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XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia

Geotécnica
IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
XI Congresso Luso Brasileiro de Geotecnia
23 a 26 de Agosto de 2022 – Campinas – SP

Obtenção de Parâmetros Não Drenados em Pilhas e Barragens de


Rejeito
Fernanda Yamaguchi Matarazo
Engenheira Geotécnico, BVP Geotecnia e Hidrotecnia, Belo Horizonte, Brasil,
fernanda.matarazo@bvp.eng.br

Felipe Vianna Amaral de Souza Cruz


Engenheiro Geotécnico, BVP Geotecnia e Hidrotecnia, Rio de Janeiro, Brasil, felipe.cruz@bvp.eng.br

Lucas Gonçalves de Faria


Engenheiro Geotécnico, BVP Geotecnia e Hidrotecnia, Belo Horizonte, Brasil, lucas.faria@bvp.eng.br

Carlos Henrique Rocha dos Santos


Engenheiro Geotécnico, BVP Geotecnia e Hidrotecnia, Belo Horizonte, Brasil, carlos.santos@bvp.eng.br

Thiago Cruz Bretas


Engenheiro Geotécnico, BVP Geotecnia e Hidrotecnia, Belo Horizonte, Brasil, thiago.bretas@bvp.eng.br

RESUMO: Como boa prática, busca-se em projetos geotécnicos a definição da situação mais
desfavorável a partir da comparação entre a resistência do solo e as tensões atuantes na massa. No
caso dos solos, a resistência não é uma grandeza fixa, isto é, a resistência é diretamente proporcional
ao valor da tensão efetiva, quanto maior a tensão efetiva, maiores serão as tensões que o solo consegue
suportar. Em muitos casos práticos, como por exemplo, projetos de pilhas e barragens de rejeito, é
comum a separação por efeitos de carregamento, tal como a análise de estabilidade em condição não
drenada, principalmente após a publicação da resolução da ANM Nº 13, DE 8 DE AGOSTO DE 2019
no Brasil. O objetivo deste trabalho é apresentar uma discussão sobre as metodologias propostas por
Duncan et al (2014) e Olson (2001 e 2008) sobre a obtenção de parâmetros não drenados, abordando
a forma de utilização e comparação de valores para os mesmos materiais. A adoção de parâmetros não
drenados vem sendo cada vez mais utilizada nos projetos aplicados em estruturas da mineração brasileira, por
sua adequação a nossa estrutura de rejeito e materiais de fundação bem como exigências normativas. Esta
aplicabilidade está diretamente relacionada com a previsibilidade de falhas outrora não explicáveis.

PALAVRAS-CHAVE: Resistência não drenada, barragens e pilhas de rejeito, ensaios de campo e


laboratório

ABSTRACT: As a good practice, in geotechnical projects is common to define the most unfavorable
situation based on the comparison between the soil resistance and the stresses acting on the mass. In
the case of soils, the resistance is not a fixed quantity, that is, the resistance is directly proportional
to the value of the effective tension, the greater the effective stress, the greater the tensions that the
soil can resist. In many practical cases, such as tailings piles and dam projects, separation by loading
effects is common, such as the stability analysis in an undrained condition, especially after the
publication of ANM resolution No. 13, DE 8 AUGUST 2019 in Brazil. The aim of this paper is to
present a discussion on the methodologies proposed by Duncan et al (2014) and Olson & Mattson
(2008) on obtaining undrained parameters, addressing the way of using and comparing values for the
same materials. The adoption of undrained parameters has been increasingly used in projects in

https://proceedings.science/p/149219
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Brazilian mining structures, due to their suitability to our tailings structure and foundation materials,
as well as regulatory requirements. This applicability is directly related to the predictability of
previously unexplainable failures.

