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Análise Computacional de Ligações Laje-Pilar em Pavimento-Tipo de

Lajes Lisas: Um Estudo de Malha em Elementos Finitos


Computational Analysis of Slab-Column Connections in Story-Type Flat Slabs: A Finite
Element Mesh Study

Mateus L. Santos (1); Lucas V. de Oliveira (1); Rafael A. Sobral (2); André L. S. Bernardo (3);
Maurício P. Ferreira (4); Manoel J. M. Pereira Filho (5)

(1) Graduando em Engenharia Civil, Universidade Federal do Pará, Tucuruí.


(2) Mestrando em Estruturas, Universidade de Brasília, Brasília.
(3) Mestrando em Estruturas, Universidade de Federal do Pará, Tucuruí.
(4) Professor Doutor, Universidade Federal do Pará, Belém.
(5) Professor Doutor, Universidade Federal do Pará, Tucuruí. E-mail: manoelmangabeira@hotmail.com
Rodovia BR 422 km 13 – Canteiro de Obras UHE - Vila Permanente, Tucuruí - PA, 68464-000

Resumo
O sistema de lajes lisas aumentou sua popularidade no Brasil devido a vantagens como: flexibilidade
arquitetônica e economia de mão-de-obra. Porém, PUEL e LORIGGIO (2016) salientam a necessidade de
um estudo de malha minucioso na região da ligação laje-pilar para evitar valores elevados de momentos
fletores na laje e distorções nos valores de momentos fletores transferidos na ligação laje-pilar em modelos
de elementos finitos. Nesse sentido, este trabalho apresenta um estudo de malha em softwares comerciais
de projeto de edificações em elementos finitos a fim de comparar os resultados de diferentes métodos de
geração de malha. Foram realizados 7 modelos de um pavimento térreo no sistema de lajes lisas com 0,20
m de espessura apoiadas em 5 linhas e 5 colunas de pilares quadrados com lado de 0,35 m, 0,80 m de altura
e 6 m de vão. Os pilares foram modelados como elementos de barra engastados na fundação. As lajes foram
modeladas em elementos de casca com as seguintes estratégias de geração de malha: dois modelos de
malha poligonal controlada, 2 modelos de malha geradas automaticamente com polígonos em distribuição
quadricular e dois modelos em distribuição circunferencial. Outra variável está relacionada à presença de um
setor rígido posicionado na projeção da seção transversal do pilar na laje. Por fim, métodos de geração
automática sem setor rígido na região do pilar se destacam por serem eficientes ao evitar picos de momentos
e apresentarem baixo custo computacional, sobretudo o modelo com distribuição circunferencial.
Palavra-Chave: lajes lisas, concreto armado, método dos elementos finitos, estudo de malha

Abstract
The flat slab system has increased its popularity in Brazil due to constructive advantages such as: architectural
flexibility and economy of labor. However, PUEL and LORIGGIO (2016) emphasize the need for a detailed
mesh study in the region of the slab-column connection to avoid high values of bending moments and
distortions in the values of bending moments transferred in the slab-column connection in finite element
models. In this sense, this work presents a mesh study in commercial software for building design in finite
elements to compare the results of different mesh generation methods. 7 models of a ground floor were made
in the flat slabs system with 0.20 m of thickness supported by 5 rows and 5 columns of square columns with
sides of 0.35 m, 0.80 m high and 6 m of span. The columns were modeled as bar elements fixed to the
foundation. The slabs were modeled in shell elements with the following meshing strategies: two models of
controlled polygonal mesh, 2 mesh models automatically generated with polygons in grid distribution and two
models in circumferential distribution. Another variable is related to the presence of a rigid sector positioned in
the projection of the column cross section on the slab. Finally, automatic generation methods without rigid
sector in the column region highlights for being efficient in avoiding bending moment peaks and presenting low
computational cost, especially the model with circumferential distribution.
Keywords: flat slabs, reinforced concrete, finite element method, mesh study

