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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO KATANGOJI

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÊNICA

TRABALHO DE REFRIGERAÇÃO VENTILAÇÃO E


CLIMATIZAÇÃO:

CENTRAIS TERMOELÉTRICAS

ESTUDANTE: FRANK FERNANDES RANGEL/857

LIC. ENGENHARIA MECÂNICA

LUANDA/2024

Índice
I. INTRODUÇÃO.............................................................................................4
1.1. O Ciclo de Rankine como Espinha Dorsal:............................................4
1.2. Objetivos................................................................................................4
II. CICLO RANKINE IDEAL..............................................................................6
2.1. Análise energética para o ciclo rankine ideal.........................................7
2.2. O ciclo rankine com irreversibilidades....................................................9
2.3. Aumento na eficiência do ciclo rankine................................................10
III. CENTRAIS TERMOELÉTRICAS...............................................................13
IV. GERAÇÃO TERMELÉTRICA..................................................................15
4.1. Combustíveis.......................................................................................17
4.1.1. Petróleo e Seus Derivados............................................................18
4.1.2. Carvão Mineral..............................................................................18
4.1.3. Gás Natural................................................................................... 19
4.1.4. Combustíveis Nucleares................................................................20
4.1.5. Biomassa.......................................................................................21
4.1.6. Solar..............................................................................................21
4.2. Esquemas, Principais Tipos e Configurações......................................22
4.2.1. Centrais a Diesel...........................................................................22
4.2.2. Centrais a vapor ( Não Nucleares )...............................................22
4.2.3. Centrais nucleares.........................................................................24
4.2.4. Centrais a Gás...............................................................................25
4.2.5. Termelétricas com sistemas de ciclo combinado – Gaseificação. .28
4.2.6. Gaseificação do Carvão Mineral....................................................29
4.2.7. Gaseificação da Biomassa............................................................30
4.2.8. Termelétricas a vapor....................................................................32
4.2.9. Termelétricas a Gás e Diesel.........................................................35
V. CONCLUSÃO............................................................................................ 37
VI. BIBLIOGRAFIA....................................................................................... 38

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I. INTRODUÇÃO

No âmbito da disciplina, exploramos um campo de estudo crítico e


intrincado, mergulhando nos princípios fundamentais da engenharia de vapor.
Neste contexto, as centrais termoelétricas se destacam como objetos de
estudo essenciais, representando uma convergência complexa entre a
termodinâmica, a engenharia elétrica e as aplicações práticas de vapor. Esta
introdução acadêmica visa situar as centrais termoelétricas dentro do escopo
dessa disciplina, proporcionando uma base robusta para a compreensão dos
processos, desafios e inovações relacionadas à geração de eletricidade por
meio do vapor.

I.1. O Ciclo de Rankine como Espinha Dorsal:

Dentro do escopo da disciplina, a análise do Ciclo de Rankine é


aprofundada, indo além das equações teóricas. Os estudantes são desafiados
a compreender não apenas a mecânica do ciclo, mas também como ele se
manifesta na operação prática das centrais termoelétricas. A fase de geração
de vapor, a expansão na turbina e a condensação são abordadas em um
contexto que destaca a interação vital entre os princípios termodinâmicos e as
aplicações práticas da engenharia de vapor.

I.2. Objetivos

Dentro da disciplina, a finalidade acadêmica é dupla: capacitar os


estudantes a compreender os princípios complexos da engenharia de vapor,
focando nas centrais termoelétricas como estudos de caso essenciais, e
incentivá-los a analisar criticamente os desafios e as inovações que moldam a
geração de eletricidade no contexto do vapor. Este enfoque específico cria
uma base sólida para futuras explorações e contribuições no campo da
engenharia de vapor e da geração de eletricidade.

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II. CICLO RANKINE IDEAL

É o ciclo ideal para uma unidade motora simples a vapor. Embora o Ciclo
de Carnot seja o que apresenta o melhor rendimento térmico, o mesmo é
inviável na prática por: (a) requerer bombeamento de vapor mais líquido
(processo 3’-4’); (b) requerer superaquecimento com temperatura constante,
ou seja, com expansão (processo 1-1’); e (c) caso não utilize
superaquecimento a turbina irá operar só com vapor úmido e com título baixo
no final da expansão (processo 1-2).

Figura 2: Diagrama T-s - Ciclo Rankine ideal com superaquecimento

Fonte: Moran e Shapiro (2006)

De modo a tornar o ciclo viável, algumas modificações devem ser


realizadas, de forma a tornar o ciclo compatível com os processos descritos
abaixo:

• Processo 1–2: Expansão isentrópica do fluído de trabalho através da


turbina, desde a condição de vapor saturado até a pressão do
condensador;
• Processo 2-3: Rejeição de calor do fluido de trabalho pelo condensador
até o estado de líquido saturado à pressão do condensador. Um sub-

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resfriamento é indesejável, visto a energia excedente retirada ter de ser
novamente fornecida na caldeira;
• Processo 3-4: Compressão isentrópica na bomba até o estado de
líquido comprimido à pressão da caldeira;
• Processo 4-1: Transferência de calor para o fluido de trabalho na
caldeira.

II.1. Análise energética para o ciclo rankine ideal

O estado 1 é um estado definido no projeto do ciclo. Para um ciclo ideal


sem superaquecimento, é o ponto de vapor saturado para a pressão de alta, e
para o caso de um ciclo com superaquecimento, deve ser conhecida a
capacidade de temperatura máxima do sistema. Então as propriedades de
entalpia e entropia devem ser obtidas.

O estado 2 é obtido com a propriedade de entropia do ponto 1, visto o


processo de expansão ser isentrópico. Com base na pressão de baixa e na
entropia do ponto 1, uma interpolação deve ser realizada para a obtenção da
entalpia, ou então a regra da alavanca deve ser utilizada para se determinar o
título de saída da turbina:

O estado 3, via de regra, deve ser dimensionado para o estado de líquido


saturado, de modo a evitar um sub-resfriamento desnecessário que ocasiona
um maior consumo de combustível e uma menor temperatura na saída da
caldeira.

