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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIENCIAS TECNOLOGIA E SAÚDE - CCTS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL - DEC
CURSO: ENGENHARIA CIVIL

Componente Curricular: Hidráulica Experimental


Docente: Maria José de Sousa Cordão
Discente: José Roberto Lima Paixão Filho
Matrícula: 131671642

ANÁLISE DE UM SISTEMA ELEVATÓRIO

ARARUNA, Abril de 2016.


Sumário

1. Introdução ....................................................................................................................................... 2
2. Objetivo ........................................................................................................................................... 2
3. Bomba centrífuga e ponto de operação do sistema ......................................................................... 3
4. Perda de carga e vazão em condutos ............................................................................................... 4
5. Cavitação ......................................................................................................................................... 6
5.1. N.P.S.H. (Altura de Aspiração Positiva – Net Positive Suction Head) ................................... 7
5.1.1. N.P.S.H. requerido (N.P.S.H.req) ..................................................................................... 7
5.1.2. N.P.S.H. disponível (N.P.S.H.d) ...................................................................................... 8
6. Metodologia .................................................................................................................................... 8
6.1. Materiais utilizados ................................................................................................................. 8
6.2. Métodos ................................................................................................................................... 9
7. Resultados e discussões ................................................................................................................... 9
8. Conclusões .................................................................................................................................... 13
9. Referências bibliográficas ............................................................................................................. 14

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1. Introdução

Os condutos com escoamento devido à gravidade são o ideal quando se pretende


transferir o fluido no espaço, porém à medida que se vão esgotando os locais
topograficamente propícios tornam-se necessários aplicarem-se métodos mecânicos para a
elevação e transporte de fluido. Os sistemas que operam devido à gravidade são econômicos,
mas com reduzida flexibilidade, limitados pelo desnível geométrico e capacidade de vazão.
Em alguns sistemas, é necessário fornecer a energia ao fluido para se obter maiores pressões,
velocidades, vazões ou atingir cotas geométricas elevadas, nestes sistemas utilizam-se
bombas.
Neste contexto bombas são máquinas que tem a finalidade de realizar o deslocamento
de um líquido de um ponto a outro. Uma bomba transforma o trabalho mecânico recebido de
uma fonte motora em energia que, posteriormente, será transferida ao fluido sob a forma de
energia de pressão ou energia cinética, elevando a velocidade de escoamento do líquido.
Entre as inúmeras aplicações dos sistemas elevatórios podem ser citadas a captação de
água em rios, a extração de água em poços, a adução com bombeamento, utilização em
sistemas de esgoto, na distribuição de água potável, na recuperação de cotas, na reversão de
capacidade de geração de hidrelétrica, dentre outras inúmeras aplicações.
Porém em sistemas elevatórios geralmente pode ocorrer um fenômeno danoso às
bombas denominado de cavitação sendo definido como fenômeno de vaporização de um
líquido pela redução de pressão, durante seu movimento a uma temperatura constante. Desta
forma deve-se levar em consideração a cavitação em projetos de sistemas elevatórios, no
intuito de evitar problemas futuros nas tubulações.

2. Objetivo

Analisar um sistema elevatório recalcado por uma bomba centrífuga e estimar o ponto
de operação do sistema, assim como verificar se há ocorrência do fenômeno de cavitação no
sistema em estudo.

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3. Bomba centrífuga e ponto de operação do sistema

Bombas centrífugas são bombas que tem como princípio de funcionamento a força
centrífuga através de palhetas e impulsores que giram no interior de uma carcaça estanque,
jogando líquido do centro para a periferia do conjunto girante. Um exemplo de bomba
centrífuga pode ser observada na figura 1.

Figura 1 – Bomba centrífuga

Toda bomba possui diagramas disponibilizado pelo fabricante que retratam o real
comportamento da mesma, mostrando o relacionamento entre as grandezas que caracterizam
o seu funcionamento. Geralmente esses diagramas relacionam a altura manométrica da bomba
e a vazão do escoamento por ela proporcionada. No experimento a analisado utilizou-se uma
bomba centrífuga SCHNEIDER cuja curva característica é apresentada abaixo pela figura 3.

