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5.

TEXTO NORMATIVO:

A estimativa da Incerteza do Resultado das Medições (U) deve ser calculada


através da combinação das Incertezas do Tipo A e do Tipo B, conforme mostrado
nas seções apresentadas a seguir.

Nota: As incertezas do Tipo A são aquelas determinadas através de métodos


estatísticos, e as incertezas do Tipo B são aquelas determinadas através de
outros métodos.

5.1. Cálculo da Média dos Valores Obtidos

Após efetuar as medições especificadas no Procedimento de Calibração (PC),


deve ser realizado o cálculo da média aritmética dos “n” valores medidos por meio
da seguinte expressão:

n
1
X m= ×∑ X k
n k =1
Onde:

n = número de medições realizadas, conforme definido no PC


Xk = cada uma das medidas realizadas

5.2. Cálculo do Desvio Padrão

Efetuar o cálculo do desvio padrão amostral por meio da seguinte expressão:


n
1
s X= ×∑ ( Xi−X m )2
n−1 i=1

Notas:

1) Os valores de “Xm” e “sX” devem ser obtidos por meio de calculadora


científica, com pelo menos 7 algarismos significativos, ou através de
computador;

2) Nos cálculos, deve-se utilizar os valores retidos na memória da calculadora ou


do computador, ao invés dos valores arredondados manualmente, a fim de
reduzir fontes de incerteza devido ao arredondamento.

5.3. Determinação da Incerteza do Tipo A

A incerteza do Tipo A, também chamada de Incerteza devido à repetitividade


das medições, deve ser calculada através da seguinte expressão:

sX
u a=
√n
Nota: Ela pode ser obtida através do desvio-padrão amostral dos erros
verificados em “n” medições.
5.4. Determinação das Incertezas do Tipo B

Os componentes que integram as Incertezas do Tipo B, para cada


equipamento, padrão ou material, estão definidos no Procedimento de Calibração
PC-01. As considerações a seguir devem ser observadas para determinação de
cada componente de Incerteza Tipo B.

5.4.1.Incertezas obtidas dos Certificados dos Equipamentos e Padrões

As incertezas obtidas dos certificados de calibração dos equipamentos e


padrões utilizados na calibração dos instrumentos devem ser obtidas consultando
o próprio certificados de calibração destes padrões e equipamentos.

Esta incerteza deve ser expressa na planilha de cálculo da incerteza de


medição para um nível de confiança de aproximadamente 68%, utilizando para
isto a seguinte expressão:

Ucc
u pi =
kcc
onde:

Ucc: valor da incerteza declarada no Certificado de Calibração do equipamento ou


do padrão

kcc: valor do fator de abrangência extraído do certificados de calibração, para o nível


confiança de aproximadamente 95%

onde:

ai: metade do intervalo da incerteza considerada.

Exemplos de incertezas Tipo B com distribuição de probabilidade retangular:

1) Incerteza devido à resolução de instrumentos com indicação digital.

2) Incerteza devido às variações de condições ambientais do Laboratório ou do


local da Calibração.

3) Incerteza devido à estabilidade temporal dos equipamentos e padrões.

4) Incerteza devido a dados de referência extraídos dos manuais de operação dos


instrumentos sob calibração.

5) Especificações técnicas fornecidas pelos fabricantes.

6) Dados de medições prévias, dentre outras.

Nota: Em caso de dúvidas relativas à definição do tipo de distribuição de


probabilidade de uma fonte de incerteza, deve-se consultar o gerente
técnico, que deve analisá-la, de forma a manter o rigor dos cálculos e
resultados das calibrações.
5.4.3. Incerteza do Tipo B, quando a distribuição de probabilidade é trapezoidal
simétrica (triangular)

Quando for mais provável que o valor de uma grandeza de influência esteja
mais próximo do valor central do que nos limites, deve-se assumir que sua
distribuição de probabilidade é do tipo trapezoidal simétrica, ou seja, triangular. Nesta
situação, as componentes de Incerteza com este tipo de distribuição de probabilidade
devem ser determinadas através da seguinte expressão:

ai
u r=
√6
onde:

ai: metade do intervalo da incerteza considerada.

Exemplo: incerteza devido à resolução de instrumentos analógicos, quando se


“fixar” a indicação no próprio instrumento em calibração.

