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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS – UFAM

FACULDADE DE TECNOLOGIA – FT
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
LABORATÓRIO DE FENÔMENOS DE TRANSPORTES

EXPERIMENTO DE PERDA DE CARGA LOCALIZADA

MANAUS - 2017

i
IGOR MORAES BEZERRA CALIXTO – 21456321
SAMIR DO NASCIMENTO BESSA – 21201044
SAMYRA SOUSA ROCHA – 21100536
YAN MONTEIRO DA SILVA – 21353298

EXPERIMENTO DE PERDA DE CARGA LOCALIZADA

Relatório de aula prática solicitado pela


Profa. Dra. Yanne Gurgel Aum, para
obtenção de nota parcial da disciplina
Laboratório de Fenômenos de Transporte
ofertada no presente período, 2017.2, do
curso de Engenharia Química da
Universidade Federal do Amazonas.

MANAUS – 2017

ii
RESUMO

Qualquer fluido real em escoamento tende a resistir ao movimento devido à viscosidade do


fluido, provocando uma transferência de momento para a parede do canal de constringe o
escoamento. Durante o escoamento de um fluido real, o trabalho realizado contra o atrito do
fluido resultará na dissipação de energia. A energia dissipada pela unidade de peso de fluido
durante o escoamento é chamada de perda de carga. Neste contexto, o presente relatório teve
por finalidade a obtenção de dados quantitativos relacionados às perdas de carga em tubulações.
Para tanto, o experimento foi conduzido em uma Bancada de Mecânica dos Fluidos da Labtrix,
para avaliar a perda de carga localizada em singularidades. Os valores de perda de carga e fator
de atrito foram encontrados. Todos os dados foram discutidos e relatados no corpo deste
trabalho.
Palavras-chave: perda de carga, mecânica dos fluidos, transporte.
SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS. ....................................................................................... 4


2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 5
3 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................. 6
3.1 Materiais .......................................................................................................................... 6
3.2 Métodos .......................................................................................................................... 6
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO. ..................................................................................... 7
4.1 Análise da perda de carga localizada para a curva de 45º. ........................................... 7
4.2 Análise da perda de carga localizada para o cotovelo de 90º. ..................................... 13
4.3 Análise dos dados obtidos para os dois acessórios utilizados. ..................................... 19
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS. ........................................................................................ 19
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ......................................................................... 19
7 ANEXOS .......................................................................................................................... 21
4

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.

Durante o escoamento de um fluido real, o trabalho realizado contra o atrito do fluido


resultará na dissipação de energia, de modo que a energia, em forma de pressão, em um ponto
“X” é maior que no ponto mais adiante “X+1”. A energia mecânica dissipada pelo atrito em
forma de calor pode ser absorvida pelo próprio fluido, consequentemente, boa parte do trabalho
realizado pelo fluido não será transferido para as vizinhanças (FOUST et al, 2012).
A energia perdida pela unidade de peso de fluido durante o escoamento é chamada de
perda de carga e pode-se ser classificada em dois tipos. O primeiro é a perda de carga
distribuída, ela ocorre ao longo de condutos retos com secção transversal constante, sem
variação no diâmetro, devido ao atrito das partículas do fluido entre si. Neste caso, a perda de
carga somente será significativa quando houver tubulações relativamente longas, devido à
perda distribuída que ocorre ao longo dos mesmos. O segundo tipo é a perda de carga local ou
singulares, ela ocorre quando o fluido sofre perturbações abruptas durante seu escoamento.
Essas perturbações podem ser válvulas, mudanças de direção, alargamentos abruptos,
obstruções parciais entre outros. Essas perturbações são comumente chamadas de
singularidades (BRUNETTI, 2008).
A perda de carga local pode ser transformada em um equivalente de comprimento, ou
seja, a perda de carga causada por uma válvula é equivalente a um comprimento de tubulação
fictício de secção constante de mesmo diâmetro que produz a mesma perda de carga. Na
prática, esses comprimentos equivalentes são tabelados para cada singularidade, por exemplo,
uma válvula de gaveta de duas polegadas é equivalente a 0,335 m de tubulação (BRUNETTI,
2008; MALONEY, 2008).
O atrito entre o fluido e a parede do canal é influenciado pelo material utilizado na
confecção da tubulação. Independente do material, todos os condutos apresentam asperezas em
suas superfícies internas, em geral, essas asperezas não são uniformes, mas apresentam uma
distribuição aleatória na sua disposição e altura (BRUNETTI, 2008). O objetivo deste relatório
é estudar como a perda de carga varia de acordo com o aumento da vazão para diferentes
diâmetros e singularidades.
5

