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INSTRUMENTAÇÃO

E DISPOSITIVOS MÉDICOS
UNIDADE IV
INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS
AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO
E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR
Elaboração
Victor Hugo de Paula Flauzino

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE IV
INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E
UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR........................................................................................................................... 5

CAPÍTULO 1
GLICOSÍMETRO............................................................................................................................................................................... 5

CAPÍTULO 2
DISPOSITIVOS DE INFUSÃO PARENTAL............................................................................................................................. 11

CAPÍTULO 3
APARELHO DE PRESSÃO ARTERIAL NÃO INVASIVA...................................................................................................... 20

CAPÍTULO 4
VENTILADORES MECÂNICOS................................................................................................................................................. 26

CAPÍTULO 5
INSTRUMENTOS BIOMÉDICOS UTILIZADOS EM CASA............................................................................................... 39

PARA (NÃO) FINALIZAR................................................................................................................................49

REFERÊNCIAS................................................................................................................................................50
INSTRUMENTOS E
DISPOSITIVOS RELACIONADOS
AO SISTEMA VASCULAR,
SISTEMA RESPIRATÓRIO
UNIDADE IV
E UTILIZADOS NO
ATENDIMENTO DOMICILIAR

CAPÍTULO 1
GLICOSÍMETRO

A disponibilidade de dispositivos de monitoramento de glicemia para uso doméstico


tem impactado significativamente o tratamento do diabetes, pois é recomendado que
indivíduos diabéticos do tipo 1 que são insulinodependentes realizem os testes de
glicemia quatro vezes por dia. Resultados do exame abaixo de 100 mg/dl são ótimos e
representam que os níveis de glicose no sangue estão controlados. A injeção de insulina
no paciente que não se alimentou ou está em jejum pode reduzir o nível de glicose no
sangue e o paciente pode apresentar hipoglicemia, está condição ocorre quando o nível de
Glicose no sangue está abaixo de 60 mg/dl e o paciente pode desenvolver leve confusão
e, até mesmo, perda de consciência e coma. Por outro lado, altos níveis de glicose no
sangue em longo prazo levam a complicações diabéticas como: doenças oculares, renais,
cardíacas, nervosas e dos vasos sanguíneos (YANEZ, 2013).

Essa necessidade do paciente em realizar medições contínuas e precisas do nível de


glicose levou a melhorias constantes nas tiras de teste de amostras, medidores eletrônicos
e técnicas para aquisição de amostras de sangue. Os aparelhos de monitoramento de
glicose são fabricados por várias empresas e sua venda é realizada em farmácias e lojas
de saúde sem prescrição médica (DYRO, 2004).

Métodos históricos para medir o nível de glicose


A diabetes é uma doença antiga e o método de diagnostico utilizado antigamente era feito
por meio de atração de formigas na urina de um indivíduo que tinha doença. Estudos
para descobrir as propriedades químicas redutoras da glicose, como soluções de sal,
corante de cobre e o-toluidina, foram utilizados em testes laboratoriais na década de

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1940; os reagentes tinham sido formulados em comprimidos para serem utilizados em


tubos de ensaio de urina (FARIA et al. 2021).

Os testes mais específicos foram desenvolvidos para utilizar a glicose oxidase que
poderia ser impregnada em uma tira de papel seco. A reação da glicose com a glicose
oxidase produz peróxido de hidrogênio, que reagia com um precursor de corante incolor,
que, na presença do peróxido de hidrogênio, forma uma coloração visível a olho nu.
As primeiras tiras de teste eram baseadas em enzimas que exigiram a adição de urina
por um minuto posterior à lavagem da tira. A comparação visual da cor na tira de
teste com a cor de um gráfico era realizada para estimar a concentração de glicose.
No entanto, a medição da glicose na urina não era adequada, pois os fluidos fisiológicos
como suor, urina e lágrimas, possuem um nível de glicose menor que no sangue.

O sangue é composto por hemoglobina que pode interferir na medição da cor da tira
de teste. Para evitar a interferência, os glóbulos vermelhos eram alocados em uma
camada de celulose aplicada sobre a enzima de papel impregnado de corante em um
recipiente plástico para medir o nível de glicose no sangue, com o passar do tempo foi
desenvolvida uma tira de teste com filme homogêneo resistente à água que impedia
a penetração de glóbulos vermelhos nas tiras de teste e permitia fácil remoção ao
lavar. Ao longo de várias décadas as tiras foram melhoradas para eliminar a etapa de
lavagem/limpeza e medidores eletrônicos foram desenvolvidos para medir a cor.

Desenvolvimento de tiras de teste colorimétricas


e medidores ópticos de refletância

As tiras de testes são criadas para favorecer a leitura óptica, e geralmente são construídas
com várias camadas que fornecem o suporte refletivo para análise e disseminação das
amostras. A função de suporte serve como base para o reagente seco e para realizar
a reflexão. Caso contrário, materiais insolúveis, refletivos ou dispersivos como TiO2,
BaSO4, MgO ou ZnO são adicionados à formulação de reagentes secos. A função de
disseminação deve dispersar rapidamente a amostra por toda a fita após a aplicação
do sangue e formar uma concentração uniforme na porção analítica para ativar a tira.
A maioria das tiras e membranas semipermeáveis são confeccionados por lã de fibra de
vidro para espalhar e separar o plasma do sangue (YANEZ, 2013).

A função analítica da tira é baseada em uma reação enzimática com glicose e reações que
ocasiona a mudança de coloração da fita. As fitas são produzidas com enzima estável,
mas ela pode sofrer deterioração como pH, temperatura, dano físico, solventes orgânicos
e várias outras ações ou agentes de desnaturação. A inativação adicional ocorre durante
o armazenamento do produto. Em geral, enzimas e outros reagentes são incorporados

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na tira para que os resultados sejam rápidos e precisos. As formulações de reagente,


como espessamento, construtores, emulsificantes, dispersão e pigmentos, fornecem
uma camada de reação com boa precisão(FARIA et al. 2021).

O esquema de reação de glicose oxidase/peroxidase usado ocorre pela catalisação e oxidação


da glicose para formar o ácido glucônico e o peróxido de hidrogênio. A concentração de
oxigênio no sangue (cerca de 0,3 mM) é muito menor do que a concentração de glicose (3
a 35 mM), portanto, o oxigênio da atmosfera deve se difundir na tira de teste para levar a
reação química e conclui o exame. Peroxidase catalisa a reação do peróxido de hidrogênio
com hidrato de 3-metil-2-benzotiazolinona (MBTH) e ácido 3-dimetilaminobenómico
(DMAB). O esquema de reação de hexokinase, ATP e magnésio reagem com glicose para
produzir glicose-6-fosfato. O glicose-6-fosfato reage com glicose-6-fosfato desidrogenase
e NAD+ para produzir NADH. O NADH então reage com diaforrase e reduz o indicador
de tetrazolium para produzir um composto marrom (formazan).

A sequência de reação requer três enzimas é insensível ao oxigênio, a Bis-(2-hidroxi-


ethyl)-(4-hidroximinocicclohex-2,5-dienylidene) cloreto de amônio (BHEHD) é reduzida
por glicose ao derivado de hidroxilamina correspondente à diamina sob a ação catalítica
da glicose oxidase. A diamina reage com um sal ácido phosfomolíbdico de 2,18 para
formar azul molhênio.

As tiras dos testes ópticos e os medidores de reflectância normalmente requerem 3-15


μl de sangue e o resultado fica pronto de 10 a30 segundos. As faixas de hematócrito
e glicose são de 30-55% e 40-500 mg/dl (2,2-28 mM), medidor possui dois diodos
emissores de luz (635 e 700 nm) que realizam a medição da cor dos glóbulos vermelhos
e à cor do corante, as medidas de reflectância de ambos os LEDs são medidas com um
único fotodetector. Os sistemas ópticos estão sujeitos a interferências da luz ambiente
e não funcionam sob luz solar (DYRO, 2004).

Os sistemas ópticos perderam mercado para os sistemas eletroquímicos em 1987.


As tiras de teste óptica geralmente requerem amostra de sangue maior e levam mais
tempo para produzir o resultado. Atualmente, os medidores de reflectância óptica são
mais caros, exigem baterias maiores e são mais difíceis de calibrar do que os medidores
eletroquímicos.

Surgimento de tiras eletroquímicas

Os sistemas eletroquímicos baseiam-se na reação de um mediador eletroquimicamente


ativo com uma enzima. O mediador é oxidado em um eletrodo sólido com potencial
positivo aplicado. Elétrons fluirão entre a superfície do mediador e do eletrodo quando
uma energia mínima for atingida. A energia dos elétrons no mediador é fixada na base

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da estrutura química, mas a energia dos elétrons no eletrodo sólido pode ser alterada por
meio da aplicação de uma tensão entre o eletrodo de trabalho e um segundo eletrodo.
A taxa da reação de transferência de elétrons entre o mediador e uma superfície do
eletrodo em funcionamento é dada pela equação Butler-Volmer. Quando o potencial
é grande o suficiente, o mediador atinge o eletrodo que reage rapidamente, e a reação
torna-se controlada por difusão (YANEZ, 2013).

A corrente de uma reação eletroquímica controlada por difusão irá decair com o tempo.
Isso significa que o sinal eletroquímico ocorre rapidamente e colore as reações de forma
intensa com o tempo. O método eletroquímico depende da medição da corrente da
transferência de elétrons entre o eletrodo e o mediador. No entanto, quando um potencial
é aplicado pela primeira vez ao eletrodo, os dois polos da molécula se alinharão com o
campo elétrico na superfície do eletrodo, fazendo com que uma corrente flua. Assim,
em curto prazo a corrente de carregamento interfere na medição analítica. Sensores
eletroquímicos geralmente aplicam um potencial à superfície do eletrodo e medem a
corrente após a corrente de carregamento ser deteriorada. Com pequenos volumes de
amostra, a análise colorimétrica pode ser utilizada para medir a corrente necessária
para o consumo de glicose.
Figura 23. Glicosímetro.

Fonte: Engenharia Clínica Online, 2021.

O esquema de reação usado na primeira tira de teste eletroquímico comercial do


MediSense considera taxas de transferência de elétrons, entre a forma reduzida de
glicose oxidase e derivados de íons ferricínio, muito rápidas em comparação com a
reação lateral do oxigênio. A oxidação eletroquímica da ferrocena é realizada a 0,6 V.
A oxidação de interferências, como ácido ascórbico e acetaminofeno presente no sangue,
são corrigidas pela medição da corrente em um segundo eletrodo na tira que não contém
glicose oxidase. O esquema de reação usado nas tiras de teste da Abbott Laboratories
MediSense Products Precision-Xtra e Sof-Tact possuem a enzima glicose desidrogenase

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(GDH) que não reage com oxigênio e o mediador de quinina de fenoantrólina pode ser
oxidado a 0,2 V, que está abaixo do potencial de oxidação da maioria das substâncias
interferentes.

O eletrodo que mede as tiras eletroquímicas é confeccionado pela impressão de tela


de uma tinta de carbono condutora em um substrato plástico com uma folha metálica.
Geralmente, as tiras de teste são fabricadas, testadas e codificadas com um código
calibração. O código de calibração fornecido com cada pacote de tiras deve ser inserido
manualmente no medidor pelo usuário. No entanto, alguns medidores high-end realizam
a leitura de forma automática do código de calibração das tiras. Os medidores projetados
para uso hospitalar possuem leitores de código de barras para realizar a calibração,
o controle de qualidade e a leitura das informações do paciente. As tiras de teste são
fornecidas em frascos ou embalagens individuais de papel alumínio para protegê-las e
aumentar a sua vida útil, normalmente pode chegar a 1 ano (FARIA et al. 2021).

Melhorias nas interações do usuário com o sistema


e testes alternativos do site

Tanto os indivíduos que possuem diabetes do tipo 1 ou 2 realizam o teste de glicemia


constantemente. Os sistemas operacionais do glicosímetros foram desenvolvidos nos
últimos anos para fornecer o nível de glicose no sangue com precisão e melhorar a vida
do paciente portador de diabetes. O sangue é coletado por lancetas que perfuram a
borda ou extremidade do dedo a uma profundidade de 1,5 mm e, às vezes, o paciente
precisa espremer ou ordenhar para produzir uma gota de sangue. A área para alocar o
sangue é claramente identificada pelo fabricante (DYRO, 2004).

Um problema comum é manchar a tira com uma gota de sangue mais fina do que a
normal; quando isto ocorre, podem acontecer erros de leitura do aparelho. Muitas tiras
agora exigem que a gota de sangue seja aplicada ao final ou ao lado da faixa em que a
ação capilar é usada para preencher a tira. O enchimento parcial pode ser detectado de
forma eletrônica ou pela observação do preenchimento da tira com sangue. O pequeno
espaço capilar na tira eletroquímica requer apenas 300 nl de sangue.

