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AGROINDÚSTRIA SUCROALCOOLEIRA

CUSTOS DE PRODUÇÃO
AGRÍCOLA E INDUSTRIAL

PESQUISA BENCHMARKING
SAFRA 2013/14

Março/2014
Ribeirão Preto, SP

Importante: este relatório é destinado exclusivamente às empresas participantes da


pesquisa, sendo proibida a reprodução total ou parcial das informações contidas no
mesmo sem a expressa autorização da CHAVES PLANEJAMENTO E CONSULTORIA
S/S LTDA..
ÍNDICE

ASSUNTO PÁG.

Apresentação 3

Empresas Participantes 4

Profissionais Participantes 6

Sumário Executivo 9

Procedimentos Metodológicos 14

Perfil da Amostra – Usinas Pesquisadas 18

Resultados Obtidos 22

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APRESENTAÇÃO

Quem se detiver sobre os resultados médios desta pesquisa da série Benchmarking


Custos verá fortes indícios de que o setor sucroenergético, visto como um todo, não
consegue repetir os bons resultados de anteriormente. Ora, o enfrentamento de um
mercado claramente arredio – preços longe de serem remuneradores – exigiria indicadores
notáveis, campo e fábrica operando com evidentes sinais de eficiência e,
consequentemente, apresentando baixos custos em todos os segmentos da agroindústria.
Mas o que se verifica são índices importantíssimos como níveis de ATM
(Aproveitamento de Tempo de Moagem) num patamar aquém do desejável. Ocorrendo
paradas mais frequentes das moendas, para dar conta do esmagamento de um mesmo
contingente de matéria-prima, os períodos de safra se estendem, onerando os custos de
industrialização. E mais: neste contexto de safras mais longas, a colheita de parte da
produção de cana acaba acontecendo em períodos inadequados, reduzindo o seu teor
médio de açúcares, além do manejo mais dificultado dos canaviais. Matéria prima menos
rica naturalmente leva a rendimentos menores e, por consequência, a uma redução de
produção industrial. Em última instância, diminuição do faturamento anual.
Os canaviais – em sua média – foram renovados (uma ótima constatação!) e a sua
produtividade mostrou alguma reação. Mas novamente o que se verifica são números
(TCH) ainda aquém daqueles praticados há alguns anos atrás.
Quem seria o maior “vilão” neste contexto adverso? Mecanização (necessária) da
colheita? Clima adverso? Mercado? Um fenômeno a ser estudado mais detidamente...
A esperança é que as perspectivas da safra 2014, apontadas pelas empresas
através da presente pesquisa, se confirmem de fato: maior volume de produção, matéria-
prima mais rica em açúcares e preços mais remuneradores. Oxalá!

IVAN CHAVES DE SOUSA

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EMPRESAS PARTICIPANTES

COORDENAÇÃO: CHAVES PLANEJAMENTO E CONSULTORIA S/S LTDA.

AÇÚCAR GUARANI – UNIDADE CRUZ ALTA

ADECO – ANGELICA

ADECO – IVINHEMA

ADECO - USINA MONTE ALEGRE

ALTO ALEGRE – UNIDADE FLORESTA

ALTO ALEGRE – UNIDADE FLORESTÓPOLIS

ALTO ALEGRE – UNIDADE JUNQUEIRA

ALTO ALEGRE – UNIDADE SANTO INÁCIO

CIA. AGRÍCOLA NOVA AMÉRICA

COCAL COM. IND. CANAÃ AÇÚCAR E ÁLCOOL – NARANDIBA

COCAL COM. IND. CANAÃ AÇÚCAR E ÁLCOOL – PARAGUAÇU

FERRARI AGROINDÚSTRIA S/A

JALLES MACHADO – UNIDADE JALLES MACHADO

JALLES MACHADO – UNIDADE OTÁVIO LAGES

NOBEL BRASIL – CATANDUVA

NOBEL BRASIL – POTIRENDABA

NOBLE BRASIL – MERIDIANO

NOBLE BRASIL – SEBASTIANÓPOLIS

TONON - PARAÍSO

TONON - SANTA CÂNDIDA

TONON - VISTA ALEGRE

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EMPRESAS PARTICIPANTES (continuação)