KEYWORDS: Undrained parameters, tailings dam and dry stack pile, laboratory and field tests

1 Introdução

Para a elaboração de projetos geotécnicos, como por exemplo projetos de pilhas e barragens de
rejeito, é necessário o conhecimento das propriedades e dos parâmetros dos solos, sendo a correta
determinação de parâmetros geotécnicos um aspecto fundamental para avaliar a estabilidade das
estruturas. Nessas análises, como boa prática, busca-se a situação mais desfavorável a partir da
comparação da resistência de um solo e as tensões atuantes na massa. É comum a separação por
efeitos de carregamento, tal como a análise de estabilidade em condição não drenada, principalmente
após a publicação da resolução da ANM Nº 13, de 8 de Agosto de 2019.
O conceito de cenários drenados e não drenados é fundamental para entender o comportamento
dos solos. Em condições drenadas, a água presente no material consegue percolar por ele assim que
um carregamento é adicionado, sem que haja qualquer alteração de tensões nos poros do material,
enquanto um carregamento não drenado é caracterizado pela alteração da pressão nos poros devido
um carregamento, neste cenário, a água não consegue se movimentar por entre os poros do material
na mesma velocidade em que ocorre o acréscimo de carga. A condição não drenada, de acordo com
Duncan et. al (2014), pode persistir por dias, semanas ou meses, dependendo das propriedades do
solo e da espessura da massa.
A resistência não drenada (Su), de acordo com Duncan et. al (2014), é a resistência do solo
quando ele é carregado até a ruptura sob condições não drenadas, de acordo com Terzaghi e Peck
(1996), ocorre na prática quando um carregamento externo é aplicado a uma velocidade mais rápida
do que a velocidade em que o acréscimo de poropressão gerado é dissipado, podendo ser determinado
em ensaios laboratoriais e de campo.
Segundo Lemos (2014), geralmente, os ensaios de campo geram dados de resistência não
drenada de uma forma mais rápida e em maior quantidade do que os ensaios de laboratório, entretanto,
alguns desses dados são baseados em correlações empíricas. O ensaio de compressão simples, ensaio
de compressão triaxial (CU e UU), ensaio de Fall Cone e ensaio de palheta de laboratório (Mini Vane
Test) são alguns exemplos de ensaios laboratoriais que permite a determinação da resistência não
drenada. Em campo, pode-se utilizar o ensaio piezocone e Vane Test.
O objetivo do presente trabalho é apresentar uma discussão sobre as metodologias propostas
por Duncan et. al (2014) e Olson & Mattson (2008) a cerca da obtenção dos parâmetros não drenados,
abordando a forma de utilização e comparação de valores para os mesmos materiais, a fim de
demonstrar o quanto uma metodologia pode ser mais conservadora quando comparadas e qual teria a
melhor representatividade para casos já estudados na mineração brasileira.

2 Metodologia

Seis amostras de material de fundação e cinco amostras de rejeito compactado foram


submetidas à ensaios de compressão triaxial não drenado (CIU) no qual determinou-se os parâmetros
de resistência ao cisalhamento. Posteriormente, por meio dos resultados obtidos pelos ensaios, plotou-
se gráficos de acordo com a metodologia de Olson & Mattson (2008) e Duncan et. al (2014) para a
determinação da razão de resistência não drenada (Su/𝜎′ ) de cada conjunto de corpos de prova.
Adicionalmente, para o material de fundação, no qual fora realizado sondagem CPTu, os dados dessas

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sondagens foram tratados para também extrair a relação e comparar com os resultados obtidos pelos
ensaios laboratoriais.
De posse dos resultados, é feito um agrupamento dos materiais de mesmo tipo objetivando uma
análise crítica a respeito do conservadorismo de uma metodologia quando comparada a outra, além
da verificação de qual das propostas se mostra mais representativa e aplicável aos cenários e
condições de análises sobre a ótica do modelo analisado.

3 Relação resistência não drenada e tensão vertical

O valor de Su depende, dentre outros fatores, do tipo de ensaio, portanto é importante para a
definição da resistência de projeto entender a relação entre as resistências determinadas por cada tipo
de ensaio, como também é importante estabelecer a confiabilidade destas determinações. (Watabe e
Tsuchida, 2001)
Para Olson & Mattson (2008), a relação Su/𝜎′ pode ser definida pela Equação 1, sendo o
quociente da tensão desviatória e tensão confinante.

