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MEMORIAL DE CÁLCULO

PROJETO DE INSTALAÇÕES
HIDRÁULICAS E SANITÁRIAS

PROPRIETÁRIO: MARIA INCORPORADORA E CONSTRUTORA LTDA

OBRA: CONDOMÍNIO RESIDENCIAL SANT PAUL DE VENCE

LOCAL: RUA MARTINICA, S/N BAIRRO: COSTA E SILVA – CEP: 70.803-480,


PORTO VELHO-RO

RESPONSÁVEIS: CAIO WDSON, CAMILA EVELLYN, ELLEN FREITAS E LUCAS


MENDONÇA.
1. APRESENTAÇÃO

O presente arquivo trata-se do memorial de cálculo, que é um


documento que se localiza anexo ao projeto de construção civil, e pretende
descrever detalhadamente todos os cálculos que são efetuados até que se
chegue ao resultado final. O memorial de cálculo é apresentado como parte
integrante do memorial descritivo.

2. RESERVATÓRIOS

2.1 CAPACIDADE DOS RESERVATÓRIOS

O projeto diz respeito à uma residência padrão luxo para a qual,


segundo Vianna (1993 apud OLIVEIRA e LUCAS FILHO, 2004, p. 4), estima-se
o consumo mínimo por pessoa de 300 a 400 L/d, estima-se ainda a quantidade
de 2 pessoas para cada quarto social. Sabendo que nessa residência há 4
quartos sociais e estimando um consumo diário de 380L/d/pessoas, temos o
seguinte cálculo para o consumo diário da residência:

2 * 380 L/d x 4 = 3040 L/dia

Foi solicitada uma reserva suficiente para abastecer a residência por 1,5
dia, portanto:

3040 * 1,5 = 4560 L

Considerando uma reserva adicional de 20% para reserva de incêndio:

Rincêndio = 4560 * 0,2 = 912 L

Calculando as capacidades dos reservatórios sabendo que o


reservatório inferior abriga 60% do volume total e o superior comporta 40% do
volume total de consumo mais o volume calculado para a reserva de incêndio:

Rinf = 0,6 * 4560 = 2736 L = 2,736 m3

Rsup = (0,4 * 4560) + 912 = 2736 L = 2,736 m3


2.2 RESERVATÓRIO SUPERIOR

Foram admitidos dois reservatórios superiores construídos em concreto


armado o que possibilita a limpeza de forma alternada não sendo necessário
interromper o abastecimento. Como a cobertura do reservatório possui
dimensões de 1,75m x 4,68 m. Assim, determinou-se dois reservatórios com
dimensões internas utilizadas de 1,55 x 2,20 m. Dessa forma, como cada
reservatório abriga metade do volume total calculada para reservatório superior
têm que a altura mínima é dada por:

R¿
h= ≈ 0,412 m altura da lâmina de água
2 x 1 ,55 x 2 , 20

→ h = 0,8 m total do reservatório

Portanto, a altura da lâmina d’água será de no mínimo 0,412 m e, a fim


de acomodar melhor o extravasor a altura total do reservatório será de 0,8 m.

2.3 RESERVATÓRIO INFERIOR

Tomando uma área de base de 1,7m x 1,7m e empregando formulação


análoga à usada para dimensionar o reservatório superior, obtêm-se uma altura
de lâmina d’água de 0,95m para o reservatório inferior.

Rinf
h= ≈ 0,95 m (altura da lâmina de água)
1, 7∗1 ,7

→ h = 1,2 m total do reservatório

3. CÁLCULO DAS TUBULAÇÕES

Todas as tubulações da instalação de água fria foram dimensionadas


trecho a trecho, levando em consideração aspectos econômicos e o
funcionamento como condutos forçados. Com isso, foram verificados para cada
trecho os quatro parâmetros hidráulicos de escoamentos que são a vazão, a
velocidade, a perda de carga e pressão, através da tabela presente no Anexo
1, na qual foram calculados (além dos já citados) mais alguns conceitos
importantes que serão todos detalhados a seguir.

3.1 RAMAL, COLUNA DE DISTRIBUIÇÃO, BARRILETE,


DIÂMETRO DO RAMAL PREDIAL E CAVALETE

Optou-se pelo método de dimensionamento da soma de pesos relativos


das peças de utilização como recomendado pela versão antiga da NBR 5626,
publicada em 1998, uma vez que a norma mais recente não detalha este tipo
de procedimento.

