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Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA

Departamento de Engenharia-Civil
Laboratório de Geotecnia - GEO 36

LAB 02 - Ensaios de Solo


Departamento de Geotecnia

Talles Eduardo Camargo dos Santos


Guilherme Lacerda de Oliveira Celestino

São José dos Campos


2022
1

Sumário

1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2 Objetivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
3 Materiais e Métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.1 Preparação inicial da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.2 Ensaio de compactação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
3.2.1 Determinação do teor de umidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
3.2.2 Determinação da massa específica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
3.3 Expansão e penetração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
3.4 Permeabilidade de solos granulares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
4 Resultados e Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
4.1 Ensaio de compactação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
4.1.1 Determinação da umidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
4.1.2 Determinação da massa específica aparente seca . . . . . . . . . . . . . . 9
4.2 Expansão e penetração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4.3 Ensaio de permeabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
5 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
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1. Introdução

Quando se pretende identificar as condições que influenciam a capacidade resistiva de um


solo, a análise geotécnica da área a qual abrange a construção é de fundamental importância,
pois assim é possível avaliar qual a profundidade necessária para construir as contenções, aterros,
barragens etc.
Nesse sentido, a literatura indica que os ensaios de compactação, expansão e penetração, e
permeabilidade são de grande relevância. Após a preparação da amostra, que por sua vez envolve
peneiramento, aquecimento em forno entre outras etapas, é calculada a umidade e conferida a
relação com a massa específica, que é um importante indicador para a caracterização do solo.
Também é fonte de análise a relação índice suporte califórnia (indicador da resistência do
solo em função da deformação causada por uma aplicação de carga) versus umidade encontrada.
Por último mas não menos importante, a permeabilidade do solo foi analisada, fazendo-se
várias medições e corrigindo eventuais desvios como o da variação da viscosidade e densidade
com a temperatura.
Sendo assim, a realização dos procedimentos citados foram escopo deste trabalho, o qual
possui como objeto de estudo uma amostra de solo natural, além de estarem embasados nas
devidas orientações da norma técnica brasileira.
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2. Objetivo

Este estudo tem por finalidade a determinação das características gerais de uma certa
amostra de solo retirada de um terreno do DCTA, em São José dos Campos, São Paulo. Também
é escopo do trabalho demonstrar a aplicação dos ensaios atribuídos à caracterização de solos,
com a devida exposição das normas técnicas envolvidas.
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3. Materiais e Métodos

Uma amostra foi coletada de um terreno em sacas contendo cerca de dez quilogramas de
solo em dois pontos afastados cerca de 5 metros.

Figura 1 – Imagem do terreno do qual foi retirada a amostra utilizada nos ensaios.

3.1. Preparação inicial da amostra

Essa amostra foi levada ao laboratório, onde foi realizado o quarteamento de pouco mais
de 1 quilograma, o qual consiste na divisão em quatro partes iguais, utilizando-se um separador
de amostras.
Metade da amostra quarteada foi então levada a um almofariz para que os torrões fossem
fragmentados com o intuito de tornar essa parte da amostra mais homogênea no que se refere
ao tamanho das partículas (NOGUEIRA, 2005).

3.2. Ensaio de compactação

O objetivo desta etapa é determinar o grau de umidade ótimo tal que o solo possa ser
compactado ao máximo, isto é, situação com maior densidade de solo.
Capítulo 3. Materiais e Métodos 5

Figura 2 – Imagem do material solo inicial utilizado para análise.

Em primeiro lugar, as dimensões do cilindro foram medidas e conferidas. Após isso,


procedeu-se com o peneiramento do solo na peneira #4 até obter-se 6 kg de amostra.
Em seguida, água foi adicionada e o solo misturado até obter-se um material homogenei-
zado com teor de umidade presumido de 5% (o que pode ser indicado pela facilidade com que é
possível ”moldar” a terra, fazendo torrões).
A partir daí, às outras 5 amostras foi adicionada água até teor de umidade gravimétrico
esperado em 7%, 9%, 11% e 13%, acrescentando o equivalente a 2% em massa de solo (120 mL).
Cada uma das amostras foi compactada com o auxílio de um soquete grande por um total
de 26 golpes.
O aparato foi pesado e o excedente armazenado em duas cápsulas, pesado e colocado no
forno para obter-se o solo seco, possibilitando a determinação da umidade inicial (NBR 7182,
2016).

