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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA –


PIBIC/CNPq-Fundação Araucária-UEM
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Bolsistas: Igor Eduardo da Silva Ribeiro (01/09/2022 a 30/04/2023), Gustavo Henrique Beffa
(01/05/2023 a 31/08/2022)

ANÁLISE NUMÉRICA DE VIGAS ALVEOLARES DE AÇO


COM ABERTURA CIRCULAR E CASTELADA VIA
SOFTWARE ABAQUS

MARINGÁ
2023
2

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ


PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA –
PIBIC/CNPq-Fundação Araucária-UEM
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Bolsistas: Igor Eduardo da Silva Ribeiro (01/09/2022 a 30/04/2023), Gustavo Henrique Beffa
(01/05/2023 a 31/08/2022)

AVALIAÇÃO NUMÉRICA DA FLAMBAGEM LATERAL


COM TORÇÃO EM VIGAS DE AÇO EM PERFIL I COM
ABERTURAS SEQUENCIAIS NA ALMA EM PADRÃO
SENOIDAL

Relatório contendo os resultados finais do projeto


de iniciação científica vinculado ao PIBIC/CNPq-
-Fundação Araucária-UEM.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Humberto Martins

MARINGÁ
2023
3

RESUMO

As vigas alveolares são perfis fabricados a partir do corte e solda longitudinais de


perfis de alma cheia, de modo que o perfil final tenha altura maior sem que seja necessário
adicionar mais material. Devido a esse aumento, esses perfis possuem maiores rigidez a
flexão, o que melhora sua relação resistência-peso de maneira significativa sem elevados
custos adicionais. Tendo em vista a importância de se conhecer os efeitos associados a este
tipo de estrutura, o presente trabalho buscou realizar análises em vigas alveolares, celulares e
casteladas, submetidas a cargas uniformemente distribuídas e a cargas excêntricas, por meio
de análises numéricas utilizando o método dos elementos finitos através do software Abaqus,
além de comparar os resultados obtidos com procedimentos normativos. Foi observado que o
tamanho e tipo de alvéolo tem pouca influência em FLT, porém é mais significativa em FMA,
além disso foi constatado que os procedimentos normativos têm caráter otimista em relação à
carga distribuída e não foram capazes de prever a ocorrência de FMA, já para cargas
excêntricas, as normas se demonstraram conservadoras, com aumento no erro conforme se
amplia a excentricidade.

1 INTRODUÇÃO

Perfis alveolares são formados a partir de um corte longitudinal da alma de um perfil


comum, seguindo um desenho específico para formar os diferentes padrões de aberturas, com
posterior deslocamento e soldagem de forma a aumentar sua altura (SONCK; BELIS, 2015),
como é apresentado na Figura 1.1.
Essas aberturas sequenciais padronizadas, se denominam alvéolos, sendo assim, os
perfis com esses tipos de aberturas são chamados de perfis alveolares. Existem diversos
padrões de abertura a serem utilizadas, como as aberturas quadradas, senoidais etc. Dentre as
possibilidades, os alvéolos que foram utilizadas nesse estudo são os de abertura circular
(Figura 1.2a), que são chamadas de seções celulares, e as de abertura hexagonais (Figura
1.2b), estas sendo chamadas de seções casteladas.
Os perfis alveolares são mais resistentes em comparação com perfis comuns, visto o
aumento significativo da relação entre inércia e peso, além de promover uma utilidade prática,
4

como por exemplo a passagem de tubulação através de seus alvéolos, e promover uma boa
estética arquitetônica (NSEIR et al., 2012).

Figura 1.1 – Montagem de perfil alveolar

Fonte: Autores (2023)

Figura 1.2 – Perfis de seções celulares e casteladas

(a) (b)
Fonte: Autores (2023)

Por outro lado, a presença das aberturas diminui a capacidade do perfil de resistir à
esforços cortantes, além de facilitar a ocorrência de instabilidades locais, por isso, são mais
indicados para grandes vãos submetidos a pequenas cargas (BADKE-NETO et al., 2013).
Segundo a norma NBR 8800:2008, vigas apoiadas submetidas à momento fletor
devem considerar em seu cálculo três tipos de instabilidades, sendo elas a flambagem lateral
com torção (FLT), a flambagem local da mesa comprimida (FLM) e a flambagem local da
alma (FLA), podendo ocorrer simultaneamente. Estes são efeitos que são intensificados
quando o elemento sofre a associação de compressão e flexão, situação conhecida como
flexo-compressão.
Além dos efeitos mencionados, no caso de vigas alveolares há também o efeito de
flambagem do montante da alma (FMA), caracterizado pela instabilidade na região entre
alvéolos devido ao mecanismo de Vierendeel quando a alma se encontra submetida a esforços
de compressão vertical (PANEDPOJAMAN; THEPCHATRI; LIMKATANYU, 2014).
Desta forma, este trabalho buscou avaliar estabilidade de vigas alveolares submetidas
à flexo-compressão, em torno do eixo de menor e maior inércia, de seções casteladas e
5

celulares, variando o tamanho dos alvéolos, além do comprimento da viga e a excentricidade


da carga aplicada, por meio de análises numéricas.
Existe certa carência de estudos acerca desses tipos de perfis e um certo receio no seu
uso devido atribuído a sua não padronização por procedimentos analíticos normatizados.
Portanto, há necessidade de se conhecer o comportamento desses perfis com relação a
instabilidades, para então se determinar a influência dos parâmetros geométricos e apoiar a
difusão desta tecnologia no mercado.

