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A VIABILIDADE DO CONCRETO RECICLADO


Bruno Daniel da Silva Pereira1, Felipe Gabriel Fagundes da Silva¹, Giuseppe Zanata de Paula¹, João
Antônio Lopes Gonçalves¹, Matheus Diego Alves de Oliveira¹.

(brunodspereira@yahoo.com, felipegabriel.fagundes@gmail.com, giuseppezanata@hotmai.com,


joao_antonio3422@hotmail.com e matheusdiegoalves@gmaill.com.)

Professora orientadora: Laísa Cristina Carvalho

Coordenação de curso de Engenharia Civil

Resumo

A reciclagem de resíduos oriundo da construção civil vem sendo disseminada no


mundo cada vez mais. Devido à necessidade de preservação ambiental e a busca
pela economia e ausência de matéria prima, esses fatores tem feito as empresas
privadas e públicas buscar cada dia mais por métodos eficazes e que contribua para
a produtiva dos trabalhos e, contudo, a economia. Os principais materiais utilizados
em reciclagem são: aço, madeira, detritos resultantes de demolição e,
particularmente o concreto. Diante de tantas oportunidades foi escolhido o concreto
como objeto de estudo por ser um material de alto padrão e de elevado custo nas
obras. Visando não apenas a parte econômica, mas também a parte de
sustentabilidade, evitando o descarte desses resíduos em lugares inapropriados dos
quais são grandes causadores dos impactos ambientais, sendo eles químicos e
físicos como poluição do solo, modificação da vegetação, ocupação de grande área
que poderia ser habitada e até mesmo problemas de saúde a população nas
proximidades do local onde o descarte está sendo mal planejado. Por se tratar de
um assunto tão importante nos dias atuais que se refere à sustentabilidade e
economia analisamos que seria de bom desempenho trazer o estudo do concreto
reciclado, considerando que o concreto é o material mais importante e mais utilizado
na construção civil em todo o mundo, alguns países partilham da ausência de
agregados, ou mesmo de baixa qualidade o que resulta em um concreto de baixo
padrão.
Assim, por meio de estudos e análises de outros trabalhos, é possível lançar o
concreto reciclado no mercado como um novo produto, podendo ser utilizado como
agregado, na fabricação de tubos reforçados e em meios-fios de concreto.

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Graduação em Engenharia Civil – Centro Universitário UNA.
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Palavras-chave: Construção. Resíduos. Sustentabilidade. Reciclagem do Concreto.

1. INTRODUÇÃO

Os resíduos produzidos pela construção civil tem sido objeto de estudo em todo o
mundo, a consciência ambiental adquirida ao longo desses anos e necessidade de
inovação crescente no mercado atual, vem instigando os pesquisadores da área em
pesquisa a criar maneiras construtivas menos destrutivas ao meio ambiente. E com o
crescimento exacerbado da população e o avanço no progresso de urbanização nas
cidades têm impulsionado e gerado grandes volumes de resíduos na construção civil
(RCC).
Nesse caso a reutilização dos materiais da construção civil tem sido observada
com bons olhos, para criar produtos reciclados com a mesma qualidade dos produtos
existente produzidos com os agregados naturais.
Por outro lado, sem descuidar dos aspectos: quantificação e classificação do
material produzido, assim como o seu potencial de reutilização, na literatura há
resultados de estudos que mostram que o produto da britagem de resíduos de concreto
pode ser utilizado com sucesso, como agregado na elaboração de novos concretos.
Mas sua aplicação é mínima, porque a experiência com este produto é muito limitada, o
efeito do uso de concreto reciclado sobre as propriedades do novo concreto e dos
produtos fabricados com ele ainda é desconhecido.
Como os diferentes tipos de resíduos gerados nas obras dependem dos
materiais utilizados durante a fase de construção, para classificar sua periculosidade
precisamos analisar suas características:
a) Reatividade: um resíduo é reativo se for instável em condições normais. Isto é,
que pode causar explosão, fumos tóxicos, gases ou vapores quando mistura com água.
Exemplo desse tipo de resíduo são as baterias de sulfato de lítio e explosivos.
b) Toxicidade; um resíduo é tóxico quando tem um efeito prejudicial sobre
organismos vivos por contato físico, ingestão ou inalação. As propriedades tóxicas
incluem envenenamento agudo ou crônico, efeitos cancerígenos e mutagênicos,
alérgicos, danos à pele e outros. Os produtos contendo chumbo e mercúrio são um bom
exemplo.
c) Inflamabilidade: um resíduo é considerado inflamável se puder causar incêndio
(entrará combustão) em certas condições ou espontaneamente. Exemplos: Alguns
óleos e solventes residuais.
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d) Corrosividade: resíduos corrosivos são ácidos ou bases capazes de corroer o