3.2.1 Determinação do teor de umidade

Além disso, o teor de umidade gravimétrico w também pode ser calculado como sendo:

m1 − m2
w= × 100 (3.1)
m2 − m3
em que m1 é a massa do solo natural mais recipiente, m2 a massa do solo seco mais
recipiente e m3 a massa do recipiente. Esse procedimento para o cálculo da umidade foi feito
Capítulo 3. Materiais e Métodos 6

Figura 3 – Procedimento seguido para a execução dos golpes.

para as duas porções da amostra excedente, e calculado para as outras 4 amostras nas quais
foram adicionadas água aos poucos (valores para as outras execuções anotados na seção de
resultados).
A curva de saturação (relação entre a massa específica aparente seca e o teor de umidade
quando Sw = 100%), por sua vez, é obtida com a seguinte expressão:

Sw
ρd = w (3.2)
ρw
+ Sρws

em que ρd se refere à massa específica aparente do solo seco, expresso em g/cm3 , Sw o


grau de saturação do solo, aqui igual a 100 %, w o teor de umidade, em porcentagem, ρs a
massa específica dos grãos de solo, expressa em g/cm3 e ρw a massa específica da água, logo
ρw = 1 g/cm3 .

3.2.2 Determinação da massa específica

A massa específica do solo seco, por sua vez, pode ser calculada por meio da expressão:

Mu × 100
ρd = (3.3)
V (100 + w)

em que ρd é a massa específica aparente do solo seco, expresso em g/cm3 , Mu a massa


úmida do solo compactado, em gramas, V o volume útil do molde cilíndrico, em cm3 e w o teor
de umidade do solo compactado, em porcentagem (NBR 7182, 2016).
Capítulo 3. Materiais e Métodos 7

3.3. Expansão e penetração

A etapa seguinte consistiu em imergir o corpo de prova em tanque com água, permitindo
a medição da expansão volumétrica do solo em virtude da saturação. A diferença de volume foi
anotada ao fim de 4 dias consecutivos para as 5 amostras.
O corpo de prova foi, então, direcionado ao molde cilíndrico padronizado para se prosse-
guir com a penetração (aplicação de carga de 45N controlada pelo deslocamento por meio de
deflectômetro), permitindo avaliar a capacidade suporte do solo por meio do Índice de Suporte
Califórnia, ISC ou CBR (California Bearing Ratio) (NBR 9895, 2016).
Foi utilizada energia de compactação intermediária (26 golpes). Com esses dados, é pos-
sível obter o ISC do solo analisado. A partir de:

pressão calculada ou corrigida


ISC = × 100 (3.4)
pressão padrão

3.4. Permeabilidade de solos granulares

Este método se baseia na determinação do coeficiente de permeabilidade a carga constante,


com água percolando através do solo, em regime de escoamento laminar.
Os materiais para esse experimento são especificados na norma (NBR 13292, 1995), e o
solo utilizado aqui se trada de uma areia média. Inicialmente, coloca-se uma camada de brita na
base do permeâmetro (um solo com uma condutividade maior do que a do solo estudado), seguido
de uma tela para separar da areia que é colocada logo acima, depois, outra tela separadora e
termina-se de preencher o permeâmetro.
Isso feito, agora é necessário fazer vácuo no permeâmetro, de forma a retirar todo o
ar e então saturar completamente o solo. Então, é realizada a conexão dos tubos dos tubos
manométricos e após a estabilização dos níveis d’água é então possível realizar a coleta dos
dados, ao abrir a torneira na base do permeâmetro e cronometrar o tempo, volume de água e
temperatura da água, além da diferença de carga nos manômetros

Figura 4 – Aparato de permeâmetro padrão utilizado no ensaio


Capítulo 3. Materiais e Métodos 8

Após a preparação da amostra e verificação das dimensões do aparato necessário, foram


reproduzidas 3 trincas de medidas, cada qual com diferentes cargas hidráulicas, no intuito de
determinar as pressões no topo e na base de cada corpo de prova (NBR 13292, 1995).
Sendo o diâmetro D = 15, 4cm2 área da seção foi calculada por meio de:

D2
S=π = 186, 25cm2 (3.5)
4
Os dados para a massa do béquer mais água coletada, massa de água coletada, tempo
de coleta e altura da coluna de água foram sintetizados em tabela, assumindo correção da
viscosidade com a temperatura e utilizando das relações a seguir:

VT
ν20◦ C = ν , viscosidade corrigida; (3.6)
V20◦ C

Q
ν= , viscosidade; (3.7)
S∆t

∆m
Q= , vazão; (3.8)
ρ

H = htopo − hbase , altura efetiva; (3.9)

H
i= , gradiente hidráulico. (3.10)
L
9

4. Resultados e Discussão

4.1. Ensaio de compactação

Inicialmente, um recipiente foi pesado resultando em 1138 g vazio e 7139 g com a inserção
do solo, reservando, portanto, cerca de 6 kg de solo natural que passou pela peneira de 19 mm.
O aspecto ”plástico” do solo em função da adição de água foi alcançado com cerca de
700 mL, volume presumido a representar um ponto 5 % abaixo da umidade ótima. Os outros 4
pontos foram determinados adicionando-se 820 mL (westim. = 7%), 940 mL (westim. = 9%), 1060
mL (westim. = 11%) e 1180 mL (westim. = 13%).
O cilindro vazio pesou 5681 g e, cheio desse solo, pesou 9610 g.

4.1.1 Determinação da umidade

O teor de umidade gravimétrico foi calculado a partir das massas obtidas com as pesagens.
Exemplificando para a amostra 2 (amostra de estudo da equipe deste trabalho), ma1 = 32, 07 g,
ma2 = 29, 94 g e ma3 = 15, 4 g, mb1 = 34, 9 g, mb2 = 32, 7 g e mb3 = 17, 99 g, sendo o índice a
referente a uma porção e o índice b à outra:

32, 07 − 29, 94
wI = × 100 ≈ 14, 65 %
29, 94 − 15, 4

34, 9 − 32, 7
wII = × 100 ≈ 14, 95 %
32, 7 − 17, 99

wI + wII
∴ wmed = ≈ 14, 8 %
2

4.1.2 Determinação da massa específica aparente seca

Para a determinação da massa específica aparente seca, de acordo com a expressão 3.3.
Também relativo à amostra de estudo atribuída à equipe deste trabalho, sendo Mu = 3929 g e
V = 916, 36 cm3 , temos:

3929 × 100
ρd = ≈ 3, 74 g/cm3
916, 36(100 + 14, 8)
Capítulo 4. Resultados e Discussão 10

4.2. Expansão e penetração

A tabela abaixo contém as profundidades perfuradas e a carga utilizada para essa pene-
tração (bitola da haste perfurante igual a 4, 98cm):

Tabela 1 – Carga x Profundidade

h (mm) P1 (kg) P2 (kg) P3 (kg) P4 (kg) P5 (kg)


0,63 30 46 39 11 16
1,27 36 120 75 18 23
1,90 43 161 103 25 30
2,54 47 192 143 34 37
3,17 53 218 189 43 43
3,81 57 239 221 53 47
4,44 61 257 244 63 53
5,08 64 267 261 71 56
6,35 63 277 295 87 65
7,62 58 284 315 98 70
8,89 51 282 334 109 75
10,16 46 285 350 116 79
11,43 37 287 360 124 83
12,70 31 298 370 130 89

Sendo a área do soquete igual a:

πD2
Asoquete = ≈ 0, 0019 m2 (4.1)
4
Divide-se a carga executada, multiplicada pela gravidade (9, 81 m/s2 ), pela área do so-
quete obtém-se as pressões correspondentes. Logo é possível definir a relação entre a pressão
encontrada e a penetração (calculada e corrigida) para as penetrações com 2, 54 mm e 5, 08 mm:

Tabela 2 – Pressões calculadas e corrigidas para cada amostra


Amostra Pressão (MPa) Pressão corrigida (MPa)
Pentração (2,54 mm) Penetração (5,08 mm) Pentração (2,54 mm) Penetração (5,08 mm)
1 0,24 0,32 0,12 0,25
2 0,99 1,35 −0, 33 ∗ 109 −0, 36 ∗ 109
3 0,75 1,34 0,83 1,38
4 0,17 0,36 0,19 0,38
5 0,19 0,29 0,15 0,26

Uma vez que uma das amostras apresentou um valor muito distoante para a pressão
corrigida, de acordo com a norma podemos desconsiderar a correção para esta medida. Os
valores dos índices suporte california (ISC) para cada amostra estão exibidos abaixo:
Capítulo 4. Resultados e Discussão 11

