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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO – UNAERP

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, NATURAIS E DE TECNOLOGIA


CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

TRANSPORTE DE LÍQUIDOS – CURVA DE ALTURA MANOMÉTRICA DE


UMA BOMBA CENTRÍFUGA EM FUNÇÃO DA VAZÃO

LABORATÓRIO DE ENGENHARIA QUÍMICA I


Prof. Dr. Cristina Paschoalato

RIBEIRÃO PRETO – SP

Sumário
1. Introdução......................................................................................................2

2. Objetivo..........................................................................................................3

3. Material e Métodos.........................................................................................4

0
4. Resultados e discussão.................................................................................7

5. Conclusão....................................................................................................12

6. Referências Bibliográficas...........................................................................13

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1. Introdução

Denomina-se bombas dispositivos capazes de transformar energia


mecânica, na qual o meio operante é um fluido, que interage com um elemento
rotativo. O fluido de trabalho através de efeitos dinâmicos pelo quais é
submetido em sua passagem pela máquina, altera seu nível energético.
(CRESMASCO, 2014).
As bombas podem ser classificadas mediante à forma de que é obtida a
energia, a partir de trabalho mecânico, e também como também essa energia é
transferida ao fluido, neste caso, o líquido. No caso do experimento em
questão, as bombas centrifugas são classificadas como fluxo geradoras, pois
transformam a energia mecânica em energia do fluido. (CRESMASCO, 2014).
As bombas podem ser constituídas por três partes principais conforme
pode ser visualizado na figura 1:
Corpo (Carcaça): envolve o rotor, no qual direciona o fluido em sua passagem
pelo equipamento
Impelidor: contém um disco com palhetas onde o fluido impulsionado
Eixo de acionamento: transmite força motriz para o acionamento do rotor

Figura 1 – Funcionamento de uma bomba centrifuga (Baseado em


Potter & Wigget, 2010)

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Para uma bomba centrífuga funcionar é preciso que a carcaça esteja
completamente cheia de líquido que, recebendo através das pás o movimento
de rotação do impelidor, fica sujeito à força centrífuga que faz com que o
líquido se desloque para a periferia do rotor causando uma baixa pressão no
centro o que faz com que mais líquido seja admitido na bomba. O fluido a alta
velocidade (energia cinética elevada) é lançado para a periferia do impelidor
onde o aumento progressivo da área de escoamento faz com que a velocidade
diminua, transformando energia cinética em energia de pressão. (GANGHIS,
2012)
As bombas têm as mais diversas aplicações, desde bombeamentos de
poços artesianos, na indústria petroquímica, indústria sucroalcooleira entre
outros.
O dimensionamento adequado para uma operação de bombeamento
precisa de uma seleção de uma bomba que consiga operar com um custo
mínimo e máxima eficiência. Conforme já dito, a bomba é um equipamento que
transfere energia mecânica ao fluido, este que deve ser entendido como fluido
incompressível (Ferreira da M. L. Fonseca, 2016).

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2. Objetivo

Determinar experimentalmente a curva de altura manométrica de uma


bomba centrífuga (marca RUDC modelo RD-2 de 1200 rpm) em função da
vazão volumétrica. Utilizar os dados experimentais de pressão estática e vazão
volumétrica nos pontos representativos dos bocais de sucção e descarga para
calcular a altura de elevação entre as condições shot-off e de vazão máxima na
unidade. Relacionar com a curva de altura manométrica disponibilizada pelo
fabricante.

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3. Material e Métodos

Os materiais utilizados durante o processo experimental são descritos a


seguir:

 Bomba centrífuga
 Balança analítica
 Termômetro
 Fita métrica
 Bécker
 Cronômetro

3.1 Procedimento Experimental


Pode-se observar o sistema de bombeamento utilizado para execução
do procedimento na figura 2
Figura 2 – Sistema de bombeamento utilizado no ensaio