= (1)

Para Duncan et. al (2014), a resistência não drenada é expressa pelo valor da resistência ao
cisalhamento no plano de falha durante e ruptura, conforme Equação 2.

𝜏 =𝑆 = cos 𝜙′ (2)

Para obter a relação Su/𝜎′ plotou-se a resistência não drenada pela tensão de confinamento no
momento da ruptura (𝜎′ ), caso a consolidação ocorra de forma isotrópica, temos que 𝜎′ = 𝜎′ .
Para Olson & Mattson (2008), a formulação de Duncan et. al (2014) corresponde a resistência não
drenada liquefeita do material.
Para este estudo selecionou-se amostras ensaiadas em dois tipos de materiais, solo residual de
dolomito (fundação), rejeito compactado, conforme apresentado nas Tabela 1 e Tabela 2. Para o
material de fundação, também foram realizadas investigações por meio do CPTu, portanto, os dados
foram tratados e serão comparados com os valores obtidos por meio dos métodos citados
anteriormente.

Tabela 1. Parâmetros - Ensaio CIU – Fundação


Fonte: Autores
Litotipo Amostra 𝜎 (kPa) p' (kPa) q (kPa) 𝜙

100 140,76 71,76


200 217,50 107,50
Amostra 1 29,3
400 376,54 191,54
800 508,57 248,57
100 198,38 107,38
200 374,55 219,55
Amostra 2 33,5
400 730,60 409,60
Fundação
800 1039,37 575,37
100 230,52 118,52
200 370,75 202,75
Amostra 3 26,6
400 471,08 250,08
800 720,12 347,12
100 191,05 118,05
Amostra 4 28,8
200 358,41 182,41

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400 499,31 249,31


800 789,22 412,22
100 181,59 92,59
200 228,11 101,11
Amostra 5 19,2
400 333,09 149,09
800 581,37 222,37
100 112,34 48,34
200 165,00 63,00
Amostra 6 19,1
400 318,78 125,78
800 520,00 183,00

Tabela 2. Parâmetros - Ensaio CIU – Rejeito


Fonte: Autores
Litotipo Amostra 𝜎 (kPa) p' (kPa) q (kPa) 𝜙
100 57,5 28,5
200 138 50
Amostra 1 30
400 268,5 114,5
800 537,7 283,7
100 75,4 26,4
200 146,0 54,0
Amostra 2 26,5
400 300,9 125,9
800 523,5 242,5
100 147,0 78,0
200 212,4 111,4
Rejeito Amostra 3 33,4
400 371,6 189,6
800 822,5 461,5
100 166,8 98,8
200 225,3 128,3
Amostra 4 34,1
400 360,7 191,7
800 616,2 350,2
100 95,4 41,4
200 159,8 55,8
Amostra 5 24,1
400 263,2 104,2
800 527,4 219,4

Nas Figura 1 e Figura 2 são apresentados os gráficos de Su/𝜎′ utilizando as relações propostas
por Duncan et. al (2014) e Olson & Mattson (2008) para o material de fundação e rejeito,
respectivamente. A relação foi obtida para cada conjunto de corpos de provas dos ensaios de
compressão triaxial.

Figura 1: Su/𝜎′ - Amostras Fundação


Fonte: Autores

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Figura 2: Su/𝜎′ - Amostras Rejeito


Fonte: Autores

Na Figura 3 apresentam-se os valores obtidos para cada amostra estudada comparando as


metodologias abordadas neste trabalho. Percebe-se que em todos os casos, os valores obtidos pela
metodologia de Olson & Mattson (2008) foram superiores aos valores obtidos por Duncan et. al
(2014).

