 27.1.6; discos à retaguarda da charrua, nos modelos
em que se possa fazer; nas charruas suspensas
-Regulação longitudinal – para que os discos e semi-suspensas sempre que se modifique a
trabalhem à mesma profundidade. Ver Nota Técnica largura de trabalho e/ou a profundidade tem que
Nº 27.1.6. se modificar também a orientação da roda de
guia, para a repor no alinhamento do tractor;
A partir daqui entramos nas regulações vulgarmente
conhecidas como de funcionamento e que são: - Ângulo de ataque ou ângulo de corte – o poder
de penetração da charrua é tanto maior quanto maior
- Profundidade de trabalho – quando há roda de for este ângulo, pelo que se deve aumentar nos solos
tancharia é esta que estabelece a profundidade, mais fortes. Nas charruas rebocadas esta regulação
NOTA TÉCNICA Nº 27.2.2
52 VANTAGENS E INCONVENIENTES DAS CHARRUAS DE DISCOS SOBRE AS DE AIVECAS

As charruas de discos e de aivecas podem utilizar-se


para a execução de trabalhos semelhantes. No
Camada arável entanto o campo de aplicação de umas pode diferir
do das outras, pelo que há situações em que umas
Fundo do rego apresentam vantagens sobre as outras. A figura
Profundidade uniforme Cristas sem serem lavradas 27.2.2.1 ilustra algumas das principais diferenças de
trabalho entre elas.

Assim, podemos resumir da seguinte forma:

Terreno Vantagens das charruas de discos


pedregoso

Embate no obstáculo e pode partir Rola sobre o obstáculo 1 – Utilização em terrenos com afloramentos
rochosos sem grande perigo de quebras ou
distorções;

2 – Devido ao movimento dos discos o maior atrito é


de rolamento, portanto o desgaste é mais lento e os
discos vão-se afiando com o próprio trabalho;
Terreno
com raízes
3 – Conservação mais fácil e rápida em virtude
Embate nas raízes e pode partir Corta as raízes ou rola sobre elas
de ser desnecessária a montagem e desmontagem
de relhas, formões, etc.;

4 – Em igualdade de condições (mesmo tipo de


terreno, trabalho e peso) a força de tracção necessária
Terreno é ligeiramente menor, em virtude de ser menor o atrito
cascalhento
de escorregamento;
Penetra com relativa facilidade Roda e penetra com dificuldade
5 – A pulverização do solo é mais perfeita;
Fig 27.2.2. 1
NOTA TÉCNICA Nº 27.2.2

VANTAGENS E INCONVENIENTES DAS CHARRUAS DE DISCOS SOBRE AS DE AIVECAS 53

6 – O enterramento de matérias orgânicas é mais - Com grandes raízes ou determinados obstáculos


fácil, embora a qualidade da operação seja pior. porque, em virtude do bordo cortante do disco, do
seu peso e movimento de rotação, seccionam parte
Inconvenientes das charruas de discos dos obstáculos que encontram e até rolam por cima
deles não havendo, portanto, “prisões”, com as
1 – A penetração no solo é, frequentemente, inevitáveis danificações e perdas de tempo.
insuficiente e inferior à das charruas de aivecas,
o que leva os construtores a desenhar modelos mais Fora das circunstâncias referidas, muito especialmente
pesados (200 a 500 Kg por disco) tornando-as mais quando se deseje um perfeito reviramento da leiva
caras; com o consequente bom enterramento de materiais,
optamos pela charrua clássica ou de aivecas.
2 – O reviramento do solo é deficiente, deixando um
serviço menos vistoso, especialmente quando a
lavoura visa o enterramento de palhas, matéria
orgânica, etc.;

3 – Em igualdade de condições, a profundidade de


trabalho é mais limitada.

Opção entre discos ou aivecas

Face ao anteriormente exposto somos mais receptivos


à charrua de discos sempre que estejamos perante
terrenos:

- Mais compactos que vão ser arroteados;

- Com pedras que possam provocar “prisões”;


NOTA TÉCNICA Nº 27.3
54 CHARRUAS ESPECIAIS

Caixa das
engrenagens Munhão

Transmissão do
movimento
Pás Roda de
da tdf
tancharia

Corpo
rotativo Aiveca Relha

Fig 27.3. 1 Fig 27.3. 2 Fig 27.3. 3

Chamam-se charruas especiais a todas aquelas condições, de uma potência superior em, dentro do rego. A roda de tancharia pode existir ou
que têm uma concepção original e que se destinam aproximadamente, 20 %. não. Trata-se de uma charrua descentrável,
à execução de lavouras, visando objectivos vulgarmente conhecida como charrua de bordas.
específicos e bem definidos. Charrua de limitação ou de desbordar (Fig 27.3.2)
– é uma charrua fixa em que as armações dos ferros A charrua representada na figura 27.3.4 é
Dentro desta classificação temos: podem ser movidas de forma a que o último lavre o descentrável e como tal assim conhecida.
“relevo” esquerdo do tractor. Servem, por exemplo, É especialmente indicada para trabalhos em estufas
Charrua centrifugadora (Fig 27.3.1) – pode ser de para trabalhar em canteiros de arroz a fim de lavrar e pomares, podendo trabalhar descentrada para
dois ou três corpos. A terra virada pela aiveca é mesmo junto à parede dos mesmos. qualquer dos lados, mesmo fora do rodado do
apanhada por um corpo rotativo, com um diâmetro tractor; lavra, portanto, para dentro ou para fora.
maior em cima do que em baixo, que a esmiuça Há charruas normais em que, para o mesmo efeito,
com o auxílio de umas pequenas pás. se lhes adapta um ferro conhecido por alongador. Derregador – pode ter um, dois (Fig 27.3.5) ou três
corpos simétricos, cada um dos quais formado,
A profundidade de trabalho pode ir até, A figura 27.3.3 mostra outra charrua que lavra junto praticamente, pela junção de duas aivecas.
aproximadamente, 30 centímetros e necessita, em aos muros dos canteiros do arroz e, simultaneamente, A distância entre os corpos é regulável, possibilitando
relação a uma charrua normal e em igualdade de limpa-lhes a face de todas as ervas ficando estas uma perfeita adaptação ao tractor.
NOTA TÉCNICA Nº 27.3

CHARRUAS ESPECIAIS 55

Rabo nivelador
e destorroador

Fig 27.3. 4 Fig 27.3. 6 Fig 27.3. 7

Movimentam a terra para um e outro lado formando O modelo do corpo derregador pode ter, normalmente, camalhões e também em determinadas culturas,
camalhões, leiras ou margens, separados por regos três formatos diferentes, tal como se pode ver na como o milho e o tomate, para amontoa.
de largura e profundidade reguláveis. figura 27.3.5 – 1, 2 e 3.
Valadora (Fig 27.3.8) – também denominada
Há derregadores cujo corpo vem equipado com abre-valas, é uma alfaia semelhante ao derregador,
rabos niveladores-destorroadores (Fig 27.3.6) para mas destinada a trabalhar a maior profundidade.
redução da mão de obra na sementeira em margens.
Charrua para surriba – vulgarmente designada por
O derregador também pode ser utilizado como charrua subsoladora, é semelhante a qualquer
amontoador. charrua clássica normal, com diferença nas
1 dimensões que são muito maiores.
Amontoador – alfaia que trabalha nas entrelinhas
1 das culturas a fim de lhe colocar (amontoar) terra na Executam a operação denominada surriba, que
2
3 base do caule. Podem ser de discos ou de aivecas. consiste numa lavoura a grande profundidade (pode
ir a 80 centímetros ou mais) atingindo o subsolo,
Derregador-amontoador de discos (Fig 27.3.7) – o qual é trazido para cima, colocando no seu lugar
Fig 27.3. 5 alfaia para abertura de regos e armação em o solo.
NOTA TÉCNICA Nº 27.3

56 CHARRUAS ESPECIAIS

2 ferros para lavoura de


2 ferros para lavoura de escava amontoa e um derregador

Fig 27.3. 8 Fig 27.3. 10 Fig 27.3. 11

Charrua vinhateira – também conhecida, nalgumas (Fig 27.3.9), cuja missão consiste em trabalhar a Escavadora – alfaia destinada a trabalhar o terreno
zonas, como charrua pomareira, é constituída por totalidade do espaço compreendido entre duas filas compreendido entre cepas (ou outras fruteiras) da
vários corpos montados num quadro extensível de cepas. mesma linha. Tem um dispositivo que permite o

Tem a particularidade de fazer lavouras de escava


(para dentro) e de amontoa (para fora).

A figura 27.3.10 mostra uma charrua vinhateira


montada com os ferros preparados para lavrar para
dentro, enquanto que a figura 27.3.11 está com eles
para lavrar para fora e com um derregador.

Em vez de dois ferros pode haver quatro a lavrar


para dentro, a lavrar para fora e com derregador,
ou até três em linha, tal como se pode ver, 4 ferros para lavoura de escava
respectivamente, nas figuras 27.3.12, 27.3.13 e
Fig 27.3. 9 27.3.14. Fig 27.3. 12
NOTA TÉCNICA Nº 27.3

CHARRUAS ESPECIAIS 57

afastamento da relha antes que atinja a cepa, mercê


de um braço apalpador.
Molas de segurança

Pode ser de comando mecânico ou de comando


hidráulico.
Barra
porta braço
A figura 27.3.15 mostra uma escavadora de comando
Quadro
mecânico.

Braço apalpador Aiveca A figura 27.3.16 mostra uma escavadora de discos


4 ferros para lavoura de Relha com comando hidráulico.
amontoa e um derregador

Fig 27.3. 13 Fig 27.3. 15

Alavanca do comando hidráulico

Molas de
segurança

Braço apalpador
Discos

Fig 27.3. 14 Fig 27.3. 16


NOTA TÉCNICA Nº 27.4
58 VELOCIDADES E MANUTENÇÃO DAS CHARRUAS

A velocidade a que uma charrua deve trabalhar varia - Lubrificar todos os copos de lubrificação. Para o - Sempre que se mude de local, lavar muito bem a
com a potência do tractor, tipo de solo e humidade efeito, limpar, lubrificar e voltar a limpar os referidos alfaia para que não haja infestações de ervas daninhas
do mesmo, cobertura vegetal, topografia do terreno, copos; no terreno para onde ela vai.
peso da charrua, largura do corte e profundidade do
trabalho. No entanto e apesar das condicionantes - Deitar alguns pingos de óleo em todos os pontos Depois:
expostas, podemos quantificar os seguintes valores: de atrito.
- Substituir as peças com desgaste excessivo;
- 4 a 7 km/hora para as charruas de aivecas e Durante:
especiais; - Ajustar folgas;
- Tratando-se de charruas novas reapertar todas as
- 5 a 8 km/hora para as charruas de discos. porcas, parafusos e munhões de engate, no final do - Lavar com água sob pressão;
1º dia de trabalho;
Manutenção - Retocar a pintura;
- Proceder às verificações anteriores de 50 em 50
As charruas exigem, como qualquer outra alfaia, uma horas de trabalho; - Lubrificar todos os copos de lubrificação;
cuidadosa manutenção antes, durante e depois da
- Diariamente (+ ou – 10 horas) lubrificar todos os - Besuntar, com óleo queimado, todos os locais sem
campanha. Assim temos:
copos de lubrificação e deitar alguns pingos de óleo tinta, com especial destaque para as peças activas;
Antes: nos pontos de atrito;
- Guardar a alfaia sob coberto e em cima de uma
- Verificar o aperto de todas as porcas e parafusos, - Vigiar e ajustar as peças de desgaste e substituí-las superfície dura e seca.
reapertando-os se necessário; sempre que necessário;
NOTA TÉCNICA Nº 28
GRADES - GENERALIDADES 59

Depois da lavoura o terreno fica com torrões, consoante o executam de uma forma ou de outra
pequenos sulcos mais ou menos profundos, leivas assim se designam, respectivamente, de arrasto ou
maiores ou menores, espaços vazios entre leivas e rolantes.
um pouco desnivelado.
O quadro seguinte diz-nos, resumidamente, as que
Para se efectuar uma boa sementeira ou plantação existem.
há que proceder ao destorroamento e nivelamento
das leivas, trabalho esse que é efectuado pelas
grades que também têm outras aplicações muito
RÍGIDAS
úteis tais como, por exemplo:
DE ARRASTO MALEÁVEIS

- Retraçar e partir restos de culturas e ervas; OSCILANTES


GIRATÓRIAS
- Enterrar sementes, fertilizantes e/ou correctivos
quando distribuídos a lanço; GRADES DE PÁS
OBLÍQUAS
- Destruir ervas daninhas e partir a crosta superficial DENTADAS
do solo provocada pelo sol e geadas, facilitando a DE ARAME
penetração do ar e da água. ROLANTES EM CARACOL
COM DENTES DE AÇO
Perante o exposto podemos, de uma maneira geral, DE ESTRELAS
definir uma grade como: - alfaia de preparação do DE DISCOS
solo destinada, além de outras aplicações, a
complementar o trabalho de lavoura.

Consoante o tipo de tracção, podem ser rebocadas,


semi-montadas ou montadas. Têm um ou vários elementos e todas são constituídas
por um quadro, armação ou chassis ao qual estão
Quando executam trabalho, as peças activas podem fixadas as peças activas e as outras, ou sejam as
fazê-lo arrastadas sobre o solo ou rolando sobre ele; não activas e de suporte.
NOTA TÉCNICA Nº 28.1
60 GRADES DE ARRASTO

As peças activas das grades de arrasto são os dentes,


cuja secção pode ser quadrada, circular, triangular
ou em forma de faca larga. A figura 28.1.1 mostra
1 2 3 4 5 6 7 algumas formas de dentes.

As grades de arrasto podem ser:


100 220
200 245
Rígidas

São as mais antigas e constituídas por um quadro


em forma de triângulo, rectângulo, trapézio ou
paralelogramo, de madeira ou ferro, provido de um
Fig 28.1. 1 conjunto de barras transversais e longitudinais
1 – Dente para grade leve 5 – Dente de mola normal denominadas, respectivamente, travessões e tirantes,
2 – Dente para grade mais pesada 6 – Transferidor de ângulos para grade de sachar em cuja intersecção se situam os dentes, que não
3 – Dente curvo em forma de colher 7 – Dente com ferro aparafusado têm qualquer maleabilidade.
4 – Dente em mola (vibrátil)
Estão aqui incluídas as grades em z ou ziguezague
(Fig 28.1.2), constituídas por um número variável de
Barra de equilíbrio elementos articulados entre si a fim de permitirem
uma boa adaptação às irregularidades do terreno
Tirantes e e as grades de dentes dobrados e alargados com
travessões a forma de colher (Fig 28.1.3), as quais são utilizadas
em solos duros e encrostados.
Dentes
Pormenor Maleáveis
Barra de do dente
engate
São utilizadas para o combate a infestantes, na
mobilização de camalhões sem lhes alterar o perfil,
cobrir algumas sementes e trabalhar culturas de
Fig 28.1. 2 Fig 28.1. 3 primavera.
NOTA TÉCNICA Nº 28.1

GRADES DE ARRASTO 61

sistema de biela-manivela accionado pela tdf do


tractor. (Há quem denomine as longarinas
Barra de engate
transversais por pentes).
Molas
Dentes
A figura 28.1.6 mostra uma destas grades.