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Utilizando uma trena, fez-se a medição dos diâmetros e comprimentos
necessários para realização de cálculos posteriores.
Primeiramente, abriu-se a válvula na descarga da bomba, ajustou-se a
pressão de descarga e mediu-se a temperatura da água no instante de
realização do ensaio.
Pesou-se um béquer vazio e anotou-se a massa do mesmo. Acionou-se
o cronômetro simultaneamente ao início da coleta de água no béquer. Após o
preenchimento considerável do bequer, pesou-se com água, descontando sua
massa enquanto vazio para obter-se o peso líquido de água. Repetiu-se o
procedimento de medição por mais duas vezes, afim de calcular média e
desvio das medições.
Executou-se o experimento em cinco pressões distintas, sendo para
sucção 20 psi em todas as repetições e para descarga seguiu-se a sequência
de 10,5; 11; 12; 13 e 15 psi. Mantiveram-se em média constante a temperatura
de 25ºC
Após a realizações das medições, calculou-se as vazões mássicas,
converteu-se para vazões volumétricas, de acordo com a massa específica
para a temperatura de operação. Assim, calculou-se as alturas manométricas
do sistema e gerou-se uma curva ao qual comparou-se com as fornecidas pelo
fabricante.

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3.2. Fundamentos Teóricos

A equação do balanço global de energia mecânica, (Equação 1),


expressa em alturas manométricas, para sistemas em regime permanente com
bombas (máquinas geratrizes) é:

∆V2 ∆P
+∆ Z + +lwf +n p . W s =0 (Equação 1)
2. g ρ.g

Na Equação 1 a notação dos sinais é equivalente à maquina a vapor, ou


seja, o trabalho que entra no fluido é negativo e o trabalho que sai do fluido é
positivo. Mas, em instalações de transporte de fluidos, a energia absorvida pelo

2
∆V ∆P
fluido para escoar de um ponto a outro +∆ Z + +lwf é fornecida pela
2. g ρ.g
bomba (−n p . W s ¿. Sendo assim, isolando-se o trabalho de eixo na Equação 1,
tem-se a Equação 2 a seguir, que é a altura de elevação:

∆V2 ∆P
+∆ Z + +lwf =−n p .W s=H (Equação 2)
2. g ρ.g

Por outro lado, a altura manométrica da bomba (H) é a diferença entre a


altura manométrica do bocal de descarga menos a altura manométrica do bocal
de sucção (Equação 3):

H=H d−H s (Equação 3)

A altura manométrica do bocal de sucção é definida por (Equação 4):

P s V s2
Hs= + (Equação 4)
ρ . g 2. g

Como o bocal de descarga de uma bomba centrífuga não está alinhado


com o eixo do equipamento (datum), há também a contribuição da energia

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potencial, além da energia cinética e de pressão, no bocal de descarga. Dessa
forma a altura manométrica do bocal de recalque é definida por (Equação 5):

P d V d2
Hd= + +Z (Equação 5)
ρ. g 2. g d

Substituindo-se as equações 4 e 5 na Equação 3, tem-se que (Equação


6):

Pd P s V d 2 V s2
H= − + − +Z (Equação 6)
ρ . g ρ . g 2. g 2. g d

Portanto, é possível se obter a altura de elevação através de medidas de


pressão estática e de velocidade nos bocais de sucção e de descarga e da
posição do bocal de descarga.
No caso de os dois manômetros estarem alinhados em relação à
posição vertical, a Equação 6 se transforma na Equação 7:

Pd P s V d 2 V s2
H= − + − (Equação 7)
ρ . g ρ . g 2. g 2. g

As curvas características de bombas centrífugas são dadas com base


nas propriedades da água a 20°C., portanto, é necessário converter os
resultados obtidos de H na temperatura do experimento para H 20°C (Equação 8):

ρ. H
H 20 ° C = (Equação 8)
ρ20 ° C

De acordo com as leis de semelhança (equações 9 a 12), a vazão


volumétrica (Q) varia na proporção direta da relação do diâmetro do rotor (D),
ou da rotação (N):

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D2
Q2=Q1 . (Equação 9)
D1

N2
Q 2=Q 1 . (Equação 10)
N1

A altura manométrica (H) varia na proporção direta do quadrado da


razão e diâmetros do rotor (D), ou do quadrado da rotação (N):

H 2=H 1 .¿ (Equação 11)

H 2=H 1 .¿ (Equação 12)

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4. Resultados e discussão

Os resultados obtidos do experimento serão apresentados a seguir. Para


execução do experimento, coletou-se os dados expressos na Tabela 1.

