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1.

ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUA BRUTA

Neste tópico serão demonstrados o método e os cálculos para a


elaboração do projeto referente à estação elevatória de água bruta. Todo o
roteiro de cálculo aqui utilizado baseou-se na NBR 12214 que fixa normas para
projeto de sistema de bombeamento de água para abastecimento público.
Também foi utilizado o livro de Azevedo Netto (1998).

1.1. Determinação das vazões de projeto

A vazão foi determinada anteriormente. Os valores estão dispostos na


Tabela 1.

Tabela 1 - Vazão de projeto


Q= 26779,57 m³/dia
Q= 1673,72 m³/h
Q= 0,465 m³/s

1.2. Determinação do local de implantação

A captação será feita à margem do manancial, no ponto indicado na


Figura 1. Tal ponto tem diferença de nível de 60m em relação à estação de
tratamento de água (ETA).

Alguns detalhes devem ser definidos:

 Número de bombas: quatro bombas ativas e uma unidade reserva;


 Bomba afogada, portanto altura de sucção é nula;
 Forma: conforme prancha Estação Elevatória;
 Material da tubulação: Ferro fundido

1.3. Dimensionamento do conjunto motor-bomba

O conjunto elevatório (bomba-motor) deverá vencer a diferença de nível entre


os dois pontos mais as perdas de carga em todo o percurso (perda por atrito ao
longo da canalização e perdas localizadas devidas às peças especiais).
(AZEVEDO NETTO, 1998)
1.3.1. Cálculo da altura geométrica (Hg)
A altura geométrica é a diferença de nível, no caso é a diferença de
cota entre a estação elevatória e a estação de tratamento de água. Pelo
Google Earth obteve-se um Hg de 60m.
Figura 1 - Ponto de captação e estação elevatória

Fonte: Google Earth (2016)

1.3.2. Cálculo da perda de carga distribuída

A NBR 12215 recomenda o uso da fórmula universal para o cálculo da


perda de carga distribuída. Por Azevedo Netto (1998), a fórmula universal,
ainda conhecida como fórmula de Darcy-Weisbach é:

Lv ²
hf =f
D2 g

onde:

hf = perda de carga (m);

f = coeficiente de atrito;

L = comprimento da canalização (m);


v = velocidade média (m/s);

g = aceleração da gravidade (9,8 m/s²).

Os valores de comprimento e velocidade são parâmetros obtidos


considerando que a canalização é uma adutora que liga a estação elevatória à
ETA. Devido à pressão necessária para chegar ao nível requerido, optou-se
por utilizar ferro fundido como material da canalização da adutora.

Para o cálculo de f utilizou-se o diagrama de Moody, para o cálculo dos


valores de entradas são necessários os parâmetros abaixo:

Velocidade da água = 1,5 m/s;

Temperatura da água = 15 °C;

Viscosidade cinemática = 1,141x10-6;

Diâmetro da tubulação (adutora) = 800 mm;

Rugosidade do tubo (ferro fundido) = 0,000260 m

Por meio do diagrama de Moody, tem-se

f = 0,0165

Finalmente, para o cálculo da perda de carga distribuída considerou-se


os valores:

Velocidade da água = 1,5 m/s;

Coeficiente de atrito = 0,0165;

Comprimento da canalização = 3760,44 m;

Aceleração da gravidade = 9,8 m/s²

Para estes valores a perda de carga distribuída foi de:

hf = 8,903m
1.3.4. Dimensionamento das tubulações de sucção e recalque

A canalização de recalque é dimensionada considerando aspectos


econômicos. O diâmetro conveniente para o qual o custo total das instalações
é mínimo é dado pela fórmula de Bresse. Vale lembrar que a vazão utilizada é
¼ da vazão total haja vista que serão utilizadas quatro bombas.

D=K √ Q

Azevedo Netto (1998) recomenda a adoção de K = 1,2. Portanto, o


diâmetro da tubulação de recalque será:

D=1,2 × √ 0,116

D = 400 mm

Para a tubulação de sucção adota-se o diâmetro imediatamente


superior, então:

D = 500 mm

Para o cálculo das perdas de carga singular, faz-se necessário a


definição do sistema de sucção e recalque. Os elementos da tabela abaixo
estão representados na Figura 2.

Os valores de Ks demonstrados serão utilizados no cálculo da perda de


carga singular.

Tabela 2 - Valores de Ks
Peça Ks
Válvula de pé 15
Curva de raio grande 0,60
Válvula borboleta 0,24
Redução excêntrica 0,23
Válvula de retenção 2,3
Válvula de gaveta 0,19
1.3.3. Cálculo da perda de carga singular

Após a definição das tubulações de sucção e recalque é possível


realizar o cálculo da perda de carga singular. Tais componentes devem ser
considerados no cálculo da perda de carga singular. Abaixo estão dispostos os
valores de Ks conforme norma 12214.

