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Exemplos Numéricos: Classificação Geotécnica MCT

EXEMPLO NUMÉRICO DA CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA MCT


Depois de selecionada a jazida e feita a coleta de solo devem ser realizados os ensaios
de Compactação Mini-MCV e Perda de Massa por Imersão para se obter:
 Afundamentos dos CP’s;
 Curvas de deformabilidade e compactação;
 Cálculo do Mini-MCV;
 Coeficientes c’ e d’;
 Massa específica aparente seca (MEAS);
 Parâmetro Pi do solo;
 Índice de laterização e’.

1. CÁLCULO DOS AFUNDAMENTOS (ΔaN)


Durante o Ensaio de Compactação Mini-MCV medem-se as diferenças de alturas
(afundamentos) de cada CP utilizando-se a seguinte equação:
Δan = (An – AF)
Onde:
Δan: diferença de altura (mm);
An: Altura do corpo de prova correspondente aos números de golpes “n” (mm);
AF: Altura final do corpo de prova (mm).

De forma a exemplificar a determinação dos afundamentos, estão apresentados na


Tabela 1 os dados resultantes do Ensaio de Compactação Mini-MCV necessários
para plotagem das curvas de deformabilidade. Para tanto, foram moldados 4 CP’s
com diferentes umidades de compactação (Hc). Neste exemplo, apresenta-se
também a determinação da MEAS, necessária para traçar as curvas de
compactação para determinação do coeficiente d’.
Note que para cada grupo de golpes (3, 6, 10...) é realizada a medida da altura do CP.

Tabela 1 Dados de ensaios dos CP1, CP2, CP3, CP4 para obtenção das curvas de deformabilidade
Nº CP1 Hc = 18,5% CP2 Hc = 16,3% CP3 Hc = 14,8% CP4 Hc = 13,3%
Golpes An Δan An Δan An Δan An Δan
(n) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
3 52,9 5,6 56,4 10,9
6 48,1 0,8 52,6 7,1
10 47,1 -0,2 49,4 3,9 54,9 11,0 61,6
20 47,3 0,0 45,6 0,1 50,3 6,4 56,9 Não
40 AF=47,3 0,0 AF=45,5 0,0 46,9 3 Obtida
60 45,4 1,5
80 43,9 0,0
100 AF=43,9 0,0
*Para o CP4 foi determinado somente An para os cálculos de MEAS
2. PLOTAGEM DA CURVA DE DEFORMABILIDADE
A partir de Δan (mm) e número de golpes (n), traçam-se as curvas de deformabilidade,
conforme mostrado na Figura 1. Neste caso, as curvas dos CP’s 3 e 4 não foram
necessárias para o cálculo do coeficiente c’ pois, devido às suas baixas umidades,
o trecho retilíneo destas não passam pelo Mini-MCV = 10 (Figura 1). No entanto,
os valores de An destes CP’s ainda foram medidos a partir de n = 10, pois são
necessários para a plotagem das curvas de compactação “MEAS versus Hc” (Figura
2).

3. CÁLCULO DO MINI-MCV
O Mini-MCV será determinado por meio do gráfico de deformabilidade. Para isso traça-
se uma linha correspondente a Δan=2,00 mm para calcular o Mini-MCV. A
expressão utilizada para cálculo é a seguinte:
Mini-MCV = 10 log n
Onde:
n: número de golpes para Δan = 2 mm (obtido da curva de deformabilidade).
Por exemplo, para o CP1 em que n = 5 tem-se:
Mini-MCV = 10 log 5

Mini-MCV = 7,0

Desta forma, deverá ser calculado para os demais CP’s. Na Tabela 2 estão apresentados
os valores do Mini-MCV para cada curva de deformabilidade.

Tabela 2 Dados para obtenção do coeficiente c’


CP Hc [%] Golpes n Mini-MCV=10 log n

CP1 18,5 5 10 log 5 = 7,0


CP2 16,3 13 10 log 13 = 11,1
CP3 14,8 40 10 log 40 = 16,0

Os valores dos Mini-MCV serão posteriormente utilizados para traçar as curvas Pi e AF


versus Mini-MCV, indicadas nas Figuras 3 e 4.

4. CÁLCULO DO COEFICIENTE c’
Seguindo as inclinações das curvas de deformabilidade, interpola-se uma curva que
passe pelo ponto de abscissa (n) igual a 10 e ordenada (Δan) igual a 2,0 mm. A
partir do seu traçado determina-se o coeficiente c’, que corresponde à razão da
variação do afundamento pela variação do Mini-MCV da parte retilínea da curva
de deformabilidade. Sendo:
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Por exemplo, o valor de c’ para a família de curvas apresentadas na Figura 1, é calculado


por:

Figura 1 Curvas de deformabilidade (ou de Mini-MCV) para os três corpos de prova.

5. CÁLCULO DE MEAS
A próxima etapa para classificar o solo é obter o coeficiente d’ através do ramo seco da
curva de compactação Mini-MCV. Para tanto, deve-se inicialmente calcular o valor
da MEAS para cada CP quando n = 10.
Os valores das MEAS estão apresentados na Tabela 3 e foram calculados conforme o
exemplo abaixo.
Dados do CP1:
Raio do CP1 (RCP) = 2,5 cm
Área do CP1 (ACP1) = π x RCP²= 3,14 x 2,5² = 19,63 cm²
Altura final do CP1 para n = 10 golpes (ACP1) = 4,71 cm
Volume do CP1 para n = 10 golpes (VCP1) = ACP x h1 = 19,63 x 4,71 = 92,46 cm³
Umidade de compactação (Hc) = 18,5 %

Cálculo da massa seca do CP:

Onde:
Mh: Massa úmida (utilizada para compactação dos CP’s = 200g) (g);
Ms: Massa seca do CP (g);
Hc: Teor de umidade de compactação (%).
Para o CP1, tem-se:

Cálculo da MEAS

Onde:
MEAS: Massa específica aparente seca (kg/m³);
Ms: Massa seca do CP (g);
VCP: Volume do CP (cm³).

