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Data da publicação:
Foz do Iguaçu, maio/2020
APRESENTAÇÃO
O Projeto “Aplicações do Biogás na mais eficiente ganha competitividade frente à
Agroindústria Brasileira” (GEF Biogás Brasil) concorrência internacional. Indústrias de
reúne o esforço coletivo de organismos equipamentos e serviços, concessionárias de
internacionais, instituições privadas, entidades energia e de gás, produtores rurais e
setoriais e do Governo Federal em prol da administrações municipais estão entre os
diversificação da geração de energia e de beneficiários diretos do projeto, que conta com
combustível no Brasil. A iniciativa é US $ 7,828,000 em investimentos diretos.
implementada pela Organização das Nações
Unidas para o Desenvolvimento Industrial Com abordagem inicial na região Sul do Brasil,
(UNIDO) e conta com o Ministério da Ciência, em especial no oeste do estado do Paraná, a
Tecnologia, Inovações e Comunicações iniciativa pretende impactar todo o país. Entre
(MCTIC) como instituição líder no âmbito seus resultados previstos estão a compilação e
nacional. O objetivo principal é reduzir a a divulgação de dados completos e atualizados
dependência nacional de combustíveis fósseis sobre o setor, a oferta de serviços e recursos
através da produção de biogás e biometano, para capacitação técnica e profissional, a
fortalecendo as cadeias de valor e de inovação criação de modelos de negócio e de pacotes
tecnológica no setor. tecnológicos inovadores, a produção de
Unidades de Demonstração seguindo padrões
A conversão dos resíduos orgânicos internacionais, a disponibilização de serviços
provenientes da agroindústria e de financeiros específicos para o setor, a
empreendimentos diversos, muitas vezes ampliação da oferta energética brasileira, e
descartados de forma insustentável, pode se articulações indispensáveis entre a alta gestão
tornar um diferencial competitivo para a governamental e entidades setoriais para a
economia brasileira, além de reduzir a emissão modernização da regulamentação e das
de gases de efeito estufa nocivos à camada de políticas públicas em torno do tema, deixando
ozônio e ao meio ambiente. um legado positivo para o país.
Data da Publicação:
Maio 2020
Sumário
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
2. CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÃO DO BIOGÁS ......................................................... 11
2.1. Tratamento do biogás ................................................................................................. 13
2.1.1. Tratamento para retirada de umidade – Desumidificação ................................. 16
2.1.2. Tratamento para remoção de gás sulfídrico (H2S) .............................................. 17
2.1.3. Tratamento para retirada de siloxanos ............................................................... 18
2.1.4. Tratamento para retirada do gás carbônico (CO2) .............................................. 19
2.2. Armazenamento de biogás ......................................................................................... 21
2.3. Transporte de biogás e biometano ............................................................................. 23
2.4. Aplicação energética do biogás ................................................................................... 24
2.4.1. Energia elétrica.................................................................................................... 26
2.4.1.1 Uso da energia elétrica gerada em uma planta de biogás ...................................... 31
2.4.2. Energia Térmica ................................................................................................... 35
2.4.3. Energia mecânica ................................................................................................ 35
2.4.4. Produção e uso de biometano ............................................................................ 36
3. CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÕES DO DIGESTATO .................................................. 39
3.1. Aplicação do digestato como biofertilizante líquido................................................... 41
3.2. Utilização do digestato como matéria-prima para produção de fertilizante
organomineral ......................................................................................................................... 42
3.3. Tratamento para lançamento em corpo de água ....................................................... 44
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 46
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 47
Lista de Figuras