metal de tanques e recipientes de armazenamento. Pilhas contendo ácidos é um
exemplo de resíduo corrosivo.
Resíduos não perigosos: são resíduos que por sua natureza podem ser tratados ou
armazenados nas mesmas instalações que o lixo doméstico. Esta característica os
diferencia claramente de resíduos inertes e de resíduos perigosos, pois determina sua
possibilidade de reciclagem.
I. Resíduos inertes: são aqueles que não apresentam nenhum risco de
poluição da água, solos e ar. Em geral, eles são compostos de elementos
minerais estáveis ou inertes, no sentido de não serem corrosivos,
irritantes, inflamáveis, tóxicos, reativos etc. Em suma, eles são totalmente
compatíveis com o meio ambiente. Os principais materiais que formam
resíduos de construção são de origem pétrea e, portanto, ambos inertes.
Eles podem ser usados no local ou reciclados em agregar usinas de
reciclagem por meio de um processo mecânico simples de esmagamento.
De acordo com sua origem:
II. Demolição: são os resíduos produzidos na desmontagem, e demolição de
edifícios e instalações. Eles também são considerados resíduos de
construção parcial, que são originados por obras de construção e reparo
ou revisão. Juntos, são os resíduos que têm maior volume e peso gerados
pela atividade de construção.
III. Construção: os resíduos que se originam no processo de execução do
material de uma obra, tanta nova planta quanto trabalho de reparo e
recondicionamento. Sua origem é diversa: há as que vêm da própria ação
de construir, originado pelos materiais excedentes: concreto, argamassa,
cerâmica, guarnições de ferro etc. Outros vêm da embalagem de materiais
que chegam ao canteiro de obras: madeira, papel, plástico etc. A forma e
as características do material são variadas.
IV. Escavação: são os resíduos provenientes de trabalhos de escavação, em
geral antes da construção. A composição desses resíduos é menor
variável do que a dos dois grupos anteriores. Eles têm uma composição
mais ou menos homogênea e de natureza pedregosa: argilas, areias,
pedras.
Por consequência, essa grande quantidade de resíduos gerados e seu abalo
ambiental propiciaram uma demanda de atividades de ordenação em vários países. A
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preocupação com o gerenciamento de resíduos da construção civil vem se


consolidando como uma atividade importante dentro da proposta de desenvolvimento
sustentável, portanto, diminuir, reaproveitar e reciclar são condutas fundamentais a
serem praticadas nos canteiros de obras, pois o descarte irregular causa danos
irreparáveis ao meio ambiente e à qualidade de vida do ser humano.
No Brasil, por exemplo, a gestão de resíduos é administrada pelo Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) em comum aceitação com órgãos estaduais e
municipais. Na resolução do Conama, quem produz os resíduos é responsável por sua
gerência, ou seja, certificar o armazenamento, quantidade, como são conduzidos aos
lugares apropriados que possam ser reutilizados e protegidos conforme as normas da
resolução.
Segundo o CONAMA, estima-se que as quantidades de produção anual dos
resíduos de construção e demolição gerados no país são da ordem de 5 milhões de
toneladas (DE FARIAS, MEDEIROS e CÂNDIDO,2016).
Todavia, a gestão de resíduos no local deve começar com uma clara separação
destes, pois será mais fácil identificá-los e quantificar com mais precisão os resíduos
gerados, além de conhecer as áreas e etapas do processo que geram a maior
quantidade de desperdício. Esta identificação facilita o circuito de transporte de resíduo
dentro do trabalho e o processo é racionalizado, para que os resíduos originados
tendem a ser reduzidos. A separação permite em identificar e quantificar definitivamente
os resíduos com mais precisão, evitando a geração desnecessária de alguns resíduos.
Em alguns lugares não há agregados para a fabricação de concreto, ou eles
existem, mas não atendem aos padrões, além disso, como os agregados naturais são
um recurso não renovável, a preocupação das autoridades e da guilda de construção é
clara, pela escassez desse material em um futuro não muito distante.
Para a realização deste estudo, foram seguidas várias etapas de natureza teórica
e prática, onde foram aplicados conceitos relacionados a diversas áreas da engenharia
civil. Estes incluem a revisão da literatura, a montagem de trituração de resíduos de
concreto, ensaios laboratoriais e ensaios industriais para avaliar o uso de concreto
reciclado como agregado na elaboração de novos concretos.
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2. DESENVOLVIMENTO

