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AJUSTE DAS FÓRMULAS DINÂMICAS COM BASE EM ENSAIOS DE


CARREGAMENTO DINÂMICOS PARA A ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE
CARGA DE ESTACAS PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO

Conference Paper · September 2014

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Daniel Murakami
University of São Paulo
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AJUSTE DAS FÓRMULAS DINÂMICAS COM BASE EM
ENSAIOS DE CARREGAMENTO DINÂMICOS PARA A
ESTIMATIVA DA CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS
PRÉ-FABRICADAS DE CONCRETO.
Cabette, J. F.
Benaton Fundações, Mestrando EPUSP, São Paulo, Brasil, cabettejean@gmail.com

Murakami, D. K.
Benaton Fundações, Mestrando EPUSP, São Paulo, Brasil, daniel.murakami@gmail.com

RESUMO: A fundação profunda é um elemento estrutural que tem como objetivo realizar a
transferência das cargas provenientes da superestrutura ao solo, ou seja, deve-se considerar sempre a
interação fundação-solo, para estimativa da capacidade de carga de suporte da estrutura.Segundo
Avelino (2006) com o surgimento dos ensaios de carregamento dinâmico, o controle do
estaqueamento de fundações profundas desenvolveu-se significativamente nos últimos vinte anos
devido à facilidade na execução desses ensaios e seu relativo baixo custo. No Brasil, há um
predomínio praticamente absoluto dos métodos CASE e CAPWAP. O trabalho tem por objetivo
ajustar as fórmulas dinâmicas para prever com maior confiabilidade a capacidade de carga de
estacas pré-fabricadas de concreto cravadas em região de solo mole. Para atingir este objetivo serão
analisadas estacas de concreto protendido com seções transversais quadradas 200mm, 230mm e
260mm assim como uma seção circular de 330mm de diâmetro, para as cargas de trabalho de
300kN, 400kN, 500kN e 700kN respectivamente utilizadas como fundações profundas de galpões,
na cidade de Jacareí, São Paulo. Neste trabalho serão utilizados os resultados de capacidade de
carga das estacas determinados através das analises CAPWAP realizados durante o periodo de
estaqueamento da obra, para balisar algumas fórmulas dinâmicas utilizadas pelo meio técnico para
previsão da capacidade das estacas com objetivo de uniformizar o estaqueamento e garantir a
capaciade de carga das estacas através de critérios dinâmicos de cravação.

PALAVRAS-CHAVE: Ensaios de carregamento dinâmico, Fórmulas dinâmicas, Estacas.