2 PROCESIMENTOS ANALÍTICOS

2.1 NORMA ABNT NBR 8800:2008

A NBR 8800:2008 traz, em seu Anexo G, um procedimento analítico de cálculo de


momento resistente (Equação 2.1) para perfis de alma não esbelta, como é o caso dos perfis
utilizados neste estudo. O fator de modificação para momento fletor não uniforme é calculado pela
Equação 2.2 e o momento crítico elástico é calculado pela Equação 2.3.

(a) 𝑀𝑀𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝑀𝑀𝑃𝑃𝑃𝑃 = 𝑍𝑍𝑥𝑥 𝑓𝑓𝑦𝑦 , para 𝜆𝜆 ≤ 𝜆𝜆𝑃𝑃


𝜆𝜆− 𝜆𝜆𝑃𝑃
(b) 𝑀𝑀𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝐶𝐶𝑏𝑏 (𝑀𝑀𝑃𝑃𝑃𝑃 − (𝑀𝑀𝑃𝑃𝑃𝑃 − 𝑀𝑀𝑟𝑟 )(𝜆𝜆 ), para 𝜆𝜆𝑃𝑃 ≤ 𝜆𝜆 ≤ 𝜆𝜆𝑟𝑟 (2.1)
𝑟𝑟 −𝜆𝜆𝑃𝑃

(c) 𝑀𝑀𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝑀𝑀𝐶𝐶𝐶𝐶 , para 𝜆𝜆 > 𝜆𝜆𝑟𝑟

Onde:
𝑀𝑀𝑅𝑅𝑅𝑅 : Momento resistente de cálculo;
𝑀𝑀𝑃𝑃𝑃𝑃 : Momento de plastificação total da sessão;
𝑀𝑀𝑟𝑟 : Momento de início de escoamento;
𝑀𝑀𝐶𝐶𝐶𝐶 : Momento crítico elástico;
𝑍𝑍𝑥𝑥 : Módulo plástico da sessão transversal;
𝑓𝑓𝑦𝑦 : Tensão de escoamento do aço;
𝐶𝐶𝑏𝑏 : Fator de modificação para momento fletor não uniforme;
𝜆𝜆 : Esbeltez global
𝜆𝜆𝑃𝑃 : Esbeltez correspondente à plastificação;
𝜆𝜆𝑟𝑟 : Esbeltez correspondente ao início do escoamento.
6

12.5𝑀𝑀𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚
𝐶𝐶𝑏𝑏 = (2.2)
2.5𝑀𝑀𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚 + 3𝑀𝑀𝐴𝐴 + 4𝑀𝑀𝐵𝐵 + 3𝑀𝑀𝐶𝐶

𝐶𝐶𝑏𝑏 𝜋𝜋 2 𝐸𝐸𝐼𝐼𝑦𝑦 𝐶𝐶𝑤𝑤 𝐽𝐽𝐿𝐿2𝑏𝑏


𝑀𝑀𝐶𝐶𝐶𝐶 = � (1 + 0,039 ) (2.3)
𝐿𝐿2𝑏𝑏 𝐼𝐼𝑦𝑦 𝐶𝐶𝑤𝑤

Onde:
𝐶𝐶𝑤𝑤 : Constante de empenamento da sessão transversal;
𝐸𝐸 : Módulo de elasticidade;
𝐼𝐼𝑦𝑦 : Momento de inércia;
𝐿𝐿𝑏𝑏 : Comprimento destravado;
𝐽𝐽 : Constante de torção.
A Equação 2.2 traz consigo alguns momentos fletores, sendo eles o momento máximo
(𝑀𝑀𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚), o momento a um quarto do vão (𝑀𝑀𝐴𝐴 ), o momento no centro do vão (𝑀𝑀𝐵𝐵 ) e o momento a três
quartos do vão (𝑀𝑀𝐶𝐶 ).
Na ação simultânea de efeitos, a norma recomenta que seja realizado um somatório
dos efeitos da força normal e do momento fletor, conforme a Equação 2.4.

𝑁𝑁𝑆𝑆𝑆𝑆 8 𝑀𝑀𝑆𝑆𝑆𝑆 𝑁𝑁𝑆𝑆𝑆𝑆


+ ≤ 1, para ≥ 0,2
𝑁𝑁𝑅𝑅𝑅𝑅 9 𝑀𝑀𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑁𝑁𝑅𝑅𝑅𝑅
(2.4)
𝑁𝑁𝑆𝑆𝑆𝑆 𝑀𝑀𝑆𝑆𝑆𝑆 𝑁𝑁𝑆𝑆𝑆𝑆
+ ≤ 1, para < 0,2
2𝑁𝑁𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑀𝑀𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑁𝑁𝑅𝑅𝑅𝑅

Onde:
𝑁𝑁𝑆𝑆𝑆𝑆 , 𝑁𝑁𝑅𝑅𝑅𝑅 : Esforço normal solicitante e resistente de cálculo, respectivamente;
O esforço normal resistente de cálculo, por sua vez, pode ser obtido através da
Equação 2.5.

𝑁𝑁𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝜒𝜒𝜒𝜒𝐴𝐴𝑔𝑔 𝑓𝑓𝑦𝑦 (2.5)

Onde:
𝜒𝜒 : Fator de redução associado à instabilidade global;
𝑄𝑄 : Fator de redução associado a instabilidades locais.

2.2 NORMA EUROCODE 3

A EC3 (EN 1993-1-1:2005) define que o momento fletor resistente sob efeito de FLT
7

pode ser calculado a partir da tensão normal provocada pelo momento fletor, com um fator de
redução associado às instabilidades do elemento, como define a Equação 2.6.

