UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-

REI
Engenharia Química
Laboratório de Engenharia Química I

Curva de Bomba Centrífuga e Curva de um Sistema de Tubulações

Alicia L. C. Brito, Guilherme A. G. G. Aquino, Lucas P. Jesus, Randerson C. A. Messias, Renata

B. Soares, Tarsila S. Silva.

Resumo
A prática tem como objetivo a determinação da curva de uma bomba centrífuga, assim como a curva para um sistema de
tubulações de PVC, ambos operando com água. Inicialmente determinou-se cinco diferentes pressões manométricas
distribuídas no interval da máxima até a minima pressão, e para seus respectivos valores aferiu-se as vazões no rotâmetro,
depois obteve-se os valores de vazões mássicas em triplicata para cinco aberturas distintas da válvula. Para realização do
experiment foi preciso determinar a altura manométrica a partir da Equação de Bernoulli fazendo as considerações de acordo
com o sistema e, por fim, a partir das curvas foi possível determinar o ponto de operação pela intersecção das curvas
anteriormente obtidas que foi de 3,48 x 10-3 m3s-1 .

Palavras-chave: Curva de Bomba Centrífuga, Curva de Bomba, Equação de Bernoulli, Ponto de Operação.

Introdução A curva característica do sistema é obtida fixando-se a

Bombas são máquinas de fluido que fornecem energia
a fim de transportar o fluido de um ponto a outro. A energia
mecânica gerada é transformada em energia de pressão
e/ou cinética. As bombas realizam transformações de
energia, extraindo energia do fluido de trabalho e
transformando-a em energia mecânica, e/ou cinética, ou
transferindo a energia ao fluido de trabalho. [1].
A energia é cedida ao fluido sob a forma de diferença
de pressão entre a sucção e o recalque da bomba. Esta
energia que a bomba fornece ao fluido é conhecida como
altura manométrica total (Hman), portanto é em função
desta transferência de energia que se eleva, pressuriza ou
transfere fluidos [2].
As curvas características da bomba são função,
principalmente, do tipo de bomba, do tipo de rotor, das
dimensões da bomba, da rotação do acionador e da
rugosidade interna da carcaça e do rotor e são fornecidas
pelos fabricantes das bombas, através de gráficos que
podem representar o funcionamento médio de um modelo.
altura geométrica total do sistema (sucção e recalque) na
coordenada Y, e, a partir deste ponto, calculam-se as
perdas de carga com valores intermediários de vazão, até a
vazão total requerida, considerando-se perda de carga da
tubulação de acordo com seu comprimento, diâmetro e
material do tubo, a perda de carga por singularidade
(acessórios e conexões) e tempo de uso [3].
Toda curva possui um ponto de trabalho denominado
“ponto ótimo” (Figura 1), onde a bomba apresenta o seu
melhor rendimento (η). Este ponto é a intersecção da curva
característica da bomba com a curva característica do
sistema [3].
O ponto de trabalho é o ponto de equilíbrio de
funcionamento do sistema de recalque. Abrindo
gradualmente o registro, começa o escoamento do fluido e
as correspondentes perdas de carga, diminuindo o valor da
altura manométrica. Com o aumento da vazão de
escoamento, progressivamente a energia cinética vai
aumentando e, consequentemente a pressão vai
diminuindo até atingir o equilíbrio. Este, fornece a altura
Hman e a vazão Qt a qual a bomba deve trabalhar.

Figura 2. Bomba centrífuga acoplada a um sistema de

tubulações.

Figura 1. Ponto de operação de uma bomba centrífuga.

