Você está na página 1de 12

MEMORIAL DESCRITIVO

PROJETO DE INSTALAÇÕES
PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS

PROPRIETÁRIO: MARIA INCORPORADORA E CONSTRUTORA LTDA

OBRA: CONDOMÍNIO RESIDENCIAL SANT PAUL DE VENCE

LOCAL: RUA MARTINICA, S/N BAIRRO: COSTA E SILVA – CEP: 70.803-480,


PORTO VELHO-RO

RESPONSÁVEIS: CAIO WDSON, CAMILA EVELLYN, ELLEN FREITAS E LUCAS


MENDONÇA.
1. APRESENTAÇÃO

Proprietário: MARIA INCORPORADORA E CONSTRUTORA LTDA

Obra: CONDOMÍNIO RESIDENCIAL SANT PAUL DE VENCE

Local: RUA MARTINICA, S/N BAIRRO: COSTA E SILVA – CEP:


70.803-480, PORTO VELHO-RO

Este memorial descritivo tem por finalidade descrever os serviços,


especificar os materiais e equipamentos a serem utilizados e os critérios
adotados na elaboração do Projeto de Instalações Prediais de Águas Pluviais.
Consta também no memorial as normas utilizadas no desenvolvimento do
projeto.

A edificação se trata de uma residência padrão luxo com dois


pavimentos. O pavimento térreo é constituído por um spar, uma cozinha, área
gourmet, área de serviço, lavabo, banheiros de serviço, social, suíte visita, sala
de estar e área de circulação. Já o pavimento superior é constituído por ofurô,
suíte casal, duas varandas, duas semi-suítes, lavabo, closet e área de
circulação. A área externa do pavimento térreo é constituída por duas áreas de
jardim com totalizando 48,58 m2 e áreas com revestimento asfáltico totalizando
uma área de 271,48m2.

2. INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS

Nesta seção do memorial descritivo são apresentadas as


especificações dos elementos construtivos utilizados na elaboração do
projeto.

2.1 NORMAS E PRÁTICAS COMPLEMENTARES

A execução das Instalações Hidráulicas de Águas Pluviais segue as


especificações das seguintes normas:

● ABNT NBR 10844:1989 – Instalações Prediais de Águas Pluviais


● ABNT NBR 15527:2019 – Aproveitamento de água de chuva de
cobertura para fins não potáveis – Requisitos.

2.2 OBJETIVOS DO PROJETO

Os objetivos do presente projeto são:

● Coleta e direcionamento das águas da chuva para local adequado e


permitido;
● Garantir estanqueidade das instalações;
● Permitir fácil limpeza e desobstrução de qualquer ponto interior das
instalações;
● Permitir a absorção de choques mecânicos e de esforços provocados
por variações térmicas nas instalações;
● Ser resistente às intempéries;
● Conduzir a água sem provocar ruídos excessivos;
● Garantir a resistência das tubulações à esforços mecânicos aos quais
estão sujeitas;
● Garantir a fixação das instalações assegurando sua resistência e
durabilidade;
● Garantir o correto dimensionamento, posição e proteção do reservatório
para armazenamento da água não potável;
● Garantir o pré-tratamento e direcionamento correto das água da chuva
que será reaproveitada;

3. DISPOSIÇÕES GERAIS

▪ Os cálculos referentes ao projeto estão dispostos detalhadamente no


memorial de cálculo, que será entregue juntamente com o presente
documento;
▪ Os serviços serão executados, rigorosamente, de acordo com os
projetos e suas respectivas especificações;
▪ O local de trabalho deverá ser mantido permanentemente limpo, sem
entulhos ou sobras, não aproveitáveis de material.
▪ É proibido caimento de água livremente dos telhados de prédios com
mais de um pavimento e caimento em terrenos vizinhos. A água deve
ser conduzida por condutores pluviais que devem ser ligados a caixas
de águas pluviais localizada no pavimento térreo e, então, são lançadas
em coletores públicos e/ou destinadas aos pontos de reutilização.

