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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS


DEPARTAMENTO DE GEOTECNIA

SOLOS POROSOS E COLAPSÍVEIS


(AULA INAUGURAL DE 1992)

MILTON VARGAS

SÃO CARLOS
2021
Universidade de São Paulo
Escola de Engenharia de São Carlos
Departamento de Geotecnia

L
,
L I I
(Aula Inaugural de 1992)

Milton Vargas

São Carlos, julho de 2001


APRESENTAÇÃO

A área de pós-graduação em Geotecnia da USP/São


carlos instituiu, em 1992, a aula inaugural do ano letivo
da pós-graduação.
A primeira aula inaugural ocorreu em 13/3/92 e
foi ministrada pelo eminente geotécnico brasileiro
Professor Milton Vargas, que abordou com grande competência
o tema "Solos Porosos e Colapsíveis".
O Prof. Vargas autorizou a gravação da palestra
em fita de vídeo-cassete, e revisou o texto obtido a partir
da gravação, o qual merece ser publicado para uma maior
divulgação entre os alunos da EESC-USP, inclusive os de
graduação.
Agradecemos ao Prof. Milton Vargas pela sua
valiosa colaboração e ao CETEPE pela gravação, reprodução
escrita e editoração deste trabalho.

São Carlos, novembro de 1993.

Prof.Dr. José Carlos A. Cintra


Coordenador da Área de Pós-Graduação
em Geotecnia
SOLOS POROSOS E COLAPSÍVEIS
Milton Vargas

Em primeiro lugar, eu queria agradecer aos meus colegas, professores


do Departamento de Geotecnia desta Escola de Engenharia de São Carlos, este
prazer e esta honra que eu tenho de poder me dirigir a vocês, tentando mostrar
alguma coisa da minha experiência em solos porosos e colapsíveis que
começou em 1944, dois anos depois da minha formatura como engenheiro civil,
porque eu havia me formado em eletricidade em 1938. Quando entrei para o
IPT, entrei como eletricista para estudar prospecção elétrica dos solos e isso me
transferiu, do campo da eletricidade, para o campo da engenharia civil, de forma
que me vi obrigado, em 1942, a diplomar-me também engenheiro civil. Dois
anos depois, fui incumbido pelo IPT, de fazer sondagens e estudo de fundação
dos hangares da Escola de Aeronáutica de Pirassununga. Foi talvez, devido ao
meu primeiro fracasso, que resultou então o início dos meus conhecimentos de
solos porosos.

Tratava-se de determinar o tipo de fundação ótimo para os hangares


daquela Escola de Aeronáutica. A sondagem mostrava que se tratava de um
terreno de areia com pouca argila. Por acaso, havia um poço aberto neste
terreno, com as paredes verticais, perfeitamente estáveis. Então, observando
aquele terreno de areia, sabendo o que diziam os livros de texto sobre areia
como material de fundação e, ainda, vendo aquele poço tão estável, com as
paredes profundas, sem nenhum sinal de desmoronamento, eu não tive a menor
dúvida que aquele terreno era um terreno excelente e aconselhei que se fizesse
fundação direta com 3 kgf/cm2. Felizmente, isso não foi escrito, porque era
necessário comprová-lo por meio de prova de carga. Então, fez-se uma prova
de carga no terreno (1l , e essa, com cerca de 0,5 kgf/cm2, já mostrava um
recalque de 20cm. Esse foi o primeiro contato que tive com esse tipo de solo
que vamos tratar agora; solos que foram chamados desde aquela época, mais
pelos sondadores do que por nós, engenheiros, de solos porosos, pela simples
razão de que se enxergava a olho nu os seus poros. Examinando a amostra
desse solo, percebia-se que seus poros eram visíveis. O que redimiu-me do

{1)Relatório do IPT n2 676- "Estudo das Fundações dos Hangares da Escola de Aeronáutica de
Pirassununga", 1O de maio de 1944.
fracasso inicial é que preconizei, no relatório do IPT, a compactação do solo
para receber as cargas das sapatas; mas não foram feitas provas de carga para
comprovar essa solução.

Desde aquela época, 1944, que os sondadores do IPT se acostumaram a


chamar tais solos de porosos. Naquela época não se tinha nenhuma idéia de
que havia o perigo da colapsibilidade; o que se temia era a compressibilidade.
Quer dizer, não era possível fazer fundações diretas naquele terreno, nem com
0,5 kgf/cm2, quanto mais com 3 kgf/cm2 que eu tinha imaginado para uma areia
de tão boa aparência. Sua compressibilidade era o que o impedia.

Creio que o desconhecimento dos solos porosos que demonstrei naquela


ocasião não seria muito desonroso, porque não acredito que, no mundo inteiro,
havia naquela época, muita experiência sobre tais tipos de solos. Comprovei
isso em 1946, quando estava fazendo um curso de pós-graduação com o
Terzaghi. Ele me chamou, num certo dia, para que eu traduzisse um perfil de
sondagem que tinha recebido da Cia. Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.
Naquele perfil de sondagem, estavam indicadas a porosidade do solo e sua
umidade, e, ao mesmo tempo, na camada superficial, estava escrito: argila
mole. Depois de eu ter traduzido aquilo tudo, Terzaghi perguntou: como é que
essa camada pode ser de argila mole com uma umidade tão baixa; se essa
argila é mole e a sua porosidade, como se mostra aqui, é de 40 a 50%, não
pode ter um teor tão baixo de umidade.

Eu me lembrei do terreno de Pirassununga e tentei mostrar a Terzaghi


que havia solos daquele tipo no Brasil e que a palavra mole não se adaptava
muito bem ao que nós chamávamos de "porous sai!" e que, de fato, tratava-se
de um terreno de alta porosidade e baixo teor de umidade.

Ele não acreditou e preferiu acreditar que aquela sondagem estava mal
feita, dizendo: não há desculpa alguma para sondagens mal feitas. E me p_ôs
para fora da sala. Isso consolou-me _um pouco, porque se era tão pouco o
conhecimento de solos porosos, mesmo pelo grande mestre Terzaghi, eu
também poderia ter me enganado em Pirassununga.

Mas, o episódio de Pirassununga, como que abriu, descortinou, um


panorama que foi logo utilizado numa fundação de um tanque de água na Rua
da Consolação,_ em São· Paulo; era o reservatório da Consolação, que ainda

2
está lá na agora Avenida da Consolação, que distribui água para toda a região
da Paulista.

Por razões hidráulicas, a base do reservatório devia ficar numa


determinada quota; e essa quota estava exatamente na metade da altura de
uma camada que não era a mesma coisa que o solo de Pirassununga; mas era
semelhante, era uma camada de argila vermelha com alta porosidade e pouca
umidade. Umidade muito baixa relativamente àquela porosidade. Isto então
mostrou que estes tais solos porosos podiam ser tanto de areia, como aquele de
Pirassununga, como podiam ser de argilas, como aquelas argilas do espigão da
Avenida Paulista, em São Paulo (2)

Abaixo da camada porosa, geralmente existe um solo endurecido, ou


uma camada de pedregulho. É comum haver uma simples linha de pedregulho.
A camada de argila endurecida pode perfeitamente receber as cargas de
fundação, que são transmitidas da fundação através da argila porosa, por
exemplo, por meio de estacas.

Mas no reservatório da Consolação, o problema era que havia 2m só de


argila vermelha porosa debaixo do nível de fundação do reservatório e a
camada dura, endurecida, de argila, logo abaixo da camada porosa, não
permitia que se cravassem estacas. Era dura demais. Então foi resolvido algo
muito simples: escavar todos os 2m da argila porosa e depois recompactar a
mesma argila porosa, elevando assim a sua densidade, diminuindo a
porosidade, mantendo a mesma umidade, mas transformando-a num solo
perfeitamente capaz de receber as cargas das fundações.