Por fim, o estado 4 é obtido matematicamente através do conceito de


uma bomba operando de maneira reversível. Desta forma, de acordo com a
primeira lei da termodinâmica,

E de acordo com a segunda lei da termodinâmica, considerando que o


volume específico muda muito pouco no estado de líquido comprimido,

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Lembrando que, para as propriedades 2 e 4 obtidas através desta
metodologia, deve ser levado o sub índice “s”, que denota um processo
isentrópico, ou seja, ideal.

Relembrando, a primeira lei da termodinâmica para um volume de


controle é dada por:

Considerando que em um ciclo de potência a vapor o sistema opera em


regime permanente, e que as variações de energia cinética e potência são
desprezíveis em relação à variação de entalpia, tem-se:

A potência fornecida pela turbina é dada por:

A potência dada pela bomba:

E a potência líquida do sistema é dado pela soma das potências:

A transferência de calor na caldeira é:

E a taxa de transferência de calor rejeitada pelo condensador é dada pela


expressão:

E por fim, a eficiência do ciclo é dada pela razão entre a potência líquida
do sistema pela potência gasta para alimentar o sistema:

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II.2. O ciclo rankine com irreversibilidades

Para o ciclo real, considerando irreversibilidades, o conceito de eficiência


isentrópica apresentada pela segunda lei da termodinâmica é necessário.

Figura 3: Diagrama T-s – Efeitos das irreversibilidades

Fonte: Moran e Shapiro (2006)

Para a turbina, a principal irreversibilidade é a expansão não resistida, o


que eleva o valor de entropia. A eficiência isentrópica para a turbina é dada
por:

Para a bomba, o efeito de atrito do fluido com o rotor é o principal


responsável pelo aumento de entropia. A eficiência isentrópica para processos
de bombeamento é dada pela expressão:

Desta forma, a tratativa matemática é a mesma, mas considerando para


os pontos 2 e 4 as entalpias corrigidas para o sistema.

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II.3. Aumento na eficiência do ciclo rankine

Existem algumas formas de elevar a eficiência de ciclos a vapor:

a) Reduzir a pressão no condensador;

Figura 4: Efeito da redução de pressão no condensador - potência Fonte:


Cengel e Boles (2005)

b) Elevar a pressão na caldeira;

Figura 5: Efeito do aumento da pressão na caldeira - potência

10
Fonte: Cengel e Boles (2005)

c) Superaquecimento;

Figura 6: Efeito do superaquecimento – potência

Fonte: Cengel e Boles (2005)

Para as propostas (a), (b) e (c) em se elevar a eficiência, a tratativa é a


mesma: obtém-se as propriedades para cada ponto, realiza-se a correção das
entalpias com as eficiências isentrópicas da bomba e da turbina e realiza-se o
cálculo do sistema.

d) Re-aquecimento em estágios;

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Figura 7: Ciclo Rankine com Reaquecimento

Fonte: Moran e Shapiro (2006)

Na proposta (d), faz-se necessário conhecer a(s) pressão(ões)


intermediária(s), e a temperatura de reaquecimento. Novos pontos surgem,
mas a metodologia é a mesma.

e) Extração com regeneração.

Figura 8: Ciclo Rankine com Extração e Regeneração

12
Fonte: Moran e Shapiro (2006)

Nesta proposta, o fator mais importante é levantar as vazões que fluem


em cada componente, visto haver uma extração no primeiro estágio da turbina.

III. CENTRAIS TERMOELÉTRICAS


As centrais termoelétricas são instalações industriais projetadas para
converter energia térmica em eletricidade. Esse processo é realizado por meio
da queima de combustíveis fósseis, como carvão, gás natural ou óleo
combustível, ou pelo aproveitamento de fontes de calor renováveis, como a
energia solar concentrada ou a geotérmica. O objetivo fundamental das
centrais termoelétricas é gerar eletricidade de maneira eficiente para atender à
crescente demanda por energia elétrica.

Figura : Central termo elétrica

Para que Serve:

- Produção de Eletricidade: O propósito principal das centrais


termoelétricas é gerar eletricidade em grande escala para abastecer
redes elétricas, fornecendo energia a indústrias, residências, e diversos
setores da economia.

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- Suprimento Contínuo de Energia: As centrais termoelétricas
desempenham um papel crucial ao fornecer uma fonte de energia
constante, capaz de operar independentemente das condições
climáticas ou variações sazonais, garantindo um suprimento contínuo de
eletricidade.
- Atendimento a Picos de Demanda: Essas centrais são essenciais
para atender a picos de demanda de eletricidade, garantindo a
estabilidade do sistema elétrico durante períodos de consumo mais
intenso.
- Complemento a Fontes Renováveis: Em alguns casos, as centrais
termoelétricas podem funcionar como complemento a fontes renováveis
intermitentes, oferecendo uma fonte de energia constante quando a
produção de energia solar ou eólica é variável.

O princípio de funcionamento das centrais termoelétricas é fundamentado


no Ciclo de Rankine, um ciclo termodinâmico que converte calor em trabalho
mecânico. Este princípio é amplamente abordado em fontes acadêmicas e
livros especializados:

- Segundo Cengel e Boles em "Termodinâmica: Uma Abordagem


Integrada" (2014), o ciclo de Rankine é um processo termodinâmico
crucial para centrais termoelétricas, envolvendo a conversão eficiente
de calor em trabalho, e, por fim, em eletricidade.
- Trabalhos como "Análise Exergética de Centrais Termoelétricas a Vapor
utilizando Biogás" (Silva, 2019) exploram o princípio de funcionamento
dessas centrais, destacando aspectos termodinâmicos para otimização
de desempenho.

Essas fontes acadêmicas fornecem uma base sólida para entender a teoria
por trás do funcionamento das centrais termoelétricas, incorporando princípios
termodinâmicos e análises detalhadas do ciclo de Rankine.

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IV. GERAÇÃO TERMELÉTRICA

O processo fundamental de funcionamento das centrais termelétricas está


baseado na conversão de energia térmica em energia mecânica e desta em
energia elétrica.