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1. Introdução
O sistema de lajes lisas é um sistema estrutural complexo, o qual tem o dimensionamento
e verificação de resistência da ligação laje-pilar como um ponto crítico de projeto. Em
grande parte dos casos é necessária grande experiência do engenheiro responsável para
evitar picos de momentos fletor na região de momentos negativos. Estes picos podem gerar
tanto superdimensionamento à flexão quanto erros na estimativa de momentos
desbalanceados na ligação laje-pilar, afetando inclusive a precisão das equações de
dimensionamento à punção. Existem inúmeros procedimentos para estimar os momentos
fletores e os momentos desbalanceados na ligação, dentre estes a Analogia de Grelha e
método dos elementos finitos são os mais utilizados em projeto de lajes lisas.
A Analogia de Grelha consiste em substituir a laje por uma malha equivalente, onde cada
barra representa uma faixa determinada de acordo com sua discretização. Este método é
utilizado na engenharia brasileira em softwares de dimensionamento de estruturas de
concreto armado, como o AltoQi Eberick, e tem sido empregado em análises de pavimentos
de lajes lisas, uma vez que possui fácil compreensão e utilização, além de um baixo custo
de processamento, podendo apresentar resultados satisfatórios. No entanto, DORNELLES
(2013) aponta que a Analogia de Grelhas não é um método de resolução de esforços ou
deslocamentos em placas, e sim um procedimento que aproxima os esforços e
deslocamentos de placas comparando-as com um reticulado de grelha.
De outro modo, o método dos elementos finitos (MEF) também tem se destacado como um
método numérico mais flexível, devido a sua fácil implementação computacional para
análise estrutural, permitindo a visualização fácil de deformações em estruturas mais
complicadas. ALMEIDA (2016) ainda ressalta que MEF é uma técnica versátil, com
capacidade de se adequar a inúmeros tipos de elementos estruturais e regimes de
comportamento. Em contrapartida, SCHWETZ et al (2013), em seu estudo, conclui que
tanto Analogia de Grelha quanto o MEF são adequados para a análise de pavimentos de
laje lisas, mas diz que o MEF gera momentos negativos maiores do que do que os indicados
pelo método da Analogia de Grelhas, o que pode ocasionar um superdimensionamento.
Ainda que os métodos de análise mencionados sejam eficientes, definir malhas de
elementos finitos de modo controlado aumenta o tempo de confecção de malha, levando a
maior tempo de modelagem em projeto e maior experiência do profissional durante sua
concepção. Atualmente, existem métodos geração de malha automatizados que trazem
mais agilidade na etapa de lançamento da estrutura. Dentre eles, os métodos Coons e
Delaunay são utilizados por softwares comerciais como Robot Structural Analisys.
As superfícies de Coons são superfícies 3D distribuídas sobre contornos quadriláteros ou
triangulares cujos lados opostos são divididos no mesmo número de segmentos. As formas
dos elementos criados correspondem à região na qual a malha é criada. Usando esse
método, todos os pontos criados na aresta de contorno selecionada são conectados com
os pontos na aresta de contorno oposta. O ponto de corte de cada par de linhas horizontais
e verticais marca o posicionamento final do nó dentro da região (Autodesk, 2022).
Segundo MAGALHÃES et al. (2000), dado um conjunto de pontos distribuídos
aleatoriamente em um plano (nuvem inicial), um número virtualmente ilimitado de malhas
de triângulos pode ser gerado. O matemático DELAUNAY (1934) provou que, nestas
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condições, existe uma única triangulação que maximiza a soma dos menores ângulos de
cada triângulo da malha. Em outros termos, dada uma nuvem de pontos, a triangulação de
Delaunay é a que resulta em um conjunto de triângulos o mais próximo possível de
triângulos equiláteros.
Mesmo que a análise de lajes lisas por meio de métodos computacionais já seja algo
difundido no meio técnico, a forma como se modela a ligação laje-pilar ainda é alvo de
várias interpretações por parte dos projetistas estruturais e pesquisadores. Apesar da
existência dos métodos de geração de malha já mencionados acima, PUEL e LORIGGIO
(2016) diz que ainda existem pontos de singularidade no caso das lajes lisas, em regiões
de ligação laje-pilar. Os autores ainda concluem que a modelagem com trechos rígidos na
projeção do pilar na laje implica em aumento dos momentos fletores no centro do pilar
comparado aos modelos sem a presença de trecho rígido, mas com valores adequados na
face do pilar.
Segundo PUEL e LORIGGIO (2016), quando há uma assimetria do posicionamento do pilar
em relação à laje, ou o carregamento é assimétrico ou existem forças horizontais, além do
esforço normal surgem esforços de flexão no pilar que geram um binário de forças,
calculados a partir da soma dos momentos fletores aplicados na laje, pelos trechos superior
e inferior do pilar. FERREIRA (2010) chama esse binário de forças de momentos
desbalanceados e é importante estudar sua variação de acordo com o tipo de malha e
rigidez para prevenir rupturas por punção em regiões laje-pilar que sofrem ação destes
momentos. A correta estimativa dos momentos desbalanceados está diretamente ligada à
estimativa precisa da resistência à punção nas ligações. Considerando que a resistência à
punção pode ser diminuída consideravelmente devido a ação desses esforços que são
transferidos da laje para o pilar, uma vez que eles afetam a distribuição do cisalhamento
nessa região.
Nesse sentido, este trabalho apresenta modelos de um pavimento térreo com a adoção do
sistema de lajes lisas, com o auxílio dos softwares AltoQi Eberick e Robot Structural
Analisys, os quais utilizam os métodos Analogia de Grelha e Métodos dos Elementos
Finitos, respectivamente. Os carregamentos foram aplicados com o intuito de modelar o
dimensionamento de um pavimento para uso comercial. O estudo pretende aprimorar a
obtenção de resultados para o cálculo estrutural de lajes lisas, verificando qual dos métodos
de geração de malha é mais adequado para evitar singularidade na ligação laje-pilar e
obtenção de momentos desbalanceados, e assim contribuir para a obtenção de modelos
mais precisos a serem utilizados em projetos de estruturas de concreto armado.

