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Análise de Corrosão Por Cavitação Em Bombas Centrífugas Numa Torre de

Resfriamento

2019

Lucas Henrique Moura de Souza


Robson dos Santos Oliveira

Professor Doutor Dener Martins dos Santos

Resumo

Este artigo realizou uma pesquisa científica e de campo numa grande cervejaria tendo como
base a análise e caracterização da corrosão em bombas centrífugas que a princípio acreditava-
se ser proveniente do fenômeno da cavitação, problema muito presente nas indústrias e de
grande impacto na eficiência dessas bombas. O desenvolvimento deste trabalho realizou-se
através de constantes acompanhamentos do funcionamento, desempenho das bombas em
campo e pesquisas bibliográficas para demonstrar toda a influência da modificação de
determinados parâmetros operacionais nas variáveis de processo e subsequentemente nos
resultados obtidos. Através desse constante acompanhamento, pode-se definir as verdadeiras
causas do fenômeno de corrosão que vinha sendo observado nas bombas centrífugas inseridas
num sistema de torres de resfriamento como será demonstrado neste trabalho.

1. Introdução

“A cerveja, se bebida com moderação, torna a pessoa mais dócil, alegra o espírito e promove
a saúde.” (Thomas Jefferson, 1795).

Segundo o portal BeerCast (2019), a Companhia das Índias Orientais foi responsável por
trazer as primeiras cervejas ao Brasil em conjunto aos Holandeses, porém desaparecendo em
1654 devido a preferência dos brasileiros da época por cachaça, licores e vinhos. Somente em
1808 a Família Real portuguesa trouxe de volta a cerveja ao país. Dom João, sendo um grande
apreciador de cerveja, decretou a abertura dos portos para outras nações neste período,
abolindo o monopólio comercial ali existente.
Devido a uma crescente demanda de produção das cervejas, o bom funcionamento de
equipamentos mecânicos e elétricos inseridos no processo produtivo se faz cada vez mais
necessário onde à eficiência energética e diminuição do custo de produção é cada vez mais
exigido. Devido a essa premissa, fenômenos provenientes dos processos indústrias que são
prejudiciais para os sistemas devem ser cada vez melhor analisados e tratados a fim de se
evitar eventuais falhas nos equipamentos e consequentes perdas financeiras. Um dos
equipamentos que detêm um cuidado especial de manutenção tanto preditiva quanto
preventiva são as torres de resfriamento devido ao seu elevado grau de importância na cadeia
de produção da cerveja. Além disso, as bombas centrífugas que realizam o bombeamento do
fluído resfriado para se chegar à temperatura ideal de produção da cerveja também devem
receber um cuidadoso tratamento de manutenção e operação.

2. Conceitos de mecânica dos fluídos

Para o entendimento acerca do presente trabalho, será apresentado neste capítulo alguns
conceitos de mecânica dos fluídos, essenciais para compreendermos os parâmetros envolvidos
nos cálculos e caracterização da cavitação em bombas centrífugas que estão inseridas nas
torres de resfriamento.

2.1 Vazão
A vazão é uma característica que pode ser representada em função do volume ou da massa de
um fluído.
Para o caso de vazão volumétrica, é definida como sendo um volume de fluído que passa por
uma seção em um determinado intervalo de tempo.

Para o caso da vazão mássica, é definida como uma quantidade de massa de fluido que passa
por uma seção em certo período de tempo.