A conversão da energia em energia mecânica se dá através do uso de um


fluido que produzirá trabalho em seu processo de expansão, em turbinas
térmicas. A conversão da energia mecânica em elétrica se dá através do
acionamento mecânico de um gerador elétrico acoplado ao eixo da turbina.

A produção da energia térmica pode se dar pela transformação da energia


química dos combustíveis, através do processo da combustão, ou da energia
nuclear dos combustíveis radioativos, através da fissão nuclear. Centrais cuja
a geração é baseada na combustão são conhecidas como termoelétricas e as
outras citadas, como centrais nucleares. As centrais termoelétricas
(convencionais), podem ser classificadas de acordo com o método de
combustão utilizado. Pode-se distinguir: a) Combustão externa, em que o
combustível não entra em contato com o fluído de trabalho. A combustão
externa é um processo usado principalmente nas centrais termoelétricas a
vapor, onde o combustível aquece o fluído de trabalho (em geral água) em
uma caldeira até gerar o vapor que, ao se expandir em uma turbina, produzirá
trabalho mecânico; b) Combustão interna, em que a combustão se efetua
sobre uma mistura de ar e combustível. Dessa maneira, o fluído de trabalho
será o conjunto de produtos da combustão. A combustão interna é o processo
usado principalmente nas turbinas a gás e nas máquinas térmicas a pistão
(motores Diesel, por exemplo).

A figura 2.9 apresenta um diagrama simplificado de uma central termoelétrica


com combustão externa (a vapor). A queima de combustível gera calor que
transforma o líquido em vapor na caldeira. O vapor se expande (pressão passa
de alta à baixa) na turbina a vapor, gerando energia. O vapor que sai da
turbina vai ao condensador, onde calor é retirado e se obtém líquido. O líquido
é bombeado de volta a caldeira, fechando o ciclo.

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CALOR
VAPOR (ALTA PRESSÃO)

CALDEIRA
QUEIMA
DO
COMBUSTÍVEL

GERADOR
LÍQUIDO TURBINA

VAPOR (BAIXA PRESSÃO)

CONDENSADO
R
LÍQUIDO
BOMBA
CALOR

Figura 9 – Central Termelétrica com combustão externa (a vapor)

Os principais combustíveis usualmente aplicados nas centrais a vapor


são o óleo, o carvão, a biomassa (madeira, bagaço de cana, lixo,...) e
derivados pesados de petróleo. Os principais combustíveis usados nas
máquinas térmicas a gás são o gás natural e o óleo Diesel.

Já no caso da central nuclear, o calor para o aquecimento da água não é


produzido por processo de combustão, mas sim pela energia gerada pelo
processo de fissão nuclear (reação nuclear controlada em cadeia ). A figura
2.10 apresenta o PWR ("Pressurized Water Reactor"- Reator à Água
Pressurizada), um tipo de reator nuclear . Nesta, pode-se visualizar no interior
do edifício do reator, o gerador de vapor, conectado ao reator nuclear, que
produz o calor, sendo que o restante do esquema é similar ao das centrais
térmicas convencionais a vapor.

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Figura 10 - Central nuclear de Angra dos Reis

Fonte: Centrais Hidro e Termelétricas, Souza / Fuchs / Santos – Ed. Edgar


Blucher, São Paulo, 1977

Os tipos de centrais termelétricas apresentados, a vapor, gás e nuclear,


formam os grandes grupos que deverão orientar o prosseguimento deste item.
Como se verá adiante, há outros tipos de configurações ou processos, mas
sempre baseados nestes principais ou em uma combinação apropriada dos
mesmos. Além disso, em muitas aplicações, centrais térmicas são utilizadas
para produção conjunta de eletricidade e vapor para uso no processo, no
denominado sistema de cogeração.

A grande diversidade da geração termelétrica está principalmente nos


combustíveis utilizados, que compreendem uma grande gama de recursos
energéticos primários não renováveis e renováveis.

IV.1. Combustíveis

Os combustíveis mais usuais das centrais termoelétricas são: a) derivados do


petróleo; b) carvão mineral; c) gás natural; d) nucleares e) biomassa.

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A grande maioria destes combustíveis, os denominados combustíveis fósseis

(derivados do petróleo, carvão mineral, gás natural), assim como os nucleares


(elementos radioativos: urânio, tório, plutônio, etc.) são classificados como
fonte primária não renovável, devido ao enorme tempo necessário para sua
reposição pela natureza. Outros podem ser utilizados como fontes renováveis,
como a biomassa advinda de plantações manejadas (florestas energéticas e o
bagaço de cana de açúcar, por exemplo).

IV.1.1. Petróleo e Seus Derivados

O petróleo, também conhecido como óleo cru, é encontrado, na maioria das


vezes, em depósitos subterrâneos e é retirado através de poços. É formado
basicamente por hidrocarbonetos, de fórmula geral CnHn, de onde saem, por
destilação, seus inúmeros derivados. Sua utilização implica necessariamente
em danos ambientais, pois emite óxidos de enxofre, nitrogênio, e de carbono,
contribuindo para o efeito estufa.

Em termos mundiais, a energia elétrica é responsável por 20% do consumo de


petróleo, sendo o óleo diesel utilizado apenas para geração em locais
distantes e de difícil acesso para a rede elétrica. A sua substituição neste setor
é bastante viável, pois já apresenta alternativas como o Gás Natural. No setor
de transportes, há uma série de desenvolvimentos e pesquisas de alternativas
baseadas na utilização de motores elétricos, da tecnologia do hidrogênio, de
álcool combustível e de soluções híbridas destas técnicas com derivados do
petróleo. Pode-se dizer que há uma série de avanços localizados, mas que a
viabilidade de uso massivo destas tecnologias, vai ainda demandar muito
esforço, diferentemente do caso da eletricidade.

IV.1.2. Carvão Mineral

O carvão mineral já era conhecido e utilizado na China em 1100 a.C., mas só


passou a ser difundido com o advento da Revolução Industrial no século XVII,

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como fonte de energia para as máquinas a vapor. Sua utilização foi necessária
devido à crise da madeira combustível no século XVI.