2. Metodologia
2.1 Geometria do pavimento
O pavimento tipo estudado apresenta 25 pilares organizados em 5 linhas e 5 colunas de
pilares quadrados com lado de 0,35 m, 0,80 m de altura e 6 m de espaçamento entre os
eixos dos pilares, tendo a laje 0,20 m de espessura. A Figura 1 ilustra o pavimento em
planta baixa e o modelo 3D no Robot Structural Analisys (RSA). Os carregamentos foram
aplicados na estrutura segundo as recomendações da ABNT NBR 6120 (2019) para realizar
o dimensionamento de um pavimento de uso comercial. Sendo os carregamentos
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utilizados: o peso próprio da estrutura, o qual é calculado de forma automática pelo software
com base na geometria dos elementos, sendo necessário apenas informar o peso
específico do material, que para o concreto é de 2,5 kN/m³; uma carga permanente
representando o revestimento de 1 kN/m²; uma sobrecarga de 2 kN/m² para representar
disposições variadas de alvenaria no pavimento e uma carga variável de utilização de 1,5
kN/m².

a) Pavimento Tipo (cotas em m) b) Modelo 3D


(na figura x é a direção horizontal e y a vertical)
Figura 1: Pavimento Tipo

2.2 Modelo computacional


De modo a analisar os esforços atuantes na região de ligação laje-pilar, foram realizados 7
modelos do pavimento nos softwares AltoQi Eberick e Robot Structural Analisys (RSA).
Todos os modelos têm uma redução de rigidez de forma a considerar aproximadamente a
não linearidade física conforme indicado na ABNT NBR 6118 (2014), com 0,3 Eci Ic para
lajes e 0,8 Eci Ic para pilares. As Figuras 2 e 3 mostram a discretização das malhas utilizadas
apresentando um quarto do pavimento.
Os outros 6 modelos foram modelados no RSA utilizando elementos de placa. O primeiro
modelo tem uma malha discretizada com disposição controlada manualmente através de
ferramenta CAD, com sua discretização diminuindo conforme se afasta da região dos
pilares. Saindo de elementos de 7 cm na região do pilar aumentando de tamanho até chegar
em elementos de 14 cm de lado na região do meio do vão, ver Figura 2a. O segundo modelo
possui malha semelhante ao primeiro, porém foram utilizados elementos de placa com
rigidez elevada na região de projeção do pilar na laje, conforme a Figura 2b. A rigidez
elevada na região da projeção do pilar foi obtida multiplicando o Eci Ic. dos elementos de
placa por um número elevado (1000 Eci Ic)