FIGURA 1 - FLUXOGRAMA DOS PROCESSOS DE TRATAMENTO DO BIOGÁS ................................ 12
FIGURA 2 - TRATAMENTO DO BIOGÁS CONFORME O USO FINAL.................................................. 14
FIGURA 3 - MEMBRANA POLIMÉRICA................................................................................................... 21
FIGURA 4 - SISTEMA DE ARMAZENAMENTO DE BIOGÁS EM PROPRIEDADES DE PEQUENO
PORTE. ............................................................................................................................................. 22
FIGURA 5 - GASÔMETRO PARA ARMAZENAMENTO DE BIOGÁS ...................................................... 22
FIGURA 6 - MÓDULO DE ARMAZENAMENTO COM CILINDROS ........................................................ 24
FIGURA 7 - PRODUTOS ENERGÉTICOS QUE PODEM SER OBTIDOS A PARTIR DO BIOGÁS ....... 25
FIGURA 8 - ESQUEMA DE UTILIZAÇÃO DE UM MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA .................... 27
FIGURA 9 - DIAGRAMA DE PROCESSO DA TURBINA A VAPOR ........................................................ 28
FIGURA 10 - MICROTURBINA A BIOGÁS (VISTA EM CORTE) .......................................................... 29
FIGURA 11 - ESQUEMA DE UMA USINA DE BIOGÁS COM COGERAÇÃO DE ENERGIA ................. 30
FIGURA 12 - ESQUEMA DE OPERAÇÃO DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA .............................................. 32
FIGURA 13 - ESQUEMA DO FORNECIMENTO DE ENERGIA NO MERCADO LIVRE ......................... 33
FIGURA 14 - ESQUEMA DO FORNECIMENTO DE ENERGIA NO MERCADO REGULADO................ 34
FIGURA 15 - MOTO BOMBA A BIOGÁS ................................................................................................. 36
FIGURA 16 - ABASTECIMENTO VEICULAR NO POSTO DE BIOMETANO UD ITAIPU ..................... 39
FIGURA 17 - APLICAÇÃO DO DIGESTATO ........................................................................................... 41
FIGURA 18 - ORGANOMINERAL ............................................................................................................. 43
FIGURA 19 - FLUXOGRAMA DO PROCESSO GERAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE BIOGÁS DA UNIDADE
DA JBS SWIFT ................................................................................................................................. 44
Lista de Tabelas
TABELA 1 - PRINCIPAIS GASES QUE COMPÕEM O BIOGÁS ............................................................. 11
TABELA 2 - SOLUBILIDADE DE ALGUNS GASES EM ÁGUA ............................................................... 12
TABELA 3 - COMPARAÇÃO ENTRE BIOGÁS E OUTROS COMBUSTÍVEIS ......................................... 13
TABELA 4 - CARACTERÍSTICAS DO GÁS APÓS PASSAR PELO PROCESSO DE PURIFICAÇÃO,
REFINO OU PURIFICAÇÃO + REFINO ......................................................................................... 16
Lista de Quadros
QUADRO 1 - ESPECIFICAÇÃO DO BIOMETANO DE PRODUTOS E RESÍDUOS
AGROSSILVOPASTORIS E COMERCIAIS, DE ATERROS E ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE
ESGOTO ........................................................................................................................................... 37
Características e aplicações do biogás e do digestato
Desenvolvimento Proporcionado
COMPETÊNCIAS:
1. Conhecimento detalhado das características do biogás;
2. Conhecimento básico de cenários para aplicação do biogás;
3. Conhecimento básico do funcionamento e operação de biodigestores
para obtenção de digestato.
HABILIDADES:
1. Percepção;
2. Flexibilidade.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
1. INTRODUÇÃO
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Para que o biometano atenda aos padrões de qualidade e aos requisitos exigidos
pela Agencia Nacional de Gás e Petróleo (ANP) é necessário o refino do biogás e
acondicionamento adicional (por exemplo, ajuste no teor de metano e poder calorífico,
etc).
Além disso, antes da injeção do biometano na rede de gás natural, são exigidas
etapas complementares, tais como: ajuste de pressão, pressão de proteção, medição do
gás e odorização.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Para fixar:
Assim, para que o biogás possa ser utilizado na geração de energia elétrica,
térmica, mecânica e também na produção de biometano, é necessário passar por alguns
processos de tratamento, denominados de purificação e refino, retirando umidade, ácido
sulfídrico e siloxanos, e separando o metano e gás carbônico, por exemplo, para
aumentar o poder calorífico, rendimento térmico e evitar corrosão no sistema.