Hoje o carvão mineral ocupa a segunda posição na matriz energética mundial,


devido principalmente ao seu baixo custo. Os custos variam de região para
região, principalmente pelo peso que o transporte tem no seu custo final. Por
se tratar de um combustível sólido, apresenta custos maiores que o do
transporte do petróleo, que é líquido e pode ser transportado através de
oleodutos. Essa diferença de custos e característica rígida da produção de
carvão, fazem com que apenas 10% da produção mundial seja comercializada
internacionalmente.

O carvão mineral é altamente poluente, e, embora as emissões de Nox e Sox


possam ser reduzidas, a grande quantidade de CO2 emitida traz enormes
impactos sobre o meio ambiente, ao contrário da biomassa, que absorve o CO 2
emitido. Avanços tecnológicos buscam superar estes problemas.

Deve-se ressaltar que 50% do seu consumo é voltado para a geração de


energia termelétrica, mostrando-se as vantagens ambientais de se substituir tal
combustível na geração de energia elétrica.

IV.1.3. Gás Natural

O gás natural é o nome dado a uma mistura de hidrocarbonetos e impurezas,


sendo basicamente composto pelo metano (seu principal componente), etano,
propano, butano e outros mais pesados. As impurezas e contaminantes
(dióxido de carbono e gás sulfídrico) são removidos antes de sua utilização
comercial.

O mercado mundial de gás natural evoluiu lentamente até os anos 50,


apresentando um rápido crescimento a partir da década de 60, por motivos
econômicos e ambientais, e confirmado pelas crises do petróleo de 1973 e
1979, onde o GN se mostrou um ótimo substituto do petróleo em diversas
aplicações.

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O GN é hoje o terceiro combustível na matriz energética mundial, e pode, com
exceção da querosene de aviação, substituir qualquer combustível sólido,
líquido ou gasoso. Embora seja uma fonte não renovável, sua composição faz
com que seja muito pouco poluente, basicamente emissão de CO 2,
apresentando relevantes benefícios ambientais na substituição do petróleo e
carvão mineral. Tal substituição, no entanto, vem ocorrendo moderadamente,
devido ao alto custo inicial da construção da malha de gasodutos necessária
para o transporte do GN, que o encarece frente aos preços do petróleo e
carvão mineral, sendo este o maior entrave à sua ampla utilização.

O GN alimenta aproximadamente 12,8% das termelétricas mundiais, mas que


são responsáveis por menos de 3% da energia elétrica primária produzida no
mundo. Embora ainda seja um montante tímido, a tendência é de aumento
deste número, seja por questões ambientais, seja para diminuição da
dependência do petróleo e carvão mineral.

IV.1.4. Combustíveis Nucleares

A energia nuclear aproveita a propriedade de certos isótopos de urânio de se


dividirem, liberando grande quantidade de energia térmica, em um processo
conhecido como fissão nuclear.

A energia atômica também pode ser utilizada através de um processo


conhecido como fusão nuclear, baseado não na quebra, mas na junção de
núcleos atômicos. Embora a quantidade de energia liberada seja muito alta,
este processo não apresenta tecnologia que permita seu aproveitamento
comercial.

O urânio se apresenta, na natureza, associado a outros elementos. Na maioria


das centrais é necessário que o combustível nuclear passe pelo processo
conhecido como enriquecimento do urânio, que demanda grande tecnologia. O
conhecimento de tal processo é estratégico, e hoje os grandes mercados de
enriquecimento de urânio são: EUA, Europa Ocidental, Japão e a ex- URSS.

Aproximadamente 75% da produção mundial de urânio é objeto de trocas


internacionais, sendo que a baixa taxa de crescimento dos programas
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nucleares fez com que houvesse um excedente do produto, que hoje
apresenta baixos preços. Vale lembrar que o custo urânio tem pouca influência
no custo do kWh da energia nuclear, além de existir a dependência com
relação aos países que dominam a tecnologia para seu enriquecimento.

IV.1.5. Biomassa

A biomassa é aproveitada energeticamente através do uso do etanol, bagaço


de cana, carvão vegetal, óleo vegetal, lenha e outros.

Historicamente, a biomassa vem sendo substituída pelos combustíveis fósseis,


desde o século XVI, com a crise da madeira combustível na Inglaterra.

A biomassa é uma fonte de energia renovável (quando manejada


adequadamente) e apresenta balanço zero de emissões, pois não emite
óxidos de nitrogênio e enxofre, e o CO2 emitido na queima é absorvido na
fotossíntese, apresentando vantagens ambientais inexistentes em qualquer
combustível fóssil. Tais características devem, futuramente, reverter a
tendência de troca de combustíveis, passando a biomassa a retomar espaços
ocupados pelo petróleo e o carvão mineral.

A biomassa ainda não dispõe de uma avaliação que permita quantificar


confiavelmente sua participação atual na matriz energética mundial. Sabe-se
que tem maior participação na matriz de países subdesenvolvidos, mas
apresenta importância crescente nos países desenvolvidos, como fonte de
energia renovável, em meio a um cenário de preservação ambiental.

O crescimento da biomassa tem como principal fator limitante os baixos preços


dos combustíveis fósseis, necessitando até então de subsídios para tornar-se
competitiva economicamente. Outro fator negativo de sua utilização é o fato de
a mesma concorrer com a produção de alimentos, tanto física quanto
economicamente.

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IV.1.6. Solar

A energia solar, além de poder ser utilizada para geração de energia elétrica
diretamente, como ocorre no caso dos painéis fotovoltáicos, pode também ser
utilizada como fonte direta de calor para uma usina termelétrica.

Devido à sua característica renovável, tal tipo de utilização será descrita em


um capítulo a parte, destinado às novas tecnologias renováveis.

IV.2. Esquemas, Principais Tipos e Configurações

A seguir são apresentados, de forma sucinta, os principais tipos de Centrais


Termelétricas, constando de Centrais Diesel, Centrais a Vapor (não nucleares),
Centrais Nucleares, Centrais a Gás e Centrais Geotérmicas, estas últimas
tratadas em separado devido à suas características específicas. As centrais
solares térmicas não são apresentadas por, como já visto, serem tratadas à
parte no capítulo dedicado às novas tecnologias renováveis. Além disso, são
ressaltadas tecnologias mais recentes, em busca de maior eficiência
energética e melhor desempenho ambiental, os ciclos combinados de centrais
a Gás e Vapor e a gaseificação, principalmente do carvão mineral e da
biomassa.