Mas, nessa época, nós começamos a desconfiar que tais solos porosos
não só eram compressíveis, mas eram também colapsíveis. Eles também
sofriam colapso de suas estruturas, quando saturados. Por que?

Porque quando nós começamos a estudar a questão da fundação do


reservatório da Consolação, ouvimos crônicas de casas residenciais que tinham
trincado e recalcado, ali naquela zona da Avenida Paulista e da Consolação,
depois que ocorreram rupturas de encanamentos de água. Isso nos deu a idéia
de que, debaixo de um reservatório de água, se tivéssemos deixado a argila

(2) Vargas, M. - "Fundação sobre aterro compactado". Revista RAE., junho 1951.

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porosa, mesmo com carga muito baixa, se houvesse infiltração de água, a
estrutura do solo iria entrar em colapso.

Talvez porque, no primeiro momento, ainda não muito claro, em que se


começa a entender certas coisas, elas não aparecem claramente, aparecem
nebulosas, existem opiniões que são assim, opiniões que são assado. De
maneira que se temia, nesse momento, o grande perigo da compressibilidade,
mas, além da compressibilidade, já se começava a pensar na colapsibilidade
também.

Em 1954, ainda quando estava no IPT, estive aqui, neste mesmo local,
para estudar as fundações da Escola de Engenharia de São Carlos. Eram os
prédios principais desta Escola, que estavam sendo projetados na época. O IPT
foi encarregado de fazer as sondagens e emitir opinião também sobre o tipo de
fundação adequado. O que foi feito em três relatórios (3) .

Ontem mesmo, de manhã, estive no IPT procurando estes relatórios e,


felizmente, eu os encontrei. Encontrei-os e verifiquei duas coisas
interessantíssimas: em primeiro lugar, nas sondagens está escrito que o terreno
é constituído por uma camada superficial de 5m de uma areia fina, fofa, amarelo
avermelhado. Abaixo desses 5m está escrito: solo de alteração de arenito.

Naquele tempo, pelo menos os sondadores do IPT, tinham a noção exata


de que essa camada superficial de 5m não era de alteração de arenito. As
alterações de arenito começavam abaixo dela. Isso me alegrou muito porque,
logo nós vamos ver que houve uma grande controvérsia sobre esses solos
porosos, se eles eram solos residuais de alteração de rocha, ou se eram solos
de outra espécie, depositados sobre alterações de rocha. Constatei ontem, que
pelo menos os sondadores do IPT tiveram a precaução de dividir bem essas
duas camadas, já em 1954.

Foram feitas provas de carga superficiais aqui também e o resultado foi


que a carga admissível seria 0,6 kgf/cm2 e a carga de ruptura de 1,O kgf/cm2.
Depois fizeram-se provas de carga a grandes profundidades, a pnmeira prova
de carga, a 5m, e a segunda, a ?m de profundidade.

(3 ) Relatório do IPT nQ 2181, de 29/12/53, sobre as sondagens e estudos da fundação; Relatório


do IPT nQ 2269, de 10/09/54, sobre provas de carga diretas; Relatório do IPT nQ 2310, de
22/11/54, sobre provas de carga sobre estacas.

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Para meu espanto, e não sei como explicá-lo, a capacidade de carga
dessas provas profundas não era muito maior do que as superficiais. A de Sm
deu uma capacidade de carga de 2,0 kgf/cm2 e a de 7m deu 2,5 kgf/cm 2 . Deve
ter havido qualquer motivo porque que essas provas não mostravam, a seu
favor, o efeito de profundidade. Provavelmente, os poços onde as provas foram
feitas, eram largos demais para o tamanho das placas, então elas funcionavam
como provas superficiais, embora a grande profundidade.

O relatório que investiga o tipo de fundação está assinado pelo


Engenheiro Nápoles Neto. Ele devia ter feito uma investigação bastante
detalhada, a partir de sondagens, de provas de carga e ensaio de laboratório.
Preconiza a fundação por estaca; as quais deveriam atravessar a camada de
solo poroso e enterrar suas pontas no solo de alteração de arenito. Não haveria,
então, nem o perigo de grande compressibilidade e nem o de colapsibilidade.

Porém tenho idéia de que, pelo menos o prédio central da Escola de


Engenharia de São Carlos foi fundado sobre tubulões a céu aberto. Essa
lembrança não posso garantir, mas tenho idéia de que as colunas centrais
daquele prédio foram assentadas sobre arenito decomposto pelo menos a uns 6
ou 7 m de profundidade com tubulões a céu aberto.

Esse é um outro tipo de fundação que se pode utilizar nesses solos ditos
porosos. Eles são muito fáceis de escavar. Fazer um poço a céu aberto nesse
tipo de solo é extremamente fácil, porque apesar de muito compressível, tem
uma resistência capaz de permitir ser escavado verticalmente. Existem,
portanto, três tipos de fundação compatíveis com os solos porosos, que foram
adotados entre nós, ao correr da história dos solos porosos que eu estou
tentando aqui relatar. Primeiro escavar e recompactar o mesmo material. Quero
lembrar que este processo quase deu um escândalo público, no caso da
fundação do reservatório da Consolação, porque o fiscal da obra abriu um
verdadeiro escândalo, dizendo que aquilo tudo era uma grande marmelada dos
empreiteiros, porque escavavam o terreno e aterravam-no de novo. Ganhavam
assim na escavação e no re-aterro. Foi preciso muito argumento para mostrar
que não era assim; e foi preciso fazer prova de carga sobre o material poroso
original e sobre o mesmo material compactado, para mostrar ao fiscal que, de
fato, estava-se assim ganhando capacidade de carga e diminuindo a
compressibilidade do terreno.

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O segundo método, é o do uso de estacas; e o terceiro é o de tubulões.
Então, por volta de 1960, já se poderia chegar à conclusão de que o que
chamávamos de solo poroso era um terreno superficial de grande porosidade,
cujo volume dos poros variava de 40 a 60% do volume total, e a umidade é
baixa; de tal forma que seu grau de saturação, quer dizer, o volume dos vazios
ocupados por água era pequeno. O grau de saturação de uma argila porosa
está sempre abaixo de 70% e, muitas vezes, bem menos do que isto.

Acima de 80% o solo não é mais poroso; pode-se, nesse caso, chamá-lo
de solo quase saturado. O solo tem mecânica de comportamento totalmente
diferente da de solo poroso, quando o grau de saturação está acima de 80%.
Mais adiante vamos ver porquê.

Ora, nessa época, a primeira manifestação, ou divulgação internacional


da existência desses solos porosos, me parece que foi feita no Segundo
Congresso Internacional de Mecânica dos Solos, que se reuniu em Amsterdam
em 1948, num trabalho do nosso colega do !PT, Ernesto Pichler, hoje falecido.
O Ernesto Pichler escreveu um estudo regional do solo de São Paulo, onde ele
divide os solos de São Paulo em três classes, a primeira delas que consistia de
uma argila vermelha ele diz que é um solo poroso e exemplifica: "essa argila
tem uma alta porosidade até a profundidade aproximada de 1Om. Dessa
profundidade para baixo a argila se torna rija ou endurece". (4 l

A razão dessa formação endurecida debaixo do solo poroso, que é muito


útil para fundações, para suporte de tubulões, ou para suporte de estacas, é a
seguintE?: é que esse solo se forma por uma espécie de lixiviação das partículas
coloidais do solo, que são carreadas com água de chuva, das camadas
superiores para as camadas inferiores. Então, elas são depositadas na camada
inferior e retiradas da camada superior, resultando alta porosidade na camada
superior e endurecimento da camada inferior. Além disto, existe também a
solução de óxidos de ferro, que são dissolvidos na camada de cima e
precipitados na camada de baixo. Essa dupla solução do óxido de ferro e do
carreamento das argilas coloidais, é que seria responsável pel9 formação desse
solo muito poroso na superfície e endurecido na camada inferior.

