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MEMORIAL DE CÁLCULO

PROJETO DE INSTALAÇÕES
PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS

PROPRIETÁRIO: MARIA INCORPORADORA E CONSTRUTORA LTDA

OBRA: CONDOMÍNIO RESIDENCIAL SANT PAUL DE VENCE

LOCAL: RUA MARTINICA, S/N BAIRRO: COSTA E SILVA – CEP: 70.803-480,


PORTO VELHO-RO

RESPONSÁVEIS: CAIO WDSON, CAMILA EVELLYN, ELLEN FREITAS E LUCAS


MENDONÇA.
1. APRESENTAÇÃO

O presente arquivo trata-se do memorial de cálculo, que é um


documento que se localiza anexo ao projeto de construção civil, e pretende
descrever detalhadamente todos os cálculos que são efetuados até que se
chegue ao resultado final. O memorial de cálculo é apresentado como parte
integrante do memorial descritivo.

O processo de cálculo adotado neste memorial segue as diretrizes da


NBR 10844/1989 e da NBR 15527/2019 e busca atingir alguns objetivos
específicos. São eles:

● Permitir recolher e conduzir as águas da chuva até um local adequado e


permitido;
● Conseguir uma instalação perfeitamente estanque;
● Ser resistente às intempéries e à agressividade do meio;
● Escoar a água sem provocar ruídos excessivos;
● Resistir a esforços mecânicos atuantes na tubulação;
● Garantir o correto dimensionamento, posição e proteção do reservatório
para armazenamento da água não potável;
● Garantir o pré-tratamento e direcionamento correto das água da chuva
que será reaproveitada.

2. DIMENSIONAMENTOS

Nesta etapa são dimensionadas as áreas de contribuição do projeto, as


tubulações que conduzirão a água pluvial e o reservatório de água não potável
que será aproveitada.

2.1 INTENSIDADE PLUVIOMÉTRICA

A intensidade pluviométrica é baseada em dados pluviométricos locais.


Dessa forma, na Tabela 1 encontram-se os valores de intensidade
pluviométrica (mm/h) para algumas cidades do Brasil.
Tabela 1: Chuvas intensas no Brasil (Duração – 5min)

Fonte: ABNT NBR 10844/1989 (Anexo – Tabela 5).

Como a edificação está localizada em Porto Velho – RO e o tempo de


retorno (T=1 ano) foi previamente definido com base em observações
realizadas pelo projetista, tem-se que a intensidade pluviométrica é de I =
130mm/h.

2.2 DIMENSIONAMENTO DAS ÁREAS DE CONTRIBUIÇÃO

Para o cálculo de vazão do projeto, inicialmente é necessário determinar


todas as áreas que contribuirão para a vazão. De acordo com o item 5.2.1 da
NBR 10844/198 para o cálculo da área de contribuição, devem-se considerar
os incrementos devidos à inclinação da cobertura, áreas de varanda, as
paredes que recebem a água da chuva devido a ação do vento e o pátio que
também deve drenar a vazão provinda das paredes.

Para o projeto a cobertura foi dividida em 6 áreas, sendo 5 de telhado e


1 de laje da qual a água será aproveitada, vale lembrar que o telhado possui
uma inclinação de 25% e a laje uma inclinação de 2%. Além disso, foi
escolhida uma direção de incidência do vento (direção L-O) para determinar as
áreas de parede que também contribuirão para a geração de escoamento de
águas pluviais. A divisão das áreas do telhado e a direção de incidência do
vento podem ser observados na Prancha 01. A área do pátio foi dividida em 9
partes onde as áreas A6 e A7 são áreas de grama. Para o cálculo das áreas
de contribuição foi adotada a recomendação da NBR 10844/89 para as
diferentes variações de geometria que são dadas abaixo.

Figura 1: - Indicações para cálculos da área de contribuição

Fonte: NBR 10844/89

Para o projeto em questão, o cálculo da área de contribuição do pátio


(gramado e área asfaltada) e da laje foi realizado seguindo o esquema (a), o
telhado seguindo o esquema (b) e todas as paredes que contribuem em vazão,
por possuírem um afastamento maior que três metros de outras elevações em
sua volta, seguiram o esquema (c). Os valores obtidos para estas áreas estão
dispostos nas tabelas abaixo:
Tabela 2: Áreas de contribuição.