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Os demais modelos foram elaborados através de métodos de geração automática da
malha, os quais são implementados por padrão no RSA. No terceiro e quarto modelo foi
utilizado o método de geração automática Coons, sendo o quarto utilizando elementos de
rigidez elevada na região de projeção do pilar na laje, conforme as Figuras 2c e 2d
respectivamente.

a) Controlada com zonas de rigidez normativa b) Controlada com zonas de rigidez elevada

c) Coons com zonas de rigidez normativa d) Coons com zonas de rigidez elevada
Figura 2 – Aspecto das malhas dos modelos utilizados (na figura x é a direção horizontal e y a vertical)

Os modelos 5 e 6 seguiram a mesma lógica dos modelos 3 e 4, entretanto com método de


geração de malha automática Delaunay, ilustrado nas Figuras 3a e 3b. Com exceção da
malha controlada, que apresenta um tamanho de elemento variado, os demais modelos
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apresentam tamanho de elemento de aproximadamente 20 cm, aproximadamente 60% da
dimensão do pilar. A laje do pavimento analisado no AltoQi Eberick foi modelada através
de Analogia de Grelha, na qual a malha foi aplicada com espaçamento de 20 cm entre os
eixos das barras da grelha, sendo a ligação entre a laje e o pilar feita por meio de barras
rígidas saindo do eixo do pilar até as barras da grelha que interceptam as faces dos pilares.
A geração das barras rígidas foi realizada de forma padronizada e automatizada pelo
software. A malha do pavimento em Analogia de Grelha realizado no AltoQi Eberick pode
ser observada na Figura 3c. A Tabela 1 resume as características gerais dos modelos
utilizando, destacando as diferenças.

a) Delaunay com zonas de rigidez normativa b) Delaunay com zonas de rigidez elevada

c) Analogia de Grelha
Figura 3 – Aspecto das malhas dos modelos utilizados (na figura x é a direção horizontal e y a vertical)
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Tabela 1 – Modelos elaborados
Tipo de Elemento
Modelo Rigidez da Laje na Projeção do Pilar Método de Geração de Malha
Laje Pilar
1 0,3 Personalizada Placa Barra
2 Elevada Personalizada Placa Barra
3 0,3 Coons Placa Barra
4 Elevada Coons Placa Barra
5 0,3 Delaunay Placa Barra
6 Elevada Delaunay Placa Barra
7 Elevada Default Eberick Grelha Barra

3. Resultados e discussões
As Figuras 4 e 5 apresentam os momentos mínimos nas direções xx e yy na região da
ligação laje-pilar nos eixos para os modelos estudados nos pilares P1, P2, P3, P7, P8, P13.
As séries em vermelho representam os valores de momento negativo para os modelos que
utilizaram o setor rígido na projeção do pilar na laje, além das demais reduções de rigidez
para considerar a não-linearidade física na laje e nos pilares. Por sua vez, a série azul nos
gráficos representa modelos com a rigidez apenas considerando a não-linearidade física
na laje e pilares.
Os momentos mínimos na direção x foram obtidos no centro da face perpendicular ao eixo
x que apresentou a maior intensidade de momento. Os momentos mínimos na direção y
foram obtidos de modo equivalente nas faces perpendiculares ao eixo y. Para os momentos
Mx as estratégias de geração de malha em geral apresentaram resultados aproximados
entre si para todos os pilares, com exceção do modelo que tinha malha controlada e setor
rígido na projeção do pilar. Este último, apresentou um pico de momento de intensidade de
2 a 3 vezes superior aos demais em todos os pilares. Em relação aos momentos My apenas
os modelos com rigidez elevada com malha Delaunay e controlada apresentaram
resultados discrepantes dos demais. De modo geral, os modelos de malha com rigidez
reduzida em todo elemento, e o Coons com setor rígidos e Analogia de Grelha com as
barras rígidas na projeção do pilar se mostraram adequados para a obtenção dos
momentos fletores na ligação laje-pilar. Vale destacar, que a estratégia adotada para a
malha controlada com setor rígido para o pavimento analisado é a menos adequada para
modelagem, uma vez que ela superdimensionaria a armadura de flexão negativa na ligação
laje-pilar.