RENUKA DO BRASIL – UNIDADE EQUIPAV

RENUKA DO BRASIL – UNIDADE REVATI

RENUKA DO VALE DO IVAÍ - UNIDADE SÃO MIGUEL DO CAMBUÍ

RENUKA DO VALE DO IVAÍ - UNIDADE SÃO PEDRO DO IVAÍ

RIO CLARO AGROINDUSTRIAL (ODEBRECHT)

SANTA ISABEL - UNIDADE MENDONÇA

SANTA ISABEL - UNIDADE NOVO HORIZONTE

USINA AÇUCAREIRA ESTER

USINA ALTA MOGIANA AÇÚCAR E ÁLCOOL

USINA BATATAIS – UNIDADE BATATAIS

USINA BATATAIS – UNIDADE LINS

USINA DELTA S/A – UNIDADE VOLTA GRANDE

USINA DELTA S/A – UNIDADE DELTA

USINA ELDORADO (ODEBRECHT)

USINA IBÉRIA

USINA RIO VERMELHO

USINA SÃO JOSÉ DA ESTIVA

USINA SONORA ESTÂNCIA (RIO CORRENTE AGRÍCOLA)

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PROFISSIONAIS PARTICIPANTES

COORDENAÇÃO: IVAN CHAVES DE SOUSA

ADILSON ALVES GAMA GRUPO JALLES MACHADO


ADMILSON BORGES GONÇALVES GRUPO JALLES MACHADO
ADRIANO BRISOLARI GRUPO TONON BIOENERGIA
ADRIANO GARCIA CÉLICO GRUPO DELTA
ALCEU LUIZ GONÇALVES JR. USINA ALTA MOGIANA
ALEXANDRE SPERA GALLI GRUPO NOBLE
ALINE DE LIMA GRUPO TONON BIOENERGIA
ALMIR FRANCISCO CALVI USINA ESTER
ALOISIO GONÇALVES GRUPO ODEBRECHT
ANA CAMILA PESSATTE ODEBRECHT ELDORADO
ANDRÉ DE OLIVEIRA MARTINS GRUPO ODEBRECHT
ANDRÉ GUSTAVO ALVES DA SILVA GRUPO RENUKA SP
ANDRÉ LUIS ALVES MESQUITA USINA ALTA MOGIANA
ANDRÉ LUIS ESTABILE GRUPO TONON BIOENERGIA
ANDRÉ LUIS TEODORO DA SILVA GRUPO BATATAIS
ANGELA CRISTINA S. FREITAS USINA SONORA
ANTONIO CARLOS PEREIRA JR GRUPO ODEBRECHT
ANTÔNIO LUIZ DOS SANTOS GRUPO GUARANI / TEREOS
APARECIDO CLARETE CÁCERES DIAS GRUPO ALTO ALEGRE
CARLOS ALBERTO C. MARKIES FILHO GRUPO RENUKA SP
CARLOS ALBERTO MOREIRA DA SILVA GRUPO NOBLE
CARLOS EDUARDO ARAUJO DE TOLEDO GRUPO BATATAIS
CÉSAR AUGUSTO T. L. SGARBI GRUPO GUARANI / TEREOS
CLAUDEMI SOUZA LONGATO GRUPO ODEBRECHT
CLAUDIA REZEK RODRIGUES GRUPO JALLES MACHADO
CLAUDINEI CESAR JUSTINO USINA RIO VERMELHO
DAIANE CRISTINA PEREIRA GRUPO NOBLE
DANIELA DA SILVA ROSA GRUPO ODEBRECHT
DANILO DA SILVA ANDRADE GRUPO BATATAIS
DEILTON FERNANDES MARTINS USINA ESTER
DENIS EDUARDO CALEGARO GRUPO BATATAIS
DIEGO WILLIAN D. DE OLIVEIRA GRUPO DELTA
DIOGO ANGHINONI TUTIDA GRUPO GUARANI / TEREOS
EDILSON APARECIDO PINTO USINA FERRARI
EDSON MELO DE OLIVEIRA USINA SONORA
ERIC SEBUSIANI DUARTE GRUPO DELTA
ESTEBAN DI DOMENICA ADECOAGRO MONTE ALEGRE
EVERTON JUNIO DELTURQUI USINA IBÉRIA