𝑀𝑀𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝜒𝜒𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑍𝑍𝑥𝑥 𝑓𝑓𝑦𝑦 , para sessões de classe 1 e 2


(2.6)
𝑀𝑀𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝜒𝜒𝐿𝐿𝐿𝐿 𝑊𝑊𝑥𝑥 𝑓𝑓𝑦𝑦 , para sessões de classe 3

Onde:
𝜒𝜒𝐿𝐿𝐿𝐿 : Fator de redução para FLT;
𝑊𝑊𝑥𝑥 : Módulo de rigidez da sessão transversal.
O fator de redução para FLT (𝜒𝜒𝐿𝐿𝐿𝐿 ) segue os procedimentos definidos pelas Equações
2.7, 2.8 e 2.9.

1
𝜒𝜒𝐿𝐿𝐿𝐿 = ≤1
2
𝜙𝜙𝐿𝐿𝐿𝐿 + �𝜙𝜙𝐿𝐿𝐿𝐿 − 𝜆𝜆2𝐿𝐿𝐿𝐿 (2.7)

𝜙𝜙𝐿𝐿𝐿𝐿 = 0.5(1 + 𝛼𝛼𝐿𝐿𝐿𝐿 (𝜆𝜆𝐿𝐿𝐿𝐿 − 0.2) + 𝜆𝜆2𝐿𝐿𝐿𝐿 ) (2.8)

𝑍𝑍𝑥𝑥 𝑓𝑓𝑦𝑦
𝜆𝜆𝐿𝐿𝐿𝐿 = � , para classes 1 e 2;
𝑀𝑀𝐶𝐶𝐶𝐶
(2.9)
𝑊𝑊𝑥𝑥 𝑓𝑓𝑦𝑦
𝜆𝜆𝐿𝐿𝐿𝐿 = � , para classe 3.
𝑀𝑀𝐶𝐶𝐶𝐶

O parâmetro 𝛼𝛼𝐿𝐿𝐿𝐿 corresponde ao fator de imperfeição associado à curva de flambagem


da sessão transversal. Seus valores são descritos na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 – Valores recomendados para o fator de imperfeição para curvas de


flambagem lateral com torção
Sessão transversal Limite 𝜶𝜶𝑳𝑳𝑳𝑳
ℎ� ≤ 2 0.21
𝑏𝑏
Sessões laminadas
ℎ� > 2 0.34
𝑏𝑏
ℎ� ≤ 2 0.49
𝑏𝑏
Sessões soldadas
ℎ� > 2 0.76
𝑏𝑏
Fonte: Adaptado de EN 1993-1-1:2005
8

O momento crítico por sua vez pode ser calculado pelo método proposto pela norma
SN003A-EM-EU, 2008, sendo exposto pela Equação 2.10.

𝜋𝜋 2 𝐸𝐸𝐼𝐼𝑦𝑦 𝐶𝐶𝑤𝑤 𝐿𝐿𝑏𝑏 2 𝐺𝐺𝐺𝐺


𝑀𝑀𝐶𝐶𝐶𝐶 = 𝐶𝐶1 �� + 2 + (𝐶𝐶2 𝑦𝑦𝑔𝑔 )2 − 𝐶𝐶2 𝑦𝑦𝑔𝑔 � (2.10)
𝐿𝐿𝑏𝑏 2 𝐼𝐼𝑦𝑦 𝜋𝜋 𝐸𝐸𝐼𝐼𝑦𝑦

Onde:
𝐶𝐶1 e 𝐶𝐶2 : coeficientes que dependem das condições de carregamento;
𝑦𝑦𝑔𝑔 : distância entre a aplicação de carga e o centro de cisalhamento.
No caso de aplicação simultânea de esforços normais e momentos fletores, a sessão
6.3.4 da EN 1993-1-1:2005 apresenta a solução geral para flexo-compressão, sem utilização
de fatores de interação, como apresenta a Equação 2.11.

𝑁𝑁𝑆𝑆𝑆𝑆 𝑀𝑀𝑆𝑆𝑆𝑆
+ ≤1 (2.11)
𝑁𝑁𝑅𝑅𝑅𝑅 𝑀𝑀𝑅𝑅𝑅𝑅

O esforço normal resistente é expresso na Equação


𝑁𝑁𝑅𝑅𝑅𝑅 = 𝜒𝜒𝐴𝐴𝑔𝑔 𝑓𝑓𝑦𝑦 (2.12)
Onde:
𝜒𝜒 : Fator de redução associado às instabilidades;

3 IMPERFEIÇÕES INICIAIS

As imperfeições iniciais são importantes fatores a serem considerados no


desenvolvimento de análises não lineares. Estas têm origem no processo de fabricação dos
perfis, sendo divididas em tensões residuais e imperfeições geométricas.
As tensões residuais surgem na produção do perfil, quando a estrutura ainda não se
encontra carregada, e dependem do processo de fabricação, especialmente nos perfis
alveolares, que sofrem corte e solda a elevadas temperaturas.
Estudos acerca de tensões residuais em perfis alveolares foram realizados por Sonck,
Van Impe e Belis (2014), que analisaram as tensões residuais de quatro perfis castelados e
dois perfis celulares através de medições na parte sólida entre os alvéolos e na parte central
dos alvéolos. Os autores propuseram um modelo onde a alma se encontra a uma tensão
constante de tração, conforme a Equação 3.1, e a mesa sofre uma distribuição linear de
9

tensões que dependem da relação entre a altura do perfil original (d0) e a largura da mesa (bf),
com variações de quando d0/bf > 1,2 (Figura 3.1a) e d0/bf ≤ 1,2 (Figura 3.1b).