A escolha de uma tecnologia economicamente viável para purificação e refino é
fortemente dependente da qualidade e quantidade do biogás bruto que será tratado, da
utilização final desse gás, do funcionamento da biodigestão anaeróbia e dos tipos de
substratos utilizados para sua produção. As características do gás após os processos de
purificação, refino ou combinação de ambos, são apresentadas na Tabela 4.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
sendo necessário assim o descarte e substituição ao final da vida útil do material, como
por exemplo, sais a base de Lítio e Cálcio (FARGON,2006).
Segundo FRN (2010) o glicol ou trietilenoglicol podem ser utilizados para
desidratar o gás, onde o biogás flui em uma torre absorvedora em contracorrente com
a solução desidratadora. Na desidratação por glicol, a regeneração se dá pelo
aquecimento da solução de lavagem a 200 ºC, que provoca a vaporização de materiais
estranho. Segundo a literatura é possível atingir um ponto de orvalho de -100 ºC.
Em termos econômicos, essa técnica é indicada para vazões volumétricas maiores
(500 m³/h) e também garante o teor de umidade do biogás para qualquer aplicação
(FNR, 2010).
• Secagem por adsorção: No processo de adsorção, recomendado para
qualquer aplicação do biogás, determinados materiais (como zeólitas, sílica gel e óxido
de alumínio) incorporam certa massa de água sem serem combinados quimicamente,
onde são instalados em um leito fixo e operados alternadamente a uma pressão de (6-
10) bar, se destinando a fluxos volumétricos de gás pequenos e médios. Os materiais
adsorventes podem ser regenerados, por meio de uma dessorção.
O gás sulfídrico (H2S) é um gás corrosivo que pode danificar tubulações e peças
metálicas. Devido a essa característica, a remoção deste gás é um processo essencial e
prévio a qualquer processo de refino do biogás.
O processo para retirada do H2S, chamado de dessulfurização, pode ser biológico
(filtro biológico percolador, injeção de ar no digestor), químico (adição de compostos de
ferro no substrato, filtros com óxido de ferro) ou físico (adsorção em carvão ativado ou
sistemas de water scrubbing). A seguir alguns desses processos são caracterizados.
• Biodessulfurização: Esta técnica pode ser realizada no biodigestor, e,
baseia-se na oxidação biológica aeróbia do H2S por um grupo específico de micro-
organismos, que convertem o gás sulfídrico em enxofre elementar, elemento que ficará
disponível no digestato para nutrição do solo.
O oxigênio necessário, é disponibilizado pela utilização de um soprador de ar, por
meio de uma bomba de aquário ou outro tipo de mini compressor, introduzido no
biodigestor. Neste processo é importante realizar o controle das condições necessárias
para eficiência e segurança no processo de biodessulfurização.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Também pode ocorrer por meio da adição de oxigênio puro (O2) que pode ser
obtido de outros processos químicos (como produção de hidrogênio) ou com
equipamentos que fazem a separação do oxigênio presente no ar.
Como o ar é composto por 70% de nitrogênio, quando o biogás produzido for
utilizado para a produção de biometano, faz-se mais interessante a adição de oxigênio
puro em vez de ar, uma vez que o nitrogênio é de difícil remoção nos processos de refino.
Existe a possibilidade de conduzir esse processo externamente, através de
colunas de biodessulfurização dispostas em reservatórios separados. Dessa maneira o
processo de injeção de ar pode ser melhor controlado, porém, mesmo com um melhor
controle, esse processo continua não sendo recomendado para propriedades que
desejam injetar o biogás em redes de gás natural, uma vez que também utiliza ar.