As lancetas mais finas chegaram ao mercado com agulha nos tamanhos de 0,28 mm
a 0,31 mm. As lancetas são acopladas em dispositivo que possui sistema de mola para
lançar e retrai a agulha de forma automática. A profundidade que a agulha penetra a
pele é ajustável por meio de diversas configurações que o dispositivo possui em uma de
peça semelhante a uma ponta de caneta. Infelizmente, a alta quantidade de terminações
nervosas do dedo tornam o processo de coleta de sangue doloroso e alguns indivíduos

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com diabetes não realizam o teste com tanta frequência quanto deveriam devido à dor
durante as coletas de amostra (YANEZ, 2013).

Recentemente, dispositivos foram projetados para coletar amostra de diferentes


pontos do corpo, um processo chamado de “local alternativo”. O uso de amostragem
alternativa de vários locais do corpo pode apresentar valores de glicose e hematócrito
diferentes ao quando comparados com o sangue coletado nas pontas dos dedos.
Uma tira de teste de baixo volume, tipicamente um microlitro ou menos, é necessária para
medir as pequenas amostras de sangue obtidas em locais alternativos. Alguns cuidados
e algumas técnicas são necessários para obter uma quantidade adequada de sangue e
transferi-lo para as tiras ao usar pequenas amostras de sangue.

Um dispositivo local alternativo, o medidor que extrai e transfere sangue para a tira
de teste de forma automática. O dispositivo contém uma bomba de vácuo, acoplada a
lanceta com uma tira de teste que é automaticamente alocada sobre o local de coleta.
O vácuo desliga-se depois que o sangue é retirado e entra na tira para realizar a análise
do resultado.

O tamanho de um medidor é frequentemente determinado pelo tamanho do display,


embora os medidores eletroquímicos possam ser menores do que os medidores de reflexão.
Os glicosímetros armazenam resultados de testes realizados recentemente na memória
e muitos permitem o download dos resultados. Funções avançadas de software são
fornecidas com alguns medidores para permitir a entrada de doses de insulina durante
a prática de exercício e ingestão de alimentos, esse dispositivo é uma combinação de
medidor de PDA com dois medidores de insulina-glicose (FARIA et al. 2021).

Um combina uma caneta de injeção de insulina com um medidor de glicose eletroquímico,


e o outro uma bomba contínua de infusão de insulina com um medidor eletroquímico
de glicose usando telemetria para baixar o nível de glicose que foi programado na
bomba de insulina. A variedade de medidores disponíveis no mercado é impulsionada
principalmente pela necessidade de satisfazer os desejos de diversos e clientes que são
impulsionados por diferentes fatores, como custo, facilidade de uso ou incorporação de
um design específico ou recurso funcional (DYRO, 2004).

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CAPÍTULO 2
DISPOSITIVOS DE INFUSÃO PARENTAL

O sistema circulatório realiza a distribuição de oxigênio e remove o dióxido de carbono.


Uma vez que todo o suprimento de sangue em um adulto saudável circula completamente
dentro de 60 segundos, substâncias introduzidas no sistema circulatório são distribuídas
rapidamente. O acesso intravenoso (IV) fornece caminho eficaz para a entrega de
fluídos e medicamentos, por meio do sistema circulatório, aos órgãos vitais do paciente.
Cerca de 80% dos pacientes hospitalizados recebem terapia de infusão. As veias periféricas
e centrais são utilizadas para a maioria das infusões. Uma variedade de dispositivos pode
ser usada para infusão de medicação, soluções e componentes sanguíneos. Um sistema
de terapia intravenosa normalmente consiste em três componentes principais que são:
frasco ou medicação, acessos venosos de cateter e dispositivo para regular ou gerar fluxo.

Critérios de desempenho para dispositivos


de infusão IV
A via IV fornece excelente rota para a terapia contínua de medicamentos. O sistema de
infusão ideal deve regular o volume medicamentos que são infundidos no organismo
para alcançar e manter terapia medicamentosa desejada. A diminuição da infusão não
fornece medicamentos suficientes para o tratamento, enquanto o aumento na infusão
pode produzir efeitos tóxicos graves para a saúde do paciente (CALIL, 2002).

A faixa terapêutica e os riscos associados à baixa e à alta infusão dependem da medicação


e das condições clínicas do paciente. A infusão intravenosa de fluidos e eletrólitos muitas
vezes não precisa de uma regulação altamente precisa. Pacientes com poucas comorbidades
podem tolerar variabilidade da taxa de infusão de ±30% para infusão de hidrocoloides.
Em algumas situações, no entanto, especificas para pacientes com restrição de líquidos,
a infusão de pequenos ou grandes volumes de líquido pode comprometer os sistemas
cardiovascular e renal do paciente.

A infusão de muitas medicações, especialmente drogas vasoativas, requer alta precisão


durante a infusão. Por exemplo, paciente em pós-operatório de cirurgia cardíaca com
implante coronariano com infusão de nitroprussiato de sódio para diminuir a pressão
arterial. A hipertensão arterial, associada à diminuição de infusão pode levar o rompimento
das suturas do enxerto e ocasionar maior estresse com risco de hemorragia interna.
A hipotensão associada à alta infusão pode comprometer o estado cardiovascular do
paciente. O nitroprussiato é uma droga potente que necessita de controle rigoroso para
não alterar a pressão do paciente de forma brusca. Algumas drogas como a do exemplo
citado precisam de controle rigoroso e precisão durante a infusão de medicamentos.

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Dispositivos de infusão intravenosa

As bombas de infusão funcionam da seguinte forma, um gradiente de pressão hidrostática


é utilizado para ajustar a resistência do sistema de infusão e controlar o fluxo de líquido
que irá ser infundido. As complicações como obstruções parciais resultam em redução
do fluxo que pode ser detectado por um monitor de fluxo automático que detectam
possíveis problemas durante a infusão de soluções.

Regulação de fluxo/resistência da gravidade

Os meios mais simples para fornecer fluxo regulado de líquido emprega a gravidade
como a força motriz por meio de um dispositivo no formato de grampo para controlar a
resistência. Quando uma bolsa de líquido de 60 a 100 ml e suspensa acima do paciente
fornece um gradiente de pressão hidrostática Ph igual a 1,34 mmHg/cm de elevação.
A pressão das veias reduz minimamente o gradiente de pressão hidrostática para realizar
a infusão de medicamentos no sistema circulatório do paciente. O fluxo gravitacional
não pode ser usado para infusões arteriais, uma vez que a maior pressão vascular excede
a pressão hidrostática disponível.

A estabilidade do fluxo em um sistema de infusão gravitacional está sujeita a variações na


pressão hidrostática e venosa, bem como resistência do cateter. No entanto, o fator mais
importante é a mudança na resistência do regulador de fluxo causada pela diminuição do
lumem da parede da tubulação. Deve-se ter cuidado para configurar o fluxo de volume
a ser infundido no paciente para fornecer com precisão a quantidade de medicação no
tempo ideal, uma vez que a equipe de enfermagem estima a taxa de fluxo, por meio do
gotejamento que ocorre em uma câmara e pela regulação do grampo para obter o fluxo
de infusão desejado (CALIL, 2002).

No equipo de soro normal, o orifício no final da câmara de gotejamento é o componente


principal que determina a taxa de volume. Vários fabricantes fornecem conjuntos para
a terapia venosa em micro e macrogotas que são projetados para ser utilizados para
pacientes pediátricos e adultos. A programação de infusão nas câmaras de gotejamento
possui uma taxa de erro na vazão em 3% nos equipos microgotas e 17% nos equipos de
macrogotas. A variação de gravidade e da tensão superficial dos fluidos pode fornecer
grande de variabilidade no tempo e no volume de líquidos.

Os equipos de infusão geralmente possuem o regulador de fluxo a rolete este mecanismo


possui o princípio de Starling, a resistência é proporcional ao gradiente de pressão
hidrostática. Assim, o dispositivo fornece um mecanismo de feedback negativo para
reduzir a variação de fluxo à medida que o gradiente de pressão muda com o tempo.

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Os reguladores de fluxo mecânico estão nas maiorias dos sistemas de terapias intravenosas,
o uso mais comum para esses sistemas é a administração de fluidos e eletrólitos.

Bombas de infusão

Os dispositivos de infusão de soluções combinam eletrônica com um mecanismo para


gerar fluxo. Esses dispositivos têm padrões altamente desenvolvidos do que os simples
reguladores de fluxo por gravidade. A Association for the Advancement of Medical
Instrumentation (AAMI) recomenda que a precisão das bombas de infusão permaneça
dentro de ±10% da taxa definida para infusão geral e, para infusão de medicamentos
que requerem alta precisão é de ±5%. Tais requisitos normalmente se estendem a essas
medicações com índices terapêuticos pequenos e/ou baixas taxas de infusão de medicação,
por exemplo, a população neonatal ou outros pacientes com restrição de líquidos.

No Departamento de Saúde britânico, foram estabelecidas três categorias principais


para dispositivos de infusão hospitalar:

» infusões neonatais;

» infusões de alto risco; e

» infusões de baixo risco.

O controle de infusão de medicação em recém-nascidos deve ser altamente preciso, pois


qualquer alteração na terapia medicamentosa pode interferir diretamente no quadro
clínico do paciente (DYRO, 2004).

Figura 24. Bombas de infusão.

Fonte: Engenharia Clínica Online, 2021.

Bomba de infusão enteral

A bomba de infusão enteral fornece medicamentos e dieta enteral para o trato digestivo do
paciente, possui controle preciso da quantidade de volume e do tempo que será infundido

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ao longo do dia. O dispositivo que recebe estes fluidos podem ser sondas nasoenterais e
nasogástricas que estão alocadas no nariz do paciente ou por gastrostomia (estômago) ou
jejunostomia (intestino). A indicação das sondas depende das necessidades e condições
clínicas do paciente.

Bomba de analgesia controlada por paciente (PCA)

A bomba de PCA é utilizada em pacientes que estão com bastante dor e este dispositivo
é controlado pelo paciente e pode ser utilizado em casa ou nas instituições hospitalares.
A bomba de PCA administra medicamentos analgésicos para alívio da dor, a via de
administração geralmente é a intravenosa, mas existe cateter que administra a medicação
no espaço subdural, esta prática de analgesia é utilizada somente em hospitais. A bomba
de PCA pode ser programada para liberar a medicação de forma contínua ou quando o
paciente solicitar. Ela é indicada para pacientes em estágios avançados de câncer, pós-
operatório entre outras situações (CALIL, 2002).

Figura 25. Bomba de analgesia controlada por paciente (PCA).

Fonte: Engenharia Clínica Online, 2021.

Bomba de insulina e de infusão elastomérica

A bomba de insulina é um equipamento portátil que o paciente pode transportar preso ao


cinto ou no bolso, e que libera insulina de ação rápida por uma cânula que está alocada
debaixo da pele e precisa ser trocada a cada dois ou três dias. A vantagem da bomba
de insulina é que o paciente não precisa tomar injeção com insulina constantemente
e permite melhor qualidade de vida e não altera a rotina do paciente. As bombas de
infusão elastomérica não funcionam com eletricidade, e sim com uma pressão interna
que libera medicamentos líquidos como antibióticos, anestésicos locais e analgésico.
A bomba de infusão elastomérica possui uma taxa precisa de infusão e é de uso único.

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Figura 26. Bomba de insulina e de infusão elastomérica.

Fonte: Engenharia Clínica Online, 2021.

Controladores

Os controladores automatizam o processo de ajuste do regulador de fluxo mecânico.


Os controladores mais comuns utilizam sensores para contar o número de gotas que
passam pela câmara de gotejamento para fornecer o ajuste automático da taxa de infusão.
A precisão da taxa de fluxo permanece limitada pela taxa e pela viscosidade do fluido e
o número de gotas. A infusão pode ser prejudicada devido à angulação inadequada da
câmara de gotejamento que influencia diretamente na taxa de infusão. Para que isso
não ocorra, é indicado contador de gotas com câmara volumosa rígida dividida por
membrana flexível. As válvulas controladas por instrumentos permitem que o fluido
preencha a câmara do reservatório e desloque as membranas para que o líquido seja
conduzido até a segunda câmara em direção ao paciente. Quando as válvulas de entrada
e saída invertem, a segunda câmara é preenchida enquanto a primeira câmara realiza
a infusão de medicação no paciente (DYRO, 2004).