IV.2.1. Centrais a Diesel

− São muito usadas em potências até 40 MW. No Brasil, seu uso é


disseminado para alimentação de sistemas isolados, em regiões longínquas
sem outra fonte de geração (Amazônia, Rondônia, etc.).

− Apresentam limitações relacionadas com: potência, ruído, vibração.

− Têm como vantagens, a rápida entrada em carga, a fácil operação, o fácil


plano de manutenção. E, como problemas: a dificuldade de aquisição de
peças de reposição e seu transporte, assim como, principalmente nos locais
distantes, os altos custos do combustível.

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IV.2.2. Centrais a vapor ( Não Nucleares )

Podem trabalhar tanto em ciclo aberto como em ciclo fechado. A operação em


ciclo aberto é bastante comum quando se pretende utilizar calor (vapor) para o
processo.

Quanto à operação em ciclos fechados, pode-se operar somente com um


fluído de trabalho, ou com mais de um fluído de trabalho (operação em ciclos
superpostos).

As figuras 11 e 12 apresentam algumas configurações de centrais a vapor.

Comb

Comb

Figura 11 – Ciclo de turbina a vapor por condensação para somente produção


de eletricidade

Fonte: Renewable Energy, Burnham / Johanson / Kelly / Reddy / Williams – Ed.


Island Press, Washington, USA, 1992.

23
Comb

Figura 12 - Turbina a vapor de contra-pressão para cogeração de calor e


eletricidade usando biomassa como combustível.

Fonte: Renewable Energy, Burnham / Johanson / Kelly / Reddy / Williams – Ed.


Island Press, Washington, USA, 1992.

IV.2.3. Centrais nucleares

Existem diferentes tecnologias de reatores nucleares, das quais se apresenta,


a seguir, algumas de maior interesse, devido à aplicação atual no mundo:

i) Reatores a água leve: A tecnologia atual dos reatores a água leve (LWR –
Light Water Reactor) comprovou ser econômica, segura e confiável. Mais de
75% de todas as usinas nucleares em operação no mundo atualmente utilizam
LWRs, sendo projetadas e construídas unidades com capacidade superior a
900 MWe. A tecnologia aprimorada dos PWR (Pressurized Water Reactor),
com água a alta pressão, permite construção de unidades de até 1400 MWe;
ii) Reatores a água pesada: Os reatores refrigerados e moderados a água
pesada (HWR – Heavy Water Reactor) são, também, reatores econômicos,
seguros e confiáveis. Foi estabelecida em alguns países uma base regulatória
e de infra-estrutura, principalmente no Canadá, Argentina e Índia. Cerca de 8%
das unidades em operação no mundo utilizam esse tipo de reator. Como
variantes deste tipo de reator podemos citar os reatores a tubos de pressão e

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a vasos de pressão. A capacidade máxima atingida em usinas com este tipo de
reator é de 900 MWe, sendo que o tamanho físico é o principal limitador da
expansão da capacidade. Há possibilidade de se melhorar a economia do ciclo
do combustível tanto dos HWR’s como dos PWR’s, ao se empregar o
combustível utilizado dos PWR’s que ainda possui reatividade residual nos
HWR’s. Esta concepção é denominada ciclo “Tandem” e está atualmente
sendo desenvolvida na Coréia. Caso esta concepção se torne viável técnica e
economicamente há grandes possibilidades de utilização em regiões que
possuem os dois tipos de usinas, como por exemplo, o Brasil (PWR) e a
Argentina (HWR); iii) Reatores refrigerados a metal líquido / Reatores
super regenerados rápidos ( Fast Breeder Reactors): O desenvolvimento
dos reatores super regenerados rápidos resfriados a metal líquido não ganhou
ímpeto esperado devido ao aumento da disponibilidade dos recursos de urânio
a baixo custo para atendimento da demanda a curto e médio prazos. A
utilização desta tecnologia no cenário nuclear, é, no entanto, bastante atrativa,
uma vez que constitui o único meio de melhor utilizar as reservas de urânio,
pois tem rendimento muito superior aos outros tipos de reatores.

IV.2.4. Centrais a Gás

São máquinas acionadas pela expansão dos gases quentes produzidos numa
câmara de combustão, segundo um ciclo térmico denominado Brayton (figura
2.13). A turbina a gás atinge eficiências termodinâmicas bem mais elevadas
que a turbina a vapor porque o pico do ciclo de temperatura das modernas
turbinas a gás ( aproximadamente 1260°C para a melhor turbina para
aplicações estacionárias no mercado) é bem mais elevada (aproximadamente
540°C para ciclos a vapor). Uma vantagem termodinâmica inerente das
turbinas a gás é aproveitar o calor de escape das mesmas para por exemplo
produzir vapor numa caldeira de recuperação, que pode ser usada em
processos industriais numa configuração de cogeração.

Existem dois tipos básicos de turbina a gás:

Turbinas aeroderivativas: baseadas na tecnologia adotada para propulsão de


aeronaves. Compacta e de peso reduzido, estas unidades exibem alta

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confiabilidade e tempo reduzido de manutenção , elevado rendimento
tornando-se atrativas para ambas aplicações como cogeração e geração
elétrica apenas. Neste último caso são mais apropriadas para atendimento de
picos de demanda ou funcionar em regime de emergência.

Turbinas Industriais ("heavy-duty") : são de construção mais robusta,


apresentando maior resistência à ambientes agressivos , sendo indicadas para
operação na base.

A figura 2.13, a seguir, apresenta um exemplo de instalação com turbinas a


gás.