Como o estudo sobre reciclagem de concreto é uma aplicação direta de diversas


áreas da engenharia civil, em especial a tecnologia de materiais de construção, faz-se
necessário enquadrar, dentro desse contexto, diferentes conceitos teóricos que facilitem
a compreensão tanto dos processos quanto das características dos materiais utilizados
nesta pesquisa.
Determinar a viabilidade técnica e econômica da utilização do concreto reciclado
como agregado na fabricação de produtos pré-moldados, através de um trabalho de
investigação que envolva a reciclagem de resíduos de concreto, a caracterização deste
material e a avaliação das principais propriedades do concreto e do pré-moldado feitas
com esse tipo de agregado. E em específico:
I. Caracterizar as principais propriedades do agregado gerado a partir da
reciclagem de resíduos de concreto, por meio de ensaios laboratoriais, e
comparar esses resultados com as características típicas de agregados
convencionais similares.
II. Avaliar e comparar as principais propriedades de produtos de concretos e pré-
fabricados feitos com agregado de reciclagem de concreto, em comparação com
os resultados obtidos nos ensaios de concreto e produtos fabricados com
agregados convencionais.
III. Determinar o custo aproximado da produção de agregados a partir da reciclagem
de resíduos de concreto e comparar esse custo com o valor comercial médio dos
agregados naturais.
IV. Estabelecer e programar um conjunto de britagem de concreto para obter um
agregado de produtos e resíduos de concreto, que são considerados resíduos na
planta pré-fabricada.
V. Realizar ensaios laboratoriais, a fim de caracterizar e comparar as principais
propriedades do agregado convencional, bem como o agregado gerado a partir
da britagem de resíduos de concreto.
VI. Realizar ensaios laboratoriais, para comparar algumas propriedades como
resistência à compressão e maneabilidade do concreto feito ou com o produto
agregado de reciclagem, em comparação com o fabricado com agregados
convencionais.
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VII. Realizar os ensaios adequados, para avaliar as principais propriedades dos


elementos pré-fabricados, feitos tanto com agregado convencional, quanto com o
produto agregado da britagem do concreto.
Além disso, outros aspectos da reciclagem de concreto que motivaram esta
pesquisa são contemplados, como as várias conclusões de alguns estudos anteriores
sobre o assunto, enfatizando os resultados de vários testes realizados em agregados,
misturas de concreto e, por vezes, produtos naturais, sem descurar aspectos não
menos importantes, como o impacto ambiental e econômico na sociedade e,
especialmente, nas pessoas envolvidas na indústria da construção.

2.1. Definições

O cimento é definido como um material de ligação de origem calcária com


propriedades coesivas e adesivas que lhe conferem a capacidade de unir e ligar
fragmentos minerais sólidos, que quando juntos formam um material monolítico com
excelente resistência. É o componente ativo da mistura e, portanto, influência
drasticamente todas as suas propriedades (OLIVEIRA et al, 2018).
Desta forma as características e propriedades de (fixação e endurecimento) do
cimento Portland hidráulico quando em presença com a água, reage quimicamente com
ela, formando assim a pasta de cimento (material de ligação dos agregados); essa
reação química é chamada de hidratação e transforma o cimento em uma massa em
forma de pedra (NUNES et al, 2020).
Suas propriedades mais importantes são: finura, densidade, consistência, tempo
de ajuste e resistência, que influenciam significativamente nas características físicas e
químicas do concreto. Quando os cimentos com diferentes composições químicas são
hidratados, eles podem ter propriedades diferentes. Desta forma, no mercado existem
vários tipos de cimentos especiais para usos específicos, dependendo das matérias-
primas que foram utilizadas para a sua fabricação (GUEDES; MORAES, 2019).
Portanto os agregados são materiais inertes que, quando misturados com
cimento e água, formam uma massa compacta chamada concreto. Eles são
praticamente o "esqueleto" do concreto, sendo também o elemento majoritário, uma vez
que podem representar entre 70 e 90% do peso total do concreto, por isso são
responsáveis por grande parte de suas características como resistência, densidade,
dureza e aparência. Destes, a função mais importante dos agregados é fornecer parte
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da própria resistência à compressão do concreto, isso é conseguido quando eles são