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Pode-se definir perda de carga como sendo a energia perdida ou dissipada pela unidade
de peso do fluido quando este escoa. Esta pode ocorrer por diversos motivos e pode ser
classificada em dois tipos: perda de carga distribuída e perda de carga localizada.
O transporte através de tubos longos e que não possuem grandes perturbações no
percurso geram, basicamente, o que conhece-se como perda de carga distribuída. Já nos trajetos
em que o fluido transportado sofre grandes perturbações como numa válvula gaveta, pode-se
dizer que se trata de perda de carga localizada, como mostra a figura 1. Embora a perda de
carga localizada costume ser menor que a perda de carga distribuída nos escoamentos esta pode
promover grande perda de carga no local em que se encontra instalada em trechos relativamente
curtos (BRUNETTI, 2008).

Figura 1: Singularidades

Fonte: (FOX et al., 2006)

Pode-se considerar perda de carga singular ou localizada, válvulas, alargamentos


bruscos, mudanças de direção, obstruções parciais, etc.
É muito importante que em dutos industriais se determine com exatidão os valores de
perda de carga de um escoamento, afim de promover uma operação mais eficiente. Através da
equação 1 pode-se efetuar o cálculo da perda de carga localizada.

𝑣2
∆ℎ = 𝐾𝑠 2𝑔 (1)

Onde:
Δh = variação da perda de carga no trecho considerado;
Ks = coeficiente da perda de carga singular;
g = força da gravidade.
6

A perda de carga localizada também pode ser calculada através do método do


comprimento equivalente. De acordo com BRUNETTI (2008), o comprimento equivalente de
uma singularidade é o comprimento fictício de uma tubulação de seção constante de mesmo
diâmetro, D, que produziria uma perda distribuída igual à perda singular da singularidade.
Por esta definição pode-se fazer o igualar a expressão de perda de carga singular com a
expressão de perda de carga distribuída, de modo que se possa obter o comprimento equivalente
fictício.
𝐿𝑒𝑞 𝑣2 𝑣2
𝑓∗ ∗ = 𝐾𝑠 ∗ (2)
𝐷 2𝑔 2𝑔

𝐾𝑠 ∗𝐷
𝐿𝑒𝑞 = (3)
𝑓

Determinando o comprimento equivalente, pode-se somar estes às perdas de carga


distribuídas para que seja determinada a perda de carga total do duto. No geral os valores de
Ks e Leq são catalogados, mas também podem ser determinados experimentalmente assumindo
que para elevados valores do número de Reynolds o coeficiente Ks passa a ser considerado
constante.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Materiais

Os principais materiais utilizados nesta prática estão elencados a seguir:


• Bancada Tubular de Mecânica dos Fluidos – Labtrix
• Piezômetro
• Mangueiras
• Água

3.2 Métodos

A Bancada Tubular de Mecânica dos Fluidos – Labtrix (Figura 3) é composta por um


reservatório de água, uma bomba centrífuga, uma válvula de regulagem de vazão, um
rotâmetro, tubos de PVC com diâmetro de ½’’, ¾’’, além de tubos com singularidades também
de ¾’’.
O experimento foi realizado utilizando o tubo de PVC com diâmetro de ¾’’ com
singularidades, onde foram avaliadas as perdas de carga numa curva de 45° e num cotovelo de
7

90°. Para obtenção dos dados foi usado um piezômetro com intuito medir a diferença de pressão
entre dois pontos conectados no inicio e no fim da singularidade.
Iniciou-se o procedimento conectando as mangueiras do piezômetro as tomadas de
pressão do tubo na singularidade de 45°. Ligou-se a bomba e abriu-se a válvula deste tubo. Em
seguida, abriu-se progressivamente a válvula que controlava o fluxo de água a fim de obter 10
valores distintos de perda de carga.
Após a coleta dos 10 pontos na curva de 45° fecharam-se as válvulas do tubo e de
controle de vazão, e a bomba foi desligada. O piezômetro foi conectado ao cotovelo de 90° e
repetiu-se o procedimento.