• Carvão ativado: A adsorção em carvão ativado utilizada como método
de dessulfurização fina se baseia na oxidação catalítica gás sulfídrico na superfície do
carvão ativado. É possível impregnar o carvão ativado, com determinados compostos
como o iodeto de potássio, para aumentar a velocidade da reação e melhorar a
capacidade de carga. A dessulfurização adequada exige a presença de vapor e oxigênio.
O carvão ativado é utilizado para uma dessulfurização mais refinada. Geralmente
utiliza-se quando as concentrações são de no máximo 200 ppm, pois, acima disso, os
custos operacionais podem se tornar inviáveis.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Definição
O objetivo desse tratamento é separar o gás carbônico (CO2) do biogás para que
a concentração de metano (CH4) se eleve, aumentando o poder calorífico do gás;
ampliando a capacidade de estocagem quando comprimido; além de atender as
especificações para biometano definidas em cada país ou região. Assim, caso atenda aos
requisitos legais, pode ser utilizado como gás natural.
As principais tecnologias para separação do dióxido de carbono seguem os
princípios de: adsorção, absorção, permeação ou criogenia (PROBIOGÁS, 2015). Abaixo
estão descritos alguns exemplos dessas tecnologias:
• Adsorção com modulação de pressão (Pressure Swing
Adpsortion - PSA): O princípio desse tratamento se baseia no uso de adsorvente sólido
poroso, como sílica, zeólito, carvão ativado ou um peneiro molecular de carbono (CMS -
Carbon Molecular Sieve).
O biogás a ser purificado é pressurizado a uma determinada pressão, quanto
maior for a pressão, maior a quantidade de gás adsorvido, e quando a pressão é reduzida,
o gás é liberado ou adsorvido.
Esta tecnologia possui a seguinte vantagem: se operada corretamente, os
intervalos de manutenção dos adsorventes são praticamente infinitos desde que o gás
bruto não contenha enxofre nem vapor de água. Um outro ponto a ser ressaltado dessa
tecnologia é que as perdas de metano do processo são relativamente altas, sendo de
aproximadamente 1-5% (FNR, 2010).
• Lavagem por Água (Water Scrubbing – WS): O método utiliza o
princípio da solubilidade, onde o gás carbônico tem maior solubilidade, cerca de 26 vezes
maior do que o metano em água.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Após o tratamento, o biogás pode ser utilizado para a geração de energia elétrica,
produção de calor ou energia térmica, energia mecânica, biometano e CO2. A Figura 7
apresenta os produtos energéticos que podem ser obtidos a partir do biogás e a escala
de necessidade de tratamento do biogás de acordo com a sua aplicação.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
É importante entender que a decisão sobre qual aplicação será dada ao biogás é
precedida por uma análise das demandas energéticas da planta e do entorno. Sendo
assim, devemos buscar dados sobre que tipo de energia é consumida, a quantidade, o
custo e a demanda, ou seja, o consumo energético conforme o período do dia, do mês
e do ano.
Assim, sabendo como é o comportamento da demanda de energia elétrica e
térmica ou de combustíveis da planta e do seu entorno, é possível decidir qual será o
melhor arranjo técnico para o aproveitamento energético do biogás.
Dentro deste contexto, vamos entender melhor as opções disponíveis.
Exemplo
25
Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Em todos os casos, além da energia elétrica, é possível gerar energia térmica por
cogeração, ou seja, aproveitando os gases de escape ou o vapor excedente que é
liberado em alta temperatura.
A tecnologia mais utilizada, principalmente para plantas de biogás de pequena e
média escala, são os motores de combustão interna, especificamente ciclo Otto, pois as
plantas são de escalas menores que 500 kW. Já o uso de turbinas a vapor se viabiliza
em usinas acima de 20 MW.
• Cogeração
A cogeração de energia é o processo de geração coincidente de calor e energia
elétrica e/ou mecânica, ou a recuperação de calor rejeitado para a produção de potência.
Entretanto a adoção da cogeração deverá obedecer, além da racionalidade
energética, à racionalidade econômica, podendo ser aplicada de duas formas em função
da sequência relativa da geração de energia eletromecânica para a térmica: geração
anterior de energia eletromecânica (topping) e geração posterior de energia
eletromecânica (bottoming).