Para cada ramal da edificação foram calculados os seguintes


parâmetros:

 Pesos: os pesos de utilização foram estimados a partir da Tabela A.1


da NBR 5626:1998, abaixo apresentada para referência. O resultado
dos pesos é dado pelo produto entre o peso relativo e a quantidade de
cada aparelho sanitário.

Figura 1- Pesos relativos nos pontos de utilização


Fonte: ABNT NBR 5626:1998.

 Vazões: para cada trecho, estima-se a vazão a partir da equação:

Q = 0,3 √ ΣP

Onde:

Q  vazão necessária à instalação calculada

0,3  coeficiente de vazão da água

ΣP  somatório dos pesos das peças abastecidas pela coluna de


distribuição ou barrilete.

 Diâmetro Nominal (DN): os diâmetros dos pontos de água e sub-ramais


foram definidos pelos mínimos estabelecidos pela NBR 5626/98,
observando-se as pressões estabelecidas. Como atualmente não é
comercializado tubulação de 15 mm, adotamos 20 mm como mínimo.

Figura 2: Diâmetro mínimo dos sub-ramais de alimentação.


 Velocidades: a velocidade da água nos tubos não deve ultrapassar o
valor de 3 m/s, essa limitação visa evitar ruídos e diminuir eventuais
danos às tubulações. É calculada através da seguinte fórmula:

4000∗Q
V= 2
π∗D n

Onde:
V  velocidade necessária à instalação calculada (m/s)
Q  vazão necessária à instalação calculada (litros/s)
DN  diâmetro adotado para tubulação (mm).

 Perda de Carga nas Peças: a perda de carga foi calculada em cada


trecho, para isso foi utilizada a seguinte fórmula:

Jpeças = J x Leq
Onde:
J  perda de carga unitária expressa na fórmula abaixo
Leq  comprimento total equivalente
Para trechos de barrilete, admite-se J = 8% uma vez que suas perdas de
carga são bastante expressivas. Para os demais trechos, encontra-se J a partir
da equação de Hazen-Williams para tubos de PVC:

1 , 75
Q5
J = 8,69 x 10 x 4 ,75
DN

Onde:

J = perda de carga no trecho considerado (Kpa/m) – perda de carga unitária

Q = vazão necessária à instalação calculada (litros/s)

DN = diâmetro adotado para a tubulação (mm)

O comprimento total equivalente é determinado através da soma do comprimento total


de tubulação no trecho com os comprimentos equivalentes de suas conexões determinadas de
acordo com a Tabela 3:

Figura 3 – Comprimentos equivalentes de conexões.

 Desnível: se trata da altura de queda do tubo, os valores são


medidos em plantas e são arbitrados da seguinte forma. Quando o
caminho que o fluxo de água percorre no tubo é subindo, o desnível
é negativo, quando esse fluxo está descendo desnível tem, o valor
positivo.

 Pressões: Para determinação das pressões à jusante de cada trecho,


admitiu-se a situação em que o reservatório esgotou sua capacidade de
consumo e a água ainda disponível está apenas nas tubulações. Toda a
rede de distribuição predial de água foi projetada de modo que as
pressões estáticas ou dinâmicas em qualquer ponto se situem entre 40 e
0,50 m.c.a., respectivamente. A pressão dinâmica mínima de 0,5 m.c.a
visa impedir que o ponto crítico da rede distribuição, geralmente o topo
das colunas, opere com a pressão negativa. A abertura de qualquer
peça de utilização não pode provocar queda de pressão (subpressão),
tal que a pressão instantânea no ponto crítico da instalação fique inferior
a 0,50 m.c.a.. O fechamento de qualquer peça de utilização não pode
provocar sobre-pressão, em qualquer ponto da instalação, que supere
em mais de 20 m.c.a. a pressão estática neste mesmo ponto. A pressão
inicial é calculada da seguinte forma:

P= pressão do ponto anterior + gravidade + desnível


Onde: gravidade = 10 m/s2

 Comprimento Real (CR) – é o comprimento do tubo trecho a trecho.