Resultados e Discussão

Metodologia
Para determinar a curva da bomba, iniciou-se o
funcionamento da bomba com a válvula de sucção aberta,
anotando-se as pressões obtidas no vacuômetro e
manômetro quando a válvula de recalque estava totalmente
aberta e depois fechada. Com os valores de pressão
máximo e mínimos obtidos foram escolhidos mais três
pontos, intermediários, de diferentes aberturas da válvula
de recalque. Anotou-se as respectivas pressões obtidas
nessas situações e aferiu-se as vazões obtidas pelo
rotâmetro.
A fim de obter a curva do sistema de tubulações anotou-
se todos os parâmetros fixos do sistema, o desnível entre a
saída da água da tubulação e o nível do líquido no tanque;
o diâmetro interno dos dutos de sucção e de recalque; a
soma do comprimento de todos os trechos retos da linha de
sucção (da entrada na tubulação até a bomba) e da linha de
recalque (da saída da bomba até a saída da tubulação); o
tipo e o número de singularidades tanto da linha de sucção
como na linha de recalque. Depois, a válvula do sistema de
reciclo foi fechada e a válvula que permitia a vazão pela
tubulação de saída foi aberta, aferindo a massa de água que
deixava o sistema para 5 aberturas diferentes da válvula a
fim de obter vazões mássicas que posteriormente foram
convertidas para vazões volumétricas a partir da densidade
da água.
A Figura 2 mostra o sistema experimental utilizado
composto pela bomba centrífuga acoplada a um sistema de
tubulações.
Curva da Bomba
Uma bomba adiciona energia a um sistema, o que faz
com que isto resulte em um aumento de pressão, além de
conduzir a ocorrência de um escoamento ou aumento de
vazão.
Os parâmetros principais necessários à construção das
curvas da bomba e do sistema de tubulações são a vazão de
recalque e a altura manométrica representados na Equação
1 a seguir.
𝑚
𝑄×𝑡 = (1)
𝜌
Onde 𝑚 é a massa de fluido coletada em um intervalo
de tempo 𝑡 e ρ, a densidade do fluido.
A altura manométrica H de um Sistema é definida pela
quantidade de energia a ser absorvida por um quilograma
de fluido que atravessa a bomba. Esta é a energia
necessária para que o fluido vença o desnível da instalação,
a diferença de pressão entre os dois reservatórios e a
resistência que as tubulações e acessórios causam no
escoamento conhecidas como perdas de carga distribuída e
localizada.
Aplica-se a Equação de Bernoulli na área de sucção e no
recalque do Sistema e chega-se à expressão designada pela
Equação 2:
𝑃 𝑣 𝑃 𝑣
+ +𝑍 +𝐻 = + +𝑍 +𝑙 (2)
𝛾 2𝑔 𝛾 2𝑔

2
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 Onde, Ps e Pr são as pressões, Zs e Zr são as alturas, vr e 25
vs as velocidades do fluido na sucção e no recalque,
respectivamente, 𝑙 é a perda de carga total, γ é o peso 20
específico do fluido e g, a gravidade.
15
De maneira semelhante:
10
∆𝑃 ∆𝑣
𝐻= + + ∆𝑍 + 𝑙 , + 𝑙 . (3) 5
𝛾 2𝑔
Porém, para o cálculo da curva da bomba, a diferença 0
entre a velocidade do fluido na sucção e no recalque é nula 0,00E+00 1,00E-04 2,00E-04 3,00E-04 4,00E-04
(𝑣 − 𝑣 = 0) e as perdas de carga na sucção e no recalque
Gráfico 1: Curva da Bomba.
são desprezíveis (𝑙 , = 𝑙 , = 0), assim como o
desnível entre as tomadas de pressão (∆𝑍 = 0), e a pressão
A partir da análise de regressão dos dados do Gráfico
de vácuo (𝑃 = 0). Portanto a Equação 4 define esta
1, obteve-se a Equação 5, que representa a curva da bomba,
altura manométrica.
a partir dos dados experimentais.
𝑃
𝐻= (4) y = 4e+07x2 – 37292x + 20,364 (5)
𝜌𝑔
A curva apresentou um coeficiente de correlação R2 =
Onde H é a altura manométrica da bomba [𝑚], 𝑃 éa
0,9875, muito próximo ao valor unitário, o que denota que
pressão manométrica da bomba [Pa], ρ é a densidade do
a correlação dos dados representa perfeitamente o modelo.
fluido [𝑘𝑔𝑚 ], e 𝑔, a aceleração da gravidade [𝑚𝑠 ].
A Tabela 1 contém dados utilizados para a construção
Curva do Sistema
da curva da bomba, disposta no Gráfico 1, cujos valores de
pressão foram aferidos no vacuômetro e no manômetro e,
Para a construção da curva de sistema foi necessário a
o valor da vazão volumétrica e altura manométrica
obtenção de alguns dados, sendo estes: desnível entre a
calculados.
saída da água da tubulação e o nível do tanque de água,
temperatura da água, o diâmetro interno dos dutos de
Tabela 1. Pontos para a curva da bomba: vazão, pressão e
sucção e recalque, a soma do comprimento de todos os
altura manométricas.
trechos retos das linhas de sucção e de recalque, o tipo e a
Ponto Vazão Pressão Altura quantidade de singularidades nas linhas de sucção e
Volumétrica Manométrica Manométrica recalque. A vazão volumétrica foi calculada utilizando a
(m3s-1) (kgf/m2) (m) massa específica da água e o diâmetro de sucção e de
1 1,458E-05 19912,14 19,95657 recalque que eram 1,92 cm e 2,53 cm. Os dados obtidos
2 0,0001133 16221,45 16,25765 estão dispostos na Tabela 2.
3 0,0002143 14376,11 14,40819
4 0,0003238 12530,77 12,55873 Tabela 2: Vazão mássica média, e vazão volumétrica.
5 0,0003288 11710,62 11,73675 Vazão volumétrica
Ponto ṁmédia (kg.s-1)
(m3.s-1)
1 0,01455 1,458E-05
O Gráfico 1 abaixo representa de forma esquemática a
2 0,113123 0,0001133
curva da bomba expressa em função das alturas
manométricas (H) em metros e vazões volumétricas (Q) 3 0,213861 0,0002143
em m3/s. 4 0,32334 0,0003238
5 0,328497 0,0003288