1 INTRODUÇÃO necessidade de comprovação das cargas de


projeto, os ensaios dinâmicos vêm sendo
A prova de carga dinâmica fundamenta- utilizados com bastante freqüência em obras de
se na teoria da equação da onda, consistindo na todos os portes.
aplicação de carregamentos dinâmicos com Segundo Gonçalves, et al. (2007), as
energias crescentes sobre o topo da estaca, fórmulas dinâmicas baseadas na medida da nega
seguindo o registro dos sinais das ondas de e repique elástico durante a cravação de estacas
tensão refletidas e interpretação dos mesmos continuam sendo apesar de críticas, uma
valores através de um método de calculo ferramenta importante para o controle do
específico segundo a NBR13208 (2007). No comprimento de cravação e avaliação da
Brasil, há um predomínio praticamente absoluto capacidade de carga.
na utilização dos métodos CASE e CAPWAP, A própria NBR6122 (2010) obriga que
os quais são regulamentos pela NBR13208 seja extraída a nega e repique elástico em todas
(2007), que trata da metodologia empregada as estacas executadas atendendo as condições
para a realização deste ensaio. Devido sua de segurança.
rapidez e baixo custo relativo, aliadas à
Os métodos de previsão de capacidade A medição da nega, pode-se ser
de carga de estacas cravadas que se baseiam na realizada ao prender uma folha de papel ao fuste
observação da sua resposta durante o processo da estaca e no momento do golpe passar um
de cravação são chamados de “métodos lápis na horizontal, com o auxílio de uma régua
dinâmicos” Velloso e Lopes (2002). apoiada em pontos fora da estaca. Nesse caso,o
Os métodos dinâmicos podem se dividir lápis deixará marcado no papel o movimento da
em duas formas: estaca ao receber o golpe do martelo. Este
As fórmulas dinâmicas são expressões registro indicará a nega e o repique da estaca
que utilizam o principio da conservação de (Figura 1).
energia, a teoria do choque de Newton e a lei de
Hooke para corpos perfeitamente elásticos
relacionando grandezas medidas durante a
cravação com a resistência do conjunto estaca –
solo;
As soluções da equação da onda, que
utilizam as equações da propagação
unidimensional de onda de tensões, estudando a Figura 1 – (a) Medida simples da nega e (b) medida de
estaca como uma barra ao longo da qual uma nega e repique (VELLOSO e LOPES, 2002).
onda gerada pelo golpe se propaga e esta onda
está sujeita a atenuação por ação do solo que O subsolo local apresenta uma camada
envolve a estaca. Avelino, J. D. (2006) de aterro com cerca de um metro de espessura,
No uso das fórmulas dinâmicas, deve se seguida de uma camada de argila muito mole
considerar que a resistência oferecida pelo solo com espessura de sete metros, subjacente a esta
à penetração da estaca não é a capacidade de camada verifica-se a presença de sedimentos de
carga estática da estaca, já que a cravação de argila arenosa com valores de Nspt crescentes
uma estaca é o fenômeno dinâmico e, portanto, com a profundidade, apresentando valores entre
mobiliza resistências inercial e viscosa, além da vinte e trinta golpes a partir dos treze metros de
resistência estática. Nas fórmulas estáticas, que profundidade.
fornecem a capacidade de carga estática, a carga
de trabalho é obtida dividindo-se esta carga por
um coeficiente que fará o devido desconto da 2 MATERIAIS E MÉTODOS
resistência dinâmica. Este coeficiente de
correção tem uma variabilidade muito grande Os ensaios de carregamento dinâmicos
porque depende da fórmula utilizada, já que realizados na obra tiveram “set-up” entre um e
estas são baseadas em hipóteses diferentes. quarenta e três dias. Esses resultados serão
Portanto, as fórmulas dinâmicas são melhor comparados com as fórmulas dinâmicas mais
empregadas no controle do estaqueamento e utilizadas no meio técnico brasileiro para
recomenda-se o seguinte procedimento. Velloso previsão da capacidade de carga e uniformidade
e Lopes (2002): do estaqueamento.
Cravar uma estaca, próximo a uma
sondagem, até a profundidade prevista por 2.1 Fórmula de Janbu
método estático para esta sondagem,
observando a nega e/ou repique; A fórmula de Janbu, proposta em 1953,
Executar uma prova de carga (quanto adota constantes empíricas e a relação entre
mais provas de carga, melhor) para obter o pesos da estaca e do martelo, bem como perdas
coeficiente de correção para a fórmula de energia por compressão elástica de estaca.
escolhida; Para esta fórmula recomenda-se um fator de
Empregar a fórmula escolhida em todo o segurança igual a 2.
estaqueamento, com o coeficiente de correção
obtido.
W ×h A fórmula dos Holandeses, proposta em
 W ×h× L  1812, utiliza a relação entre o peso P da estaca e
 
 P  2
 o peso W do martelo de cravação, para
s ×  0,75 + 0,15  × 1 + 1 + E × A × s
 W  0,75 + 0,15
P  considerar as perdas de energia no impacto
 
