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Mateus L. Santos (1); Lucas V. de Oliveira (1); Rafael A. Sobral (2); André L. S. Bernardo (3);
Maurício P. Ferreira (4); Manoel J. M. Pereira Filho (5)
Resumo
O sistema de lajes lisas aumentou sua popularidade no Brasil devido a vantagens como: flexibilidade
arquitetônica e economia de mão-de-obra. Porém, PUEL e LORIGGIO (2016) salientam a necessidade de
um estudo de malha minucioso na região da ligação laje-pilar para evitar valores elevados de momentos
fletores na laje e distorções nos valores de momentos fletores transferidos na ligação laje-pilar em modelos
de elementos finitos. Nesse sentido, este trabalho apresenta um estudo de malha em softwares comerciais
de projeto de edificações em elementos finitos a fim de comparar os resultados de diferentes métodos de
geração de malha. Foram realizados 7 modelos de um pavimento térreo no sistema de lajes lisas com 0,20
m de espessura apoiadas em 5 linhas e 5 colunas de pilares quadrados com lado de 0,35 m, 0,80 m de altura
e 6 m de vão. Os pilares foram modelados como elementos de barra engastados na fundação. As lajes foram
modeladas em elementos de casca com as seguintes estratégias de geração de malha: dois modelos de
malha poligonal controlada, 2 modelos de malha geradas automaticamente com polígonos em distribuição
quadricular e dois modelos em distribuição circunferencial. Outra variável está relacionada à presença de um
setor rígido posicionado na projeção da seção transversal do pilar na laje. Por fim, métodos de geração
automática sem setor rígido na região do pilar se destacam por serem eficientes ao evitar picos de momentos
e apresentarem baixo custo computacional, sobretudo o modelo com distribuição circunferencial.
Palavra-Chave: lajes lisas, concreto armado, método dos elementos finitos, estudo de malha
Abstract
The flat slab system has increased its popularity in Brazil due to constructive advantages such as: architectural
flexibility and economy of labor. However, PUEL and LORIGGIO (2016) emphasize the need for a detailed
mesh study in the region of the slab-column connection to avoid high values of bending moments and
distortions in the values of bending moments transferred in the slab-column connection in finite element
models. In this sense, this work presents a mesh study in commercial software for building design in finite
elements to compare the results of different mesh generation methods. 7 models of a ground floor were made
in the flat slabs system with 0.20 m of thickness supported by 5 rows and 5 columns of square columns with
sides of 0.35 m, 0.80 m high and 6 m of span. The columns were modeled as bar elements fixed to the
foundation. The slabs were modeled in shell elements with the following meshing strategies: two models of
controlled polygonal mesh, 2 mesh models automatically generated with polygons in grid distribution and two
models in circumferential distribution. Another variable is related to the presence of a rigid sector positioned in
the projection of the column cross section on the slab. Finally, automatic generation methods without rigid
sector in the column region highlights for being efficient in avoiding bending moment peaks and presenting low
computational cost, especially the model with circumferential distribution.
Keywords: flat slabs, reinforced concrete, finite element method, mesh study
2. Metodologia
2.1 Geometria do pavimento
O pavimento tipo estudado apresenta 25 pilares organizados em 5 linhas e 5 colunas de
pilares quadrados com lado de 0,35 m, 0,80 m de altura e 6 m de espaçamento entre os
eixos dos pilares, tendo a laje 0,20 m de espessura. A Figura 1 ilustra o pavimento em
planta baixa e o modelo 3D no Robot Structural Analisys (RSA). Os carregamentos foram
aplicados na estrutura segundo as recomendações da ABNT NBR 6120 (2019) para realizar
o dimensionamento de um pavimento de uso comercial. Sendo os carregamentos
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utilizados: o peso próprio da estrutura, o qual é calculado de forma automática pelo software
com base na geometria dos elementos, sendo necessário apenas informar o peso
específico do material, que para o concreto é de 2,5 kN/m³; uma carga permanente
representando o revestimento de 1 kN/m²; uma sobrecarga de 2 kN/m² para representar
disposições variadas de alvenaria no pavimento e uma carga variável de utilização de 1,5
kN/m².
