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Identificação de Medidas de Adaptação Soft e Hard para Minimizar os


Impactos da Mudança Climática no Setor de Transporte Aéreo

Conference Paper · November 2022

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4 authors, including:

Gabriella Machado Darze Victor Hugo Souza de Abreu


Federal University of Rio de Janeiro Federal University of Rio de Janeiro
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Levantamento de impactos e riscos climáticos sobre a infraestrutura federal de transporte terrestres (rodoviário e ferroviário) existente e projetada View project

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IDENTIFICAÇÃO DE MEDIDAS DE ADAPTAÇÃO SOFT E HARD PARA
MINIMIZAR OS IMPACTOS DA MUDANÇA CLIMÁTICA NO SETOR DE
TRANSPORTE AÉREO
Gabriella Machado Darze1, Victor Hugo Souza de Abreu 1, Elton Fernandes1 & Andréa Souza Santos 1
¹Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e
Pesquisa de Engenharia (COPPE)

* Endereço de e-mail do autor correspondente: gabriella.darze@pet.coppe.ufrj.br

PAPER ID: SIT175

RESUMO

O setor de transportes possui uma característica particular: embora seja um dos setores que
mais contribuem para o aumento das emissões de gases de efeito estufa, é um dos que mais sofre
com os impactos das mudanças climáticas em sua infraestrutura e operação. Assim, é necessário
que, para além dos esforços de promoção de medidas de mitigação, esforços significativos para
reduzir as vulnerabilidades às alterações climáticas sejam feitos, aumentando a resiliência do setor.
Nesse contexto, o setor de transporte aéreo é particularmente vulnerável ​às condições climáticas
adversas, que variam de acordo com a localização geográfica, resultando em riscos operacionais,
atrasos e perda de receita . Assim, este estudo busca identificar na literatura as medidas de
adaptação (tanto soft quanto hard) que vêm sendo adotadas pelos tomadores de decisão para
aumentar a resiliência do transporte aéreo frente aos impactos das mudanças climáticas por meio de
uma revisão sistemática da literatura com abordagem bibliométrica. Para isso, foram consideradas
quatro etapas: (i) protocolo de revisão; (ii) buscas diretas e documentais; (iii) processamento de
dados (repositório de pesquisa); e (iv) análise sistemática dos estudos identificados. Durante a
revisão, foram identificados como exemplos de medidas de adaptação: (i) em um contexto soft,
maior colaboração em nível global, avaliação de risco e gestão adaptativa, desenvolvimento de
sistemas de medição para avaliar e comparar a vulnerabilidade do espaço aéreo e dos aeroportos e
inclusão dos aspectos das alterações climáticas no plano director de gestão do tráfego aéreo do
aeroporto; (ii) em um contexto hard, alterações na infraestrutura aeroportuária e estrutura de
aeronaves, alteração de horários de voos em dias quentes, realocação de voos para aeroportos
maiores e alteração modal em casos de impossibilidade de voo. O desenvolvimento desta pesquisa
envolve avançar na questão de analisar a questão: essas medidas serão suficientes para o cenário
futuro das mudanças climáticas? Se não, que novas medidas seriam necessárias?

Palavras-chave: Transporte Aéreo, Mudança Climática, Soft Adaptation, Hard Adaptation.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de