(4 lPichler, Ernesto - "Regional Study of the Soils from São Paulo - Brazil". Proc. 2nd
I.C.S.M.F.E., Rotterdam, 1948.

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Essa é uma hipótese de explicação da existência desses solos e esse
processo é um processo de evolução pedológica_ Hoje em dia, está-se mais ou
menos certo de que a deposição, a fase geológica, não é por si só suficiente
para explicar o solo poroso_ Ele tanto pode ser um solo residual, como pode ser
um solo transportado, coluviaL É necessário que, depois de ser formado, ainda
haja uma evolução pedológica e eluviação, dos finos dos solos; além de solução
e precipitação da matéria cimentadora dos grãos.

Até o Congresso de Rotterdam estávamos nesse nível de conhecimento;


mas não sabíamos que, na África do Sul, também havia um desenvolvimento
desses conhecimentos. Provavelmente, eles começaram depois de nós; no
entanto, o primeiro trabalho de repercussão internacional, que descreve o
mecanismo da colapsibilidade, é um trabalho sul-africano, apresentado por
Jennings e Knight (5 ), que são dois professores da Universidade de
Joannesburg, ao 4-º Congresso de Mecânica dos Solos, que foi em Londres, em
1957_ Desse artigo, reproduzi as figuras que vou projetar, para que a gente
entenda o que eles propunham (Fig. 1).

Em primeiro lugar, o solo poroso1 que é descrito como: areia vermelha


siltosa, de deposição aérea, pode ser diferente dos nossos; não é nem residual,
nem aluvial, nem coluvial, mas é de deposição eólica (por vento). Entretanto, os
autores tomam a precaução de dizer que ele pode ser coluvial (Fig_ 1a).

Se essas areias forem depositadas pelo vento, o serão de uma maneira a


mais fofa possíveL A fração argila ( <P < 211 ) é composta quase que
exclusivamente por óxido de ferro vermelho ou marrom.

A Figura 1b mostra os grãos como que ligados pelo cimento uns aos
outros, deixando um vazio muito grande entre eles_ Quando recebem uma
carga, caem, a estrutura colapsa e cai, diminuindo o volume de vazios como
aparece na figura_

Embaixo dessa camada, existe uma camada de pedregulhos_ Essa


camada de pedregulhos aparece como linha de seixos, como eles dizem_ Elas
aparecem nos solos brasileiros em certas ocasiões, não sempre, mostrando
então que a camada colapsível é de solo transportado. No Brasil, quando se
encontra uma linha de seixos dessas, diz-se que acima dela é coluvial e abaixo

5
( )Jennings, J.E. & Knight, K. - "The Additional Settlement of Foundations dueto a Collapse of
Structure of Sandy Sub-soils on Wetting"_ Proc. 4th LC.S.M.F.E., London, 1957_

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é residual. Essa é a geologia elementar dos engenheiros; nós, engenheiros,
temos que conhecer uns elementos de geologia, suficientes para sair do
embrulho; mas não suficientes para explicar o que os geólogos gostam de
explicar.

Pois, a linha de seixos está aqui mostrando que este solo é, de fato, um
solo transportado. Assim, Jennings e Knight propuseram uma primeira idéia de
como é possível identificar um solo poroso, coluvial ou eólico. Eles não usam a
palavra "poroso"; usam sempre, colapsível.

Nós aqui, desenvolvemos uma tradição, que acho bastante salutar, de


chamar primeiro, poroso, dizendo, é um solo de grande porosidade, e de baixo
teor de umidade. Só depois, colapsível; porque é possível que existam solos
porosos não colapsíveis. Basta que o cimento seja suficientemente forte para
impedir o colapso. Para reconhecer um solo colapsível, Jennings e Knight
propõem fazer um ensaio de adensamento duplo; primeiro com o teor de
umidade natural, o corpo de prova cortado preferivelmente de blocos tirado de
poços, pois é muito difícil amostrar solo poroso. Quando se enterra o
amostrador seu esforço já produz o colapso.

Então, para se ter uma amostra de solo poroso, que se possa ter
confiança, é preciso que ela seja cortada, com todo cuidado, no fundo de poços.
Como nos solos porosos é fácil abrir poços, é mais barato até, do que fazer uma
sondagem, para tirar amostras com amostradores especiais.

Executando um ensaio de adensamento, em amostra nas condições


naturais de umidade e índice de vazios, obter-se-ia uma curva onde aparece,
num certo ponto, uma espécie de carga de pré-adensamento (Fig. 1c). Não é
realmente carga de pré-adensamento, no sentido que se usa a palavra pré-
adensamento para as argilas moles, por exemplo. Essas últimas são pré-
adensadas por uma determinada carga anterior; aqui tal carga de pré-
adensamento pode não ter nada que ver com a carga prévia, mas somente com
a estrutura, mais ou menos porosa. Num outro ensaio, satura-se o corpo de
prova com uma carga bastante pequena e observa-se o recalque provocado
pela saturação. Surge, então, a seguinte questão: o colapso dá-se
simplesmente quando há alguma carga aplicada, ou ele se dá de qualquer
maneira, mesmo sem carga aplicada?

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O fato de existirem camadas de solos porosos superficiais há milhares de
anos, sofrendo chuvas e secamentos, parece mostrar que não, quando não há
carga, não há colapso. O colapso só se daria com carga aplicada, mas há a
opinião, também, que de vários terrenos colapsíveis, colapsavam sem carga,
sem aplicação de carga alguma sobre eles.

É uma questão em aberto. Eu me inclino mais por aceitar que, para haver
colapso, precisa haver, pelo menos, uma pequena carga aplicada. Por que?
Porque na natureza existem solos que há milhares de anos, suportam chuvas e
continuam sendo de alta porosidade.

Mas, Jennings aconselha colocar uma carga de O, 1 kgf/cm2 e saturar a


amostra de um dos ensaios, para obter uma curva que é aproximadamente
paralela à curva do ensaio não saturado (vide Fig. 1c).

A diferença entre os ramos paralelos é que daria o índice de


colapsibilidade. A diferença de índice de vazios entre as duas curvas dividido
por 1 mais o índice de vazios inicial, seria o coeficiente de colapsibilidade.

Tudo indica que o solo será colapsível quando tal índice de


colapsibilidade (variação do índice de vazios dividido por 1 mais o índice de
vazios) for maior que 2%. Admite-se que se esse índice for menor que 2%, trata-
se daqueles solos que não são saturados, mas não podem ser considerados
solos colapsíveis. São solos quase-saturados. Esse é um critério. Ora, o ensaio
de adensamento duplo não serve para cálculo de recalques devidos a colapso;
é um ensaio que somente indica se o solo é colapsível ou não. Não tem
nenhuma possibilidade de ser empregado para prever recalque. Por que?
Porque a colapsibilidade (passagem de um volume maior para um menor, por
saturação), varia com a pressão aplicada. Ela não é constante; é nula para
ausência de carga; cresce com a pressão aplicada mas, não é verdade que
chegue a um valor constante. Além de uma certa pressão aplicada não ocorre
saturação, não produz colapso.

O próprio Jennings percebeu isso quando propôs fazer o ensaio no teor


de água natural; carregar até a pressão de terra, saturando o corpo de prova;
descarregar e carregar de novo. Então as duas curvas não serão mais
paralelas. Jennings preconiza a correção que se vê na Figura 1d para ajustar o
e0 das duas curvas. A curva saturada é levantada para o ponto e 0 e percebe-se
então que ela irá cortar a curva não-saturada numa pressão maior (vide Fig. 1c).