Fonte: Elaborado pelo autor

2.3 DETERMINAÇÃO DA VAZÃO DE PROJETO

A vazão de projeto (para cada área) através da seguinte equação:

𝐶·𝐼·𝐴
𝑄 = 60

onde:
Q = vazão de projeto (L/min);

C = coeficiente de deflúvio;

I = intensidade pluviométrica (mm/h) e;

A = área de contribuição do escoamento (m²).


O coeficiente de deflúvio ou Runoff é obtido através da tabela a seguir:
Tabela 3 - Coeficiente de deflúvio ou Runoff

Fonte: Notas de Aula de IHS (2022)

Desse modo, os valores de (C) adotados foram: 0,85 para o telhado;


0,85 para a laje e varandas (pavimento em concreto); 0,1 para o gramado e 1
para as paredes. Com todos os valores encontrados, calcula-se as vazões para
as áreas de contribuição. Essas vazões estão apresentadas na tabela 4:

Tabela 4 - Coeficiente de deflúvio ou Runoff


onde:

AP se refere ao Parede;

A1 a A5 se refere ao pátio com revestimento asfáltico;

A6 e A7 se refere a pátio com grama;

A8 e A9 se refere à Varanda;

AL se refere à área da Laje;

AT se refere à área de Telhado.

2.4 DIMENSIONAMENTO DAS CALHAS

Para o projeto foram dimensionadas 5 calhas fabricadas em material


PVC, com seção semicircular, saída em funil e com uma inclinação de 2%.
Utilizando essas informações como base e seguindo as Tabelas abaixo, foi
possível determinar os diâmetros das calhas, inicialmente, como 100mm.
Primeiramente é determinado o coeficiente de rugosidade (η) que depende
exclusivamente do material com o qual a calha foi fabricada (no projeto, PVC),
como observado a seguir onde η = 0,011:

Tabela 5: Coeficiente de rugosidade.

Em posse do coeficiente de rugosidade e das vazões para cada calha


utilizou-se a tabela 5 para a determinação dos diâmetros das calhas:
Tabela 6: Vazões para as calhas.

Tabela 7: Capacidades de calhas semicirculares com coeficientes de rugosidade


n = 0,011 (Vazão em L/min).

Em seguida é feita a verificação do dimensionamento da calha. Como o


diâmetro no item 2.4 foi determinado através do método de Manning-Strickler,
com lâmina de água igual à metade do diâmetro interno, devemos fazer a
verificação para garantir que o diâmetro adotado atenderá a situação de uso
com lâmina de água igual a 2/3 D. Essa verificação é realizada seguindo a
equação de Manning-Strickler dada abaixo:

Onde:

Q a vazão de projeto (L/min);

K = 60000;

S é a área molhada da seção (m²);


Rh é o raio hidráulico da seção (m) e;

n é o coeficiente de rugosidade de Manning.

i é a declividade da calha.
Tabela 8: Verificação da capacidade da calha.

Assim, foi possível obter os valores da Tabela 8, determinando que a


calha consegue atender a uma vazão de até 258,99 L/min, superior à
determinada na Tabela 4. Sendo assim, adota-se um novo diâmetro para as
calhas de 125mm.

2.5 DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES VERTICAIS

O dimensionamento dessas tubulações segue a orientação da NBR


10844/89 onde é necessário o conhecimento dos valores de vazão, lâmina
d’água e altura do tubo de queda para o caso de calhas e, para lajes, a vazão e
altura do tubo de queda. Para o projeto em questão, que será utilizada calha
com saída em funil, o diâmetro interno é determinado utilizando o Ábaco dado
na Figura 2 abaixo:

Figura 2- Ábaco para determinação do diâmetro do conduto vertical (calha com funil de saída)

Fonte: NBR 10844/89


Onde,
Q = Vazão de projeto, em L/min;

H = altura da lâmina de água na calha, em mm;

L = comprimento do condutor vertical, em m.

