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Relatório referente ao ensaio de

adensamento solicitado como

requisito avaliativo final da disciplina

de Laboratório de Solos II.

José Guilherme Porto Oliveira

Palmeira dos Índios, Março de 2018

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Sumário

1. Introdução............................................................................................................................ 3

1.1. Fundamentos do adensamento em solos arenosos e argilosos ..................................... 4

2. Objetivo do ensaio de adensamento unidirecional .............................................................. 5

3. Normas utilizadas ................................................................................................................ 5

4. Metodologia experimental................................................................................................... 5

4.1. Dados previamente coletados ...................................................................................... 5

4.2. Cálculo das cagas a serem aplicadas ............................................................................ 6

4.3. Aparelhagem necessária .............................................................................................. 6

4.4. Execução do ensaio ...................................................................................................... 7

5. Resultados obtidos............................................................................................................. 10

5.1. Dados obtidos no extensômetro ................................................................................. 10

5.2. Procedimento dos índices de vazios para a curva ...................................................... 10

5.3. Curva de adensamento ............................................................................................... 11

5.4. Tensão de pré adensamento pelo método de Casagrande .......................................... 12

5.5. Tensão de pré adensamento pelo método de Pacheco Silva ...................................... 13

5.6. Índice de compressão (𝐶𝐶) ........................................................................................ 13

5.7. Índice de expansão (𝐶𝑆)............................................................................................. 14

6. Conclusão .......................................................................................................................... 14

7. Referências ........................................................................................................................ 14

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1. Introdução

O solo é um sistema de partículas heterogêneo, formado por grãos e espaços vazios entre

as partículas. Os espaços vazios podem estar preenchidos ou não por água, ar ou por ambos

simultaneamente.

Um aumento de tensão nas camadas de solo pode ser proveniente de fundações ou outros

elementos nele apoiados. A compressão é causada pela deformação das partículas que compõe

o solo, pelo deslocamento das partículas ou pela expulsão de água e ar dos vazios entre os grãos

que o compõe. O adensamento é o processo de variação de volume pela qual o solo passa

quando comprimido por um determinado espaço de tempo. Em geral, a esse fenômeno atribui-

se o nome de recalque, sendo ele dividido em três categorias:

• Recalque elástico ou imediato: é causado pela deformação elástica do solo seco e

dos solos úmidos ou saturados sem qualquer alteração no teor de umidade;

• Recalque por adensamento primário: é o resultado da expulsão da água que ocupa

os vazios do solo, alterando assim seu volume;

• Recalque por compressão secundária: é o resultado do ajuste plástico da estrutura

do solo.

Os recalques estão entre as causas de diversas patologias em edificações. O depósito de

cargas elevadas em solo de alta compressibilidade causa danos a estrutura e demais elementos

que compõe uma obra, pois essa deformação acima do normal não é absorvida por eles e acaba

por resultar em fissuras.

Um dos exemplos mais conhecidos no Brasil de problemas causados por recalques em

fundações está em Santos-SP (Figura 1), resultado da execução de prédios com fundações

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diretas apoiadas em uma camada superficial de areia, que está acima de uma camada de solo

argiloso compressível.

Figura 1. Recalque diferencial em prédios na orla de Santos


Fonte: http://www.falasantos.com.br/conteudo.php?id=18238

As deformações que ocorrem na água e em grãos sólidos são desprezíveis quando se

analisa as tensões usuais aplicadas na engenharia, uma vez que ambos são incompressíveis. As

deformações volumétricas do solo a partir da variação no índice de vazios é o objeto de estudo

dos trabalhos que avaliam os efeitos do adensamento.

1.1. Fundamentos do adensamento em solos arenosos e argilosos

Quando uma camada de solo saturada é submetida a um carregamento, haverá

instantaneamente um aumento da poropressão, a saída da água dos vazios do solo resultará em

um recalque. O processo ocorre em tempos diferentes quando analisa-se solos arenosos e solos

argilosos.

Os solos arenosos são extremamente permeáveis, sendo assim, a drenagem da água que

estava ali presente é quase que instantânea. Os recalques imediato e primário ocorrem

simultaneamente nesse tipo de solo.

Solos argilosos possuem uma condutividade hidráulica menor, sendo assim, o excesso

de poropressão da água gerado pelo carregamento, se dissipa em um longo período de tempo.

