Você está na página 1de 10

Instituto Tecnológico de Aeronáutica

Divisão de Engenharia Civil

Relatório de GEO-36
Ensaio de determinação do coeficiente de permeabilidade de solos
granulares à carga constante

Turma de Engenharia Civil T24

Componentes do grupo:
Alessandro Pimentel Mesquita
Rafaella Carmo dos Santos
Samara Cavalcante Lemos

Professores:
Paulo Hemsi e Schiavon
Sumário

1 Introdução 3

2 Materiais e métodos 4

3 Resultados 6

4 Conclusão 9

5 Referências Bibliográficas 10
1 Introdução

A determinação do coeficiente de permeabilidade de solos granulares possui elevada


relevância para a construção civil no que tange a avaliar o quão permeável ele é e, deste
modo, possibilitar a escolha de melhores soluções para a execução de um projeto. Visando-
se a determinação do coeficiente de permeabilidade de solo coletado na cidade São José
dos Campos, no Campus do DCTA, foram feitos ensaios cuja experimentação e resultados
(amparados pela norma ABNT NBR 13292 [2]) serão descritos ao longo desse relatório.

O ensaio consistiu na preparação da amostra de solo, como o posterior peneiramento


especı́fico. Em seguida, foi feito a formação do corpo de prova, com a determinação do
teor de umidade e controle de compactação.

Para a execução desse experimento, alguns instrumentos ganham relevância:

1. Permeâmetro: usado para a medição da condutividade hidráulica do solo saturado.


Foi usado o permeâmetro do tipo 1.

2. Reservatório com filtro: usado para irrigação

3. Funil: usado para derramar o material no permeâmetro,

4. Bomba de vácuo: usado para a remoção do ar e a saturação do corpo-de-prova

5. Tubo manométrico: usado para a medição das cargas hidráulicas

6. Peneiras: usadas para peneirações especı́ficas

7. Balanças: usadas para coleta da massa das amostras e materiais usados

Tais instrumentos foram aferidos e se enquadram nos seguintes critérios, regidos pela
norma ABNT NBR 13292 [2]:

1. O permeâmetro deve ter diâmetro interno no mı́nimo de 8 a 12 vezes a dimensão


máxima dos grãos maiores. A sua altura útil deve ser de 1,5 a 2 vezes o diâmetro
interno.

2. O Reservatório com filtro para manutenção de carga constante deve ser dotado de
um filtro, constituı́do por uma camada de areia fina, para retenção de parte do ar
contido na água de alimentação do sistema.

3. Funil: deve ser utilizado um funil grande, dotado de um bico com comprimento
superior à altura total do permeâmetro. O diâmetro do bico deve ser de 13 mm ou
25 mm, respectivamente, caso a dimensão dos grãos maiores seja de 2,0 mm ou 9,5
mm

4. Bomba de vácuo: deve ser utilizada uma bomba de vácuo capaz de aplicar um vácuo
de no mı́nimo 67 kPa (50 cm Hg).

5. Tubo manométrico: devem ser dotados de escala graduada em milı́metros

3
6. Peneiras: As peneiras devem ser de 19,0 mm, 9,5 mm, 2 mm e 0,075 mm.

7. Balanças: devem ser usadas balanças que permitem pesar nominalmente 2 kg, 10 kg
e 40 kg, com resoluções de 1 g, 2 g e 5 g, respectivamente, e que tenham sensibilidades
compatı́veis.

Para a definição do coeficiente de permeabilidade do solo, serão usadas as seguintes


fórmulas, presentes na norma ABNT NBR 13292 [2]:

Q
v= (1)
St

Tal que v é a velocidade de fluxo, Q é a vazão e St é a área da seção transversal da


válvula na qual a água passa.

H
i= (2)
L

Em que i é o gradiente hidráulico (coeficiente de permeabilidade), H é a diferença


de carga e L é o comprimento entre as duas válvulas. Dessa forma, torna-se possı́vel a
determinação do coeficiente de permeabilidade.

2 Materiais e métodos
1. Permeâmetro

2. Reservatório com filtro

3. Funil

4. Equipamento para compactação

5. Bomba de vácuo

6. Tubos manométricos

7. Balanças

8. Barra de calibração

9. Peneiras

10. Equipamentos diversos (termômetro, cronômetro, proveta, repartidor de amostras,


bandeja metálica, paquı́metros, etc.)