Os controladores de volume fornecem maior precisão do que os controladores de gotas,


porém seus suprimentos são mais caros e o fluxo é limitado pela altura e resistência
do sistema vascular. Além de melhorias na precisão da taxa de fluxo, os controladores
devem ser seguros para qualquer terapia medicamentosa e deve detectar complicações
no local de punção. Algumas empresas desenvolveram controladores modulares de
fluxo com pressão para melhorar e monitorar a resistência de infusão. Em contraste
com os controladores de infusão, as bombas de infusão geram fluxo por deslocamento
mecanizado de líquidos que ocorre na câmara de volume. As bombas de infusão são
altamente precisas na infusão de volume (0,1 a 1000 ml/h). Os motores são controlados
por roldanas ou pistões utilizados para fazer pressão no fluido. Na infusão de pequenos
volumes os motores operam de forma suave para impulsionar uma pequena quantia de
líquido para o paciente.

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Bombas de seringa

Essas bombas empregam uma seringa como câmara de bombeamento e reservatório


de líquido. Um parafuso de precisão é usado para produzir avanço linear constante do
êmbolo da seringa. As bombas geralmente aceitam seringas que variam em tamanho
de 5 a 120 ml. A precisão e a uniformidade da taxa de infusão são determinadas pelos
mecanismos de deslocamento e diâmetro interno da seringa. Uma vez que os mecanismos
de seringa podem infundir medicação ou dieta com menos de 1% de erro, a resistência
interna da seringa pode influenciar diretamente na precisão da taxa de infusão.

A maioria das seringas é fabricada com plástico rígido e fornece precisão de ±5%. A taxa
de fluxo está ligada diretamente com a qualidade, o diâmetro e o tamanho da seringa.
Portanto, a seleção de uma seringa de menor volume fornece baixo volume a ser infundido.
Outros fatores que podem atrapalhar o desempenho de uma bomba de seringa são a folga
no trem de engrenagem e no acoplamento do eixo de tração, resistência para pressionar
o êmbolo causam imprecisões durante os estágios iniciais da infusão.

Figura 27. Bombas de seringa.

Fonte: Engenharia Clínica Online, 2021.

Uma vez que os volumes de seringa são menores do que os reservatórios utilizados
em outros dispositivos de infusão, as bombas de seringa, geralmente, fornecem
medicações para paciente com restrição a líquidos, com terapia de curta duração ou
ainda em recém-nascidos. As bombas de seringas, em geral, são melhores que outros
tipos de bombas.

Com o reservatório de medicamentos fechado dentro do dispositivo, essas bombas


gerenciam bem a infusão de medicamentos em diversas aéreas hospitalares. Elas utilizam

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a ação do tipo pistão automatizado para esvaziar e permitir a troca do reservatório. O


processo de abastecimento em dispositivos de pistão único requer interrupção no fluxo.
O tempo de interrupção em relação à meia-vida da droga determina o impacto que o
período de recarga pode ocasionar na terapia do paciente.

Para eliminar a interrupção causada pela recarga, os dispositivos de pistão duplo


alternam os estados de recarga e infusão para proporcionar uma saída contínua
de medicamento que ficou na linha de infusão. O controle rigoroso da área interna
da câmara de bombeamento proporciona precisão excepcional da taxa de infusão.
Os fabricantes desenvolveram recentemente bombas pequenas que ainda podem gerar
todo o espectro da taxa de infusão (0,1 a 999,0 ml/h). Esses sistemas combinam câmara
de bombeamento, sistema de entrada e saída, sensoriamento de pressão e detecção de
ar em um único componente complexo.

Bombas peristálticas

As bombas peristálticas operam em um segmento curto de tubulação, os mecanismos


peristálticos rotativo comprimem o tubo de bombeamento contra a carcaça do rotor, por
meio de rolos montados no equipamento. Com a rotação, os rolos empurram o fluido do
recipiente por meio da tubulação em direção ao paciente. Pelo menos um dos rolos oclui
completamente a tubulação contra a carcaça o tempo todo, impedindo o livre fluxo do
reservatório para o paciente. Durante uma parte do processo, dois rolos prendem fluido
no segmento de bombeamento. O volume retido entre os rolos determina a precisão
do fluxo.

As bombas peristálticas lineares seguram o bombeamento em um canal pressionado


contra uma placa de apoio rígida. Uma série de reguladores são acionados por câmeras
para ocluir sequencialmente o segmento, começando com a seção mais próxima do
reservatório forçando o fluido em direção ao paciente com a ação de onda sinusoidal.
Em um desenho típico com intervalos uniformes, o motor forma uma onda de fluxo com
característica semelhante a uma onda senoidal positiva.

As bombas de infusão fornecem vantagens significativas sobre os reguladores de fluxo


manual e os controladores em várias categorias. As bombas de infusão podem fornecer
uma entrega precisa sobre uma ampla gama de taxas de infusão (0,1 a 999,0 ml/h). Nem
a resistência elevada do sistema e a pressão da linha distal limitam a taxa máxima de
infusão. As bombas de infusão podem ser utilizadas para diversas terapias medicamentosas
(DYRO, 2004).

A precisão da taxa de fluxo das bombas de infusão é altamente dependente do segmento


empregado como câmara de bombeamento. A incorporação de seringas especiais ao

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UNIDADE IV | INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR

circuito de bombeamento pode melhorar significativamente a precisão da taxa de


fluxo. Tanto as tolerâncias de fabricação quanto a composição do material do circuito
interferem significativamente na precisão da taxa de fluxo.

Gerenciamento de oclusões do sistema de entrega

Um dos problemas mais comuns na gestão de um sistema de infusão intravenosa é a


rápida detecção de oclusão no sistema. Com uma completa oclusão, há resistência ao
fluxo e o dispositivo deixa de gerar a infusão. Os reguladores de fluxo mecânico não têm
mecanismo para detecção de interrupções de fluxo, portanto, a equipe de enfermagem deve
avaliar e identificar possíveis oclusões durante o atendimento rotineiro. Os controladores
eletrônicos sentem a ausência de fluxo e acionam um alarme em resposta à incapacidade
de sustentar a taxa de fluxo desejada.

O problema de detectar rapidamente uma oclusão em uma bomba de infusão é mais


complexo. As oclusões que ocorrem entre o reservatório de fluidos e o mecanismo
de bombeamento, a bomba continua a impulsionar o fluido entre os tubos ao ponto
de oclusão. A abordagem mais comum para detectar a oclusão a jusante requer
um transdutor de pressão imediatamente abaixo do mecanismo de bombeamento.
Esses dispositivos geram um alarme quando a pressão média ou a taxa de mudança na
pressão excedem certo limiar.

Os algoritmos de detecção baseados em pressão dependem da precisão e estabilidade


do sistema de detecção. A redução do limiar de pressão absoluta ou relativa no alarme
de oclusão aumenta a probabilidade de falsos alarmes. O movimento do paciente, as
variações de altura do paciente para a bomba e outras circunstâncias clínicas podem
causar grandes perturbações na pressão da linha. Para otimizar o equilíbrio entre e
alarmes falsos mínimos, algumas bombas de infusão permitem que o limiar de alarme
seja definido pela equipe de saúde. Algumas bombas tentam otimizar o desempenho
na variação dos limites de alarme e pressão com a taxa de fluxo. Outra forma que pode
ser utilizada para a detecção de oclusão usa o torque do motor como medida indireta de
pressão no mecanismo de bombeamento. Embora essa abordagem elimine a necessidade
de um sensor de pressão, ela pode detectar alarmes falsos como, atrito no mecanismo
de engrenagem e de bombeamento (CALIL, 2002).

Nas bombas de seringa, nas quais o coeficiente de atrito estático ocorre no embolo
contra a parede da seringa pode ser substancial, a detecção de oclusão pode exceder
1h em baixas taxas de fluxo. A medição direta e contínua da resistência ao fluxo pode
fornecer uma modalidade de monitoramento que supera as desvantagens dos sistemas
de alarme baseados em pressão, especialmente em baixas taxas de infusão. Tal sistema

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INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR | UNIDADE IV

de monitoramento teria a vantagem adicional do desempenho não afetado pela taxa de


fluxo, pelas variações de pressão hidrostática e pelos artefatos de movimento.

As oclusões podem causar grandes pressões negativas à medida que o mecanismo de


bombeamento gera um vácuo no segmento de tubos. O tubo pode entrar em colapso e o
vácuo pode puxar o ar por meio das paredes de tubulação ou formar bolhas de cavitação.
O sensor de pressão situado acima do mecanismo ou sensor de pressão abaixo do
mecanismo sincronizado com o enchimento da câmara de bombeamento pode detectar
o vácuo associado a uma oclusão. Transdutores ópticos ou ultrassom, situados abaixo
do mecanismo, podem detectar bolhas de ar no cateter, e filtros eliminadores de ar
podem remover o ar para impedir que ocasione embolia gasosa (ar introduzido dentro
do sistema circulatório do paciente). Algumas das complicações graves que ocorrem na
terapia intravenosa no local da punção venosa são:

» extravasamento de medicação;

» flebite, tromboflebite;

» infecções relacionadas a IV;

» equimose; e

» hematomas.

Extravasamento (ou infiltração) é infusão de medicamento no tecido intersticial.


O percentual relatado de pacientes a quem ocorreu extravasamento varia de 10% a mais
de 25%. Os danos teciduais não ocorrem com frequência, mas as consequências podem
ser graves, incluindo necrose cutânea que requer cirurgia plástica de reconstrução ou
amputação de membros. A lesão por extravasamento está correlaciona da com a idade,
nível de consciência, condições da circulação venosa do paciente, localização e inserção
da cânula intravenosa. Drogas que têm alta osmolaridade, propriedades vesicantes
também podem levar o paciente a desenvolver flebite ou isquemia por extravasamento.

19
CAPÍTULO 3
APARELHO DE PRESSÃO ARTERIAL NÃO INVASIVA

O início da aferição do pulso arterial não invasivo começou em 1555 pelo cientista
polonês Strus em sua teoria o pulso emitido possuía o formato de onda. O médico
Italiano Scipone Riva-Rocci (1863-1937) inventou o primeiro aparelho para medir a
pressão arterial em 1986 e nomeou o instrumento como esfigmomanômetro, que vem
da palavra do Sphygmos, o qual significa pulso. Os aparelhos são semelhantes ao usados
atualmente, constituído por manguito com a função de inflar e desinflar e envolver todo
o braço do paciente, recipiente em formato de vidro com mercúrio e uma pera para
insuflar o ar no manguito. Rocci inseria a braçadeira perto da artéria aorta para exercer
pressão na artéria do braço no momento em que ocorre a perda do pulso por meio da
desinsuflação, o valor da coluna de mercúrio corresponde a pressão sistólica – naquela
época não existia aferição da pressão diastólica.

Atualmente, com o avanço da tecnologia, a medição da pressão arterial ficou mais


simples, o desenvolvimento de aparelhos de pressão não invasiva digital melhorou
bastante a dinâmica nas instituições de saúde, mas a medição da pressão arterial
não invasiva ainda é um desafio, pois métodos rigorosos para extrair informações
cardiovasculares funcionais da pressão não invasiva ainda possuem limitação.
Neste capítulo, serão revistos métodos, instrumentos, funcionamento e tendências
futuras dos dispositivos para aferir a pressão arterial.

Dois tipos de métodos são utilizados para aferição de pressão arterial não invasiva:
dispositivos que verificam a pressão periodicamente e aqueles que a registram.
Os dispositivos fornecem a pressão sistólica e diastólica e, às vezes, o pulso. Esses valores
são coletados sobre diferentes batimentos cardíacos durante o curso de um minuto,
dependendo do aparelho.

O conhecimento da pressão sistólica e diastólica é fundamental para avaliar a função


cardiovascular e identificar a doença. A escolha do método depende do tipo de
monitorização e indicação médica. Por exemplo, a pressão alta é um precursor conhecido
de muitas outras formas de doenças cardiovasculares, o método não invasivo que mostra
a pressão arterial ao longo dos dias é geralmente utilizado para estudar a progressão
da hipertensão. Aparelhos mapa de pressão arterial, usados para realizar a medição da
PNI de forma contínua, são instrumentos que foram projetados recentemente para o
uso ambulatorial. O Aparelho Monitor de Pressão Mapa possui a versão de 24 e 48 e
são utilizados para monitorarem as variações de pressão arterial no período diurno ou
noturno. As informações da pressão do paciente são armazenadas e disponibilizadas
na forma de mapa para o médico realizar avaliação (DYRO, 2004).