A alteração no volume da camada de solo argiloso pode continuar ocorrendo, ao contrario do

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que acontece em solos arenosos, sendo assim, o recalque por adensamento na argila pode ser

bem maior que o recalque imediato.

2. Objetivo do ensaio de adensamento unidirecional

O ensaio de adensamento unidirecional tem como objetivo a determinação dos

parâmetros do solo que embasem a determinação dos recalques provocados por adensamento.

O ensaio e a curva gerada por ele podem fornecer: a tensão de pré-adensamento do solo (𝜎𝐶 ), o

índice de expansão (𝐶𝑆 ) e o índice de compressão (𝐶𝑐 ).

3. Normas utilizadas

Para a realização das diversas etapas do ensaio foram necessárias as normas:

• NBR 12007/ MB-3336: Solo – Ensaio de adensamento unidimensional;

• NBR 16097: Solo – Determinação do teor de umidade;

• NBR 7182: Solo – Ensaio de compactação;

• NBR 7185: Solo – Determinação da massa específica.

4. Metodologia experimental

4.1. Dados previamente coletados

Foram determinadas previamente:

• Massa, diâmetro interno (D) e altura do anel de adensamento (H);

• Massa específica dos grãos de solo (Gs);

Os dados coletados do anel (Tabela 1) e relativos ao solo (Tabela 2) foram:

Dados do anel
Massa (g) Diâmetro interno (cm) Altura do anel (cm)
375,80 8,00 3,60
Tabela 1. Dados relativos ao anel

Dados do solo
Massa específica dos grãos (g/cm³) Massa total de solo no anel (g) Massa do solo seco no anel (g)
2,66 350,30 321,18
Tabela 2. Dados relativos ao solo

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4.2. Cálculo das cagas a serem aplicadas

Antes de iniciar o ensaio, foram determinadas as cargas a serem colocadas na prensa, afim

de que ela atingisse as pressões esperadas por norma para o ensaio da amostra.

Para o anel de 8cm de diâmetro, tem-se a área aproximada:

𝜋 × 𝐷2 𝜋 × 82
𝐴= = ≈ 50𝑐𝑚²
4 4

Para cada 1kg aplicado (10kgf), em um anel de 50cm² de área, tem-se uma pressão efetiva

no corpo de prova equivalente a:

10
= 0,2𝑘𝑔/𝑐𝑚²
50

Tendo como base a Proporcionalidade da alavanca de 1:10 obtida no manual do aparelho

do ensaio, e sabendo que 1kgf/cm² é igual a 10kPa, encontra-se a primeira carga:

0,2𝑘𝑔/𝑐𝑚² × 10𝑘𝑃𝑎 = 2𝑘𝑔

Para encontrar a primeira pressão foi feito o seguinte cálculo:

2𝑘𝑔 = 20𝑘𝑔𝑓

20𝑘𝑔𝑓 0,4𝑘𝑔𝑓
𝑃= = = 40𝑘𝑃𝑎
50𝑐𝑚² 𝑐𝑚2

O cálculo se repetiu para as demais cargas.

Dia Carga adicionada (kg) Carga total (kg) Pressão no corpo de prova (kPa)
1 0,25 0,25 -
2 2,00 2,00 40,00
3 2,00 4,00 80,00
4 4,00 8,00 160,00
5 8,00 16,00 320,00
6 16,00 32,00 640,00
Tabela 3. Dados relativos do solo

4.3. Aparelhagem necessária

Foram utilizados no experimento:

• Prensa de adensamento (Figura 2);

• Célula de adensamento, com anel e pedras porosas;

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• Balança e extensômetro com resolução de 0,01mm;

• Aparelhagem para ensaio de compactação de proctor normal;

• Capsulas e estufa para ensaio de teor de umidade.

Figura 2. Prensa de adensamento com célula de carga


Fonte: do autor

4.4. Execução do ensaio

O corpo de prova foi obtido de uma amostra deformada de solo retirada do terreno do

IFAL campus Palmeira dos Índios.