Figura 13 - Exemplo de instalação de turbina a gás

Fonte: Centrais Hidro e Termelétricas, Souza / Fuchs / Santos – Ed. Edgar


Blucher, São Paulo, 1977

e) Energia Geotérmica

Em termos geológicos, a energia geotérmica é definida como o calor


proven iente da profundezas da crosta terrestre que é de 35 bilhões de
vezes a quantidade de energia anual consumida no mundo. Na realidade,
todavia, apenas uma pequena fração do calor natural pode ser extraído da

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costa terrestre, principalmente por motivos econômicos. Isto limita sua
exploração à uma profundidade máxima de 5 quilômetros. A esta
profundidade, a temperatura aumenta à uma taxa média de 30 a 35 graus por
quilômetro ( gradiente geotérmico).

Devido ao gradiente térmico, o calor natural aumenta por condução (e


por convecção em alguns lugares), dissipando-se na atmosfera quando este
alcança a superfície terrestre. A convecção geralmente ocorre quando fluidos
quentes (água, vapor, e gás) fluem para a superfície terrestre ou quando
ocorre a liberação de magma proveniente de erupções vulcânicas .

Para geração de eletricidade, a energia geotérmica é utilizada em altas


temperaturas e a conversão pode ser feita de quatro maneiras:

i) Energia hidrotérmica - Reservatórios de água quente e/ou vapor


aprisionados entre rochas ou sedimentos na crosta terrestre. Há dois
tipos de fontes hidrotérmicas: vapor quente que é liberado do
reservatório através de um tubo inserido num buraco cavado para esta
finalidade. Após a filtragem das partículas sólidas, o vapor é usado para
acionar as pás de uma turbina que conectada a um gerador irá produzir
eletricidade; água aquecida , o vapor é separado da água quente num
vaso especial e então usado para acionar uma turbina. A água que
permanece é usualmente injetada de volta à terra (isto é conhecido
como método "flash"). A água quente pode ser usada para aquecer
outro líquido que tem um ponto de ebulição menor. O líquido torna-se
um gás que é usado para acionar uma turbina. A água quente original é
retornada à terra (este método é conhecido como "ciclo binário");
ii) ii) Rocha quente e seca - Em áreas onde não há reservatórios
subterrâneos, um poço profundo é perfurado e a água é injetada
retirando-a aquecida de um outro poço de retorno. Esta água aquecida
é levada à superfície para gerar eletricidade numa planta geotérmica de
potência;

27
iii) iii) Reservatórios geopressurizados - Contem uma mistura de água e
metano (gás natural) completamente saturada e sobre uma pressão
elevada. Estes são encontrados em rochas sedimentares;
iv) iv) Magma - Em certas localizações pode ser possível extrair calor das
magmas injetando água através das mesmas (que deverá estar
solidificada e fraturada) criando um tipo de buraco trocador de calor .
Este calor será utilizado num ciclo de Rankine para gerar eletricidade.
Todavia, para tal aproveitamento, é necessário maior recurso
econômico.

IV.2.5. Termelétricas com sistemas de ciclo combinado – Gaseificação

Com vistas à maior eficiência energética e melhor desempenho ambiental tem


sido cada vez mais utilizado o princípio de ciclos combinados com turbinas a
gás e turbinas a vapor. As técnicas de ciclo combinado permitem a redução do
consumo específico de combustível e a conseqüente redução das emissões de
CO2.

Das perdas totais de um sistema termelétrico convencional a vapor, 10 %


referem-se à caldeira e cerca de 55% ao calor contido no vapor de exaustão
nas turbinas a vapor. O vapor de exaustão das turbinas de condensação
utilizadas nas usinas termelétricas apresenta temperaturas entre 30 e 45 °C,
contendo por volta de 610 kcal/kg de vapor, calor este que será praticamente
todo dissipado nas torres de resfriamento para o meio ambiente,
representando grande energia térmica perdida. Para tornar essa energia
utilizável, pode-se promover um escape com temperaturas mais elevadas, de
200 a 300 °C, ou utilizar turbina s a gás no processo, cujo calor de exaustão
representa temperatura acima de 500°C.

Dessa forma, a quantidade de calor perdida pode ser recuperada através do


processo de cogeração, cada vez mais utilizado em todo mundo.

O ciclo combinado consiste num processo que gera energia conjugando o ciclo
de Brayton (turbina a gás) com o ciclo de Rankine (vapor). Ou seja, o calor
recuperado dos gases de exaustão é utilizado para acionar uma turbina a

28
vapor. Este é o mais eficiente dos processos existentes atualmente, sendo o
preferível de muitas concessionárias e produtores independentes nos EUA
para utilização com gás natural.

A figura 2.14 apresenta um diagrama simplificado de um ciclo combinado.

Figura 14 - Ciclo combinado - diagrama simplificado

Os ciclos combinados podem ser formados por combinação de diferentes tipos


de gás e combustíveis para gerar o vapor. Devido à possibilidade de
gaseificação do próprio combustível gerador do vapor, considera-se
interessante ressaltar dois tipos de combustível: o carvão mineral e a
biomassa, o que é efetuado a seguir:

IV.2.6. Gaseificação do Carvão Mineral

Destacam-se dois processos, dentro da técnica do ciclo combinado: a)


combustão fluidizada a alta pressão e; b) gaseificação e combustão fluidizada
em sistema de ciclo combinado.

Se considerada sua aplicação aos carvões brasileiros , o segundo processo


teria seu caminho crítico passando pela adequação de um processo de

29
gaseificação às características destes carvões. Os rendimentos alcançáveis
através deste processo de geração podem atingir 50% , caracterizando um
consumo específico de carvão menor do que o obtido em um processo
termelétrico convencional.

Durante a segunda guerra mundial, a Alemanha garantiu seu suprimento de


combustíveis através da gaseificação do carvão e posterior conversão do gás
a combustíveis líquidos. A produção de gás combustível a partir do carvão
teve, recentemente, um impulso significativo a partir das crises do petróleo
geradas com os conflitos no Oriente Médio. Tal impulso foi, entretanto,
arrefecido com a normalização do suprimento de petróleo e a queda do seu
preço internacional. A questão ambiental volta a oportunizar a utilização destes
processos, dirigida agora a uma maior eficiência no aproveitamento do carvão
e simplificação dos sistemas de tratamento de efluentes.