3.1 PARTICULARIDADES DO PROJETO

Segundo as normas ABNT NBR 10844:1989 e ABNT NBR 15527:2019 o


projeto segue as seguintes as seguintes diretrizes:

● O sistema de drenagem das águas pluviais deve ser completamente


separado da rede de esgotos sanitários, rede de água fria e quaisquer
outras instalações;
● O reservatório de água pluvial será localizado no pavimento superior
(varanda I);
● A água pluvial que incide nas áreas que não serão reaproveitadas,
seguem para macrodrenagem;
● Na tubulação que liga o reservatório de água pluvial a torneira de jardim
escolhida para a utilização dessa água, deve haver uma válvula de
retenção que impeça a mistura entre as águas fria (potável) e pluvial
(não potável). É proposto também para o projeto de instalações de água
fria, acrescentar ao quantitativo uma válvula de retenção que será
instalada na tubulação de água potável visando evitar a mistura entre as
águas;
● A intensidade pluviométrica (I), para fins de projeto, deve ser
determinado com base nos dados pluviométricos locais, onde são
fixados valores para a duração de precipitação e o período de retorno.
● Devido a ação dos ventos, deve-se considerar um ângulo de inclinação
da chuva em relação à horizontal igual a arctg 2θ para o cálculo da
quantidade de chuva a ser interceptada por superfícies inclinadas ou
verticais;
● O tempo de retorno para o presente projeto foi de T = 1 ano.
● Com base na NBR 10844:1989 a duração de precipitação deve ser
fixada em t = 5min;
● As canalizações enterradas devem ser assentadas em terreno resistente
ou sobre base apropriada, livre de detritos ou materiais pontiagudos. O
recobrimento mínimo deve ser de 30cm. Caso não seja possível
executar esse recobrimento mínimo de 30cm, ou onde a canalização
estiver sujeita a carga de rodas, fortes compressões ou ainda, situada
em área edificada, deverá existir uma proteção adequada com uso de
lajes ou canaletas que impeçam a ação desses esforços sobre a
canalização;
● Deve haver a presença de caixas de areia para as tubulações
enterradas, sempre que houver conexões com outra tubulação,
mudança de declividade e mudança de direção;
● Lajes impermeabilizadas, calhas de beiral e platibandas devem ter
declividade mínima de 0,5%;
● Para os condutores horizontais, sempre que possível, adotar uma
declividade maior que 0,5%.
● O diâmetro interno mínimo dos condutores verticais de seção circular
deve ser de no mínimo 70mm;
● Deve-se atentar para que os condutores verticais não passem por
aberturas (portas e janelas);

4. CONCEPÇÃO DO PROJETO

Inicialmente foi adotada uma direção para o vento. Para a determinação


do vento, foi considerado que ele segue o sentido leste-oeste, como pode ser
observado no projeto, sendo assim, a fachada leste é a que recebe maior
incidência de água da chuva. Esta fachada está apresentada abaixo na Figura
1.

Figura 1: Fachada leste que possui maior incidência de vento.

Fonte: material disponibilizado no sigaa – planta de cortes e fachadas.


4.1 INTENSIDADE PLUVIOMÉTRICA

A intensidade pluviométrica é baseada em dados pluviométricos locais.


Dessa forma, na Tabela 1 encontram-se os valores de intensidade
pluviométrica (mm/h) para algumas cidades do Brasil.

Tabela 1: Chuvas intensas no Brasil (Duração – 5min)

Fonte: ABNT NBR 10844/1989 (Anexo – Tabela 5).

Como a edificação está localizada em Porto Velho – RO e o tempo de


retorno (T=1 ano) foi previamente definido com base em observações
realizadas pelo projetista, tem-se que a intensidade pluviométrica é de I =
130mm/h.