Figura 3: Comparação entre os valores obtidos para Su/𝜎′ pelas metodologias de Duncan et. al (2014) e Olson &
Mattson (2008) para cada amostra

Os valores para a relação de resistência não drenada obtidos pelas duas metodologias
convergem entre si para Su/𝜎′ < 0,4 e para valores maiores que 0,4, a metodologia de Olson &
Mattson (2008) apresenta valores superiores a relação proposta por Duncan el. al (2014), conforme
apresenta a Figura 4.

Figura 4: Comparação entre as metodologias propostas por Duncan et. al (2014) e Olson & Mattson (2008)
Fonte: Autores

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Adicionalmente, na Tabela 3 apresenta-se os valores da relação de resistência não drenada para


cada corpo de prova ensaiado e a variação de um método para o outro.

Tabela 3: Relação Su/𝜎′ para cada corpo de prova ensaiado


𝜎 Olson Duncan 𝜎 Olson Duncan 𝜎 Olson Duncan
Litotipo ∆ Litotipo ∆ Litotipo ∆
(kPa) Su/s'v Su/s'v (kPa) Su/s'v Su/s'v (kPa) Su/s'v Su/s'v
100 0,72 0,63 0,09 100 0,29 0,25 0,04 100 0,67 0,55 0,11
200 0,54 0,47 0,07 200 0,25 0,22 0,03 Estéril 200 0,78 0,65 0,13
Fundação Rejeito
400 0,48 0,42 0,06 400 0,29 0,25 0,04 800 0,65 0,54 0,11
800 0,31 0,27 0,04 800 0,35 0,31 0,05 100 2,01 1,67 0,34
100 1,07 0,90 0,18 100 0,26 0,24 0,03 200 1,49 1,23 0,25
Estéril
200 1,10 0,92 0,18 200 0,27 0,24 0,03 400 0,76 0,63 0,13
Fundação Rejeito
400 1,02 0,85 0,17 400 0,31 0,28 0,03 800 0,58 0,48 0,10
800 0,72 0,60 0,12 800 0,30 0,27 0,03 100 2,46 2,04 0,42
100 1,19 1,06 0,13 100 0,78 0,65 0,13 200 1,59 1,32 0,27
Estéril
200 1,01 0,91 0,11 200 0,56 0,47 0,09 400 1,02 0,84 0,17
Fundação Rejeito
400 0,63 0,56 0,07 400 0,47 0,40 0,08 800 0,68 0,57 0,12
800 0,43 0,39 0,05 800 0,58 0,48 0,10
100 1,18 1,03 0,15 100 0,99 0,82 0,17
200 0,91 0,80 0,11 200 0,64 0,53 0,11
Fundação Rejeito
400 0,62 0,55 0,08 400 0,48 0,40 0,08
800 0,52 0,45 0,06 800 0,44 0,36 0,08
100 0,93 0,87 0,05 100 0,41 0,38 0,04
200 0,51 0,48 0,03 200 0,28 0,25 0,02
Fundação Rejeito
400 0,37 0,35 0,02 400 0,26 0,24 0,02
800 0,28 0,26 0,02 800 0,27 0,25 0,02
100 0,48 0,46 0,03
200 0,32 0,30 0,02
Fundação
400 0,31 0,30 0,02
800 0,23 0,22 0,01

Percebe-se que em todos os casos a metodologia proposta por Olson & Mattson (2008)
apresenta valores superiores para a relação Su/𝜎′ , isso ocorre devido a consideração de Duncan et.
al (2014) em utilizar o ângulo de atrito interno para o cálculo de 𝜏 , para as amostras analisadas, os
valores obtidos por Olson & Mattson (2008) são maiores aproximadamente 5 a 21% do que os obtidos
pela metodologia de Duncan et. al (2014).
Para o material de fundação também foi feita uma campanha de sondagens CPTu, a Figura 5
apresenta os dados retirados a partir dos ensaios realizados.