O cálculo do comprimento equivalente dos acessórios

é necessário para se obter a perda de carga no sistema.

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 O peso específico do fluido é dado pela multiplicação 𝑄 ,
, ³/
entre a sua massa específica e a gravidade, de acordo com 𝐻 = ∆𝑧 + 𝐿 +𝐿 0,00086 ,
𝐷
a Equação 6. + 𝐿
𝛾 = 𝜌 ∙ 𝑔 (6) ,
𝑄 , ³/
+𝐿 0,0086 , (11)
Para a equação da curva do sistema, altura manométrica 𝐷
H em função da vazão Q, aplica-se a equação de balanço
de energia mecânica entre o nível do liquido do tanque (N) Onde Qsuc é a vazão volumétrica na sucção (m3 s-1),
até a saída da água da tubulação. Qrec é a vazão volumétrica no recalque (m3 s-1), ∆z é o
𝑃 𝑣 desnível entre a saída da água e o nível de líquido no tanque
+ + 𝑍 +𝐻 (m); Dsuc é o diâmetro da tubulação de sucção (m); Drec é o
𝛾 2𝑔
𝑃 𝑣 diâmetro da tubulação de recalque (m); 𝐿 +𝐿 éa
= + + 𝑍 +𝑙 ,
𝛾 2𝑔 soma do comprimento da tubulação e comprimento
+ 𝑙 , (7) equivalente dos acessórios para a sucção; 𝐿 +𝐿 é
a soma do comprimento da tubulação e comprimento
equivalente dos acessórios para o recalque.
𝑃 𝑃
𝐻= 𝑃 + − 𝑃 +
𝛾 𝛾
𝑣 − 𝑣 A vazão volumétrica (Q) pode ser considerada igual
+ + ∆𝑍 + 𝑙 , para o recalque e a sucção, visto que a água é um líquido
2𝑔
+𝑙 , (8) praticamente incompressível. A altura manométrica é
então expressa pela Equação 11.