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Princípio da PNI

O princípio da pressão vascular é fundamental para todos os métodos oclusivos que


utilizam manguitos para determinar a pressão arterial. O manguito aplica pressão de
compressão externa a um membro de tal forma que seja transmitida aos vasos subjacentes
para alterar a pressão transmural que irá variar com a pressão externa e fará com que
o vaso entre em colapso, conhecido como método de Korotkoff e oscilometria.

O Korotkoff e a oscilometria utilizam a ideia de abertura e fechamento do lúmen de uma


artéria como indicação de pressão arterial. Esse conceito simples é complicado pelo fato
de que o fechamento de lúmen pode ou não ocorrer de deixar a pressão transmural zero.
Em vez disso, a pressão transmural deve ser entre 5 a 20 mmHg para o fechamento completo.

Manguitos

Os manguitos foram projetados para cobrir toda a circunferência da perna ou do braço.


Consiste em uma bexiga de borracha plana conectada à tubulação de alimentação de
ar. A bexiga é coberta externamente por material de pano com fixadores de velcro ou
botões em ambos os lados para fácil alocação e remoção. Enquanto o manguito circunda
todo o braço, a bexiga se estende por aproximadamente metade da circunferência.
A bexiga é pressurizada com ar derivado de uma bomba de mão, válvula de liberação e
manômetro conectado à tubulação de alimentação de ar.

O manguito deve transmitir a pressão com precisão até o tecido ao redor da artéria
braquial. A braçadeira do manguito deve ser adequada para a circunferência do braço
ou punho do paciente para que não ocorram erros na medição da pressão arterial.
Os fabricantes de manguitos fornecem uma gama de tamanhos de braçadeira desde o
uso pediátrico até adultos obesos.

Figura 28. Aparelho de pressão digital.

Fonte: Engenharia Clínica Online, 2021.

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Método de Korotkoff

O método auscultatório de Korotkoff foi introduzido pelo médico do exército russo N.


Korotkoff em 1905. Em seus experimentos, Korotkoff descobriu que o som emitido de
um membro parcialmente ocluído era indicativo de fluxo arterial e que, junto com o
manguito oclusivo, poderia ser usado para determinar a pressão arterial. O método é
utilizado nos dias de hoje com um estetoscópio colocado distal do manguito alocado
sobre a artéria braquial na fossa antecubital.

O manguito é inflado cerca de 30 mmHg acima da pressão sistólica e, em seguida,


é esvaziado a uma taxa de 2 a 3 mmHg/seg. Com a queda da pressão no braço, os
sons começam aparecer e mudam lentamente suas características. Os sons iniciais
são conhecidos como som Korotkoff fase I e denotam a pressão sistólica. Os sons
aumentam em sonoridade durante a Fase II. A intensidade máxima ocorre na Fase
III, na qual o som de toque pode ser seguido por um murmúrio devido à turbulência.
Finalmente, o som Korotkoff da Fase IV é identificado como som abafado, e a Fase V é o
desaparecimento completo do som. A fase IV é geralmente tomada para indicar pressão
arterial diastólica. No entanto, a Fase V também foi sugerida como uma indicação mais
precisa de pressão diastólica. Esse assunto é uma fonte contínua de controvérsias.
A longa história do som Korotkoff fornece muita informação experimental. O método
Korotkoff é aplicável a outros vasos além da artéria braquial do braço. Por exemplo, a
artéria radial, pediosa ou temporal.

No caso da artéria temporal, uma cápsula de pressão é aplicada sobre a artéria na cabeça,
no lugar de um manguito oclusivo, para fornecer pressão externa. Essa abordagem
mostrou-se precisa e é aplicável a pilotos de corrida. A pressão vascular cerebral dos
pilotos, muitas vezes, cai em manobras de alta aceleração, de modo que a pressão da
artéria temporal possa monitorar a pressão dos pilotos em uma corrida.

Oscilométria

A medição oscilométrica da pressão arterial antecede o método de Korotkoff.


O fisiologista francês Marey em 1885 colocou o braço dentro de uma câmara de compressão
e observou que a pressão da câmara flutuava com o pulso. Ele também observou que
a amplitude da pulsação variou com a pressão da câmara. Marey acreditava que as
pulsações máximas ou o início das pulsações estavam associadas à igualdade de pressão
arterial e à pressão da câmara. Naquela época, ele não tinha certeza sobre o que eram os
níveis de pressão arterial e as pulsações. Recentemente, foi demonstrado em teoria que
a variação da pressão arterial deve-se principalmente à mecânica de fechar o lúmen da
artéria braquial. Hoje, a oscilometria é utilizada em um aparelho automático composto

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INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR | UNIDADE IV

por manguito com sensor de pressão em linha. A pressão sanguínea é filtrada acima de
1 Hz para observar as oscilações à medida que o manguito se esvazia lentamente. As
oscilações máximas correspondem à pressão arterial máxima.

Oscilometria derivada

A oscilometria derivada utiliza um modelo para avaliar a derivação da curva de amplitude


de oscilação em relação à pressão da artéria. Quando esta variação é colocada contra a
pressão da artéria, descobriu-se que atinge um valor máximo. Isso ocorreu quando a
pressão do pulso é igual à pressão diastólica. Além disso, verificou-se que o valor negativo
mínimo ocorreu sob pressão sistólica. Esse método pode ser chamado de oscilometria
derivada.

Dinâmica de pulso

Técnica de intervalo de tempo de onda R

Uma das características básicas da pressão e do fluxo no manguito oclusivo é que


os batimentos estão aparentemente atrasados com o aumento da pressão do pulso.
A onda R do ECG é frequentemente empregada como referência temporal. Então foi
medido o atraso de tempo do som Korotkoff em relação à onda R e surgiu a curva que
representa a onda do pulso arterial.

O som Korotkoff, empregado para investigar o atraso dos batimentos que ocorrem na
braçadeira, foi calculado em relação ao pulso arterial proximal. Uma vez que a forma
de onda de pulso arterial era conhecida nesse cálculo, a curva de intervalo pressão-RK
pode ser comparada diretamente. A semelhança com um pulso arterial em ascensão era
aparente, mas algum desvio foi observado, particularmente na parte inicial da curva de
intervalo RK. O modelo indica que o pulso ocorre mais cedo e com ondas elevadas do
que a verdadeira forma da onda de pulso.

Resistência vascular contínua

A pressão do manguito pode ser ajustada para igualar a pressão arterial, os vasos
estariam em constante estado de resistência vascular. Penaz em 1973 utilizou instrumento
mecânico para ajustar continuamente a pressão em uma parte dos dedos, o volume
vascular foi medido por meio da Photoplethysmography (uma técnica óptica simples e
de baixo custo que pode ser usada para detectar alterações no volume sanguíneo no leito
microvascular do tecido). Quando foi aplicado feedback, o volume vascular manteve-se
constante pulsante em níveis máximos e originou uma onda de pressão na câmara igual
à pressão arterial.

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Os instrumentos que utilizam esse princípio para aferir pressão é da empresa Finapres.
Esses instrumentos foram avaliados em comparação com gravações de pressão
intra-arterial. As medidas de pressão podem ser confiáveis. Porém, deve ficar claro
que o método Penaz emprega pressão dos dedos, que é um local vascular periférico.
Esse local está propenso a efeitos de reflexão de ondas de pulso e, portanto, é sensível
à resistência ao fluxo vascular. Esta técnica pode ser afetada pela temperatura da pele,
por drogas vasoativas e anestésicos. Além disso, devem ser esperadas diferenças medidas
de pressão (BRONZINO, 2006).

Sensores de pulso

Os sensores de pulso medem o pulso arterial da deflexão da parede da artéria ou força


na superfície da pele acima de um vaso palpável. Normalmente, esses sensores são
calibrados e respondem de maneira proporcional à pressão. Embora existam muitos
designs disponíveis para esse tipo de sensor, eles geralmente se enquadram em duas
categorias.

» A primeira é a do sensor de volume: que capta as deflexões cutâneas diretamente


acima do vaso que são então medidas em relação a um quadro de referência para
representar a pressão arterial. Vários métodos de transdução diferentes podem
ser empregados, como capacitivo, resistivo, indutivo, óptico etc. O Ideal para esse
tipo de sensor é restringir minimamente o movimento da pele para que a força de
contato chegue a zero. A desvantagem para a detecção do volume de pulso é que
o método responde à distensão do volume da pressão.

» A segunda é a do sensor de pulso de pressão: que mede a pressão arterial


transmitida pela pele acima da artéria. O sensor de pulso de pressão requer que
as deflexões de superfície sejam zero, ao contrário do sensor de volume. Assim, as
forças de contato são proporcionais à pressão arterial na superfície da pele.

Tonometria arterial

A tonometria arterial é um método de medição de pressão exata em artérias superficiais


que estão próximas a uma estrutura óssea sobressalente como a artéria radial.
Um tonômetro é aplicado primeiro para centralizar o sensor de estresse que entra em
contato com a superfície para captar pulso. Então, o tonômetro e alocado em direção
ao vaso para medir a pressão gerada pelo dispositivo na parede do vaso. À medida
que a depressão continua a aumentar, vai deformando e fechando o lúmen do vaso,
diminuindo o fluxo sanguíneo. Nessa posição intermediária, a tensão da parede torna-se
paralela à superfície de sensoriamento do tonômetro. A pressão arterial é então o estresse
perpendicular restante à superfície e é medida pelo sensor, esse processo é chamado de

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estresse de contato devido à pressão. O sensor não deve medir as tensões do atrito da
pele (atrito). O estresse de contato é igual em magnitude da pressão arterial.

Em resumo, a tonometria requer que o sensor de estresse de contato seja plano, mais
rígido que os tecidos e menor em relação ao diâmetro do vaso. A calibração adequada
pode ser alcançada por meio da monitorização e distribuição do contato (usando um
conjunto de sensores) ou o máximo em amplitude do pulso a ser medido. Uma série de
sensores foram fabricados eletronicamente para captar a pressão arterial, um exemplo
disso são os aparelhos de pressão de pulso (DYRO, 2004).

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CAPÍTULO 4
VENTILADORES MECÂNICOS

A ventilação mecânica consiste em fornecer ar para os pulmões do paciente, esse processo


ocorre de forma espontânea, por meio da ação de contração da musculatura respiratória
para criar um gradiente de pressão entre os pulmões e o meio ambiente e promover a
locomoção do ar para dentro da caixa torácica. Na expiração, os músculos respiratórios
realizam o relaxamento para inverter o gradiente de pressão e expelir o ar que está dentro
dos pulmões. O ventilador mecânico proporciona ao paciente a ventilação pulmonar
artificial por meio de cânulas e dispositivos médicos que realizam a troca gasosa durante
o processo da respiração.

Os ventiladores pulmonares, de modo geral, são empregados para promover o suporte


ventilatório completo, temporário ou parcial a enfermos que não conseguem respirar de
forma espontânea devido a problemas, tais como defeitos congênitos, anestesia, doenças
etc. Os ventiladores podem ser utilizados para preservar e descansar a musculatura
respiratória até que o paciente possua condições de respirar de forma espontânea.

A insuficiência respiratória pode estar associada a doenças como as citadas anteriormente ou


por indução medicamentosa para promover analgesia (por opioides potentes como Fentanil,
morfina em altas doses, entre outros), redução da atividade metabólica, relaxamento
muscular e procedimentos cirúrgicos. A maioria dos ventiladores utiliza uma fonte de
pressão positiva para entregar o ar aos pulmões e realizar o processo de troca gasosa, e
então a pressão é retirada para que ocorra o ciclo da expiração. A ventilação artificial pode
ser realizada por via oral, nasal, ou por traqueostomia (uma incisão realizada na traqueia
para alocar um tubo com a finalidade de fornecer ar para o paciente).

Anatomia e fisiologia do sistema respiratório

Componentes do sistema respiratório

Os componentes do sistema respiratório foram estudados na matéria de fundamentos


de ciências da saúde, mas neste módulo vamos nos relembrar de alguns conceitos, pois
o conhecimento da fisiologia e anatomia da respiração é extremamente importante.
A respiração ocorre no momento em que o transporte de ar e o oxigênio são enviados
para dentro das células do corpo; de forma contrária ocorre o transporte de dióxido de
carbono para fora das células e do corpo. O sistema respiratório possui dois processos
que são: a ventilação pulmonar (é a movimentação do ar entre o alvéolo e atmosfera) e
difusão de oxigênio (liberação de dióxido de carbono pelo alvéolo para fora do corpo).