4.2 ÁREAS DE CONTRIBUIÇÃO

As áreas de contribuição são aquelas que são interceptadas pela água


da chuva. De acordo com o item 5.2.1 da NBR 10844/1989, para o cálculo da
área de contribuição, devem-se considerar os incrementos devidos à inclinação
da cobertura e às paredes que interceptam água de chuva que também deve
ser drenada pela cobertura.
Desse forma, temos como áreas de contribuição no projeto: a cobertura
(fibrocimento e com uma inclinação de 25%) que foi dividida em 5 áreas nas
quais a água é coletada por meio de calhas, temos a laje de cobertura do
reservatório (concreto e com inclinação de 2%) onde a água é drenada através
de um ralo com grelha hemisférica e que será aproveitada para uma torneira de
jardim, a área do pátio (grama e área com revestimento asfáltico) que foi
dividida em 9 partes, onde são instaladas caixas de passagem com grelha para
coletar a água da chuva que não infiltra no solo, as áreas das varandas do
pavimento superior que possuem ralos para escoamento da água e as áreas
das paredes. Essa última é composta pelas seguintes áreas: muro do fundo da
residência, parede da área dos reservatórios de AF, paredes térrea e superior
da fachada frontal, parede da varanda I, nomeadas da P1 a P5 em projeto,
que, por conta da direção do vento (L-O), contribuirão no escoamento das
águas pluviais que serão coletadas na cobertura e no pátio por meio de calhas
e caixas de passagem, respectivamente. Como mostra na Figura 2 abaixo:

Figura 2: Áreas de Contribuição – Pátio e Cobertura.


Todos os cálculos referentes às áreas de contribuição foram
apresentados e detalhados no item 2.2 – Dimensionamento das Áreas de
Contribuição – do memorial de cálculo. Para efetuar os cálculos das vazões
das áreas de contribuição foi determinado um coeficiente de deflúvio (C) de
0,85 para as áreas do telhado, laje e pátio, 0,1 para áreas com gramado e 1
para as paredes, como mostra a Tabela 2 abaixo:

Tabela 2: Valores dos coeficientes de deflúvio (C).

4.3 VAZÃO DE PROJETO

A vazão de projeto (Q) é usada como parâmetro de dimensionamento de


condutores e calhas. Para calcular essa vazão, utilizou-se os valores obtidos
no cálculo das áreas de contribuição, e seu valor é expresso em l/min. Os
cálculos e os valores desse parâmetro estão expressos no memorial de cálculo
no item 2.3 – Determinação da Vazão de Projeto.

4.4 ESPECIFICAÇÕES DAS CALHAS

As calhas são os dispositivos responsáveis por captar a água


diretamente das coberturas e conduzi-las para um ponto de destino.

Para o presente projeto foram instaladas 5 calhas, nomeadas como


01,02,03,04 e 05, todas elas confeccionadas em PVC, com seção semicircular,
saída em funil e com uma inclinação determinada de 2%. As calhas foram
adotadas para os telhados denominadas em do T1 ao T5 e, com base nos
cálculos dispostos no item 2.4 – Dimensionamento das Calhas- do memorial de
cálculo os diâmetros adotados para todas as calhas foi de ϕ 125mm.
4.5 ESPECIFICAÇÕES DOS CONDUTORES VERTICAIS

De acordo com a NBR 10844/1989 os condutores verticais são


tubulações de queda destinadas a recolher águas de calhas, coberturas,
terraços e similares e conduzi-las até a parte inferior do edifício. Para o projeto,
foram dimensionados condutores verticais com diâmetro de 70 mm, porém, por
este não ser um diâmetro comerciável pela Tigre, marca adotada para os
materiais do projeto, foi adotada uma tubulação de ϕ 75mm, valor
imediatamente superior ao calculado. A tubulação vertical é fabricada de
material PVC. O dimensionamento dos condutores verticais está detalhado no
item 2.5 do memorial de cálculo.

4.6 ESPECIFICAÇÕES DOS CONDUTORES HORIZONTAIS

De acordo com a NBR 10844/1989 os condutores horizontais são canais


ou tubulações horizontais destinadas a recolher e conduzir águas pluviais até
locais permitidos pelos dispositivos legais e o seu dimensionamento deve ser
feito de modo a permitir um escoamento com lâmina de altura igual a 2/3 do
diâmetro (D) do tubo.

