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ANÁLISE ESTATÍSTICA DE INCERTEZAS ALEATÓRIAS

Introduz fórmulas básicas e descrição de como elas são


utilizadas para avaliar a confiabilidade de uma medição que
é repetida várias vezes.

1.Erros aleatórios e erros sistemáticos


Incertezas experimentais que podem ser obtidos a partir da
repetição de medições são chamadas de erros aleatórios;
aquelas que não podem ser obtidas desta forma são
chamadas de erros sistemáticos.

Fontes comuns de incertezas aleatórias estão relacionadas a


pequenos erros de julgamento do observador (como quando
se lê um resultado interpolando), pequenos distúrbios nos
aparelhos, problemas de definição...

Fontes comuns de erro sistemático estão relacionadas a


descalibração de instrumentos, deformação de escalas
analógica, erros de paralaxe, modelos teóricos
inadequados…
Fig.1 (John Taylor; Análise de erros)

Os erros sistemáticos são difíceis de detectar e devem ser


evitados a partir de uma boa avaliação dos procedimentos
experimentais a fim de que se possa antecipar as possíveis
fontes de erro sistemático.

Utiliza-se métodos estatísticos para fazer uma estimativa


confiável dos erros aleatórios.

2. A média e o desvio padrão

Suponha que precisamos medir uma grandeza x,


identificamos e eliminamos todas as fontes de erros
sistemáticos e só restaram fontes de erros aleatórios.

Se repetimos a medida e obtivemos N medidas, x1, x2,


x3, ...xN, da mesma grandeza x, então, restaram erros
aleatórios. Nessas condições, como determinar a melhor
estimativa e a incerteza?
2.1. A melhor estimativa
1
É a média dada por 𝑥𝑚 = ∑𝑁 𝑥
𝑁 𝑖=1 𝑖

2.2. O Desvio padrão


É uma estimativa da média dos desvios (xi – xm) das
medidas.

∑(𝑥𝑖 −𝑥)2
(a) Desvio padrão populacional σx = √
𝑁

Pode ser descrito como raiz média quadrática dos desvios


das medidas x1, x2, x3, ...xN

Observe que:
(i) Se N for um número qualquer, por exemplo N=5, e
alguns dos valores xi forem diferentes, resulta em
desvio diferente de zero e indica que tem erro
aleatório
(ii) Se N for um número qualquer, por exemplo N=5, e
todos os valores xi forem iguais, resulta em desvio
zero e indica que não tem erro aleatório
(iii) Se N = 1, resulta em desvio zero e indica que não
tem erro aleatório. Mas, isso não é verdade. Com
uma medida só, não podemos identificar a existência
do erro aleatório.

(b) Desvio padrão amostral


)2
σx = √ (𝑁−1)
∑(𝑥𝑖 −𝑥

Observe que:
(i) Se N for um número qualquer, por exemplo N=5, e
todos os valores xi forem iguais, resulta em desvio
zero e indica que não tem erro aleatório.
(ii) Se N for um número qualquer, por exemplo N=5, e
todos os valores xi forem iguais, resulta em desvio
zero e indica que não tem erro aleatório
(iii) Se N = 1, então, resulta em 0/0, que significa uma
indefinição e reflete nossa total ignorância quanto
existência do erro aleatório após uma única medição.

No laboratório usamos o desvio padrão amostral

3. o desvio padrão como a incerteza em uma única medição

Se todas as fontes de incerteza forem pequenas e aleatórias,


os resultados estarão distribuídos em torno do valor
verdadeiro de acordo com uma curva de distribuição
chamada normal.

Em particular, 68% das medidas irão se encontrar no


intervalo xverdade ± σx
Se uma única medição for realizada, a probabilidade de que
o resultado esteja dentro de σx é de 68% do valor correto.

Podemos adotar σx como a incerteza de uma medição x.


δx = σx

4. O desvio padrão da média

Atesta a confiabilidade da média de N medidas. Isso se faz


realizando uma sequência de experimentos em que em cada
um deles se faz N repetições e se calcula a média. Podemos
ter uma distribuição das médias das N medidas.
𝜎𝑥
𝜎𝑚 =
√𝑁
Que resulta
)2
σm = √ 𝑁(𝑁−1)
∑(𝑥𝑖 −𝑥

Esse resultado deve ser entendido como a incerteza da


média de x
Erro aleatório deve ser calculado como desvio padrão da
média

)2
σm = √ 𝑁(𝑁−1)
∑(𝑥𝑖 −𝑥

5. Erro absoluto

É o erro total na medida.

O desvio padrão da média pode ser considerado como a


componente aleatória da incerteza, mas, certamente, não é
a incerteza total.

Nenhuma teoria nos diz o que fazer com os erros


sistemáticos. Na verdade, a única teoria de erros sistemático
é aquela que eles devem ser identificados e reduzidos até
que sejam menores que a precisão exigida. Na
impossibilidade de eliminar o erro sistemático, o erro total
pode ser considerado de modo que o erro aleatório e o erro
sistemático sejam combinados em quadratura.

𝛿𝑥 = √(𝛿𝑥𝑎𝑙𝑒 )2 + (𝛿𝑥𝑠𝑖𝑠 )2

Numa medida direta o erro instrumental é considerado um


erro sistemático. E uma expressão razoável para o erro total
é

𝛿𝑥 = √(𝛿𝑥𝑎𝑙𝑒 )2 + (𝛿𝑥𝑖𝑛𝑠𝑡 )2
Exemplo: o tempo de queda da esfera medido com um
cronômetro digital de precisão 0,001s.

x (xi-x̅m) (xi - x̅m)2


0,429 0 0
0,430 0,001 0,000001
0,429 0 0
0,431 0,002 0,000004
0,428 -0,001 0,000001
x̅m = 0,429 ∑(xi - x̅)2 =
0,000006

δtale =𝜎𝑚 = √ = 0,0005477 ~ 0,0005 s


0,000006
5(4)

δtinst = 0,001 s

𝛿𝑡 = √(0,0005)2 + (0,001)2 = 0,001 𝑠

O resultado da medida do tempo de queda é 0,429± 0,001s

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