Ru =  W  (1) entre os dois corpos:
CS

W 2 ×h
Onde:
Ru =
(W + P ) × s (3)
 W (Peso do pilão); CS
 P (Peso da estaca);
 h (Altura de queda do pilão); 2.4 Fórmula de Brix
 L (Comprimento da estaca);
 E (Módulo de elasticidade da estaca); De acordo com Gonçalves (2007) as
 A (Área da seção transversal da estaca); hipóteses admitidas para esta formulação são as
 s (Penetração da estaca por golpe seguintes:
(nega)); Fundamenta-se integralmente na teoria de
 Ru (Resistência oferecida pelo solo à choque Newtoniana, embora essa teoria, tal
penetração da estaca); como formulou Newton, não se preste a
 CS (Coeficiente de segurança a adotar embasar tecnicamente problemas relacionados
conforme proposto pelo autor). ao fenômeno da cravação de estacas.
Admite a ocorrência de choque
Como foram realizados vários ensaios, perfeitamente elástico no impacto entre o
foi-se então adotado o fator de segurança global martelo e a estaca;
médio de todos os ensaios de carregamento em Admite que imediatamente após a
relação a capacidade de carga estimada pelos ocorrência do choque entre o martelo e o topo
método dinâmicos. da estaca, estes se separem de tal forma que o
peso do martelo não continue auxiliando a
2.2 Fórmula dos Dinamarqueses penetração da estaca.
Sugere que seja adotado coeficiente de
A fórmula dos Dinamarqueses, segurança entre 4 e 5
desenvolvida por Sorensen e Hansen Isto posto, a formulação básica proposta por
(1957),considera a eficiência do martelo(e), e a este autor é a seguinte:
perda de energia na compressão elástica
daestaca. Recomenda-se um fator de correção W 2 ×P×h
igual a 2. (W + P )2 × s
Ru = (4)
CS
e ×W × h
1 2 × e ×W × h × L 2.5 Fórmula de Hiley
s+
Ru = 2 A× E (2)
CS A Fórmula de Hiley, proposta em 1925,
presupõe fator de correção entre 2 e 6
Onde:
e ×W × h W +η 2 × P
 e (Eficiência do sistema de cravação); ×
1 W +P
s+ (C1 + C 2 + C3 )
Ru = 2 (5)
2.3 Fórmula dos Holandeses CS

Onde;
 C1, C2 e C3 (Compressões elásticas
(repiques) do capacete, estaca e do solo
respectivamente;
 η (Coeficiente de restituição igual a 0,25
para estacas de concreto cravadas com
capacete com coxim de madeira);

2.6 Fórmula Engineering News Record

A fórmula da Engineering News Record,


proposta por A.M. Wellington em 1888, se
baseia na premissa de que, sob a ação do
martelo, a estaca se encurta elasticamente e
depois penetra no solo encontrando uma dada
resistência Ru, seguindo o diagrama
esquematizado na figura 5. Para esta fórmula
deve ser usado um fator de correção igual a 6.

W ×h
Ru = s + c (6)
CS

2.7 Fórmula Energy Approach Figura 2– Sensores de aceleração e deformação instalados


na estaca para realização do ensaio de carregamento
Segundo Bilfinger (2002), pode-se se dinâmico.
determinar a resistência mobilizada atráves da
energia aplicada e dos deslocamentos
permanente e total. RESULTADOS

e ×W × h Foram realizados na obra 63 ensaios de


carregamento dinâmico (ECD), os quais
Ru = s + DMX (7) serviram para balizar os ajustes das fórmulas
CS
dinâmicas às caractertisticas da obra. Dentre os
ECD foram ensaiadas 4 seções transversais de
Onde:
estacas de concreto protendido, sendo elas
estacas quadradas com lado 200mm, 230mm,
 DMX (Deslocamento máximo sofrido
260mm para as seguintes cargas de trabalho,
durante a aplicação do golpe)
300kN, 400kN, 500kN respectivamente e uma
estaca com seção circular de diâmetro 330mm
Para esta fórmula sugere-se fator de
para carga de trabalho de 700kN.
correção igual a 2.
As estacas ensaiadas possuiam “set-up”
que variaram na obra entre 1 e 43 dias da data
Na figura 2 é possível visualizar os sensores
da cravação da estaca, com set-up médio de 5
de aceleração e deformação instalados na estaca
dias entre a cravação e a realização dos ensaios
para realização do ensaio de carregamento
de carregamento dinâmicos. De acordo com a
dinâmico.
figura 3, é possivel observar as capacidades de
cargas obtidas nas analises CAPWAP divididas
pelo fator de segurança igual a 2 para cada tipo
de estaca em função do comprimento cravado. uma correlação para cada método com
coeficientes de segurança variando de 1,16 a
20 10,72. Com a adoção dos fatores de correção
para cada fórmula é possível uniformizar o
Comprimento Cravado (m)

19
18
17
estaqueamento de forma a atender as premissas
16 do projeto.
15 Com auxilio das figuras 4 e 5, pode-se
14
13
observar a comparação dos métodos dinâmicos
12 com os valores obtidos nas analises CAPWAP,
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 ambos divididos pelos coeficientes de
RMX / 2 (kN)
segurança adotados na tabela 1.
L=200mm L=230mm L=260mm D=330mm

Figura 3 – capacidade de carga da estaca em função do 1600


comprimento cravado.
1400

Resistência Dinâmica / CS Corrigido (kN)