Figura 2: Tubular de Mecânica dos Fluidos – Labtrix

Fonte: www.labtrix.com.br

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.

4.1 Análise da perda de carga localizada para a curva de 45º.

Como já abordado, deve-se fazer a análise da perda de carga localizada na tubulação de


singularidades ¾” para a curva de 45º em relação ao fator de coeficiente de perda de carga
singular “Ks” e ao comprimento equivalente “Leq”. O fluido de trabalho se trata da água (H2O)
nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP), ou seja, considerando temperatura
de operação como 25ºC. Assim, podemos tratar os dados para viscosidade e massa específica
da água como, respectivamente, μ=0,89 x 10-3 N*s*m-2 e ρ=997 Kg*m-3 (DEC, UFCG).
Logo, através dos dados obtidos na tabela a seguir, é possível observar a variação para
10 diferentes vazões das perdas de pressão nas entradas e saídas da tubulação, de diâmetro
nominal 3/4”. É possível observar que conforme a vazão do sistema aumenta, a queda de
pressão aumenta, uma vez que a pressão de entrada aumenta substancialmente enquanto ocorre
8

queda da pressão de saída. As vazões utilizadas neste experimento foram de 800 L/h a 2600
L/h, com variação das vazões em 200 L/h. O fator de conversão para pressão entre milímetros
de coluna de água (mmca) e Pascal (Pa) é dado por: 1 mmca=9,8 Pa.

Tabela 1: Dados obtidos de quedas de pressão para a curva de 45º para tubo ¾ ”.
Vazão (L/h) Pa (mmca) Pb (mmca) ΔP= Pa - Pb (mmca) ΔP (Pa)
800 785 767 18 176,4
1000 795 760 35 343
1200 800 755 45 441
1400 815 750 65 637
1600 825 750 75 735
1800 835 740 95 931
2000 845 735 110 1078
2200 865 725 140 1372
2400 880 720 160 1568
2600 895 715 180 1764
Fonte: Autoria Própria, 2017.

Percebe-se, através dos dados mostrados na tabela, que conforme aumentamos a vazão,
a queda de pressão também aumenta. Sabemos que a perda de carga localizada é diretamente
proporcional ao quadrado da velocidade, assim é esperado que quando se aumenta a vazão
volumétrica operacional, também temos um aumento significativo da queda de pressão ΔP e
por consequência da perda de carga localizada.
Com os dados obtidos experimentalmente na tabela 1 para as perdas de pressão, pode-
se obter pela tabela a seguir o Δhcurva, a velocidade de escoamento (m/s), a vazão volumétrica
(em m3/s) e o Reynolds para cada uma das vazões utilizadas. Segundo a NBR 5648 para
disponibilização dos diâmetros dos tubos de PVC, têm que para um tubo de ¾ ”, chega-se ao
diâmetro interno de D=26,2 mm-2*2,5 mm = 21,2 mm. Assim, pode-se obter um valor de área
igual a 3,53 x 10-4 m2. A seguir, temos o conjunto de dados disponibilizados na tabela.

Tabela 2: Dados calculados para o caso da curva 45º do tubo ¾ ”


Q(m3/s) V(m/s) ΔP (Pa) ΔP
Δhcurva = 𝜌∗𝑔 Re

0,000222 0,629 176,4 0,018 1,4937 x104


0,000278 0,788 343 0,035 1,871 x104
9

0,000333 0,943 441 0,045 2,24 x104


0,000389 1,102 637 0,065 2,617 x104
0,000444 1,258 735 0,075 2,988 x104
0,0005 1,416 931 0,095 3,363 x104
0,000555 1,572 1078 0,110 3,733 x104
0,000611 1,731 1372 0,140 4,111 x104
0,000667 1,889 1568 0,160 4,486 x104
0,000722 2,045 1764 0,180 4,857 x104
Fonte: Autoria Própria, 2017 .