Nível Superior - Brasil - Código de Financiamento 001. Este trabalho contou com o apoio da
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, sob o número
#2021007191.
1. INTRODUÇÃO isso, são realizadas buscas diretas em bases de
dados e buscas documentais, como
Embora seja um dos setores que mais complementação. Para cumprir os objetivos do
contribuem para o aumento das emissões de estudo, além da seção introdutória, a Seção 2
Gases de Efeito Estufa (GEE), com 23% das aborda a metodologia adotada para a condução
emissões globais de CO2 em 2019, o setor de das buscas, as Seções 3 e 4 apresentam
transportes é também um dos que mais sofre resultados bibliométricos e sistemáticos,
com os impactos da mudança climática em sua respectivamente, e a Seção 5 contém as
infraestrutura e operação. Dessa forma, exige-se considerações finais, com sugestões para
que esforços significativos sejam empregados estudos futuros sobre o tema.
para identificar vulnerabilidades da mudança
climática e tendências na adaptação,
2. METODOLOGIA
aumentando assim a resiliência do setor (IPCC,
2014; Jamillo et al. 2022). Ainda assim, Este estudo consiste em uma revisão
medidas de adaptação dos transportes às sistemática da literatura com abordagem
mudanças climáticas ainda são escassas e bibliométrica a respeito do estado da arte
espalhadas por um amplo número de periódicos referente às medidas de adaptação do setor
e autores, com ênfase no transporte rodoviário e aéreo frente aos impactos decorrentes de
aquaviário, e muito menos no transporte extremos climáticos. Dessa forma, os objetivos
ferroviário e aéreo (Eisenack et al., 2012). do estudo são definidos, as principais palavras
No âmbito do setor de transporte aéreo, de busca são escolhidas, uma busca direta em
os aeroportos são frequentemente classificados diferentes bases de dados (Scopus, Web of
como infraestrutura nacionalmente crítica , dada Science e Google Acadêmico) é realizada para a
a importância de facilitar tanto a mobilidade, criação e análise do repositório de pesquisa. As
quanto o crescimento econômico de um país. No fases da pesquisa encontram-se na Figura 1.
entanto, eles são particularmente vulneráveis às
condições meteorológicas e climáticas adversas,
como temperaturas mais altas, aumento do nível
do mar e episódios de precipitação intensa, que
variam de acordo com a localização geográfica
e a escala das operações, resultando em atrasos
e perda de receita - rendimento do aeroporto -
(Stamos, Mitsakis & Grau, 2015; Burdidge,
2016a). Além dos impactos observados nos
aeroportos, alterações no funcionamento das
aeronaves e nas operações dos voos também
estão presentes, como atrasos ou cancelamento
de voos devido a mudanças de rotas na presença
de tempestades, limitações do peso máximo das
aeronaves em decorrência de elevadas
temperaturas, dentre outros impactos (Burdidge,
2016b).
Nesse sentido, este estudo busca destacar
medidas de adaptação (tanto hard adaptation,
que consiste em medidas de cunho físico e
estrutural, quanto soft adaptation, que consiste
Figura 1. Etapas de desenvolvimento do estudo.
em medidas de governanças, educação e
participação social [de Abreu, 2022]) que
Primeiramente, os objetivos do estudo
podem ser implantadas por tomadores de
são definidos, assim como as palavras-chave e
decisão para aumentar a resiliência do setor de
suas combinações. Os termos de busca foram
transporte aéreo frente aos impactos da mudança
"climate change", "air transport*" e
climática em sua infraestrutura e operação. Para
"adaptation". A busca incluiu palavras-chave e indo além do repositório de pesquisa. Essa
tópicos de busca. estratégia foi adotada para melhor compreensão
A busca direta nas bases de dados retornou da evolução dos estudos ao longo dos anos, uma
20 resultados na base Scopus, 8 na base Web of vez que o número de publicações obtidas foi
Science e mais de 1 milhão de resultados no baixo. A análise em questão expõe a expansão
Google Acadêmico, no entanto, dada a grande do tema e o nível de importância que tem sido
quantidade de resultados de baixa relevância, dado a ele em escala global. Na busca aqui
apenas as 20 primeiras publicações foram realizada, percebe-se que o tema passa a ser
consideradas nesta última base de dados. Além abordado a partir de 2007, ano em que o Quarto
de buscas em bases de dados, consultas Relatório de Avaliação do Painel
documentais foram realizadas no relatório do Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas,
Painel Intergovernamental de Mudanças publicado em 2007 - AR4 (IPCC, 2007) foi
Climáticas (IPCC, Intergovernmental Panel on publicado, dando maior relevância aos impactos
Climate Change) de 2022 e no relatório do meio da mudança climática sobre os transportes.
ambiente da Organização de Aviação Civil Nota-se, também, um crescimento nas
Internacional de 2019 (ICAO, International publicações após a divulgação do Quinto
Civil Aviation Organization) [IPCC, 2022; Relatório de Avaliação do IPCC - AR5 em
ICAO, 2019]. 2014, atingindo o máximo em 2016 e,
Montado o repositório de pesquisa, as posteriormente, um novo crescimento a partir de
publicações duplicadas foram identificadas e 2020.
removidas, para que, então, os critérios de
seleção pudessem ser aplicados. Foram eles:
apenas estudos dos últimos 10 anos foram
considerados (2012-2022); estudos que não
abordavam impactos da mudança climática
sobre a aviação foram prontamente removidos;
aqueles que não discutiam as limitações sobre as
impactos ou adaptações da mudança climática
no setor aéreo foram removidos; apenas estudos
de fontes relevantes foram considerados;
publicações que não apontavam medidas de
adaptação ou indicações de caminhos futuros
para o alcance da resiliência do setor aéreo fosse
atingida, foram excluídas; além disso, o
prestígio da fonte foi utilizado também como Figura 2. Número de publicações ao longo dos anos. As
linhas em vermelho sinalizam os anos em que foram
critério de seleção, tendo o Fator de Impacto ou publicados os relatórios do IPCC.
importância/relevância da instituição da fonte
como referência. Após a aplicação dos critérios Uma outra análise consiste em verificar
de seleção, apenas 19 estudos foram incluídos quais os países que mais publicam sobre o tema,
no repositório final de pesquisa. expostos na Figura 3. A partir da análise da
Por último, uma análise bibliométrica e figura, é possível perceber uma concentração de
sistemática dos estudos selecionados foi estudos em países desenvolvidos,
conduzida, identificando as principais principalmente do hemisfério norte, tais como
características dos estudos selecionados e as Estado Unidos e Reino Unido, indicando uma
medidas de adaptação abordadas frente aos carência de estudos em países subdesenvolvidos
extremos climáticos. ou em estágio de desenvolvimento, que
3. DISCUSSÕES apresentam maior vulnerabilidade aos impactos
da mudança climática , em virtude de maiores
Os estudos incluídos no repositório de restrições orçamentárias e menores
pesquisa puderam ser agrupados de acordo com investimentos em pesquisas sobre o assunto.
o ano de suas publicações, presentes na Figura Nesse cenário, destaca-se também o
2. Nela, os primeiros estudos datam de 2008, Brasil, com apenas uma publicação, indicando
que ainda não é dada a devida importância ao
tema e que os principais extremos climáticos
aos quais o sistema aéreo no país está sujeito,
ainda não são devidamente conhecidos. Além
disso, nota-se um maior destaque dado a planos
de adaptação e análises de risco com enfoque
nos setores terrestres, como o ferroviário e o
rodoviário, como projetos como o AdaptaVias,
no âmbito do ProAdapta [Projeto AdaptaVias].