Por meio de tais valores e considerando a velocidade de 3m/s


(AZEVEDO NETTO, 1998), obtêm-se a perda de carga singular do somatório
dos resultados da seguinte equação:


hs=Ks .
2g

hs = 2,13 m

Figura 2 - Elementos do sistema elevatório

Fonte: Autor (2016)


1.3.4. Cálculo da altura manométrica

A altura manométrica é a altura geométrica somada às perdas de carga


distribuída e singulares. Portanto, tem-se:

Hman = Hg + Hf + Hs

Hman = 71m
1.3.5. Cálculo da potência da bomba

Após o cálculo da altura manométrica é possível calcular a potência


necessária da bomba a ser utilizada por meio da seguinte fórmula.

QHman
P=
75

Onde:

P = potência em cv;

 = peso específico do líquido a ser elevado (água = 1000 Kgf/m³);

Q = vazão de descarga em m³/s;

Hman = altura manométrica em m;

 = rendimento global do conjunto elevatório;

 = motor . bomba

Do cálculo, obteve-se uma potência requerida de:

P = 138 cv

Utilizou-se um rendimento global de 80%, tal número foi escolhido com


base nos valores de rendimento observados para bombas de alta potência.

O motor que atende a potência requerida é o de potência 150 cv

Escolheu-se a bomba da marca KSB, série MegaCPK – Meganorm, de


1750 rpm, haja vista que para a vazão requerida (418 m³/h), o equipamento
atende a altura manométrica calculada com folga (Figura 3).
Figura 3 - Altura manométrica (m) x Vazão (m³/h) - Bomba MegaCPK – Meganorm

Fonte: KSB (2015)


1.4. Verificação NPSH (AZEVEDO NETTO, 1998)

A sigla NPSH do inglês “Net Positive Suction Head” é adotada


universalmente para designer a energia disponível na sucção, ou seja, a carga
positiva e efetiva na sucção. Há dois valores a considerar:

 NPSH requerido que é uma característica hidráulica da bomba,


fornecida pelo fabricante.

Para a bomba utilizada neste trabalho o gráfico de NPSH é


representado na figura abaixo.

Figura 4 - Curva de NPSH

Fonte: KSB (2015)


 NPSH disponível que é uma característica das instalações de sucção,
que se pode calcular:

p a− p v
NPSH disponível =± H + ×10−hf
γ
Onde:
+H = carga ou altura de água na sucção (entrada afogada) (mínimo = 1m)
-H = altura de aspiração
pa = pressão atmosférica no local (em Barra do Garças = 1,03 kgf/cm²)
pv = pressão de vapor (água a 15°C – pv = 0,01737)
 = peso específico (1,0)
hf = soma de todas as perdas de carga na sucção

Para que a bomba funcione bem, é preciso que:


NPSH disponível ≥ NPSH requerido

Pela Figura 4 tem-se que a NPSH requerido é aproximadamente 2,2m.


O cálculo do NPSH disponível fornece o valor 10,1m, portanto satisfaz a
condição supracitada.

1.5. Verificação da cavitação (AZEVEDO NETTO, 1998)

Devido à escolha de se deixar a bomba afogada, não se observará


cavitação, haja vista que tal efeito é diretamente influenciado pela altura de
sucção da bomba.

1.6. Dimensionamento do poço de sucção

A NBR 12214 no item 5.6 normatiza o dimensionamento do poço de


sucção de uma estação elevatória. Para isso, utiliza-se o diâmetro interno da
tubulação de sucção como parâmetro principal ao dimensionamento.

Diâmetro da tubulação de sucção = 500mm

Submergência ≥ 1,25m

Folga entre a parte inferior do crivo e o fundo do poço ≥ 0,5m


Distância mínima entre a sucção e paredes laterais ≥ 0,5m

Cortinas que separam os compartimentos de sucção ≥ 1,5 (ortogonal ao fluxo)

1.7. Dimensionamento da sala de bombas

A NBR 12214 também cita recomendações a cerca do


dimensionamento da sala de bombas. Tal local deve permitir facilidade de
operação manutenção, obedecendo às recomendações do fabricante.

Ademais, esta sala deve estar situada acima da cota de máxima


enchente. Quando não houver a possibilidade de colocar a casa de bombas em
um nível acima à cota de enchente, fato que ocorre neste projeto, deve-se
prever sistemas de drenagem a fim de que tal evento natural não interrompa o
abastecimento.

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