Tabela 3 – ISC por amostra


Amostra ISC (%)
Penetração (2,54 mm) Penetração (5,08 mm)
1 1,79 2,38
2 14,33 13,01
3 11,99 13,30
4 2,82 3,69
5 2,15 2,54

A partir desses valores, escolhe-se o maior obtido para se definir o índice ISC característico,

Figura 5 – Massa específica aparente seca (g/cm3 ) versus umidade (%)

Figura 6 – ISC versus umidade (%)

resultando em:
Capítulo 4. Resultados e Discussão 12

Tabela 4 – ISC (%) final por amostra


Amostra ISC (%)
1 2,38
2 14,33
3 13,3
4 3,69
5 2,54

4.3. Ensaio de permeabilidade

Uma vez seguidas as especificações sobre os materiais contidas na norma (NBR 13292,
1995), busca-se determinar o coeficiente de permeabilidade das amostras. Duas situações foram
consideradas, cada qual com uma carga hidráulica correspondente. Para tanto, as grandezas
pertinentes medidas estão sintetizadas na tabela a seguir. Considerando a temperatura de 23◦ C
para a água, a massa específica da água como 0,9975 g/cm3 e a altura do corpo de prova medida
igual a 15, 87cm. O cálculo da viscosidade a 20◦ C foi feito por meio da equação (3.6), como se
segue:

ν20◦ C = 0, 93 ∗ ν (4.2)

Situação 1 Situação 2
Medida 1 382,4 293,7
Massa de água coletada (g) Medida 2 442,1 418,3
Medida 3 401,0 272,7
Medida 1 20,03 17,2
Tempo de coleta (s) Medida 2 24,31 24,47
Medida 3 21,88 15,88
htopo 19 15,5
Altura (cm)
hbase 10,8 10,4

Situação 1 Situação 2
Medida 1 383,35 294,43
Volume de água percolado (cm3 ) Medida 2 443,2 419,34
Medida 3 402 273,38
Medida 1 19,14 17,11
Fluxo (cm3 /s) Medida 2 18,23 17,14
Medida 3 18,37 17,21
Medida 1 17,8 15,91
Fluxo a 20◦ C (cm3 /s) Medida 2 16,95 15,94
Medida 3 17,08 16
Carga hidráulica (cm) 8,2 5,1

Por fim, a velocidade de fluxo resultante, a 20◦ C, e o respectivo gradiente hidráulico foram
encontrados (o primeiro dividindo-se a média dos valores medidos pela área do corpo de prova
e o segundo pela carga dividida pela altura do corpo de prova):
Capítulo 4. Resultados e Discussão 13

Situação 1 Situação 2

Velocidade de fluxo a 20 C (cm/s) 0,092 0,085
Gradiente hidráulico 0,51 0,32

sendo a tangente da curva que correlaciona esses dois valores (velocidade e gradiente
hidráulico) o próprio coeficiente de interesse. Assim, avaliando-se a média das razões para as
duas situações consideradas, temos como resultado:

k = 0, 22 cm/s (4.3)
14

5. Conclusão

Os resultados encontrados revelam uma umidade ótima em torno de 14,3 %, para a qual
foi alcançada a maior compactação do solo em estudo (correspondente ao estado do solo com
maior densidade).
O índice suporte califórnia foi mais acentuado para a amostra 2, a qual continha o valor
mais próximo da umidade ótima esperada. Isso é coerente uma vez que um valor maior do ISC
indica maior capacidade resistiva do solo para essa configuração.
A permeabilidade calculada (k ≈ 0, 2cm/s) é, por sua vez, condizente com as previsões
adotadas inicialmente para o solo, isto é, característico de solo arenoso.
Este estudo, portanto, apresentou de forma sintetizada a aplicação da norma sobre os
ensaios de caracterização, bem como alcançou os objetivos inicias na medida em que demonstrou
uma excelente via para a determinação de parâmetros convenientes voltados para garantir a
segurança em obras sobre solo.
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Referências

NBR 13292. ABNT NBR 13292 - Solo - Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos
granulares à carga constante. 1995. Citado 3 vezes nas páginas 7, 8 e 12.

NBR 7182. ABNT NBR 7182 - Solo - Ensaio de compactação. 2016. Citado 2 vezes nas páginas
5 e 6.

NBR 9895. ABNT NBR 9895 - Solo - índice de suporte califórnia. 2016. Citado na página 7.

NOGUEIRA, J. B. Mecânica dos solos - ensaios de laboratório. 2005. Citado na página 4.

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