50𝑏𝑏𝑓𝑓 𝑡𝑡𝑓𝑓
𝜎𝜎𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟,𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 = (3.1)
(𝑑𝑑 − 𝑡𝑡𝑓𝑓 − 𝑎𝑎0 )𝑡𝑡𝑤𝑤

Onde:
σres,alma : tensão residual na alma;
bf : largura da mesa do perfil;
tf : espessura da mesa do perfil;
d : altura final do perfil alveolar;
a : altura da abertura dos alvéolos;
tw : espessura da alma do perfil.

Figura 3.1 – Tensões residuais por Sonck (valores em MPA)

(a) (b)
Fonte: Carvalho, Rossi e Martins (2022)

As imperfeições geométricas por sua vez, retratam uma possível curvatura inicial da
estrutura ao fim de seu processo de fabricação. A ABNT NBR 8800:2008 recomenda que a
adoção um deslocamento equivalente a milésimo do comprimento livre do perfil (L/1000).
10

4 ESTUDO PARAMÉTRICO

Visando avaliar as diferenças entre a distribuição geométrica da seção transversal,


foram estudadas a linha de perfis IPE, conforme a Tabela 4.1, para os casos de análises de
vigas submetidas a flexão pura. Já para as análises de flexo-compressão, foram adotados os
perfis IPE 160, IPE 180, IPE 200, IPE 220, IPE 240, IPE 270, IPE 300 e IPE 330. A Figura
4.1 apresenta algumas propriedades geométricas relevantes para seção sólida e seção alveolar.

Tabela 4.1 – Características geométricas dos perfis


Perfil bf (mm) tf (mm) d0 (mm) tw (mm) Análises
IPE160 82 7.4 160 5 Flexão e Flexo-compressão
IPE180 91 8 180 5.3 Flexão e Flexo-compressão
IPE200 100 8.5 200 5.6 Flexão e Flexo-compressão
IPE220 110 9.2 220 5.9 Flexão e Flexo-compressão
IPE240 120 9.8 240 6.2 Flexão e Flexo-compressão
IPE270 135 10.2 270 6.6 Flexão e Flexo-compressão
IPE300 150 10.7 300 7.1 Flexão e Flexo-compressão
IPE330 160 11.5 330 7.5 Flexão e Flexo-compressão
IPE360 170 12.7 360 8 Flexão
IPE400 180 13.5 400 8.6 Flexão
IPE450 190 14.6 450 9.4 Flexão
IPE500 200 16 500 10.2 Flexão
IPE550 210 17.2 550 11.1 Flexão
IPE600 220 19 600 12 Flexão
Fonte: Autor

Nos casos de flexão simples, foram avaliados diferentes tamanhos de abertura a partir
de relações de a/d0 entre 0,8 e 1,1, com incremento de 0,1 a cada nova análise. Já para os
casos de flexo-compressão, a relação a/d0 foi fixada em 1.0 e foram aplicadas excentricidades
(e) de 25, 50, 75, 100 e 125 milímetros para a carga aplicada nos elementos. Além disso, foi
feito uma variação no comprimento (L) de cada perfil entre 4 metros e 12 metros, com
incremento de 2 metros entre cada análise.
11

Figura 4.1 – Geometria do perfil

Fonte: Autor

Apenas nos casos de flexo-compressão foram considerado uma distância mínima entre
a borda apoiada e o primeiro alvéolo (S0) de 200 mm, a fim de evitar instabilidades locais
neste trecho devido a presença de alvéolos. A Figura 4.2 mostra um fluxograma com os
modelos analisados.

Com o estudo paramétrico em questão foram realizadas um total de 960 análises,


sendo 560 análises de flexão pura e 400 análises de flexo-compressão.

A altura dos perfis castelados foi definida pela altura do perfil original, acrescentado
de metade da altura dos alvéolos, considerando que não haveria perdas de material na
fabricação, sendo calculado através da Equação 4.1.

𝑎𝑎
𝑑𝑑 = 𝑑𝑑0 + (4.1)
2

Já em relação aos perfis castelados, no processo de fabricação ocorre uma certa perca
de material nos alvéolos, por isto a altura da seção final deve levar em consideração estes
fatores. Segundo Sonck (2016), a altura final do perfil celular é calculada através da Equação
4.2.

�(𝑎𝑎 + 2𝑟𝑟𝑏𝑏 )2 − 𝑤𝑤 2 (4.2)


𝑑𝑑 = 𝑑𝑑0 +
2

Onde:
rb: é a largura de corte;
w: espaçamento entre os alvéolos.
A largura de corte rb tem um valor fixado de 8 mm e o espaçamento w é calculado a
12

partir da diferença entre o espaçamento S e o diâmetro do alvéolo a, sendo que S por sua vez
foi fixado como sendo 1,6 vezes o diâmetro da abertura para que o espaçamento entre os
alvéolos (w) fosse aproximadamente igual o espaçamento dos alvéolos castelados,
possibilitando a comparação direta entre as duas geometrias.