Figura 4. Principais extremos climáticos abordados


nos estudos, presentes no repositório de pesquisa.

Cabe ainda observar os principais


impactos causados ao setor para que melhor se
possa entender as medidas de adaptação
propostas. Quanto aos impactos, uma divisão
pôde ser feita com base em seu tipo: danos
causados à infraestrutura dos aeroportos ou
danos causados à operação do sistema. As
Figuras 5 e 6 expõem os principais impactos. Na
Figura 5, é possível verificar que o dano mais
recorrentemente abordado em relação aos
extremos climáticos refere-se a inundações
Figura 3. Divisão de estudos por região de publicação. decorrentes das elevadas precipitações, seguido
de congelamento das pistas e acúmulo de neve,
A revisão sistemática permitiu ainda que consequência de condições climáticas presentes
os principais extremos climáticos, aos quais o majoritariamente em países de maior longitude.
setor aéreo está sujeito, fossem identificados, Além disso, na Figura 6, nota-se que os
conforme informações apresentadas na Figura 4. principais impactos causados à operação são a
Nela, nota-se que os principais extremos restrição de peso, decorrente das elevadas
climáticos abordados pelas publicações são: (i) temperaturas durante os meses de verão e
aumento das temperaturas, com 25% do total, alterações da demanda, fruto da mudanças na
impactando a operação das aeronaves e a distribuição de temperaturas ao longo dos meses
infraestrutura dos aeroportos, seguido por (ii) do ano, impactando as épocas em que as viagens
aumento do nível do mar (15,9%), afetando são realizadas.
aeroportos em áreas costeiras com inundações e
(iii) precipitações intensas (13,6%), impactando
a segurança e operação das aeronaves, devido às
inundações. Destaca-se ainda que a categoria
“Geral” engloba estudos que abordam mais de
cinco extremos climáticos, dentre esses,
encontram-se artigos de revisão bibliográfica e
artigos que abordam os impactos e possíveis
adaptações frente aos diversos extremos
climáticos no setor aéreo geral, sem abordar
estudos de casos específicos. Figura 5. Impactos dos extremos climáticos na
infraestrutura do setor aéreo.
de impossibilidade de Budd
aumento das pistas de &Ryley,
pouso, devido a (2012).
restrições de área
disponível para tal;
instalar sistemas de
refrigeração nos
aeroportos que ainda
não possuem.