IV.2.7. Gaseificação da Biomassa

Uma alternativa promissora ao ciclo de turbina à vapor para geração com


biomassa seria o uso das tecnologias de turbina à gás / gaseificação integrada
da biomassa. Este conjunto de tecnologias envolvem o casamento dos ciclos
avançados de Brayton (turbina a gás) para geração elétrica ou cogeração , que
já foram desenvolvidas para o gás natural e outros combustíveis líquidos
nobres, com gaseificadores fechados de biomassa, que podem ser baseados
nos gaseificadores de carvão já desenvolvidos.

Este tipo de esquema poderia trazer algumas vantagens ambientais para


centrais com combustível biomassa, ajudando à superar algumas
preocupações com relação à poluição local do ar e aquecimento global,
desafios quanto a produção da biomassa de forma sustentável e preservação
da diversidade biológica.

Como combustível, a biomassa é inerentemente mais limpa do que o carvão


porque geralmente contém menos enxofre e cinzas. Todavia, estas emissões
dependem da tecnologia utilizada. A queima da biomassa sob algumas
circunstâncias em áreas tropicais em países em desenvolvimento tem também
contribuindo em mudanças no clima global, através de emissões

30
especialmente de CO2 e CH4, e no depósito de ácidos, através da emissão de
ácidos orgânicos.

Usando a tecnologia BIG/GT (Biomass-integrated/gás turbine technologies)


para a geração de energia elétrica , a emissão de gases nocivos se daria em
níveis muito baixos. A grande preocupação com a poluição local proveniente
dos sistemas BIG/GT é com relação ao óxido de nitrogênio.

A emissão de CO2 é praticamente zero se a biomassa for produzida de forma


sustentável (com a quantidade de biomassa usada aproximadamente igual ao
seu crescimento no mesmo período): O CO 2 liberado na combustão sob tais
condições é igual ao extraído da atmosfera durante a fotossíntese.

Outra preocupação diz respeito a manutenção da diversidade biológica. Não


há embutido nos sistemas que fazem uso da biomassa, uma forte proteção
que promova a manutenção da diversidade biológica. Porém , o impacto da
produção de bioenergia depende sensivelmente de como a biomassa é
produzida. Se florestas nativas são substituídas por plantações de
monocultura , há perda de substancial de biodiversidade. Porém, o status quo
pode ser melhorado se as plantações forem estabelecidas em terras
devastadas ou degradadas.

• Potência Gerada e Energia Produzida

A potência gerada em uma central termelétrica, depende de vários fatores,


entre os quais se destacam a pressão e a temperatura, dentre as variáveis
usualmente medidas na prática. Mas, como se verá, a relação não é linear,
nem facilmente colocada em termos de equação.

A energia produzida pode ser calculada pela mesma expressão apresentada


em

2.7.1, para hidrelétricas.

Para melhor entendimento dos processos, é necessário enfocar alguns


conceitos fundamentais da geração termelétrica e os principais ciclos

31
termodinâmicos básicos (teóricos e práticos) sobre os quais esta geração se
baseia. Não se pretende um profundidade no assunto, além do consistente
com o objetivo deste livro. Para maior aprofundamento, remete-se à
bibliografia sugerida.

Para atingir o objetivo visado serão enfocadas as termelétricas a vapor e a


gás, cujo funcionamento teórico é baseado nos ciclos termodinâmicos a
vapor (ciclo Rankine) e a ar (ciclo Brayton), respectivamente.

IV.2.8. Termelétricas a vapor

O desempenho das termelétricas a vapor pode ser avaliado através dos ciclos
termodinâmicos do vapor d’água, cujas características são usualmente
apresentadas em diagramas de estado, como o de Mollier (entalpia - entropia),
ou outros similares, como o de temperatura x entropia ilustrado na figura 15 .

Figura 15

Fonte: Fundamentos da Termodinâmica Clássica, Wylen / Sontag – Ed. Edgar


Blucher, São Paulo, Brasil 1986.

O ciclo fundamental teórico aplicável às termelétricas a vapor é o ciclo de


Carnot e o ciclo base para as aplicações práticas, neste tipo de geração
termelétrica, é o ciclo Rankine (como apresentado anteriormente na figura 2.9).

32
Se, no ciclo Rankine, se considerar o superaquecimento do vapor, tem-se as
condições apresentadas na figura 16:
CALOR
3 3'
Superaquecedor
CALDEIRA

TURBINA

2
4
1
CONDENSADOR

BOMBA
CALOR

Figura 16 - Ciclo Rankine com superaquecimento do vapor

No diagrama da figura 16, podem ser distinguidas as seguintes


transformações: a) De 1 para 2, correspondente ao bombeamento do líquido e,
portanto, à consumo de energia pelo ciclo; b) De 2 para 3’, corresponde ao
fornecimento de calor ao vapor, na caldeira e no super aquecedor, calor
advindo de queima de combustível externo; c) De 3’para 4, corresponde ao
fornecimento de energia para a turbina, que irá transformá-la em energia
mecânica, que acionará o gerador para produzir energia elétrica; d) De 4 para
1, corresponde à retirada de calor (resfriamento) e à passagem do vapor para
líquido, para reiniciar o processo.

Os diagramas e tabelas das propriedades termodinâmicas permitem a sua


obtenção nos diversos pontos do ciclo e, consequentemente, o cálculo das
diversas energias, perdas e rendimentos termodinâmicos, inclusive o do ciclo
completo.

Como exemplo destes cálculos, pode-se citar que a potência térmica útil
disponível na turbina a vapor é calculada por:

Pu = η.m.(h3’-h4)

Onde: Pu é a potência útil; η o rendimento da turbina a vapor; m é a massa de


fluido (vapor) sujeita à transformação térmica, por unidade de tempo (em kg/s);

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h3’ e h4 as entalpias específicas (kJ/kg) do fluido na entrada e saída da
máquina,

respectivamente. A entalpia, em sua forma geral, é dada por h =µ+ ,


sendo µ uma ρ

medida da energia do fluido, p a pressão a que está submetido e ρ a sua


densidade.

A potência elétrica, Pe pode ser calculada por:

Pe = η T . η G . P u

Onde ηT e ηG são os rendimentos mecânico da turbina e do gerador,


respectivamente.