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PROFISSIONAIS PARTICIPANTES (CONTINUAÇÃO)

FÁBIO ALBERTO CARVALHO MARTIN GRUPO COCAL


FABIO APARECIDO DE FREITAS RENUKA PARANÁ
FABIO GILIO GIUSTI GRUPO SANTA ISABEL
FÁBIO PINHEIRO PIMENTA NEVES GRUPO GUARANI / TEREOS
FÁBIO TEIXEIRA DA SILVEIRA GRUPO ADECOAGRO
FERNANDA AMARAL DELLA ROSA RENUKA PARANÁ
FLÁVIO ROBERTO FARDIN GRUPO RENUKA SP
GEOVANI DOS SANTOS NESPOLO GRUPO RENUKA PR
GESLIANA S. PEDRO MARTINS GRUPO DELTA
GIOVANI RODRIGO CHIARI VICENTINI USINA RIO VERMELHO
GUISEPPE VALEZI SANTOS USINA SONORA
HAMILTON DE ÂNGELO ANTÔNIO USINA RIO VERMELHO
IVANES DOS SANTOS GRUPO GUARANI / TEREOS
JANY FLAVIA DA SILVA USINA IBÉRIA
JOÃO BATISTA DA SILVA GRUPO JALLES MACHADO
JOÃO HUEDER DA SILVA USINA FERRARI
JOEL JOSÉ DE JESUS GRUPO JALLES MACHADO
JONNYR GONÇALVES MOREIRA USINA RIO VERMELHO
JORGE RODRIGUES GRUPO SANTA ISABEL
JOSÉ ALTINO DONIZETI MARQUES USINA ALTA MOGIANA
JOSÉ DONIZETI DEFELICIBUS GRUPO ADECOAGRO
JOSÉ FERNANDO BOLDRIN GRUPO BATATAIS
JOSÉ MARIA FERREIRA DA SILVA USINA RIO VERMELHO
JULIANO MARCIO JANONI GRUPO BATATAIS
KAROLINE FERNANDES RODRIGUES GRUPO JALLES MACHADO
KEILA SIMONI USINA ESTER
LAILA FANE FERREIRA SILVA GRUPO JALLES MACHADO
LEO SANTANA DUTRA GRUPO ADECOAGRO
LUIS ALBERTO ESPOSTO USINA ALTA MOGIANA
LUIZ FELIPE VOLPINE GRUPO ODEBRECHT
LUIZ FERNANDO FORESTI USINA RIO VERMELHO
MARCEL PRATES MUNDIM GRUPO DELTA
MARCEL THOME GARCIA USINA IBÉRIA
MARCELO JOSÉ PEGORIN GRUPO BATATAIS
MARCELO LUIS DE SOUZA GRUPO BATATAIS
MARCELO SOSSAI VIDOLIN USINA FERRARI
MÁRCIO CLARO SUTTI USINA SÃO JOSÉ DA ESTIVA
MARCIO H. DE OLIVEIRA E OLIVEIRA GRUPO DELTA
MARCIO ROBERTO MORI GRUPO TONON BIOENERGIA
MARCOS FÁBIO SANCHES GRUPO TONON BIOENERGIA
MARIE JOSEPH JEAN GERARD LESUR USINA RIO VERMELHO
MAURÍCIO EDUARDO PEIXOTO GRUPO ADECOAGRO
MAURÍCIO LAURENTE GRUPO DELTA
MENERO DENARDI USINA FERRARI
MILTON SÉRGIO ZAGO USINA SÃO JOSÉ DA ESTIVA

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PROFISSIONAIS PARTICIPANTES (CONTINUAÇÃO)