Fundamentando-se na norma ABNT 13292, o ensaio se inicia com a preparação da


amostra de solo utilizando-se do repartidor de amostras, a qual deve ser previamente seca
e conter menos que 10% do material passante na peneira de 0,075 mm. Em seguida, o

4
Figura 1: Permeâmetro tipo 1.

material é submetido à uma peneira de 19 mm, cujo material passante deve ser suficiente
para preencher de forma homogênea o permeâmetro tipo 1, mostrado na figura a seguir:

Posteriormente, é iniciada a etapa de formação do corpo de prova, iniciada com a


medição das diâmetro interno do permeâmetro, a medição da distância entre as aberturas
do tubo nanométrico e a medição da profundidade entre a face superior da barra de
calibração e a tela superior (4 medidas cuja média é anotada como A1 ). Em seguida, uma
pequena amostra de solo é separada para a determinação do teor de umidade e a massa
remanescente é anotada como M1 . Após isso, o solo é preparado (de acordo com seu
máximo diâmetro) em camadas uniformes de forma que sua altura após a compactação
seja de no mı́nimo 2 centı́metros.

Figura 2: Montagem para a saturação da amostra.

Dessa forma, cada camada de solo é compactada de acordo com a compacidade


relativa, de modo que o topo do corpo de prova deve estar cerca de 2 centı́metros acima
da abertura do tubo manométrico. Após esse procedimentos, o topo do corpo de prova
é nivelado e a altura entre a parte superior da barra de calibração e o topo do disco
perfurado/tela superior (4 medições cuja média é anotada como A2 ).

A altura do corpo de prova será dada por A1 −A2 e sua massa será dada por M1 −M2 ,

5
em que M2 é a massa restante na bandeja após a formação do corpo de prova. Em seguida,
o material granular é adicionado seguido do prato superior do permeâmetro. As ligações
no permeâmetro são então realizadas de acordo com a figura 3 e a realização do vácuo é
efetuada com o auxı́lio de uma bomba de vácuo a a partir de uma pressão crescente até
67 kPa. Após a aplicação do vácuo, abre-se a válvula da base para a saturação do solo
de modo a maximizar o gradiente hidráulico e, por fim, a redução gradual do vácuo até
que ele se anule.

Por fim, fecha-se a válvula da base do permeâmetro e desconecta-se tanto a bomba


de vácuo quanto o reservatório de água. Após os devidos cuidados com o manuseio do
permeâmetro e do sistema de manômetros, abre-se ligeiramente a válvula dos manômetros
para a passagem de água e ar; conecta-se os tubos manométricos nas respectivas válvulas
de forma a preenchê-los de água e espera-se o nı́vel de água estabilizar-se. Finalmente,
após rasar o excesso de material , determina-se e registra-se a massa do corpo de prova
M com a resolução indicada em 3.7.

Nesse ponto, inicia-se a performance do ensaio. Com as válvulas abertas e ocor-


rida a estabilização de cargas, mede-se a diferença nos nı́veis do tubo nanométrico (H), a
temperatura T e o volume percolado. Em seguida, aumentando-se a carga de 0.5 em 0.5
centı́metros, repete-se o procedimento anterior em que a velocidade v = Q/st é proporci-
onal ao gradiente hidráulico.

3 Resultados

Foi analisada a vazão para dois casos de diferença de carga hidráulica, obtida pela
diferença entre as alturas indicadas no piezômetro da válvula superior e inferior do cilindro,
tais medidas estão apresentadas nas tabelas 1 e 3. Para cada um desses casos houve duas
medidas de vazão a partir dos valores de tempo de escoamento e massa de água liberada
nesse perı́odo. Tais dados se encontram nas tabelas 2 e 4 .

Tabela 1: Dados do piezômetro para o caso de maior diferença de carga hidráulica


H maior (m) H menor (m) Diferença de carga (m)
0,190 0,108 0,082
Fonte: Os autores

Tabela 2: Dados de vazão para o caso de maior diferença de carga hidráulica


Massa da água (kg) Tempo (s) Vazão (kg/s) Vazão vol (cm3 /s)
Medida 1 0,3824 20,03 0,01909 1,914
Medida 2 0,4421 24,31 0,01819 1,823
Medida 3 0,4010 21,88 0,01833 1,837
Média 0,4085 22,07 0,01854 1,858
Fonte: Os autores

6
Tabela 3: Dados do piezômetro para o caso de menor diferença de carga hidráulica
H maior (m) H menor (m) Diferença de carga
0,155 0,104 0,051
Fonte: Os autores