a) Controlada com zonas de rigidez normativa b) Controlada com zonas de rigidez elevada
c) Coons com zonas de rigidez normativa d) Coons com zonas de rigidez elevada
Figura 2 – Aspecto das malhas dos modelos utilizados (na figura x é a direção horizontal e y a vertical)
a) Delaunay com zonas de rigidez normativa b) Delaunay com zonas de rigidez elevada
c) Analogia de Grelha
Figura 3 – Aspecto das malhas dos modelos utilizados (na figura x é a direção horizontal e y a vertical)
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Tabela 1 – Modelos elaborados
Tipo de Elemento
Modelo Rigidez da Laje na Projeção do Pilar Método de Geração de Malha
Laje Pilar
1 0,3 Personalizada Placa Barra
2 Elevada Personalizada Placa Barra
3 0,3 Coons Placa Barra
4 Elevada Coons Placa Barra
5 0,3 Delaunay Placa Barra
6 Elevada Delaunay Placa Barra
7 Elevada Default Eberick Grelha Barra
3. Resultados e discussões
As Figuras 4 e 5 apresentam os momentos mínimos nas direções xx e yy na região da
ligação laje-pilar nos eixos para os modelos estudados nos pilares P1, P2, P3, P7, P8, P13.
As séries em vermelho representam os valores de momento negativo para os modelos que
utilizaram o setor rígido na projeção do pilar na laje, além das demais reduções de rigidez
para considerar a não-linearidade física na laje e nos pilares. Por sua vez, a série azul nos
gráficos representa modelos com a rigidez apenas considerando a não-linearidade física
na laje e pilares.
Os momentos mínimos na direção x foram obtidos no centro da face perpendicular ao eixo
x que apresentou a maior intensidade de momento. Os momentos mínimos na direção y
foram obtidos de modo equivalente nas faces perpendiculares ao eixo y. Para os momentos
Mx as estratégias de geração de malha em geral apresentaram resultados aproximados
entre si para todos os pilares, com exceção do modelo que tinha malha controlada e setor
rígido na projeção do pilar. Este último, apresentou um pico de momento de intensidade de
2 a 3 vezes superior aos demais em todos os pilares. Em relação aos momentos My apenas
os modelos com rigidez elevada com malha Delaunay e controlada apresentaram
resultados discrepantes dos demais. De modo geral, os modelos de malha com rigidez
reduzida em todo elemento, e o Coons com setor rígidos e Analogia de Grelha com as
barras rígidas na projeção do pilar se mostraram adequados para a obtenção dos
momentos fletores na ligação laje-pilar. Vale destacar, que a estratégia adotada para a
malha controlada com setor rígido para o pavimento analisado é a menos adequada para
modelagem, uma vez que ela superdimensionaria a armadura de flexão negativa na ligação
laje-pilar.
-200 -200
-150
-150
-100
-100
-50
-50
0
0 Coons Delaunay Controlada Grelha
Coons Delaunay Controlada Grelha
c) Momento na direção xx no pilar P8. d) Momento na direção yy no pilar P8.
-400 -400
Mx (kNm/m) My (kNm/m)
-350 -350
Rigidez Normal Rigidez Normal
-300 Rigidez Elevada
-300
Rigidez Elevada
-250 -250
-200 -200
-150 -150
-100 -100
-50 -50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
e) Momento na direção xx no pilar P13. f) Momento na direção yy no pilar P13.
Figura 5 – Momentos fletores em função do tipo de malha e rigidez. (continuação)
300 300
∆Mx (kNm) Rigidez Normal ∆My (kNm) Rigidez Normal
250 Rigidez Elevada
250 Rigidez Elevada
200 200
150 150
100 100
50 50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
a) ∆Mx no pilar P1 b) ∆My no pilar P1
300 300
∆Mx (kNm) Rigidez Normal ∆My (kNm) Rigidez Normal
250 Rigidez Elevada
250 Rigidez Elevada
200 200
150 150
100 100
50 50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
c) ∆Mx no pilar P2 d) ∆My no pilar P2
300 300
∆Mx (kNm) Rigidez Normal ∆My (kNm) Rigidez Normal
250 Rigidez Elevada
250 Rigidez Elevada
200 200
150 150
100 100
50 50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
e) ∆Mx no pilar P3 f) ∆My no pilar P3
Figura 6 – Momentos desbalanceados em função do tipo de malha e rigidez.