Figura 4.2 – Modelos analisados

Fonte: Autores (2023)

5 CARACTERÍSTICAS DO MODELO NUMÉRICO

As análises foram realizadas por meio da utilização do software de análise por


elementos finitos ABAQUS, em sua versão 6.14, utilizando o método de perturbação linear
buckle, onde foram obtidas as cargas críticas de flambagem elástica. Para obtenção da carga
última, foram feitas análises de pós-flambagem considerando o método Static Ricks, onde
foram obtidas as trajetórias de equilíbrio da peça, fornecendo a carga última do elemento.
Foram consideradas as imperfeições geométricas resultantes da confecção dos perfis,
sendo assim, para confiabilidade do modelo numérico desenvolvido, foram realizadas análises
de validação com base em ensaios experimentais de estruturas alveolares disponíveis na
literatura.
13

Com relação as imperfeições iniciais, foram aplicadas tensões residuais seguindo o


modelo de Sonck, Van Impe e Belis (2014), além de uma imperfeição geométrica com valor
de L/1000, sendo L o comprimento do vão analisado.
O aço utilizado para as vigas é o aço carbono S355, cuja tensão de escoamento é de
355 MPa. O módulo de elasticidade adotado para realização das análises foi de 200 GPa.
Para proposta de relação entre tensão-deformação foi adotado o diagrama elasto-
plástico perfeito, em que se considera apenas a tensão de escoamento do material para
obtenção da carga última visto que não é suficientemente seguro dimensionar perfis se
baseando na tensão última do aço (Figura 5.1).

Figura 5.1 – Diagrama tensão por deformação

Fonte: Rossi et. al (2020), adaptado

A malha adotada foi de 10 mm, valor escolhido baseado em estudos de Ferreira, Rossi
e Martins (2019), onde os autores inferiram que malhas menores que 10 mm não geravam
diferenças significativas nos resultados e aumentavam significativamente o tempo de análise.
Na composição da malha foi utilizado malha livre, com elementos do tipo S3, que
representa elementos com três nós e os elementos S4R, que possuem quatro nós e integração
reduzida, como mostra a Figura 5.2.
14

Figura 5.2 – Tipo de malha utilizada

Fonte: Carvalho, Rossi e Martins (2022)

5.1 FLEXÃO PURA

Na etapa das análises de flexão pura, as vigas foram submetidas a um carregamento


uniformemente distribuído na mesa superior e para restrições de vinculação, foram
considerados vínculos do tipo garfo, sendo restringidos os deslocamentos laterais, o
deslocamento longitudinal em uma das extremidades e a rotação em torno do eixo
longitudinal, conforme a Figura 5.3.

Figura 5.3 – Restrições da etapa de flexão pura


Ux, URz

Ux, URz
Uy
Ux, Uz, URz
Uy Uy

Ux, URz Ux, URz


Uy
Y

Z X
Ux, URz
Fonte: Autores (2023)

5.2 FLEXO-COMPRESSÃO

No caso dos elementos submetidos a flexo-compressão, para aplicação de restrições de


contorno foram definidos apoios rígidos para que estes não influenciassem na distribuição de
15

cargas e deformações dos perfis. Este tipo de apoio exige um ponto de referência que é
utilizado para aplicação de cargas e condição de contorno, definindo o comportamento do
elemento rígido.
As restrições foram aplicadas apenas nos pontos de referência (Figura 5.4), simulando
uma viga bi apoiada por um apoio de primeiro gênero e outro apoio de segundo gênero, de
forma a restringir os três possíveis deslocamentos em um dos apoios e suas rotações
longitudinais.

Figura 5.4 – Restrições das análises de flexo-compressão


Apoio
rígido
Apoio
rígido

Ux, Uy, Uz, URz


e
Y

Carga Z X
Ux, Uy, URz

Fonte: Autores (2023)

5.3 CALIBRAÇÃO DO MODELO NUMÉRICO

A fim de verificar as interações das imperfeições geométricas e tensões residuais pelo


modelo de Sonck, Van Impe e Belis (2014), foram realizadas validações a partir de seis
experimentações realizadas por Panedpojaman, Sae-Long e Thepchari (2021).
Os autores em questão realizaram análises em perfis celulares submetidas a flexo-
compressão, sendo que a carga aplicada possui uma certa excentricidade, e se dividem em
duas seções transversais confeccionadas a partis de seções H, sendo denominadas C80 e
C100, número que representa aproximadamente a altura do perfil celular em milímetros,
como mostra as Figura 5.5a e Figura 5.5b, respectivamente. A Tabela 5.1 apresenta os perfis
analisados, bem como a variação de excentricidade aplicada. Os perfis possuem tensão de
escoamento de 314 MPa e módulo de elasticidade de 200 GPa.
16

Tabela 5.1 – Perfis experimentais analisados


Identificação do perfil Seção Transversal Excentricidade (mm)
CC80-20 C80 20
CC80-40 C80 40
CC80-60 C80 60
CC100-20 C100 20
CC100-40 C100 40
CC100-60 C100 60
Fonte: Adaptado de Panedpojaman, Sae-Long e Thepchari (2021)

Figura 5.5 – Seções transversais C80 (a) e C100 (b)

Fonte: Panedpojaman, Sae-Long e Thepchari (2021)

Outra validação foi realizada a partir de ensaios realizados por Sonck e Belis (2015),
onde os autores procederam ensaios de 4 pontos em vigas celulares, assim como representa a
Figura 5.6.
A validação foi procedida sob dois dos ensaios realizados, sendo que os perfis e
materiais são descritos na Tabela 5.2. O módulo de elasticidade utilizado foi de 205 GPa,
conforme especificado pelos autores.
17

Figura 5.6 – Modelo de ensaio de Sonck e Belis (2015)

Fonte: Sonck e Belis (2015)

Tabela 5.2 – Perfis ensaiados por Sonck e Belis (2015)

tf (mm) tw (mm) d (mm) bf (mm) a (mm) w (mm)

7.3 5.5 220 83.1 142.8 67.2

fy,ms fy,mi fy,alma


Perfil L (m) Lf (m)
(MPa) (MPa) (MPa)

CS_L3 3.15 0.21 324 341 329

CS_L4 3.99 1.89 348 351 339


fy,ms : tensão de escoamento na mesa superior
fy,mi : tensão de escoamento na mesa inferior
Fonte: Autores (2023)