Para o projeto, considera-se que a tubulação horizontal tenha uma


inclinação de 2%, fabricada em material PVC e seja conectada à tubulação
vertical por uma curva de raio longo, e interligadas entre elas por caixas de
passagem, estando o condutor horizontal enterrado. O dimensionamento dessa
tubulação é apresentado no item 2.6 – Dimensionamento dos Condutores
Horizontais - do memorial de cálculo, onde foram encontrados diâmetros
internos de cálculo de 50mm, 63mm, 75mm, 100mm, 125mm e 150mm

4.7 ESPECIFICAÇÕES DAS CAIXAS DE PASSAGENS

As caixas de passagens devem ser instaladas no terreno, entre as


tubulações horizontais, quando houver mudança de declividade e/ou direção,
nas conexões com outra tubulação e a cada 20m (no mínimo) em trecho
retilíneos.

Para a edificação foram projetadas 8 caixas de passagem com grelha


(60x60). Procurou-se fazer com que as grelhas fossem facilmente removíveis
para manutenção, limpeza e desobstrução das caixas e a profundidade
máxima dessas caixas deve ser de 1m. A partir das caixas de passagem a
água segue, através de condutos horizontais, para a macrodrenagem. .

4.8 SISTEMA DE APROVEITAMENTO DA ÁGUA PLUVIAL

Para esta etapa vale salientar que a água da chuva, coletada nas
residências, não é considerada potável, portanto, para o projeto, a água pluvial
foi direcionada para uso na torneira de jardim localizada na área denominada
em projeto como A2. Essa água será captada através de um ralo com grelha
hemisférica posicionado na laje de concreto que serve de cobertura para os
reservatórios superiores de água fria, sinalizada em projeto como “laje”, seguirá
por uma tubulação (tubo de queda) vertical PVC com ϕ 75mm (diâmetro
comerciável imediatamente superior ao diâmetro de cálculo), na qual está
localizado um filtro simples visando a remoção de partículas como folhas,
insetos, entre outros. Esse filtro se trata de uma tela fina com uma inclinação
de 45° e é feita uma abertura no tubo, como mostra a figura abaixo:

Figura 2: Filtro para a tubulação de queda.

Inicialmente foi calculado o volume de água disponível para


aproveitamento de 2,36 m3, para isso foram utilizados os valores da área da
laje (AL), calculada no item 2.2 do memorial de cálculo, o coeficiente de
deflúvio para pavimentos de concreto tabelado e determinado no item 4.2 deste
memorial e a eficiência do sistema de captação (η) para a qual foi adotado um
valor de 0,85. Com isso, foi dimensionado um reservatório com dimensões da
base de 1,25 x 1,25 m e altura de 1,5m, construído in loco na varanda I (A8) no
pavimento superior da edificação.
Mesmo com o uso do filtro ainda sobram sujeiras mais finas que podem
contaminar a água. Para esse sistema de aproveitamento, deve-se considerar
que os 50L iniciais serão direcionados para um outro recipiente que irá
armazenar as primeiras águas da chuva que estão contaminadas com a sujeira
do telhado. Para esse esquema é adicionado ao lado do reservatório um
recipiente para descarte desse volume que funciona com o uso de uma bolinha
flutuante (isopor) com tamanho suficiente para fechar a entrada de água
quando este estiver cheio. Este recipiente deve ser esvaziado diariamente. Um
esquema é apresentado abaixo na Figura 3:

Figura 3: Esquema do recipiente para recebimento da primeira água da chuva.

Após esse descarte, o outro volume de água que excede os 50L deve
ser direcionado para o reservatório de aproveitamento de água da chuva, que
por sua vez deve ser estanque, ou seja, não possuir vazamentos, ser feito em
material que não libere substâncias e ter uma saída de fundo (torneira) que
facilite seu esvaziamento e limpeza. Desse reservatório a água segue por uma
tubulação com diâmetro determinado de 20mm para o ponto de utilização, que
é foi determinado como sendo a torneira de jardim localizada na área
denominada em projeto como A2.

5. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10844:


Instalações Prediais de Águas Pluviais. Rio de Janeiro, 1989.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15527:
Aproveitamento de água da chuva de coberturas para fins não potáveis –
Requisitos. Rio de Janeiro, 2019.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS. Manual para captação


emergencial e uso doméstico de água da chuva. São Paulo, 2015.

Notas de Aula de Instalações Hidrossanitárias. São Cristóvão, 2022.

Você também pode gostar