O rápido movimento lateral dos dentes, em conjunto


Pormenor com o arrastamento da grade, sujeita os aglomerados
do dente a desfazer a embates muito mais violentos e repetidos
Tirantes e
Barra de travessões do que com outras grades, acelerando e intensificando
equilíbrio
o destorroamento. Para além desta finalidade
aconselha-se a sua utilização:
Fig 28.1. 4 Fig 28.1. 5
- No desfazer das leivas deixadas pelas charruas
quando não convenha trazer para a superfície
A figura 28.1.4 mostra uma grade maleável, transversais animadas de rápido movimento alternativo camadas inferiores (o que certamente aconteceria
constituída por um determinado número de elementos de vai e vem, no sentido lateral, produzido por um com uma grade de discos, por exemplo), cuja maior
articulados uns nos outros e compreendendo, cada humidade possa prejudicar o trabalho imediato dos
um, um certo número de dentes em arame de aço semeadores causando, ao mesmo tempo, uma
grosso. Os órgãos, que constituem um verdadeiro diminuição da humidade na zona explorada pelas
tapete maleável, ao serem arrastados pelo terreno raízes das plantas;
Ligação à tdf
funcionam como molas. do tractor Munhão
de engate - Onde seja de temer a formação do calo e a
Fazem parte deste tipo a grade de molas, também compactação excessiva do solo, já que ela permite
denominada canadiana (Fig 28.1.5). destorroar convenientemente, com menos passagens
de tractor e alfaias;
Oscilantes
Dentes - Na destruição de ervas daninhas nos alqueives;
Também denominadas alternativas, têm dentes em
aço especial resistentes a choques e desgastes, - No “aplanamento” de terras de superfície irregular.
montados em duas, três ou quatro longarinas Fig 28.1. 6
NOTA TÉCNICA Nº 28.1

62 GRADES DE ARRASTO

Giratórias entre 120 e 500 r.p.m.. A profundidade de trabalho


pode ir até 20 cm e a potência necessária é de,
O apoio dos dentes, que são em número de dois aproximadamente,14,7 kW (20 hp) por metro de
Ligação à tdf
do tractor
(raramente um ou três), gira à volta de um eixo largura de trabalho.
perpendicular que recebe movimento por intermédio
de outro eixo, frontal e com engrenagem em banho Estas grades utilizam-se em várias culturas e,
de óleo. Os apoios dos dentes têm sentidos principalmente, na preparação da cama de sementeira.
rotativos opostos uns dos outros.
Apoio dos Eixos Dentes Na figura 28.1.7 vemos uma destas grades.
dentes perpendiculares

O comprimento dos dentes varia entre 20 a 30


Fig 28.1. 7 centímetros e a rotação do apoio, alterável, oscila
NOTA TÉCNICA Nº 28.2
GRADES ROLANTES 63

As peças activas das grades rolantes têm variadas O diâmetro das pás é de 30 a 40 centímetros e têm Dentadas (Fig 28.2.3)
formas, conforme a função a que se destinam. duas séries que trabalham em movimentos opostos.
Algumas aparecem associadas a outras máquinas A profundidade de trabalho pode ir até 20 cm e a Também denominadas de gaiolas rolantes e
para efectuarem operações combinadas. potência mínima necessária é de 14,7 kW (20 hp). conhecidas por serrilhadas, são constituídas por
Normalmente, a velocidade de deslocação em trabalho barras oblíquas com dentes. Têm um efeito
As principais grades rolantes existentes são as varia de 8 a 12 Km/hora. compressor e destorroam bem terrenos difíceis.
seguintes:
Oblíquas (Fig 28.2.2) De arame (Fig 28.2.4)
De pás (Fig 28.2.1)
Têm barras lisas em aço colocadas com, Têm instalados arames de aço com 5 a 8 mm de
Têm, em cada eixo, 4 a 5 pás curvas. Possuem um aproximadamente, 7 graus de obliquidade em relação espessura, os quais são colocados obliquamente em
bom efeito de trituração e de destorroamento. ao sentido da deslocação, de modo a originarem relação ao sentido da deslocação. O efeito de
Na prática são boas misturadoras e cortadoras de uma forma cilíndrica. O efeito de destorroamento destorroamento anda na relação de 4 para 1,
restolhos e palhas. Trabalham, de preferência, em e de compressão é praticamente o mesmo. portanto, mais eficaz que o efeito de compressão.
cruz e, se necessário, com pesos suplementares.

Armação
Armação Barras
oblíquas Eixo

Eixo
Pás

Dentes
Barras lisas em aço

Fig 28.2. 1 Fig 28.2. 2 Fig 28.2. 3


NOTA TÉCNICA Nº 28.2

64 GRADES ROLANTES

Em caracol (Fig 28.2.5)

São constituídas por barras transversais à volta das Armação


Armação quais está colocada uma barra de apoio lisa e em
forma de espiral; formam um rolo, cujo efeito
Estrelas
compressor anda na relação de 4 para 1, portanto,
maior do que o de destorroamento, pelo que está
indicada para solos leves.

Com dentes de aço (Fig 28.2.6)


Eixo

Funcionam com barras de aço que formam os dentes.


Fig 28.2. 4 São boas para quebrar a crosta dos terrenos e também Fig 28.2. 7
para procederem ao esmiuçamento do solo. O efeito
de destorroamento é de, aproximadamente, 3 para
1, portanto, mais eficaz do que o efeito compressor.

Barras transversais

Dentes
Armação

Eixos
Dentes
Barra em espiral

Fig 28.2. 5 Fig 28.2. 6 Fig 28.2. 8


NOTA TÉCNICA Nº 28.2

GRADES ROLANTES 65

De estrelas (Figs 28.2.7 e 28.2.8) - Simples, descentrada ou offset e de quatro O corpo da frente mobiliza a terra para um dos lados
corpos em X ou tipo tandem cujos esquemas e o de trás apanha-a e atira-a para o lado contrário,
Também denominadas por norueguesas, têm um ou estão representados, respectivamente, nas figuras visto que a curvatura dos seus discos é contrária à
vários elementos. As peças activas são estrelas de 28.2.9, 28.2.10 e 28.2.11. dos discos do outro corpo.
dentes, normalmente 5 por estrela, montadas nos
eixos à volta dos quais rolam. A grade simples é constituída por dois corpos em A grade de quatro corpos em X, também
V, aberto para a frente. Era utilizada em tracção denominada tipo tandem, é constituída por quatro
Permitem dar como que uma sacha na terra e animal e, posteriormente, foi adaptada à tracção corpos de discos dispostos em dois V, em posição
arrancar as ervas daninhas recém nascidas, mecânica tendo, a pouco e pouco, perdido qualquer inversa, o que permite movimentar a terra duas
destorroam e desfazem a crosta formada após a interesse, pelo que hoje em dia não é utilizada. vezes: os corpos da frente voltam-na para os lados
sementeira. O efeito de compressão é de 2 para 1, e os de trás recolocam-na no local inicial, uma vez
portanto, maior que o de destorroamento. A grade descentrada, também designada por offset, que as curvaturas dos discos de cada corpo estão
é constituída por dois corpos de discos colocados em posição contrária umas das outras.
De discos um atrás do outro e dispostos em V, mas com
abertura lateral.
São as mais utilizadas e existem vários tipos, os
quais podem ser englobados em três grupos:

Fig 28.2. 9 Fig 28.2. 10 Fig 28.2. 11


NOTA TÉCNICA Nº 28.2

66 GRADES ROLANTES

As grades de discos, consoante o seu peso, podem cónicos (Fig 28.2.13 – A) os quais têm a vantagem
ser suspensas ou rebocadas. Normalmente, as mais de permitirem um melhor “escorrimento” da terra.
pesadas são rebocadas e as mais leves suspensas.
O rebordo dos discos é talhado em forma de bisel
De acordo com o peso dos discos podem ser: para ser mais fácil a sua penetração no terreno e
mais eficaz o corte. Por sua vez o referido rebordo
- Ligeiras – quando o peso por disco não excede 50 kg; pode ser liso ou recortado, conforme a aplicação,
o tipo de solo e o estado do terreno a trabalhar.
- Semi-pesadas – quando o peso por disco se situa
entre 51 e 100 kg; Os lisos utilizam-se em terrenos trabalhados e com
A B
pouca vegetação; os recortados, que permitem maior
- Pesadas – quando o peso por disco é superior a profundidade de trabalho, usam-se mais em terrenos
100 kg. Fig 28.2. 13 pouco trabalhados e com bastante vegetação, raízes
e/ou outros resíduos.
Os discos das grades estão afastados uns dos cada corpo, é variável. Os discos de cada corpo estão
outros 15 a 20 cm, afastamento esse que é mantido montados sobre um veio que gira em chumaceiras, De uma maneira geral, não sendo norma, as grades
por intermédio de um separador e o número, em de casquilhos ou, tal como acontece nas grades ligeiras têm os dois corpos com os discos lisos, as
actuais, de rolamentos (Fig 28.2.12). O diâmetro
varia, normalmente, entre 450 e 610 mm para as
Discos Corpo de trás
Separador grades ligeiras e 760 a 915, ou mais, para as pesadas,
recortados
situando-se as semi-pesadas nos valores intermédios.

Como os discos são dispostos verticalmente o ângulo


de inclinação é nulo, mas existe ângulo de ataque, o
qual é variável de acordo com o tipo de grade, as
Porca
exigências de trabalho e a gama de regulações Corpo da
Veio do veio
frente
disponível.
Resguardo da Chumaceira Disco
chumaceira recortado
Os discos convencionais (Fig 28.2.13 – B) têm, Disco liso

normalmente, a forma de calote esférica mas,


Fig 28.2. 12 Fig 28.2. 14
actualmente, também se utilizam discos tronco-
NOTA TÉCNICA Nº 28.2

GRADES ROLANTES 67

pesadas têm os discos dos dois corpos recortados A versatilidade das grades de discos é muito grande, o que não deixaria de suceder com qualquer grade
e as semi-pesadas têm os discos do corpo da frente o que permite a sua utilização em inúmeras situações de dentes;
recortados e os do corpo de trás lisos. A figura tais como, por exemplo:
28.2.14 mostra uma grade de discos offset, suspensa, - Na incorporação de adubos ou sementes depois
semi-pesada e com 14 discos, em que os do corpo da - No esmiuçamento e pulverização dos torrões de espalhados sobre o terreno;
frente são recortados e os do corpo de trás são lisos. formados pelas charruas, quando haja interesse
em obter um destorroamento minucioso antes da - Em substituição de lavouras ligeiras antecedendo a
As grades de discos estão montadas de forma a que sementeira; sementeira de certas culturas menos exigentes tais
os discos do corpo de trás cortem no intervalo dos como a aveia, tremocilha, tremoço ou fava.
do corpo da frente a fim de haver nivelamento, tal - Em mobilizações pouco profundas que completem
como se pode verificar na figura 28.2.15. os alqueives, visando a destruição de ervas daninhas; Grade de discos vinhateira (Fig 28.2.16) – é uma
grade específica, de dois corpos e com 3 ou 4
- No grangeio de olivais, pomares, eucaliptais, etc., discos por corpo, os quais estão montados num
em terrenos leves com vista à eliminação da vegetação quadro que permite variar a largura de trabalho de
expontânea e à criação de boas condições de acordo com as entrelinhas. Faz descavas e
arejamento e humidade do solo; amontoas.

- Na preparação de restolhos ou pousios antes da


lavoura, quando a existência de ervas ou detritos
Discos Perfil do impeça ou dificulte o trabalho das charruas;
do corpo trabalho
da frente
- Antecedendo a lavoura de enterramento de plantas
Discos para sideração, cortando-as e esmagando-as sempre
do corpo
da trás que estas, pelo seu volume e consistência, provoquem
o empapamento das charruas e a morosidade e
imperfeição do seu trabalho;

- Em seguida a uma lavoura de incorporação de


estrumes, palhas ou plantas para siderar, quando se
pretende completar o enterramento ou destorroar o
Fig 28.2. 15 solo em que venham ao de cima aqueles materiais, Fig 28.2. 16
NOTA TÉCNICA Nº 28.3
68 REGULAÇÕES DAS GRADES

Uma vez a grade engatada, há que proceder às do tractor - Ver Nota Técnica Nº 22.2. Nas grades
seguintes regulações: rebocadas é o próprio peso que as regula, o qual
pode ser aumentado com pesos adicionais sobre o
1 – Regulação transversal – ver Nota Técnica quadro ou em caixa própria para o efeito, quando
Nº 27.1.6;
existe. A posição de montagem das ponteiras também
tem influência na profundidade de trabalho.
2 – Regulação lateral ou centralização – ver Nota
Técnica Nº 27.1.6;
Nas grades de discos o ângulo de abertura e a
velocidade de deslocação também têm influência.
3 – Regulação longitudinal – ver Nota Técnica
Nº 27.1.6; Quando o terreno é leve, solto ou arenoso, portanto,
de fácil penetração, deve-se diminuir o ângulo de
4 – Regulação da profundidade de trabalho – nas abertura dos corpos; quando é pesado, duro e de
grades montadas é feita pelo comando do hidráulico difícil penetração deve aumentar-se.
NOTA TÉCNICA Nº 28.4
SEGURANÇA E MANUTENÇÃO DAS GRADES 69

O manuseamento das grades deve ser feito com o Durante: - Lavar com água sob pressão;
maior cuidado, a fim de se evitarem acidentes.
- Tratando-se de grades novas, reapertar todas as - Retocar a pintura nos pontos onde tenha sido
A escolha errada do tipo de grade para a execução porcas e parafusos no final do primeiro dia de danificada;
de um determinado serviço também pode ocasionar trabalho;
dissabores, uma vez que o terreno pode não ficar - Lubrificar todos os copos de lubrificação;
em perfeitas condições para as operações seguintes - Em grades de discos, reapertar as porcas dos veios
e os prejuízos serão inevitáveis. de 5 em 5 horas; - Besuntar com óleo queimado todas as peças não
pintadas;
Em relação à manutenção, as grades necessitam - Proceder às verificações anteriores de 50 em 50
dela antes, durante e após a campanha. horas de trabalho; - Guardá-las sob coberto e em cima de uma
superfície dura e seca.
Antes: - De 100 em 100 horas lubrificar todos os copos de
lubrificação. - Uma deficiente manutenção danifica as grades e
- Verificar o aperto de todas as porcas e parafusos e origina uma menor duração com maiores despesas.
reapertá-los, se necessário; Após:

- Lubrificar todos os copos de lubrificação; - Substituir peças em más condições ou com


desgaste excessivo;
- Deitar óleo e/ou massa de lubrificação em todos os
pontos de atrito. - Ajustar folgas;
NOTA TÉCNICA Nº 29
70 ESCARIFICADORES - GENERALIDADES

É uma alfaia muito popular pela sua versatilidade e terreno ligeiramente armado, o que pode trazer
com grande capacidade de trabalho. Utiliza-se, vantagens em zonas com excesso de humidade;
principalmente, nas seguintes funções:
Quadro - Sementeiras ao rego, tais como milho, grão, girassol,
Mola
- Fragmentação dos torrões formados pelas charruas, etc., em que os sulcos abertos pelo escarificador
especialmente quando se trata de lavouras fundas com aivequilhos são, depois de conterem a semente
em terrenos compactos, visando a posterior aplicação e o adubo, cobertos com uma grade de arrasto, que
de grades ligeiras; não seja oscilante nem giratória;

Bicos
Dentes - Mobilizações pouco intensas que completam os - Sachas de culturas em linhas em que os aivequilhos,
alqueives, destruindo as ervas daninhas ou levantando além de destruírem a erva e quebrarem a crosta
a terra depois de uma cultura de revestimento; superficial da terra, ainda fazem amontoa;
Fig 29. 1
- Substituição de lavouras ligeiras, antecedendo a - Grangeio de olivais, vinhas, pomares, eucaliptais,
sementeira de certas culturas menos exigentes, tais etc., visando a eliminação da vegetação expontânea
Dá-se o nome de escarificador (Fig 29.1) a uma alfaia, como aveia, fava, tremocilha, etc.; e a criação de boas condições de arejamento e
mais ou menos pesada, composta por um quadro, humidade do solo;
armação ou chassis (pode ser uma simples barra), - Enterramento de sementes espalhadas a lanço ou
ao qual se fixa um número variável de braços ou por semeadores sem dispositivos de enterramento, - Incorporação de adubos, quando espalhados a
dentes, rígidos ou flexíveis, que terminam por ferros em terrenos devidamente lavrados e gradados; neste lanço.
ou bicos de vários tipos. caso o uso de aivequilhos ou margeadores deixa o
NOTA TÉCNICA Nº 29.1
PEÇAS ACTIVAS DOS ESCARIFICADORES 71

As peças activas dos escarificadores são os bicos, Estes bicos fazem, com a superfície do terreno, D – Bico sulcador – largo e bombeado, é bom para
também denominados por ferros, os quais estão ângulos de cerca de 35º. Promovem um bom corte misturar restolhos mediante expulsão lateral. A sua
fixados nos dentes, também denominados por com fragmentação do solo em profundidade, sem dupla largura de corte facilita o trabalho contra as
braços (Fig 29.1 da Nota técnica Nº 29). reviramento da leiva e fazem a separação dos torrões plantas adventícias em terras húmidas criando, na
que vêm à superfície e que se acumulam na zona da superfície do solo, enrugamentos que ajudam ao
O escarificador pode utilizar os seguintes tipos de cama de sementeira. escorrimento dos excedentes de água e aumentam
bicos: a penetração da humidade. Os enrugamentos ajudam
Em relação às formas representadas na figura 29.1.1, a preservar as terras de cultura contra a erosão
1 – Bico escarificador (Fig 29.1.1) – também temos: provocada pelo vento e pela chuva;
designado por ferro escarificador, é o mais corrente
no nosso País. É comprido, estreito e afiado nas A – Bico curvo de ponta dupla – rompe o calo do E – Bico cavador – parte e corta o solo de uma
duas extremidades a fim de poder ser virado quando sulco sem criar outro, visto que quebra a massa forma mais vigorosa do que os outros e deixa a
estiver desgastado. compacta do solo à frente e à roda dela. É polivalente superfície do solo com um aspecto mais ondulado.
e utiliza-se nos trabalhos para incrementar a É aconselhado em terrenos secos.
penetração da água, facilitar a drenagem e aprofundar
o solo sem destruir a sua estrutura nem alterar os 2 – Bico extirpador – também designado por ferro
diferentes níveis da vida microbiana; extirpador, fixa-se ao dente da mesma forma do

B – Bico helicoidal de ponta dupla – realiza um


movimento do solo que permite levantar mais
quantidade de detritos, tais como palhas, etc. Bom
A C para a preparação do solo e destruição de ervas
B adventícias e resistentes;
12” 10”
C – Bico curvo de dupla ponta afiada – regenera
prados visto que desfaz os “nós” de erva e estimula
o crescimento de pastagens velhas porque aumenta
a capacidade de retenção da água. É aconselhado
D E para trabalhos em situações especialmente secas. 8” 6”
Também rompe o calo do sulco e deixa os restos
Fig 29.1. 1 vegetais à superfície; Fig 29.1. 2
NOTA TÉCNICA Nº 29.1

72 PEÇAS ACTIVAS DOS ESCARIFICADORES

anterior. A forma é a de uma seta curva com os


bordos ligeiramente aguçados. Trabalha quase
paralelo ao solo, faz uma mobilização muito ligeira e
destroe as infestantes cortando-lhes a raiz logo
abaixo da superfície do solo.

Existe com larguras que vão, normalmente, de 6 a


12 polegadas (Fig 29.1.2).

Os de 6 polegadas rompem melhor o solo em


condições de humidade ligeira. Os de 8 polegadas
levantam os restolhos a uma profundidade média e a
todo o comprimento da alfaia. Os de 10 e de 12 Fig 29.1. 3
polegadas recomendam-se para terrenos argilosos.

3 – Bico margeador (Fig 29.1.3) – também designado que a fixação é conjunta e feita com os mesmos
por aivequilho, tem a forma de uma aiveca dupla de parafusos.
dimensão reduzida. É um pequeno derregador e o
seu trabalho faz um rego e um ligeiro reviramento do Os bicos fixam-se, como inicialmente se disse, aos
solo, deixando-o armado num espigoado de pequena dentes e estes são todos iguais, o que lhes permite
profundidade. serem aplicados independentemente na fila da frente
ou na de trás. O seu número é impar e a fila de trás
Utiliza-se, com muita frequência, na sementeira de tem sempre mais um do que a da frente. Os de trás
culturas em linha, tais como milho, girassol, grão, trabalham nos intervalos equidistantes dos da frente,
etc., depois da terra lavrada e gradada, cujas excepto os de fora, esquerdo e direito.
sementes são posteriormente tapadas com uma
grade. Quando se formam grupos de dentes devem ser
simétricos em relação ao eixo de tracção da alfaia.
Cada aivequilho funciona sempre em conjunto com
o bico escarificador. Monta-se directamente no
dente e depois, em cima, o bico escarificador, visto
NOTA TÉCNICA Nº 29.2
TIPOS DE ESCARIFICADORES 73

Molas

Fig 29.2. 1 Fig 29.2. 3

Segundo a natureza e as características dos dentes - Escarificador de dentes articulados de molas. - Escarificador de dentes vibráteis (Fig 29.2.4) –
e dos bicos que os equipam, temos vários tipos de Há dois tipos: também designado por vibrocultor, é caracterizado
escarificadores, tais como: pela grande flexibilidade dos braços que, pela sua
1 - De molas duplas (Fig 29.2.1)
2 – De molas simples (Fig 29.2.2)

Os dentes estão ligados a molas bastante


resistentes que cedem quando encontram um
obstáculo e retomam a sua posição normal quando
o ultrapassam (Fig 29.2.3). Trata-se de um sistema
de segurança para protecção da alfaia.

- Escarificador de dentes rígidos – também


denominado escarificador de braços rígidos, é
semelhante aos anteriores; apenas não existem
molas e os braços formam, portanto, um conjunto
Fig 29.2. 2 rígido com a armação. Fig 29.2. 4
NOTA TÉCNICA Nº 29.2

74 TIPOS DE ESCARIFICADORES

Fig 29.2. 5 Fig 29.2. 6 Fig 29.2. 8

acção vibratória em todos os sentidos, removem de secção quadrada e de dupla volta (Fig 29.2.7); Estes escarificadores tiveram uma fraca aceitação
energicamente a terra, o que origina a remoção de possui uma flexibilidade limitada, pelo que a por parte dos agricultores portugueses.
raízes e más ervas que ficam à superfície, vibração é bastante menor do que a do vibrocultor.
decompondo-se mais rapidamente. - Escarificador pesado (Fig 29.2.8) – também
designado por “chisel”, é um escarificador cujos
A densidade das linhas de rotura e a intensidade do dentes, rígidos ou flexíveis, têm grandes dimensões.
destorroamento dependem da amplitude e
frequência das vibrações dos braços, as quais Os modelos mais correntes são do tipo montado e o
aumentam segundo a sua tensão e resistência do quadro é muito robusto e constituído por duas ou
solo, da frequência do trabalho, da velocidade de três barras de grande secção, as quais suportam
deslocação e do ângulo de entrada dos braços. A cinco, sete, nove ou, no máximo, 11 dentes de
figura 29.2.5 mostra o funcionamento de um braço grande dimensão.
de vibrocultor.
Utilizam-se em mobilizações profundas e tanto os
- Escarificador de dentes quadrados de dupla dentes como os bicos podem ser de vários modelos,
volta (Fig 29.2.6) – também designado por consoante as condições e os serviços a executar.
escarificador de dentes espiralados, tem dentes Fig 29.2. 7 As figuras 29.2.9, 29.2.10, 29.2.11, 29.2.12 e 29.2.13
NOTA TÉCNICA Nº 29.2

TIPOS DE ESCARIFICADORES 75

são exemplos de alguns dos vários modelos


existentes.

Dente em lâminas Braço reforçado


de aço por mola

Com mola

Fig 29.2. 9 Fig 29.2. 11 Fig 29.2. 13

Reforçado com
Braço com mola contra-mola

Fig 29.2. 10 Fig 29.2. 12


NOTA TÉCNICA Nº 29.3
76 REGULAÇÕES DOS ESCARIFICADORES

O engate de um escarificador ao tractor é igual ao culturas alinhadas é possível modificarem-se as - Tensão das molas – com o uso as molas perdem
de qualquer outra alfaia de mobilização do solo. distâncias relativas dos braços, dispondo-os em a elasticidade e afectam a qualidade de trabalho.
pares ou em grupos segundo as conveniências, ou Quando isso acontece deve aumentar-se a sua
Após o engate seguem-se as regulações até retirarem-se alguns, se necessário. Para o efeito: tensão. No caso de molas duplas muda-se a
necessárias e que são: posição para o furo seguinte (Fig 29.3.1).
- Nos braços articulados com molas – aliviam-se
1 – Regulação transversal – ver Nota Técnica os parafusos de fixação dos braços a deslocar,
Nº 27.1.6; mudam-se estes para a posição pretendida e
reapertam-se os parafusos. Nos escarificadores
2 – Regulação lateral ou centralização – ver Nota
deste tipo, quando se pretende trabalhar com
Técnica Nº 27.1.6;
menos braços é indispensável, para não diminuir a Mola
resistência do quadro, voltar os braços excedentes
3 – Regulação longitudinal – ver Nota Tecnica
para cima, por inversão das fixações ao quadro,
Nº 27.1.6; Batente Segundos
mantendo-as bem fixas; furos de
fixação
4 – Regulação da profundidade de trabalho – ver das molas
- Nos vibrocultores – desapertam-se as porcas dos
Nota Tecnica Nº 22.2.
parafusos de fixação à barra dos braços a mudar, Mola

Uma vez a alfaia regulada deve ser afinada no local retiram-se os parafusos, deslocam-se os braços
de trabalho, conforme o tipo e a necessidade da para a posição desejada, voltam a colocar-se e a
cultura ou do terreno. Assim: apertar os parafusos. Ter em atenção que é Fig 29.3. 1
essencial dispor os grupos de braços
- Distância entre dentes – para permitir a utilização simetricamente em relação ao eixo de qualquer
dos escarificadores em amanhos ou granjeios de destes aparelhos.
NOTA TÉCNICA Nº 29.4
VELOCIDADES E MANUTENÇÃO DOS ESCARIFICADORES 77

É difícil estabelecer uma regra geral para a Durante: - Ajustar folgas;


determinação da velocidade de trabalho com um
escarificador. O estado do terreno e a sua humidade, - Em alfaias novas ou depois de qualquer mudança - Lavar com água sob pressão;
o peso da alfaia e o número de braços, a profundidade de posição dos dentes, reajustar todas as porcas e
de trabalho, etc., condicionam a sua velocidade de parafusos ao fim da primeira hora de trabalho; - Retocar a pintura nos pontos onde tenha sido
deslocação em trabalho. No entanto, poderá ser danificada;
mais rápida em operação com o bico escarificador, - Repetir, de 8 em 8 horas de funcionamento, a
lubrificação dos casquilhos das articulações dos - Lubrificar;
menos rápida com o bico extirpador e menos rápida
ainda com o bico margeador. Podemos dizer, grosso braços, nos escarificadores de molas;
- Besuntar com óleo queimado todas as peças não
modo, que os valores de deslocação variam, consoante
- Verificar se os bicos se encontram em boas pintadas;
as circunstâncias, entre os 5 e os 8 Km/hora.
condições, invertendo-os ou substituindo-os, se
- Guardá-lo sob coberto e em cima de uma superfície
Em relação à manutenção, os escarificadores necessário;
dura e seca, onde os bicos não se enterrem.
exigem-na antes, durante e após a campanha.
- De 50 em 50 horas reapertar todas as porcas e
Antes: parafusos, incluindo os de fixação dos casquilhos
e dos bicos.
- Verificar o aperto de todas as porcas e parafusos e
reapertá-los, se necessário; Após:

- Lubrificar, nos escarificadores de molas, os casquilhos - Fazer uma revisão geral sobre o estado de desgaste
das articulações dos braços. das peças e substituí-las, se necessário;
NOTA TÉCNICA Nº 30
78 SUBSOLADORES

Subsolador (Fig 30.1) é uma alfaia destinada a São máquinas montadas ou semi-montadas e os
mobilizar o terreno no subsolo, mas sem o revirar órgãos activos são os bicos e as réguas de
Quadro
nem alterar as posições das diversas camadas. protecção ou canelas, as quais se encontram à
É vulgarmente conhecido por ripper. frente dos teirós, a fim de os proteger do desgaste
e cortar as raízes das plantas.
Os principais objectivos do subsolador são os
seguintes: Na parte posterior do teiró pode-se montar, a fim de
Régua de
protecção formar uma galeria que facilita a drenagem de
Teiró - Disponibilizar às raízes das plantas uma maior terrenos fortes, uma peça denominada dispositivo
Bico quantidade de terra mobilizada; toupeira (Fig 30.2), também conhecida por obus de
drenagem.
- Facilitar a infiltração da água e aumentar a sua
Fig 30. 1 capacidade de armazenamento; Os teirós dos subsoladores podem ter os formatos
que se vêm na figura 30.3, A, B e C.
- Melhorar o arejamento do solo.

