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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIENCIAS TECNOLOGIA E SAÚDE - CCTS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
CURSO: ENGENHARIA CIVIL

Componente Curricular: Hidráulica Experimental


Docente: Maria José de Sousa Cordão
Discente: José Roberto Lima Paixão Filho
Matrícula: 131671642

PERDA DE CARGA SINGULAR

ARARUNA, Março de 2016.


Sumário

1. Introdução ....................................................................................................................................... 2
2. Objetivo ........................................................................................................................................... 2
3. Fundamentação teórica.................................................................................................................... 3
3.1. Perdas de carga singulares....................................................................................................... 3
3.2. Método do comprimento equivalente ...................................................................................... 4
4. Metodologia .................................................................................................................................... 5
4.1. Materiais utilizados ................................................................................................................. 5
4.2. Métodos ................................................................................................................................... 5
5. Resultados e discussões................................................................................................................... 6
6. Conclusões ...................................................................................................................................... 8
7. Referências bibliográficas ............................................................................................................... 9

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1. Introdução

O escoamento em dutos é estudo de grande importância, pois dutos são responsáveis


pelo transporte de fluídos desde os primórdios da civilização. Os romanos se revelaram
grandes projetistas de sistemas de transporte de água a grandes distancias. Esses sistemas,
alguns deles até hoje em operação, revelam o caráter inovador da tecnologia então empregada.
Fazia parte desses sistemas estruturas grandiosas conhecidas como aquedutos, encanamentos
por onde se leva água, de um ponto ao outro, sobre arcadas ou sob a plataforma das vias de
comunicação.
Do ponto de vista da hidráulica, o tema central de interesse são as características do
escoamento dos fluídos no interior de dutos e, devido à sua importância, o cálculo da perda de
carga, pois dela depende o projeto e dimensionamento das instalações de transporte de
fluídos.
Na prática as canalizações não são constituídas exclusivamente de tubos retilíneos e de
mesmo diâmetro. Usualmente, as canalizações apresentam acessórios especiais (válvulas,
registros, medidores de vazão etc.) e conexões (ampliações, reduções, curvas, cotovelos etc.)
que pela sua forma geométrica e disposição elevam a turbulência, resultando em perdas de
carga. Estas perdas são denominadas localizadas, acidentais ou singulares, pelo fato de
decorrerem especificamente de pontos ou partes bem determinadas da tubulação ao contrário
do que ocorre com as perdas em consequência do escoamento ao longo dos encanamentos.
Para a maioria dos acessórios ou conexões utilizados nas instalações hidráulicas, não
existe um tratamento analítico para o cálculo da perda de carga desenvolvida. Trata-se de um
campo eminentemente experimental, pois a avaliação de tais perdas depende de fatores
diversos e de difícil quantificação.

2. Objetivo

Analisar a perda de carga em singularidades através de um aparato experimental a fim


de determinar o coeficiente de perda de carga singular das mesmas.

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3. Fundamentação teórica
3.1. Perdas de carga singulares

As perdas de carga singulares para qualquer singularidade podem ser expressas pela
seguinte equação geral:

( )

Onde:
V - Velocidade média do fluxo do fluido (m/s);
K - Coeficiente de perda de carga localizada (adimensional);
- Aceleração da gravidade (m/s²).
A velocidade média do fluido geralmente é calculada utilizando a equação da
continuidade, onde esta é dada por:

( )
Onde:
Q - Vazão do escoamento (m³/s);
V – Velocidade média do escoamento (m/s);
A - Área de seção transversal (m²).
Para se determinar vazão é necessário recorrer a sua definição sendo ela o volume de
fluido (V) que atravessa certa seção de escoamento por unidade de tempo (t).

( )

Outras equações podem ser utilizadas para se determinar a perda de carga, o Teorema
de Bernoulli é uma delas, onde a energia se conserva durante todo o escoamento. Este
teorema é dado por:

( )

3
Onde:
Z – Carga da altitude que o fluido possui em relação ao referencial adotado (m);
P/γ – Carga de pressão (m);
V²/ – Carga cinética (m);
h – Perda de carga (m).