Figura 2 - Curva da Bomba


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Um sistema elevatório hidráulico na sua forma mais simples é constituído por um
reservatório de sucção de onde será retirado o fluido através da tubulação de mesmo nome
conectada em uma bomba utilizada para elevar tal fluido a um reservatório geralmente de cota
mais elevada por uma tubulação de recalque vencendo as perdas de carga e o desnível
topográfico entre os reservatórios.
O ponto de operação de um sistema hidráulico é o ponto onde a curva do sistema dada
pela equação 1, intercepta a curva da bomba disponibilizada pelo fabricante.

Onde:
– Energia necessária para vencer o sistema (m);
– Diferença de cotas entre o reservatório de sucção e o reservatório de recalque;
– Perda de carga total do sistema (m).

Figura 3 - Ponto de operação do sistema

4. Perda de carga e vazão em condutos

Várias equações podem ser utilizadas para se determinar a perda de carga, o Teorema
de Bernoulli é uma delas, onde a energia se conserva durante todo o escoamento. Este
teorema é dado por:

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Onde:
Z – Carga da altitude que o fluido possui em relação ao referencial adotado (m);
P/γ – Carga de pressão (m);
V²/ – Carga cinética (m);
Δh – Perda de carga (m).

Outra equação empírica, comumente utilizada para o cálculo de perda de carga em


tubulações com diâmetro em geral acima de 4’’ é a de Hazen-Willians que é expressa da
seguinte forma:

Onde:
C – Coeficiente de Hazen-Willians (adimensional);
D – Diâmetro interno da tubulação (m);
L – Comprimento da tubulação (m);
Q – Vazão do escoamento (m³/s)
Δh – Perda de carga (m).

Para se determinar vazão é necessário recorrer a sua definição sendo ela o volume de
fluido (Vol) que atravessa certa seção de escoamento por unidade de tempo (t).

Na prática as canalizações não são constituídas exclusivamente de tubos retilíneos e de


mesmo diâmetro. Usualmente, as canalizações apresentam acessórios especiais (válvulas,
registros, medidores de vazão etc.) e conexões (ampliações, reduções, curvas, cotovelos etc.)
que pela sua forma geométrica e disposição elevam a turbulência, resultando em perdas de
carga. Estas perdas são denominadas localizadas, acidentais ou singulares, pelo fato de
decorrerem especificamente de pontos ou partes bem determinadas da tubulação ao contrário
do que ocorre com as perdas em consequência do escoamento ao longo dos encanamentos.

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Estas perdas de carga localizadas para qualquer singularidade podem ser expressas pela
seguinte equação geral:

Onde:
V - Velocidade média do fluxo do fluido (m/s);
K - Coeficiente de perda de carga localizada (adimensional);
- Aceleração da gravidade (m/s²).

5. Cavitação

A palavra cavitação tem origem do latim “cavus” que significa buraco ou cavidade e é
utilizada para descrever o processo de nucleação, crescimento e colapso das bolhas de vapor
em um fluido. A cavitação é um fenômeno físico pertinente somente à fase líquida das
substâncias, podendo ser observado em diversos sistemas hidrodinâmicos como em hélices de
navios, bombas radiais, bombas centrífugas, turbinas e válvulas, sendo na maioria das vezes
indesejada a sua presença, pois provoca redução na eficiência do equipamento.
Nos sistemas hidráulicos há uma variação da pressão estática absoluta devido às
perdas de carga e características do equipamento. Nestes sistemas, caso ocorra uma
diminuição da pressão estática absoluta do fluido transportado e se esta pressão se torne igual
ou inferior a pressão de vapor desta substância, pressão Pv na figura 4, pode ocorrer a
vaporização instantânea do líquido, devido a possibilidade de coexistirem a fase líquida e a
fase vapor, ocasionando a formação de bolhas de vapor no seio do líquido.

Figura 4 - Gráfico do diagrama de fase (Brennen, 1995)


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Com a formação das bolhas de vapor há uma mudança nas características do
escoamento, que pode tornar-se transiente. Esta mudança pode ocasionar oscilações no
escoamento e vibrações na máquina que por consequência pode afetar o rendimento do
sistema hidráulico. Por essa razão os fabricantes especificam as limitações dos seus produtos.
Para se determinar que um sistema sofra ou venha a sofrer ou não com a cavitação é
necessária a análise da altura de aspiração positiva (N.P.S.H.).