A vazão volumétrica pode também ser determinada por outra relação, envolvendo a
velocidade do fluido e a área da seção da tubulação, conforme mostrado abaixo:

Sendo A, a área de seção circular definida pela seguinte fórmula:

2.2 Tipos de escoamento


Podemos classificar o escoamento como laminar ou turbulento. O Número de Reynolds é o
parâmetro necessário para fazer essa classificação. Para valores acima de 2400 considera-se
regime turbulento e para valores abaixo de 2000 considera-se regime laminar. Para casos
intermediários, zona crítica, é preciso uma análise mais profunda, pois caracteriza-se como
escoamento transitório. O parâmetro é adimensional e sua expressão encontra-se abaixo:

Onde V é calculado por:

2.3 Teorema de Bernoulli


O teorema de Bernoulli é um caso particular de conservação de energia. Equacionando-se o
balanço de energia em um volume de controle, e aplicando simplificações ao sistema (regime
permanente, sem troca de trabalho, sem atrito e incompressível) chega-se a expressão abaixo
que correlaciona energia de pressão, energia cinética e energia potencial em um elemento de
fluido.

3. Torres de resfriamento

Segundo MORAN (2002), uma torre de resfriamento é essencialmente uma coluna de


transferência de massa e calor, projetada de forma a permitir uma grande área de contato entre
as duas correntes. Isto é obtido mediante a aspersão da água líquida na parte superior e do
“enchimento” da torre, isto é, bandejas perfuradas, colmeias de materiais plástico ou metálico,
etc. que aumenta o tempo de permanência da água no seu interior e a superfície de contato
água – ar.
As torres de resfriamento são as mais empregadas nos sistemas de refrigeração de grande
porte, visto que seu melhor desempenho está nesta área de aplicação. Num sistema de
refrigeração a torre de resfriamento representa a fonte quente do ciclo termodinâmico e
merece grande atenção para sua seleção e controle em operação. (DOSSAT, 1994)
Na literatura sobre torres de resfriamento são comumente encontrados dois parâmetros para a
avaliação do desempenho de uma torre de resfriamento: efetividade e eficiência. De acordo
com KHAN e ZUBAIR (2001), a efetividade de uma torre é definida como a razão da energia
que efetivamente é trocada e o máximo valor possível de energia a ser transferida. Segundo
FISENKO e PETRUCHIK (2004), a eficiência pode ser definida como a razão entre a
diferença de temperatura de entrada e saída de água na torre, e a diferença entre as
temperaturas de entrada e de bulbo úmido local.
Figura 1 - Torre de resfriamento de tiragem natural
Fonte: <http://www.coa.org.br/wp-content/uploads/2015/10/usina-nuclear.jpg>

3.1 Range
O range de uma torre de resfriamento é definido como a diferença das temperaturas de
alimentação da torre (água quente de entrada) e de devolução da torre (água de saída,
resfriada).

3.2 Approach
O approach de uma torre de resfriamento é a diferença das temperaturas de devolução da torre
(água de saída, resfriada) e da temperatura de bulbo úmido do ar na entrada da torre.

Figura 2 - Range e approach


Fonte: <http://chemicalengineeringsite.in/wp-content/uploads/2016/10/Cooling-Tower-Efficiency.jpg>

3.3 Eficiência
Na prática, para torres de resfriamento, comumente é utilizado o conceito de eficiência de
resfriamento, dado por:
3.4 Purga (blow down)
Todo tanque deve ter instalado um dreno em sua parte inferior, para caso haja a necessidade
de esvazia-lo. A purga nada mais é que a ação de “descarga” de um tanque. A intenção da
purga é retirar do tanque o excesso de resíduos (sujeiras, material orgânico, excesso de sais e
qualquer outro resíduo depositado no fundo do tanque) que prejudicam de alguma forma o
uso do mesmo.

4. Bombas

4.1 Bombas hidráulicas


As bombas hidráulicas são máquinas geratrizes que recebem trabalho mecânico fornecido por
uma máquina motriz, transformando-o em energia hidráulica, impondo, dessa forma, ao
líquido um acréscimo de energia sob a forma de energia potencial de pressão e cinética
(MACINTYRE, 1997). As bombas podem ser classificadas com base nas suas aplicações, os
materiais aos quais são construídos, os líquidos com os quais trabalham, e até mesmo quanto
a sua orientação no espaço (KARASSIK et al., 2001).