NILTON CÉSAR MOREIRA GRUPO ADECOAGRO


PABLO WILLIAN RABELO DE MELO GRUPO ADECOAGRO
PATRICIA CARLA ESPERANÇA DA SILVA GRUPO RENUKA SP
PATRÍCIA REZENDE FONTOURA GRUPO JALLES MACHADO
PAULA TATIANE ALVES PEREIRA GRUPO DELTA
PAULO SÉRGIO RODRIGUES USINA RIO VERMELHO
PRISCILA MANIERO GRUPO BATATAIS
QUELER CALINE JORDÃO BORBOREMA USINA RIO VERMELHO
RAFAELA ALEXANDRE DA SILVA GRUPO BATATAIS
RAMALHO APARECIDO COELHO CIA. AGRÍCOLA NOVA AMÉRICA
RENATO NOGUEIRA GRUPO ADECOAGRO
RICARDO DA SILVA MOTA GRUPO NOBLE
RICARDO MAIO NOGUEIRA TAVARES GRUPO RENUKA SP
RICARDO PEREIRA DELAVALLE POGETTI GRUPO ALTO ALEGRE
RICARDO STECKELBERG GRUPO JALLES MACHADO
RODIER RODRIGUES DE JESUS USINA IBÉRIA
RODNEY LEANDRO BETETTO GRUPO COCAL
RODOLFFO HORÁCIO DE ALMEIDA SILVA GRUPO JALLES MACHADO
RODOLFO ROCCO GRUPO TONON BIOENERGIA
RODRIGO BIANCHINI GRUPO DELTA
ROGÉRIO APARECIDO PEREIRA GRUPO COCAL
RONALDO PEDRO DA SILVA GRUPO COCAL
SAMANTHA GIL DE SOUZA CAMPOS USINA ESTER
SAMUEL ELIAS MADRUGA GRUPO DELTA
SANDRA HELENA COSTA SANTOS GRUPO DELTA
SILVIA APARECIDA COSTA GRUPO DELTA
SILVIA APARECIDA COSTA RICARDO USINA IBÉRIA
TAISI FERNANDA ALVES GRUPO NOBLE
TARQUINIO JOSÉ DE MIRANDA NETO GRUPO ODEBRECHT
TELLIS V. M. M. NAVAS GRUPO RENUKA PR
THIAGO PEREIRA GIACOMO GRUPO DELTA
TIAGO HENRIQUE M. DOS SANTOS GRUPO RENUKA SP
VALÉRIA A. DE CAMPOS COLAVITE USINA IBÉRIA
VANDEIR APARECIDO DOS SANTOS USINA IBÉRIA
VICTOR ANTONIO DE LIMA GRUPO RENUKA SP
VINÍCIUS MARCOS SILVA GRUPO ADECOAGRO
VIVIANA WESSLER GRUPO TONON BIOENERGIA
VIVIANE DO CARMO C. N. BANHARELI USINA ALTA MOGIANA
WANNESSA DIVINA DUTRA DA SILVA GRUPO JALLES MACHADO
WELDER WILSON BASILIERI USINA ALTA MOGIANA
WELLINGTON RIBEIRO GRUPO SANTA ISABEL
WELLINGTON RODRIGUES MORAES GRUPO USINA DELTA MG

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SUMÁRIO EXECUTIVO

A pesquisa Benchmarking Custos e Outros Indicadores realizada em fevereiro/março


de 2014 contou com a participação de 39 usinas localizadas na região Centro-Sul e,
conforme os resultados obtidos, pode-se destacar as conclusões mais importantes:

 Em média, nesta safra 2013 cada unidade agroindustrial pesquisada esmagou 2,75
milhões de toneladas de cana, donde esta amostra abrangeu um contingente total de
matéria-prima correspondente a 107,4 milhões de toneladas de cana, sem dúvida, um
dado bastante significativo.

 Para esmagar este contingente de matéria-prima, uma vez que o índice de


Aproveitamento de Tempo de Moagem não foi bom (76,8%), a safra se estendeu por
longos 256 dias corridos, resultando daí um índice médio de ART algo abaixo daquele
observado na safra 2012 (teores de ART iguais a 14,25% e 14,81%, respectivamente).

 Os canaviais, se não foram bem em termos de maturação, demonstraram alguma


recuperação no que tange à produtividade, chegando o índice TCH real de campo a
alcançar, finalmente, a casa dos 80 toneladas de cana por hectare colhido (em verdade,
TCH = 79,9). Também sob o critério de canavial estabilizado com cinco cortes, seu
índice (TCH = 82,0) superou o índice similar da safra 2012 (TCH = 78,3). Em síntese,
houve algum progresso em termos de produtividade, mas ainda aquém do desejável.