O preparo do corpo de prova começou com a sua compactação, para tal, foram utilizados

molde e o soquete do ensaio de compactação de proctor normal (Figura 3). Adicionou-se água

na amostra de solo até que ela atingisse uma umidade próxima a ótima. Compactou-se uma

camada de solo até a metade do molde e em seguida posicionou-se o anel, de modo que ele não

ficasse inclinado e centralizado, em seguida preencheu-se o restante do molde e foi completado

o restante do processo de compactação. Foram dados 26 golpes em cada camada de solo

compactado. Utilizou-se um removedor de amostras para retirar do molde o cilindro de solo

compactado com o anel (Figura 4). Por fim a amostra foi entalhada até restar apenas o anel com

o solo compacto em seu interior (Figura 5), as faces superior e inferior foram regularizadas com

o auxílio de uma régua biselada. Nesse momento foram retiradas três amostras de solo do

excedente que foi entalhado para que fosse realizado o ensaio de teor de umidade.

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Figura 3. Amostra de solo sendo compactada
Fonte: do autor

Figura 4. Amostra com anel no centro


Fonte: do autor

Figura 5. Corpo de prova


Fonte: do autor

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A montagem da célula de adensamento seguiu a sequência: base rígida, pedra porosa

inferior, corpo de prova contido no anel e pedra porosa superior (Figura 6). Após a montagem

da célula, colocou-se o cabeçote metálico, ajustando assim, o conjunto ao sistema de aplicação

de carga. Em seguida foi feita a inundação do corpo de prova (Figura 7).

Figura 6. Célula de adensamento montada


Fonte: do autor

Figura 7. Inundação da célula de adensamento


Fonte: do autor

A primeira carga aplicada no sistema foi uma carga de acomodação (250g). Esperou-se

24 horas e em seguida foram adicionadas as cargas calculadas no item 4.2. do presente trabalho,

adotando-se o mesmo intervalo entre elas. As medidas aferidas no extensômetro seguiram o

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mesmo padrão, sendo anotadas nos tempos: 8s, 15s, 30s, 1min, 2min, 4min, 8min, 15min,

30min, 1h, 2h, 4h, 8h e 24 h. Não foram colhidas informações do extensômetro removendo-se

a carga aplicada.

Por fim, os dados foram organizados em planilha e curva de adensamento foi gerada.

5. Resultados obtidos

5.1. Dados obtidos no extensômetro

Os dados colhidos no extensômetro foram organizados em uma tabela (Tabela 4), afim

de agilizar os cálculos.

Leituras do extensômetro (mm)


Carga (kPa) ΔH
8s 15s 30s 1min 2min 4min 8min 15min 30min 1h 2h 4h 8h 24h
40 13,0000 13,0010 13,0011 13,0013 13,0015 13,0017 13,0020 13,0025 13,0030 13,0036 13,0041 13,0045 13,0048 13,0050 0,01
80 21,0000 21,0080 21,0100 21,0140 21,0170 21,0180 21,0190 21,0200 21,0200 21,0206 21,0210 21,0214 21,0219 21,0220 0,02
160 42,2000 42,2090 42,2130 42,2160 42,2190 42,2210 42,2218 42,2224 42,2229 42,2234 42,0237 42,2238 42,2239 42,2240 0,02
320 86,0000 86,0130 86,0210 86,0290 86,0330 86,0390 86,0420 86,0428 86,0436 86,0444 86,0450 86,0456 86,0460 86,0460 0,05
640 187,1000 187,1200 187,1310 187,1410 187,1509 187,1600 187,1680 187,1757 187,1810 187,1818 187,1835 187,1838 187,1390 187,1840 0,08
Tabela 4. Dados aferidos no extensômetro

5.2. Procedimento dos índices de vazios para a curva

Para gerar a curva, necessitou-se do cálculo dos índices de vazios, que é obtido por:

• Altura dos sólidos (𝐻𝑆 ):

𝑀𝑆
𝐻𝑆 =
𝐴 × 𝐺𝑆 × 𝜌𝑊

Onde:

𝑀𝑆 : massa seca do corpo de prova (g);

𝐴: área do corpo de prova (cm²);

𝐺𝑆 : peso específico relativo dos sólidos do solo;

𝜌𝑊 : densidade da água (g/cm³)

Sendo assim:

𝑀𝑆 321,18
𝐻𝑆 = = = 2,54𝑐𝑚
𝐴 × 𝐺𝑆 × 𝜌𝑊 50 × 2,52 × 1

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• Altura de vazios (𝐻𝑉 ):

𝐻𝑉 = 𝐻 − 𝐻𝑆

Onde:

𝐻: altura do anel (cm);