4.2 Curva característica da bomba centrífuga


O desempenho de uma bomba centrífuga para uma dada velocidade do rotor e um líquido com
uma viscosidade conhecida é representado por gráficos da altura manométrica total versus
vazão volumétrica, ou capacidade, e potência versus capacidade. Estas curvas são
denominadas curvas características da bomba. São fornecidas pelo fabricante e, geralmente,
para operação com água à temperatura ambiente. (POTTER, 2010)
O formato mais comum da curva característica de uma bomba centrífuga segue na figura 3.

Figura 3 – Gráfico da curva característica de uma bomba centrífuga.

Fonte: Adaptado de PQI 2303 Operações Unitárias I (2013)

A altura manométrica total máxima que a bomba pode fornecer corresponde à vazão zero. À
medida que a vazão de líquido aumenta a altura manométrica cai. A bomba pode operar em
qualquer um dos pontos da curva. Com o aumento da viscosidade na curva fica mais inclinada
e a área cinza aumenta.
A altura manométrica fornecida pela bomba, a uma dada vazão, independe da densidade do
líquido bombeado. Assim, quanto maior a densidade do líquido maior o degrau de pressão
fornecido pela bomba. A relação entre estas duas variáveis é dada pela equação abaixo:

4.3 Curva do sistema


A curva da tubulação, mais usualmente conhecida como curva do sistema é uma curva traçada
no gráfico Hm x Q e a sua relevância está na determinação do ponto de trabalho da bomba,
pois esse é obtido no encontro dessa curva com a curva característica da bomba.
A figura 4 representa o esquema de um sistema de bombeamento típico, onde escolhemos o
plano horizontal de referência (phr) passando pela linha de eixo da bomba.

Figura 4 - Sistema de bombeamento típico


Fonte: <https://teslaconcursos.com.br/wp-content/uploads/2016/05/Bombeamento.pdf>

4.4 Cavitação
Cavitação é um fenômeno de ocorrência limitada a líquidos, com consequências danosas para
o escoamento e para as regiões sólidas onde a mesma ocorre. O estudo da cavitação pode ser
dividido em duas partes: o fenomenológico, que corresponde à identificação e combate à
cavitação e seus efeitos; e o teórico, onde interessa o equacionamento do fenômeno, visando a
sua quantificação no que se refere às condições de equilíbrio, desenvolvimento e colapso das
bolhas. Para o perfeito entendimento da cavitação, torna-se necessário abordar o conceito de
pressão de vapor.

4.5 Pressão de vapor


Pressão de vapor de um líquido a uma determinada temperatura é aquela na qual o fluido
coexiste em suas fases líquidas e vapor.

Figura 5 – Pressão de vapor


Fonte: <http://www.dequi.eel.usp.br/~tagliaferro/Apostila_de_Bombas.pdf>
Nessa mesma temperatura, quando tivermos uma pressão maior que a pressão de vapor,
haverá somente a fase líquida e quando tivermos uma pressão menor, haverá somente a fase
vapor. Observa-se, que a pressão de vapor de um líquido cresce com o aumento da
temperatura. Analisando a curva de pressão de vapor, verificamos que podemos passar de
uma fase para outra, de várias maneiras, por exemplo:
 Mantendo a pressão constante e variando a temperatura;
 Mantendo a temperatura constante e variando a pressão;
 Variando pressão e temperatura.
Assim, mantendo-se a pressão de um líquido constante, (por ex. pressão atmosférica) e
aumentando-se a temperatura, chegaremos até um ponto em que a temperatura corresponde à
pressão de vapor e passamos a ter a ebulição.