3.2. Método do comprimento equivalente

Outro tipo de perda de carga no decorrer de uma tubulação é a perda de carga contínua
que se dá em decorrência da resistência ao escoamento devido ao atrito entre o fluido e a
tubulação, sendo influenciada pela viscosidade do fluido, pela rugosidade do material do
conduto, pelo diâmetro do tubo, etc. O método moderno mais utilizado para o cálculo de
perda de carga contínua é a equação universal, na qual Darcy e Weisbach chegaram a uma
expressão válida para se calcular a perda de carga em qualquer fluido. A formulação é dada
por:

( )

Onde:
h – Perda de carga (m)
f – Coeficiente de atrito (adimensional);
D – Diâmetro da tubulação (m);
V – Velocidade média do escoamento (m/s);
– Aceleração da gravidade (m/s²).
Em especial, o coeficiente de atrito da tubulação para qualquer regime de escoamento
é dado por:

{( ) [ ( ) ( ) ] } ( )

Onde:
- Rugosidade do material;
- Número de Reynolds.

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Com Reynolds podendo ser expresso pela equação (7):

( )

Onde:
D – Diâmetro da tubulação (m);
V – Velocidade média do escoamento (m/s);
= Viscosidade cinemática do fluido que escoa.
Uma canalização que possui ao longo de sua extensão diversas singularidades, sob o
ponto de vista de perda de carga, equivale a um encanamento retilíneo de comprimento maior,
sem singularidades. Desta forma o método do comprimento equivalente consiste em adicionar
à extensão da canalização, para efeito de cálculo, comprimentos tais que correspondam à
mesma perda de carga que causariam as singularidades existentes na canalização, onde a
perda de carga passa a ser calculada pela equação (5). Para mensurar o valor do comprimento
virtual gerado por uma singularidade igualam-se as equações (5) e (1), obtendo-se:

( )

4. Metodologia
4.1. Materiais utilizados
 Cronômetro;
 Manômetro diferencial;
 Trena;
 Painel de perda de carga, feito com tubulação de PVC.

4.2. Métodos

Inicialmente a bomba acoplada no painel de perda de carga foi ligada na potência


máxima gerando um fluxo d’água no painel. Primeiramente realizou-se a análise de perda de
carga para um registro de gaveta localizado numa tubulação de ¾’’. O manômetro diferencial
foi ligado ao registro sendo aferida a diferença de pressão nos pontos imediatamente antes e
após o mesmo. Prosseguindo o experimento foi medida a vazão no sistema utilizando um
recipiente de vidro cujo volume era conhecido, onde foi anotado o tempo para que o
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recipiente fosse cheio de água. Esse procedimento de aferição temporal foi repetido três
vezes, obtendo-se uma média de tempo, a qual foi usada a fim de determinar a vazão para a
potência máxima da bomba. Todo o processo foi realizado novamente para a bomba operando
em uma potência menor, esta definida arbitrariamente.
Após analisar o registro de gaveta, foi aferida a perca de energia em duas curvas de
90º ligadas em série na vertical de ¾’’, onde foi necessário medir a diferença de altura entre
os pontos imediatamente antes e após das curvas através da utilização de uma trena. Feito
isso, todo o procedimento descrito para o registro de gaveta foi realizado para as curvas.

5. Resultados e discussões

A figura 1 mostra o layout das singularidades estudadas no experimento.

Figura 1 - Modelo de um registro de gaveta (direita) e duas curvas de 90º (esquerda)

Os dados obtidos em laboratório para o escoamento no painel de preda de carga estão


expressos na tabela 1.

Tabela 1 - Dados obtidos em laboratório

Diferença de Pressão Tempo Aferido (s) Média de


Singularidade
(kPa) T1 T2 T3 Tempo (s)
2,60 61,36 61,04 60,99 61,13
Registro de Gaveta
1,40 64,39 64,53 64,36 64,43
7,40 54,41 53,81 54,31 54,18
Curvas de 90º
0,50 76,83 77,00 76,97 76,93

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Com os dados da tabela 1, é possível obter a vazão nos condutos e a velocidade nos
mesmos, uma vez que o diâmetro das tubulações é igual a 18,75 mm resultando numa área
transversal de 2,76. 10-4 m². Com isso aplicando os dados às equações (2) e (3) é possível
confeccionar a tabela 2.