Os valores de diâmetros obtidos para cada condutor podem ser


visualizados na Tabela 9 abaixo e nas pranchas de desenho.

Tabela 9: Dimensionamento dos condutores verticais.

Para todos os condutores verticais foram adotados o diâmetro mínimo


determinado na NBR 10844, porém, esse diâmetro não é comerciável, sendo
assim, adota-se o valor de bitola comerciável imediatamente superior que é o
de 75mm.

2.6 DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES HORIZONTAIS

Segundo a NBR 10844/1989, item 5.7.2, o dimensionamento dos


condutores horizontais de seção circular deve ser feito para escoamento com
lâmina de altura igual a 2/3 do diâmetro interno (D) do tubo.

Além disso, para o projeto em questão, os condutores horizontais têm


como material o PVC, com coeficiente de rugosidade dado na Tabela 5 e
declividade da tubulação igual a 2%. Com base nessas informações o
dimensionamento é feito através da Tabela 10 abaixo e os resultados obtidos
são apresentados na Tabela 11
Tabela 10- Capacidade de condutores horizontais de seção circular (vazões em L/min).

Fonte: NBR 10844/89.

Tabela 11- Diâmetros dos condutores horizontais

Nota: O diâmetro de 63 mm não existe no catálogo da Tigre, logo foi


admitido o de 75 mm.
O diâmetro de 125 mm não existe no catálogo da Tigre, logo foi
admitido o de 150 mm.
2.7 DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE APROVEITAMENTO DE ÁGUA
PLUVIAL

A água que será aproveitada é referente à vazão da laje de cobertura


dos reservatórios de água fria, denominada em projeto com AL. O volume de
água não potável calculado nos passos seguintes seguirá para uso em uma
torneira de jardim localizada na A2.

1.1.1 CÁLCULO DO VOLUME DISPONÍVEL

Para encontrar o volume de água disponível que será aproveitada


utilizou-se o seguinte equacionamento:

onde,
Vdisp é o volume disponível para aproveitamento (m3);
P é a intensidade pluviométrica (= 130 mm/h);
A é a área na qual a água será coletada (m 2);
C é o coeficiente de escoamento superficial da laje já determinado (= 0,85);
η é a eficiência do sistema de captação (=0,85).

De posse desses valores, foi calculado um Volume disponível de Vdisp =


2356,58 L = 2,36 m3.

A água é coletada através de um ralo localizado na laje e segue por uma


tubulação de queda com diâmetro de 75 mm como determinado na Tabela 9.

1.1.2 DIMENSIONAMENTO DO RESERVATÓRIO DE ÁGUA PLUVIAL

Para atender o volume de água disponível foi projetado um reservatório


de concreto, moldado in loco, com dimensões de base 1,25x1,25 m e altura 1,5
m. Esse reservatório fica localizado na Varanda I, denominada em projeto
como A8.
Foi proposto ainda, um reservatório de descarte inicial que funciona com
o mecanismo de uma bolinha de isopor flutuante, detalhado no item 4.8 do
Memorial Descritivo, para comportar a vazão de 50L iniciais da água da chuva,
visando descartar as primeiras águas referentes à limpeza da cobertura. Em
seguida, o volume de água que excede os primeiros 50L é direcionado para o
reservatório dimensionado no item 2.7.2 e segue para a torneira de jardim
localizada na área denominada de A2 em projeto, por condutores com diâmetro
de 20mm.

2. QUANTITATIVO

Neste tópico do memorial de cálculo é apresentado o quantitativo dos


materiais e equipamentos (devidamente especificados), tubos, conexões e
acessórios.
Nota: É proposto acrescentar ao quantitativo do projeto de Água Fria uma
válvula de retenção na tubulação que segue para a torneira de jardim
localizada na área A2.

3. REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10844:


Instalações Prediais de Águas Pluviais. Rio de Janeiro, 1989.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15527:


Aproveitamento de água da chuva de coberturas para fins não potáveis –
Requisitos. Rio de Janeiro, 2019.

INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS. Manual para captação


emergencial e uso doméstico de água da chuva. São Paulo, 2015.

Notas de Aula de Instalações Hidrossanitárias. São Cristóvão, 2022.

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