Dispositivo toupeira
Curvo Inclinado Recto

A B C

Fig 30. 2 Fig 30. 3


NOTA TÉCNICA Nº 30

SUBSOLADORES 79

A forma influi imenso na resistência do terreno.


Ligação à tdf
do tractor Assim, os teirós A e B oferecem, devido à sua forma
inclinada, cerca de 25 % menos de esforço de tracção
do que o C.

Subsolador vibratório (Fig 30.4) – é um subsolador


mais moderno em que os bicos estão animados de
Régua de um movimento vibratório transmitido através da tdf
protecção do tractor, mediante umas massas excêntricas ou
Teiró
um mecanismo de biela-manivela. Com este sistema
consegue-se diminuir a força de tracção e fragmentar
Bico
melhor a terra.
Fig 30. 4
NOTA TÉCNICA Nº 31
80 ROLOS - GENERALIDADES E TIPOS

Rolos são alfaias com elementos cilíndricos que puxo e órgãos activos que são os elementos, os
rodam livremente num eixo horizontal, o qual está quais têm várias formas conforme o tipo de rolo.
disposto transversalmente em relação à direcção da Puxo
marcha. Distinguimos os seguintes tipos:
Quadro
Têm como missão destruir torrões, uniformizar a Rolo liso (Fig 31.1) – é constituído por um ou mais
superfície do solo para a sementeira e nivelar a parte elementos de superfície lisa e faz uma boa
superior do terreno a fim de regular a humidade do compressão da terra, portanto, é essencialmente
mesmo. Elementos compressor. Serve, entre outras coisas, para calcar
Eixo
a terra antes da sementeira de sementes miudas e
Também ajudam a germinação das sementes e o para rolar culturas já nascidas, aconchegando a
desenvolvimento das plantas jovens visto que, ao terra às raízes sem molestar as plantas.
comprimirem a terra, reduzem as cavidades do solo, Fig 31. 1
o que permite um contacto mais íntimo semente-terra É quase sempre rebocado e o seu peso médio varia,
ou raíz-terra. Eixo
normalmente, entre 200 e 350 kg por metro de largura
Puxo
de trabalho. Tem o inconveniente de, em épocas
Os rolos mais vulgarmente utilizados têm um diâmetro secas ou após geadas, provocar a formação de uma
de cerca de 40 a 60 cm, uma largura aproximada de crosta na superfície do terreno, o que dificulta o
2 metros e um peso na ordem dos 600 a 800 kg. nascimento das plantas.
Elementos
Necessitam de uma potência na ordem dos 2,2 a maiores
2,9 kW (3 a 4 cv) por metro de largura. Os mais Rolo “croskill” (Fig 31.2) – é constituído por vários
Elementos
pesados são rebocados e os mais ligeiros podem menores elementos dentados que giram num eixo. Os
ser suspensos. A velocidade de deslocação, em elementos são desiguais e colocados alternadamente:
trabalho, é de 5 a 7 km/hora, conforme o peso do um maior, um menor e assim sucessivamente. Além
rolo, o tipo de terreno e o seu estado. disso o diâmetro do furo central dos elementos
Elemento
maior maiores é superior ao diâmetro do eixo onde giram
Como as suas principais funções são comprimir o que, com o andamento, lhes permite tomarem
e destorroar, uns são compressores, outros posições descentradas em relação aos elementos
destorroadores e outros compressores- Elemento menor menores do mesmo conjunto. Tal particularidade
destorroadores ou mistos. Qualquer deles é confere-lhe um grande poder destorroador, que
Fig 31. 2
constituído por uma armação ou chassis, barra de aumenta com a velocidade evitando, ao mesmo
NOTA TÉCNICA Nº 31

ROLOS - GENERALIDADES E TIPOS 81

tempo, a aderência da terra aos elementos, mesmo Pode ter dois corpos (Fig 31.3) ou um (Fig 31.4) e
em solos argilosos e húmidos e faz com que ser rebocado ou suspenso. Quando tem dois corpos
Armação
quaisquer corpos estranhos, tais como paus ou estes estão deslocados lateralmente um em relação
pedras, por exemplo, que entre os elementos se ao outro, pelo que as arestas dos elementos do
possam meter, sejam projectados para fora. corpo traseiro coincidem com o intervalo entre duas
arestas do corpo dianteiro, o que lhe dá uma maior
Este rolo só se pode usar antes da sementeira; caso eficácia no destorroamento.
contrário desenterraria as sementes ou as plantas já
nascidas. Elementos Eixo Rolo canelado – também designado por rolo
ondulado, tem uma concepção semelhante à do rolo
É quase exclusivamente rebocado e o seu peso traçador, mas os elementos apresentam a superfície
pode atingir os 500 kg por metro de largura de ondulada, tal como se pode ver na figura 31.5.
trabalho.
Elemento
Há semeadores para sementes miúdas que têm rolos
Rolo traçador – também designado por rolo semelhantes a este para o aconchegamento do solo
“cultipacker” e rolo cuneiforme duplo, é às referidas sementes.
Fig 31. 4

constituído por vários elementos, todos iguais e em


Quadro
forma de cunha, os quais rodam num eixo comum;
Puxo
parte os torrões que encontra pela frente e calca
simultaneamente o solo; é, portanto, compressor-
destorroador ou misto.

É dos mais vulgares na nossa agricultura, podendo-se


Elementos Eixos
utilizar antes e/ou depois da sementeira; deixa a
terra com uns finos sulcos que evitam a formação
de uma crosta dura após, por exemplo, uma geada
ou forte chuvada.
Fig 31. 3 Fig 31. 5
NOTA TÉCNICA Nº 31

82 ROLOS - GENERALIDADES E TIPOS

Em cunha Dentado

Fig 31. 6 Fig 31. 7 Fig 31. 8

Rolo “Cambridge” (Fig 31.6) – é constituído por de saliências em forma de cunha; além disso possui
dois tipos de elementos, dispostos alternadamente, também, de um lado e do outro, coroas dentadas.
uns em forma de cunha e outros dentados; estes
últimos são de diâmetro maior que os outros. É essencialmente destorroador.

Os elementos rodam todos independentemente uns Rolo anelado (Fig 31.8) – também designado por
dos outros e com diferente número de rotações, de rolo esqueleto, é constituído por elementos metálicos
tal forma que há, constantemente, um movimento estreitos e de grande diâmetro, que servem para
relativo entre os distintos elementos do rolo, tal como compactar em profundidade, podendo trabalhar
acontece no “croskill” e com a mesma finalidade. enterrados até quase ao eixo.
Só pode ser utilizado antes da sementeira, pois é
essencialmente destorroador. O peso é de, aproximadamente, 300 kg por metro de
largura de trabalho. São bons para terrenos arenosos.
Rolo “cambridge-croskill” (Fig 31.7) – é constituído
por discos que têm a periferia com um grande número
NOTA TÉCNICA Nº 31.1
REGULAÇÕES E MANUTENÇÃO DOS ROLOS 83

Tratando-se de rolos suspensos há que executar, Após:


após o engate, as regulações transversal, lateral
e longitudinal, comuns às outras alfaias. - Lavar com água sob pressão;

A manutenção deverá ser executada antes, durante - Ajustar folgas;


e após o trabalho.
- Verificar o estado dos elementos e substituir os
Antes: danificados;

- Verificar o aperto de todas as porcas e parafusos - Retocar a pintura nos pontos onde tenha sido
e reapertá-los, se necessário; danificada;

- Lubrificar todos os copos de lubrificação. - Lubrificar todos os pontos;

Durante: - Besuntar com óleo queimado todas as partes não


pintadas;
- Em alfaias novas reapertar todas as porcas
e parafusos no final do dia de trabalho; - Guardá-lo sob coberto e em cima de uma
superfície dura e seca.
- Repetir, de 8 em 8 horas de funcionamento, as
verificações e lubrificações recomendadas;

- Vigiar o estado dos elementos.


NOTA TÉCNICA Nº 32
84 ENXADA MECÂNICA

A enxada mecânica (Fig 32.1), também designada


por cavadeira, é uma alfaia de mobilização do solo, Cursor de
suspensa dos três pontos do hidráulico do tractor regulação

e realiza um serviço semelhante ao das enxadas


manuais.

Os elementos de trabalho ou peças activas são


lâminas ou enxadas, em número variável consoante
a marca e/ou modelo, animadas de movimento
alternativo e colocadas nas extremidades de uns
braços, os quais são accionados por um eixo Patim

horizontal em forma de cambota, disposto


perpendicularmente à direcção do avanço Fig 32. 2
e accionado pela tdf do tractor.
num cursor de regulação, se podem subir ou descer
A profundidade de trabalho, que pode ir até 20 a 25 conforme se deseje, respectivamente, trabalhar mais
cm, é regulada por patins laterais (Fig 32.2) que, fundo ou menos fundo.

A largura de trabalho varia de 1 a 2 metros e a


velocidade de deslocação vai de 1 a 1,5 km/h.
Braço
A potência necessária anda à volta de 15 a 20 kW
(20.4 a 27.2 cv) por metro de largura de trabalho.

Realiza um serviço aceitável em vinhas, pomares e


hortas, assemelhando-se ao trabalho de uma cava
realizada com enxada.
Lâminas
Quanto a manutenção ela é semelhante à das fresas
(Ver Nota Técnica Nº 33.3).

Fig 32. 1
NOTA TÉCNICA Nº 33
FRESAS - GENERALIDADES, VANTAGENS E INCONVENIENTES 85

Mobiliza a terra através de facas, de diferentes A potência necessária varia, consoante as condições
configurações, as quais estão montadas em falanges referidas para a velocidade, de 12 a 20 kW/metro de
Veio telescópico equidistantes que giram por intermédio de um veio, largura de trabalho (16 a 27 cv), para as fresas
de cardan Cabeçote
Cabeçote
denominado rotor, o qual se dispõe transversalmente ligeiras e pesadas.
“Capot”
e é accionado pela tdf do tractor por intermédio de
Caixa do
par cónico Rotor um veio telescópico de cardans. As facas, que são as peças activas, podem ter
diversas formas consoante a sua aplicação e o tipo
A velocidade de deslocação da fresa varia de 1 a 4 de solo, sendo as principais as seguintes (Fig 33.2):
Corrente de km/h, consoante o estado do terreno, a largura do
transmissão Avental golpe das facas, seu número por falange e estado, A – Em forma de I – utilizada principalmente como
Falange
peso da fresa e avental descido ou levantado. regenerador de prados;
Corrente de
Faca afinação A largura de trabalho varia, normalmente, de 0,90 a B – Em forma de L – boa para destorroamento e
Patim de regulação do avental
da profundidade 2,80 metros, sendo as larguras mais usadas de 1,40 pulverização do solo;
a 1,80 metros.

Fig 33. 1

A fresa (Fig 33.1), também designada por cultivador


rotativo e enxada rotativa, apareceu por volta de
1930 mas, por falta de experiência no seu
manuseamento e de potência dos tractores, foi posta
de lado. Um pouco mais tarde reapareceu ligada a
motocultivadores e só depois se generalizou o seu
uso.
A B C D E F G H

Está actualmente muito difundida, porque permite


uma grande gama de serviços para além de substituir
e/ou complementar outras alfaias. Fig 33. 2
NOTA TÉCNICA Nº 33

86 FRESAS - GENERALIDADES, VANTAGENS E INCONVENIENTES

C – Em forma de T invertido – boa para siderações arroteamentos, a possibilidade de preparar muito


bem como enterramento de restos de culturas e finamente pequenas superfícies dedicadas a culturas
destruição da cobertura vegetal; hortícolas, a criação e manutenção de aceiros em
matas, a destruição e enterramento da capa herbácea
D – Em forma de U – boa em trabalhos de que cobre as terras, etc..
destorroamento e pulverização em terrenos muito
duros e secos; Inconvenientes da fresa

E – Tipo universal – mais curta que a faca comprida O uso contínuo (abuso) ou imponderado da fresa pode
(F), podendo esta ser utilizada em cultivos a maior danificar a estrutura da terra, para além da formação
profundidade; de um forte calo que, como é sabido, dificulta a
penetração das raízes e da água, bem como a vida
F – Tipo universal – mais comprida que a E, Fig 33. 3 microbiana abaixo dele.
utilizando-se para as mesmas circunstâncias;
O preço é elevado e a utilização e manutenção cara
G – Tipo banana ou veloz – concebida para terras devido, principalmente, ao alto preço das facas, que
duras, deixando menos calo; tradicionais. Esta questão não pode conciliar-se de se estragam com bastante frequência nos terrenos
uma maneira definitiva, já que cada operação de pedregosos e gastam-se rapidamente nos siliciosos.
H –“rotocadet” – em forma de concha, concebida preparação do solo é, na realidade, um caso especial
para promover um acondicionamento de terreno cuja solução varia grandemente segundo a natureza Também contribuem para um maior desgaste do
muito grosso, em solos onde a erosão é problema. do mesmo e as condições meteorológicas. No entanto, tractor face ao esforço demasiado do veio da tdf e
pode afirmar-se que a fresa permite efectuar um transmissão.
Há fresas em que o rotor é dentado (Fig 33.3). Estão
afofamento bastante perfeito do solo, portanto, uma
previstas para trabalhos de picar ou destorroar sendo,
boa cama para a sementeira, deixando a terra armada
portanto, consideradas como um aperfeiçoamento
ou não e isto, por vezes, com uma só passagem o
das grades.
que, frequentemente, dá ao agricultor a possibilidade
Vantagens da fresa de recuperar tempo que tenha perdido por causas
alheias à sua vontade. Por outro lado, existem alguns
Podemos perguntar se é preferível uma preparação trabalhos que não têm equivalência nos que realizam
do solo com estas máquinas ou utilizando os meios as alfaias clássicas como por exemplo alguns
NOTA TÉCNICA Nº 33.1
TIPO DE FRESAS E SUA CONSTITUIÇÃO 87

Falange
Rotor

Facas

Fig 33.1. 1 Fig 33.1. 2 Fig 33.1. 4

As fresas podem ser: A largura de trabalho da fresa deve exceder a do Fresa descentrada (Fig 33.1.2) – também designada
rodado traseiro do tractor, para que o terreno já por fresa “offset”, não só permite a aproximação a
Montadas ou suspensas – quando estão ligadas ao fresado não seja calcado pela roda do mesmo (tractor). culturas de grande “desenvolvimento” como pode
hidráulico do tractor através do sistema de 3 pontos executar trabalhos debaixo de arvoredo.
(Fig 33.1.1);
Este tipo de fresa permite cobrir sempre o rasto do
Semi-montadas ou semi-suspensas – quando tractor de um dos lados.
estão ligadas apenas a dois pontos do hidráulico do
tractor e são arrastadas pelo solo sem possibilidade Multifresa (Fig 33.1.3) – também designada por
de serem levantadas pelo sistema hidráulico. fresa de vários elementos, é um modelo especial
destinado a trabalhar nas entrelinhas das culturas;
Há ainda: os elementos podem-se aproximar ou afastar uns
dos outros, consoante as necessidades culturais,
Fresa axial (Fig – 33.1.1) – também designada por deixando ou não o terreno armado em camalhões.
fresa simétrica, fica centrada com o eixo longitudinal
do tractor. Seja qual for a fresa, as facas estão implantadas nas
Fig 33.1. 3 falanges, cada uma das quais pode conter 2, 3, 4
NOTA TÉCNICA Nº 33.1

88 TIPO DE FRESAS E SUA CONSTITUIÇÃO

Alavanca

Fig 33.1. 5 Fig 33.1. 6 Fig 33.1. 8

ou 6 facas. Ao conjunto formado por uma falange e número de dentes. Coloca-se, por exemplo, o carreto de r.p.m.; invertendo os carretos as rotações serão
pelas facas a ela fixadas dá-se o nome de estrela 1 (verde) do lado direito da caixa e o 2 (azul) do lado outras. Se em seguida retirarmos estes carretos e no
de facas (Fig 33.1.4). A figura 33.1.5 mostra uma esquerdo; isto dará ao rotor um determinado número seu lugar colocarmos o 3 (amarelo) e o 4 (vermelho),
estrela de facas desmontada. nova rotação obteremos; se depois lhe invertermos
a posição outra rotação se terá. Portanto podemos,
O rotor pode ter apenas uma velocidade ou várias: 3 Caixa de carretos
neste caso, obter 4 r.p.m. diferentes, com dois pares
ou 4 conforme se trate, respectivamente, do tipo de carretos.
caixa de velocidades (Fig 33.1.6) ou caixa de 1
3
carretos intermutáveis (Fig 33.1.7). Estes sistemas A transmissão do movimento para o rotor pode
equipam as fresas vulgarmente conhecidas por ser feita por carretos (Fig 33.1.8) ou por corrente
desmultiplicadoras. (Figs 33.1 e 33.1.9).