Temperaturas Implementar sistemas Budd &


baixas de descongelamento de Reyley,
aeronaves e remoção de (2012).
neve.
Figura 6. Impactos dos extremos climáticos na
operação do setor aéreo. Tempestades Aceitar desvios Budd &
significativos de planos Ryley,
Além dos fenômenos climáticos, as de voo em virtude de (2012);
medidas de adaptação foram identificadas e tempestades e Bǎlan &
divididas em duas categorias, conforme turbulência; Aprimorar Vasil,
mencionado anteriormente: as chamadas hard os padrões mínimos de (2013).
projeto das aeronaves
adaptations que consistem em medidas físicas para garantir que as
de adaptação, dispostas na Tabela 1, já as soft estruturas das aeronaves
adaptations consistem em medidas de possam suportar as
governança, educação e participação social, tensões estruturais mais
presentes na Tabela 2. Dentre as hard altas que possam ser
impostas a elas.
adaptations percebe-se um destaque para
aumento do tamanho das pistas de Precipitações Instalar melhores Suhrbier,
pouso/decolagem, instalações de sistemas de intensas sistemas de drenagem (2008, May
refrigeração e alterações nos projetos de nas pistas de 15).
aeronaves. Já para as soft adaptations, pouso/decolagem.
percebe-se uma maior quantidade de estudos,
identificando lacunas ainda existentes e maior Tabela 2: Soft adaptations.
colaboração a nível global. Medidas de adaptação Referência

Tabela 1: Hard adaptations. Identificar lacunas no Burbidge, (2018);