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O ar adentra ao sistema respiratório pelos orifícios nasais ou oral, é conduzido pela


faringite até a laringe e traqueia (tubo composto por cartilagem com diâmetro que
pode variar entre 1,5 e 2,5 cm, com 11 cm de comprimento), o ar atinge os brônquios e
os bronquíolos até os alvéolos para ocorrer a troca gasosa. As estruturas que compõem
o sistema respiratório da traqueia até os bronquíolos terminais, constituem a zona de
condução, esses componentes são responsáveis somente por conduzir o ar. Os ductos,
bronquíolos respiratórios e sacos alveolares formam a zona respiratória, local que serve
para realizar a troca gasosa. Os pulmões são revestidos pela pleura visceral e parietal
(reveste a parede interna do tórax e possui um líquido que serve como lubrificante
durante o ciclo respiratório) (DYRO, 2004).

Mecânica pulmonar

No momento em que ocorre os ciclos de inspiração e expiração os pulmões possuem


papel passivo, uma vez que os músculos do diafragma e intercostais externo e interno
são responsáveis pelas variações de volume e criação das pressões positivas e negativas,
que movimentam o ar de fora para dentro dos pulmões e vice e versa. Esse processo é
conhecido como expiração e inspiração.

A inspiração é um processo que promove a entrada de ar para dentro dos pulmões de


forma ativa, o volume do tórax aumenta para criar uma pressão negativa em relação ao
meio externo e promover a entrada do ar da atmosfera. O músculo essencial utilizado
nesse processo é o diafragma. Durante a expiração, a musculatura respiratória contrai
e expande-se, com isso, a pressão varia entre -3,5 e -5 mmHg (CALIL, 2002).

A expiração consiste na saída do ar de forma passiva dos pulmões, que ocorre devido a
elasticidade dos pulmões, no momento em que a inspiração cessa, o acúmulo de energia
contrai as fibras que compõem os tecidos do pulmão e cria uma pressão positiva e o ar é
retirado para fora do corpo humano. Os níveis pressóricos do sistema respiratório são:

» Pressão pleural ou intrapleural: é a pressão existente entre o espaço de conta


da pleura visceral com a parietal.

» Pressão alveolar: é a pressão interna dos alvéolos que é de -3 mmHg na inspiração


e 3 mmHg na expiração.

» Pressão trans pulmonar: é caracterizada pela diferença de pressão que ocorre


entre as superfícies externas dos pulmões com os alvéolos. A pressão deve ser forte
o suficiente para vencer a força das vias aéreas ao fluxo de ar e as propriedades
elásticas dos pulmões.

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Propriedades estáticas do sistema respiratório

Volumes e capacidades pulmonares

» Volume corrente: é o volume de ar expirado ou inspirado em cada respiração normal.

» Volume de reserva inspiratória: é o volume máximo que o indivíduo pode


inspirar a partir da posição final da inspiração.

» Volume de reserva expiratório: é considerado o volume máximo de ar expirado


no final da expiração normal.

» Volume residual: é a quantidade de ar que permanece nos pulmões no final da


expiração máxima.

» Capacidade vital: é a quantidade de volume máximo que o paciente pode expirar


após uma inspiração máxima.

» Capacidade pulmonar total: é caracterizada pelo volume máximo de expansão


pulmonar com o máximo de esforço inspiratório possível.

» Capacidade inspiratória: é capacidade máxima de volume inspirado a partir


do nível expiratório de repouso.

» Capacidade residual funcional: é o volume de ar que fica nos pulmões ao nível


expiratório de repouso.

Propriedades dinâmicas do sistema respiratório

A pressão no sistema respiratório deve ser forte o suficiente para vencer os componentes
resistivos e elásticos do próprio sistema respiratório. As características resistivas e
elásticas definem a dinâmica de todo o sistema ventilatório. As características elásticas
permitem que a estrutura do corpo após ser deformado volte à forma original.
Os componentes elásticos do sistema respiratório são os seguintes:

» Complacência pulmonar: é a elasticidade do pulmão depende da pressão e do


volume transpulmonar e seu valor normal é 0,21 cm H2O.

» Complacência da caixa torácica (parede abdominal, tórax, mediastino


e diafragma): representa 34% do valor da complacência pulmonar. Quando a
complacência fica elevada o paciente é mais fácil para ser ventilado, caso contrário
a complacência baixa o paciente fica bem difícil de ser ventilado.

As características resistivas do sistema respiratório possuem os seguintes componentes:

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» Resistência das vias aéreas: são as diferenças de pressões que ocorrem entre
os alvéolos e as cavidades nasais e oral pelo fluxo aéreo.

» Resistência tecidual: é ocasionada pelo atrito que ocorre no deslocamento de


tecidos pulmonares do diafragma, caixa torácica e abdominal.

Ventiladores

Os ventiladores pulmonares são classificados pela UMDNS (Universal Medicai


Nomenclatura System) em subdivisões da seguinte forma:

Ventilador adulto para cuidado intensivo

São constituídos por um circuito flexível de respiração, aquecedor de gás, sistema de controle,
sensores, alarmes e monitores. Os ventiladores regulam a pressão de volume e o fluxo para
fornecer a pressão positiva durante a ventilação, assim como a fração do FIO2. O oxigênio e os gases
podem ser fornecidos por válvulas que são instaladas nos bicos de gases ou em cilindro (50 libras
por polegada quadrada, PSI), o fluxo de gás fornecido para o paciente é regulado por válvulas. Os
ventiladores reduzem a pressão inicial e regulam o volume ofertado para o paciente na respiração.
A mistura gasosa acontece no interior do equipamento ou no meio externo por misturador.
A forma que ocorre a junção dos gases depende da marca, do modelo e do fabricante dos ventiladores.

No momento em que ocorre a inspiração, a válvula expiratória ou de exalação se mantém


fechada para preservar o circuito de respiração com pressão. O gás é fornecido para
o paciente e a expiração retorna pelo circuito no ramo expiratório. Após o término
da fase de inspiração, a válvula de exalação é aberta e libera o gás para o ambiente.
Ao longo do circuito pode ser instalado aquecedor, umidificador, nebulizadores de
drogas, sensores e coletores de vapor de água condensada etc.

Os controles são utilizados para realizar a seleção dos parâmetros e as modalidades ventilatórias,
como: frequência respiratória, volume corrente, volume minuto, forma de onda, pico
de pressão e fluxo, valor da PEEP, períodos expiratório e inspiratório. Alguns modelos
possuem controle manual para ventilar o paciente sempre que necessário.

Os ventiladores utilizados nas unidades de terapia intensiva controlam o PEEP e CPAP


por meio da restrição de fluxo na válvula de exalação. Os ventiladores de UTI dispõem
de diversas modalidades de ventilação e controle e são compostos por inúmeros alarmes
que podem ser ajustados conforme a necessidade do paciente. As variáveis normalmente
monitoradas em um ventilador de UTI são:

» concentração de oxigênio;

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» taxa I:E;

» indicação contínua de pressão das vias aéreas;

» valor médio;

» pico;

» linha base de pressão;

» taxa de respiração espontânea;

» volumes exalados e acumulados por minuto.

Geralmente essas variáveis são apresentadas nas telas dos ventiladores para mostrar
as curvas de pressão, o fluxo e o volume para acompanhar a ventilação do paciente
(DYRO, 2004).

Ventilador pediátrico para cuidado intensivo

Os ventiladores pediátrico e neonatal são voltados para assistência ventilatória de


crianças e bebês que não conseguem respirar de forma espontânea. Os ventiladores a
tempo cessam a fase de inspiração ao fim de um tempo predeterminado e são limitados
a pressão, ou seja, quando o nível de pressão é alcançado, ele é mantido até o final da
fase inspiratória. Normalmente, os pulmões dos bebês possuem baixa complacência com
resistência alta nas VA, volumes correntes pequenos e frequências respiratórias elevadas.

Durante a ventilação por tempo, ocorre o fechamento de forma temporizada da válvula


de exalação para desviar o fluxo de gás ao paciente. Algumas marcas e modelos possuem
o fluxo de gás por demanda. A modalidade por demanda fornece o fluxo contínuo
de gás ao paciente para poder compensar os vazamentos que ocorrem no sistema.
Os ventiladores pediátricos podem trabalhar com frequências respiratórias normais ou
elevadas. Os ventiladores com alta frequência respiratória ofertam volumes pequenos
com pressão média constante nas VA em frequências altas de ventilação.

Os sistemas de ventilação neonatal são formados por alarmes associados, circuito de


respiração, sistema de umidificação, sensores, mecanismo de controle, monitores,
fonte de gás e ar comprimido. O Circuito de ar é composto por cânulas e tubos de
pequeno calibre e conectores associados. Os controles são empregados para determinar
a modalidade de respiração. Os ventiladores de UTI neonatal possuem controles do tipo
CPAP e PEEP que são regulados por meio do fechamento das válvulas de exalação no
momento da inspiração.

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Ventilador para transporte


Os ventiladores de transporte (VT) possuem peso e dimensões reduzidos para facilitar
na movimentação dos pacientes. Os VT foram projetados para serem utilizados por
pouco tempo e tripularem ambulâncias e aeronaves em resgate de vítimas. Além disso,
possuem uma quantidade menor de alarme e são alimentados por baterias recarregáveis.
Geralmente, esses ventiladores apresentam poucas modalidades de ventilação.

Ventiladores portáteis
Os ventiladores portáteis (VP) podem ser usados por bastante tempo e são utilizados por
pacientes que não necessitam de cuidados críticos. São voltados também para pacientes
acometidos por doenças degenerativas, deficiências e traumas que os impedem de respirar
de forma espontânea. Os VPs são mais robustos que os VT e podem ser utilizados em
diversos ambientes com variações de temperatura. A maioria dos ventiladores portáteis
são fáceis de operar e não possuem controle complexo como os ventiladores de UTI, mas
em sua configuração apresentam alarmes, flexibilidade de programação e monitoramento.
Os ventiladores portáteis podem ser alimentados por bateria ou rede elétrica.

Os VPs fornecem a mistura gasosa, no ramo inspiratório o ar é aquecido e umidificado


antes de ser entregue para o paciente. O motor é acionado para o ar ser fornecido para
o circuito respiratório, por meio da ação de pistão. Os tubos de conexões são resistentes
e flexíveis para reduzir a tração na cânula orotraqueal. A maioria dos modelos de VP
monitora a pressão que o ar faz nas vias aéreas e é equipada com alarme para monitorar
os níveis máximos e mínimos de pressão (CALIL, 2002).

Figura 29. Ventiladores mecânicos.


Ventilador portátil
Ventilador pediátrico

Ventilador adulto
Ventilador de transporte

Fonte: Engenharia Clínica Online, 2021.

31
UNIDADE IV | INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR

Composição dos ventiladores

Os ventiladores são responsáveis por realizar a mistura gasosa para ventilar o paciente.
O ar é disponibilizado por meio dos seguintes dispositivos: circuitos, cânulas ou tubos
corrugados (possuem a finalidade de conduzir o ar para o paciente), nebulizadores,
aquecedores, umidificadores, filtros de bacterianos, válvulas reguladoras de pressão e
misturadores.

A alimentação dos ventiladores pode ser realizada por bateria ou rede elétrica, porém
a bateria deve ser utilizada por curto tempo, como a interrupção no fornecimento
de energia elétrica. A duração das baterias dos ventiladores pode variar conforme o
fabricante, se a bateria externa for removida é necessário que o ventilador esteja ligado
à rede elétrica para não desligar.

As válvulas reguladoras de pressão são componentes importantes com a finalidade de


regular a pressão dos gases na entrada do ventilador. Esta válvula é essencial para a
segurança do paciente, pois os gases que são acoplados ao ventilador são disponibilizados
por usinas ou cilindros com pressões elevadas.

Os misturadores de ar geralmente estão alocados na entrada de ar dos ventiladores e


possuem objetivo de realizar a mistura de diferentes gases nas concentrações programadas
pelo operador, por exemplo, o ajuste da fração de oxigênio inspirado (FIO2) pelo paciente.
Os misturadores geralmente possuem entradas para oxigênio, ar comprimido e nitrogênio
(DYRO, 2004).

O filtro de bactérias é utilizado para filtrar partículas, impurezas, evitar a contaminação


bacteriológica e melhorar a qualidade dor ar que vai ser entregue para o paciente. O filtro
de ar geralmente é acoplado no final do circuito no Y que liga os ramos inspiratório e
expiratório do ventilador. Os nebulizadores são utilizados para administração de drogas
pela via respiratória como os broncodilatadores.

Os umidificadores são dispositivos acoplados na saída dos ventiladores para umidificar o


gás inspirado na ventilação mecânica. Os umidificadores foram projetados para produzir
vapor com uma quantidade mínima de água. Esse dispositivo é muito empregado em
pacientes que irão ficar entubados por longos períodos para evitar que as secreções
brônquicas endureçam e ocasionem obstrução do circuito ventilatório. A água utilizada
para umidificar as vias aéreas dos pacientes é água filtrada e desmineralizada, e sua
troca deve ocorrer periodicamente.