Na caixa de velocidades engrena-se a alavanca na Qualquer dos sistemas encontra-se encerrado numa
velocidade 1, 2 ou 3 e a cada uma corresponde uma 2
caixa estanque com óleo adequado.
determinada velocidade do rotor em r.p.m.; na caixa 4
de carretos intermutáveis há 4 carretos, cada um
Fig 33.1. 7
com sua cor e a que corresponde um determinado
NOTA TÉCNICA Nº 33.1

TIPO DE FRESAS E SUA CONSTITUIÇÃO 89

Dentro do mesmo sistema há casos em que o falange, estão implantadas facas com dois
esticador é interior e actua automaticamente. comprimentos diferentes; a revolução das facas
mais curtas efectua-se ao lado das mais compridas,
Fresa de dois corpos (Fig 33.1.10) – trata-se de um o que evita a compactação, portanto, o solo fica
Esticador
modelo de dois eixos com facas, accionado sempre com interstícios entre as suas inúmeras
directamente do solo pelo primeiro eixo, o qual faz partículas.
girar o segundo.
Atrás pode levar um rolo adequado e um dispositivo
Permite a realização satisfatória de trabalhos com hidráulico para a montagem de um semeador.
velocidades que podem ir até cerca de 12 km/h.

A fim de executar uma melhor preparação do solo


Fig 33.1. 9 para a sementeira pode-se-lhe acoplar, atrás, um
rolo destorroador.
O sistema de corrente tem um esticador (Fig 33.1.9)
que lhe regula a tensão, cujo valor e forma de o Posteriormente apareceu uma fresa com facas de
executar vem expresso no manual de instruções. descompactação (Fig 33.1.11) onde, em cada

Faca Para o
maior Faca semeador
menor

Rolo
“Capot”
destorroador
Sentido da Avental
deslocação
Facas
Rolo

Corrente de ligação
dos eixos

Fig 33.1. 10 Fig 33.1. 11


NOTA TÉCNICA Nº 33.2
90 REGULAÇÕES DAS FRESAS

Uma vez a fresa engatada, as regulações a efectuar


são as seguintes:

1 – Regulação transversal – ver Nota Técnica


Nº 27.1.6;
Cursor

2 – Regulação lateral ou centralização – ver Nota


Técnica Nº 27.1.6;
Cursor de
regulação
3 – Regulação longitudinal – ver Nota Técnica
Nº 27.1.6. Esta regulação é muito importante porque
Roda Patim
vai regular a inclinação do veio telescópico do cardan
da transmissão, o qual nunca deve exceder, com a Fig 33.2. 2 Fig 33.2. 3
fresa a trabalhar, no solo ou no levantamento máximo
do hidráulico do tractor, o ângulo de 30º (Fig 33.2.1).
4 – Regulação da profundidade de trabalho – varia, deslocação do tractor e com a abertura do avental;
normalmente, entre 8 e 25 cm e efectua-se subindo no caso de fresas desmultiplicadoras a simples troca
ou descendo a altura, em relação ao nível do solo, de carretos faz-lhes aumentar ou diminuir as r.p.m.,
da roda reguladora de profundidade (Figs 33.1.1 e o que nos permite uma maior variação do grau de
33.2.2) ou do patim de regulação da profundidade esmiuçamento.
(Figs 33.1, 33.1.2 e 33.2.3), conforme se trate de um
sistema ou de outro. A rotação do rotor controla a dimensão da leiva,
também denominada por talhada, cortada pelas facas;
5 – Regulação do grau de destorroamento – se for baixa dá um corte mais largo, acabamento
também designado por grau de pulverização e grosseiro e necessita de menor potência; se for alta
grau de esmiuçamento, está dependente do número é ao contrário.
30º de
ângulo de rotações do rotor, da velocidade de deslocação do
máximo Em relação à velocidade de deslocação do tractor e
tractor e da abertura do avental, com ou sem pesos.
partindo do princípio que as velocidades do rotor e do
20 a 30 cm
Quando o rotor tem apenas uma velocidade de motor do tractor são constantes, pode-se “jogar” com
Fig 33.2. 1 rotação só se pode “jogar” com a velocidade de a caixa de velocidades do tractor para variar o
NOTA TÉCNICA Nº 33.2

REGULAÇÕES DAS FRESAS 91

Se desejarmos determinar o número de golpes por


metro quadrado de cada faca de uma fresa, podemos
Avental
fazê-lo através da seguinte fórmula:
levantado

Nxn
Avental Nº golpes/m2 = xK em que:
descido V

N = Número de facas por metro de rotor;


Esmiuçamento intenso Esmiuçamento grosseiro
n = Velocidade de rotação do rotor da fresa em r.p.m.;
Fig 33.2. 4 Fig 33.2. 5 V = Velocidade de deslocação do tractor em km/h;
K = 0,06 (constante).

trabalho; velocidade baixa corresponde a maior o esmiuçamento seja grosseiro (Fig 32.2.5), pois a Para sabermos o número de facas por metro temos:
esmiuçamento, o qual se vai tornando mais grosseiro sua missão, para além das razões de segurança do
à medida que a velocidade aumenta. trabalho, é a de pulverizar o solo contra ele
projectado pelas facas. Portanto, com o avental Nt
Velocidade de avanço reduzida + alto regime do rotor totalmente em baixo (Fig 32.2.4) obtém-se uma Nº facas/m = em que:
A
+ avental descido = esmiuçamento intenso; maior pulverização, ao mesmo tempo que se vai
velocidade de avanço rápida + baixo regime do rotor nivelando a área trabalhada. Se em cima dele lhe
+ avental levantado = esmiuçamento grosseiro. forem colocados pesos ainda o esmiuçamento será
Nt = Número total de facas;
maior. A potência exigida nestas condições é maior
Independentemente do exposto e em relação ao A = Largura de trabalho em metros.
do que com ele levantado.
avental (1), basta que ele esteja levantado para que
A montagem das facas de uma fresa tem que ser
feita de forma a que a chamada espiral fique certa,
tal como se pode ver na figura 32.2.6.

(1) Quando a fresa trabalha com o avental levantado ninguém se deve colocar atrás dela, pois há o perigo da projecção de pedras e/ou
outros materiais.
NOTA TÉCNICA Nº 33.2

92 REGULAÇÕES DAS FRESAS

Fig 33.2. 6

Se as facas ficarem mal montadas a fresa corta mal,


dando origem a uma mobilização não uniforme e
provoca golpes sucessivos no par cónico (2),
danificando-o.

(2) Par cónico, também denominado por engrenagens de mudança


de ângulo, é o conjunto de um pinhão de ataque e uma roda de
coroa, que serve para mudar a direcção do movimento vindo da
tdf e, ao mesmo tempo, desmultiplicar a velocidade do rotor.
NOTA TÉCNICA Nº 33.3
MANUTENÇÃO DAS FRESAS 93

Tal como as outras alfaias, a fresa requer uma Após:


manutenção antes, durante e depois da campanha.
- Lavar com água sob pressão;
Antes:
- Verificar o desgaste das facas e substituí-las, se
- Verificar o aperto de todas as porcas e parafusos e necessário;
reapertá-los, se necessário;
- Verificar o estado de funcionamento da transmissão
- Lubrificar os copos das rodas de profundidade ou e repará-la, se for caso disso;
dos patins, se for esse o caso;
- Lubrificar todos os pontos a tal destinados;
- Lubrificar os copos de lubrificação das chumaceiras
de apoio do rotor; - Retocar a pintura nos pontos onde tenha sido
danificada;
- Verificar o nível de óleo de todas as caixas de
transmissão e atestar, se necessário. - Besuntar com óleo queimado todas as partes não
protegidas com tinta;
Durante:
- Guardá-la sob coberto e em cima de uma superfície
- Em alfaias novas ou recondicionadas, reapertar dura e seca, onde as facas não se enterrem.
todas as porcas e parafusos ao fim da primeira hora
de trabalho;

- Repetir, de 8 em 8 horas de funcionamento, as


verificações e lubrificações recomendadas;

- Verificar, semanalmente, o nível de óleo de todas


as caixas;

- Após todas as 100 a 150 horas de funcionamento,


substituir todos os óleos.
NOTA TÉCNICA Nº 34
94 EQUIPAMENTOS DE FERTILIZAÇÃO - GENERALIDADES SOBRE OS FERTILIZANTES E TIPOS DE EQUIPAMENTOS

Os solos agrícolas necessitam de ser beneficiados a


fim de poderem disponibilizar mais nutrientes às
plantas que lhe são colocadas. Se as fertilizações
não se efectuarem as produções diminuem (Fig 34.1) Fertilizantes
Fertilização
e os solos vão-se depauperando; portanto, as
Má Boa Sólidos
beneficiações são indispensáveis a fim de contrariarem
os efeitos nocivos citados. No entanto, devem ser
Adubos
correctas, isto é, os nutrientes administrados na
quantidade necessária e suficiente, no momento
oportuno e com a máquina adequada. Granulado Pó

A manipulação dos fertilizantes, muitos deles Líquidos


corrosivos, deve ser cuidadosa, pelo que o operador
deve utilizar vestuário de protecção adequado
Baixa produção (Fig 34.2) e que consta de boné, luvas, camisa de
Alta produção
Adubos

Boné
Misturas não homogéneas de solidos + líquidos
Colarinho
abotoado
Camisa de Estrumes Chorumes
manga larga

Luvas
Chorume

Calças
grossas Fertilizante

Calçado de
borracha

Fig 34. 1 Fig 34. 2 Fig 34. 3


NOTA TÉCNICA Nº 34

EQUIPAMENTOS DE FERTILIZAÇÃO - GENERALIDADES SOBRE OS FERTILIZANTES E TIPOS DE EQUIPAMENTOS 95

manga larga e colarinho abotoado, calças grossas,


CLASSIFICAÇÃO ASPECTO VOLUME MÉDIO HIGROSCOPICIDADE
calçado de borracha e até, nalguns casos, óculos de Litros/100 kg
protecção.
Amoniacais Sulfato de amónio Cristalino 90 22
Os fertilizantes (Fig 34.3), sob o ponto de vista da Amídicos Cianamida cálcica Pó ou gran. 90 ou 130 Nula
composição, classificam-se em:
Ureia Granulado 145 32

AZOTADOS
a) Minerais, os quais podem ser: Nítricos Nitrato de cálcio Triturado 180 65

Nitrato de sódio Cristalizado 85 30


1 – Sólidos:
Nitrato de potássio Cristalizado 100 4
- Granulados ou em pó;
Nítrico-amoniacais Nitrato de amónio Granulado 80 47
2 – Líquidos:

FOSFATADOS
Superfosfato Pulverulento 100 Débil
- Adubos;
Escórias Pulverulento 50 Débil

3 – Gasosos: Fosfatos naturais Pulverulento 80 Nula


- Adubos guardados a alta pressão sob a forma POTÁSSICOS Cloreto de potássio Cristalizado 100 19
líquida.
Sulfato de potássio Cristalizado 110 4

b) orgânicos - misturas não homogéneas de Bicarbonato de potássio Cristalizado 110 4


produtos sólidos e líquidos – estrumes e chorumes.

Para cada tipo de fertilizante há equipamentos de


fertilização apropriados para a sua distribuição. da distribuição devida ao vento, em virtude do seu Uns possuem uma higroscopicidade muito elevada
menor peso. pelo que tendem a aglomerar-se e enterroar; outros
Fertilizantes sólidos – uma característica importante não têm quase nenhuma. O volume médio vai até
destes fertilizantes é a de possuírem uma grande O quadro anterior elucida sobre as diferenças que os quase ao triplo e o aspecto pode ser pulverulento,
facilidade de dispersão. Os granulados são formados fertilizantes sólidos podem apresentar entre si, o que cristalizado ou granulado.
por grãos de 0,5 a 5 mm, enquanto que os pulverulentos cria problemas difíceis de resolver no que concerne à
têm partículas de 0,001 a 0,1 mm. Quanto menor for sua distribuição, a qual deve ser o mais regular possível Actualmente há um aumento na concentração do
o tamanho das partículas maior é a susceptibilidade para que a eficácia da fertilização fique garantida. produto activo, o que origina uma diminuição das
NOTA TÉCNICA Nº 34

96 EQUIPAMENTOS DE FERTILIZAÇÃO - GENERALIDADES SOBRE OS FERTILIZANTES E TIPOS DE EQUIPAMENTOS

quantidades a utilizar por hectare, mas exige uma as necessidades das plantas, os quais podem ser de
distribuição mais precisa. Além disso e por se tratar dois tipos: de superfície e de profundidade.
de produtos geralmente bastante corrosivos, os
fertilizantes colocam problemas de resistência dos Fertilizantes líquidos – são os adubos minerais
aparelhos à corrosão, o que exige cuidados na sua líquidos e os chorumes.
concepção mecânica, bem como na sua utilização
e limpeza. O termo chorume aplica-se sempre que se trate de
fracções líquidas escorrentes do estrume e compostas
Qualquer distribuidor de fertilizantes sólidos deve ser principalmente pelas dejecções líquidas dos animais,
de fácil e rápida regulação, sendo classificados em mais ou menos diluídas em água.
três tipos:
Tanto para um caso como para o outro há
1 – Por gravidade, em que a largura da máquina distribuidores especiais. No entanto, os fertilizantes
corresponde, normalmente, à largura de distribuição minerais líquidos têm como vantagens fundamentais
e o fertilizante cai para o solo por acção da a comodidade de utilização e a eficácia da adubação.
gravidade;
Estrumes – são misturas não homogéneas de
2 – Centrífugos, em que a largura de distribuição é produtos sólidos e líquidos. Têm que ser espalhados
superior à da máquina e o fertilizante é projectado ou distribuídos pelo solo e posteriormente enterrados.
para o solo mecânicamente; Tanto para o espalhamento como para a distribuição
há máquinas específicas para o fazer.
3 – Pneumáticos, em que a largura de distribuição
é, aproximadamente, a mesma da rampa de Cada tipo de equipamento de fertilização tem,
distribuição e o fertilizante é arrastado por uma como veremos, a sua composição e funcionamento
corrente de ar, sob pressão, gerada por um específicos.
ventilador centrífugo ao longo da referida rampa, a
qual está provida de deflectores que garantem a
distribuição.