𝐻𝑣 : altura dos vazios (cm);

𝐻𝑆 : altura dos sólidos (cm);

Sendo assim:

𝐻𝑉 = 𝐻 − 𝐻𝑆 = 3,6 − 2,54 = 1,06𝑐𝑚

• Índice de vazios inicial (𝑒0 ):

𝐻𝑉 1,06
𝑒0 = = = 0,417
𝐻𝑆 2,54

• Índice de vazios após o adensamento (𝑒𝑛 ):

O primeiro índice de vazios da curva é dado por:

𝑒1 = 𝑒0 − ∆𝑒1

Onde:

∆𝐻1
∆𝑒1 =
𝐻𝑆

Sendo assim, o segundo índice de vazios da curva é dado por:

∆𝐻2
𝑒2 = 𝑒1 −
𝐻𝑆

O procedimento se repete para todas as cargas aplicadas.

5.3. Curva de adensamento

A curva de adensamento (Figura 8) foi gerada conforme os resultados obtidos nos tópicos

4.2 e 5.1.

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Figura 8. Curva de adensamento
Fonte: do autor

5.4. Tensão de pré adensamento pelo método de Casagrande

A tensão de adensamento pelo método de Casagrande é feita em três passos:

• Prolonga-se a reta virgem;

• Pelo ponto de curvatura máxima, traça-se uma horizontal, uma tangente e uma

bissetriz;

• A interseção da reta virgem com a bissetriz é considerada o ponto de pré-

adensamento.

Figura 9. Curva de adensamento analisada pelo método de Casagrande


Fonte: do autor

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A tensão de pré adensamento (𝜎𝐶 ) pelo método de Casagrande é igual a 390kPa.

5.5. Tensão de pré adensamento pelo método de Pacheco Silva

A tensão de pré-adensamento pelo método de Pacheco Silva é obtida em três passos:

• Prolonga-se a reta virgem até a horizontal correspondente ao índice de vazios

inicial (𝑒0 );

• Do ponto de interseção, abaixa-se uma vertical até a curva de adensamento e em

seguida traça-se uma horizontal;

• A interseção da horizontal com o prolongamento da reta virgem é considerada o

ponto da tensão de pré-adensamento.

Figura 10. Curva de adensamento analisada pelo método de Pacheco Silva


Fonte: do autor

A tensão de pré adensamento (𝜎𝐶 ) pelo método de Pacheco Silva é igual a 430kPa.

5.6. Índice de compressão (𝐶𝐶 )

O índice de compressão pode ser obtido por:

1 + 𝑒0 2,38 1 + 0,5 2,38


𝐶𝐶 = 0,141 × 𝐺𝑆1,2 ×( ) 1,2
= 0,141 × 2,52 × ( ) = 0,124
𝐺𝑆 2,52

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5.7. Índice de expansão (𝐶𝑆 )

O índice de expansão é relativamente menor que o índice de compressão, ficando sempre

em torno de 1/5 a 1/10 dele. Sendo assim, o índice de expansão do solo estudado está ente 0,025

e 0,012.

6. Conclusão

Por meio do ensaio e das análises posteriores pode-se entender a conceituação básica de

compressibilidade e adensamento do solo. O recalque irá ocorrer quando a pressão exercida no

solo apresentar valor acima da tensão de pré-adensamento.

O estudo dos efeitos da aplicação de uma determinada carga sobre uma massa de solo

ajuda a reduzir significativamente a aparição de patologias em estruturas de edificações, um

dos problemas crônicos da construção civil brasileira. O ensaio de adensamento exerce papel

fundamental na análise e concepção de fundações a serem construídas, não devendo ser

negligenciado pelos profissionais da área.

7. Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12007 / MB‐3336. Solo – Ensaio


de adensamento unidimensional. Rio de Janeiro. 1990.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16097. Solo – Determinação do


teor de umidade. Rio de Janeiro. 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7182. Solo – Ensaio de


compactação. Rio de Janeiro. 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7185. Solo – Determinação da


massa específica. Rio de Janeiro. 2016.

BRAJA, M. Das. Fundamentos da Engenharia Geotécnica. São Paulo: Thomson Learning, 2011.

PINTO, Carlos de Sousa. Curso Básico de Mecânica dos Solos: em 16 aulas; São Paulo: Oficina de
Textos, 2000.

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