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Centro Universitário UniAmérica Descomplica

Departamento de Engenharia Civil

Disciplina: Estação de Tratamento de Efluentes

Jardel Soverano, Jesse Flexa, Sheila Mulina

MEMORIAL DESCRITIVO E DE CÁLCULO DA ESTAÇÃO DE


TRATAMENTO DE ESGOTO (ETE)

Foz do Iguaçu, Setembro, 2022

1. APRESENTAÇÃO
Este memorial descritivo descreve os critérios e orientações adotadas para o projeto
e dimensionamento de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE)

O presente memorial descritivo é composto pelas partes abaixo descritas:

• Memorial descritivo: apresentação, concepção e descrição do projeto.

• Memorial de cálculo: apresenta o dimensionamento dos elementos do

sistema.

• Peças gráficas: apresenta plantas, cortes, detalhes e demais elementos

gráficos relacionados ao projeto da ETE e necessários a sua execução

2. IDENTIFICAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

IDENTIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO:

Endereço: Av. Gen. Meira, Foz do Iguaçu

No intuito de situar o sistema de tratamento de efluentes operacionais, a Figura 1


demonstra a localização dele, a qual será descrita com maiores detalhes nas
plantas e projetos em anexo a este memorial de cálculo.

Figura 1: Descrição do sistema de Tratamento de Efluentes, fonte: Google hearth

3. MEMORIAL DE CÁLCULO
Nesta seção é apresentado o roteiro de cálculo empregado para o
dimensionamento da ETE. Aqui são mostrados os principais parâmetros adotados
para o cálculo das dimensões de cada unidade de tratamento, bem como o cálculo
das dimensões propriamente ditas. Quando cabível, considerações e simplificações
serão explicitamente mostradas e justificadas.

Os dimensionamentos dos elementos que constituem o sistema de tratamento são


apresentados nas seções a seguir.

3.1. PARÂMETROS DE PROJETO

O projeto foi dimensionado para um numero determinado de 50.000 habitantes, de


acordo com a Organização das Nações Unidas, cada pessoa necessita de 3,3 mil
litros de água por mês (cerca de 110 litros de água por dia para atender as
necessidades de consumo e higiene), No entanto, no Brasil, o consumo por pessoa
pode chegar a mais de 200 litros/dia, para este projeto foi determinado o consumo
de água por pessoa de 250 litros/dia, em seguida calculamos o comprimento da
rede coletora com o seguinte formula:

numero de habitantes
CRC= × testada minima dos lotes
media de habitantes por casa

CRC=186,336 km

Onde:

CRC- comprimento da rede colectora

Numero de habitantes: 50.000 hab.

Média de habitantes por casa= 3,22 de acordo com a Prefeitura de Foz do Iguaçu,

Testada mínima dos lotes= 12 m

3.2 VAZÃO DE PROJETO


A vazão de esgotos sanitários que alcança a estação de tratamento de esgotos é
composta pela adição de três parcelas: a vazão doméstica, a vazão de infiltração e a
vazão industrial, as vazões de projeto foram dimensionadas da seguindo essas três
parcelas, primeiro fez-se o calculo da vazão domestica media, usando a seguinte
formula:

Cálculo da vazão doméstica média

50.000 hab . X 250 L/hab . d x 0,8


Qdméd= =115,74 L /s
86400

Onde:

0,8 é o coeficiente de retorno “R” (R = vazão de esgotos/vazão de água).

O volume de esgotos domésticos gerado é calculado com base no consumo de água


dos moradores de uma localidade. Do total de água consumida, cerca de 80% é
transformada em esgoto.

Em seguida foi feito o cálculo da vazão de infiltração.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em sua Norma Brasileira (NBR)


9649, cita a faixa de 0,05 a 1,0 L/s.km, ou seja, para cada quilómetro (km) de rede
coletora de esgoto tem-se uma vazão de infiltração entre a faixa de 0,05 a 1,0 L/s. Para
este projeo foi adotado o valor de 0,50 L/s.km.

O parâmetro taxa de infiltração para este projeto dependeu do material e do diâmetro


da rede coletora, além do nível do lençol freático da cidade de foz do Iguacu . A tabela
a seguir apresenta valores típicos em função dessas variáveis, em L/s.km. Esse valor
costuma ser encontrado no projeto do sistema de esgotamento sanitário.
Cálculo da vazão de infiltração

Valor adotado: 0,50 L/s. km

Qinf = 0,50 L/s.km x 186,336 km = 55,90 L/s

Vazão industrial = 0 L/s

Cálculo da vazão média de esgotos sanitários

Qméd = 115,74 L/s + 55,90 L/s + 0 = 171, 64 L/s

O valor da vazão média de esgotos sanitários é igual a 171, 64L/s


3.3. ÁREA E LOCALIZAÇÃO DA ETE

A figura 2 ilustra as áreas necessárias para tratamento primário e secundário,


indicando-se um mínimo necessário e um valor recomendado, para este projeto foi
utilizado a aérea de 2 hectares.