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A idéia de Jennings é que o solo poroso está em equilíbrio com a
pressão de terra e portanto, não colapsa por saturação nessa condição. Se
fosse descarregado e carregado de novo, chegaria a um valor do índice de
vazios igual ao que se obteria se saturasse-o com a pressão igual ao peso da
terra. No exemplo, a pressão de terra é de 0,5 tffft2. Não há colapso algum com
pressões inferiores. Se porém, carregar-se com pressões maiores que 0,5 tf/ft2
e saturar-se, haverá colapso. Esse colapso atingiria um máximo (que na figura
corresponde a 2 tffft2) mas, decrescerá para pressões mais elevadas. Se a
pressão aplicada for suficientemente alta (8 tf/ft2 na figura í e) não haverá
colapso por saturação; embora ocorra recalque elevado por compressão

Assim Jennings propõe um critério para cálculo que é o de executar dois


ensaios de adensamento. O primeiro em solo no estado natural; o segundo
saturando depois de descarregar a amostra e re-carregá-la até o peso da terra,
saturando-a. Ajustar, então, os índices de vazios iniciais das duas amostras no
ponto A e traçar uma paralela a curva do ensaio saturado, no ponto B (vide Fig.
4e).

O solo no seu estado natural não deve saturar, mesmo que chova
intensamente; mas, à medida que as cargas são aplicadas, o colapso vai
aumentando até chegar a um valor máximo; daí por diante começa a diminuir
até atingir pressão elevada, onde não haverá mais colapso. Na suposição de
Jennings haveria dois princípios que ele.só demonstra empiricamente.

Primeiro: no estado natural, sob o peso da terra, não há colapso.

Segundo: o recalque dos solos colapsíveis dá-se a partir do equilíbrio


sob o peso de terra, havendo compressão e colapso devido a saturação
simultaneamente.

Este é um ponto de vista que acho, precisaria de muito mais pesquisa,


para verificar se é possível de ser admitido de uma maneira, vamos dizer,
assim, dogmática, de uma maneira firme. Por enquanto é pura hipótese; por
enquanto não, já faz 40 anos que esta hipótese está suspensa sobre a nossa
cabeça. A hipótese é esta: sob pressão de terra natural não há colapso, sob
pressão aplicada muito grande, também não há colapso. Já se observou em
solos brasileiros que essa pressão é da ordem de 5 kgf/cm2. Se aplico uma
carga de 5 kgf/cm2 num solo colapsível, ocorre um grande recalque, não há
dúvida nenhuma; ele recalca, mas daí por diante, é possível saturar à vontade,

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que não há mais recalque. Isso não tem muita vantagem prática, porque o
recalque já é grande, um recalque inadmissível para a fundação. A vantagem
prática desse fato seria a de possibilitar o pré-carregamento para evitar
colapsos futuros.

Mas, voltemos aos ensaios para prever o recalque. Na Figura 2 aparece


uma curva de adensamento sobre uma amostra de solo poroso em seu estado
natural. Nessa curva há uma carga de pré-adensamento virtual, carga que
chamo de pré-adensamento porque não tenho outra palavra; por isso chamo de
pré-adensamento virtual. Para calcular recalques há que fazer aquele ensaio de
carregamento e descarregamento proposto por Jennings. No primeiro,
carregando até o ponto A e saturando. No segundo, até o ponto B (em outra
amostra semelhante) e saturando. Numa terceira amostra semelhante,
carregando até o ponto C e saturando. Obteremos, assim, a curva A'B'C' (Fig.2).
A pressão de terra seria yz mais a pressão 0 aplicada à fundação. Diria que o
recalque seria correspondente a este .6.e de compressão e mais uma parte
correspondente ao .6.ec de colapso (vide Fig. 2). Então, com esses dois .6.e
posso calcular o recalque: .6.e sobre 1 mais o índice de vazios natural, vezes a
espessura da camada.

Há, portanto, duas maneiras de calcular recalques de solos colapsíveis:


uma é a que Jennings propõe; outra é a das pesquisas feitas aqui no Brasil. Há,
portanto, que se interrogar se é verdade que, fazendo descarregamentos e
carregamentos, como Jennings propõe, ou fazendo a saturação de amostras
diversas sob várias cargas aplicadas, se obterá a mesma curva A'C'. Isto é algo
que deve ser, ainda, pesquisado. Não sei porque ninguém ainda, a partir do
artigo original de Jennings, não foi pesquisar as suas duas hipóteses.

Então agora, dito isto, queria mostrar para os senhores algumas


características geotécnicas de solos colapsíveis brasileiros: se observamos um
.mapa geológico do sul do Brasil (Fig. 3) será possível dividir, de uma maneira
mais ou menos arbitrária, para fins inteiramente geotécnicos, a área do Brasil
Meridional em três zonas. A zona da Serra do Mar, ao longo da Costa, que
chamaria de zona 1; uma outra zona, correspondente ao interior de Minas
Gerais e que vem atingir o Estado de São Paulo, entre São Paulo e Campinas.
Essa é a zona que se chama comumente zona de "mares de morros", morros de
ondulação suave amamelonada, em contraste com essa topografia jovem da
Serra do Mar. Vindo de avião do Rio para São Paulo, percebe-se perfeitamente,

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quando se passa da topografia abrupta da Serra para a· topografia suave do
Planalto. É uma linha bem nítida, entre uma topografia velha, senil, e outra
jovem e violenta.

Uma terceira zona, é a do planalto do interior, onde existem


essencialmente deposições de areias e de argilas, ou argilas provenientes de
alteração de arenito ou de argilito, ou de alteração de basalto.

Nessa primeira zona, existe um solo residual vermelho, mas esse solo
não é colapsível, pelo que se tem visto na Serra do Mar, não se encontram
solos colapsíveis muito espessos. É possível que exista em algum ponto, com
pequena espessura, mas não é freqüente, a ocorrência de solo "poroso" nessa
zona.

Na segunda zona, a zona dos mares do morro, tem-se, então, os solos


residuais de decomposição de rochas metamórficas, em que, alguns deles, são
"porosos". Nessa segunda zona, a zona de topografia suave, amamelonada, aí
pode se encontrar camadas espessas de solos colapsíveis, "porosos",
provenientes da evolução pedológica dos solos residuais ou coluviais. No que
se refere a essa zona é que existe a grande controvérsia de que todos os solos
"porosos" ou colapsíveis seriam transportados, ou se os solos residuais também
podem evoluir pedologicamente para solos "porosos".

Eu aceito que existe uma grande parte de solos colapsíveis que são
transportados, por exemplo, estes aqui de São Carlos. Não tenho a menor
dúvida de que este solo é um solo transportado, é um solo coluvial ou aluvial;
mas existem zonas de arenito e zonas de alteração de basalto, onde os solos
residuais chegaram por eluviação a um estado poroso. Eles sofreram uma
evolução pedológica.

A argila vermelha de São Paulo é, também, uma evolução pedológica das


argilas terciárias de São Paulo. Aí não existe, de fato, uma fase de
decomposição da rocha original, mas, simplesmente uma evolução pedológica
da argila. Não existe em São Paulo nenhuma linha divisória nítida entre o solo
terciário inferior e o solo "poroso" da superfície.

Quando existe esta linha divisória, uma linha de seixos, ou uma


superfície de discordância, ou qualquer coisa semelhante, pode-se estar certo
que em cima é transportado e, embaixo, residual; mas, na cidade de São Paulo
nada disso ocorre.

12
O perfil da Figura 4 indica claramente a linha divisória. Este é um solo de
uma das zonas de empréstimo da barragem de Ilha Solteira; a camada superior
é, sem dúvida, transportada. A camada superior transportada repousa sobre o
solo residual. Existem, como se pode constatar no poço aberto, remanescentes
da estrutura da rocha. Sob o solo "poroso" encontram-se certos traços que são
nitidamente originários da rocha residual e, embaixo, o basalto.