conhecimento existente Ryley & Coulter,
Extremo Medidas de adaptação Referência sobre os impactos. (2020); Burbidge
climático (2016a)
Zhou &
Mais de 3 Estudar cada caso mais Implementar políticas que Burbidge, (2018);
Chen,
extremos, detalhado para melhor aumentem a Burbidge (2016a);
(2020);
tais como, compreensão dos conscientização das partes
Suhrbier,
temperaturas principais impactos envolvidas.
(2008, May
elevadas e (análise de risco);
15).
baixas, Mudar a localização de Promover a colaboração a Burbidge, (2018);
tempestades instalações de transporte nível global, com troca de Ryley & Coulter,
e localizadas em regiões informações a respeito de (2020); Suhrbier,
precipitação mais expostas às novas medidas já existentes e (2008, May 15)
intensa. condições climáticas. alertas de novos impactos
decorrentes de novas
Temperaturas Evitar decolagens em Zhao & condições climáticas.
elevadas situações de Sushama,
temperaturas elevadas; (2020), Implementar gestões Burbidge, (2018);
aumentar o tamanho das Debortoli adaptativas de menor Burbidge (2016b)
pistas; remanejar voos et. al, custo, com o intuito de
com aeronaves maiores (2019); evitar arrependimentos
para aeroportos de Dimitriou, (com futuras alterações).
maiores portes, em caso (2016),
Alterar os negócios Dimitriou, D. J. possível consiste em quatro grupos: medidas
aeroportuários para que se (2016); Hepburn voltadas para o planejamento, como estudar
adaptem às novas & Müller, casos mais detalhados dos impactos, mudanças
demandas de passageiros. (2010) na localização de instalações de transportes
alocadas em áreas mais vulneráveis ou em áreas
Fornecer assistência Hepburn &
financeira para países em Müller, (2010) de risco; operação, como evitar os voos em dias
desenvolvimento, para que muito quentes e aceitar alterações nas rotas de
estes possam melhor voo em circunstâncias extremas, como
investir no aumento da tempestades; monitoramento, como criação de
resiliência do setor.
novos indicadores e índices de resiliência para
Investir em substituição Zhou & Chen, melhor acompanhar a evolução do nível de
modal em casos de (2020) adaptação dos sistemas em todo mundo; ações
impossibilidade de corretivas, como melhorias dos sistemas de
operação das aeronaves e drenagem das pistas e aumento dos padrões de
implementação de
políticas e programas
segurança para funcionários que atuam em solo
específicos para agilizar os durante o abastecimento e carregamento das
procedimentos de aeronaves.
substituição modal.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Investir em mais medidas Neumann et. al,
de mitigação, com o (2014) A importância dada aos impactos da
intuito de diminuir os mudança climática no setor aéreo (estratégias de
impactos e,
adaptação) tem crescido nos últimos anos,
consequentemente, os
custos de adaptação. diversificando-se para além dos impactos da
aviação na mudança climática (estratégias de
Criar um novo índice de Poo et. al, mitigação); entretanto, o assunto ainda é
resiliência, de modo que o (2021) incipiente, principalmente quanto a outros
atual estado de
modos de transporte como o rodoviário, por
adaptabilidade do setor
aéreo de cada região possa exemplo.
ser melhor medido e Embora alguns estudos tenham mostrado
analisado. variadas medidas de adaptação, tanto
operacionais, quanto na infraestrutura do setor
Promover ações em áreas Burbidge
que deverão experimentar (2016a)
aéreo, há, ainda, muitas lacunas de
um alto crescimento na conhecimento a respeito do tema. Por exemplo,
demanda e impactos a predominância de estudos em países
significativos das desenvolvidos do hemisfério norte, indica que
mudanças climáticas, muitas ameaças climáticas de países localizados
Aumentar os padrões de Bǎlan & Vasil,
mais próximos ao equador, sujeitos a condições
segurança para os (2013) climáticas adversas daquelas enfrentadas por
funcionários que atuam em países de mais altas latitudes, ainda não são
solo. conhecidas, sugerindo que as medidas de
adaptação existentes talvez não sejam
As Tabelas 1 e 2 apontam que as adequadas para essas regiões. Nesse cenário
medidas de adaptação podem ser divididas de enquadra-se o Brasil, com a maior parcela de
acordo com o tipo de análise desejada. Dois seu território entre o trópico de Capricórnio e a
grupos de estudos, por exemplo são: medidas linha do Equador, o que lhe atribui
voltadas para a adaptação de aeroportos, como características climáticas diferentes daquelas de
aumento das pistas, implementação de sistemas países desenvolvidos do hemisfério norte, mais
de refrigeração e melhores sistemas de distantes dos trópicos.
drenagens das pistas; e medidas voltadas para a Além disso, cabe destacar que, apesar de
adequação das aeronaves, como aprimoração ser um tema em crescimento, há ainda a
dos projetos das aeronaves e descongelamento necessidade de realização de estudos de casos
das aeronaves em dias frios. Outra divisão considerando as características e peculiaridades
locais, inclusive envolvendo Análise de Risco action. Journal of Air Transport
Climático, tornando limitado o conhecimento a Management, 71, 167–174.
respeito dos possíveis impactos e respectivas https://doi.org/10.1016/j.jairtraman.2018
medidas de adaptações. O baixo número de .04.004
publicações que abordam a vulnerabilidade dos Coffel, E. D., Thompson, T. R., & Horton, R.
sistemas de transporte aéreo por meio do uso de M. (2017). The impacts of rising
dados reais para criação de indicadores de temperatures on aircraft takeoff
sensibilidade e capacidade adaptativa no mundo performance. Climatic Change, 144(2),
também é baixa, o que indica, ainda, que as 381–388.
medidas de adaptação sugeridas até o momento https://doi.org/10.1007/s10584-017-2018
podem não ser suficientes para tornar o setor -9
aéreo resiliente, uma vez que diversas Coffel, E., & Horton, R. (2015). Climate change
circunstâncias ainda são desconhecidas. and the impact of extreme temperatures
Essa carência de estudos abre, assim, on aviation. Weather, Climate, and
possibilidades de estudos futuros que abordem Society, 7(1), 94–102.
regiões ainda pouco estudadas, assim como https://doi.org/10.1175/wcas-d-14-00026
outros extremos climáticos, cujos impactos .1
ainda são pouco conhecidos. Além disso, de Abreu, V. H. S., Santos, A. S., & Monteiro,
aconselha-se que o nível atual de resiliência dos T. G. M. (2022). Climate change impacts
sistemas seja melhor conhecido para que novas on the road transport infrastructure: A
medidas de adaptação possam ser propostas e, systematic review on adaptation
assim, tornem-se suficientes para aumentar o measures. Sustainability, 14(14), 8864.
grau de resiliência do setor em um cenário de https://doi.org/10.3390/su14148864
mudança climática. Debortoli, N. S., Clark, D. G., Ford, J. D.,
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