 Embora os índices de maturação não tenham alcançado um bom patamar, como já


ressaltado anteriormente, a produção de açúcar por hectare colhido na safra 2013 foi
superior ao indicador correspondente da safra 2012. Entretanto, registre-se, este
importante índice, apesar de esboçar uma melhoria na safra em análise (2013), ainda
não atingiu a casa de TPH (t de Pol por hectare colhido) igual a 11,00, verificando-se
para uma condição real de campo um TPH = 10,49, ao passo que se os canaviais
estivessem numa situação estabilizada, com cinco cortes, este índice teria alcançado
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10,76 t Pol por hectare colhido. Ou seja, são indicadores que podem – e devem – ser
melhorados.

 Desde 2010 vem-se observando um plantio mais agressivo, possibilitando, ano a ano,
a redução da IMC (Idade Média dos Canaviais). Na safra 2011, tal IMC fora igual a 3,55
enquanto na safra 2012 sofreu ligeira queda (IMC = 3,52) e na safra 2013 foi verificado
o patamar de 3,48. Registre-se que a relação “HP/HC” (relação entre a quantidade de
hectares plantados para cada 100 hectares colhidos para moagem), que vinha num
crescendo (HP/HC =17 em 2009, HP/HC = 20 em 2010 e HP/HC = 26 em 2011),
constatou-se um pequena desaceleração a partir de 2012, com HP/HC = 25, e outra
pequena queda em 2013, com 24 hectares plantados para cada 100 hectares colhidos.
Os números mostram canaviais próximos da estabilização (na média, claro) e estes
últimos indicadores ainda podem ser considerados bons.

 O momento sugere, portanto, reflexão, na qual a questão fundamental é: por que os


índices de produção de açúcar por hectare colhido não mais retornaram aos patamares
anteriores? Repetidos problemas climáticos? Ou a intensificação da mecanização da
lavoura canavieira (principalmente na fase de colheita) tem provocado alterações
resultando em efeitos negativos para aqueles indicadores? Ou outro(s) fator(es)?

 Flagrantemente, os custos do sistema de Colheita/Transporte Mecanizado se


mostraram mais competitivos que os do sistema Convencional (“Manual”). Enquanto o
custo unitário do primeiro sistema - Mecanizado - mostrou-se igual a R$ 29,01/tonelada,
para colher e transportar uma tonelada de cana via sistema Convencional concluiu-se
por um custo unitário alcançando incríveis R$ 45,91. A explicação para tamanha
diferença – aventa-se esta hipótese – resultaria do fato de que, em muitas situações os
recursos da Colheita Convencional são alocados para aqueles pequenos pontos nos
quais as máquinas não podem trabalhar. Sem escala, num trabalho de
complementação para estas áreas “difíceis” (vide o rendimento de corte igual a apenas
7,7 t cana por homem-dia), certamente os custos da Colheita Convencional tenderiam

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a disparar, como de fato foi verificado. A presença da Colheita Mecanizada está tão
forte que o custo médio ponderado final entre as duas modalidades (R$ 30,80/t) fica
muito próximo do custo deste sistema (R$ 29,01/t, já citados).

 As colhedoras praticamente repetiram a sua produção na safra 2013: colheram em


média 81 mil toneladas por equipamento, muito próximo do resultado constatado na
safra anterior. Seu rendimento efetivo correspondeu a 398 toneladas/dia (em 2013 tal
indicador correspondeu a um número muito próximo (400 toneladas/dia). Na safra 2013,
de cada 100 toneladas de cana colhidas, apenas 11 toneladas foram colhidas
convencionalmente (em 2012 foram 19% do total).