aglutinados com a pasta de cimento (DE LIMA RODRIGUES, 2018).
Em geral, os agregados naturais ou convencionais são formados por processos
climáticos e abrasivos, ou por moagem artificial (britagem) de uma grande massa de
material ou rocha.
Os principais conceitos que são constantemente mencionados ao longo do
documento e dentro dos quais este trabalho está enquadrado são definidos abaixo. O
concreto é uma mistura heterogênea, constituída por uma pasta de ligação formada por
cimento e água, destinada a dar coesão a um conjunto de materiais granulares (de
enchimento) chamados agregados e às vezes com a inclusão de adições e aditivos, de
acordo com as necessidades específicas. Uma vez ajustada e endurecida, forma uma
pedra artificial que tem a propriedade de resistir ao estresse mecânico (DO
NASCIMENTO et al, 2020).
Na figura 1, observa-se o processo de misturas dos agregados assim
configurando o concreto.

Figura 1 - Misturas dos Agregados

Fonte: Deviante.com.br
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2.2 Resíduos de Construção e Demolição (Rcd)

Resíduos inertes ou resíduos produzidos pela movimentação de terra e


construção de novos edifícios e obras de infraestrutura, bem como os gerados pela
demolição ou reparação de construções antigas. Eles incluem materiais como concreto,
peças de alvenaria, gesso, cal, madeira, elementos metálicos etc. O concreto é o
material mais adequado para a utilização do RCD, produzido a partir da reciclagem de
resíduos de construção e demolição, média de uma seleção de material, trituração e
triagem a utilizar.
A figura 2 traz o esquema da reciclagem, a mesma auxilia na interpretação de
como é feito esse processo diariamente.
Figura 2 - Esquema da Reciclagem

Fonte: kazoepp.com.br
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O concreto convencional é fabricado com agregados convencionais, naturais ou


britado; cujas propriedades já tenham sido suficientemente caracterizadas. Os
agregados para concreto podem ser classificados principalmente de acordo com seu
tamanho, procedência, densidade, forma e textura: de acordo com seu tamanho, eles
são classificados em pedras, que constituem o maior grupo agregado, com mais de
50mm de diâmetro, os cascalhos compõem a fração grossa entre 19,1mm – 50mm, a
fração média chamado cascalho, está na faixa de 4,76mm a 19,1mm e as areias que
têm diâmetros que variam de 0,074mm a 4,76mm (BANDEIRA et al, 2019). O material
fino com diâmetro inferior a 74 mícrons, geralmente é silte ou argila, possui
características que interferem no processo de hidratação do cimento e, por isso, são
considerados nocivos no concreto.
De acordo com sua origem, podem ser classificados em agregados naturais ou
artificiais (entre eles estão os da britagem de concreto),sua densidade depende da
massa por unidade de volume e do volume dos poros, em luz se for menor que 2
ton./m3, normal de 2 a 2,5 ton./m3 e pesado quando for maior que 2,5 ton./ m3 (DA
SILVA; DA ROCHA, 2022).
Os agregados podem ser arredondados, irregulares, angulares, laminares e
alongados. Sua textura é geralmente vítrea, lisa, granular, áspera, cristalina ou
apanada. Em geral, os agregados naturais são formados por processos climáticos e
abrasivos, ou por moagem artificial de uma grande massa do material.
Muitas das características do agregado dependerão das propriedades da rocha
original, como composição química e mineral, classificação petrográfica, gravidade
específica, dureza, resistência, estabilidade química e física, estrutura dos poros, cor
etc., além disso, propriedades como uma boa distribuição de tamanhos de partículas,
forma e textura de superfície adequadas, grãos pouco porosos, que não possuem
substâncias químicas que reagem com a pasta de cimento (afetando sua hidratação ou
adesão), limpos, livres de argila, silte, matéria orgânica, partículas fracas etc.,
influenciam definitivamente as propriedades do concreto e são indispensáveis para que
possam ser utilizados de forma eficiente (SOUZA; SORIANO; PATINO, 2018).
Abaixo está uma descrição das propriedades mais importantes dos agregados. É
a distribuição de tamanho das partículas dos agregados. É determinado passando uma
amostra representativa de agregados através de uma série de peneiras de malha de
arame com aberturas quadradas, ordenadas por abertura, do mais alto para o mais
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baixo. A granulometria é expressa como a percentagem em peso de cada tamanho em