A válvula expiratória ou de exalação possui a função de abrir o circuito de saída na


expiração e fechar o circuito de saída na inspiração. No momento em que o ar é entregue

32
INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR | UNIDADE IV

para o paciente, a pressão fica positiva e força o pulmão a receber a mistura gasosa,
nesse caso é importante que a via usada para a inspiração seja fechada para não escapar
o ar. Os alarmes do ventilador em hipótese alguma devem ser desabilitados, pois eles
detectam problemas que podem ocorrer durante o funcionamento do aparelho, como
pressão alta ou baixa, apneia, falta de gases, frequência respiratória alta ou baixa, perda
de energia, bloqueio no circuito respiratório ou bateria fraca.

Controles do ventilador

O ventilador deve fornecer o aporte necessário de oxigênio e, para isso acontecer, existem
diversos parâmetros que devem ser configurados, como: a duração da fase expiratória
e inspiratória, o volume de ar entregue, pressão positiva mantida no final da expiração
(PEEP) e o volume minuto desejado. Os circuitos de controle programam a forma que
o paciente será ventilado. Os ventiladores possuem os seguintes controles básicos: a
ventilação, a pressão e, ou volume, ou fluxo.

O fluxo possui a finalidade de ajustar o valor de pico do fluxo de ar que vai ser fornecido
para o paciente. A pressão deve ser ajustada para que o pico seja atingido. No sistema
fechado o gás, é conduzido até a PIP atingir o seu pico, e é desligado logo em seguida.
A válvula de exalação fica fechada durante todo o período inspiratório. Quando ocorre
vazamento, ocasiona um decréscimo no nível de pressão e o fluxo deve ser reiniciado
até atingir o valor do PIP desejado. O volume é responsável por ajustar a quantidade de
ar fornecida para o paciente. O ventilador possui outros controles como:

» Frequência respiratória (FR): determina o número de movimentos respiratórios


realizados por minuto.

» Relação I: é a razão entre o tempo de expiração e inspiração.

» Tempo de inspiração: controla o tempo em que ocorre a inspiração medida


por segundos.

» Tempo de expiração: controla o tempo em que ocorre a expiração medida por


segundos.

» Pausa inspiratória: o tempo expiratório é determinado em percentual ou


unidade. As válvulas de inspiração e expiração são fechadas juntas, o que faz com
que o fluxo seja nulo.

» Sensibilidade: serve para determinar o nível de esforço respiratório que o paciente


faz para realizar um ciclo respiratório. O ventilador pode apresentar sensibilidade
em nível de fluxo medido em litro por minuto ou a pressão medida em centímetro
de H2O;

33
UNIDADE IV | INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR

» Positive End Expiratory Pressure (PEEP): esse tipo de controle é utilizado


somente nos modos assistidos ou controlados, e serve para ajustar o nível de
pressão positiva no final do ciclo expiratório.

» Continuos Positive Airway (CPAP): mantém o nível de pressão positiva e


controla as respirações espontâneas do paciente durante todo o ciclo respiratório.

Os tipos de mecanismo de funcionamento, controle e válvulas de saída são os seguintes:

» Por fluxo: utiliza o fluxo de gás na operação das chaves de pressão.

» Mecânico: utiliza alavancas e polias reguladoras, esse tipo de mecanismo foi


utilizado em ventiladores que são operados manualmente.

» Elétrico: emprega chaves eletromecânicas para exercer o controle na operação


do ventilador.

» Pneumático: faz uso da pressão do gás comprimido ou em conjunto com oxigênio


com a finalidade de operar venturis, injetores válvulas eletromecânicas e pistões.

» Eletrônico: utiliza dispositivos eletrônicos, tais como transístores, diodos,


microprocessadores e amplificadores (BRONZINO, 2006).

Ciclo ventilatório mecânico


Os ventiladores possuem quatro funções:

» Insuflar os pulmões.

» Decidir em que momento vai parar de insuflar.

» Esvaziar os pulmões.

» Realizar a insuflação novamente do pulmão.

Essas quatro funções correspondem a cinco fases do ciclo respiratório:

» fase inspiratória;

» expiratória;

» transição inspiração-expiração;

» expiração-inspiração;

» platô inspiratório.

A fase inspiratória é estabelecida quando existe um fluxo gasoso inspiratório com gradiente
de pressão na entrada das vias aéreas e nos alvéolos, por meio de geradores de fluxo

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INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR | UNIDADE IV

ou de pressão constante ou não. O gerador de fluxo é responsável por criar um fluxo


gasoso e uma razão uniforme durante a fase respiratória. Esse gerador é impulsionado
pela fonte de gás em alta pressão composta por um mecanismo de válvulas solenoides
para regular o fluxo. O gerador de fluxo produz razões que podem variar durante o ciclo
de inspiração, e esta variabilidade que ocorre no fluxo é constante em cada movimento
respiratório, ou seja, é repetido a cada inspiração realizada.

O fluxo pode ser gerado por um pistão de impulsionamento rotativo que produz a
mesma função da válvula solenoide. Os geradores de pressão constante realizam a
sustentação da pressão uniforme durante todo o ciclo inspiratório, independentemente
das mudanças que possam ocorrer na resistência pulmonar. A pressão do ventilador
deve ser ajustada para ser igualada com a pressão máxima inspiratória para criar
o volume corrente. A saída de gás tende a diminuir no momento em que a medida
de pressão formada nas vias aéreas fica próxima da pressão de impulsão e produz o
padrão de desaceleração.

O platô inspiratório representa um período em que o fluxo chega a zero durante a


inspiração mecânica, a válvula de exalação fica fechada durante esse processo. Logo em
seguida, a pressão nas vias aéreas retorna ao normal. O platô inspiratório é realizado
por um gerador de tempo e uma válvula de alívio com pressão ajustável (DYRO, 2004).

A transição que ocorre da fase inspiratória para expiratória possui três mecanismos que
terminam na fase inspiratória nos ventiladores. Este processo é chamado de disparo do
ventilador, e pode ser a tempo, a pressão ou a fluxo:

» Disparo a pressão: realizam o término da fase inspiratória quando uma pressão


pré-estabelecida foi alcançada. O fluxo de gás é cessado e uma válvula é aberta
para a exalação. As vias aéreas com grande resistência podem impedir que o
ventilador forneça o volume adequado de oxigênio. Quanto maior a sensibilidade
do ventilador, menor o esforço que o paciente precisa fazer para abrir a válvula
inspiratória e iniciar novo ciclo.

» Disparo a fluxo: terminam a fase inspiratória após fornecer uma quantidade


de volume pré-programado de gás em todo o circuito de ventilação. Durante esse
processo, pode haver perda de volume em função da resistência que ocorre nas
vias áreas, por complacência e PIP. O volume corrente de gás é adquirido por uma
câmara de pistão. Quando a diferença entre o fluxo inspiratório e o fluxo expiratório
alcançar um determinado limite de sensibilidade, abre-se a válvula inspiratória e
um novo ciclo ventilatório começará.

» Disparo a tempo: no disparo a tempo, o início da inspiração é determinado


pelo critério de tempo, por meio do ajuste da frequência respiratória.

35
UNIDADE IV | INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR

O disparo a tempo frequentemente é denominado ventilação controlada, e necessita


que o paciente esteja sedado.

A fase expiratória é iniciada no momento em que válvula de exalação se abre para iniciar
a expiração mecânica. A pressão voltar rapidamente a referência após ser despressurizada
de forma gradual para fornecer resistência à expiração e gerar o retardo no fluxo de
gás para manter as vias aéreas (VA) abertas. No momento em que a VA permanece
pressurizada em níveis menores para disponibilizar a PEEP.

A PEEP pode ser obtida por meio da pressão residual que ocorre na válvula de exalação
na fase expiratória. No momento em que a pressão expiratória é igualada com a PEEP,
a expiração é interrompida e os pulmões ficam insuflados com pequeno volume de ar.

A transição da fase expiratória para inspiratória pode ser realizada por meio da ventilação
controlada, assistida, CPAP, ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV),
ventilação assistida controlada, minuto-mandatória (MMV), pressão de suporte (pressão
assistida), ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV) e ventilação
mandatória intermitente (IMV).

» Ventilação controlada: o ventilador fornece a mistura gasosa em quantidade


necessária com a frequência respiratória pré-programada, sem necessidade de
que o paciente realize nenhum esforço respiratório. Esse tipo de modalidade é
empregada para pacientes que estão sedados ou inconscientes e não apresentam
capacidade para respirar espontaneamente.

» Ventilação assistida: nessa modalidade, o ventilador monitora o esforço


respiratório do paciente. No momento em que o paciente realiza a tentativa de
respiração igual ou maior que a sensibilidade pré-selecionada, o ventilador fornece
a respiração para o paciente. O sinal é captado e acionado, por meio da mudança
de pressão que ocorre no circuito do paciente.

» Ventilação assistida controlada: ocorre no momento em que o ciclo respiratório


não é realizado, então o ventilador manda um disparo em tempo deflagrado para
garantir a respiração do paciente.

» CPAP: realiza uma pressão positiva acima da pressão atmosférica de forma


constante nas VA do paciente durante todo o ciclo respiratório. O CPAP é indicado
para pacientes que estão com desconforto respiratório para melhorar o padrão
respiratório.

» IMV e SIMV: na ventilação mandatória intermitente (IMV-SIMV), o grau de


suporte ventilatório é determinado pela frequência do IMV. A intervalos regulares,
o respirador libera um volume previamente determinado. Fora desses ciclos, o

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INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR | UNIDADE IV

paciente respira espontaneamente por meio do circuito do ventilador, portanto,


com frequência e volume corrente, que variarão de acordo com a necessidade e
a capacidade individuais. A IMV é um ciclo no qual o paciente gera um volume
corrente em intervalos regulares ou respira de forma espontânea durante um
período. No momento em que não é detectada a respiração do paciente, esse modo
passa para a ventilação assistida. A ventilação espontânea é realizada no circuito do
ventilador, por meio de um sistema de válvulas que se intercalam no ciclo respiratório.
A IMV é bastante utilizada para retirar o paciente da ventilação mecânica, pois
permite que o paciente possa exercitar os músculos respiratórios.

» MMV: esse modo aumenta de forma mecânica a respiração do paciente. O paciente


respira conforme a sua capacidade e o restante da ventilação é fornecida de forma
automática pelo ventilador. O processo de ventilação por MMV ocorre por meio de um
fluxo de gás constante dentro do cilindro, no momento em que o paciente não inala o gás,
o cilindro se enche de ar, desloca um pistão até que atinja o volume corrente selecionado,
quando o volume força o pistão para baixo o volume de gás é fornecido para o paciente.
Na medida em que o VM espontâneo do paciente é elevado, o pistão demora para
atingir o volume corrente programado.

» Ventilação com pressão de suporte (pressão assistida): fornece um nível


pré-estabelecido de pressão positiva que é aplicada durante a fase inspiratória de
forma constante nas VA do paciente, após o ventilador captar o início da inspiração
espontânea. A fase inspiratória cessa no momento em que o fluxo cai a 25% do
pico máximo no começo da inspiração (CALIL, 2002).

Características que são relevantes em um ventilador mecânico

O ventilador possui o objetivo de preservar as estruturas funcionais do pulmão durante o


processo de ventilação artificial, as características que são importantes a serem analisadas
no ventilador mecânico, são as seguintes:

» capacidade de gerar fluxo ou pressão de forma rápida;

» manutenção de um fluxo máximo disponível para realizar a respiração assistida


ou espontânea;

» bom nível de rapidez de disparo e sensibilidade;

» vários modos de ventilação;

» sistema de monitorização e alarme disponível;

» sistema de segurança composto por diferentes modos de ventilação;

37
UNIDADE IV | INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR

» apresentação de baixo nível de resistência para ser vencida durante a inspiração


nas modalidades assistida e espontânea, principalmente nos níveis baixos no
suporte ventilatório.

38
CAPÍTULO 5
INSTRUMENTOS BIOMÉDICOS UTILIZADOS EM CASA

À medida que o sistema formal de saúde está cada vez mais lotado, os pacientes estão sendo
liberados de hospitais e outras unidades de saúde que ainda precisam de atendimento
para realizar o tratamento em casa. Como consequência, leigos, cuidadores e profissionais
utilizam uma ampla variedade de tecnologias, algumas delas bastante complexas, em
ambientes não institucionais para gerenciar sua própria saúde ou para auxiliar outras
pessoas que estão em tratamento. Essas tecnologias fornecem suporte para o cuidado
de doenças agudas e crônicas, mas também para a prevenção de enfermidade e melhora
no estilo de estilo de vida.