Portanto para CP1, tem-se:

Tabela 3 Valores de MEAS


CP1 Hc = 18,5% CP2 Hc = 16,3% CP3 Hc = 14,8% CP4 Hc = 13,3%
Nº Golpes
An MEAS An MEAS An MEAS An MEAS
(n)
(mm) (Kg/m³) (mm) (Kg/cm³) (mm) (Kg/cm³) (mm) (Kg/m³)

3 52,9 56,4
6 48,1 52,6
10 47,1 1825 49,4 1773 54,9 1616 61,6 1460
20 47,3 1818 45,6 1921 50,3 1764 56,9 1580
40 AF=47,3 1818 AF=45,5 1925 46,9 1892
60 45,4 1955
80 43,9 2022
100 AF=43,9 2022

6. PLOTAGEM DA CURVA DE COMPACTAÇÃO


Com os valores apresentados na Tabela 3, traçam-se as curvas “MEAS versus Hc” para n
= 10 e 20 golpes como como indicado no gráfico Figura 2. As unidades devem ser
indicadas em kg/m³ para MEAS e em % para Hc.

7. CÁLCULO DO COEFICIENTE d’
O coeficiente d’ é a razão da variação de MEAS pela variação da umidade de
compactação do CP, obtido no ramo seco da curva de compactação para n = 10
golpes inclinação (Figura 2):
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Figura 2 Curva de Compactação Mini-MCV

Desta forma, o coeficiente d’ do solo estudado é calculado pela seguinte equação:

8. CÁLCULO DO PARÂMETRO PI
Inicialmente deve-se determinar em qual Mini-MCV o Pi do solo deve ser obtido. Para
tanto, a partir das Tabelas 1 e 2, traça-se a reta “ versus Mini-MCV” e no Mini-
MCV = 10 obtém-se o valor de correspondente, conforme mostrado na Figura
3.

Figura 3 Gráfico Mini-MCV versus AF

Desta forma, = 46mm.


O Mini-MCV utilizado para determinação do Pi é obtido através do seguinte critério:
 Se a altura for menor a 48 mm (indicando solo com alta densidade), o Pi é
determinado para o Mini-MCV = 15.
 Se altura maior que 48 mm (indicando solo com baixa densidade), o Pi é
determinado para Mini-MCV = 10.

Sendo < 48 mm (Figura 3), portanto, o Pi do solo em questão é determinado para


Mini-MCV = 15.
O próximo passo é plotar a curva “Pi versus Mini-MCV”, para tanto deve-se
primeiramente calcular o parâmetro Pi de cada CP ensaiado em diferentes
umidades utilizando a expressão a seguir:

Onde:
Pi: Perda de massa por imersão (%);
Mi: Massa seca desprendida (g);
Ms: Massa seca do CP, logo após sua compactação (g);
LCP: Altura final do CP, logo após sua compactação (g);
Lf: Altura do CP fora do molde (mm);
Fc: Fator de correção.

Os valores dos Pi’s para todos os CP’s estão apresentados na Tabela 4, conforme o
exemplo indicado a seguir:

Dados do CP1:
Mi = 53,52 g (valor obtido no ensaio de perda de massa por imersão);
Ms = 168,77 g
LCP = 47,30 mm;
Lf = 10 mm;
Fc = 1
Substituindo os valores na expressão de Pi, tem-se para o CP1:

Tabela 4 Valores do Pi para CP1, CP2 e CP3


CP Mini-MCV Hc (%) Mi (g) Ms (g) Pi (%)

CP1 7,0 18,5 53,52 168,77 150


CP2 11,1 16,3 35,53 171,97 94
CP3 16,0 14,8 0 174,22 0
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Com os valores de Pi e Mini-MCV apresentados na Tabela 4, traça-se a curva “Pi versus


Mini-MCV” em escala linear, conforme mostrado na Figura 4 e determina-se o
valor de Pi representativo do solo estudado, lembrando que neste caso o Pi é
determinado para o Mini-MCV = 15.

Figura 4 Gráfico Pi versus Mini-MCV.

Portanto o Pi desse solo utilizado para classificação MCT é Pi = 20%

9. CÁLCULO DO ÍNDICE DE LATERIZAÇÃO e’


Com os valores de d’ = (100kg/m³)/% e Pi = 20% calcula-se o índice de laterização (e’)
pela expressão abaixo:

Para a conclusão da Classificação MCT do solo ensaiado, os valores de c’ = 1,35 (Figura 1)


e e’ = 0,74 devem ser lançados no Gráfico Classificatório conforme indicado na
Figura 5.

Figura 5 Gráfico Classificatório da MCT


Desta forma, pela posição no gráfico classificatório da MCT, o solo estudado pertence:
 Classe L: Solo de comportamento Laterítico.
 Grupo LA’: Solo de comportamento Laterítico Arenoso.
A estimativa de suas propriedades e seus valores numéricos estão indicadas nas Tabelas
5 e 6.

Tabela 5 Dados gerais dos grupos de solos da Classificação MCT e suas propriedades

Tabela 6 Valores numéricos das propriedades dos solos

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