4.6 Região principal de cavitação


Pelo que foi exposto, concluímos que a região que está susceptível à cavitação é a sucção da
bomba, pois é onde o sistema de bombeamento apresenta a menor pressão absoluta. Portanto
o ponto crítico para a cavitação é à entrada do rotor. Nesta região a quantidade de energia é
mínima, pois o líquido ainda não recebeu nenhuma energia por parte do rotor. Assim, a
cavitação, normalmente, inicia-se nesse ponto, em seguida, as cavidades são conduzidas pela
corrente líquida provocada pelo movimento do rotor, alcançando regiões de pressão superior à
de vapor do fluído, onde se processa a implosão das cavidades (bolhas).

4.7 NPSH – Net positive suction head


O NPSH é um conceito oriundo da escola americana, que predominou entre os fabricantes
instalados no país e na norma da ABNT que trata de ensaios de cavitação em bombas. A
condição Peabs  Pv é necessária, mas não suficiente, pois pôr detalhes construtivos poderá
ocorrer cavitação no interior da própria máquina. Em termos práticos, o procedimento usual
para analisarmos a operação de determinada bomba num sistema, é através do conceito de
NPSHREQ e NPSHDISP. O NPSH representa a “Energia Absoluta” no flange de sucção,
acima da pressão de vapor do fluído naquela temperatura e pode ser calculado pela fórmula
abaixo:

4.8 NPSH Requerido (NPSHreq)


Cada bomba, em função de seu tamanho, características construtivas, etc. necessita de uma
determinada energia absoluta (acima da pressão de vapor) em seu flange de sucção, de tal
modo que a perda de carga que ocorrerá até à entrada do rotor não seja suficiente para
acarretar cavitação, quando operada naquelas condições de vazão. A esta energia
denominamos NPSH REQUERIDO. Os fabricantes de bombas fornecem o NPSH requerido,
através de uma curva NPSHreq x VAZÃO, para cada bomba de sua linha de fabricação,
conforme figura abaixo:

Figura 6 - NPSHreq x Vazão


Fonte: <http://www.dequi.eel.usp.br/~tagliaferro/Apostila_de_Bombas.pdf>

4.9 NPSH Disponível (NPSHdisp)


O NPSH disponível é uma característica do sistema e representa, ou define a quantidade de
energia absoluta disponível no flange de sucção da bomba, acima da pressão de vapor do
fluído naquela temperatura. O NPSH disponível pode ser calculado de duas formas:
 Fase de projeto;
 Fase de operação.
4.9.1 NPSH Disponível fase de projeto
O esquema abaixo representa duas situações de instalações hidráulicas, a primeira com a
bomba succionando de um reservatório cujo nível está acima da linha de centro da bomba
(bomba afogada) e a segunda com a bomba succionando de um reservatório com cota inferior
à linha de centro da bomba.

Figura 7 – Esquema de bomba afogada e não afogada


Fonte:< http://www.dequi.eel.usp.br/~tagliaferro/Apostila_de_Bombas.pdf >

Logo, pode ser calculado pela seguinte equação:

4.9.2 NPSH Disponível fase de operação


O NPSH disponível na fase de operação pode ser calculado pela seguinte equação:

4.10 Perda de carga


A perda de carga pode ser mais bem modelada pela soma de perdas em trechos retos chamada
de perda de carga normal, HFN, e perdas pontuais em acidentes na linha chamada de perda de
carga localizada, HFL.

4.10.1 Perda de carga normal (HFN)


Em regime turbulento, a perda normal é mensurada pela equação de Darcy-Weisbach:

A perda normal é função direta do fator de atrito, que depende do tipo de escoamento. No
caso laminar, o fator de atrito pode ser obtido pela fração 64/Re. Na zona crítica e no regime
completamente turbulento, o fator de atrito é expresso pela equação de Colebrook-White e
depende do número de Reynolds e da rugosidade relativa, onde, varia segundo: o material e o
processo de fabricação da tubulação, o líquido bombeado e a idade do projeto.