5.1. N.P.S.H. (Altura de Aspiração Positiva – Net Positive Suction Head)

O N.P.S.H. é um importante conceito que permite avaliar as condições de aspiração de


uma bomba centrífuga e fazer uma previsão da margem de segurança contra os efeitos da
cavitação, durante o funcionamento da bomba.

5.1.1. N.P.S.H. requerido (N.P.S.H.req)

Uma bomba centrífuga só irá trabalhar satisfatoriamente se não existir formação de


vapor no seu interior. Para tal, a pressão do fluido deverá ser sempre superior a sua pressão de
vaporização. Então, o N.P.S.H.req é o valor mínimo requerido pela bomba para que não ocorra
cavitação. O N.P.S.H.req é dado pelo fabricante em forma de gráfico, e para o experimento
analisado a curva é dada pela figura 4.

Figura 5 - N.P.S.H. requerido

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5.1.2. N.P.S.H. disponível (N.P.S.H.d)

Corresponde ao valor de N.P.S.H. disponível na instalação, na zona da aspiração da


bomba. Este valor deverá ser sempre superior ao N.P.S.H.req, por forma a assegurar a
inexistência de cavitação na bomba. Na prática para garantir que não ocorra cavitação é
adotada uma folga entre as curvas de 0,5 m para a qual a bomba não deve operar para valores
de vazão recalcada superiores ao valor de vazão para a folga entre as curvas de N.P.S.H. req e
N.P.S.H.d. O valor do N.P.S.H.d é determinado através da equação:

Onde:
– Pressão atmosférica;
– Pressão de vapor do fluído;
- Peso específico do fluido;
– Altura estática de sucção, tendo valor positivo para sistemas afogadas e negativo para
sistemas não afogados;
– Perda de carga na sucção.

Figura 6 - Limite de operação para não ocorrer cavitação

6. Metodologia
6.1. Materiais utilizados
 Cronômetro digital;
 Trena;
 Balde aferido;
 Bomba centrífuga WEG BPI-21 R/F com diâmetro do rotor 133 mm.

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6.2. Métodos

Inicialmente ligou-se a bomba centrífuga produzindo um fluxo d’água na tubulação,


cuja vazão do escoamento foi mensurada com o auxilio de um balde aferido, onde se
cronometrou o tempo para que o mesmo fosse cheio. Posteriormente realizou-se a aferição do
comprimento da tubulação de recalque do sistema com o auxílio de uma trena onde foram
catalogadas as singularidades e o diâmetro da tubulação.

7. Resultados e discussões

Abaixo seque a representação do sistema elevatório em estudo representado pela


figura 7.

Figura 7 - Representação do sistema elevatório

Sabendo que o volume ocupado pela água no balde aferido foi de 22,5 cm x 38 cm x
11,7 cm resultando em um volume de 10003,5 cm³ onde foram aferidos os tempos necessários
para encher o reservatório onde se observou o escoamento utilizando o registro de gaveta
totalmente e parcialmente aberto. Com isso utilizando a equação (4) foi possível determinar a
vazão no sistema. Estes dados e as vazões se encontram na tabela 1.

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Tempo aferido (s)
Registro Tempo médio (s) Vazão (l/s)
t1 t2 t3
Totalmente aberto 4,55 4,80 4,58 4,64 2,16
Semiaberto 9,49 9,64 9,70 9,61 1,04
Tabela 1 - Dados obtidos em laboratório e vazão calculada

Com o auxílio de uma trena foi possível determinar o comprimento da tubulação assim
como catalogar as singularidades, onde de acordo com PORTO, 2006 estas singularidades
representam um acréscimo no comprimento total na tubulação denominado comprimento
equivalente das singularidades. Tais dados de comprimento da tubulação e de equivalência de
comprimento por parte das singularidades estão expressos na tabela 2 onde o diâmetro de
sucção é de 2’’ e a tubulação de recalque tem 1,5’’ de diâmetro.