relação ao peso total. A figura 3 ilustra o processo de uma análise de granulometria.

Figura 3 – Análise de Granulometria

Fonte: Laboratório dos Solos (2019)

A resistência ao desgaste, ou dureza de um agregado, é uma propriedade que


depende principalmente das características do leito rochoso. Este fator torna-se
importante quando as partículas vão ser submetidas à fricção contínua, como é o caso
dos pavimentos, para os quais os agregados utilizados devem ser duros. Um agregado
duro é mais resistente à abrasão do que um agregado macio e esponjoso. Os
agregados geralmente têm resistências muito superiores às resistências dos concretos
(DUTRA; OSTROSKI; SOARES, 2021). No entanto, quando é necessário produzir
concretos de alta resistência, é necessário fazer uma seleção cuidadosa dos
agregados, considerando sua resistência. O teor fino não se refere ao teor de areia fina
ou à quantidade de pedras de menor dimensão, mas à sujidade apresentada pelos
agregados quando existem materiais que passam pela peneira de 74m3 (n.º 200),
especialmente lodo, argila, que pode estar presente na forma de um pó solto ou como
um revestimento em partículas agregadas (ALMEIDA et al, 2021).
Esse material isola as partículas agregadas da pasta, fazendo com que elas
percam sua capacidade de ligação, causando uma fraca fase argamassa-agregado e
diminuindo tanto a resistência quanto a durabilidade do concreto. Também pode haver
uma maior demanda por água, pois a superfície a ser umedecida aumenta, aumentando
também o teor de cimento para que a relação água/cimento seja mantida constante. Os
agregados utilizados para a elaboração do concreto não devem perturbar ou afetar as
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propriedades e características do mesmo, pelo contrário, sua limpeza e saneamento


ajudam a obter concreto de qualidade e economia (DA SILVA BARBOSA et al, 2018).
Considera-se que os agregados são limitados se estiverem isentos de argila,
silte, mica, matéria orgânica, sais químicos e poeiras de trituração. Os agregados são
considerados saudáveis se mantiverem a sua composição e integridade sobre
mudanças de temperatura ou umidade e se resistirem à exposição aos elementos. Ao
cumprir estes requisitos, é garantida uma adesão suficiente com a pasta.

3 METODOLOGIA

A metodologia de pesquisa utilizada neste trabalho está fundamentada, quanto à


natureza; básica, aos fins de investigação; como pesquisa descritiva em sua
abordagem; qualitativa e quanto seu procedimento técnico; é do tipo pesquisa
bibliográfica. Esta abordagem metodológica inclui as seguintes etapas: identificação do
problema, pesquisa bibliográfica, avaliação de dados, análise de dados e apresentação
de resultados e discussão. A fim de analisar os dados de uma pesquisa para cumprir
ambos os objetivos afirmados anteriormente, a identificação dos artigos cientistas em
português cobriram os anos de 2011 a 2022 e foi realizado através das bases do
Google Acadêmico.
Exploraram-se as referências citadas nos artigos identificados que também
serviram como estratégia complementar. Assim, em conexão com a temática, os
seguintes conceitos foram considerados: Construção. Resíduos. Sustentabilidade.
Reciclagem de cimento.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após análise das pesquisas, foi possível identificar a viabilidade técnica do RCD,
na produção de produtos feitos em concreto sem função estrutural, que se enquadram
nas normas vigentes. Considerando não somente a viabilidade, mas também o fator
primordial que seria a sustentabilidade e a redução do impacto ao meio ambiente.
Seguindo essa linha de raciocínio verificamos que o ponto importante da
produção do concreto convencional ou o concreto reciclado é o traço, uma vez que ele
influência a sua eficiência e resistência, aonde ele pode ser alterado, mas não deixando
de atingir o mínimo exigido pela norma.
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O concreto reciclado feito de agregados do RCD possui propriedades intrínsecas


que afetam as propriedades do concreto produzido a partir dele. Com massa especifica
baixa e com porosidade no agregado graúdo britado alto e sua forma irregular afetam
diretamente o desempenho do concreto.
Na figura 4, observa-se a irregularidade do formato do Agregado.