4.10.2 Perda de carga localizada (HFL)


O escoamento em uma tubulação pode exigir a passagem do fluido através de uma variedade
de acessórios, curvas ou mudanças de área. Ao passar por estes dispositivos, perdas de carga
adicionais, chamadas de perdas de carga localizadas ou singulares, são encontradas, sobretudo
como resultado da separação do escoamento. Essas perdas variam de dispositivo para
dispositivo e, devido à complexidade do escoamento no interior destes, esta perda de carga
adicional normalmente é determinada experimentalmente e, para a maioria dos componentes,
são fornecidas na forma adimensional. A expressão mais comumente utilizada para modelar
uma perda de carga localizada, hfl, é:

4.11 Fator de atrito


Nota-se que a equação de Colebrook-White é implícita, pois é impossível isolar o fator de
atrito que consta nos dois lados da expressão. Dessa forma, a única forma de resolvê-la é
utilizando algum método interativo de cálculo numérico. Outros métodos mais simples foram
desenvolvidos para evitar essa empreitada. São elas: formulas teórico-experimental e Ábaco
de Moody.

4.12 Ábaco de Moody


No caso completamente turbulento, entramos com o diâmetro e material da tubulação no
Ábaco de Moody e saímos diretamente com o fator de atrito do lado direito do ábaco. No caso
de zona crítica, entramos com as mesmas informações no mesmo ábaco, mas saímos com a
informação do lado esquerdo, de rugosidade relativa. Com essa informação e o número de
Reynolds, entramos no ábaco de Moody, e saímos com o fator de atrito.

Figura 8 – Ábaco de Moody


Fonte: <https://www.ebah.com.br/content/ABAAAASJIAF/diagrama-moody-mecanica-dos-fluidos >

5. Desenvolvimento

5.1 Levantamento dos dados


Para a realização dos cálculos, foram levantados os seguintes dados da instalação através da
placa de identificação do motor da motobomba:

 Rotação do motor (rpm);


 Vazão bomba (m³/h);
 Marca e Modelo da motobomba;
 Potência do motor.
Figura 9 – Placa da moto bomba
Fonte: Autor

Após o levantamento de dados da placa do motor, foi obtido através da Tabela da KSB o
NPSH requerido para tal equipamento, como vemos na figura 10:

.
Figura 10 – NPSH requerido
Fonte: Adaptado de Catálogo técnico KSB
NPSH Requerido: 5 MCA
Feito a medição linear da tubulação e do diâmetro da seção de entrada da moto bomba até a
torre de resfriamento.

5 4 1
2
3

Figura 11 – Sistema de tubulações, seção 1 até 5


Fonte: Autor

9 88

Figura 12 – Sistema de tubulações, seção 6 até 9


Fonte: Autor
14
10 13
11 12

Figura 13 – Sistema de tubulações, seção 10 até 14


Fonte: Autor

Tabela 1 – Seções lineares


Fonte: Autor

Tabela 2 – Conexões e acessórios


Fonte: Autor
Foi levantado referências das válvulas e das reduções a fim de se obter os valores de
coeficiente de perda de carga (K)

Figura 14 - Tabela de perda de carga localizada


Fonte: < http://wiki.urca.br/dcc/lib/exe/fetch.php?media=perda-de-carga-localizada.pdf >

Figura 15 – Coeficientes de perda de carga em válvulas


Fonte: Adaptado da NBR12214
Figura 16 – Coeficiente de perda de carga em dutos
Fonte: Adaptado de Macintyre (1997)

Após a aquisição do coeficiente de perda carga dos acessórios em tabelas, foi feito os cálculos
para determinação da velocidade de escoamento do fluido em cada seção. Posteriormente
foram feitos os cálculos de Número de Reynolds para determinação do tipo de escoamento.
Vale ressaltar que em cada trecho foi corrigido o valor de Reynolds devido à mudança da
seção transversal (diâmetro) e consequentemente mudança da velocidade do fluido.
Foi obtido em tabela os valores da massa específica e viscosidade dinâmica para determinação
do Número de Reynolds.