Topping: É quando a energia disponibilizada pelo combustível é primeiro
aproveitada para a geração de energia elétrica e/ou mecânica, e em seguida para o
aproveitamento de calor útil.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
A energia elétrica gerada a partir do biogás pode ser enquadrada como Geração
Distribuída (GD) de pequeno porte, aderindo, assim, ao sistema de compensação de
energia, estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) em 2012 por
meio da Resolução Normativa nº 482.
Além disso, no Brasil, o mercado de energia é composto por dois tipos de
ambientes de contratação, regulamentados através do Decreto nº 5.163/2004, sendo
eles: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e o Ambiente de Contratação Livre
(ACL).
Definição
Geração distribuída: ou geração
descentralizada (GD), é a expressão
usada para designar a geração elétrica
realizada junto ou próxima do(s)
consumidor(es) independente da
potência, tecnologia e fonte de energia
(INEE, 2015).
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Definição
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Resumo:
Consumidor
ACR ACL
A conversão do biogás, em energia térmica pode ser feita de duas formas: (1)
cogeração – a partir da instalação de trocadores de calor nos coletores de escape dos
motores geradores de energia; ou na (2) utilização direta de biogás como combustível
em caldeiras, processos já descritos no item 1.4.1.
Em processos como de cocção, onde é gerado calor por meio de um fogão,
fogareiro ou forno, o calor pode ser utilizado no cozimento de alimentos e aquecimento
de água; existe também a possibilidade de uso para aquecimento de instalações,
aquecimento do próprio biodigestor e no pré-tratamento do substrato.
A grande vantagem da aplicação do biogás na geração de energia térmica é a
substituição de lenha e/ou combustíveis fósseis, como gás natural ou GLP.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
flare ou aproveitamento do biogás para geração de outro tipo de energia, como descrito
nos itens anteriores.
A Figura 15 apresenta uma moto bomba a biogás, utilizada para bombeamento
de digestato.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
34.000 a
kJ/m3 35.000 a 43.000 15213 3588 6976
Poder Calorífico 38.400
Superior 9,47 a
kWh/m3 9,72 a 11,94
10,67
40.500 a
Índice de Wobbe kJ/m3 46.500 a 53.500 15213 6976
45.000
Metano, mín % mol. 90,0 90,0 14903 1945 6974
Oxigênio, máx. % mol. 0,8 0,8 14903 1945 6974
CO2, máx. % mol. 3,0 3,0 14903 1945 6974
CO2+O2+N2, máx. 10,0 14903 1945 6974
6326-3
Enxofre Total,
mg/m3 70 15631 5504 6326-5
máx. 23
19739
4468
4084 -
Gás Sulfídrico 6326-3
mg/m3 10 15631 07
(H2S), máx. 19739
5504
6228
6327
Ponto de orvalho
10101-2
de água a 1atm, ºC -39 -39 -45 15765 5454
10101-3
máx.4
11541
Teor de siloxanos, 16560
mgSi/m3 0,3 0,3
máx. 16561
Fonte: ANP Nº 685 (2017).
1
Os limites especificados são valores referidos a 293,15K (20ºC) e 101,325kPa (1atm) em base seca, exceto os pontos
de orvalho de hidrocarbonetos e de água.
2
A odoração do Biometano, quando necessária, deverá atender a norma ABNT NBR 15616 e NBR 15614.
3
É o somatório dos compostos de enxofre presentes no Biometano.
4
Caso a determinação seja em teor de água, a mesma deve ser convertida para ponto de orvalho em (ºC), conforme
correlação da ISO 18453. Quando os pontos de recebimento e de entrega estiverem em regiões distintas, observar o
valor mais crítico dessa característica na especificação.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Para fixar:
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Para fixar:
O digestato é o material obtido após o processo
de biodigestão, podendo ser sólido ou semi-
sólido, constituído basicamente por matéria
orgânica.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Reconhecido como uma substância com aspecto de lodo, o digestato pode ser
separado entre fração líquida e sólida após a digestão, e após espalhado no solo, caso
seja utilizado como fertilizante agrícola, torna-se biofertilizante.