Existem ainda localizadores de fertilizantes sólidos,


a fim de os levar a locais precisos e de acordo com
NOTA TÉCNICA Nº 34.1
DISTRIBUIDORES DE FERTILIZANTES SÓLIDOS - tremonhas e agitadores 97

e enxutos. O agitador deve besuntar-se com óleo


queimado (2), bem como os locais da tremonha sem
tinta, no caso de ser metálica. De seguida guarda-se,
se possível invertida, sobre uma superfície dura
e seca e sob coberto.

Nunca se devem deixar restos de adubo no distribuidor


depois de terminada a fertilização.
Simples Dupla

Fig 34.1. 1 Fig 34.1. 2

Segundo o tipo de distribuidor o reservatório para o por causa do peso, principalmente quando são
fertilizante, denominado tremonha (Fig 34.1.1), pode rebocadas.
ser largo e de secção trapezoidal, troncocónica ou
piramidal. Algumas são duplas e com um tabique Muitos distribuidores têm, no interior da tremonha,
intermédio para os sistemas de distribuição dupla. um agitador (Fig 34.1.2) cuja missão é desfazer
torrões de adubo, bem como evitar a formação de
Podem ser metálicas (1), de preferência inoxidáveis abóbadas ou zonas ocas no interior da massa do
por causa da corrosão, de poliester ou polietileno. fertilizante a fim de facilitar a sua saída e proporcionar
A capacidade é variável; as maiores evitam numerosas uma melhor alimentação dos órgãos de distribuição.
operações de abastecimento que originam grande
quantidade de tempos mortos, mas têm o Sempre que se termine o trabalho de fertilização,
inconveniente de fazerem calcar bastante o terreno, a tremonha e o agitador devem ser bem lavados

(1) Actualmente já quase não se usam, em virtude do seu elevado preço.

(2) Se possível, desmonta-se e guarda-se.


NOTA TÉCNICA Nº 34.1.1
98 DISTRIBUIÇÃO POR GRAVIDADE

Os distribuidores por gravidade, também


denominados distribuidores de tremonha larga, Adufa
são os mais antigos e incluem-se nesta categoria
todos aqueles cuja largura de distribuição corresponde Fertilizante Ejector
praticamente à largura da tremonha, a qual tem a rotativo

forma rectangular e com o lado maior perpendicular


à direcção do avanço.
Ejector
rotativo
Os órgãos de alimentação e distribuição estão, Tremonha
Regulador
portanto, situados longitudinalmente e são accionados Prato
do caudal Prato Regulador
pelas rodas de suporte, proporcionalmente à do caudal
velocidade de deslocação e obrigam o fertilizante
a cair pela parte inferior da tremonha, ou de lado. Fig 34.1.1. 1

Dentro deste grupo existe uma grande diversidade A regulação da quantidade a distribuir é feita por velocidade de rotação dos pratos, que se pode
de tipos embora, actualmente, ainda se use apenas variação da abertura de saída do adubo, denominada modificar por mudança de carretos.
o distribuidor de pratos. Os restantes têm apenas adufa, através de uma alavanca, assim como pela
interesse histórico; de qualquer forma faremos a sua Os pratos também podem ser em forma de estrela,
descrição. como se pode ver na figura 34.1.1.2; geralmente,
Adufa este formato aparece associado aos semeadores
1 – Distribuidor de pratos (Fig 34.1.1.1) – no fundo Tremonha distribuidores de adubo. É um sistema com alguma
da tremonha há um determinado número de pratos, sensibilidade, resistente e de fácil manutenção,
côncavos e giratórios, que transportam o fertilizante sobretudo nos modelos em que a desmontagem dos
para o exterior onde é distribuído por um ejector pratos é fácil.
rotativo, formado por dedos ou palhetas, que gira
Abertura de
a grande velocidade. Um deflector impede que o Alimentação A distribuição dos fertilizantes é prejudicada em
fertilizante volte ao interior da tremonha. terrenos declivosos e irregulares devido às sacudidelas;
Prato em estrela
é o principal inconveniente que se lhe aponta.
Tubo de saída
É um sistema que permite grande homogeneidade
de distribuição na direcção da deslocação. 2 – Distribuidor de fundo móvel (Fig 34.1.1.3) –
Fig 34.1.1. 2
neste sistema o fertilizante é arrastado para fora da
NOTA TÉCNICA Nº 34.1.1

DISTRIBUIÇÃO POR GRAVIDADE 99

para fertilizantes não higroscópicos mas que não


Adufa fluam muito, caso contrário caem com a máquina
Ejector Sem-fim parada. Não há grande regularidade com este sistema.
rotativo
Tremonha 4 – Distribuidor de grelhas (Fig 34.1.1.6) – o fundo do
distribuidor é constituído por duas grelhas perfuradas,
mantendo-se ambas ligeiramente separadas e dispostas
Corrente de forma a que as partes não perfuradas de uma se
Sem-fim situem em frente das perfurações da outra.
Aberturas reguláveis

Fundo móvel Ripas metálicas Entre as grelhas fixas há duas meias grelhas, animadas
de movimento rectilíneo alternado e oposto, que
Fig 34.1.1. 3 Fig 34.1.1. 5 arrastam o fertilizante das aberturas da placa fixa

tremonha através de um fundo móvel constituído O fertilizante sai para o exterior através de uma
por uma série de ripas metálicas longitudinais, adufa regulável e também pode ser impulsionado Tremonha
montadas sobre duas a quatro correntes motrizes. por intermédio de um ejector rotativo semelhante ao
sistema do distribuidor de pratos. Grelha fixa
Meia superior
3 – Distribuidor de parafuso sem-fim (Fig 34.1.1.4) grelha
Tremonha
– este sistema, também denominado de helicóide e
Meia
helicoidal, é o mais perceptível e económico. grelha
Sem-fim Grelha fixa
A distribuição é assegurada por um sem-fim situado inferior
Fundo
perfurado
horizontalmente no fundo da tremonha, o qual obriga Tremonha

o adubo a passar através de um fundo perfurado,


ou de uma série de aberturas reguláveis por adufas Grelhas fixas
(Fig 34.1.1.5). Meia
grelha
A regulação do caudal obtém-se variando a superfície
Fig 34.1.1. 4 das aberturas. É o sistema adequado, principalmente, Fig 34.1.1. 6
NOTA TÉCNICA Nº 34.1.1

100 DISTRIBUIÇÃO POR GRAVIDADE

superior para cima das aberturas da placa fixa velocidade de deslocação da corrente de
inferior e daí para o solo. distribuição.

A regulação do caudal é feita pela alteração da posição Funciona mal com fertilizantes pulverulentos. Tremonha
de fixação de uma das grelhas fixas.
A perfeita manutenção da corrente é difícil de
5 – Distribuidor de correntes (Fig 34.1.1.9) – é conseguir, a não ser que seja de aço inoxidável.
constituído por uma corrente, com elos metálicos
de parafuso sem-fim
grandes e oblíquos, com um dedo saliente que obriga 6 – Distribuidor de rolo (Fig 34.1.1.10) – uma peça com
o fertilizante a sair através de uma abertura. movimento alternativo leva o fertilizante a um rolo
distribuidor colocado no exterior da tremonha. A Tremonha

A regulação obtém-se mediante uma adufa que regulação consegue-se pela abertura da janela de saída
controla a saída do fertilizante, assim como pela e da altura do rolo. Adapta-se bem a todos os tipos
de fertilizantes sólidos, excepto os muito higroscópicos.

de correntes
7 – Distribuidor de tremonha central (Fig 34.1.1.11) –
Tremonha
a largura de distribuição é muito superior à da tremonha. Fig 34.1.1. 11

A distribuição é feita através de barras e o fertilizante


é para elas transportado por um sistema de parafuso
Tremonha sem-fim ou por corrente, tal como se pode ver na
Corrente figura 34.1.1.11.

Tremonha Corrente

Corrente Dedos Rolo


Dedo

Fig 34.1.1. 9 Fig 34.1.1. 10


NOTA TÉCNICA Nº 34.1.2
DISTRIBUIÇÃO CENTRÍFUGA 101

Na distribuição centrífuga a largura de distribuição é


bastante superior à da tremonha, visto a aplicação
Tremonha
se fazer por projecção do fertilizante e não por queda
livre. Palheta Disco
Agitador

Em todas as tremonhas existe um agitador (Ver Nota Chapa protectora


Adufa
Técnica Nº 34.1).
Palheta Veio telescópico
do disco Cilindro de fricção
O accionamento é feito pela tdf do tractor e, consoante de cardans
Disco B
as capacidades da tremonha, podem ser:
Par cónico

- Montados – de 400 a 1000 litros; A


- Semi-montados – de 1001 a 5000 litros; Fig 34.1.2. 2
- Rebocados e automotrizes – mais de 5000 litros.
1 – Distribuidor de um disco (Fig 34.1.2.1) – o A abertura é regulável por intermédio de uma adufa
Classificam-se em dois grupos: de discos (de um órgão de distribuição é um disco horizontal, situado comandada por uma alavanca que gira num cursor
ou dois discos) e de tubo oscilante. na base da tremonha e provido de duas, três, quatro graduado, ou hidraulicamente. Uma chapa protectora
ou seis palhetas ou nervuras, que gira a grande evita que o fertilizante seja projectado em direcção
velocidade (1), projectando o fertilizante por acção ao tractor.
da força centrífuga.
A aplicação tem lugar de forma simétrica ou lateral
Tremonha
O movimento deste disco vem da tdf do tractor e segundo a forma das palhetas do disco, que podem
transmite-se mediante um par cónico contido numa ser rectas ou curvas e o ponto de caída do fertilizante
Agitador
caixa com óleo (Fig 34.1.2.2 – A), por uma correia que, muitas vezes, é regulável. Aproximar o ponto
Nervura ou trapezoidal ou por um cilindro de fricção de caída da periferia do disco equivale a diminuir
palheta do disco
(Fig 34.1.2.2 – B). a projecção para trás, em benefício da lateral
Disco (Fig 34.1.2.3).
O fertilizante sai por uma abertura colocada no fundo
Abertura de saída da tremonha ou lateralmente e cai sobre o centro do
disco (caída central) ou mais para a sua periferia
Fig 34.1.2. 1 (caída excêntrica). (1) 400 a 600 r.p.m.
NOTA TÉCNICA Nº 34.1.2

102 DISTRIBUIÇÃO CENTRÍFUGA

Velocidade
devida à força Tremonha
centrífuga
Velocidade
periférica A
Palheta
1/3 de volta Disco
Disco

Chapa
protectora

Palheta Disco

Palhetas rectas Palhetas curvas B

Ponto de caída central Ponto de caída excêntrico


Intersecção axial com recobertura

Fig 34.1.2. 4

As palhetas rectas imprimem maior velocidade às


partículas do fertilizante, ao contrário das curvas, o
que influi na distância de projecção das mesmas.
Normalmente, a posição das palhetas é regulável (2).

2 – Distribuidor de dois discos (Fig 34.1.2.4 - A) –


é em tudo semelhante ao de um disco diferindo
apenas porque possui dois discos em vez de um,

(2) Quando se distribuem fertilizantes em pó é conveniente adaptar


ao distribuidor um aparelho de humidificação que incorpora no
fertilizante cerca de 10 % de água, a fim de evitar nuvens de pó de
Fig 34.1.2. 3
fertilizante.
NOTA TÉCNICA Nº 34.1.2

DISTRIBUIÇÃO CENTRÍFUGA 103

os quais giram em sentido contrário um do outro.


Agitador
A figura 34.1.2.4 – B mostra o diagrama de distribuição Tubo
oscilante
desta máquina. Tremonha

Há relativamente pouco tempo apareceu um Tubo


distribuidor de dois discos com caudal proporcional oscilante
(Fig 34.1.2.5). Trata-se de uma máquina equipada A
com uma roda metálica, de garras transversais para
maior aderência, a qual faz mover duas esteiras Anel de
dispersão
situadas debaixo da tremonha, de onde vão retirando Quadro
o fertilizante que descarregam nos discos.

Este sistema permite manter a quantidade Fig 34.1.2. 6


pré-determinada de fertilizante mesmo que o tractor Tubo
patine ou, por qualquer motivo, seja obrigado a B oscilante

alterar a velocidade de deslocação, visto que o - mais velocidade mais fertilizante e vice-versa,
andamento das esteiras é proporcional ao da roda: portanto, é sempre constante a quantidade por Fig 34.1.2. 7
hectare.