Figura 17 – Propriedades físicas da água


Fonte: < https://www.perdiamateria.eng.br/Transcal/000.htm >

Com posse dos valores de Reynolds e da rugosidade do material (tubo), foi possível encontrar
o valor do fator de atrito através do Ábaco de Moody.
5.2 Cálculos
Seção 1:
Dados:
 Vazão total trecho =560m³/h =0,1556m³/s
 Diâmetro interno tubulação : 0,20638 metros

Determinação da velocidade de escoamento:

, = 4,65 m/s

Determinação do Número de Reynolds:

, =

Determinação da Rugosidade Relativa:

, = 0,0002228

Determinação do fator de atrito através do Ábaco de Moody

Determinação da perda de carga da Seção 1:

, = 0,016 MCA

Seção 2:

Dados:
 Vazão total trecho =560m³/h = 0,1556m³/s
 Redução excêntrica 14x8 polegadas

Determinação da velocidade de escoamento:

, = 1,68 m/s

Determinação da perda de carga na seção 2:


, = 0,00719 MCA

Seção 3:

Dados:
 Vazão total trecho = 560m³/h = 0,1556m³/s
 Diâmetro interno da tubulação: 0,34290 metros
Determinação da velocidade de escoamento
, = 1,68 m/s
Determinação Número Reynolds
, =
Determinação da rugosidade relativa
, = 0,0000134

Determinação do fator de atrito através do Ábaco de Moody.

Determinação da perda de carga na seção 3:


, = 0,00130 MCA

Analogamente as mesmas considerações foram levadas em consideração para a realização dos


demais cálculos nas seções restantes, chegando aos seguintes valores finais:

Tabela 3 – Resultados obtidos nos cálculos


Fonte: Autor

Segundo informações consultadas no Wikipédia, o local onde está situada a torre de


resfriamento está a uma altitude em relação ao nível do mar de 387 metros.
A relação matemática mais aceita entre a altitude de um local e a correspondente Patm é dada
pela equação abaixo, (JENSEN et al.1990).

= 96,73 PA = 9,86 MCA

Determinação da pressão de vapor d’água na temperatura de trabalho da torre:


Figura 41 – Pressão de vapor d’água
Fonte: <https://www.feducador.brasilescola.uol.com.br>

Pressão de vapor 28ºc = 28,4 mmHG= 0,358 MCA

Segundo a equação de NPSH disponível:

= 8,0 MCA

5.3 Resultados e discussões


Após a execução dos cálculos e interpretação dos resultados de perda de carga e de NPSH
disponível, foi constatado que os componentes do sistema de bombeamento não estavam
sofrendo o processo de cavitação por erros de projeto no dimensionamento do sistema, afinal
o NPSH disponível é de praticamente 50% maior que o NPSH requerido.
Através de um levantamento de dados anteriores e uma constante conversa com a equipe de
manutenção e operação do sistema foi detectado que o “tal ruído” descrito pela equipe se dava
pela falta de nível no tanque coletor da torre em função de não acionamento da válvula
responsável por realizar o abastecimento do tanque, válvula esta que era acionada
manualmente por um colaborador.
Após inspeção detalhada do sistema e das tubulações abaixo da ligação das bacias foi
detectado que parte das válvulas manuais do tipo borboleta estavam fechadas e outras estavam
entupidas com sólidos provenientes do processo de evaporação da água e depósito de sujidade
no fundo. Esse entupimento das canalizações de ligação dos vasos comunicantes se deu pela
falta de limpeza do sistema e pela falta de purga periódica para concentrados de fundo e
superfície.
A drenagem dos concentrados sólidos da bacia da torre era realizada por uma válvula de 2
polegadas acionada manualmente, foi feito a troca do conjunto por uma eletropneumática e
ajustado para realizar a drenagem periódica de modo automático.
Após a execução de limpeza do sistema, foi verificado que o nível de água da torre sofria
oscilações durante o dia, pelo fato de ser toda manual e executada pelos colaboradores, diante
disso foi constatado que as boias de regularização do nível estavam danificadas e isso afetava
o nível e consequentemente a pressão do sistema de sucção.
Esse problema foi corrigido pela equipe de manutenção que fez a instalação de um sensor de
nível na bacia da torre de resfriamento e automação do sistema de reposição de água da rede