Então, teríamos, no fundo do poço, basalto alterado; sobre ele solo


residual, e coluvial em cima. Essa é a zona de transporte, transporte do próprio
material de alteração da rocha local. Na base do colúvio existe concreção
limonita, que é produzida exatamente pela percolação vertical superior,
trazendo os colóides de argila e mais os óxidos de ferro, para baixo, e formando
a crosta endurecida.

O perfil ilustra o que eu queria dizer: o solo coluvial poroso é


transportado nesse caso, mas conheço perfis de sondagens que, infelizmente
não consegui trazer, onde há tal nitidez. Há casos em que ocorre solo residual
na superfície e percebe-se camada porosa dentro do solo residual, isto é, o solo
residual pode sofrer evolução pedológica, da mesma forma que o solo
transportado também a sofre, para se transformar em solo poroso.

Quando à granulometria desses solos porosos (vide Fig. 5), há desde


argilas com muito pouca areia, como as argilas terciárias de São Paulo, até os
solos arenosos, como os daqui de São Carlos. Os pedregulhos lateríticos, que
ocorrem freqüentemente no oeste brasileiro, podem aparecer em continuidade
com os solos porosos porque estão relacionados, de alguma forma, com o
cimento ferruginoso que freqüentemente aglutinam os solos porosos.

Todo esse processo, pelo menos no nosso clima, envolve pedogênese.


Então, para haver evolução desse tipo é preciso que o clima (que é o clima
dominante em nosso país) seja o de invernos secos e verões úmidos; grandes
precipitações no verão para eluviar a parte fina do solo e épocas secas, para
que o cimento endureça ou aglutine os grãos entre si.

Quanto a plasticidade destes solos, sempre achei que só o gráfico de


plasticidade não descreve totalmente, não pode identificar os solos tropicais.

Acho que é necessário acrescentar-se ao gráfico de plasticidade, o


gráfico de atividade como mostra a Figura 6. Por exemplo, os solos de basalto
de Londrina, colocam-se abaixo da linha A; são, portanto, solos cauliníticos e

13
abaixo da linha D, de índice de atividade 0,75. São, portanto, solos cauliníticos
de pequena atividade. Mas, isso não pode ser generalizado, pois há uma
tendência de generalizar, que os solos porosos são sempre solos de
plasticidade abaixo da linha A, e de atividade pequena. Não é verdade. Os
solos aqui de São Carlos, por exemplo, eles estão acima da linha A e com
atividade que chega a ser maior que 1,25.

Então, tais solos, se compactados, podem ser expansivos; de porosos


que são, de compressíveis e colapsíveis que são na natureza, se forem
compactados, podem passar ao oposto, quer dizer, expandir, em vez de reduzir
de volume.

Isso é uma coisa que deve ser lembrada e, principalmente, quando se


constrói uma barragem de terra, em geral a zona de empréstimo, o solo está no
estado de solo poroso, fofo, etc. Porém, ao serem trazidos para a barragem e
compactados, demonstram-se expansivos.

Os solos de São Carlos são parecidos com os solos de Campinas, de


Sumaré, onde há problemas de fundação naquela indústria por expansão;
quando compactados eles começam a expandir. Então, colapsibilidade e
expansibilidade podem aparecer no mesmo solo, depende simplesmente da
porosidade. Com alta porosidade, são solos colapsíveis; porém os mesmos
solos, com porosidade pequena, tornam-se expansivos.

Vou mostrar agora um perfil indicando granulometria, plasticidade e


porosidade do solo poroso vermelho de São Paulo (Figura 7). Na coluna da
esquerda vê-se um gráfico mostrando o volume ocupado pela água, o volume
ocupado pelo ar, e o volume ocupado pelos sólidos. A condição fundamental
dele ser colapsível, é existir vazios entre os sólidos e a água, ocupado pelo ar.
Ele pode ser argiloso, como o gráfico da coluna do centro mostra; a
percentagem de argila é maior que a de areia e a de silte. Vê-se que nesse solo
domina a argila. Na coluna da esquerda estão indicados os limites de Atterberg
em função das profundidades. O limite de liquidez pode ser elevado, mas a
umidade natural deve coincidir ou estar abaixo do limite de plasticidade.
Quando o solo tem uma umidade como a que aparece indicada, normalmente é
um solo duro. Mas, não; ele é poroso como se vê pelo gráfico de porosidade. Se
ele fosse duro não haveria espaço algum ocupado pelo ar, na coluna da direita.

14
A Figura 8 mostra o perfil dos solos porosos de Campinas, em que se vê
a camada porosa superficial que vai até 9,5m; até lá aparece volume de ar no
gráfico da coluna da direita. Abaixo de 9,5m não há volume de ar. Mas, existe
entre 12 e 15m de profundidade um bolsão de ar. Pode ser que apareça, nessa
altura, uma camada de solo poroso abaixo do solo residual. Observe-se que a
percentagem de argila é pequena, a areia e o silte dominam; e o teor de
umidade está muito abaixo do limite de plasticidade.

Lembrem-se que um dos primeiros parâmetros que se aprende em


Mecânica dos Solos é o índice de consistência, que mostra posição da umidade
nàtural em relação aos limites de Atterberg. Quando a umidade é menor que o.
LP diz-se que o solo é duro; mas não é, porque sendo poroso, sua consistência
não corresponde ao índice.

A Figura 9 mostra o perfil do solo de Bauru. Observe-se que a areia


agora domina completamente a sua granulometria. A primeira camada é uma
camada coluvial porosa. A camada inferior é de solo residual de arenito, mas
continua porosa. Portanto, não se pode dizer que só o solo coluvial é poroso. O
solo residual deste perfil também é poroso, quer dizer, existe um processo
pedológico de eluviação que transforma, também o solo residual, em solo
poroso.

Observe-se a posição nos gráficos de plasticidade e atividade (Fig. 9)


dessas areias de Bauru. Estão acima da linha A, mas são muito pouco ativas,
quer dizer, abaixo da linha O. A fração argila desse solo deve ser ativa, para
trazer a plasticidade acima da linha A; mas não aparece como ativa, porque a
percentagem de argila é muito pequena em relação. ao índice de plasticidade.

A Figura 1O mostra o perfil de solos de basalto de Londrina. Também


aqui percebe-se que existe uma camada superior até 8m sobre uma argila rija
vermelha, saprolito de basalto, não é mais solo poroso. A parte de cima é
porosa, a parte de baixo pode não ser saturada, mas não é mais colapsível.

Se o material da camada superficial é coluvial, ou se é residual, que foi


trazido, por eluviação, à situação de solo poroso, não se sabe. Nas
investigações em Londrina este ponto não foi investigado. Na minha opinião,
tanto pode ser coluvial, como residual, dependendo da evolução pedológica que
ele tenha sofrido.

15
Nós dispomos de uma única informação sobre a composição
mineralógica dos solos porosos do interior de São Paulo, a qual já foi
apresentada em vários artigos, em várias palestras, mas que vale a pena repetir
de novo. É uma investigação mineralógica feita pelo próprio Prof. Grim (6 l, o
autor do livro "Ciay Mineralogy" . Ele recebeu amostras de três locais: daqui de
São Carlos, de Londrina, e a terceira do solo residual de gnaisse de São Paulo.
Infelizmente, as amostras do basalto chegaram nos Estados Unidos
completamente misturadas, mas as amostras do arenito de São ·Carlos e do
gnaisse de São Paulo foram ensaiadas pelo Prof. Grim. Desses ensaios
resultou que a camada superficial de São Carlos, porosa, é composta de
caulinita, gipsita, óxido de ferro e quartzo. Mas, abaixo de 12m, no solo residual
de arenito, a fração argila montmorilonita, feldspato e quartzo, além de óxidos
de ferro (como mostra a Figura 11 ).