Através dos dados calculados para as perdas de cargas, percebe-se que para a maior
vazão operada (2600 L/h), tem-se uma perda de carga de 0,180 m, sendo este valor a carga
necessária que o fluido deve vencer para escoar de um ponto a outro na tubulação. Já o número
de Reynolds se encontra na faixa de 104, uma vez que este intervalo asseguraria um fator de
atrito e Ks praticamente constante. A seguir, é obtido a tabela e o gráfico de Δhcurva por vazão:

Tabela 3: Dados obtidos de vazão e Δhcurva para a curva de 45º


Q(m3/s) ΔP Q(m3/s) ΔP
Δhcurva = 𝜌∗𝑔 Δhcurva = 𝜌∗𝑔

0,000222 0,018 0,0005 0,095


0,000278 0,035 0,000555 0,110
0,000333 0,045 0,000611 0,140
0,000389 0,065 0,000667 0,160
0,000444 0,075 0,000722 0,180
Fonte: Autoria Própria, 2017.

A partir do gráfico, foi possível obter a equação y = 141626x1,8709 pelo modelo


polinomial com alto grau de precisão uma vez que o fator R2 está próximo de 1. Além disso, é
possível concluir que a perda de carga singular é diretamente proporcional à vazão de operação,
o que se confirma pelas equações.
10

Figura 3: Gráfico Δhcurva X Vazão Volumétrica


0,2
0,18 y = 141626x1,8709
0,16 R² = 0,9909

0,14
0,12
Δhcurva

0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
0 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004 0,0005 0,0006 0,0007 0,0008
Q (m^3/s)

Fonte: Autoria própria, 2017.

A seguir, foi possível obter o gráfico do Δhcurva por vazão ao quadrado, fazendo-se o
ajuste de curvas adequado para obter a constante C1 da equação expressa por Δhcurva = C1*Q2.
Através da constante C1, foi possível obter o coeficiente de perda de carga singular “Ks” uma
Ks
vez que essa constante C1 é igual a A2 ∗(2∗g).

Figura 4: Gráfico Δhcurva X Vazão Volumétrica2


0,2
0,18 y = 141626x0,9355
0,16 R² = 0,9909

0,14
0,12
Δhcurva

0,1
0,08
0,06
0,04
0,02
0
0 0,0000001 0,0000002 0,0000003 0,0000004 0,0000005 0,0000006
Q^2 (m6/s2)

Fonte: Autoria própria, 2017.

Através do valor obtido para C1, foi possível preencher a tabela a seguir, obtendo-se o
valor do coeficiente de perda de carga singular “Ks” para a curva de 45º.
11

Tabela 4: Valor calculado para o coeficiente Ks da curva de 45º


Parâmetro Valor
C1 141626
A2 1,246 x 10-7 m4
2*g 19,62 m/s2
Ks 0,346
Fonte: Autoria Própria, 2017.

Assim, pode-se obter o coeficiente de perda de carga singular “Ks” para a curva de 45º
igual a 0,346. Agora, é possível fazer o gráfico do coeficiente de perda de carga singular “Ks”
pelo Reynolds, sendo possível perceber que o coeficiente “Ks” mantêm-se constante para a
faixa de Reynolds utilizada.

Figura 5: : Gráfico do coeficiente de perda de carga singular x Reynolds


0,4

0,35

0,3
Ks da curva 45º

0,25

0,2

0,15

0,1

0,05

0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000
Reynolds

Fonte: Autoria Própria, 2017.

Precisa-se ainda obter o fator de atrito pelo diagrama de Moody para assim podermos
obter o Leq para o acessório em estudo, no caso a curva de 45º. Para isso, utilizou-se da vazão
mínima de operação na prática (Q=800 L/h) uma vez que se obtêm o Reynolds mínimo que já
é a faixa no diagrama de Moody onde as curvas praticamente não variam mais, sendo possível
obter o fator de atrito experimental “f”. Procedimentalmente, fez-se uma reta horizontal do
Reynolds mínimo até a curva que se considera que o fator “f” praticamente se torna constante,
12

obtendo-se através de uma reta horizontal o fator “f”. Fazendo-se isso, pode-se obter a figura
abaixo:

Figura 6: Obtenção do fator de atrito “f” pelo Diagrama de Moody-Rouse.

Fonte: Autoria Própria, 2017.

Assim, pelo diagrama de Moody, pode-se obter um fator de atrito de f=0,073


aproximadamente. Com este fator, torna-se finalmente possível calcular o comprimento
equivalente do acessório da tubulação (curva de 45º). Sabe-se que o comprimento equivalente
𝐾𝑠∗𝐷
pode ser calculado pela expressão Leq = . Assim, com os dados dispostos na tabela a seguir,
𝐹

chegou-se a um Leq de 0,1m.