Figura 5: Valores de Su/𝜎′ para o material de fundação obtido através de ensaios de CPTu
Fonte: Autores

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Quando se compara os resultados de laboratório com aqueles obtidos por ensaio de campo nota-
se que para as amostras do material estudado, obteve-se valores menores através do ensaio de campo.
A partir do histograma de frequências dos resultados dos CPTu, obteve-se Su/𝜎′ = 0,222 para o
primeiro quartil da amostragem e não excedeu 0,30 nas profundidades estudada enquanto nos ensaios
laboratoriais os valores para a relação da resistência não drenada e tensão vertical efetiva ficaram
entre 0,23 e 0,79. Constata-se que as amostras retiradas na fundação, mesmo sendo classificadas como
sendo o mesmo material, apresentaram-se bastante heterogêneas na etapa de amostragem. Vale
ressaltar que há inúmeras outras metodologias para se obter a razão de resistência não drenada através
dos CPTu, como a proposta de Olson & Stark (2003) para resistência de pico para materiais mais
arenosos, por exemplo.

4 Conclusão

De posse dos resultados, para as amostras estudadas, nota-se que a metodologia proposta por
Duncan et. al (2014) fornece valores inferiores quando comparada com a proposta de Olson &
Mattson (2008) e que a variação entre os parâmetros é maior quanto maior o ângulo de atrito interno
da do material. Pode-se perceber também que as duas metodologias apresentam resultados similares
em valores de Su/𝜎′ inferiores a 0,40.
Portanto, diante do exposto, em situações onde não se tenha muitos ensaios para a confirmação
dos parâmetros não drenados, vale se utilizar a metodologia proposta por Duncan et al (2014), uma
vez que, a partir dos estudos realizados, verifica-se que esta pode ser considerada mais a favor da
segurança. Entretanto, em casos onde há ensaios de campo corroborando com valores obtidos em
ensaios de laboratório, a metodologia proposta por Olson & Mattson (2008) também se mostra
adequada e indicada pelos autores. Ressalta-se que, para Olson & Mattson (2008), a equação proposta
por Duncan et. al (2014) corresponde à relação de resistência não drenada do material em condições
liquefeitas.
Para o material de fundação, no qual comparou-se os resultados de ensaios de campo (CPTu) e
relação extraída de ensaios laboratoriais, o ensaio de campo apresentam valores inferiores para as
profundidades estudadas, na metodologia apresentada, porém, conforme mencionado acima há outras
metodologias utilizando CPTu que podem apresentar comportamentos distintos e fica como um
sugestão para aprofundamento deste trabalho.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a BVP Geotecnia e Hidrotecnia pelo apoio dado na elaboração deste
trabalho, bem como os familiares e amigos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Duncan, J.; Wright, S. G; Brandon, T.L.; (2014) Soil Strength and Slope Stability, 2rd ed., Wiley, Hoboken,
New Jersey, USA.
Lemos, S.G.F.P. (2014) Estudo da resistência não drenada de solo de baixa consistência por meio de ensaios
de campo e laboratório Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, Programa de Pós-graduação em
Engenharia Civil, Universidade Federal do Espírito Santo, 183 p.

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Olson, S, M (2001) Liquefaction analysis of level and sloping ground using field case histories and penetration
resistance. Submitted in partial fulfillment of the requirements for the degree of Doctor of Philosophy in
Civil Engineer. Graduate College of the University of Illinois.
Olson, S. M. e Stark, T. D. (2003) Yield Strength Ratio and Liquefaction Analysis of Slopes and
Embankments. Journal of Geotechnical and Geoenvironmental Engineering, vol. 129, nº 8, ASCE.
Olson, S, M; Mattson, B, B. (2008) Mode of shear effects on yield and liquefied strength ratios. Canadian
Geotech, J. Vol. 45. Canadá.
Terzaghi, K.; Peck, R.B.; (1996) Soil Mechanics in Engineering Practice, 3rd ed., McGraw Hill, New York,
NY, USA, 549 p.
Watabe, Y; Tsuchida, T. (2001) Comparative study on undrained shear strength of Osaka Bay Pleistocene clay
determined by several kinds of laboratory test. Soils and FoundationsVolume 41, Issue 5, October 2001,
Pages 47-59

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