Isso mostra que há uma espécie de. evolução também do mineral argila.
Dá a idéia de que a montmorilonita se transforme em caulinita, à medida em que
o solo envelhece.

Observe-se que há um resquício de montmorilonita entre 8 e 11m de


profundidade. A camada coluvial vai até 5m; mas o solo residual de arenito está
se transformando; sua fração argila está se transformando de montmorilonita em
caulinita. Uma evolução neste sentido pode ser interpretada como se o mineral
argila mais complexo se quebra, formando grãos de caulinita. No perfil à
esquerda da Figura 11, que é de um solo residual de gnaisse, só há caulinita
em toda altura. Não existe, no solo residual de gnaisse, essa evolução dos
minerais mais complexos profundos para os mais simples superficiais. Mas em
ambos os perfis, há formação superficial de gipsita.

Vou mostrar agora ensaios para investigação de colapsibilidade que


fizemos no IPT (vide Fig. 12). A curva em traço cheio é a curva de
adensamento, feita com o material no seu estado natural. A curva pontilhada foi
obtida com material saturado, antes de começar o ensaio, antes mesmo de
aplicar qualquer carga, se submergiu o corpo de prova dentro de água. Do
ensaio resultou que pelo menos esta curva é mais ou menos paralela à primeira,
como Jennings mostrou. Verifica-se que o potencial de colapso proposto por

(6 ) Grim, R.E. & Bradley, W.F. - "Ciay Mineral Composition and Properties of Deep Residual
Soíls from São Paulo, Brazil". Anais 11 COPAMSEF, São Paulo, 1963.

16
Jennings é de 3,9%, maior que os 2% que ele propõe como mínimo. Depois
desses ensaios foi feita a saturação em várias amostras do mesmo solo em
diversas pressões. Com 0,2 kgf/cm2, feita a saturação, o colapso é muito
pequeno; com 0,4 kgf/cm2 ele já cresce; com 0,7 e 0,8 ele é muito grande;
depois diminui; com 6,5 kgf/cm2 ele é quase nulo. A curva de colapso como
proposta por Jennings, poderia ser obtida traçando uma reta do ponto
correspondente ao peso de terra até 6,5 kgf/cm2. Em vez de fazer o ensaio que
Jennings propõe, de carga e descarga, o IPT obteve a curva com a saturação
de vários corpos de provas sob várias pressões. Esse é um ponto aberto para
pesquisa. Saber se as duas curvas são equivalentes ou não, feitas com
saturação em vários estágios ou feitas com carga e recarga. Com carga e
recarga é mais econômico, porque a gente usa uma única amostra, enquanto
que na saturação em várias pressões, precisa-se usar várias amostras, as
quais nem sempre são exatamente iguais.

Para inquerir se o solo é colapsível ou não, tomemos Ae = O, 11, dividido


por 1 mais e 0 que dá praticamente 0,04, ou seja, 4%. Então, é maior que 2% e
pode-se dizer que tal solo é colapsível.

O colapso seria grande com pressão aplicada em torno de 0,5 a 2


kgf/cm2 e quase nulo com 6 kgf/cm2. Também, no ponto correspondente ao
peso de terra sobre a amostra, ele seria nulo. Unindo-se os pontos obtidos com
a saturação de corpos de prova diferentes à diferentes pressões aplicadas,
obtém-se a curva AB (Fig. 12), enquanto que a curva de adensamento do corpo
de prova previamente saturado é paralela à do ensaio em condições naturais.
Como já disse, essa curva não serve para calcular recalques; se quisermos
calcular recalques, temos que utilizar a primeira curva.

Quanto à questão da carga do pré-adensamento virtual, há uma


investigação feita com amostras retiradas de um poço, mostrando as cargas de
pré-adensamento virtual, em função da profundidade, obtidas em ensaios em
condições naturais e previamente saturados. Observe-se que elas são menores
quando o corpo de prova é previamente saturado (vide Figura 13). Ambas são
maiores que os pesos de terra na superfície do terreno; decrescem com a
profundidade até a atingir o peso de terra e depois crescem de novo. Como se
poderia explicar isso? Pode-se explicar dizendo que as cargas de pré-
adensamento altas, lá de cima, são de ressecamento do material. O material da
superfície é ressecado. As cargas de pré-adensamento virtuais da parte inferior

17
da camada são do endurecimento pelo cimento ferruginoso que é ali
precipitado. Mas note-se que a tendência das pressões de pré-adensamento
seria a de conformar-se com os pesos de terra.

Para identificar os solos porosos pode-se utilizar o gráfico da Figura 14a


proposto por Clemence e Finbarr (7). É um gráfico em que, em ordenadas, estão
as densidades secas e, em abcissas, os limites de liquidez. As linhas
correspondentes às densidades dos grãos separam os solos colapsíveis dos
não colapsíveis. Observe-se que a argila porosa de São Paulo coloca-se no
ponto A; o solo da barragem de Jurumirim (ao qual nos referiremos daqui a
pouco) no ponto B; o solo de São Carlos coloca-se no ponto C; e o da argila
vermelha de basalto (Fig. 12) no ponto D. É um gráfico bastante confiável para
identificar solos porosos. Outra maneira é a indicada na Figura 14b. Executa-se
o ensaio não saturado e, depois, o saturado, obtendo-se as duas curvas A e 8
da Figura 14b. Ajustam-se as origens das duas curvas no ponto C
correspondente ao peso de terra. Então, para uma certa pressão aplicada,
calcula-se o coeficiente de colapsibilidade CP como está indicado na figura. Da
tabela acima obtêm-se a severidade do problema a partir do CP. De 1 a 5 o
problema é moderado; de 5 a 1O há problema; acima de 1O, severo e muito
severo. Anteriormente foi indicado que para o solo com CP menor de 2% não há
colapsibilidade.

Vou mostrar agora um exemplo de colapso espetacular que ocorreu, aqui


em São Paulo, com o dique da barragem de Jurumirim sobre o rio
Paranapanema, perto de Piraju (Fig. 15). É um dique lateral para fechar uma
grata, a montante da barragem principal, uma barragem de gravidade. O dique
foi construído sem nenhum tratamento da fundação, sobre a areia porosa mais
ou menos semelhante ao que mencionei de início, em Pirassununga. A camada
porosa tem 8m de espessura; é uma areia porosa com o limite de liquidez de 17
e índice de plasticidade 7; 15% de argila e uma densidade seca de 1.47 g/cm3,
portanto bastante porosa. O dique tem berma de montante e de jusante, de
forma a ter largura bastante grande e, portanto, o gradiente de percolação ao
longo de seu contato com a argila porosa, é suficientemente pequeno para
poder ser tolerado. Mas, havia o problema da saturação e colapso. É um duplo
problema. O primeiro problema é o do recalque que aparece na Figura 15.

(7) Clemence, S.P. & Finbarr, A.O. - "Design Consideration for Collapsible Soils". Journal Geot.
Eng. Div. ASCE, march 1981.

i8
Observe-se: antes do enchimento do reservatório, as cargas da barragem
subindo, depois estabilizam, finalmente, sobem um pouco. Têm-se o recalque
na curva de baixo. Vejam: chega a 52cm de recalque. Uma barragem de pouco
mais de 1Om de altura, com 52cm de recalque, não é uma coisa tão
problemática assim. Vem agora o segundo problema: o de recalque por colapso,
devido à saturação do terreno de fundação.