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 VALIDAÇÃO DO MODELO NUMÉRICO

Os resultados obtidos em comparação com os experimentos realizados por


Panedpojaman, Sae-Long e Thepchari (2021) para a seção C80 são apresentados na Figura
6.1a e os resultados obtidos para a seção C100 são apresentados na Figura 6.1b.
18

Figura 6.1 – Comparação entre curvas de carga por deslocamento experimentais e


geradas pelo modelo numérico
14
CC80-20
12
CC80-40
10
Carga (tf)

8
CC80-60
6

4
Experimental
2
Abaqus
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Deslocamento (mm)

(a) CC80

20
18 CC100-20
16
14 CC100-40
12
Carga (tf)

10 CC100-60
8
6
4 Experimental
2 Abaqus
0
0 2 4 6 8 10 12 14
Deslocamento (mm)

(b) CC100
Fonte: Autores (2023)
A Tabela 6.1 apresenta os valores de carga última do modelo experimental (Pu,exp) e as
cargas últimas obtidas por modelo numérico (Pu,num), além da relação entre as cargas do
modelo numérico com o modelo experimental.
19

Tabela 6.1 – Cargas últimas do modelo experimental e obtidas pelo modelo numérico

Perfil Pu,exp (tf) Pu,num (tf) Pu,num / Pu,exp

CC80-20 13,1 13,02 0,99


CC80-40 10,5 9,56 0,91
CC80-60 7,8 7,86 1,01
CC100-20 18,8 17,38 0,92
CC100-40 14 13,64 0,97
CC100-60 10,2 10,86 1,06
Fonte: Autor

Com relação aos ensaios realizados por Sonck e Belis (2015), os resultados obtidos
pelo modelo numérico em relação ao experimental são apresentados na Figura 6.2.

Figura 6.2 – Comparação entre curvas experimentais de Sonck e Belis (2015) com
modelo numérico
30 30
CS2_L3 CS2_L4
CS2_L
25 25

20 20
Carga (kN)

Carga (kN)

15 15

10 10
Experimental
Experimental
5 5
Abaqus Abaqus
0
0
0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0
0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0
Deslocamento (mm) Deslocamento (mm)

(a) CC80 (b) CC100


Fonte: Autores (2023)

Tabela 6.2 – Cargas últimas do modelo experimental e obtidas pelo modelo numérico

Pu,exp Pu,num
Perfil Pu,num / Pu,exp
(kN) (kN)
CS_L3 22.23 23.41 0.95
CS_L4 23.37 26.19 0.89
Fonte: Autores (2023)
20

Por meio das análises realizadas é possível perceber uma boa adequação do modelo de
tensões residuais de Sonck, Van Impe e Belis (2014) e da imperfeição geométrica definida em
L/1000.
Com os resultados apresentados, o modelo numérico foi considerado validado e foram
prosseguidas as análises.

6.2 FLEXÃO PURA

Nas análises de flexão pura de elementos submetidos a carga distribuída, foram


observados modos de falha semelhantes às vigas de alma cheia, sendo que quase todos os
casos apresentaram falha por flambagem lateral com torção (FLT) (Figura 6.3a), porém
alguns casos de baixa esbeltez global apresentaram instabilidade no montante da alma (FMA)
(Figura 6.3b).

Figura 6.3 – Instabilidade em análise de estabilidade elástica

(a)

(b)
Fonte: Autores (2023)

A Figura 6.4 mostra a influência do tamanho da abertura no momento último para o


caso em que ocorrem instabilidades locais, que é o caso do perfil IPE 550 de 4 metros, e casos
de instabilidade global nos demais comprimentos. Foi percebido que o tamanho do alvéolo
com a variação proposta possui pouca influência no momento último, mesmo na ocorrência
21

de instabilidades na alma, havendo um pequeno acréscimo com o aumento das aberturas,


exceto para o caso da viga de 4 metros com relações de abertura 1.0 e 1.1, que a carga
diminuiu, isso se deve ao fato de que ambas possuem a mesma quantidade de alvéolos, sendo
assim a esbeltez da alma da viga com relação a/d0 = 1.0 é menor do que a de a/d0 = 1.1,
indicando assim que a instabilidade na alma de vigas alveolares é função da esbeltez da viga e
da quantidade de alvéolos.

Figura 6.4 – Influência do tamanho da abertura

L = 4m L = 6m L = 8m L = 10m L = 12m
600.0

500.0

400.0
MU,MEF

300.0

200.0

100.0
IPE 550 Celular
0.0
0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2
a/d0

Fonte: Autores (2023)

A fim de avaliar a resposta do modelo numérico em comparação com os


procedimentos analíticos explícitos na sessão 2 deste trabalho, foram utilizados para o cálculo
as propriedades geométricas da sessão cheia, ou seja, onde não há presença de alvéolo. Uma
segunda avaliação foi feita utilizando um método proposto por Carvalho, Rossi e Martins
(2022), onde se é realizada uma média ponderada da constante de torção (J), considerando as
áreas totais dos alvéolos e a área da sessão cheia. Os resultados da relação entre o momento
crítico analítico e o momento crítico obtido através dos método dos elementos finitos são
apresentados nas Figuras Figura 6.5a e Figura 6.5c para sessão cheia de vigas celulares e
casteladas, respectivamente, e nas Figuras Figura 6.5b e Figura 6.5d para média ponderada de
vigas celulares e casteladas, respectivamente.