Figura – 4 Agregados Reciclável

Fonte: Instituto Brasileiro do Concreto (2016)

Vários estudos têm procurado melhorias no RCD em suas propriedades, com


objetivo de adicional aditivo e cimentos para preencher seus vazios e poros.
Figura 5 – Microestrutura do concreto com agregado natural (a) e com agregado
reciclado (b).
Figura 5 – Comparação da Microestrutura dos Agregados

Etxeberia (2004)
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Na figura anterior a parte verde mais escura representa a fluorescência da pasta


de cimento porosa. A parte verde mais clara representa os defeitos e poros do
agregado reciclado de concreto.
Na fabricação de concreto a partir do RCD, suas propriedades, como porosidade
e baixa resistência à abrasão, devem ser consideradas, pois são materiais
heterogêneos que variam a cada lote coletado. Além disso, o concreto residual tem
características especiais devido às suas condições de mistura, concreto bruto, etc.
É por isso que o concreto sustentável ao utilizar resíduos, sejam resíduos
urbanos ou resíduos de processos de demolição, é reaproveitada na construção civil,
tendência que acontece em grandes e pequenas edificações com incidência muito alta.
Os resultados da aplicação do Concreto Sustentável são satisfatórios, pois o produto
tem comprovada qualidade de aplicação e rentabilidade.
A figura 6 vem retratar como funciona a aplicação do concreto sustentável
.
Figura 6 - Aplicação do concreto sustentável

Fonte: Fredrik (2014).

Nos parâmetros que especificam o tipo de material, há uma diferença de forma e


rentabilidade entre materiais reciclados e normais, e como não há desperdício nestas
normas, é difícil aplicar e introduzir materiais reciclados. A espessura pode variar
afetando assim a aplicação sua estrutura produz efeitos diferentes, lembre-se que para
escolher cada tipo de agregado, todas as propriedades físicas devem ser consideradas
e os grãos são classificados para obter os melhores resultados na construção civil
ajustando o processo de otimização.
A pesquisa realizada pelo GUEDES (2019) apresentados resultados dos ensaios
de resistência à compressão e assentamento à série de misturas de concreto,
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resultados de resistência à britagem, permeabilidade, pressão hidrostática, absorção


em tubulação e módulo de ruptura no caso de meios-fios. Mostra a análise econômica
da reciclagem de concreto na planta de pré-moldados.
Várias séries de misturas de concreto foram desenvolvidas em laboratório, a fim
de conhecer o comportamento do material reciclado e sua influência nas características
básicas do concreto, como a operabilidade e resistência à compressão de amostras
cilíndricas.
A tabela a seguir resume os resultados obtidos nos ensaios de decantação e
resistência à compressão de misturas de concreto. Nela é possível acompanhar a
porcentagem alterada em cada corpo de prova de seus respectivos traços.

Tabela 1: Número de misturas

Fonte: Guedes (2019).

Como pode ser observado o assentamento da mistura aumenta à medida que


aumenta o percentual de substituição de agregados convencionais pelo agregado de
concreto reciclado. Isto significa que, para um consumo de cimento igual e uma relação
a /c, o agregado reciclado aumenta a capacidade de gestão da mistura.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A principal diferença entre agregados convencionais e agregados de concreto