 No que se refere à remuneração do fator Terra, conforme observado por esta pesquisa,
houve pequenas oscilações tanto no preço da moeda “tonelada de cana” (leia-se do Kg
de ATR), quanto no valor médio fixado entre as partes mensurado em “toneladas de
cana por ha por ano”. Pequenas oscilações, para baixo (ATR) e para cima (ton cana
por ha/ano). Considerando a posição acumulada até fevereiro, enquanto em
fevereiro/2013 o valor unitário da ATR, tomando-se por base o Consecana-SP, o
mercado apontava preço equivalente a R$ 0,4791/Kg, valor este que caiu em
fevereiro/2014 para R$ 0,4553/Kg (e que foi utilizado nesta pesquisa). Mensurado o
custo da terra expresso em “toneladas de cana por hectare por ano”, encontrou-se em
2013 através da presente pesquisa o valor médio igual a 16,9 toneladas/ha/ano, ao
passo que no ano anterior tal indicador fora igual a 16,5 toneladas/ha/ano, com uma
discreta elevação, portanto. Convertendo-se este custo do fator Terra para a unidade
“R$ por hectare/ano”, em 2012 cada hectare arrendado custou R$ 965/ano ao passo
que esta pesquisa demonstrou que em 2013 tal custo decrescera para R$ 941/ano.
Esta aparente contradição de evolução de valores se deve ao decréscimo no valor da
ATR, algo mais acentuado que o acréscimo verificado no preço da terra expresso em
“t cana/ha/ano”.

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 Comparativamente aos resultados das pesquisas das duas safras anteriores (2011 e
2012), houve um nítido alongamento no período de moagem (256 dias corridos), queda
no teor de açúcares da matéria prima industrializada, menor eficiência em termos de
aproveitamento de tempo de moagem e um perfil de produção voltado mais ao etanol.
Tudo isto posto, o fato é que, em relação ao registrado na safra 2012, nesta em análise
houve um decréscimo (preocupante) nos rendimentos industriais, sejam expressos em
Kg de açúcar por TCM (apenas 115,6 kg/TCM) ou expressos em litros de etanol 100%
por TCM (limitados a modestos 79,3 litros/TCM).

 Os custos de industrialização – considerando exclusivamente o período de safra


(lembrando que os custos de entressafra foram objetos de pesquisa realizada em julho-
agosto/2013) – novamente mostraram variação modesta em relação ao mesmo
indicador da safra 2012, que resultara em R$ 14,36/TCM, e agora através desta
pesquisa chegou-se a um valor unitário correspondente a R$ 14,98/TCM,
demonstrando um incremento da ordem de 4%. Destaque-se que Folha de Pagamento
de Pessoal, Materiais de Manutenção e Serviços de Terceiros foram os itens que mais
contribuíram para esta (discreta) elevação do citado custo.

 Desnecessário lembrar que tais custos de industrialização (ressalte-se que está-se


referindo à média de 39 usinas analisadas) teriam comportamento mais adequado,
custos unitários menores em síntese, se as indústrias tivessem apresentado melhor
aproveitamento de tempo de moagem, ou seja, com menos paradas das moendas.
Nestas condições, o mesmo contingente de cana seria processado numa safra menos
extensa, logo menos onerosa, com importantes vantagens adicionais: cana com melhor
teor de açúcares e dispondo à frente de uma entressafra mais dilatada, para
manutenções mais detidas, mais planejadas e, portanto, mais eficazes e menos
dispendiosas.

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 Aproveitou-se a presente pesquisa para tentar um entendimento de como as empresas
participantes estão vislumbrando a safra (2014) prestes a se iniciar. Três simples
questões foram efetuadas e pode-se constatar algum otimismo: predominantemente
esperam uma safra mais abundante, ou seja, maior contingente de cana para moagem
(opinião de 51% dos pesquisados); matéria prima se apresentando mais rica em
açúcares para industrialização (opinião de 62% dos entrevistados); e o que é mais
importante, preços mais remuneradores (51% das empresas levantadas).

 Estas mesmas questões serão repetidas na próxima pesquisa (julho/2014),


constituindo uma excelente oportunidade para o confronto das opiniões em períodos
diferentes: da visão de quem já estará com a safra em pleno andamento frente a esta
de quem ainda aguardava ansiosamente pelo início da operação de suas moendas,
obtida através da pesquisa em relato (fevereiro/2014).