Figura 6.5 – Resultados numéricos e analíticos para momento crítico elástico


22

3.5 3.5
Celulares Celulares
3.0 3.0
NBR 8800:2008 NBR 8800:2008
2.5 2.5
MCR,analítico/MCR,MEF

MCR,analítico/MCR,MEF
SN003A-EM-EU:2008
SN003A-EM-EU:2008
2.0 2.0

1.5 1.5

1.0 1.0

0.5 0.5

0.0 0.0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800
L/ry L/ry

(a) Sessão cheia (b) Média ponderada


3.5 3.5
Castelados Castelados
3.0 3.0
NBR 8800:2008 NBR 8800:2008
2.5 2.5
MCR,analítico/MCR,MEF

MCR,analítico/MCR,MEF

SN003A-EM-EU:2008 SN003A-EM-EU:2008

2.0 2.0

1.5 1.5

1.0 1.0

0.5 0.5

0.0 0.0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800
L/ry L/ry

(c) Sessão cheia (d) Média ponderada


Fonte: Autores (2023)

A partir dos resultados, observou-se que ambos os procedimentos apresentam


resultados otimistas em relação ao momento crítico elástico, sendo que a norma SN003A-EM-
EU:2008 se aproxima mais dos resultados obtidos pelo método numérico. Inferiu-se também
que os resultados com esbeltez global menores que 150 apresentaram grandes desvios, isso se
deve ao fato da ocorrência de instabilidades locais nos montantes da alma, que não são
apoiadas nos cálculos analíticos para FLT.
Em relação as diferentes propostas para propriedades geométricas adotadas, observou-
se uma pequena melhora nos resultados com a adoção da média ponderada, diminuindo o
caráter otimista. Os resultados a partir da esbeltez de 150 passaram a se aproximar cada vez
mais da margem de 10% de erro, representada pela linha tracejada.
23

Ao se observar o momento último obtidos pela análise numérica e pelos


procedimentos analíticos (Figura 6.6), notou-se que os cálculos fornecidos pela NBR
8800:2008 tem caráter otimista e em alguns casos desfavorável a segurança. Já o
procedimento descrito pela EN 1993-1-1:2005 se aproximou mais dos resultados do modelo
numérico, sendo que em alguns casos o erro se aproxima de zero.

Figura 6.6 - Resultados numéricos e analíticos para momento último


3.5 3.5
Celulares Celulares
3.0 3.0
NBR 8800:2008 NBR 8800:2008
2.5 2.5
MU,analítico/MU,MEF

MU,analítico/MU,MEF
EN 1993-1-1:2005 EN 1993-1-1:2005
2.0 2.0

1.5 1.5

1.0 1.0

0.5 0.5

0.0 0.0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800
L/ry L/ry

(a) Sessão cheia (b) Média ponderada


3.5 3.5
Castelados Castelados
3.0 3.0
NBR 8800:2008 NBR 8800:2008
2.5 2.5
MU,analítico/MU,MEF

MU,analítico/MU,MEF

EN 1993-1-1:2005 EN 1993-1-1:2005
2.0 2.0

1.5 1.5

1.0 1.0

0.5 0.5

0.0 0.0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800
L/ry L/ry

(c) Sessão cheia (d) Média ponderada


Fonte: Autores (2023)

Ambos os procedimentos analíticos melhoraram quando calculados utilizando a média


ponderada, porém ambos não foram capazes de prever a ocorrência das instabilidades locais
24

no montante da alma, resultando em grandes erros nos elementos de menores esbeltez. A


Figura 6.7 apresenta os modos de falha obtidos das análises não lineares.

Figura 6.7 – Modos de falha nas análises não lineares

IPE 330 – 4 metros

FLT

IPE 550 – 4 metros

FMA
Fonte: Autores (2023)

Por fim foi realizada uma análise comparativa entre o momento resistente das
aberturas celulares e das aberturas casteladas, como mostra a Figura 6.8. Por meio desta é
possível perceber que os perfis castelados possuem resistências à momentos fletores
ligeiramente maiores que os perfis celulares. Isso possivelmente se deve ao fato de que os
perfis castelados são ligeiramente maiores que os perfis celulares devido a não perca de
material no processo de fabricação.

Apesar disto, foram observados casos em que a distância entre o momento último das
vigas casteladas e celulares é maior, sendo estes casos em que ocorrem instabilidades locais
na alma. Foi observado que o momento último será maior para vigas celulares quando estas
possuírem a mesma quantidade de alvéolos ou menos em relação às vigas casteladas. Um dos
fatores que influenciam essa diferença é a própria altura das vigas, que no caso dos celulares é
25

menor e por isso menos esbelta, porém o fator que mais pode ter influência é o fato de que nas
vigas casteladas com falha por FLA acontece a formação de rótulas plásticas nas arestas das
aberturas hexagonais, enquanto nas vigas casteladas, a formação da rótula plástica nos
alvéolos se distribui mais uniformemente, como apresentado na Figura 6.9.

Os casos de FLA que as vigas casteladas obtiveram momentos resistentes maiores são
casos em que há ao menos um alvéolo a menos em relação à mesma configuração, porém com
abertura celular. Isso ocorre devido ao alvéolo castelado projetado com todos os lados iguais
ser ligeiramente maior na direção horizontal, o que implica que pode haver menos alvéolos
castelados em alguns casos.