 Perda de Carga na Tubulação - é dada pelo produto do comprimento


real (Leq) e a perda de carga unitária (J):
Jtub = Leq * J

 Perda de Carga Total – é a soma entre a perda de carga nas peças e a


perda de carga na tubulação:
Jtotal = Jpeças + Jtub

 Pressão Residual - é dada pela diferença entre a pressão inicial (P) e a


perda de carga total
PR = Pi - Jtotal

 Pressão Requerida (PReq) - é adquirida através da tabela de pressão


dinâmica mínima apresentada a seguir:

Figura 4: Pressão dinâmica mínima nos pontos de utilização identificados em função do aparelho
sanitário e da peça de utilização.
As dimensões de e grandezas associadas a cada trecho estão
disposta no Apêndice A.

4. CÁLCULO DO CONJUNTO MOTOBOMBA

Para o presente projeto é necessário a instalação de um conjunto


motobomba que é o mecanismo responsável por transpor a agua do
reservatório inferior para o reservatório superior. Ele é composto por uma
tubulação de recalque, uma tubulação de sucção e bomba. Atendendo aos
requisitos das normas vigentes, o tempo de reposição do volume de consumo não
deve ser maior do que 3 horas. Para o cálculo do conjunto motobomba foi
necessário a obtenção do volume do reservatório superior (onde estará
localizado o conjunto motobomba), e foi admitida 40 min para o tempo de
reposição de água (funcionamento da bomba), segue abaixo todas as etapas
do dimensionamento do conjunto moto-bomba, assim como os valores de seus
respectivos itens.

a) Inicialmente foi obtido o volume de uso diário do reservatório superior


em m3 = 1824 L = 1,824 m3.
b) Em seguida foi calculada a vazão requerida para o tempo de reposição
de 40 min em m3/s = 1,824/2400 = 0,00076 m3/s.
4.1 TUBULAÇÃO DE RECALQUE

Para o cálculo do diâmetro da tubulação de recalque foi utilizada a


seguinte fórmula:

Drec = 1,3 * √ Q∗

4 h
24

Onde: Q é a vazão em m3/s

h é o tempo de funcionamento da bomba.

Drec = 1,3 * √ 0,00076∗


√ 4 3
24
≈ 0,021 → Drec = 25 mm

O diâmetro utilizado para a tubulação de recalque será comercializado


que mais se aproxima do valor teórico, sendo ele o diâmetro de: 25mm.

4.2 TUBULAÇÃO DE SUCÇÃO

O diâmetro da tubulação de sucção não é calculado, adota-se o


diâmetro comercial imediatamente seguinte ao da tubulação de recalque, logo
o diâmetro escolhido foi de Dsuc = 32 mm.

4.3 TUBULAÇÃO DE LIMPEZA DOS RESERVATÓRIO

4.3.1 RESERVATÓRIO SUPERIOR

Para a tubulação de limpeza foi adotado como 20 min o tempo


necessário para esvaziar cada um dos reservatórios superiores
(separadamente):

t=
2S
√h
Cd A 2 g
2∗3 , 41 0,412

→ 1200 = 6∗π∗D 2∗9 , 81 → D≈ 0,042 m → 50 mm
0,
4
2

Onde:
Cd = 0,6 (Coeficiente de descarga)
h = 0,412 (altura da lâmina d’água na seção)
g = 9,81 m/s2 (aceleração da gravidade)
A = (seção transversal do tubo)
S = 3,41 m2 (seção transversal do reservatório)
h = 0,412 (altura da lâmina de água no reservatório)

A partir da equação acima foi obtido o diâmetro comercia da tubulação


de limpeza que é de D = 50mm para o reservatório superior.

4.3.2 RESERVATÓRIO INFERIOR

Para a tubulação de limpeza foi adotado como 20 min o tempo


necessário para esvaziar completamente o reservatório superior e através do
uso da equação:

t=
2S
√ h
Cd A 2 g
2∗2 , 89

0 , 95
→ 1200 = 6∗π∗D 2 2∗9 , 81 → D≈ 0,047 m → 50 mm
0,
4

Onde:
S = 2,89 m2 (Seção transversal do reservatório inferior)
Cd = 0,6 (Coeficiente de descarga)
h = 0,95 m (altura da lâmina d’água do reservatório)
g = 9,81 m/s2 (aceleração da gravidade)
A = (seção transversal do tubo)

A partir da equação acima foi obtido o diâmetro comercia da tubulação


de limpeza que é de D = 50mm para o reservatório inferior.