Tabela 5: Obtenção do comprimento equivalente para a curva de 45º.


Parâmetro Valor Unidade
Fator de atrito 0,073 -
Coeficiente de perda de carga singular 0,346 -
Diâmetro 0,0212 m
Comprimento Equivalente 0,100 m
13

Fonte: Autoria Própria, 2017.

4.2 Análise da perda de carga localizada para o cotovelo de 90º.

Como já abordado, deve-se fazer a análise da perda de carga localizada na tubulação de


singularidades ¾” para o cotovelo de 90º em relação ao fator de coeficiente de perda de carga
singular “Ks” e ao comprimento equivalente “Leq”. O fluido de trabalho se trata da água (H2O)
nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP), ou seja, considerando temperatura
de operação como 25ºC. Assim, podemos tratar os dados para viscosidade e massa específica
da água como, respectivamente, μ=0,89 x 10-3 N*s*m-2 e ρ=997 Kg*m-3 (DEC, UFCG).
Logo, através dos dados obtidos na tabela a seguir, é possível observar a variação para 10
diferentes vazões das perdas de pressão nas entradas e saídas da tubulação, de diâmetro nominal
3/4”. É possível observar que conforme a vazão do sistema aumenta, a queda de pressão
aumenta, uma vez que a pressão de entrada aumenta substancialmente enquanto ocorre queda
da pressão de saída. As vazões utilizadas neste experimento foram de 800 L/h a 2600 L/h, com
variação das vazões em 200 L/h. O fator de conversão para pressão entre milímetros de coluna
de água (mmca) e Pascal (Pa) é dado por: 1 mmca=9,8 Pa.

Tabela 6: Dados obtidos de quedas de pressão para cotovelo 90º no tubo ¾ ”.


Vazão (L/h) Pa (mmca) Pb (mmca) ΔP= Pa - Pb (mmca) ΔP (Pa)
800 805 775 30 294
1000 795 750 45 441
1200 790 740 50 490
1400 813 740 73 715,4
1600 830 730 100 980
1800 850 712 138 1352,4
2000 875 695 180 1764
2200 910 670 240 2352
2400 940 645 295 2891
2600 965 625 340 3332
Fonte: Autoria Própria, 2017.

Percebe-se, através dos dados mostrados na tabela, que conforme aumentamos a vazão,
a queda de pressão também aumenta. Sabemos que a perda de carga localizada é diretamente
proporcional ao quadrado da velocidade, assim é esperado que quando se aumenta a vazão
14

volumétrica operacional, também temos um aumento significativo da queda de pressão ΔP e


por consequência da perda de carga localizada.
Com os dados obtidos experimentalmente na tabela 4 para as perdas de pressão, pode-
se obter pela tabela a seguir o Δhcotovelo, a velocidade de escoamento (m/s), a vazão volumétrica
(em m3/s) e o Reynolds para cada uma das vazões utilizadas. Segundo a NBR 5648 para
disponibilização dos diâmetros dos tubos de PVC, têm que para o cotovelo do tubo de ¾ ”,
chega-se ao diâmetro interno de D=26,2 mm-2*2,5 mm = 21,2 mm. Assim, pode-se obter um
valor de área igual a 3,53 x 10-4 m2. A seguir, temos o conjunto de dados fornecidos na tabela.

Tabela 7: Dados calculados para o caso do cotovelo 90° do tubo ¾ ”


3
Q(m /s) V(m/s) ΔP (Pa) ΔP
Δhcotovelo= 𝜌∗𝑔 Re

0,000222 0,629 294 0,03 1,4937 x104

0,000278 0,788 441 0,045 1,871 x104


0,000333 0,943 490 0,050 2,24 x104
0,000389 1,102 715,4 0,073 2,617 x104
0,000444 1,258 980 0,100 2,988 x104
0,0005 1,416 1352,4 0,138 3,363 x104
0,000555 1,572 1764 0,180 3,733 x104
0,000611 1,731 2352 0,240 4,111 x104
0,000667 1,889 2891 0,296 4,486 x104
0,000722 2,045 3332 0,341 4,857 x104
Fonte: Autoria Própria, 2017.

