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Teoria de Erros

Incertezas nos métodos de


medição
Estudo das incertezas relacionadas a qualquer medição.

Tentando entender o mundo em que vivia, o homem sempre


preocupou-se por medir.

Para isto são necessários padrões para as grandezas


(comprimento, peso, ...)

Começou a fazer uso de instrumentos simples

Inventou métodos de medição


(dos mais simples aos mais complexos)

Todas as medições procuram uma estimativa do valor verdadeiro de


uma grandeza específica.

Todas elas são afetadas por incertezas.


Algumas definições ( vocabulário comum )

Grandeza: (ou mensurável): atributo de um fenômeno, corpo ou


substância que pode ser qualitativamente distinguido e quantitativamente
determinado. Ela pode ser

geral: (comprimento, tempo, massa, etc.)

específica: (comprimento de uma barra, duração de um evento, peso de


um corpo, ...)

Mensurando: é a grandeza específica submetida à medição.

Valor de uma grandeza: expressão quantitativa de uma grandeza


específica, geralmente sob a forma de uma unidade multiplicada por um
número.

Exemplos: 5,24 m comprimento


7,3 kg para a massa
Algumas definições ( vocabulário comum )

Medição: conjunto de operações que tem por objetivo determinar um


valor de uma grandeza

Método de medição: sequência lógica de operações, descritas


genericamente, usadas na execução das medições

Procedimento de medição: conjunto de operações (normalmente


registrado em um documento)

Resultado de uma medição: valor atribuído a um mensurando obtido por


medição. É uma aproximação ou estimativa do valor do mensurando.
Algumas definições ( vocabulário comum )

Valor verdadeiro de uma grandeza: valor consistente com a


definição de uma dada grandeza específica.
É um conceito idealizado, por natureza, indeterminado.

Valor verdadeiro convencional de uma grandeza: valor atribuído a


uma grandeza específica e aceito por convenção.
Possui uma incerteza apropriada para uma dada finalidade.

Exemplo: velocidade da luz.

Incerteza: parâmetro associado ao resultado de uma medição, que


caracteriza a dispersão dos valores que podem ser razoavelmente
atribuídos a um mensurando.
Algumas definições ( vocabulário comum )

O resultado de medição só pode ser considerado completo quando


acompanhado por uma declaração de incerteza dessa estimativa.

Exemplo: medida do comprimento de uma barra de aço.

Depende da exatidão requerida na medição.

-precisão milimétrica: comprimento e incerteza da escala são


suficientes

-precisão micrométrica: precisamos complementar especificando a


temperatura e a pressão nas quais o comprimento
foi medido.

Exige o conhecimento do experimentador.


(coeficientes de dilatação térmica e de compressão do aço)
Algumas definições ( vocabulário comum )

Repetitividade: grau de concordância entre os resultados de


medições sucessivas de um mesmo mensurando, efetuadas
sob as mesmas condições de medição.

Reprodutibilidade: grau de concordância entre os resultados


de medições de um mesmo mensurando, efetuadas sob
Condições variadas de medição.

Grandezas de influência: é aquela que não é o mensurando,


mas que afeta o resultado de uma medição.

Exemplo: comprimento da barra de aço.

Obs: o modelo matemático de medição que transforma o


conjunto de observações repetidas em resultado da medição
é de importância crítica pois, além das observações, ele
contém várias grandezas de influência que nem sempre são
exatamente conhecidas.
Algumas definições ( vocabulário comum )

Erro sistemático: é aquele que persiste independentemente do


tamanho da amostra.

Causado por: aparelhos mal calibrados, vícios ou


deficiências dos operadores, ...

É preciso verificar a reprodutibilidade do experimento por comparação


com outro método ou laboratório e verificar também a repetitividade
antes de efetuar as medidas.

Usamos padrões para obter fatores de calibração que podem eliminar


estes erros sistemáticos (tendências).

Erro randômico: são causados pela natureza física da medida


(decaimentos radioativos, flutuações estatísticas) ou pela precisão dos
equipamentos (pulsos eletrônicos, coletas de íons em eletrodos,
etc ...).
Algumas definições ( vocabulário comum )

Erro de medição: é a diferença entre o valor verdadeiro e o


resultado da medição. A razão entre eles é o erro relativo.