A variedade de tecnologias médicas utilizadas em ambientes domiciliares, vão desde


materiais simples usados para administrar primeiros socorros até dispositivos sofisticados
para fornecer o tratamento médico avançado com dispositivos de variados tamanhos.
Alguns dispositivos médicos são utilizados em domicílio por vários anos, outros estão em
processo de imigração, e tecnologias emergentes apresentam novas oportunidades para
melhorar a assistência à saúde dos pacientes que estão internados em casa. Embora alguns
desses dispositivos tenham sido fabricados para ambientes hospitalares e precisem ser
manipulados por profissionais, atualmente essa realidade está em processo de mudança,
consequentemente, muitos desafios serão enfrentados para tornar esses dispositivos
seguros e eficazes para serem utilizados fora das instituições de saúde e manipulados
por pessoas não especializadas.

O mercado de saúde com a venda de dispositivos e aparelhos médicos utilizados em casa


aumentou drasticamente nos últimos 10 anos, o e-commerce foi o principal responsável
por vender mais de R$9,4 bilhões. Antigamente os dispositivos médicos eram utilizados
somente nos hospitais, que, por anos, foram considerados os únicos lugares para o
tratamento de doenças. Mas, para diminuir os custos com tratamento de saúde, os planos
médicos aderem aos serviços de home care para prestar assistência domiciliar; além
de redução dos custos, os pacientes podem realizar o tratamento perto dos familiares e
diminuir o risco de infecção hospitalar.

O tratamento dos pacientes fora do hospital é um desafio para as empresas que produzem
dispositivos médicos, pois a produção dos aparelhos deve apresentar design robusto,
seguro e prático para ser manuseado pelos familiares dos pacientes. Este capítulo
identificará alguns dispositivos médicos utilizados em casa e discutirá importantes
considerações no design associadas ao uso doméstico. Os dispositivos de saúde domiciliar
abrangem uma ampla variedade, classificada da seguinte forma:

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UNIDADE IV | INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR

» Equipamento de administração de medicamentos: dispositivos utilizados


para administrar medicamentos em forma de comprimido, líquido ou aerossol.

» Kits de teste: kits utilizados para medir a presença de várias substâncias químicas
no sangue ou na urina.

» Equipamento de primeiros socorros: equipamento utilizado para cuidar de


lesões ou problemas temporários.

» Tecnologia assistiva: dispositivos utilizados para melhorar recursos pessoais,


como habilidades sensoriais ou mobilidade.

» Equipamento médico permanente: inclui dispositivos médicos utilizados para


apoiar o desempenho de atividades básicas, como camas hospitalares, elevadores
e cadeira de higiene.

» Medidores/monitores: inclui ampla variedade de dispositivos empregados para


determinar o estado de saúde ou gerenciar as condições da doença.

» Equipamento respiratório: equipamento usado para tratar doenças respiratórias.

» Equipamento de alimentação: dispositivos usados para alimentação.

» Equipamentos de telemedicina: equipamento usado para coletar dados no


ambiente doméstico e transmitir os dados para um local de monitoramento remoto.

A tabela seguinte descreve as categorias dos dispositivos do mercado de saúde e produtos


utilizados para tratar pacientes fora do hospital. O mercado de equipamentos médicos
permanentes realiza a venda de dispositivos para melhorar conforto, acesso e mobilidade
dos pacientes. Esses dispositivos geralmente auxiliam no suporte ou na sustentação
do paciente para alguma atividade rotineira e permite que ele desenvolva atividades
funcionais fora do ambiente hospitalar. Outras categorias de dispositivos no mercado
listados empregam, geralmente, soluções mais sofisticadas para problemas clínicos.

Tabela 1. Categorias dos dispositivos mercado de saúde.

Categorias Dispositivos
Equipamentos médicos permanentes Camas especiais, cadeiras de rodas e cadeira de banho
Absorventes de incontinência, estimuladores elétricos e bolsas de
Produtos para incontinência e ostomia
colostomia
Ventiladores portáteis, CPAP nasal, concentrador de oxigênio e
Equipamento respiratório
monitores de saturação
Bombas de Infusão de medicação e dieta enteral Bombas de Analgesia (PCA), insulina, enteral e de medicação
Dispositivos para o controle da dor e estimulação funcional Estimulação elétrica transcutânea e funcional
Fonte: Elaborada pelos autores, 2021.

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INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR | UNIDADE IV

Um dos maiores segmentos no mercado de saúde são os dispositivos voltados para o


tratamento da incontinência e ostomia, e cresce constantemente devido ao processo de
envelhecimento da população, considerando que os absorventes de incontinência e as
bolsas de colostomia são projetados para melhorar o conforto e a independência dos
pacientes. Outras soluções para o tratamento da incontinência é a técnica de estimulação
elétrica no músculo do esfíncter por meio de um dispositivo implantado ou estimulador
em miniatura inserido como plugue anal ou vaginal para manter a continência urinaria.

Vários tipos de equipamentos fazem parte da categoria dos dispositivos respiratórios.


Eles possuem a finalidade de realizar o suporte ventilatório para manter a vida.
Os pacientes que necessitavam de ventilador para respirar ficavam internados por
longos períodos, mas hoje em dia o suporte pode ser oferecido por home care e reduzir
os custos de forma significativa, melhorando o conforto dos pacientes. Os monitores
infantis fornecem aos pais ou cuidadores o estado cardiorrespiratório de um bebê em
risco de parada cardíaca. Os monitores de oximetria de pulso também são utilizados
para medir o nível de oxigênio dos pacientes que recebem oxigênio suplementar ou são
dependentes de ventilador para determinar o nível de saturação.

As bombas de infusão portáteis são utilizadas para a infusão de antibióticos, tratamento da


dor, quimioterapia e nutrição parenteral e enteral. As bombas de infusão portáteis permitem
que o paciente possa se mover livremente enquanto recebe a terapia medicamentosa
durante longo tempo. Bombas de medicamentos implantáveis também estão disponíveis
para necessidades especiais de terapia em longo prazo.
Figura 30. Os dispositivos de saúde domiciliar.

Fonte: Engenharia Clínica Online, 2021.

O controle da dor usando estimulação elétrica no lugar da terapia medicamentosa


continua em crescimento constante no mercado de saúde. A entrega de pequenos
impulsos elétricos para bloquear a dor ganha constantemente a aceitação médica para
tratamento fora do ambiente hospitalar. Uma forma diferente de estimulação elétrica

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UNIDADE IV | INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR

é a chamada estimulação elétrica funcional, realizada com pulsos curtos de corrente


elétrica nos nervos que controlam músculos enfraquecidos ou paralisados.

O crescimento do home care no Brasil ainda passa por preconceito e falta de conhecimento
dos profissionais e da população, uma vez que ainda não ocorreu uma redução
correspondente na utilização hospitalar. No futuro, o aumento da assistência domiciliar
resultará na diminuição do uso de hospitais pela população e haverá áreas de crescimento
e consolidação na nova era da reforma da saúde.

Uso histórico de dispositivos médicos em casa

Os dispositivos médicos que eram comuns apenas em hospitais, hoje são encontrados
em residências e são empregados para fornecer medicamentos ou primeiros socorros
a pacientes que precisam de suporte médico, mas que não precisam mais permanecer
em uma instituição hospitalar. Os equipamentos comuns utilizados na administração
de medicamentos incluem copos de dosagem para medição de medicação em forma
líquida (copinho do xarope) para o tratamento da tosse, e dispositivos de divisão para
reduzir o tamanho e a dosagem dos comprimidos.

Os equipamentos de primeiros socorros incluem termômetros (incluindo oral, axilar e


de testa), ataduras, gazes e alguns medicamentos. Outros tipos de dispositivos médicos
utilizados nos domicílios são equipamentos permanentes que, na maioria das vezes,
auxiliam na mobilidade (por exemplo, cadeiras de rodas, andadores, bengalas, muletas)
ou aparelhos sensoriais (por exemplo, óculos, aparelhos auditivos). Outras tecnologias
assistivas comuns são dispositivos protéticos (por exemplo, braços ou pernas artificiais)
ou dispositivos ortopédicos (por exemplo, palmilhas de sapato). Os equipamentos
médicos permanentes são dispositivos como camas especializadas, equipamentos de
levantamento e transferência de pessoas e cadeira de banho. Recentemente, alguns
dispositivos médicos foram produzidos para permitir que as populações realizem os
seus próprios cuidados de saúde de forma independente (e barata). Por exemplo, uma
grande variedade de kits de exames de sangue e urina estão disponíveis para detectar
diferentes produtos químicos e condições (por exemplo, drogas ilegais, colesterol,
gravidez). Vários tipos de monitores e medidores estão disponíveis para medir sinais
vitais, como pressão arterial ou níveis de glicemia (para pessoas com diabetes).
Os dispositivos de consumo mais novos incluem aqueles que medem a coagulação
sanguínea (tempo de protrombina e razão normalizada internacional, PT/
INR) em pessoas que tomam medicamentos para inibir a agregação plaquetária
sanguínea, níveis de oxigênio no sangue (oxímetro) e apneia do sono
(DYRO, 2004).

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INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR | UNIDADE IV

Aumento da migração de dispositivos médicos para dentro


de casa

Os custos e aumentos dos serviços de saúde e das internações hospitalares bem como
a escassez de leito e de profissionais qualificados começaram a pressionar o sistema
de saúde para realizar a contenção de gastos. A assistência de saúde por home care
foi uma opção empregada para contornar o ambiente caótico. Consequentemente, a
complexidade dos dispositivos médicos utilizados fora das instituições de saúde por
diversas populações cresce constantemente. Os dispositivos complexos, como ventiladores,
bombas de infusão e máquinas de diálise são utilizados fora do hospital ou clínica,
muitas vezes por usuários leigos, embora muitos desses dispositivos não tenham sido
projetados para serem manipulados por pessoas não especializadas ou utilizados fora
das instituições de saúde.

Um dos problemas associados aos dispositivos médicos utilizados em casa é que muitas
vezes eles não são os mesmos modelos utilizados em ambientes formais de saúde.
Os dispositivos podem ser mais antigos ou de menor qualidade, e os profissionais que
precisam lidar com eles, seja em casa ou quando os pacientes os levam para a clínica ou
hospital, podem não estar familiarizados com esses equipamentos. Uma das maiores
preocupações dos fabricantes são os dispositivos abandonados ou antigos que foram
utilizados e substituídos nas instituições de saúde por versões mais recentes, mas que
estão migrando para dentro das residências porque estão disponíveis e são mais baratos,
mas não são produtos que foram projetados para uso domiciliar.

Os profissionais de saúde às vezes enviam pessoas para casa com dispositivos


médicos, mas muitos consumidores dão os dispositivos para outras pessoas ou os
revendem. Dispositivos adquiridos dessa forma podem não ser apropriados para o
usuário final, pois este não terá o devido treinamento ou instruções para operar o
equipamento de forma adequada. Outro desafio para os fabricantes de dispositivos
médicos é que o usuário do dispositivo muitas vezes não é a pessoa que selecionou ou
realizou a compra. O provedor de dispositivos pode ser um profissional de saúde ou um
distribuidor/fornecedor. Nesse caso, o dispositivo pode não ser a escolha ideal para os
usuários finais por falta de treinamento ou suporte contínuo ao cliente.

Desafios na elaboração de design de dispositivos utilizados


em home care

Os dispositivos hospitalares utilizados na assistência à saúde domiciliar possuem


qualidades e requisitos para ser utilizados em casa. Os dispositivos apresentam três
requisitos considerados quando o equipamento é utilizado fora do ambiente hospitalar:

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UNIDADE IV | INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR

fornecer um desfecho clínico positivo; ser seguro e fácil de usar; e ser confiável.
Os dispositivos devem fornecer resultado clínico positivo, resolver o problema para o
qual foram destinados e fazer a diferença clínica na evolução do paciente. Os dispositivos
utilizados na assistência à saúde domiciliar devem ser confiáveis ou até mais seguros
do que os dispositivos utilizados nos hospitais.

Muitas vezes pensamos que os hospitais possuem os melhores dispositivos de alta


qualidade geralmente mais caros que os instrumentos utilizados em domicílio.
Os hospitais contam com os melhores equipamentos para monitorar os pacientes. Essas
instituições possuem enfermeiros e auxiliares que ficam de olho nos pacientes para que os
problemas dos equipamentos possam ser rapidamente descobertos pela equipe. Quando
a falha ocorre em domicílio, pode passar despercebido até que seja tarde demais. Assim,
os sistemas para uso doméstico realmente precisam ser confiáveis e devem possuir
backup automático e sinais de alerta para chamar atenção dos familiares e profissionais
que trabalham em domicílio.