Tabela 2 - Vazões e velocidades nos condutos


Volume do Média de
Singularidade Vazão (L/s) Velocidade (m/s)
Recipiente (m³) Tempo (s)
0,04361 61,13 0,713 2,583
Registro de Gaveta
0,04403 64,43 0,683 2,475
0,04361 54,18 0,805 2,915
Curvas de 90º
0,04403 76,93 0,572 2,073

Para a obtenção do coeficiente de perda de carga (K) é imprescindível descobrir a


perda de carga nas singularidades, sendo possível obtê-la através do Teorema de Bernoulli
(equação (4)). Após determinar as perdas de carga é finalmente possível obter o valor
numérico de K a partir da equação (1). Os valores de K e perda de carga estão expressos na
tabela 3.

Tabela 3 - Perdas de carga e valor de K nas singularidades

Singularidade Vazão (L/s) Velocidade (m/s) Perda de Carga (m) K

0,713 2,583 0,265 0,778


Registro de Gaveta
0,677 2,475 0,143 0,458
0,805 2,915 0,605 1,396
Curvas de 90º
0,572 2,582 -0,10 -0,452

Com isso obtêm-se os valores médios de K de 0,618 e 0,236 para o registro de gaveta
e uma curva de 90º respectivamente. Os resultados obtidos no experimento foram um pouco
discrepantes se comparados aos valores teóricos apresentados em PORTO, 2006, o qual
estipula valores de 0,2 para o registro de gaveta e 0,4 para uma curva de 90º nas mesmas
condições de escoamento.

7
Para obter-se a perda de carga pelo método dos comprimentos equivalentes é
necessário calcular o comprimento virtual . Utilizando a equação (7) foi encontrado o
coeficiente de atrito da tubulação , que foi utilizado na equação (8) para calcular os
comprimentos virtuais. Através da equação (5) também foi possível calcular as perdas de
carga para os comprimentos equivalentes obtidos para as singularidades. Todos esses valores
estão dispostos na tabela 4.

Tabela 4 - Comprimentos virtuais e perda de carga


Singularidade Diâmetro (mm) (mm) (m) Perda de carga (m)
Registro de 0,0219 0,778 0,665 0,265
18,75 0,005
Gaveta 0,0221 0,458 0,388 0,143
Curvas de 0,0214 1,396 1,221 0,605
18,75 0,005
90º 0,0229 -0,452 -0,370 -0,1

Com isso obtêm-se os valores médios de de 0,527 m e 0,213 m para o registro de


gaveta e uma curva de 90º respectivamente. Os resultados obtidos no experimento foram um
pouco discrepantes se comparados aos valores teóricos apresentados em PORTO, 2006, o
qual estipula valores de 0,2 m para o registro de gaveta e 0,5 m para uma curva de 90º para os
mesmos diâmetros dos analisados em laboratório. Observa-se que os valores das perdas de
carga calculados pelo método do comprimento equivalente foram idênticos aos apresentados
na tabela 3, validando a relação para comprimento virtual de uma singularidade expresso pela
equação (8).

6. Conclusões

Com base nos dados obtidos em laboratório e nos resultados mensurados através dos
mesmos se conclui que experimento foi mal sucedido no sentido de determinar os valores de
coeficientes de perda de carga e dos comprimentos virtuais das singularidades, visto que
alguns desses valores foram negativos. No geral os resultados obtidos experimentalmente
apresentam uma discrepância em relação a valores teóricos disponíveis na bibliografia
adotada, fato este explicado por possíveis erros de medição por parte do manômetro
diferencial empregado.

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7. Referências bibliográficas

PORTO, Rodrigo de Melo. Hidráulica Básica. São Carlos: Eesc-USP, 2006.


BISTAFA, Sylvio R. Mecânica dos Fluidos: Noções e Aplicações. Blucher, 2010.
BRUNETTI, Franco. Mecânica dos Fluídos. Editora Pearson, 2007.

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