Através dos dados calculados para as perdas de cargas, percebe-se que para a maior
vazão operada (2600 L/h), tem-se uma perda de carga de 0,341 m, sendo este valor a carga
necessária que o fluido deve vencer para escoar de um ponto a outro na tubulação. Já o número
de Reynolds se encontra na faixa de 104, uma vez que este intervalo asseguraria um fator de
atrito praticamente constante. A seguir, é obtido a tabela e o gráfico de Δhcotovelo por vazão:

Tabela 8: Dados obtidos de vazão e Δh para o cotovelo de 90º


Q(m3/s) ΔP Q(m3/s) ΔP
Δhcotovelo = 𝜌∗𝑔 Δhcotovelo = 𝜌∗𝑔

0,000222 0,03 0,0005 0,138


0,000278 0,045 0,000555 0,180
15

0,000333 0,050 0,000611 0,240


0,000389 0,073 0,000667 0,296
0,000444 0,100 0,000722 0,341
Fonte: Autoria Própria, 2017.

Figura 7: Gráfico Δhcotovelo X Vazão Volumétrica


0,4

0,35 y = 2E+06x2,1491
R² = 0,9799
0,3

0,25
Δhcotovelo

0,2

0,15

0,1

0,05

0
0 0,0001 0,0002 0,0003 0,0004 0,0005 0,0006 0,0007 0,0008
Q (m^3/s)

Fonte: Autoria própria, 2017.

A partir do gráfico acima, foi possível obter a equação y = 2x106x2,1491 pelo modelo
polinomial com alto grau de precisão uma vez que o fator R2 está próximo de 1. Além disso, é
possível concluir que a perda de carga singular é diretamente proporcional à vazão de operação,
o que se confirma pelas equações.
A seguir, foi possível obter o gráfico do Δhcotovelo por vazão ao quadrado, fazendo-se o
ajuste de curvas adequado para obter a constante C1 da equação expressa por Δhcotovelo = C1*Q2.
Através da constante C1, foi possível obter o coeficiente de perda de carga singular “Ks” uma
Ks
vez que essa constante C1 é igual a A2 ∗(2∗g).
16

Figura 8: Gráfico Δhcotovelo X Vazão Volumétrica2


0,4

0,35 y = 2E+06x1,0746
R² = 0,9799
0,3

0,25
Δhcotovelo

0,2

0,15

0,1

0,05

0
0 0,0000001 0,0000002 0,0000003 0,0000004 0,0000005 0,0000006
Q^2 (m^3/s)

Fonte: Autoria própria, 2017.

Através do valor obtido para C1, foi possível preencher a tabela a seguir, obtendo-se o
valor do coeficiente de perda de carga singular “Ks” para o cotovelo de 90º.

Tabela 9: Valor calculado para o coeficiente Ks do cotovelo de 90º


Parâmetro Valor
C1 2000000
A2 1,246 x 10-7 m4
2*g 19,62 m/s2
Ks 4,889
Fonte: Autoria Própria, 2017.

Assim, pode-se obter o coeficiente de perda de carga singular “Ks” par o cotovelo de
90º igual a 4,889. Agora, é possível fazer o gráfico do coeficiente de perda de carga singular
“Ks” pelo Reynolds, sendo possível perceber que o coeficiente “Ks” mantêm-se constante para
a faix de Reynolds utilizada.
17

Figura 9: Gráfico do coeficiente de perda de carga singular x Reynolds


6

5
Ks do cotovelo 90º

0
10000 15000 20000 25000 30000 35000 40000 45000 50000
Reynolds

Fonte: Autoria Própria, 2017.

Precisa-se ainda obter o fator de atrito pelo diagrama de Moody para assim podermos
obter o Leq para o acessório em estudo, no caso o cotovelo de 90º. Para isso, utilizou-se da
vazão mínima de operação na prática (Q=800 L/h) uma vez que se obtêm o Reynolds mínimo
que já é a faixa no diagrama de Moody onde as curvas praticamente não variam mais, sendo
possível obter o fator de atrito experimental “f”. Procedimentalmente, fez-se uma reta
horizontal do Reynolds mínimo até a curva que se considera que o fator “f” praticamente se
torna constante, obtendo-se através de uma reta horizontal o fator “f”. Fazendo-se isso, pode-
se obter a figura abaixo:
18

Figura 10: Obtenção do fator de atrito “f” pelo Diagrama de Moody-Rouse.