Exatidão: diz o quanto estamos próximo do valor verdadeiro.


É muito influenciada pelos erros sistemáticos (inserimos
fatores de correção).

Precisão: diz o grau de controle da medida. Quanto nossos


equipamentos são imunes aos erros randômicos. Quanto
nosso experimento é reprodutível.
Incerteza nos processos de medida

Reflete a falta de conhecimento exato do valor do mensurando.

O resultado de uma medição, após correção dos efeitos istemáticos


reconhecidos, continua sendo uma estimativa do valor do
mensurando por causa da incerteza proveniente dos efeitos
aleatórios e da correção imperfeita do resultado para efeitos
sistemáticos.

As incertezas de uma medição podem ser agrupadas em duas


Categorias:

Tipo A: aquelas que são avaliadas com ajuda de métodos


estatísticos. (nós realizamos)

Tipo B: aquelas que são avaliadas por outros métodos.


(resultados que usamos sem medir)
Incerteza padrão: é a incerteza do resultado de uma medição
expressa como um desvio padrão.

Quando o mensurando Y não é medido diretamente, será


determinado a partir de outras N grandezas X 1, X2,..., XN
através de uma relação funcional f:

Y = f ( X 1 , X 2 ,. . . , X N )
y é uma estimativa do mensurando Y com as estimativas de
entrada x1, x2,..., xN (valores das N grandezas X1, X2,..., XN).

y= f ( x 1 , x 2 , . .. , x N )
ou ainda
n n
1 1
Y =Y = ∑ Y k = ∑ f ( X 1k , X 2k , .. . , X Nk )
n k=1 n k =1
Desvio padrão estimado u c ( y ) associado a estimativa y
de uma combinação de n incertezas.

Quando associado a uma única estimativa de entrada xi ,


Definimos u x i , incerteza padrão da variável x i .
( )
Avaliação tipo A: baseadas em distribuições de frequências.
Avaliação tipo B: baseadas em avaliações a priori.

A estimativa tipo A será a melhor avaliação de um valor


esperado μq da grandeza q variando aleatoriamente

1 n
q =  qk
n k=1
A variância experimental das observações, que estima a
variância  2 da distribuição de probabilidades de q, é dada por:
n
1
s2 ( qk )= ∑
n−1 k =1
( q k −q )
2

2 2
A melhor estimativa de σ ( q )= σ / n , a variância da média, é dada por:

2

s q=
s 2
 qk 
n
A variância experimental da média e sua raiz quadrada positiva, o desvio
padrão experimental da média, quantificam quão bem estimamos o valor
esperado  q de q. Qualquer um dentre eles pode ser usado como medida
da incerteza de q.
A melhor estimativa de σ 2 ( q ) = σ 2 / n , a variância da média, é dada
por:

2

s q=
s 2
 qk 
n

A variância experimental da média e sua raiz quadrada positiva,


o desvio padrão experimental da média, quantificam quão bem
estimamos a esperança  q de q. Qualquer um deles pode
ser usado como medida da incerteza de q .
Estimativas referidas como "de tipo B".

- dados de medições prévias


- a experiência ou o conhecimento geral do comportamento
e propriedades de materiais e instrumentos relevantes
- especificações do fabricante
- dados fornecidos em certificados de calibração e outros
- incertezas relacionadas a dados de referência extraídos de
manuais

Obs:
O uso adequado do conjunto de informações disponíveis, para
uma avaliação do tipo B da incerteza padrão, pede o discernimento
baseado na experiência e no conhecimento geral, sendo esta uma
habilidade que pode ser aprendida com a prática.

Deve-se realçar que, uma avaliação do tipo B da incerteza padrão


pode ser tão confiável quanto uma do tipo A.
Distribuição Gaussiana

A área sob a curva é:


Nas incertezas tipo A, em geral supomos uma distribuição tipo
gaussiana.

Fornecendo um intervalo de confiança, extraímos facilmente de uma


Tabela os valores tais como:

90%
σ 90 = 1,64σ

95% σ 95 = 1,96σ

99% σ 99 = 2,58σ

Se a for a meia largura do intervalo correspondente a 50% de


chance de medir a grandeza i x
σ  u  xi  1,48a
Então,

ou seja, o intervalo   1,48 abrange 50% da distribuição.