4.4 TUBULAÇÃO DE EXTRAVASÃO DOS RESERVATÓRIO

4.4.1 RESERVATÓRIO SUPERIOR

Para o cálculo da tubulação de extravasão do reservatório superior


utiliza-se a seguinte equação:

Q=cd∗A∗√ 2∗g∗h → 0,00076=0 ,


6∗π∗D2
4 √
∗ 2∗9 ,
81∗D
2
≈ 0,048m → 50mm
Onde: Q é a vazão de entrada calculada no item 4 b) = 0,00076 m3/s;

cd = 0,6 (coeficiente de descarga)

D
h= (lâmina de água tolerada no tubo extravasor (m))
2

A = área da seção transversal do tubo

g = 9,81 m/s2 (aceleração da gravidade)

A partir da equação acima foi obtido o diâmetro comercia da tubulação


de extravasão que é de D = 50mm para o reservatório superior.

4.4.2 RESERVATÓRIO INFERIOR

Para a tubulação de extravasão, adota-se um diâmetro imediatamente


maior que o da tubulação de recalque calculada no item 4.1, portanto o de
32mm.

4.5 POTÊNCIA DA BOMBA

Para a escolha da potência da bomba, primeiramente, é necessário


calcular a perda de carga das tubulações de sucção e recalque recorrendo à
fórmula de Hazen – Williams dada por:

10 , 64 1 , 85
1 , 85
∗Q
C
hf = 4 ,87
∗L
D
Sendo:
hf a perda de carga do trecho (m);
Q a vazão que passa pelo trecho (m3/s);
C o coeficiente de rugosidade da tubulação;
D o diâmetro do tubo (m) ;
L o comprimento total do tubo (m).
A tubulação utilizada no conjunto moto-bomba é de PVC e possui C =
140 (figura 5) e a vazão requerida é de Q = 7,6 x 10 -4 m3/s. O comprimento L é
a soma do comprimento da tubulação com os comprimentos equivalentes das
conexões. Os comprimentos da tubulação de sucção e recalque são,
respectivamente, 1,84m e 15,9m. Os comprimentos equivalentes de conexões
foram consultados em manual técnico da Schneider Motobombas.

Figura 5 – Valor do coeficiente C

Tabela 1 – Cálculo dos comprimento equivalentes totais da sucção

Tabela 2 – Cálculo dos comprimento equivalentes totais do recalque


Com isso, temos para valores de Lsuc = 29,31+1,84 = 31,15 m e Lrec =
22,93 + 15,9 = 38,83m e a perda de carga (hf) obtida nos trechos de sucção e
recalque são: hf sucção = 1,15m e hf recalque = 4,76m.

Além disso, é necessário calcular a altura manométrica Hm do sistema,


dada por:
Hm = Hg + hf sucção + hf recalque
Onde, Hg é a altura de recalque, que nesse caso é Hg = 9,76 m.
Obtendo-se Hm = 15,67 m
A partir daí se obteve a potência da moto - bomba que é calculada
através da seguinte fórmula:
γ∗Q∗H m
P=
75 n
Onde: P é a potência necessária para a moto-bomba (CV); Q é a vazão
de recalque em m3/s; γ é igual a 1000 kgf/m3; Hm é a altura manométrica
dinâmica (m); n é o rendimento da bomba. Sabendo que Q = 0,76 l/s, a altura
manométrica Hm = 15,67m e o rendimento considerado foi de n = 50%, foi
obtida a potência da bomba de P = 0,32 CV.

Logo, deve-se adotar uma motobomba centrífuga Schneider BCR-2000


de 0,5 CV ou algum modelo similar, desde que este atenda às demandas do
projeto.
Figura 6- Características da bomba centrífuga BCR -2000

5. APÊNDICE A
6. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5626:2020:


Sistemas prediais de água fria e água quente —Projeto, execução, operação e
manutenção. Rio de Janeiro, ABNT, 2020.

Notas de Aula de Instalações Hidrossanitárias. São Cristóvão, 2022.

SCHNEIDER MOTOBOMBAS. Manual Técnico: comprimentos equivalentes


em conexões. Disponível em:
<http://www.escoladavida.eng.br/mecflubasica/comprimentos_equivalentes
.pdf>. Acesso em: ago.2022.

SCHNEIDER MOTOBOMBAS. Tabela de Seleção de Motobombas.


Disponível em:
<https://schneidermotobombas.blob.core.windows.net/media/264019/schneider
_tabela_selecao_01-2019_rev08.pdf>. Acesso em: ago.2022.

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