𝑃 𝑃 𝑣 − 𝑣 ,
𝐻 = ∆𝑧 + (𝐾 + 𝐾 ) 𝑄 (12)
𝐻= − + + ∆𝑍 + 𝑙 ,
³/
𝛾 𝛾 2𝑔
+𝑙 , (9)
Onde: 𝐾 = 𝐿 + 𝐿 0,00086 ,

Porém as velocidades do fluido na sucção e no Os valores da altura manométrica do sistema e respectiva

recalque são desprezíveis (𝑣 = 𝑣 = 0) a as pressões vazão estão listados na Tabela 5.
manométricas na saída da tubulação e do nível do líquido
no tanque são nulas (𝑃 = 𝑃 = 0). Tabela 5: Pontos da curva do sistema - vazão volumétrica
e altura manométrica
Portanto, Altura manométrica Vazão volumétrica
Ponto
(m) (m³.s-¹)
𝐻 = ∆𝑍 + 𝑙 , +𝑙 , (10) 1 12,14774 0,000337
2 11,12026 0,000331
Onde, 𝑙 , é a perda de carga desde a entrada do 3 8,654313 0,000295
líquido na tubulação até a entrada da bomba, linha de
4 3,516922 0,000202
sucção, 𝑙 , é a perda de carga desde a saída da bomba
até a saída da tubulação do sistema, linha de recalque, ΔZ
A partir dos dados da Tabela 5 foi possível construir a
é o desnível entre a saída da água e o nível da água no
curva do sistema que está mostrado no Gráfico 2.
tanque.
Para obter a curva do sistema usa-se a relação da perda
de carga da bomba em função da vazão, para tanto,
podemos adotar a técnica do comprimento equivalente
com a equação para perda de carga (lw). Portanto:

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 14
Altura manométrica(m)

12 y = 2E+08x2 - 32009x + 2,8929

10 R² = 0,9967 Conclusão
8
6 A partir do experimento foi possível constatar que um
4 aumento da vazão causa uma diminuição da altura
2 manométrica na curva da bomba. O que não ocorre na
0 curva do sistema, em que o aumento da vazão produz um
0 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004
aumento na altura manométrica. Ao colocar as duas curvas
Vazão volumétrica (m3/s) em um mesmo gráfico, tem-se que se tem um ponto de
equilíbrio em que a vazão de cruzamento das curvas terá o
Gráfico 2: Curva do Sistema valor de 3,48 x10-4 m³.s-1. Este valor é onde se encontra o
ponto de operação da bomba. Ambas as curvas obtidas
A partir da linearização dos dados obteve-se a apresentam comportamento característico de acordo com o
Equação 12 da curva do sistema, sendo o coeficiente de esperado. Não é possível visualizar graficamente o ponto
equação da mesma R² = 0,9967, o que implica que está de operação, devido ao limite dos dados experimentais,
condizente com o modelo. mesmo esses tendo sido calculado por regressão.

y = 2E+08x2 - 32009x + 2,8929 (12)

Por fim, com a obtenção dos gráficos para a curva da Referências

bomba e do sistema é possível saber o ponto de operação,
que acontece na interseção entre a curva da bomba e a 1. BAPTISTA, M. LARA, M. Fundamentos de
curva do sistema, representando as condições operacionais Engenharia Hidráulica, 2ª Ed. Belo Horizonte: Editora
de uma bomba no sistema. da Universidade Federal de Minas Gerais, 2006.
O Gráfico 3 mostra a possível interseção das curvas, 2. SANTOS, S. L. Bombas e Instalações Hidráulicas.
onde o ponto de operação da bomba no sistema São Paulo: LCTE, 2007. 253 p.
experimentalmente foi de aproximadamente 3,23 x 10^4 3. Foust, A.S.; Wenzel, L. A.; Clump, C. W.; Maus, L.;
(m3 /s). Calculando o ponto de operação a partir da Andersen, L. B.. Principios de Operaciones Unitarias.
igualdade das equações das curvas obtém-se um valor do Compania editorial Continental, 2ª edição. México,
ponto de operação de 3,48x10-4 (m3 /s). 2006
Portanto o desvio apresentado é de 7,18 % do modelo
para o experimento, o que mostra uma eficiência no
equacionamento obtido através do experimento.

25
Altura Manométrica

20
15
10
(m)

5
0
0 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004
Vazão Volumétrica (m3/s)

Gráfico 3: Ponto de operação.

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