5.4.4.Incerteza do Tipo B, obtida através da aplicação de processos de


interpolação linear

Deve ser considerada a maior incerteza existente entre os dois pontos


considerados, extraída do certificado de calibração do padrão utilizado.

5.4.5. Incerteza do Tipo B, obtida através da aplicação de processos de curvas


de calibração

A equação geral utilizada para obtenção da incerteza de um ponto interpolado


numa curva de calibração de uma reta deve ser conforme equação mostrada a
seguir:

2 2 2 2 2 2 2
υ y=Ci a ×υ a +Ci b ×υ b + 2×Ci a ×Ci b ×υ a ×υ b ×r a ,b

Equação 1
onde:

∂y
Ci a = =1→
∂a : derivada parcial da equação da reta, para a variável “a”

∂y
Ci b = =x→
∂b : derivada parcial da equação da reta, para a variável “b” (que é o
ponto desejado)

ΣΔ 2
S2 = →
n−2 : variância de “y”, na equação da reta
2
aS 2×Σx 2
υ = →
n×Σx 2−( Σx)2 : variância do coeficiente “a” da equação da reta

2 S2
υ b =n× →
n×Σx 2−( Σx )2 : variância do coeficiente “b” da equação da reta

Σx
r a , b =− →
√ n×Σx2 : coeficiente de correlação da equação da reta

O resultado desta determinação deve ser considerado como fonte de


incerteza da curva de calibração, a qual deve ser considerada com distribuição de
probabilidade tipo normal, com grau de liberdade igual a “n – 2”.

Exemplo de aplicação: Obter através da equação da curva de calibração o


resultado corrigido e a respectiva incerteza de medição para o ponto 48,5 kg/h.

a) Determinar o coeficiente “a”: utilizando a função “intercepção” do Excel”: a =


0,00142834

b) Determinar o coeficiente “b”: utilizando a função “inclinação” do Excel: b =


0,9998338

c) Equação da reta correspondente: y = a + b.x = 0,00142834 + 0,998338.x

d) Número de pontos calibrados: n = 11

e) Número de variáveis: p = 2 (variáveis “a” e “b”)

f) Número de Graus de Liberdade do processo: Gl = n-p = 11 – 2 = 9

g) Localizar na Tabela “t” de Student para um nível de confiança de


aproximadamente 95% o valor do Fator de Abrangência “k” correspondente,
ou seja, para Grau de Liberdade igual a 9.
Nota: Pode ser utilizada a função do Excel “invt” para determinar o Fator de
Abrangência. No caso, kaj = 2,32, aplicando-se a regra de interpolação linear
entre dois pontos (ver Tabela mostrada na seção 5.7), deve-se buscar o “k aj”
pelo menor valor disponível na tabela, que no caso é 8.

h) Determinar a indicação do instrumento utilizando a equação da reta


determinada (ver coluna 6 da Tabela de dados da calibração).

i) Calcular a diferença entre o valor obtido pela equação da curva de calibração


e aquele indicado pelo padrão, certificado de calibração (ver coluna 7 da
Tabela de dados da calibração).

j) Calcular a somatória dos quadrados dos erros obtidos, conforme alínea


anterior, que nos fornece um resultado igual a: e = 0,7142189.

k) Calcular a variância da equação de interpolação:

0,7142189
S2 = =0 , 0793577
11−2
l) Calcular a variância do coeficiente “a”:

2 S 2×Σx 2 0 , 0793577×962500
υ a= = =0 , 02525
n×Σx −( Σx) 11×962500−(2750)2
2 2

m) Calcular a incerteza do coeficiente “a”:

√ 2
υ a = υ a =√ 0 , 02525=0 , 1589

n) Calcular a variância do coeficiente “b”:

2 S2 0 , 0793577
υ b =n× 2 2
=11× 2
=2, 89 x 10−7
n×Σx −(Σx ) 11×962500−(2750 )

o) Calcular a incerteza do coeficiente “b”:

√ 2
υ b = υ b =√ 2 ,89 x 10−7 =5 ,38 x 10−4

p) Calcular o coeficiente de correlação “rab”:


Σx 2750
r a , b =− =− =−0 , 845
√ n×Σx √11 x 962500
2
2
y
q) Calcular a incerteza da curva de calibração “υ ”:

√ 2 2 2 2 2 2
υ y = Ci a ×υ a +Ci b ×υ b +2×Ci a ×Ci b ×υ a ×υ b ×r a , b

υ y =√ 12×0 ,02525+48 , 52 ×2 ,89×10−7 +2×1×48 , 5×0 , 1589×5 ,38×10−4 ×−0 , 845

υ y = 0,138 kg/h
5.5. Coeficiente de Sensibilidade (ci)

Para cada um dos componentes de incerteza deve ser determinado o


Coeficiente de Sensibilidade (ci). Este Coeficiente descreve o quanto a estimativa de
incerteza de saída (y) é influenciada por variações da estimativa de entrada (xi).

Para determinar o “ci” deve-se calcular a mudança na estimativa de saída (y)


devido a uma mudança na estimativa de entrada de “xi”, ou seja, +u (xi) e -u (xi). A
diferença resultante em “y” deve ser dividida por 2*u (xi).

Nota: Enquanto que u(xi) é sempre positiva, a contribuição ui (y) é positiva ou


negativa, dependendo do sinal do Coeficiente de Sensibilidade. O sinal de
ui (y) deve ser levado em consideração no caso de grandezas de entrada
correlacionadas.

5.6. Determinação da Incerteza Combinada Padrão

A Incerteza Combinada Padrão deve ser calculada através da seguinte


expressão:


m p q
u c= u a + ∑ u pi + ∑ u r + ∑ u t
2 2 2 2

i=1 i=1 i=1

onde:

m: número de componentes de incerteza com distribuição de probabilidade normal,


extraídos dos Certificados dos Padrões e Equipamentos utilizados.
p: número de componentes de incerteza com distribuição de probabilidade
retangular
q: número de componentes de incerteza com distribuição de probabilidade
triangular

5.7. Determinação da Incerteza do Resultado da Medição (U)

A Incerteza do Resultado da Medição deve ser obtida através do valor da


incerteza combinada, transformada para o nível de confiança de aproximadamente
95%, através da seguinte expressão:

U =u c×t 95
onde:

t95 = k = fator de abrangência para o nível de confiança de aproximadamente


95%. Para determinar o fator de abrangência “k” é necessário obter-se
uma estimativa do Número Efetivo de Graus de Liberdade ( ν eff), o qual
deve ser calculado através da equação de “Welch-Satterwhite”, indicada
a seguir.
uc 4

ν eff = z
∑ uν ii
4

i=1
onde:

uc : incerteza padrão combinada


ui : incerteza de cada componente de incerteza
z : número total de componentes de incerteza ( t = 1 + m + p + z )
i : grau de liberdade de cada componente de incerteza

O valor obtido para ef deve ser arredondado para o valor imediatamente inferior
existente na Tabela “t” de Student mostrada a seguir. Deve-se encontrar o valor de
t95 ou k correspondente, para o cálculo da Incerteza do Resultado da Medição (U):

ν t95 ou k ν t95 ou k ν t95 ou k ν t95 ou k


eff eff eff eff

1 13,97 7 2,43 18 2,15 45 2,06


2 4,53 8 2,37 20 2,13 50 2,05
3 3,31 10 2,28 25 2,11 60 2,04
4 2,87 12 2,23 30 2,09 80 2,03
5 2,65 14 2,20 35 2,07 100 2,02
6 2,52 16 2,17 40 2,06 ∞ 2,00

Exemplo: se ν eff = 4,82, considerar ν eff = 4 , e adotar t95 = 2,87.

5.8. Compilação dos Dados e Uso do Sistema Informatizado

Os dados relativos apresentados nas seções anteriores devem ser


compilados em uma tabela, conforme modelo mostrado a seguir, a fim de organizar
as informações e sistematizar os registros e cálculos.

Distribuição de Coeficiente de
Fonte de Incerteza
Probabilidade Sensibilidade Incerteza ν eff
Símbolo Descrição Valor Unidade Tipo Divisor Valor Unidade

uc Combinada Normal
U Expandida Normal
5.9 Expressão do Resultado da Medição

O resultado da calibração deve ser apresentado da seguinte forma:

RC =Xm±U
onde:
Xm : Valor médio das medições, corrigido dos efeitos sistemáticos dos
equipamentos e padrões e equipamentos utilizados e/ou em função de
diferença de condições ambientais, conforme aplicável.