reciclado, obtida através do processo de britagem proposto neste projeto, reside na
capacidade de absorção do material. Os resultados dos ensaios mostram que o
concreto reciclado tem uma absorção de 8,18%, a porção desse material que passa na
peneira nº 4, tem 5,86% e reteve 3,84%;enquanto a absorção de cascalho convencional
está entre 2,38 e 2,83% e na areia convencional, é de 1,13%. Isto é devido à grande
quantidade de pasta de cimento em pó e argamassa encontrada no agregado fino e
aderida ao agregado grosso.
Devido, entre outros fatores, à perda de massa e desgaste produzidos durante o
processo de britagem, a densidade agregada do concreto reciclado é menor que a do
agregado convencional, 2,39 g/cm3, em comparação com 2,47-2,49 g/cm3. Além disso,
os resultados do teste na máquina anjo mostram que o cascalho de concreto reciclado
tem um desgaste maior de 28,2%, enquanto no cascalho convencional o desgaste é de
cerca de 20%.
A gradação do material é boa, depende do processo de britagem e geralmente
corresponde, em média, à combinação de 35% de cascalho e 65% de areia. Se o
material for separado, a areia resultante é mais grossa do que a convencional (rio) e o
cascalho está entre 3/8 e 1/2 polegadas respectivamente sendo com uma tendência
grosseira.
Nas misturas de concreto realizadas em laboratório, à medida que o percentual
de substituição do agregado convencional pelo concreto reciclado foi aumentado, a
resistência à compressão diminuiu progressivamente até atingir 70% da resistência da
mistura controle, quando a substituição é de 20%, confirmando os resultados de
diversas investigações sobre o tema. Com esse mesmo percentual de substituição do
cascalho convencional por cascalho de concreto reciclado, 70% da resistência da
mistura de controle também foi alcançada, enquanto, quando a areia convencional foi
substituída por areia de concreto reciclado, na mesma proporção (20%) a resistência
dessas misturas atingiu 80% da alcançada por a mistura de controle. Isso pode indicar a
presença de pó reativo da argamassa e pasta de cimento original nos agregados finos
de concreto reciclado.
Os resultados dos ensaios realizados nas amostras das misturas industriais
também indicam que a resistência à compressão diminui gradualmente com o aumento
do teor de concreto reciclado, mas em uma menor proporção; atingindo em média 85%
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da resistência da mistura feita com agregados convencionais, para uma reposição de


20%. Essa mesma porcentagem de perda de resistência foi mantida para misturas com
diferentes teores de cimentação, relações a/c e combinações de agregados.
Ao misturar em laboratório, para a mesma relação a/c, houve um ligeiro aumento
na maneabilidade do concreto, com aumento no teor de material reciclado. Nas
misturas de concreto "secas", feitas para a fabricação de produtos, nenhuma grande
diferença foi encontrada no consumo de água para alcançar a gerenciabilidade
desejada.
A absorção de amostras de produtos contendo agregado reciclado atende às
especificações das normas, mas é maior, em comparação com a de produtos feitos com
agregados convencionais, sendo essa diferença menor do que a encontrada entre os
próprios agregados. A resistência mecânica dos produtos feitos com agregado reciclado
também foi afetada pela inclusão desse material. No tubo reforçado, houve perda de
15% na resistência à trituração, com a reposição máxima de 20%. Nos demais
produtos, a resistência à trituração (tubo não reforçado) e o módulo de ruptura (meios-
fios) sofreram pequenas alterações, o que indica que o uso desse material não tem
consequências danosas sobre essas propriedades dos produtos.
O concreto reciclado pode ser utilizado como agregado, nas proporções
estudadas, na fabricação de tubos reforçados, meios-fios e em piso de calçamento
intertravado de concreto, mantendo rigoroso controle sobre os resultados dos ensaios
aplicados a esses produtos.
Atualmente em Pouso Alegre, existe somente uma empresa de reciclagem – a
Disk. Entulho J. Rios, empresa privada da qual é responsável pela coleta e destinação
dos resíduos das obras. A mesma realiza a britagem e separação dos materiais
coletados a serem reciclados. No seu processo de reciclagem é fabricado três tipos de
agregados sendo eles: pó reciclado e as britas de 4 cm e 10 cm.
Após o agregado já pronto os seus principais clientes são as prefeituras das
cidades circunvizinhas á sua sede. Grande parte de sua fabricação é na maioria das
vezes utilizado nas pavimentações de estradas rurais.
Nas figuras 7, 8 e 9 observa-se respectivamente os agregados citados acima.
Sendo a esteira apenas uma parte de todo o maquinário.
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Figura 7: Brita 4 cm

Fonte: Autores (2022)

Figura 8: Brita 10 cm

Fonte: Autores (2022)


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Figura 9: Pó Reciclado

Fonte: Autores (2022)


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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