Tubulação de Sucção
Singularidades Comprimento equivalente (m) Trecho contínuo (m)
Joelho de 90º 3,4
Válvula de pé com crivo 23,7 1,7
Registro de gaveta 0,8
Tubulação de Recalque
Singularidades Comprimento equivalente (m) Trecho contínuo (m)
6 Joelho de 90º 19,2
2 curvas de 45º 1,2
2 Registro de gaveta 1,4 41,46
Tê de passagem direta 2,2
Válvula de retenção leve 6,8
Tabela 2 – Dados obtidos em campo

Com os valores de vazão apresentados na tabela 1 e a equação (3) é possível obter uma
expressão para a perda de carga no conduto através da equação de Hazen-Willians sabendo
que o coeficiente de rugosidade para o PVC tem valor numérico de 150 e que o comprimento
utilizado é o somatório dos comprimentos equivalentes das singularidades e dos
comprimentos dos trechos contínuos se obtêm:

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 Para a tubulação de sucção:

 Para a tubulação de recalque:

Para o sistema elevatório tem-se que o mesmo utiliza a soma das perdas de carga de
sucção e recalque sendo expresso pela soma entre as identidades (5) e (6). Sabendo que o
desnível topográfico entre os reservatórios é de 5,01 m e substituindo os valores de desnível e
perda de carga resultante na equação (1) é obtida a curva do sistema elevatório, que é dada
por:

Com essa equação torna-se possível através do software matemático MAPLE 13,
traçar a curva do sistema, assim como a curva da bomba fornecida pelo fabricante. Desta
forma foi possível obter o ponto de operação do sistema onde a bomba estava recalcando uma
vazão de aproximadamente 13,66 m³/h, tendo uma altura manométrica de 28,34 m. O ponto
de operação pode ser observado abaixo na figura 6.

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Figura 8 - Ponto de operação do sistema

Para verificar se ocorre o fenômeno da cavitação na tubulação de sucção é necessário


encontrar a curva do N.P.S.H. disponível do sistema através da equação (4) sabendo que a
bomba era não afogada que a perda de carga na sucção é dada pela equação (5), onde a
pressão atmosférica no local era 101,1 KPa e a pressão de vapor da água vale
aproximadamente 3,14 KPa . Desta forma se obtêm:

Como a curva do N.P.S.H. requerido foi dada pelo fabricante tornou-se possível
determinar a vazão máxima em que o sistema possa operar para que o sistema não cavite. Isto
é possível analisando o ponto de interceptação das curvas de N.P.S.H. onde tal vazão máxima
foi de 23,21 m³/h. A margem de segurança, em termos de vazão, para que o fenômeno da
cavitação não ocorre sendo dada pela folga de 0,5 m onde a vazão máxima recomendada tem
valor de 22,35 m³/h, tal dado obtido por método numérico. Tais curvas e vazões podem ser
observadas na figura 8.

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Figura 9 - N.P.S.H.d e N.P.S.H.req

A partir das vazões obtidas na tabela 1 observa-se que as mesmas estavam abaixo do
ponto de operação ideal do sistema e consequentemente abaixo da vazão máxima para ocorrer
a cavitação. Com isso verifica-se que não há cavitação no sistema elevatório.

8. Conclusões

Com base nos dados obtidos em laboratório e em campo e nos resultados mensurados
através dos mesmos se conclui que a bomba WEG BPI-21 R/F tem desempenho aceitável
para elevar a água do ponto de coleta ao reservatório do sistema, uma vez que a altura
manométrica elevada pela mesma no ponto de operação especificado é superior a altura
geométrica mais as perdas de carga do sistema. Verificou-se que o sistema não cavita, pois a
vazão máxima recomendada (ou vazão de margem de segurança) para não ocorrer cavitação é
superior a vazão do escoamento.

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9. Referências bibliográficas

PORTO, Rodrigo de Melo. Hidráulica Básica. São Carlos: Eesc-USP, 2006.

BRUNETTI, Franco. Mecânica dos Fluídos. Editora Pearson, 2007.

Cavitação em bombas centrífugas. Disponível em: http://www.industriaeambiente.pt/xFiles/


scContentDeployerIA_pt/docs/Doc1443.pdf. Acesso em 09 de abril de 2016.

Fenômeno da cavitação. Disponível em: http://www.tede.udesc.br/tde_busca/arquivo.php?


codArquivo=1290. Acesso em 09 de abril de 2016.

Cavitação: Como entender esse fenômeno. Disponível em: http://mgstecnologia.com.br/noticias/


admin/arquivos/Cavitacao.pdf. Acesso em 09 de abril de 2016.

Curvas BPI-21. Disponível em: http://www.schneider.ind.br/media/203664/Curvas-BPI-21.pdf.


Acesso em 09 de abril de 2016.

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