Na figura 3, pode-se obsevar que todas
1200
as estacas atenderam o fator de segurança global
superior a 2, solicitado pela NBR6122 (2010). 1000
A tabela 1 mostra o coeficiente de segurança
para cada método dinâmico, tomando como 800

base as analises CAPWAP com coeficiente de Janbu


600
segurança igual a dois, de acordo com a Hiley

NBR6122 (2010). 400


Dinamarqueses
Holandeses
Brix
Tabela 1 - Estimativa da capacidade de carga das estacas 200
Engineering News Record
através dos métodos dinâmicos. Energy Approach
0
Ru CS 0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Fórmulas Desvio CS. do
Médio R² Adotado RMX/2 (kN) - CAPWAP
Dinâmicas Padrão autor
(kN) Corrigido
Figura 4 – Comparação entre os métodos dinâmicos e as
Janbu 581 0,62 144 2 2,41 analises CAPWAP com o fator de correção proposto
pelos autores.
Dinam. 588 0,67 177 2 2,14
1600
Holand. 588 0,45 224 10 10,72
1400
Brix 596 0,55 243 4a5 3,95
Resistência Dinâmica / CS Corrigido (kN)

Hiley 582 0,72 142 2a6 1,50 1200


Eng.
News 585 0,80 149 6 1,25 1000
Record
Energy 800
586 0,80 153 2 1,16
Approach
600 Janbu
CAPWAP
585 X 129 2 2,00 Hiley
RMX / 2 Dinamarqueses
400
Holandeses
A tabela 1 mostra como é importante a 200
Brix

escolha do fator de segurança para cada método Engineering News Record


Energy Approach
para não superestimar e nem subestimar demais 0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
a capacidade de carga suportada pela estaca.
RMX/2 (kN) - CAPWAP
Desta forma tomando como base as analises
CAPWAP com fator de segurança igual a 2, Figura 5 – Comparação entre os métodos dinâmicos e as
valor solicitado pela NBR6122 (2010), temos analises CAPWAP com ajuste do fator de correção
Com auxilio da figura 5, observa-se uma Prática, 1ª edição.
nuvem de pontos próximos a capacidade de Hiley A., (1925) “A rational pile driving formula and its
application in piling practice explained”. Engineering
carga idealizada com base nos ensaios de (London) (119), pp. 657-721.
carregamento dinâmicos, independente do tipo Likins, et al (2012), Pile Driving Formulas – Past and
de estaca executada e capacidade de carga da Present. Full Scale Testing and Foundation Design
mesma. ASCE Geo-Institute Geotechnical special publication
nº227, pp. 650-663.
Velloso, D.A., Lopes, F.R. (2002), Fundações Vol. 2.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Editora COPPE-UFRJ, Rio de Janeiro.

A correção do coeficiente de segurança


dos diversos métodos dinâmicos para estimativa
da capacidade de carga das estacas permitiu
uniformizar o estaqueamento, garantindo assim
a melhor correlação entre cada método e a
correlação com os ensaios de carregamento
dinâmicos.
Foi verificado no trabalho a importancia
de ajustar as fórmulas dinâmicas para previsão
da capacidade de carga das estacas com objeivo
de uniformizar o estaqueamento, deve-se
sempre realizar ensaios de carregamento
dinâmicos previamente para adoção do fator de
correção de cada fórmula dinâmica, assim como
utilizar sempre mais de uma fórmula dinâmica,
ja que as mesmas possuem grande variações.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Benaton Fundações e


empresa responsável pela execução da obra por
cederem os ensaios de carregamento dinâmicos
realizado na obra de Jacareí, assim como as
informações necessárias para elaboração deste
trabalho.

REFERÊNCIAS

ABNT. NBR 13208, (2007) Estacas Ensaio de


carregamento dinâmico, Rio de Janeiro.
ABNT. NBR 6122, (2010) Projeto e Execução de
Fundações, Rio de Janeiro.
Avelino, J. D., (2006) Análise de Desempenho de Estacas
de Fundação em um Terreno com Presença de Solos
Moles. Dissertação de Mestrado – Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
Bilfinger (2002), Critérios de Segurança de Fundações
em Estacas Cravadas com Considerações de Controle
Executivos. Tese de Doutorado, EPUSP.
Gonçalves, C., Bernades, G. P., Neves, L. F. S., (2007)
Estacas Pré-Fabricadas De Concreto, Teoria E

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