Tabela 4: Dados de vazão para o caso de menor diferença de carga hidráulica


Massa da água (kg) Tempo (s) Vazão (kg/s) Vazão vol. (cm3 /s)
Medida 1 0,2937 17,20 0,01707 1,711
Medida 2 0,4183 24,47 0,01710 1,714
Medida 3 0,2727 15,88 0,01717 1,721
Média 0,3282 19,18 0,01711 1,716
Fonte: Os autores

Os dados obtidos de vazão e diferença de carga estão expostos na tabela 5. Foi


considerada a densidade da água a 23ºC [4] para o cálculo da vazão volumétrica a partir
da vazão em massa.A área da seção transversal do cilindro, por onde ocorre a percolação,
é de 0.01848 m2 , o que nos permite saber a velocidade de percolação, pois a vazão é a
multiplicação da velocidade pela área da seção transversal:

Vvolumétrica = Aseçãotransversal · vpercolação

Além disso, a velocidade obtida será multiplicada por um fator de ajuste devido
à temperatura baseado na tabela da figura 3 para ser obtido a velocidade equivalente a
20ºC.

vpercolação20C = f atorajuste · vpercolação

Para os cálculos consideramos a distância entre os eixos das válvulas sendo L =


0,1587 m. Sendo o gradiente hidráulico a razão entre a diferença da carga hidráulica e o
comprimento L:

i = ∆H/L

Tabela 5: Dados de velocidade e vazão de dois casos de fluxo de água devido a


diferentes gradientes hidráulicos
H (m) i (grad. hidráulico) Vazão (cm3 /s) V (m/s) V20C (m/s)
0,082 0,5167 1,858 1.005 × 10−4 9.350 × 10−5
0,051 0,3214 1,716 9.283 × 10−5 8.633 × 10−5
Fonte: Os autores

7
Figura 3: Tabela de conversão de velocidades baseado na razão de fatores de viscosidades
da água em diferentes temperaturas

Percebe-se que os valores estão coerentes com a teoria geotécnica referente à in-
fluência da carga hidráulica na intensidade da vazão, visto que para menores gradientes
hidráulicos, a vazão e velocidade são menores.

A relação dos valores de velocidade ajustada em função dos gradientes hidráulicos


pode ser aproximada pela reta do gráfico da figura 4 através da construção de uma reta
que passa pela origem e se interpola entre os dois pontos usados como referência. A
equação da reta é:

V20C = k20C · i

V20C = 2.14 × 10−4 · i

Sua natureza linear abrangendo a origem é assegurada pela teoria geotécnica [3] de
percolação que informa a dependência linear da vazão com o gradiente hidráulico sem a
presença de termos independentes.

De onde é obtido o valor do coeficiente de permeabilidade k = 2.14 × 10−4 m/s.


Comparando o resultado com valores da literatura [3], há coerência com os valores refe-
rentes a materiais arenosos, que variam de 1 × 10−3 a 1 × 10−5 .

8
Figura 4: Aproximação linear da relação entre velocidade de percolação ajustada e
gradiente hidráulico

4 Conclusão

Por meio da prática experimental realizada, foi possı́vel a determinação com êxito
de parâmetros que possibilitaram o cálculo do coeficiente de permeabilidade da amostra
estudada, conforme a norma ABNT NBR 13292 [2]. O uso da norma atestou a qualidade
do ensaio, possibilitando a identificação de dados destoantes, a avaliação do resultado
obtido e a padronização da metodologia abordada.

Além disso, controles rigorosos de tempo e de processos levaram à uma maior con-
fiabilidade dos resultados obtidos, com ressalva para eventuais divergências de medições
decorrentes de operadores de instrumentação distintos, mas que, entretanto, não causaram
mudanças significativas.

Atesta-se, portanto, que o ensaio cumpriu com exatidão sua proposta inicial, apre-
sentando resultados coerentes com a teoria do assunto abordado, sendo uma prática ex-
perimental fundamental no ensino da disciplina GEO-36 (Engenharia Geotécnica I).

9
5 Referências Bibliográficas

[1] NOGUEIRA, J. B. Mecânica dos Solos: Ensaios de laboratório. São Carlos, 2005.

[2] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13292: Solo -


Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos granulares à carga
constante. Rio de Janeiro, 1995.

[3] PINTO, C.S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 2. ed. com exercı́cios
resolvidos. São Paulo, 2002. 355 p.

[4] Haynes, William M.,, et al. CRC Handbook of Chemistry and Physics: A Ready-
reference Book of Chemical and Physical Data. 2016-2017, 97th Edition / Boca Ra-
ton, Florida, CRC Press, 2016.

10

Você também pode gostar