Distribuição Retangular
Em certas situações estimamos apenas as fronteiras.
x
Nada sabemos sobre como se distribuem os valores de i .
Para um certo x i , dentro da região

a+ + a−
xi=
2

A variância é dada por

a 
u2  x  = +
a 
2
=
a2
i
12 3
Incerteza Combinada

Supondo a grandeza de saída Y = f ( X 1 , X 2 ,.. . , X N ) ,


a variância combinada é dada por
N
∂f 2 2
u 2c ( y ) = ∑
i =1 ( )
∂ xi
u ( x i)

onde o somatório envolve grandezas do tipo A e B.

Em algumas ocasiões (em que não se tem uma expressão explícita para f ou,
simplesmente, por ser mais conveniente) os chamados coeficientes de
sensibilidade ( f/ xi ) podem ser determinados experimentalmente.
Mede-se a variação que provoca em Y uma mudança em x i, mantendo as outras
grandezas de entrada constantes.
p1 p p
Se f for da forma f =cX 1 X 2 . . . X N e os expoentes p i números
2 N

conhecidos com incertezas desprezíveis, a variância combinada


também pode ser expressa como
2 2
 uc  y   N
 u  xi  
 y  =   pi x 
  i=1  i 

que é uma variância combinada relativa.

Não trataremos aqui de situações em que ocorrem dependência


mútua entre variáveis, correlação.
Neste caso a variância combinada seria melhor expressa por
N N1 N
uc2  y  =  ci2u 2  xi  + 2
i=1
 c c u  x  u  x r  x , x 
i=1 j=i+1
i j i j i j
O fator de abrangência (k) é um fator de re-escalonamento para o
nível de confiança.

A incerteza combinada expandida U será escrita como,

U = ku c
onde, por exemplo, quando k=1 estamos dizendo que nossa medida
tem uma incerteza de ±σ ( x ) . O valor da medida será expresso por

Y = y± U
Após calcular a incerteza combinada padrão, caso alguma grandeza
tipo A, obtida n < 10, esteja obedecendo a relação u A > u c / 2 , vamos
calcular o grau de liberdade efetivo definido por

uC4
νeff = N 4
ui (y)
i=1 νi

ou melhor
uC4
νeff =
u A4 u B1
4 4
u B2
+ + + ...
n 1  
obtendo agora o valor do fator de abrangência em uma tabela t de Student.
Exemplo 1:

Um feixe de radiação gama é atenuado por um material


de espessura x, segundo a expressão:
I = I 0 exp  μx 
Onde I é a intensidade do feixe transmitido na direção
de incidência, I 0 é a intensidade do feixe incidente e μ é
o coeficiente de atenuação total. Considere desprezíveis
as incertezas em I 0 e μ . Determine a incerteza na
intensidade I, sabendo que a espessura possui uma
incerteza de 5%.
Exemplo 2:
A calibração de um micrômetro externo com resolução de 0,001 mm é feita
usando um bloco padrão retangular de 25 mm, feito de (aço, classe 00) cujo
6 o 1
coeficiente de dilatação é   1 1 . 5  1 0 C e tem certificado de calibração
com incerteza expandida U(k=2)=0,07 μm. A diferença de temperatura
entre o bloco padrão e o micrômetro é de 0,2 oC e a temperatura durante a
calibração foi mantida em 21 oC. O erro devido ao paralelismo entre as
faces de medição do micrômetro é de 0,3 μm. Foi realizada uma série de 5
medidas do bloco com o micrômetro (25,002; 25,003; 25,003; 25,003;
25,002) mm.
Obs: Definindo L como sendo o comprimento do bloco, L TL
a) Expresse todas as grandezas de influência em μm.
b) Obtenha as incertezas padrão da resolução, do paralelismo, do bloco
padrão e da diferença de temperatura entre o bloco e o micrômetro.
c) Obtenha a incerteza padrão da série de medidas.
d) Calcule a incerteza padrão combinada.
e) Calcule a incerteza padrão combinada relativa. (Obs: Neste caso não é
necessário converter a incerteza associada à diferença de 0,2 oC para μm)
f) Calcule o grau de liberdade efetivo e obtenha a incerteza expandida para
95% de confiança.

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