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PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente estudo resulta da parceria que vem sendo conduzida entre um grupo de 39
agroindústrias canavieiras localizadas na região centro-sudeste do país e a CHAVES
PLANEJAMENTO E CONSULTORIA, com o objetivo de levantamento de indicadores de
custos e outros operacionais. Sintetizam-se, a seguir, os procedimentos para a consecução
deste estudo:

Amostragem: definida de forma dirigida, derivada do interesse explicitado das usinas em


participarem deste programa. Assim, não constitui amostra determinada sob o rigor
estatístico, não pretendendo, portanto, o presente estudo representar a média da realidade
da região centro-sul. Mais adiante, um capítulo específico é dedicado com o objetivo de
caracterizar esta amostra nos seus principais pontos.

Produtividade Agrícola expressa em TCH – são utilizados três diferentes indicadores de


toneladas de cana por hectare, relativos à produção de cana própria, quais sejam:

 TCH média 5 cortes e TCH média 6 cortes canaviais estabilizados – estes dois
indicadores são calculados através da média aritmética simples, considerando-se
apenas os cinco (ou seis) primeiros cortes, como se o canavial estivesse estabilizado,
além do que a produtividade do primeiro corte é baseada somente no resultado das
áreas de corte de cana de ano-e-meio.
 TCH real (média ponderada) – para o cálculo deste índice, todos os cortes são
considerados. Para a ponderação no cálculo da média fez-se uso das áreas cortadas
de cada categoria de corte. Diferentemente dos dois métodos anteriores, este critério
reflete a produtividade real dos canaviais pesquisados, no estágio em que os mesmos
se encontravam na safra pesquisada.

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Produtividade Agrícola expressa em TPH – obtido através da multiplicação de TCH por
PC (Pol cana), resultando em toneladas de Pol por hectare colhido. Calculado para a cana
de produção própria.

Idade Média dos Canaviais (IMC) – indicador calculado através da fórmula:

IMC = (1 x p1) + (2 x p2) + (3 x p3) + (4 x p4) + (5 x p5) + (6 x p6) + (7 x p7)


Onde
1,2,3,… 7 referem-se à ordem de cada corte e
p1; p2; p3; p4; p5; p6 e p7 correspondem às proporções de áreas cortadas de cada categoria
de corte em relação à área cortada total.

Quanto maior o IMC, mais “velho” o canavial e, a partir de certo ponto, com tendência de
ser menos produtivo, embora a longevidade ótima varie de região para região, e ainda
considerando as condições específicas do manejo das lavouras.

Índice Área Plantada / Área Cortada (HP/HC) – mostra, para cada 100 hectares colhidos
para fins industriais no ano n, quantos hectares foram plantados neste mesmo ano n.
Quanto maior esta relação, maior a agressividade da usina no programa de plantio, e vice-
versa, o que influenciará na idade média e produtividade dos seus canaviais na safra n+1
e seguintes.

Custos de Colheita e Transporte de Cana – referem-se exclusivamente à cana própria


das usinas pesquisadas e estão expressos em R$ por tonelada de cana. Estão abertos
nas duas modalidades: Convencional (ou “Manual”) e Mecanizada. Em ambas as
modalidades, mas principalmente no caso da Colheita Mecanizada, não estão computados
os custos “ocultos” como possíveis perdas de açúcares no campo e reduções de
produtividade e da longevidade das soqueiras por possíveis problemas de compactação
do solo.

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Tabela de Frete de Cana – valores pagos a terceiros para os serviços de transporte de
cana, expressos em R$ por tonelada, estratificados de acordo com a distância campo-
indústria. Os valores levantados são os praticados no último mês da safra pesquisada e
refletem uma média das várias modalidades ou sistemas de transporte de cana.

Remuneração do Fator Terra – determinada com base nos arrendamentos de terra


contratados para produção de cana pelas usinas pesquisadas. Os valores são levantados
expressos na moeda “toneladas de cana por alqueire” (alqueire “paulista” = 2,42 hectares).
Obtém-se a informação adicional sobre o pagamento ou não do arrendamento no ano de
formação do canavial, a partir do qual este indicador é convertido para “toneladas de cana
por alqueire por ano” e, considerando-se o valor padrão da cana, arbitrado por este trabalho
considerando o teor de 121,97 Kg ATR/tc (teor padrão no estado de SP), multiplicado pelo
valor do Kg de ATR correspondente a março/2010, mês de realização deste estudo,
segundo o Consecana-SP, chega-se ao custo expresso em R$ por ha/ano.