Tabela 1. Dados experimentais do sistema.

Tara balança (g) 109,55


Dd nominal (in) 0,75
Ds nominal (in) 1
Dd nominal (m) 0,01905
Ds nominal (m) 0,0254
Pressão atmosférica (mmHg) 712
Pressão atmosférica (Pa) 94925,53
TEMPERATURA (ºC) 26
MASSA ESPECÍFICA H2O 26 ºC 996,8
(Kg/m3)
MASSA ESPECÍFICA H2O 20 ºC 998,21
(Kg/m3)
Gravidade (m/s2) 9,81

As tabelas de 2 a 7 apresentam o tratamento de dados de suas


respectivas coletas.

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Tabela 2. Tratamento de dados da primeira coleta.

MÉDIA VAZÃO MASSICA (kg/h) 1967,1365


DEVIO PADRÃO DA VAZÃO 2,0960
VAZÃO VOLUMETRICA (m3/h) 1,9735
VELOCIDADE DESCARGA (m/s) 1,9233
VELOCIDADE SUCÇÃO (m/s) 1,0818
PRESSÃO MAN. SUCÇÃO (Pa) 2666,447
PRESSÃO MAN. DESCARGA (Pa) 51710,7
PRESSÃO ABSOLUTA SUCÇÃO (Pa) 97591,974
PRESSÃO ABSOLUTA DESCARGA 146636,226
(Pa)

Tabela 3. Tratamento de dados da segunda coleta.

MÉDIA VAZÃO MASSICA (kg/h) 1628,0366


DEVIO PADRÃO DA VAZÃO 22,1305
VAZÃO VOLUMETRICA (m3/h) 1,6333
VELOCIDADE DESCARGA (m/s) 1,5917
VELOCIDADE SUCÇÃO (m/s) 0,8954
PRESSÃO MAN. SUCÇÃO (Pa) 2666,4474
PRESSÃO MAN. DESCARGA (Pa) 62052,8400
PRESSÃO ABSOLUTA SUCÇÃO (Pa) 97591,9737
PRESSÃO ABSOLUTA DESCARGA (Pa) 156978,3663

Tabela 4. Tratamento de dados da terceira coleta.

MÉDIA VAZÃO MASSICA (kg/h) 1552,15186


DEVIO PADRÃO DA VAZÃO 23,66519565
VAZÃO VOLUMETRICA (m3/h) 1,557134692
VELOCIDADE DESCARGA (m/s) 1,5176
VELOCIDADE SUCÇÃO (m/s) 0,8536
PRESSÃO MAN. SUCÇÃO (Pa) 2666,447
PRESSÃO MAN. DESCARGA (Pa) 68947,600
PRESSÃO ABSOLUTA SUCÇÃO (Pa) 97591,974
PRESSÃO ABSOLUTA DESCARGA (Pa) 163873,126

Tabela 5. Tratamento de dados da quarta coleta.

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MÉDIA VAZÃO MASSICA (kg/h) 1451,74148
DEVIO PADRÃO DA VAZÃO 17,12056473
VAZÃO VOLUMETRICA (m3/h) 1,456401963
VELOCIDADE DESCARGA (m/s) 1,4194
VELOCIDADE SUCÇÃO (m/s) 0,7984
PRESSÃO MAN. SUCÇÃO (Pa) 2666,4474
PRESSÃO MAN. DESCARGA (Pa) 75842,3600
PRESSÃO ABSOLUTA SUCÇÃO (Pa) 97591,9737
PRESSÃO ABSOLUTA DESCARGA (Pa) 170767,8863

Tabela 6. Tratamento de dados da quinta coleta.

MÉDIA VAZÃO MASSICA (kg/h) 1032,50012


DEVIO PADRÃO DA VAZÃO 12,55754766
VAZÃO VOLUMETRICA (m3/h) 1,035814726
VELOCIDADE DESCARGA (m/s) 1,0095
VELOCIDADE SUCÇÃO (m/s) 0,5678
PRESSÃO MAN. SUCÇÃO (Pa) 2666,447
PRESSÃO MAN. DESCARGA (Pa) 89631,880
PRESSÃO ABSOLUTA SUCÇÃO (Pa) 97591,974
PRESSÃO ABSOLUTA DESCARGA (Pa) 184557,406

Tabela 7. Tratamento de dados da sexta coleta.