A localização da estação de tratamento foi escolhida de forma a obedecer o


zoneamento local, tendo atenção especial para a proteção das áreas vizinhas ou
próximas em relação ao seu uso natural ou planejado.
3.4. DIMENSIONAMENTO DA CALHA PARSHALL

Levando em consideração às vazões máxima e mínima, foi selecionada calha Parshall


com tamanho de garganta nominal de 9”, conforme norma ASTM 1941:1975, como
mostra no quadro 1 a seguir:
3.5. SISTEMA DE GRADEAMENTO.

O sistema de gradeamento é composto por três conjuntos de grades com aberturas


distintas e decrescentes, visando a retirada de sólidos grosseiros com tamanhos
sucessivamente menores.

Para este projecto foi adotado os 3 tipos de grades, uma grossa, uma média, e uma
fina a seguir seguem os cálculos para a obtenção das dimensões das grades.

Caracteristicas das Grades

1.Tipo de grade adotada : Grossa para limpeza mecanizada

Seção da barra = 1/2" x 2 (12,7mm x 50 mm)

Espaçamento entre as barras (a) = 100mm

Espessura da Barra (t) = 12,7 mm

Inclinação (α)= 70 ֯

2.Tipo de grade adotada : Media para limpeza mecanizada

Seção da barra = 3/8" x 2 (9,5 mm x 50 mm)

Espaçamento entre as barras (a) = 40 mm

Espessura da Barra (t) = 9,5 mm

Inclinação (α)= 70 ֯

3.Tipo de grade adotada : Fina para limpeza mecanizada

Seção da barra = 3/8" x 1.1/2" (9,5 mm x 50 mm)

Espaçamento entre as barras (a) = 20 mm

Espessura da Barra (t) = 9,5 mm

Inclinação (α)= 70 ֯
As tabelas aseguir apresentam dimensões típicas das seções transversais das barras
retangulares mais usadas e o estapacamento minimo e maximo. A menor dimensão
representa a espessura da barra; a dimensão maior é função da estabilidade da
estrutura metálica.
Dimensionamento

Eficiência (E)

O termo eficiência da grade é expressa pela fórmula:

a (mm)
E=
t ( mm ) +a(mm)

Onde:

E= eficiência da grade;

a = espaçamento entre as barras;

t = espessura das barras;

Para este projeto obtevi-se as seguintes eficiencias:

Eficiência da grade Grossa = 0,89

Eficiência da grade media= 0,80

Eficiência da grade fina = 0.68

Área útil (Au)

Para este projeto optou-se por dois canais de gradeamento, logo teremos duas vazões,
a Qmax que é a vazão total, a vazão que passa pelos dois canais, e o Qmin que é a
vazão que passa so em um canal, que seria a vazão máxima dividida por dois. A área
útil sera calculada usando a vazão máxima.

Qmax = 0,172 m3 /s

Com V (adotado) = 1m/s


Qmax
Au=
V

2
Au=0,172 m

Seção do canal (S)

A seção (S) do canal junto à grade, necessária para o escoamento, é determinada pela
expressão:

Au
S=
E

seção da grade Grossa = 0,10m2

seção da grade media= 0,11m2

seção da grade fina = 0,13m 2

Largura da Grade

A Largura da Grade, é determinada pela expressão:

S
L=
h

Onde:

S= seção da grade;

h = lâmina de água; = 0,2

Largura da grade Grossa = 0,95 m

Largura da grade media= 1,075 m

Largura da grade fina = 1,265 m


Revisão dos cálculos usando a largura final de 1 metro para o dimensionamento
do sistema de grade.

L=1m

h = 0,2

S = 1m x 0,2m = 0,2 m2

E da grade grossa = 0,89

E da grade media= 0,80

E da grade fina = 0,68

Au da grade grossa = 0,89 x 0,2 = 0,18m2

Au da grade Media = 0,80 x 0,2 =0,16m2

Au da grade fina = 0,68 x 0,2 = 0,14 m2

Cálculo da velocidade máxima usando a seguinte equação:

Q max
V max=
Au

Velocidade maxima da grade Grossa = 0,96 m 2 /s

Velocidade maxima da grade media= 1,1m2 /s

Velocidade maxima da grade fina = 1,23 m2 /s

Cálculo da velocidade inicial usando a seguinte equação:

Qmax
V 0=
S

2
V 0=0,86 m / s
Perda de carga (hf) considerando obstrução máxima de 50% da grade.

V 2−v 2
hf =1,43
2g

Teremos assim:

A perda de carga da grade Grossa = 0,013

A perda de carga da grade media= 0,034

A perda de carga na grade fina = 0,056

Perda de carga (hf) Usando a fórmula de Kirshmer:

()
4
t v 2
hf =β 3
sinα
a 2g

A perda de carga da grade Grossa = 0,0065

A perda de carga da grade media= 0,044

A perda de carga na grade fina = 0,065

Figura 4. Esquema de uma grade


Número de barras usadas no gradeamento:

Grade Grossa = 8 barras

Grade Media = 20 barras

Grade fina = 33 barras

Número de espaçamentos das grades:

Grade Grossa = 9 espaços

Grade Media = 21 espaços

Grade fina = 34 espaços

3.6 CANAL DE DESARENAÇÃO

Para o dimensionamento dos canais de desarenação, foi levado em consideração a


velocidade no canal de desarenação de 0,30 m/s.

As dimensões dos canais de desarenação são:

Largura do canal de areia (b)

Qmax
b ( m )=
h. v

b=2,87 m

Comprimento do canal de desarenação

L ( m) =22,5 . hmax

L=4,5 m
Verificação da taxa de escoamento superficial (I)

Deve situar-se entre 600 a 1300 m3/m2.d

I=
Qmed ( )
m3
d
2
Am
3
m
I=1148 2
.d
m

Profundidade do poço de acumulação de areia.

De acordo com a NBR 12209/1990: - No fundo e ao longo do canal (caixa de areia),


deverá ser previsto espaço para a acumulação de sedimentado, com seção transversal
mínima de 0,20 m (profundidade) por 0,20 m (largura).

V 14
Harm=
(bcaixa . L caixa)

V14= (Qmed (m3/s) x 86.400 x 14 dias de armazenamento de areia x 0,041


L*min/m3)/1000 L/m3

V14 = 8,53 m3

Harm = 0,66 m

Todo o percurso do sistema de pré-tratamento (canal de gradeamento, caixas de areia


e calha Parshall) deverão ser executados em concreto impermeabilizado visando evitar
infiltrações no solo.
3.7. DIMENSIONAMENTO DO DECANTADOR PRIMÁRIO.

Características dos decantadores

De acordo com suas características de projeto e construção, os decantadores podem


ser classificados de varias maneiras, para este projeto optou-se pelo decantador
circular de tração central.

 Calcular a área total necessária para os decantadores ATD

Qmax
ATD=
qa
2
ATD=247 m

Onde

qa a taxa de escoamento é a quantidade de efluente liquido que é aplicada por unidade


de área de uma unidade durante um dia. A NBR 12209 estabelece algumas condições.
A taxa de escoamento superficial adotada foi de 60 m3 /m2.d precedendo filtros
biológico;

Recomenda-se que seja projetada sempre duas ou mais unidades, de forma a


possibilitar manutenção e operação mais flexível, sem prejuízo da qualidade do
tratamento, em qualquer etapa do projeto. Neste caso, adotou-se como primeira
hipótese a construção de quatro unidades, duas delas para atender a 1° etapa,
acrescendo-se mais uma na 2° e na 3° etapas. Para essa hipótese serão feitas as
verificações necessárias.

Área calculada para cada decantador e o diâmetro

ATD
ACD=
Numero de unidades total (4)
2
ACD=62m

Assim teremos uma área de 62 m2 para cada decantador, em seguida fes-se o cálculo
do diâmetro para cada decantador.

π D2
A=
4

D=
√ 4A
π

D=8,89 m

Cálculo do volume

𝛉max = 1,0 h (adotado)

V
θmax
Q

V =θmax× Q
3
V =618 m

Onde:

𝛉max = tempo de detenção hidráulica

Cálculo da profundidade útil (Hμ)

V
Hμ=
ATD

Hμ=2,5 m
Verificação

Para Hμ = 3,0m

V =Hμ × ATD

V =741m 3

V
θ max ¿
Q

θ max ¿ 1,2 h

Taxa de escoamento nos vertedores de saída.

Q
4
Qmax=
π× D

m3
Qmax=133 .d
m

Altura do centro até ao pé da parede (fundo)

Inclinação dotada = 10%

hc=
( 2)
D

10

hc=0,44 m
3.8. DIMENSIONAMENTO DAS CAIXAS SEPARADORAS.

Para este projeto foram dimensionadas duas caixas separadoras, com vertedouros
rectangulares de soleira acentuada sobe condições de fluxo livre. Serão utilizados 4
tanques primários circulares idênticos, para a primeira caixa foi dimensionada para 2
tanques e a segunda caixa para 4 tanques.