Nota: O valor da incerteza de medição (U) deve ser expresso em no máximo dois
algarismos significativos ou, se possível, apenas um. No caso de calibrações,
o valor médio das medições corrigido e o respectivo valor da incerteza de
medição devem ser compatibilizados, para expressar os valores de modo
coerente com o valor de uma divisão do instrumento sob calibração.

5.10. Correção dos valores das medições

A correção dos erros do master utilizado pode ser realizada por um dos seguintes
métodos descritos a seguir:

a) Interpolação linear

Os valores das medições realizadas no master podem ser corrigidos através de


interpolação linear simples entre dois pontos, conforme tabela de resultados da
calibração vigente do master utilizado, conforme exemplo mostrado a seguir:

Valor medido no master (Vi): 30,0 kg/h


Valores extraídos do Certificado do padrão:

Vi Vc
kg/h kg/h
Vi1 20,0 Vc1 19,9
Vi2 40,0 Vc2 39,8

Vc 2∗(Vi−Vi1 )+Vc 1∗(Vi 2 −Vi )


Vc corr =
(Vi 2 −Vi1 )

39 , 8∗(30 , 0−20 , 0 )+19 , 8∗(40 , 0−30 ,0 )


Vc corr = =29 ,8 kg/h
( 40 ,0−20 , 0 )

Isto significa que, quando obtivermos uma medição no padrão em uso no valor de
30 kg/h, o valor corrigido será de 29,8 kg/h.

b) Equação linear

Com os resultados obtidos do Certificado de Calibração do máster, deve ser


obtida a curva de correlação linear conforme descrito no exemplo mostrado na seção
5.4.5 – exemplo de aplicação, alíneas “a” até “c” deste procedimento.

5.11. Incertezas na Calibração de Vazão

a) ua: Desvio Padrão de Erros, determinada através do desvio-padrão amostral dos


erros de medição obtidos nas medições entre o master-padrão e o instrumento em
calibração. Tipo A, distribuição de probabilidade Normal.

b) Ucc: Incerteza do Padrão Master. Deve ser extraída do Certificado de Calibração.


Tipo B, distribuição de probabilidade Normal.
c) uri: Incerteza Devido à Resolução do indicador do instrumento sob calibração.
Tipo B, distribuição de probabilidade Retangular.

d) urm: Incerteza Devido à Resolução do Indicador do Padrão Master. Tipo B,


distribuição de probabilidade Retangular.

e) ut: Incerteza do Medidor de Tempo, extraída do Certificado de Calibração. Tipo B,


distribuição de probabilidade Normal.

f) uvc: Incerteza Relativa à diferença entre abertura e fechamento das válvulas das
linhas de calibração de vazão durante a coleta de dados. Considerar a diferença
entre as médias de abertura e fechamento da válvula, conforme “Estudo do tempo
das válvulas (diferenças entre a abertura e o fechamento”). Tipo B, distribuição de
probabilidade Retangular.

g) Ucvtm: Efeito da Variação da temperatura do ambiente sobre o sensor do Padrão


Master, com dados extraídos do Manual do Fabricante. Tipo B distribuição de
probabilidade Retangular.

h) uvcti: Efeito da variação da temperatura do ambiente sobre o sensor do


instrumento em calibração, com dados extraídos do Manual do Fabricante. Tipo B
distribuição de probabilidade Retangular.

i) utm: Incerteza do termômetro utilizado para medir a temperatura do fluído de


calibração (água): influência no Padrão Master, extraída do Certificado de
Calibração. Tipo B, distribuição de probabilidade Normal.

j) uti: Incerteza do termômetro utilizado para medir a temperatura do fluído de


calibração (água): influência no instrumento em calibração, extraída do Certificado
de Calibração. Tipo B, distribuição de probabilidade Normal.

k) Uep: Incerteza devido a estabilidade do padrão, extraída do histórico de calibração


dos padrões. Tipo B, distribuição de probabilidade Retangular.

Nota: Todas as incertezas devem ser convertidas para a unidade de medição do


instrumento em calibração através de coeficiente de sensibilidade apropriado.

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