Indicadores Industriais – foram pesquisados:

 Eficiência de Extração das Moendas: expressa percentualmente (ART/ART%) o


quanto efetivamente foi extraído do total de açúcares (em ART) contidos na matéria-
prima na fase de extração do caldo;
 Aproveitamento de Tempo de Moagem: expressa percentualmente o tempo efetivo
de operação das moendas em relação ao tempo total destes equipamentos na safra.
Os tempos de paradas foram estratificados segundo três agrupamentos de causas:
paradas ocasionadas pela própria indústria (paradas programadas, quebras,
manutenções corretivas, etc.), paradas provocadas por falta de matéria-prima,
inclusive as motivadas por chuvas, e demais causas.
 Duração da Safra: extensão da safra em dias corridos, obtido a partir das datas de
conclusão e início da moagem.

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 Número de trabalhadores (colaboradores) que trabalham na Indústria
exclusivamente (períodos de safra e entressafra).
 Rendimentos industriais expressos em
o Kg de Açúcar por TCM;
o Litros de Etanol Absoluto (100%) por TCM.

Custos de Industrialização de Safra – expressos em R$ por tonelada de cana moída,


referem-se exclusivamente ao período de safra e, portanto, não incluem aqueles custos
incorridos na entressafra industrial. Relacionam-se exclusivamente à Área Industrial, não
contemplando, portanto, Despesas Administrativas e Matéria-Prima. Os valores relativos à
Folha de Pagamento de Pessoal (alocado na indústria) incluem Encargos Sociais. No
referente ao item Materiais destaque-se que este contempla toda a gama de materiais
utilizados no período como, por exemplo, Lubrificantes, Materiais de Manutenção,
Materiais Elétricos, etc. Dois tipos de materiais foram destacados e pesquisados à parte
pela sua importância: Insumos (Produtos Químicos) e Sacarias/Embalagens. Além de
Depreciações, há o item “Demais Custos” que inclui Seguros, Fretes e Carretos, Energia
Elétrica e outros não abrangidos pelos itens especificados anteriormente.

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PERFIL DA AMOSTRA – USINAS PESQUISADAS

O presente estudo baseou-se no levantamento de 39 usinas localizadas na região Centro-


Sudeste, a maioria das quais situadas no Estado de São Paulo, cuja participação
representou 64,1% do total das unidades pesquisadas. O Estado do Paraná (12,8% do
total das usinas participantes) se posicionou em segundo lugar. Mato Grosso do Sul, Minas
Gerais e Goiás complementam a amostra, todos com 7,7% do grupo analisado.

Considerando as produções desta amostra, a safra 2013 foi mais voltada ao etanol, que
respondeu por 55% do total produzido, cabendo aos açúcares os 45% restantes.

Focalizando a linha açúcar, a preferência destas quase quatro dezenas de agroindústrias


recaiu sobre o Açúcar VHP, que representou mais da metade da produção total de açúcar
(60% do total, para ser mais exato), vindo a seguir o Açúcar Cristal Branco, com uma
participação relativa igual a 30%, constatando-se 10% de participação de outros tipos de
açúcares na produção total.

Pelo lado dos etanóis, a produção de Hidratado prossegue decrescendo a cada ano em
termos relativos, mas ainda continuou predominando: nesta safra 2013 respondeu por
53,4% do total desta linha de fabricação. O Anidro, contrariamente, mais uma vez
aumentou sua participação relativa: na safra anterior respondera por 39% do total e nesta
em análise sua produção correspondeu a 44,3% do total dos etanóis. Outros tipos de etanol
representaram apenas 2,4% deste total.

Na média geral, estas 39 usinas nesta safra 2013 processaram 2,75 MTC (milhões de
toneladas de cana) por unidade. As mais presentes foram as médias (de 2,01 a 4,00 MTC),
cerca de 62% do total das indústrias analisadas. A seguir, as de menor porte (moagem até
2,00 MTC), correspondendo a 26% dentre as usinas participantes. As de grande porte
(moagem acima de 4,00 MTC) representaram 12% das agroindústrias pesquisadas.

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