6. Conclusão

Diante dos problemas mencionados, chegamos à conclusão que os depósitos de sujidade se


deram pela falta de limpeza e pela falta de purga de fundo, a de teorização dos rotores foi
ocasionada pela falta de nível dos tanques proveniente do não acionamento das válvulas que
eram manuais, necessitando que um operador acionasse a mesma, o que nem sempre ocorria,
propiciando a cavitação do sistema pela falta de NPSH disponível ocasionada pela variação da
altura geométrica, além de entrada de ar no sistema de sucção.
O desgaste dos parafusos de fixação do rotor e dos componentes metálicos da torre de
resfriamento era oriunda da má qualidade da água de resfriamento, já que foi detectado que o
PH estava fora do recomendado pelo fabricante do equipamento, fizemos a troca dos
parafusos de aço 1045 por aço inoxidável, que possui a característica de ser resistente a
corrosão.
Esse desequilíbrio do PH se deu por conta da grande quantidade de amônia no sistema de
resfriamento, cuja fonte já foi detectada e reparada. A amônia vinha de um chiller que estava
dando passagem para o sistema, contaminando o mesmo.
Vale ressaltar o ganho financeiro, já que a troca ou manutenção dos equipamentos que vinham
sofrendo com as avarias é consideravelmente alto, e como mencionado é cada vez mais
exigido uma redução dos custos nos processos industriais.
Como sugestão para os próximos trabalhos, seria uma análise mais profunda das influências
da alteração do PH da água nos processos industriais.
7. Referências

Cortinovis, G. F.; Song, T. W. Funcionamento de uma torre de resfriamento de água, Revista de Graduação
da Engenharia Química, Sao Paulo-SP, 2006.

DOSSAT, Roy J. Princípios de Refrigeração / Roy J. Dossat; tradução Eng° Raul Peragallo Torreira – SP: Ed.
Hemus Limitada, 1994.

GERMER, Eduardo. MÁQUINAS DE FLUXO. Curitiba, 2015. Acessado em: 15/04/2019. Disponível em:
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KARASSIK, Igor J; MESSINA, Joseph P.; COOPER, Paul; HEALD Charles C. Pump Handbook. 2001 – Ed.
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MACINTYRE, Archibald. Bombas e Instalações de Bombeamento, 1997. Editora ISBN – 1° ed.

MELLO, Mario Sergio de Oliveira. Torres de Resfriamento, 2016. Acessado em 15/05/2019. Disponível em:
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MORAN, Michel J. Princípios de Termodinâmica para Engenharia. Tradução Francesco Scofano Neto – RJ:
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POTTER, M. C., & Wiggert, D. C. Mecânica dos Fluidos, 2010. 1º ed. São Paulo: Cengage Learning.

QUEIROZ, Renan Lopes de; LUIZ, Vitor Hugort; SANCHEZ, Renato Brito. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
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conclusão de curso. Faculdade ENIAC. Acessado em: 13/05/2019. Disponível em:
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SILVA, Jesué Graciliano da Silva. Introdução à Tecnologia da Refrigeração e da Climatização. Jesué


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STOECKER, Wilbert F.; JABARDO, José Maria Sáiz. Refrigeração Industrial, Editora Edgar Blucher LTDA,
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TREYBAL, Robert E. OPERAÇÕES DE TRANSFERENCIA E MASSA. Editora: McGraw Hill Higher


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