A regulação deste distribuidor, tal como a dos fertilizante é projectado por um tubo cónico animado
distribuidores por gravidade, consegue-se fazendo de movimento de vaivém, daí a designação de
girar a roda um determinado número de voltas, oscilante e pendular.
recolhendo e pesando o fertilizante transportado
pelas esteiras. Pelo perímetro da roda ficamos a saber O tubo faz, aproximadamente, 400 oscilações por
Esteiras o espaço percorrido. Como temos a largura fertilizada minuto, segundo um arco de 90 a 120º. Na ponta é
Disco ficamos a saber a quantidade de fertilizante distribuído frequente haver um anel de dispersão que ajuda a
naquela área. A partir daqui e com uma simples fazer uma distribuição mais uniforme.
Roda
regra de três temos os quilogramas por hectare.
Pode-se alterar a largura de trabalho variando o
3 – Distribuidor de tubo oscilante (Fig 34.1.2.6) – ângulo do arco ou substituindo o tubo por outro
Fig 34.1.2. 5 também designado por distribuidor pendular, o com comprimento diferente.
NOTA TÉCNICA Nº 34.1.2

104 DISTRIBUIÇÃO CENTRÍFUGA

A figura 34.1.2.7 – A e B mostra, respectivamente, O ensaio é feito da seguinte forma: - engata-se o


o esquema do princípio de funcionamento deste distribuidor a um tractor e deita-se adubo na tremonha.
distribuidor, bem como o diagrama de distribuição. Coloca-se a patilha de fixação da adufa num
determinado número e imobiliza-se. Põe-se a tdf do
Regulação da distribuição. tractor a 540 r.p.m., abre-se a adufa até à patilha de
fixação e recolhe-se, durante um minuto, o fertilizante
Nos distribuidores centrífugos, a quantidade de saído num oleado ou saco conforme se trate,
fertilizante a distribuir por hectare depende da respectivamente, de distribuidor de disco (s) ou tubo
abertura regulável da saída, da largura de trabalho e oscilante. Pesa-se o fertilizante. Obtém-se assim o
da velocidade de deslocação do tractor. Pode valor Q (3).
determinar-se facilmente através da fórmula:
Face ao terreno onde a distribuição for feita
escolher-se-á, de acordo com o tractor a utilizar, a
Q x 600 velocidade desejada. Obtém-se assim o valor V.
Kg/ha = em que:
VxL O valor de L atinge-se diminuindo a largura de
distribuição ou largura máxima, isto é, a largura
Fig 34.1.2. 8
total que o distribuidor alcança, pela sua quarta
L – Largura de distribuição.
Q – Débito do distribuidor em quilogramas por minuto; parte (4) que é, de uma maneira geral, a sobreposição
Lt – Largura de trabalho.
a fazer em cada passagem. É esta a largura de
S – Sobreposição.
V – Velocidade de deslocação do tractor em quilómetros trabalho ou largura útil. Exemplo:- se o distribuidor
por hora. alcança 16 metros, a largura de trabalho será de:
16 : 4 = 4; 16 – 4 = 12 metros.
L – Largura de trabalho em metros; Conforme o resultado do ensaio faz-se, se necessário,
A partir daqui existem todos os dados para aplicar a novo ensaio com uma abertura maior ou menor e
600 – Constante. fórmula. assim sucessivamente até uma aproximação ao
valor desejado. São aceitáveis diferenças de 5 a 7 %
para mais ou para menos.
(3) Em vez de um minuto pode-se recolher durante 15 ou 30 segundos e multiplica-se o peso obtido por 4 ou por 2, respectivamente.

(4) Apenas um ensaio com tabuleiros próprios para o efeito informa qual a sobreposição exacta a fazer; dado que, normalmente, não se
O diagrama da figura 34.1.2.8 exemplifica uma
dispõe de tal material trabalha-se com a sobreposição de 25 % que é o valor mais próximo e mais vezes atingido nos referidos ensaios. sobreposição.
NOTA TÉCNICA Nº 34.1.2

DISTRIBUIÇÃO CENTRÍFUGA 105

Vantagens e inconvenientes dos distribuidores A conservação destes distribuidores é primordial


centrífugos. para deles se tirar o máximo proveito e mantê-los o
máximo tempo possível operacionais. Além da
Vantagens: adequada lubrificação de todos os copos a tal
destinados e pontos de fricção, deve haver uma
1 – Boa largura de trabalho, o que melhora a rapidez esmerada limpeza a fim de se evitar, em grande
de execução ao reduzir o número de passagens; parte, a corrosão durante os períodos de inactividade.
Como tal, no fim da campanha deve-se desmontar o
2 – Concepção mecânica simples e de fácil limpeza;
agitador, besuntá-lo com óleo queimado e guardá-lo.
Lavar bem todo o distribuidor, secá-lo, lubrificá-lo,
3 – Preço relativamente baixo.
besuntar com óleo queimado todas as partes sem
tinta e guardá-lo sob coberto, em superfície dura e
Inconvenientes:
seca e, de preferência e se possível, com a boca da
1 – Os grânulos mais grossos do fertilizante são tremonha virada para baixo.
atirados para mais longe o que, em mistura de
produtos, dá origem a uma distribuição irregular;

2 – Os ensaios de regulação são mais morosos e


incómodos.

Q x 600 L x V x Kg Q x 600 Q x 600 Kg x V x L


Kg = Q= L= V= 600 =
VxL 600 V x Kg L x Kg Q
NOTA TÉCNICA Nº 34.1.3
106 DISTRIBUIÇÃO PNEUMÁTICA

É conveniente fazer um ensaio para determinar a


quantidade de fertilizante a distribuir por hectare.
Cabeça de
distribuição
Ventilador Para isso trabalha-se com a mesma fórmula dos
Tubos
Deflector distribuidores centrífugos (Ver Nota Técnica nº 34.1.2).
Cone de Barra ou Tremonha
distribuição rampa Têm a vantagem de repartir melhor o fertilizante,
mantendo uma perfeita uniformidade mesmo em
doses muito pequenas.
A
Cabeça de Como inconveniente têm o preço que é elevado.
distribuição
Tremonha
Tubo Ventilador
Dosificador
A manutenção é sensivelmente a mesma da dos
rotativo outros distribuidores.

Deflector B

Fig 34.1.3. 1

Os distribuidores pneumáticos (Fig 34.1.3.1)


produzem uma corrente de ar gerada por um ventilador
centrífugo que arrasta o fertilizante, devidamente
doseado por um dosificador rotativo, através de
tubos condutores fixos a uma barra ou rampa.

A mistura ar + fertilizante é repartida por canalizações,


separadas numa cabeça de distribuição, em cujas
extremidades se faz a distribuição final por intermédio
de deflectores.

Há modelos suspensos e rebocados, conforme a


capacidade da tremonha.
NOTA TÉCNICA Nº 34.1.4
LOCALIZADORES 107

A fertilização localizada consiste na deposição do


fertilizante num determinado local, próximo da planta
ou da semente a fim de que não haja desperdícios.
Redunda em economia de fertilizante e melhoria de
produção, portanto, em maior rendimento.

Segundo o nível da localização, os localizadores de


fertilizantes podem fazê-lo à superfície ou em
profundidade.

Localizador de adubo à superfície – utiliza-se


principalmente em culturas já nascidas e de entrelinhas
largas como, por exemplo, milho, tomate e outras. Fig 34.1.4. 2 Fig 34.1.4. 3

A máquina é accionada pela tdf do tractor ou por A figura 34.1.4.1 mostra um localizador com Quando estão combinados com semeadores
uma roda motriz e o fertilizante é conduzido até ao anteparas laterais que orientam o fertilizante até colocam o fertilizante a pouquíssima profundidade e
solo por gravidade. ao local desejado. ao lado das sementes (1).

A figura 34.1.4.2 mostra outro modelo de localizador, Na figura 34.1.4.3 vemos um distribuidor com
Antepara
que é um distribuidor centrífugo ao qual se adaptou tremonha dupla (2) e accionado pela tdf do tractor.
uma peça com várias saídas às quais se ligam O fertilizante é transportado até ao local por um
dente tipo ripper (3), com uma conduta interior, onde
tubos, sujeitos a uma armação. O fertilizante é
chega por gravidade.
conduzido pelos tubos até à proximidade do solo
e nele depositado junto às linhas das plantas.

Localizador de adubo em profundidade – é (1) Alguns autores integram-nos nos localizadores à superfície visto
accionado pela tdf do tractor ou por uma roda motora que, neste caso, a profundidade de enterramento é diminuta.

que marcha sobre o terreno e coloca o fertilizante a


(2) Permitem a distribuição simultânea de dois tipos de fertilizante.
profundidade regulável, em culturas arbóreas e/ou
Fig 34.1.4. 1 arbustivas. (3) Também se podem adaptar a distribuidores centrífugos.
NOTA TÉCNICA Nº 34.1.4

108 LOCALIZADORES

O fertilizante caído é recolhido em sacos nos tubos


de saída, ou num oleado e pesado. A partir daqui e
Roda motriz e/ou
Tremonha reguladora de
por cálculo matemático obtém-se a quantidade
profundidade distribuída por hectare. Quando o trabalho é entre
linhas há que contar com o compasso entre elas.

Fundo móvel 2 – Por gravidade – recolhe-se a quantidade de


fertilizante caído durante um minuto e entra-se em
conta com a velocidade de deslocação do tractor,
a fim de se determinar a distância percorrida num
Conduta interior
minuto. A partir daqui e segundo a distância entre
linhas, procede-se ao cálculo matemático e obtém-se
Fig 34.1.4. 4 a quantidade distribuída por hectare.

Os cuidados de manutenção dos localizadores não


Na figura 34.1.4.4 temos um distribuidor com fundo diferem muito dos distribuidores, ou seja uma boa
móvel que também transporta o fertilizante a um lubrificação de todas as articulações e copos a tal
ferro tipo ripper com conduta interior, mas tem uma destinados, bem como uma perfeita lavagem após
roda motriz e reguladora de profundidade (4). o trabalho; partes sem tinta devem ser besuntadas
com óleo queimado. Devem ser guardados sob
Regulação da distribuição coberto e em superfície dura e seca.

A quantidade de fertilizante a distribuir por hectare


determina-se, de forma diferente, conforme os casos.

1 – Accionados por roda motriz – eleva-se a


máquina, mede-se o perímetro da roda e dá-se com
ela um determinado número de voltas; multiplicando
este número (de voltas da roda) pelo seu perímetro
temos o comprimento percorrido o qual, multiplicado (4) Outros modelos existem mas os sistemas de funcionamento são
pela largura de distribuição, dá-nos a área fertilizada. os mesmos.
NOTA TÉCNICA Nº 34.2
DISTRIBUIDORES DE FERTILIZANTES LÍQUIDOS - FORMAS DE APLICAÇÃO 109

Os fertilizantes líquidos podem ser aplicados por 2 – Na sementeira (Fig 34.2.3).


pulverização à superfície, por enterramento superficial
e por enterramento profundo. Em qualquer dos casos – Por pulverização com enterramento a uma
Enterramento localizado e
a aplicação pode ser contínua em toda a superfície, distância aproximada de 5 a 10 centímetros da linha
preparação do solo
ou localizada. em simultâneo de sementeira e a uma profundidade um pouco
maior para que nunca haja contacto directo do
1 – Sobre solo nu. fertilizante com a semente.

1.1 – Por pulverização à superfície antes da 3 – No período vegetativo


preparação do solo e com enterramento superficial
(Fig 34.2.1 - A e B, respectivamente). 3.1 – Por pulverização contínua (Fig 34.2.4) em
toda a superfície, em gotas grossas e com doses e
1.2 – Por enterramento profundo em simultâneo Fig 34.2. 2 concentrações reduzidas a fim de evitar queimaduras.
com a preparação do solo (Fig 34.2.2).

Alimentação
foliar

Relha de
Relha de fertilização
sementeira

Semente
3 cm
Pulverização Enterramento
à superfície superficial
5 a 10 cm
A B Alimentação radicular

Fig 34.2. 1 Fig 34.2. 3 Fig 34.2. 4


NOTA TÉCNICA Nº 34.2

110 DISTRIBUIDORES DE FERTILIZANTES LÍQUIDOS - FORMAS DE APLICAÇÃO

Uma vez despejados, todos os recipientes que tenham


À superfície contido fertilizantes líquidos devem ser muito bem
lavados com água limpa e soluções de produtos de
limpeza, para se evitarem todas as corrosões possíveis
e, de seguida, guardados sob coberto e em chão
duro e seco.

30 a 35 cm
15 a 20 cm

Por enterramento

Fig 34.2. 5 Fig 34.2. 6

3.2 – Por pulverização localizada (Fig 34.2.5) entre aspersão, garante precisão da dosagem do produto
as linhas de plantação e sem atingir as plantas. dissolvido na água e é de manutenção simples.

3.3 – Por enterramento localizado a cerca de 15 a O armazenamento dos fertilizantes líquidos numa
20 centímetros de profundidade (Fig 34.2.5) para exploração agrícola faz-se em depósitos fechados e
plantas anuais, ou aproximadamente 30 a 35 de material não corrosível.
centímetros para vinha e árvores de fruto (Fig 34.2.6).
A trasfega dos fertilizantes faz-se por gravidade ou
4 – Em simultâneo com um tratamento – a por meio de bomba resistente à corrosão e accionada
aplicação, ao mesmo tempo, do fertilizante e do pela tdf do tractor ou por motor independente.
fitofármaco tem grandes vantagens desde que as
partes das plantas ou do solo a atingir sejam O transporte destes fertilizantes faz-se em cisternas
as mesmas e os produtos sejam compatíveis. de material não corrosível e sobre um reboque ou
semi-reboque.
5 – No circuito da rega por aspersão – este sistema
é fácil de executar e, para além das vantagens da
NOTA TÉCNICA Nº 34.2.1
TIPOS DE DISTRIBUIDORES 111

Os fertilizantes líquidos são distribuídos por O dosificador tem como missão regular o fluxo de de um tubo de ventilação e equipado com um agitador
distribuidores de vários tipos, conforme o fertilizante; fertilizante para a sua distribuição uniforme por e um indicador de nível. Tem, saindo do fundo do
no entanto, explicitaremos apenas os que unidade de superfície, a qual se faz por intermédio depósito, uma canalização independente para cada
consideramos como mais significativos e com de dentes de escarificador, aos quais se ligam tubos linha, com uma torneira e um recipiente de decantação
esquemas das suas bases de funcionamento. para depositarem o fertilizante no terreno, atrás dos e termina num doseador, que também pode estar
sulcos abertos pelos referidos dentes. situado à saída do depósito. O débito da aplicação
1 – Distribuidor sob pressão (Fig 34.2.1.1) – pouco regula-se nos doseadores e depende, em simultâneo,
empregue entre nós, é utilizado principalmente para É um distribuidor específico para fertilizante azotado da abertura daqueles e da velocidade de deslocação.
adubo azotado e consta de um “chassis” suportado sob forma gasosa por nitroinjecção. O transporte
por rodas pneumáticas, que inclui uma cuba ou faz-se sob a forma líquida e a aplicação no estado 3 – Mistura na água de rega por aspersão – neste
tanque, dosificador, dentes de escarificador e gasoso. O terreno deve ter uma certa humidade. caso pode-se usar fertilizante sólido ou líquido.
distribuidor.
As diferentes linhas de incorporação do fertilizante 3.1 – Fertilizante sólido – intercala-se um dosificador
O tanque é cilíndrico, em aço inoxidável, com devem ser ajustáveis às linhas das plantas. Os tubos (Fig – 34.2.1.2) na tubagem de impulsão que alimenta
capacidade variável e dispõe de manómetro, válvula de alimentação devem estar o mais próximo possível os aspersores. Uma vez introduzido o fertilizante no
de descarga e retrocesso e indicador de nível. do solo para evitar a congelação, em consequência depósito, enche-se este de água deixando que a
da expansão do amoníaco. No manuseamento do
equipamento devem manter-se as adequadas normas
Válvula de Conduta principal
de segurança a fim de se evitarem problemas graves.
descarga Tampa
Filtro Dosificador
É um equipamento para explorações especializadas
Depósito
Cuba e até com uma certa dimensão, pois é caro e a Fertilizante
Conduta Distribuidor amortização só é possível se a utilização for elevada
Água
e o benefício obtido compensador. Filtro
Bomba
Aspiração Solução
Dente de concentrada
Tubo escarificador 2 – Distribuidor por gravidade – está concebido Água
Solução
para a aplicação de produtos em profundidade. diluída
Válvula de estrangulamento
Normalmente está adaptado a semeadores e consta
essencialmente de um depósito, com capacidade
Fig 34.2.1. 1 Fig 34.2.1. 2
variável, mantido à pressão atmosférica por intermédio
NOTA TÉCNICA Nº 34.2.1