As curvas da Figura 15b mostram os recalques em função da elevação


do nível d'água subterrâneo. A curva de cima mostra o enchimento do
reservatório: a altura do nível d'água crescendo e o recalque se dando. O nível
d'água subterrâneo também cresce, quer dizer, a saturação se dá com o
crescimento do nível d'água subterrâneo. Então se vê aqui, deu 20cm. Esse foi
um caso em que o calculado e o observado coincidiram. Ninguém pode dizer
que acertou na mosca, porque acertar assim é meio suspeito, mas, de qualquer
maneira, aqui neste gráfico está-se vendo exatamente o que é que se dá
quando se satura um solo colapsível debaixo de uma carga. O nível do
reservatório vai crescendo e o recalque vai crescendo com a saturação, e o
nível d'água subterrânea subindo.

Finalmente, queria fazer algumas considerações sobre a possibilidade de


matematizar o cálculo dos recalques por colapso. Se bem que, por enquanto,
esse cálculo seja inteiramente empírico, baseado em ensaio de laboratório, há
uma certa teoria sobre a colapsibilidade dos solos. Compreendendo a teoria da
natureza do solo colapsível, emprega-se o ensaio de laboratório para prever os
recalques; mas, não se sabe nada sobre o mecanismo matemático ou a
mecânica do fenômeno de colapso. As tendências que apareceram atualmente
são de: em primeiro lugar, calcular o recalque por meio de princípios da pressão
efetiva de solos não saturados. Então, a pressão efetiva de um solo não
saturado é dada por uma fórmula proposta, a princípio, por Bishop, em que a
pressão efetiva é a pressão total menos a pressão de água, mais um certo
coeficiente vezes a pressão de ar, menos a pressão de água. Então, teríamos
que avaliar a pressão da água intersticial, avaliar a pressão do ar intersticial e
aplicar a fórmula, que dá a variação de volume. A variação unitária de volume

19
seria igual a um coeficiente de compressibilidade vezes a variação da pressão
efetiva (8l .

A variação intergranular seria dada pela fórmula:

e o colapso:

onde C é o coeficiente de compressibilidade; f 1 uma função de (ua - uw); e f2


uma função de (cr-ua) e (ua- uw).

Mas, esta teoria não vale para solos colapsíveis. Vamos pôr isso como
dogma: NÃO VALE. Ela vale para solos quase saturados, isto é, aqueles solos
que têm um grau de saturação da ordem de 80%; então têm-se uma interface
entre a água e o ar, o ar está como bolhas dentro da água. Então quando
cresce a pressão de água, cresce a pressão de ar também. É preciso que exista
uma situação tal que o ar esteja como bolhas dentro d'água, de forma que haja
a interação. Porém, no solo colapsível não existe isso, no solo colapsível o
vazio está vazio mesmo. Portanto, a pressão d'água não está interagindo com a
do ar. Em outras palavras, num solo colapsível, a pressão total é igual a
pressão efetiva. Claro, para todos os efeitos, não existe interferência, nem da
pressão da água, e nem da pressão do ar. De forma que as teorias que querem
matematizar o fenômeno de colapso, a partir do princípio da pressão efetiva,
são erradas. São várias delas, inclusive, as que querem aplicar elementos
finitos para cálculo de colapso. Está errado. A não ser que aqueles solos, onde
se as empregou, não sejam colapsíveis; sejam solos simplesmente quase
saturados.

Houve uma tentativa por parte de engenheiros russos, que tentaram


matematizar o fenômeno, procurando o equilíbrio das estruturas dos solos
colapsíveis, como se fossem arcos. Mas tal teoria, além de extremamente
complicada, também não foi comparada com a prática. De forma que se poderia

(BJ Brackley, I.J.A. - "Partial Collapse in Unsaturated Expansive Clay". Proc. Sfh Reg. Conf. for
Africa in Soil Mec. & Found. Eng., Luanda, 1971.

20
dizer que a Mecânica dos Solos Colapsíveis é um problema em aberto. Se
alguns dos senhores quiserem enfrentar esse problema, daria uma excelente
dissertação de mestrado, ou tese de doutorado, que viria a calhar; porque está
havendo a necessidade dessa matematização para o emprego dos elementos
finitos, por exemplo, para calcular eletronicamente, recalques de fundações ou
de estruturas sobre solos colapsíveis. Para tanto será necessário esclarecer, de
antemão, tal mecânica dos solos colapsíveis. No que se refere ao adensamento,
antes do colapso, o solo pode ser considerado como compressível. Então pode-
se definir um coeficiente de compressibilidade no que se refere à parcela de
compressibilidade. Mas, haverá uma segunda parcela, referente ao colapso
brusco da estrutura, que não tem nada a ver com coeficiente de
compressibilidade.

Uma coisa interessante, que poderia servir de base para esses estudos,
é a seguinte: é que no colapso não há compressão, mas há ruptura; há uma
ruptura por cisalhamento da estrutura.

Já não está mais no regime de compressão, mas no de ruptura. Num


ensaio de cisalhamento de solo poroso (vide Fig. 16), aparecem deformações
longitudinais de cisalhamento contra a pressão de cisalhamento e, também,
variação de altura. É possível interpretar o ensaio de cisalhamento, observando
que, atingida a ruptura, o solo colapsa, diminui de altura, à medida que vai
deformando por cisalhamento, vai colapsando.

Se colocarem-se esses colapsos de altura, numa curva de adensamento,


como aparece na Figura 17, que é uma argila porosa de São Paulo, observa-se
que os pontos correspondentes às diminuições de altura dão uma curva
paralela a do adensamento, e que a grandeza do colapso é semelhante à
grandeza do adensamento com prévia saturação.

Poder-se-ia considerar isso como um ponto de partida, para o estudo do


colapso. Isto é, admitindo-se que a deformação por cisalhamento é semelhante
a do colapso que se obtém por saturação. Então, poder-se-ia conseguir um
ponto de partida para essa investigação do mecanismo do colapso. Estou
propondo aos senhores investigar se é possível admitir que o colapso é uma
ruptura por cisalhamento.

Estou propondo uma conjetura para vocês fazerem uma pesquisa e


verificar se ela é correta ou não, se ela é verdadeira ou não.

21
Para terminar essa palestra proponho dois temas para investigação. O
primeiro seria o da comparação entre a curva obtida pela maneira de Jennings,
por carregamento e descarga, a qual tem a vantagem de que o ensaio é sobre
uma amostra só; e a outra em que se obtém a curva saturada com a saturação
em várias pressões. Comparar as duas para concluir qual das duas é preferível.
Creio que a nossa é mais realista porque, na prática o colapso dá-se depois do
adensamento do material não saturado; e o processo de Jennings supõe que o
colapso dá-se simultaneamente com a saturação a partir da pressão de terra.

O segundo tema de pesquisa é a matematização do processo. É


necessário chegar a se poder adotar um coeficiente ou um parâmetro qualquer
pelo qual seja possível calcular a variação de índice vazio pelo colapso.

Eu sugiro que pesquisem o fenômeno sob o ponto de vista da resistência


ao cisalhamento. Não só sob o ponto de vista da compressão, mas também sob
o ponto de vista da ruptura.

-x-x-x-x-x-x-x-x

22
Case A Case

Properties
LL 38·5 26·~ 25·5 fii.P.·
Pl 22·9 12-0 11·0 /1/.P.
w 10·5 12·9 a·o g:D
Sr 0·29 0·41 0·31 0:$0
G .2-68 2·70 2·68 2:65
e 0·96 0·85 0•70 O.•

Fig. 1 a Profilcs and soil data


Coupes verticnles et renseigncmcnts sur les sois

(a~à (b)~
~~ Flocculated clay parlícles consolidaled by lhe
·• concenlrarion of pr<>ssure
~
12
E! o·5ot--+-+-++--+--+-+4-+---+--l

,, Unconsvl!dale>d flocculated clay particles

F ig. 1 b (a) Loa<kd "'íl ~llll\:turc hcf'orc inund;~tion; (b) loadcd ~llíl
~tru•:llll<.: .lftl'l'
inundatíon
(a)Structurc du sol chargé avant imbibition; (b) structure
du mO:mc sol aprcs imbibition

ton/sq.ft.