Caixa separadora 1

Q = 172 l/s = 14.861m3 /d

3
14.861 m . d
Q= =7.430,0 m3 . d−1
2tanques

7430,5 m3 . d−1 3
Q= =0,086 m /s
86400 s/d

Comprimento do vertedouro

Altura adotada = 100mm = 0,10m

[ ]
2
Q 3
=0,10
( 1,82 ) [ L−( 0,2 ) ( 0,10 ) ]

L=1,53 m

Pico de vazão

Para este projecto foi adotado uma velocidade ascedente de escoamento da caixa
separadora de fluxo de 0,3 m . s−1 para atingir o pico de vazão.
( 2,3 ) ( 14861 m3 /d ) 3
Qpico= =0,396 m / s
( 86400 s /d ) ( 1 tanque )

Qpico
Area do tubo=
v

Areado tubo=1,32 m2

O diâmetro do tubo foi encontrado através da área

π ( D )2
=1,32 m2
4

D=1,30 m

Profundidade

Diâmetro padrão do tubo escolhido = 1400 mm

A profundidade da caixa abaixo do vertedouro mede 2 vezes o diâmetro do tubo

Profundidade = 1,4 × 2 = 2,8 m

Caixa separadora 2

Para a caixa separadora 2 os cálculos são os mesmos da caixa separadora 1 só que


para a caixa separadora dois o dimensionamento foi feito para 4 tanques, logo teremos:

14.861 m3 . d 3 −1
Q= =3.715,25 m . d
2tanques

7430,5 m 3 . d−1
Q= =0,043 m 3 /s
86400 s/d

L= 0,784 m

Qpico = 0,132m3 /s
Área do tubo = 0,44 m2

D = 0,749 m

Profundidade (tubo adotado = 800) = 1,6 m

3.9. DIMENSIONAMENTO DAS LAGOAS ANAERÓBIAS.

Para este projecto foram dimensionadas lagoas anaeróbias aceitando uma remoção de
DBO de 50%

O valor de DBO afluente usado foi de 300 mg/l para uma v azao de 14861 m 3 / d

Carga de DBO afluente

14861× 300
Ca= =4458,3 kg /d
1000

Taxa de aplicação de carga orgânica aplicada

= 75 g DBO/ m 3 /d

Volume da lagoa

Carga de DBO afluente


V=
Taxa de aplicação de carga orgânica
3
V =59444 m

Tempo de detenção resultante

V
t=
Q

t=4 dias

Profundidade adotada = h = 3,50 m

Área media
V
Am=
h

Am=16984 m2

3.10. DIMENSIONAMENTO DAS LAGOAS FACULTATIVAS.

Para este projecto foi usado o método de dimensionamento baseado na temperatura


segundo Gloyna, as lagoas foram dimensionadas para uma estimativa de 50.000
habitantes, com uma vazão afluente de 14861 m3 /d e com DBO afluente de 300 mg/l, a
temperatura escolhida foi a temperatura liquida do mês mas frio da cidade de foz do
Iguaçu que foi de 17° C.

Carga Afluente

14861× 300
Ca= =4458,3 kg /d
1000

Área superficial

Profundidade h = 2 m

Temperatura T = 17° C

C=350 × ( 1,107−0,002× T )( T−25)

C=199,2 kg DBO/ha . d

Cálculo da área requerida

Ca
A=
C
2
A=224000 m

Cálculo do Volume Resultante


3
V = A × h=448000 m

Tempo de detenção

V
T=
Q

T =30 dias

3.11. DIMENSÕES DAS LAGOAS ANAERÓBIAS E FACULTATIVAS

Para este projecto foram dimensionadas 10 lagoas anaeróbias e 10 facultativas em


paralelo, a quantidade de lagoas foram determinadas pela dimensão do terreno
escolhido e pelo comprimento das lagoas, por se tratar de um terreno localizado entre
um rio e próximo a residências o comprimento das lagoas seriam limitadas, e foi
adotado um talude de 1:2, logo temos as seguintes dimensões:

224000 m2
Área de 1 lagoa facultativa= =22400 m2
10
2
16984 m 2
Área de 1 lagoa Anaeobia= =1698,4 m
10

Largura de 1lagoa facultati va e Anaerobia= √1698,4=41,21 m

22400
Comprimento de 1 lagoa facultativa= =544 m
41,21

Comprimento de 1 lagoa Anaerobia=41,21 m

Já com as lagoas dimensionadas determinou-se as dimensões reais do terreno para a


construção da estação de tratamento de esgoto, a ETE ocupou no seu total uma área
de 46 hectares.

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