112 TIPOS DE DISTRIBUIDORES

dissolução se realize normalmente. Em seguida Qualquer aumento de pressão na bolsa do fertilizante


a solução segue para a corrente contínua da água Orifício calibrado introdu-lo na canalização. Os débitos variam conforme
que vai para os aspersores. o calibre do orifício e a pressão da água;

Água sob pressão


3.2 – Fertilizante líquido – neste caso os dosificadores 3.2.3 – Bomba doseadora (Fig 34.2.1.5) – consta de

Fertilizante
podem ser do seguinte tipo: um êmbolo de efeito simples e movimento lento.
Aspira o fertilizante directamente do reservatório,
3.2.1 – Pulverizador pneumático (Fig 34.2.1.3) – com débitos variáveis consoante a regulação da
também designado doseador por aspersão, consta Saída da posição de um excêntrico.
Torneiras mistura
de um tubo munido de orifício calibrado, ligando o
recipiente do fertilizante ao tubo de fluxo de ar do 4 – Distribuidor de chorume (Fig 34.2.1.6) –
Válvula
ventilador. A dose regula-se pelo calibre do orifício, também designado por semi-reboque distribuidor
em função das características da bomba; Fig 34.2.1. 4 de chorume, é uma cisterna estanque e de material
inoxidável equipada com uma bomba ou com um
3.2.2 – Perfusor (Fig 34.2.1.4) – também denominado recipiente ligado à canalização da água por meio de compressor accionado pela tdf do tractor, a fim de
doseador por compressão, o fertilizante encontra-se tubo munido de um orifício calibrado. executar o enchimento e esvaziamento do depósito.
numa bolsa, a qual está sob pressão e imersa num

Filtro Aspiração
Êmbolo
Orifício Mangueira
Fertilizante

calibrado de sucção
Saída da
mistura Ligação
Torneira Cisterna à tdf

Válvula de sucção

Pala Bomba ou
Fluxo de ar Excêntrico duplo
distribuidora compressor

Mistura Saída da mistura


Ventilador

Fig 34.2.1. 3 Fig 34.2.1. 5 Fig 34.2.1. 6


NOTA TÉCNICA Nº 34.2.1

TIPOS DE DISTRIBUIDORES 113

Antes do enchimento e por intermédio da mangueira


de sucção, deve fazer-se uma agitação do chorume
Válvula de Tampa
e a distribuição é executada por uma pala segurança
Manovacuómetro
superior e visor de nível
distribuidora. Manípulo Extensão
de abertura do manípulo
Conforme foi dito na Nota Técnica nº 34, chorume de abertura

é a fracção líquida escorrente do estrume composta


Dispersor Sifão
pelas dejecções líquidas dos animais e estrume é em leque Cisterna
Mangueira do travão
uma mistura não homogénea de produtos sólidos hidráulico
e líquidos, onde estão as dejecções sólidas e líquidas
dos animais, bem como palhas, etc.. Portanto, há Bomba
misturas menos fluidas do que o chorume, mas mais
fluidas do que o estrume; é o estrume semi-líquido
que tem o seu distribuidor próprio. Adufa

5 – Distribuidor de estrume semi-líquido –


também designado por semi-reboque distribuidor
de estrume semi-líquido, é vulgarmente conhecido Extensão da mangueira
por reboque cisterna.
Tampa da adufa
Praticamente é um distribuidor de chorume mais
completo e adaptado à menor fluidez do líquido Veio telescópico
de cardans
em questão. A figura 34.2.1.7 mostra um destes
distribuidores com todos os seus acessórios.
Dispersor
A bomba destes distribuidores é, normalmente, de curvo

palhêtas e accionada pela tdf do tractor. Mangueira

A figura 34.2.1.8 mostra-nos uma em corte; tem


a particularidade de, através de um manípulo de
Fig 34.2.1. 7
comando, fazer sucção (vácuo), o que permite
NOTA TÉCNICA Nº 34.2.1

114 TIPOS DE DISTRIBUIDORES

o enchimento e descarga (pressão) para o


esvaziamento, tal como vemos nos cortes da figura.

Manípulo de comando
Apresentamos em seguida as regras para o
enchimento destes distribuidores. Em primeiro lugar
Posição 1 Posição 2 o distribuidor deve estar na posição horizontal, ou
o mais próximo possível dela (Fig 34.2.1.9).
Posição correcta
Vejamos agora qual a profundidade máxima de
captação para o enchimento.

Ponto 1 (Fig 34.2.1.10) – se a altura H corresponder


Posição até um máximo de 6 metros, a cisterna enche
incorrecta
totalmente.

Ponto 2 – se o valor de H for superior, a cisterna


enche só até à altura de 6 metros.
Descarga - pressão Vácuo - sucção

Tubo da
cisterna

Posição H
incorrecta

H = 6 metros
Tubo Válvula de
Válvula
exterior comando
esférica

Fig 34.2.1. 8 Fig 34.2.1. 9 Fig 34.2.1. 10


NOTA TÉCNICA Nº 34.2.1

TIPOS DE DISTRIBUIDORES 115

Ponto 3 (Fig 34.2.1.11) – o comprimento da


mangueira de sucção condiciona o valor de H na
seguinte relação:

H1
L
L
H1 = H -
10
H1 = Altura máxima

em que H são 6 metros, L é o comprimento da


mangueira de sucção, 10 é uma constante e H1 será
o valor da altura máxima de enchimento. Fig 34.2.1. 11

Exemplo:

H = 6 metros
20
L = 20 metros H1 = 6 - =6-2=4
10
H1 = ?

O enchimento só se processará até aos 4 metros.

Os cuidados de manutenção a ter com estes


distribuidores consistem na lubrificação de todos os
copos a tal destinados, numa boa lavagem, exterior
e interior, com água limpa e em abundância, no
reaperto de todas as porcas e parafusos, substituição
de tudo o que estiver danificado e pintura de todas
as partes sem tinta. Em seguida devem ser guardados
sob coberto e em cima de uma superfície dura e seca.
NOTA TÉCNICA Nº 34.3
116 DISTRIBUIDORES DE ESTRUME - TIPOS, CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO

Distribuidores de estrume, também designados


reboques-distribuidores de estrume, são
semi-reboques aos quais se juntaram, no fundo da
caixa, órgãos de alimentação e, na parte traseira, de
esmiuçamento e distribuição. Dentes

Têm como função acelerar, melhorar e facilitar o Facas

trabalho de transporte, colocação e distribuição


conveniente do estrume no local definitivo.

Rotores horizontais com facas Rotores verticais com dentes


A caixa, de preferência em madeira por causa da
corrosão e normalmente com capacidade variável
entre 7 e 15 m3, tem o fundo móvel, o qual é Fig 34.3. 2
constituído por duas ou três correntes dispostas
longitudinalmente e unidas entre si por travessas regulável, arrastando o estrume para os órgãos de do tractor. No primeiro caso o caudal de estrume
(Fig 34.3.1) que se deslocam para trás a velocidade esmiuçamento e distribuição formados por um ou varia com a regulação da velocidade de avanço do
mais tambores distribuidores ou rotores, horizontais fundo móvel (1); no segundo caso o caudal está
ou verticais, que são veios providos de dentes, igualmente em função da velocidade do fundo móvel,
de facas ou de lâminas (Fig 34.3.2) que giram a mas varia também com a velocidade de avanço do
Correntes de accionamento velocidade relativamente elevada. tractor.
do fundo móvel Fundo móvel

Nalguns modelos de distribuidor o fundo móvel só Quando o movimento do fundo móvel é contínuo a
tem travessas em metade do comprimento. A outra regulação da sua velocidade obtém-se mediante um
é lisa, o que permite a utilização da máquina em jogo de carretos intermutáveis que permitem variar a
trabalhos normais de reboque. desmultiplicação, o que se consegue fazendo variar
a posição de um obturador que se interpõe entre o
Rotor horizontal Travessas Os órgãos de distribuição podem ser de parafuso trinco motor e a roda, numa parte maior ou menor
e helicoidal sem-fim ou helicoidais (Fig 34.3.1). do seu curso. As diferentes posições do sector de

Os distribuidores de estrume podem ser movidos


Fig 34.3. 1
pelas próprias rodas quando motrizes, ou pela tdf (1) O fundo móvel pode ser accionado hidraulicamente.
NOTA TÉCNICA Nº 34.3

DISTRIBUIDORES DE ESTRUME - TIPOS, CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO 117

regulação permitem ao trinco tomar, em cada eixo com correntes, de rotores e de corrente fresadora,
movimento de vai e vem, um ou mais dentes do Tabuleiro móvel tal como esquemas da figura 34.3.5.
carreto. O movimento do fundo móvel não volta atrás
mercê de um ou dois trincos de retenção (Fig 34.3.3). Para além destes ainda há outro com um rotor
circular de grande dimensão e provido de garras,
Estr
Os principais tipos de distribuidores de estrume ume colocado no extremo dianteiro da caixa (Fig 34.3.6);
existentes são os seguintes: o estrume é arrastado até ele por um fundo móvel
Sentido da que se desloca de trás para a frente. O estrume, ao
deslocação
1 - Distribuidor de descarga traseira (Fig 34.3.1) – chegar ao rotor é por ele atirado para fora por uma
é o tipo convencional. Há casos em que o fundo abertura lateral do taipal.
móvel é substituído por um taipal dianteiro móvel
que empurra lentamente o estrume para trás 3 - Distribuidor tipo plataforma (Fig 34.3.7) –
(Fig 34.3.4). No caso da figura é basculante. Fig 34.3. 4 também denominado dispositivo distribuidor
aplicável sobre um semi-reboque, é uma
2 - Distribuidor de descarga lateral – é caracterizado plataforma de distribuição amovível e muito utilizada
por possuir um taipal lateral móvel e pode ser de entre nós, pois permite a sua colocação e utilização
Trinco de
retenção

Carreto de
accionamento
do fundo móvel
Rotores
Trinco motor
Obturador

Braço Accionamento
do trinco para o avanço Eixo com correntes

Corrente fresadora

Fig 34.3. 3 Fig 34.3. 5


NOTA TÉCNICA Nº 34.3

118 DISTRIBUIDORES DE ESTRUME - TIPOS, CONSTITUIÇÃO E FUNCIONAMENTO

Rotor Deflector
Garras circular Rotor Condutas do estrume Motor

Dente

Estrume

Braço
Corrente do oscilante
fundo móvel
Fundo móvel Subsolador
Carreto de accionamento
da corrente do fundo móvel

Fig 34.3. 6 Fig 34.3. 8 Fig 34.3. 9

em cima de um semi-reboque normal apenas como qualquer distribuidor normal e um rotor de Todos os elementos são accionados por um motor
quando é necessário distribuir estrume. È constituída distribuição, normalmente horizontal. hidráulico o qual, por sua vez, é accionado pelo
por um fundo móvel com correntes e travessas, tal sistema hidráulico do tractor.
4 - Distribuidor com órgãos de distribuição móveis
(Fig 34.3.8) – é um sistema pouco frequente em que Dois braços oscilantes, que unem o eixo da roda
o estrume está imóvel na caixa do semi-reboque de transporte à caixa do semi-reboque, permitem,
e a distribuição é feita por meio do deslocamento hidráulicamente, levantar ou baixar o conjunto
longitudinal, de trás para a frente, dos órgãos de caixa-subsolador; eleva-se para o transporte e
distribuição que constam de um rotor com dentes baixa-se, até à profundidade desejada, para que
e de um deflector que orienta a saída do estrume. o subsolador penetre no solo.

5 - Distribuidor com localizador (Fig 34.3.9) – é um


semi-reboque com fundo móvel que arrasta o estrume
para a parte posterior, onde um rotor com facas o
esmiuça e lança em duas condutas por onde cai,
por gravidade, no fundo de um sulco aberto por um
Fig 34.3. 7 subsolador.
NOTA TÉCNICA Nº 34.3.1
REGULAÇÕES E MANUTENÇÃO 119

Num distribuidor de estrume há que saber determinar T = Tempo que leva a despejar, em minutos. K = 4t
o seguinte: C = 3m
17 = Constante. L = 1,6m K
Q= x 10 000
1 – Tempo que leva a despejar: Vt = 6Km/h DxL
3 – Quantidade de estrume distribuído por hectare: V = 0,6m/m
Q=?
C
T= em que
V K O valor de D é:
Q= x 10 000 em que
DxL
D = 17 x Vt x T

T = Tempo em minutos. E por sua vez o valor de T é:


Q = Quantidade, em toneladas.
C = Comprimento útil do distribuidor, em metros.
K = Capacidade do distribuidor, em toneladas.
V = Velocidade de deslocação do fundo móvel, em C 3
T= T= =5
metros por minuto. D = Distância percorrida até ao esvaziamento total, V 0,6
em metros.
2 – Distância percorrida até ao esvaziamento total:
L = Largura de distribuição, em metros. Tendo o valor de T vamos determinar o D.

Exemplo: - temos um distribuidor de estrume com 4 D = 17 x 6 x 5 D = 510


D = 17 x Vt x T em que toneladas de capacidade, 3 metros de comprimento
e 1,6 metros de largura de distribuição. A velocidade Como já estamos na posse de todos os dados
de deslocação do tractor vai ser de 6 quilómetros temos:
D = Distância, em metros. por hora e o andamento do fundo móvel é de 0,6
metros por minuto. Calcular a quantidade de estrume
Vt = Velocidade de deslocação do tractor, em a distribuir por hectare.
4
quilómetros por hora. Q= x 10 000 Q = 49,019
510 x 1,6
NOTA TÉCNICA Nº 34.3.1

120 REGULAÇÕES E MANUTENÇÃO

A quantidade de estrume a distribuir por hectare Quanto aos pneus há que ter com eles os mesmos
será de 49 toneladas. cuidados do que com os dos tractores,
salvaguardando as devidas proporções.
Os cuidados de manutenção dos distribuidores de
estrume consistem numa lubrificação diária de todos Quando o distribuidor está a funcionar ninguém se
os copos e articulações bem como, no fim da deverá colocar atrás dele, pois pode haver alguma
campanha, numa minuciosa lavagem com água pedra, pau, ou qualquer outro objecto que, ao ser
limpa e reparação ou substituição de todas as peças lançado com o estrume, pode atingir e ferir quem
danificadas. Besuntar com óleo queimado todos os se encontre na sua zona de projecção.
locais sem tinta a fim de se evitar a ferrugem.

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