Figura 6.8 – Momento resistente de vigas celulares e casteladas


800.0

700.0

600.0
MU, Celulares

500.0

400.0

300.0

200.0

100.0

0.0
0.00 100.00 200.00 300.00 400.00 500.00 600.00 700.00 800.00
MU, Castelados

Fonte: Autores (2023)


26

Figura 6.9 – Formação de rótula plástica em vigas casteladas (a) e vigas celulares (b) em
perfil IPE 600 de 4 metros

(a) (b)
Fonte: Autores (2023)

6.3 FLEXO-COMPRESSÃO

No caso das vigas analisadas sob efeito de flexo-compressão, a instabilidade


predominante em todos os elementos foi o efeito em conjunto da instabilidade global causada
pela carga de compressão e da flambagem lateral com torção causada pelo momento fletor,
como mostra a Figura 6.10.
Figura 6.10 – Modo de falha em análise elástica de viga submetida a flexo-compressão

Fonte: Autores (2023)


A Figura 6.11 apresenta a relação entre as cargas últimas excêntricas obtidas através
dos procedimentos apresentados na sessão 2 deste trabalho com as cargas últimas excêntricas
obtidas através do método dos elementos finitos, vale ressaltar que o momento resistente
utilizado foram os obtidos utilizando a média ponderada da constante de torção, pois estes
apresentaram melhores resultados. Nota-se que ambas as normas apresentaram caráter
conservativo, o que favorece a segurança no dimensionamento, porém subestima a capacidade
destes perfis submetidos a cargas excêntricas.
27

Outro fator observado foi que o erro tende a aumentar com o aumento da
excentricidade, ou seja, quando se aumenta o momento fletor solicitante, o que está de acordo
com o erro observado no momento resistente, onde as normas tendem a superestimar a
resistência destas vigas (Figura 6.12).

Figura 6.11 – Relação da carga última analítica com a carga última numérica
1.2 1.2

1.0 1.0
NU,analítico/NU,MEF

NU,analítico/NU,MEF
0.8 0.8

0.6 0.6

0.4 0.4
NBR 8800:2008 NBR 8800:2008
0.2 0.2
Celulares EN 1993-1-1:2005 Castelados EN 1993-1-1:2005
0.0 0.0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 0 100 200 300 400 500 600 700 800
L/ry L/ry

(a) (b)
Fonte: Autores (2023)

Figura 6.12 – Influência da excentricidade no cálculo analítico


1.2 1.2

1.0 1.0
NU,analítico/NU,MEF

NU,analítico/NU,MEF

0.8 0.8

0.6 0.6

0.4 0.4

0.2 NBR 8800:2008 0.2 NBR 8800:2008


Celulares EN 1993-1-1:2005 Castelados EN 1993-1-1:2005
0.0 0.0
0 25 50 75 100 125 150 0 25 50 75 100 125 150
e (mm) e (mm)

(a) (b)
Fonte: Autores (2023)

Por fim, foi realizada uma análise comparativa entre a carga última resistente dos
perfis celulares e dos perfis castelados, os resultados são apresentados na Figura 6.13. Assim
28

como ocorreu nos casos de flexão pura, nos casos de flexo-compressão houve um leve
acréscimo de resistência nos perfis castelados, sendo que todos os casos obtiveram falha
global, impossibilitando comparações na ocorrência de instabilidades locais na alma.
Figura 6.13 – Carga excêntrica última resistente em perfis castelados e celulares
900.0

800.0

700.0

600.0
NU, Celulares

500.0

400.0

300.0

200.0

100.0

0.0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
NU, Castelados

Fonte: Autores (2023)

7 CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou avaliar o comportamento de vigas celulares e casteladas


submetidas a flexão pura por meio de cargas uniformemente distribuídas e flexo-compressão
por meio de carga de compressão excêntrica, para que assim fosse possível avaliar parâmetros
como comprimento, esbeltez de sessão transversal, modos de falha, tipo e tamanho de alvéolo,
além de ser comparado os resultados com procedimentos de cálculo normativos. Para isto,
foram realizadas 960 análises, das quais puderam se concluir:
• Na flexão pura, os procedimentos normativos se demonstram otimistas em relação ao
momento crítico e último, em especial nos casos em que ocorre flambagem no
montante da alma, onde os procedimentos não são capazes de prever este tipo de falha;
• Na flexo-compressão, os procedimentos normativos obtiveram caráter conservador,
porém obteve-se maiores erros conforme se aumenta a excentricidade da carga,
ocasião em que se aumenta o momento solicitante.
29

• O tamanho dos alvéolos, representados pela relação a/d0, demonstraram ter pouca
influência nos casos em que se ocorre FLT, tendo leve aumento progressivo com o
aumento do alvéolo. Já nos casos de FMA, alvéolos menores tenderam a apresentar
resistências maiores ao efeito.
• O tipo de abertura tem pouca influência, com leve vantagem para os perfis castelados
sob efeito de FLT e instabilidade global, porém os perfis celulares se demonstraram
mais eficientes nos casos de FMA.

AGRADESCIMENTOS

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e


Tecnológico – CNPq e Fundação Araucária - FA pelo incentivo à execução do projeto de
pesquisa.

REFERÊNCIAS

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Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edifícios, standard.

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didática de vigas de aço com aberturas sequenciais na alma: casteladas e celulares. In: XLI
COBENGE, 2013, Gramado. Anais do XLI COBENGE. Gramado: UFGRS, 2013.

CARVALHO, Adriano Silva de; ROSSI, Alexandre; MARTINS, Carlos Humberto.


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Thin-Walled Structures, v. 175, p. 109242, 2022.

EN 1993-1-1:2005. Eurocode 3: Design of steel structures - Part 1-1: General rules and rules
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30

shear strength of local web-post buckling in cellular beams. Thin-Walled Structures, v. 76,
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ROSSI, A.; NICOLETTI, R. S.; DE SOUZA, A. S. C.; MARTINS, C. H. Numerical


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SONCK, D.; BELIS, J. Lateral-torsional buckling resistance of cellular beams. Journal of


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