MÉDIA VAZÃO MASSICA (kg/h) 504,45501
DEVIO PADRÃO DA VAZÃO 14,35036503
VAZÃO VOLUMETRICA (m3/h) 0,506074451
VELOCIDADE DESCARGA (m/s) 0,4932
VELOCIDADE SUCÇÃO (m/s) 0,2774
PRESSÃO MAN. SUCÇÃO (Pa) 2666,447
PRESSÃO MAN. DESCARGA (Pa) 106868,780
PRESSÃO ABSOLUTA SUCÇÃO (Pa) 97591,974
PRESSÃO ABSOLUTA DESCARGA (Pa) 201794,306

Utilizou-se a Equação 7 para a mensuração das alturas manométricas


da bomba utilizada no experimento com rotação desconhecida em relação as
vazões à temperatura de 25oC e, relacionando-as à massa específica,
converteu-se para temperatura padrão de 20 oC (Tabela 8).

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Tabela 8. Alturas manométricas de cada coleta.

COLET VAZÃO H 26ºC H 20ºC


A VOLUMÉTRICA (mca) (mca)
(m3/h)
1 1,97 5,14434415 5,137
1
2 1,63 6,16136948 6,153
9
3 1,56 6,85841794 6,849
8
4 1,46 7,55345826 7,543
5 1,04 8,92894257 8,916
9
6 0,51 10,6646274 10,650

A Figura 2, mostra a curva da bomba de 3500 rpm concedida pelo


fabricante. Lembrando que a bomba utilizada é do modelo RD-2.

Figura 1. Curva do fabricante

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Figura 2. Curva da bomba de 3500 rpm

Assim, com as equações 10 e 12, pode-se encontrar os novos pontos da


curva manométrica da bomba de 1198 rpm provenientes da curva de 3500rpm
conforme Tabela 9.

Tabela 9. Conversão da curva manométrica da bomba de 3500 rpm para 1198


rpm.

ROTAÇÃO 3500 rpm ROTAÇÃO 1198 rpm


VAZÃO VOLUMÉTRICA H 20 (ºC) VAZÃO VOLUMÉTRICA H 20 (ºC)
(m3/h) (mca) (m3/h) (mca)
0,1250 22,714 0,0428 2,661
0,5000 22,286 0,1711 2,611
1, 21,857 0,3423 2,561
1,37,,5 21,429 0,4706 2,511
1,5 21 0,5134 2,460
1,875 20,333 0,6418 2,382
4 18 1,3691 2,109
7,5 12 2,5671 1,406

O Figura 3 mostra as curvas do experimento prático com as curvas da


bomba de 3500 RPM e de 1198 RPM.

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25.000

ALTURA MANOMÉTRICA (mca)


20.000
ROT.
DESCONH
ECIDA
15.000
3500 rpm

10.000
1198 rpm

5.000

0.000
0.00 1.00 2.00 3.00 4.00 5.00 6.00 7.00 8.00
VAZÃO (m3/h)

Figura 3. Curvas da bomba prática e das bombas de 3500 RPM e de 1198


RPM.

5. Conclusão

De acordo com as curvas das bombas apresentadas, pode-se notar que


a curva com rotação desconhecida apresentou valores de altura manométrica

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um pouco maiores quando comparado com a altura manométrica fornecida
pela fabricante da bomba de 1198 rpm, podendo-se concluir que a potência
real da bomba centrífuga utilizada é maior do que a especificada pela
fabricante. Isso pode ser explicado pelo fato de os motores elétricos terem
capacidade de suportar cargas de trabalho superiores à nominal, assim como a
imprecisão na execução do experimento, tais como o atraso no cronometro, e o
despreparo na coleta de água.

6. Referências Bibliográficas

CRESMASCO, Marco Aurélio. Operações unitárias em sistemas particulados e


fluidomecânicos. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2014.

Ferreira da M. L. Fonseca, V. (2016). Bombeamento de Fluidos.

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