Fonte: Autoria Própria, 2017.

Assim, pelo diagrama de Moody, pode-se obter um fator de atrito de f=0,073 aproximadamente. Com
este fator, torna-se finalmente possível calcular o comprimento equivalente do acessório da tubulação (cotovelo
𝐾𝑠∗𝐷
de 90º). Sabe-se que o comprimento equivalente pode ser calculado pela expressão Leq = . Assim, com os
𝐹

dados dispostos na tabela a seguir, chegou-se a um Leq de 1,4198 m.

Tabela 10: Obtenção do comprimento equivalente para o cotovelo de 90º.


Parâmetro Valor Unidade
Fator de atrito 0,073 -
Coeficiente de perda de carga singular 4,889 -
Diâmetro 0,0212 m
Comprimento Equivalente 1,4198 m
Fonte: Autoria Própria, 2017.

Pelos dados obtidos de comprimento equivalente, foi possível observar que a perda de
carga gerada pelo cotovelo a 90º é maior, pois o comprimento equivalente é superior. Assim,
pode-se entender que mais energia será dispendida para o fluido vencer o cotovelo de 90º do
que a curva de 45º. Uma das possíveis explicações é a maior inclinação do cotovelo o que gera
mais esforço mecânico no deslocamento do fluido.
19

4.3 Análise dos dados obtidos para os dois acessórios utilizados.

Através da tabela mostrada a seguir, percebem-se quais valores foram obtidos para o
coeficiente de perda de carga singular para os acessórios da tubulação utilizados (curva 45º e
cotovelo 90º), além dos respectivos comprimentos equivalentes calculados.

Tabela 12: Obtenção dos coeficientes de perda de carga localizada para a curva 45º e o cotovelo 90º.
Acessório Coeficiente de perda de carga singular Comprimento Equivalente
Curva 45º 0,346 0,100 m
Cotovelo 90º 4,889 1,4198 m
Fonte: Autoria própria, 2017.

Através dos dados obtidos, é possível avaliar que a perda de carga singular gerada pelo
cotovelo de 90º é bem maior que a da curva de 45º, uma vez que o coeficiente de perda de
carga singular e o comprimento equivalente são maiores. Sabe-se que estes dois parâmetros
devidamente calculados são diretamente proporcionais à perda de carga, sendo possível
concluir que a energia gasta no deslocamento do fluido para vencer o cotovelo é maior.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A partir dos estudos realizados nesse trabalho foi possível verificar experimentalmente
a relação entre perda de carga localizada e fatores reológicos do sistema de escoamento.
Constataram-se maiores valores de perda de carga para o cotovelo de 90º em
comparação à curva de 45º, tendo em vista as variações mais bruscas de escoamento que o
primeiro ocasiona e, consequentemente, um comprimento equivalente da singularidade
também maior. Graficamente, a relação de perda de carga versus vazão para a curva de 45º
apresentou um comportamento próximo ao linear, enquanto que para o cotovelo de 90º o
comportamento mostrou-se exponencial.
De modo geral, os resultados apresentados comprovaram cientificamente as relações
existentes entre perda de carga e os diferentes tipos de singularidades.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.

BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos. Pearson Prentice Hall, segunda edição revisada, 2008.
20

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL. Engenharia de Saneamento e Ambiental,


UFCG.

FOUST, A. S., WENZEL, L. A., CLUMP, C. W., MAUS, L. ANDERSEN, L. B. Princípios


das operações unitárias. LTC, segunda edição, 2012.

WELTY, J. R. et al. Fundamentals of Momentum, Heat, and Mass Transfer. 5. ed.


Corvallis, Oregon: John Wiley & Sons, Inc, 2008.

FOX, ROBERT W., PRITCHAREI, PHILIP J. e MCDONALD, ALAN T. Introdução à


Mecânica dos Fluidos. LTC, 6ª ed, 2006.

MALONEY, J. O. Perry’s Chemical Engineers’ Handbook. McGraw-Hill, 8th edition, 2008.

STREETER, V. L. Mecânica dos fluidos. McGraw Hill do Brasil. São Paulo, 1978.
21

7 ANEXOS

Fonte: (FOX et al., 2006).

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