• Ciclos com reaquecimento e regeneração

Pode-se efetuar o reaquecimento do vapor em um ciclo para tirar partido das


vantagens do uso de pressões mais altas e evitar umidade excessiva nos
estágios de baixa pressão da turbina. O que se faz é extrair o vapor da
turbina, reaquece-lo e reinjetá-lo na turbina (geralmente em um nível de
pressão intermediário).

Pode-se também efetuar a regeneração utilizando parte do vapor da turbina


para aquecer a água de alimentação da caldeira.

Na geração termelétrica prática, pode-se usar reaquecimento e regeneração


combinados, mais de uma vez, sempre no sentido de melhorar o desempenho
do sistema total.

Além disso, para melhor desempenho, muitas vezes se divide o sistema em


módulos, como por exemplo, turbinas de alta pressão (expandindo o vapor até
média pressão) em cascata com turbinas de média pressão (expandindo até

34
baixa pressão) e de baixa pressão (expandindo até a pressão de vapor para o
processo).

IV.2.9. Termelétricas a Gás e Diesel

Muitos aparelhos usam gás como fluido de trabalho. Como exemplo podemos
citar o motor de ignição de automóvel, o motor Diesel e a turbina a gás
convencional.

Ao longo do processo, o fluído de trabalho se altera, mudando, durante a


combustão, de mistura de ar e combustível para os produtos de combustão.
Como já foi mencionado, estes são os chamados de motores de combustão
interna (em oposição à instalação a vapor, tipicamente de combustão externa).
Como o fluido de trabalho não passa por um ciclo termodinâmico completo, o
motor de combustão interna opera segundo o chamado ciclo aberto. Para
análise, no entanto, podem ser utilizados ciclos fechados que, mediante
algumas restrições, são boas aproximações dos ciclos abertos. O ciclo ideal a
ar tem sido utilizado para melhor entendimento das termelétricas a gás e
Diesel.

Dos principais ciclos termodinâmicos a ar, o Diesel e o Brayton são os que se


adequam à aplicação prática das gerações termelétricas a Diesel e a Gás,
respectivamente.

Para estes ciclos, equações relacionando características específicas do


combustível (como calor específico, por exemplo) e do ciclo (pressão,
temperatura, volume, taxas de compressão, por exemplo), permitem calcular
Potências e os rendimentos.

A figura 17, como ilustração, apresenta o ciclo ideal da turbina a gás usando
compressão em vários estágios, resfriamento intermediário e vários estágios
com reaquecimento e regeneração.

35
Figura 17 - Regeneradores utilizados em vários estágios

Fonte: Fundamentos da Termodinâmica Clássica, Wylen / Sontag – Ed. Edgar


Blucher, São Paulo, Brasil 1986.

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V. CONCLUSÃO
Ao explorarmos as entranhas das centrais termoelétricas e desvendar os
segredos do Ciclo de Rankine, percebemos a complexidade e a importância
dessa forma de geração de eletricidade. Este estudo aprofundado na disciplina
"Geração, Transporte e Uso de Vapor" nos proporcionou uma visão abrangente
dos fundamentos teóricos, aplicações práticas e desafios contemporâneos
enfrentados por essas instalações cruciais.

Iniciamos nossa jornada mergulhando nos fundamentos termodinâmicos,


compreendendo como o calor é convertido em trabalho mecânico e,
finalmente, em eletricidade por meio do Ciclo de Rankine. Desde a fase de
aquecimento, onde a água se transforma em vapor, até a compressão para
reiniciar o ciclo, cada etapa foi analisada em detalhes, proporcionando uma
compreensão profunda dessa engrenagem essencial.

A aplicação prática desses conceitos nas centrais termoelétricas foi crucial


para conectar a teoria à realidade. A expansão na turbina, o resfriamento e a
condensação, a compressão e a produção contínua de eletricidade foram
desdobrados, permitindo-nos visualizar o funcionamento intricado dessas
instalações fundamentais para o suprimento global de energia.

Contudo, não podemos ignorar os desafios enfrentados pelas centrais


termoelétricas, especialmente em relação às emissões de gases de efeito
estufa. As inovações tecnológicas, discutidas ao longo deste estudo,
representam faróis de esperança. A integração de fontes renováveis, a busca
por ciclos supercríticos e as tecnologias de captura e armazenamento de
carbono oferecem promissoras alternativas para enfrentar os desafios
ambientais.

À medida que concluímos este estudo, somos instigados a contemplar


as perspectivas futuras das centrais termoelétricas. A busca por uma matriz
energética mais sustentável e eficiente é inegavelmente uma jornada contínua.
A relevância do Ciclo de Rankine permanece incontestável, mas sua evolução
é crucial para alinhar-se com as exigências de um mundo cada vez mais
consciente da importância da sustentabilidade.

Em suma, o estudo das centrais termoelétricas nos conduziu por uma trilha de
descobertas, desde os princípios teóricos até as implicações práticas e os
desafios atuais. À medida que enfrentamos as complexidades e abraçamos as
inovações, fica claro que o futuro energético demanda uma abordagem
integrada, onde o conhecimento adquirido neste estudo serve como alicerce
para construir um amanhã mais sustentável e energeticamente eficiente.

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VI. BIBLIOGRAFIA

Fundamentos da Termodinâmica Clássica, Wylen / Sontag – Ed. Edgar


Blucher, São Paulo, Brasil 1986.

Centrais Hidro e Termelétricas, Souza / Fuchs / Santos – Ed. Edgar Blucher,


São Paulo, 1977
Renewable Energy, Burnham / Johanson / Kelly / Reddy / Williams – Ed. Island
Press, Washington, USA, 1992.

ÇENGEL, Y. A., BOLES, M. A., 2006, “Termodinâmica”, 5a Edição, McGraw


Hill, São Paulo

MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N.: Fundamentals of Engineering


Thermodynamics: SI Version. John Wiley & Sons Ltd: West Sussex, 7ta.
edición, 2011.

MORAN, M. J.; SHAPIRO, H. N.: Fundamentos de termodinámica técnica(2.


edición en Español correspondiente a la 4. edición original en Inglés). Ed.
Reverté, S.A.: Barcelona, 2004.

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