Os dispositivos podem apresentar problemas conforme o uso, mas estes não podem
causar danos ao paciente, independentemente do uso do dispositivo. Os aparelhos
médicos devem ser seguros quando expostos a todas as condições ambientais típicas
e atípicas, enquanto o dispositivo é operado por diversas pessoas com vários níveis
educacionais, que vão desde profissionais até familiares sem treinamento. Por exemplo,
a bomba de infusão não deve ocasionar curto-circuito se cair água na caixa de controle
durante o banho no leito. A segurança dos dispositivos deve ser eficaz, mesmo quando
afeta significativamente o custo final do dispositivo para o consumidor. Questões que
abordam a segurança dos dispositivos devem ser discutidas na hora da fabricação, pois
podem trazer incômodos e desconforto para o paciente durante a utilização, exemplo:
os alarmes de oclusão e vazão podem ser acionados na bomba de infusão e soar um
alarme bastante incômodo para o paciente.

É muito importante que o designer final defina os recursos de segurança que podem
ser incluídos nos dispositivos com pouco ou nenhum custo extra; outros recursos de
segurança podem ser muito caros de implementar. Pode ser um incômodo para o paciente
usar um estimulador de controle de dor e ter o dispositivo desligado inadvertidamente
quando seu interruptor de ativação/desligamento sofre uma batida enquanto assiste
TV. Nesse caso, o paciente só experimenta uma sensação momentânea da dor até que
a unidade seja ligada novamente. Mas, existem casos em que o erro pode ocasionar
ferimentos ou morte – imagine se o mesmo paciente está dirigindo um automóvel,
se assusta quando sua unidade de controle de dor desliga inadvertidamente e acaba
causando um acidente de trânsito.

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INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR | UNIDADE IV

Os problemas de segurança podem ocasionar meros inconvenientes ou grandes problemas


de segurança. Os dispositivos médicos devem estar livres de defeitos no design para
que possam executar as suas funções de forma confiável. Mais uma vez, a segurança
não precisa necessariamente ser cara e muitas vezes pode ser obtida com um bom
design. Dispositivos críticos que podem causar morte ou ferimentos graves se pararem
de operar corretamente podem precisar ter sistemas redundantes para backup, o que
provavelmente aumentará o custo.

O dispositivo deve ser projetado para que ele seja usado, mas uma grande quantidade
de dinheiro está sendo gasta na compra de dispositivos de saúde para tratamento de
algumas doenças, mas os pacientes não os utilizam. Existem inúmeras razões para
isso acontecer, como: o dispositivo foi prescrito errado para resolver o problema do
paciente; o dispositivo funciona, mas tem muitos alarmes falsos; o dispositivo muitas
vezes não funciona corretamente, ou é complicado de usar ou difícil de operar ou muito
desconfortável de utilizar.

A facilidade no uso do dispositivo é uma das características mais importantes para


incentivar o paciente a utilizar qualquer aparelho médico. As sofisticações tecnológicas
dos dispositivos são necessárias para facilitar a utilização, aumentar a precisão e a
confiabilidade. A sofisticação tecnológica precisa ser de fácil manipulação para que o
usuário não fique intimidado. Recursos como a calibração automática ou ajuste automático
de sensibilidade podem facilitar a operação do dispositivo.

Os dispositivos precisam ser minuciosamente testados com os pacientes, quanto à


facilidade para operar o aparelho. É preciso ter cuidado para definir o que significa
simples para pessoas diferentes. Uma TV pode ser simples para o fabricante porque todos
os recursos podem ser programados por botões, mas não pode ser para uma população
idosa que não está familiarizada com os avanços tecnológicos.

A comodidade do usuário durante a utilização é extremamente importante para incentivar


o paciente a fazer uso de um dispositivo. Conforme o público destinado para utilização do
aparelho, é preciso que esses aparelhos sejam portáteis e leves para serem transportados.
O tamanho também é muito importante para o fácil transporte, bem como deve ser
fácil de configurar, limpar e guardar. O design do equipamento pode fazer a diferença
entre o paciente usar adequadamente o equipamento ou decidir que é muito incômodo
e não o utilizar.

Os usuários devem ter confiança no dispositivo que será utilizado. Se o aparelho


não estiver funcionando corretamente, deve será mostrado o erro que impede o
funcionamento do dispositivo. Avarias frequentes ou alarmes falsos resultarão em
frustração e, no final, os pacientes vão parar de usar o dispositivo completamente.

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UNIDADE IV | INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR

Na maioria das vezes, a confiabilidade pode ser projetada em um produto com pouco ou
nenhum custo extra na fabricação, e tudo o que pode ser feito sem aumentar custo na
fabricação para melhorar a confiabilidade e segurança deve ser feito. É muito importante,
no entanto, entender que o nível de confiabilidade adicional envolvendo custo extra é
necessário para a aceitação do produto. A confiabilidade pode ser sempre adicionada
por sistemas de backup duplicados. Dispositivos críticos que são implantados, como
marcapassos cardíacos, têm requisitos de confiabilidade muito maiores, pois envolvem
a segurança do paciente.

Problemas com dispositivos utilizados em ambientes


domiciliares

Alguns dispositivos médicos podem não ser seguros para todos os pacientes, mas os
fabricantes têm a responsabilidade de reconhecer e mitigar os riscos durante a utilização
destes aparelhos nas residências. Os riscos relacionados ao uso ocorrem por uma ou
mais das seguintes razões:

» Os dispositivos são usados de maneiras que não eram previstas.

» Os dispositivos são usados de maneiras inadequadamente.

» O uso do dispositivo requer habilidades físicas, perceptivas ou cognitivas que


excedam as capacidades dos usuários.

» O uso do dispositivo é inconsistente com o usuário sobre a operação do dispositivo.

» O ambiente de uso afeta a operação do dispositivo.

» As capacidades físicas, percepcionais ou cognitivas do usuário são excedidas ao


usar o dispositivo em um ambiente específico.

O Centro de Dispositivos e Saúde Radiológica da FDA (Food and Drug Administration),


agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos
da América, equivalente à ANVISA, coleta dados sobre incidentes de eventos adversos
associados a dispositivos médicos. Uma das bases de dados da FDA é a Medical Product
Safety Network (MedSun), na qual mais de 350 unidades de saúde (principalmente
hospitais) atualmente participam e enviam relatórios pela internet. O banco de dados
possui várias sub-redes que se concentram em áreas clínicas específicas, incluindo o
HomeNet, que se concentra em dispositivos médicos usados no ambiente doméstico
(BRONZINO, 2006).

Outro banco de dados da FDA coleta relatórios de fabricantes e profissionais de saúde


no banco de dados da MAUDE (Manufacturer and User Facility Device Experience).

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INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR | UNIDADE IV

Os dados incluem todos os relatórios de eventos adversos desde junho de 1993, relatórios
de usuários desde 1991, relatórios de distribuidores desde 1993 e relatórios do fabricante
desde agosto de 1996. Ao avaliar relatórios de eventos adversos de dispositivos no banco
de dados MAUDE, a FDA encontrou 1.059 eventos; os dispositivos envolvidos no maior
número de eventos foram:

» bomba de infusão de insulina;

» marcapasso;

» desfibrilador automático;

» dispositivo de desvio ventricular (assistente);

» andador mecânico;

» gerador de pulso de marcapasso implantável;

» bombas de seringa a pistão;

» conjunto de administração intravascular;

» ventilador mecânico.

Observe que esta lista identifica os tipos de dispositivos que os profissionais tiveram
dificuldade de utilizar em casa; os usuários leigos não têm acesso a esses sistemas de
relatórios e não podem fornecer esse tipo de feedback à FDA. No caso das bombas de
infusão, o dispositivo é difícil de ser manuseado e solicita que operador tenha treinamento
sobre o dispositivo. Os três erros na utilização de bombas de infusão na administração
de medicamentos intravenosos são: erro no cálculo de dosagem, erro na entrada de
dados da prescrição médica e titulação errada da medicação. Para o uso doméstico,
os dois primeiros erros (ambos resultam em dosagem errada) são menos prováveis
se um profissional configurar a bomba quando ela entra pela primeira vez em casa. O
terceiro erro (medicação errada) é mais provável, especialmente se a pessoa que recebe
atendimento usa mais de um tipo de medicamento. O operador da bomba pode alterar
acidentalmente a taxa de infusão de medicamentos. Todos esses tipos de erros podem
ser fatais.

O banco de dados MAUDE contém um relatório de um incidente de dosagem envolvendo


um indivíduo que usava uma bomba de insulina há cerca de 4 anos. Ele utilizava uma
bomba por 2 anos, mas tinha comprado uma nova 3 ou 4 meses antes do incidente.
Poucas horas depois de chegar em casa uma noite, ele foi encontrado inconsciente
em seu quarto e não pôde ser reanimado pela equipe de pronto atendimento.
Sua causa de morte foi determinada como uma reação grave da insulina que ocasionou

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UNIDADE IV | INSTRUMENTOS E DISPOSITIVOS RELACIONADOS AO SISTEMA VASCULAR, SISTEMA RESPIRATÓRIO E UTILIZADOS NO ATENDIMENTO DOMICILIAR

uma hipoglicêmica. O relatório dizia que o usuário relatou ter dificuldades com a
manipulação da nova bomba de insulina.

Para minimizar a possibilidade de erros na utilização da bomba, é importante que ela exiba
claramente o tipo de droga e taxa de infusão. Se a bomba possui inteligência incorporada
e autoverificações (por exemplo, reconhecimento de código de barras, memória para
armazenamento de medicamentos, limites de dosagem e diretrizes de boas práticas),
ou transmite dados para uma unidade de saúde remota, a chance de erro é mínima.

Problemas de rotulagem e treinamento de usuários do


dispositivo

Rotulagem adequada, instruções de uso e treinamento adequado do dispositivo podem


diminuir a ocorrência de erros durante sua utilização. Os erros na utilização podem
ser categorizados como ativos ou latentes. Erros ativos têm consequências imediatas e
são graves, por exemplo: a dose de medicação incorreta ou uma infusão de medicação
em um local incorreto. Erros latentes ocorrem continuamente e podem ser muito mais
difíceis de identificar, como a falha na substituição da chave de código em um medidor
de glicose no sangue ou alocação de tiras de teste vencidas em um frasco de novo com
um código diferente.

As instruções de rotulagem que acompanham os dispositivos médicos utilizados em


casa também devem ser projetadas para usuários leigos. Muitas vezes, a documentação
e rotulagem de dispositivos médicos não são escritas para usuários iniciantes, mas
para profissionais de saúde, ou seja, os usuários leigos não conseguem compreender.
Todos os cuidadores domésticos, sejam profissionais ou leigos, devem ser adequadamente
treinados para usar e manter os dispositivos médicos em operação sem apresentar
erros. Todos na residência devem aprender a interagir com os equipamentos médicos.
Alguns residentes devem ser ensinados sobre os limites de seu envolvimento, por exemplo
as crianças devem chamar os responsáveis sempre que o alarme soar (DYRO, 2004).

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PARA (NÃO) FINALIZAR

Nesta disciplina foi possível compreender a importância da instrumentação biomédica


para a área da saúde, área de estudo importante para auxiliar os profissionais de saúde
a monitorizar, diagnosticar e investigar doenças. Devido ao grande avanço na tecnologia
hospitalar, existe muito campo a ser estudado e explorado. A necessidade de profissionais
que se especializem no aprimoramento de dispositivos médico-hospitalares é crescente em
diversos países, portanto o aprofundamento no estudo nessa área é algo que pode trazer
um ótimo retorno, tanto de realização profissional quanto financeira. Cabe ressaltar, que
o profissional que atua com instrumentos e dispositivos médicos, independentemente
de ser no desenvolvimento, na produção ou na manutenção, contribui para a promoção
e recuperação da saúde de muitos pacientes.

Esperamos que esta disciplina tenha colaborado para você entender melhor sobre os
instrumentos e dispositivos médicos. Continue em busca de novos conhecimentos, por
meio de estudos científicos, congressos e encontros acadêmicos da área da saúde e das
áreas que fazem a interface com a saúde, pois as oportunidades profissionais crescem
de maneira tão acelerada quanto o desenvolvimento das novas tecnologias.

Siga firme nos estudos e se aprimore cada vez mais!

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REFERÊNCIAS

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Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial (DECA) – da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cárdio-
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