Segundo o Decreto n° 86.955 de 18 de fevereiro 1982, do Ministério da
Agricultura, o biofertilizante é um “produto que contém princípio ativo ou agente capaz
de atuar direta ou indiretamente sobre o todo ou parte das plantas cultivadas, elevando
sua produtividade”.
O biofertilizante pode ter origem dos mais diversos tipos de fontes, alterando
suas características físico-químicas. Devido a isso, para caracterização dos fertilizantes
orgânicos simples, mistos, compostos, organominerais e biofertilizantes destinados à
agricultura, do ponto de vista legislativo, utiliza-se a Instrução Normativa SDA/MAPA 25
de 2009.
A Figura 17 demonstra a aplicação do digestato, produzido na Unidade de
Demonstração Itaipu.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
Os fatores que limitam sua aplicação podem ser de ordem prática ou de ordem
logística, como a indisponibilidade ou dimensões insuficientes de área agrícola disponível;
ou elevada distância entre o local da geração do material e sua área de aplicação – o
que pode inviabilizar seu uso ou acarretar em custos que inviabilizam a prática; ou legais,
como a proibição do seu emprego como fertilizante.
Para realizar esse aproveitamento deve-se elaborar um plano de manejo de
biofertilizante que considere as características do digestato, a qualidade do solo e a
rotação de cultura para determinar a forma e a aplicação do digestato.
Nos digestatos oriundos de substratos como esgoto e lodo sanitário, resíduos
sólidos urbanos e de origem animal (matadouros, frigoríficos, processamento de leite),
é imprescindível a higienização para a eliminação de coliformes fecais e parasitas antes
de sua aplicação no campo.
Para tanto, de acordo com a recomendação da Organização Mundial de Saúde
(OMS, 2006), é necessária uma exposição ao calor acima de 50°C durante sete dias para
a eliminação de coliformes fecais e parasitas, e para a higienização pode ser feita por
meio da inclusão de um tratamento térmico antes ou depois da digestão anaeróbia.
No Brasil, a produção, a comercialização e a utilização do biofertilizante devem
seguir as regulamentações estabelecidas pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA).
O digestato de esgoto, por exemplo, é um fertilizante orgânico composto,
proveniente do sistema de tratamento de esgotos sanitários, que resulta em produto de
utilização agrícola como biofertilizante ou organomineral, porém, para atender à
resolução n° 375/2006 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), que define
critérios e procedimentos para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em ETEs, é
necessário que seja submetido a etapas de pós-tratamento que envolvem os processos
de higienização e desaguamento do material.
Normalmente, esse lodo, é desidratado, misturado ao calcário e só após
estabilizado então pode ser deslocado para as áreas agrícolas.
42
Características e aplicações do biogás e do digestato
Figura 18 - Organomineral
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
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Características e aplicações do biogás e do digestato
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta aula foi possível dar continuidade ao aprendizado sobre o processo de
produção e aproveitamento energético do biogás, aprofundando o estudo em relação as
características do gás produzido na biodigestão, os tratamentos que o biogás necessita
para ser utilizado, como também do biometano, e as aplicações energéticas de ambos
os gases. Além disso, vimos sobre o digestato e sua aplicação para fertilização do solo.
Na próxima aula, para darmos continuidade ao estudo, veremos sobre a operação,
monitoramento e manutenção de plantas de biogás, arranjos de
viabilidade econômica e panorama do biogás.
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Características e aplicações do biogás e do digestato
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRACEEL – Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia. Mercado
livre de energia elétrica - Um guia básico para consumidores potencialmente
livres e especiais. Disponível em:
<http://www.abraceel.com.br/archives/files/ Abraceel_Cartilha_MercadoLivre_V9.pdf>.
Acesso em: 01 fev. 2018
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