150 150
100 100
50 50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
a) ∆Mx no pilar P7 b) ∆My no pilar P7
300 300
∆Mx (kNm) Rigidez Normal ∆My (kNm) Rigidez Normal
250 250
Rigidez Elevada Rigidez Elevada
200 200
150 150
100 100
50 50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
c) ∆Mx no pilar P8 d) ∆My no pilar P8
300 300
∆Mx (kNm) Rigidez Normal ∆My (kNm) Rigidez Normal
250 250
Rigidez Elevada Rigidez Elevada
200 200
150 150
100 100
50 50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
e) ∆Mx no pilar P13 f) ∆My no pilar P13
Figura 7 – Momentos desbalanceados em função do tipo de malha e rigidez.
Assim como nos resultados anteriores, apenas os modelos sem setor rígido apresentaram
resultados semelhantes ao modelo de Analogia de Grelha, o qual é a estratégia de
modelagem mais utilizada em projeto no Brasil. Portanto, as estratégias de malha mais
adequadas para a obtenção de momento desbalanceado na região da ligação laje-pilar são
as malhas Coons e Delaunay sem a presença de setor rígido na projeção do pilar na laje e
a malha de Analogia de Grelha. A malha controlada sem setor rígido, apesar de apresentar
resultados semelhantes aos modelos Coons e Delaunay sem a presença de setor rígido e
Analogia de Grelha, necessita de maior tempo de modelagem, haja vista que o processo
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de geração das demais malhas é feito manualmente. As demais estratégias não foram
capazes de reduzir picos de momento desbalanceado nas ligações laje-pilar de canto (P1)
e de borda (P2 e P3).
4. Conclusão
Este trabalho apresentou uma série de sete modelos computacionais de um pavimento em
lajes lisas, sendo seis através do software comercial Robot Structural Analisys (RSA) e um
modelo através do AltoQi Eberick, com objetivo de comparar os resultados de momento
fletor e momento desbalanceado nas diferentes ligações laje-pilar. Três modelos no RSA
apresentaram diferentes estratégias de geração da malha: Método de Geração Controlado
Manualmente; Método Automático Coons; e Método Automático Delaunay. Os modelos
apresentaram redução de rigidez de 0,3 Eci Ic para considerar a não linearidade física das
lajes e 0,8 Eci Ic para os pilares. Os três demais modelos no RSA foram realizados de forma
semelhante aos primeiros, porém com a presença de setor rígido nas regiões das projeções
dos pilares nas placas. Este setor rígido foi obtido multiplicando a rigidez da placa por um
número elevado (1000 Eci Ic). O Modelo analisado no AltoQi Eberick foi modelado através
de Analogia de Grelha com a ligação entre a laje e o pilar feita por meio de barras rígidas
saindo do eixo do pilar até as barras da grelha que interceptam as faces dos pilares. As
principais conclusões foram:
Em relação aos momentos fletores na laje, os modelos Coons com e sem setor
rígido, de malha controlada e Delaunay sem setor rígido e Analogia de Grelha foram
os modelos mais apresentaram resultados aproximados. Os modelos de malha
controlada e Delaunay com setor rígido não foram capazes de evitar picos de
momento na face dos pilares;
Em relação aos momentos desbalanceados na ligação laje-pilar, os modelos com
Coons, Delaunay, de malha controlada sem setor rígido e Analogia de Grelha foram
os modelos que apresentaram resultados mais aproximados evitando picos de
momento desbalanceado. Os modelos com rigidez elevada Delaunay e controlada
apresentaram picos de momento desbalanceado para os pilares de canto e borda e
o modelo com rigidez elevada Coons apresentou resultado aproximadamente 50%
dos valores médios dos modelos sem setor rígido para as ligações de canto e borda;
Apesar da estratégia de malha controlada sem setor rígido apresentar resultados
equivalentes aos demais modelos Coons, Delaunay sem setor rígido e Analogia de
Grelha, necessita de maior tempo de modelagem, haja vista que o processo de
geração das demais malhas é feito manualmente;
Portanto, a partir da análise linear-elástica desenvolvida neste trabalho, é possível
inferir que as estratégias de malhas padrão dos softwares RSA e AltoQi Eberick, as
quais são Coons, Delaunay sem setor rígido e Analogia de Grelha são as estratégias
de modelagem mais indicadas para pavimentos em lajes lisas.
6. Referências
ALMEIDA, S. M. de J. Modelação de lajes elásticas num programa informático de
análise por elementos finitos: elementos sólidos vs. elementos planos e lineares.
Tese de Doutorado: Universidade de Coimbra. 2016.
DORNELLES, F.. Estudo sobre a modelagem da protensão em lajes lisas com o uso
de analogia de grelhas. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa
Catarina. 2013.