(b)

~
~
o
~o-sor----~H---+-+t--~~+-1

o~or-------~+---+--++---+---~
O·SO'-----l.-'--..1..--L---'----'---..,__--'-'
~03 0~0~ I 2 4 3 1I
i
Applied pressure ton/sq.ft. 0·5 1 2 4 8
Fig. 1 c Typícal compression curves for a collapsing soil Applied pressure ton/sq. f!.
Courbes oedométriques caractéristiques d'un sol sujet au
phénomêne Fig.1 d (O) Compression curves with rebound; (b) transferred com-
prcssion curves to givc no collapse at applied overburden
prcssurc
(a) CourJ?e. ocdo~étr~q?c avec gc;>nflement; (b) Courbe
oedometnque, I essm etant condmt de façon à évíter tout
affaissement lors de l'application de la surcharge

Fig. 1 - opud JENNINGS a KNIGHT ( 1957)


e p =f z = peso de terra

j p 0 =pressão de pré- adensamento


t vi~tuol
eor-----~~~------~-
.ó.e de compressão

curva de adensamento
colapsos: efeitos no estado natura I
de saturação sob
pressões constante .ó.ec de colapso
I '-
I
I
I
r c; pressao .ó.e + .ó.e 0
I aplicado r=
1-t- e 0
H
l
I
log 'lz log (tz +C5)

Fig. 2- CURVA DE ADENSAME TO NO ESTADO


NATURAL E DE COLAPSO COM SATU-
RACÃO EM PRESSÕES CRESCENTES
LEGEND

Zone ! { : ::T=::·.::::OILS
{
~ REO OR YELLOWISH RESIDUAL SOILS
~ FROM METAMORPHIC ROCl<S ( SOME
Zona li ARE " POROUS"' )
- ~ RED"POROUS" TERTIARY CLAY.

RED~POROUS"CLAY.FROM BASAL~

Zoneill rg~i YELLOWISH "POROUS" SANO.


"POROUS" CLAY OR SANO AND/OR
• EXPANSIVE SO!LS FROM SANDSTONES,
SLATES ANO SHALES.

Scale 1 : 10.000.000

FIGURA 3 -MAPA GEOLÓGICO 00 SUl DO BRASil


Moistur111 Void ~nN o1
WL ip oontlllm II(!TUrafiOI'I
W ( 0/o) r&:~ tio ( 0/o)

46 16 22 1.44 43,7
"
l
43 13 21 1,27 46

43 9 21,4 1,72 36
I
43 20 31 1,37 64

48 36 26 1,37 54

60 18 37 1,54 73 !
'
79 28 51 1,97 75

'

60 14

51 14

NP.
N.P.
N.P.
N.P.

N.P.

N.P.
N.P.

Fig. 4- SOl L PROFfLE OBTAINED FRO A


H D - DIGGED PIT - RESIDUAL CLAY
FRO BASALT ( ZONES I, 11 , lU, I )
ILHA SOLTEIRA DAM
11
Fig. 5 GRAIN SI ES CURVES OF "POROUS SOl
AND LATERITE GRAVELS
Tyler Sleves (ASTM)
270 200 140 100 60 40 20 10 4

30

- 50 50

- 60

70

80

1 1()
Dlomotor ( m m)
60

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S. Carlos /IJ'\
A
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Londri~: - - A

A
A
A
--.............".>A/.( o\I Londrina
a A
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Bauru / " lóAo
OA o j.-
I -
___,., o ._- 9'
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I 0 o .,
I /
\Q.._ ......
70 60 50 40 30 30 40 50 60 7(
-
0
/o Argila (o<2t-J) L L (Limite de Liquidez) -

o- Residual ou Co I uvia I (Arenito Bauru)


c.- Terraços Fluviais do São Francisco (Projeto Ja iba - apud c. Benvenu to, 1982)
c-Solo EESC-USP- SãoCarlos (Coluvial)- apud Green !?c Brodley (1963) e Souto Silveira & Silveira (1958)
x-Coluvio ou Residual de Basalto- Londrina (apud Saburo Morimoto)

Figura 6
ATTERBERG UMIT!:> ANO GRAIN SIZE DISTRIBUTION ('Yo) POROSITY
MOISTURE CONTENT (%)

o lOO o 100 o 1,0

FJLL
<11 lct \ E

• POROUS"
1\ \ ~

RCD
CLAY
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F ig.7 - POROUS RED CLAY { Terti a ry ) São Paulo 11 S.P. ( Brozil )


( lone 1 and )
FIG. 8- PERFIL SOLO RESIDUAL DE ARENITO ARGILOSO
Horizonte superficial poroso - até lO m Campinas
LL, LP, h('%,) Granulometria (,.) P o r o s i d a d e ( "lo )
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( golpes/30cm ) O 25 50 100 o 50 100
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FIG. 9 - SOLO POROSO INDEFORMADO (BAURU) DE ARENITO
ATTERBERG LIMITS ANO
MOISTURE CONTENT (%)
GRAIN SIZE DISTRI BUTION ("'o ) PORO SI TV (%)

o 20 40 60 o 50 100 o 50 lO O
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RED
CLAY
( SAPROLITE)

WEATHERED
BASALT

FIG. 10.,. POROUS AND SAPROLITE SOILS FROM BASALT (Terra Roxa)- ( Zone I,ll and Ill)
Hot humid Summers and Dry Mild Winters
Londrina, Paraná ( Brazil )
20 40 60 80 60 40 20 o
GIPSITA

ÓXIDOS DE 5
FERRO

10

10

15

20

b) ARENITO
a} GNAISSE (sa.õ c~)
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FIG .. 11- COMPOSI ÇAO MINERALOGICA - DA PROFUNDIDADE
EM FUNÇAO
( APUD GRI M e BRADL Y, 1.963)

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VIRTUAL PRE-CONSOUDATION PRESSURES
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. Fig. 13- VIRTUAL PRE-CONSOLIDATlON PRESSURES WITH


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DEPTH OF SAMPLES ( Red Porous Clay-São Paulo)
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Liquid Limit

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TABlE 1.-Coliapse Potemtial Values

CP, as a percentage Severity of problem


(1) (2)
0-l No problem
1-5 Moderate trouble
5-10 Trouble
10-20 Severe trouble
20 Very severe trouble

COIIDJ>SfJ

I
sol/ 1Dalutd oflq, 24 llour bsddlng r71 I itPa

( b) -Double Consolidation Test and Adjustments for Normelly ConsoHdated Soil

Fig. 14- apud CLEMENCE S FI BARR {1984)


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50
AUGUST SEPTEMBER OCTOBER NOVEMBER DECEMBER JANUARY
196 o !9 61

( a ) Dam load and settlement curves due to consolidation.

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20 (em)
FI::6RUARY MAACH APfUL. MAY JUNE JULY AUGUST SEPTEMBER OCTOCER NOVEM6ER DECEMBER JANUAAY FEBRUARY MARCH
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( b l S~ttlement curves due to saturation.

Fig. 15- RECALQUES DIQUE CE JU d SCHERRER (1965)


Fig. 16- ENSAIO DE CISALHAME TO DIRETO LE TO
ARGILA POROSA VER ELHA DE SÃO PAULO
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Fig. 17- CURVA PRESSÃO - I DICE DE VAZ lOS


ARGILA POROS VER ELHA DE SÃO LO

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