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-400 -400
Mx (kNm/m) My (kNm/m)
-350 -350
Rigidez Normal Rigidez Normal
-300 -300
Rigidez Elevada Rigidez Elevada
-250 -250
-200 -200
-150 -150
-100 -100
-50 -50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
a) Momento na direção xx no pilar P1. b) Momento na direção yy no pilar P1.
-400 -400
Mx (kNm/m) My (kNm/m)
-350 -350
Rigidez Normal Rigidez Normal
-300 -300
Rigidez Elevada Rigidez Elevada
-250 -250
-200 -200
-150 -150
-100 -100
-50 -50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
c) Momento na direção xx no pilar P2. d) Momento na direção yy no pilar P2.
-400 -400
Mx (kNm/m) My (kNm/m)
-350 -350
Rigidez Normal Rigidez Normal
-300 -300
Rigidez Elevada Rigidez Elevada
-250 -250
-200 -200
-150 -150
-100 -100
-50 -50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha
Coons Delaunay Controlada Grelha
d) Momento na direção xx no pilar P3. e) Momento na direção yy no pilar P3.
Figura 4 – Momentos fletores em função do tipo de malha e rigidez.

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-400 -400
Mx (kNm/m) My (kNm/m)
-350 -350
Rigidez Normal Rigidez Normal
-300 -300
Rigidez Elevada Rigidez Elevada
-250 -250
-200 -200
-150 -150
-100 -100
-50 -50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha

a) Momento na direção xx no pilar P7. b) Momento na direção yy no pilar P7.


-400 -400
Mx (kNm/m) My (kNm/m)
-350 -350
Rigidez Normal Rigidez Normal
-300 -300
Rigidez Elevada Rigidez Elevada
-250 -250

-200 -200
-150
-150
-100
-100
-50
-50
0
0 Coons Delaunay Controlada Grelha
Coons Delaunay Controlada Grelha
c) Momento na direção xx no pilar P8. d) Momento na direção yy no pilar P8.
-400 -400
Mx (kNm/m) My (kNm/m)
-350 -350
Rigidez Normal Rigidez Normal
-300 Rigidez Elevada
-300
Rigidez Elevada
-250 -250
-200 -200
-150 -150
-100 -100
-50 -50
0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
e) Momento na direção xx no pilar P13. f) Momento na direção yy no pilar P13.
Figura 5 – Momentos fletores em função do tipo de malha e rigidez. (continuação)

As Figuras 6 e 7 apresentam os momentos desbalanceados em módulo nas direções x e y


na região da ligação laje-pilar nos eixos para os modelos estudados nos pilares P1, P2, P3,
P7, P8, P13. Estes momentos foram obtidos através soma dos momentos fletores aplicados
na laje pelos trechos superior e inferior do pilar. Assim como na análise anterior, séries em
vermelho representam os valores de momento desbalanceado para os modelos que
utilizaram o setor rígido na projeção do pilar na laje, além das demais reduções de rigidez
para considerar a não-linearidade física na laje e nos pilares. Por sua vez, a série azul nos
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gráficos representa modelos com a rigidez apenas considerando a não-linearidade física
na laje e pilares.

300 300
∆Mx (kNm) Rigidez Normal ∆My (kNm) Rigidez Normal
250 Rigidez Elevada
250 Rigidez Elevada

200 200

150 150

100 100

50 50

0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
a) ∆Mx no pilar P1 b) ∆My no pilar P1
300 300
∆Mx (kNm) Rigidez Normal ∆My (kNm) Rigidez Normal
250 Rigidez Elevada
250 Rigidez Elevada

200 200

150 150

100 100

50 50

0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
c) ∆Mx no pilar P2 d) ∆My no pilar P2
300 300
∆Mx (kNm) Rigidez Normal ∆My (kNm) Rigidez Normal
250 Rigidez Elevada
250 Rigidez Elevada

200 200

150 150

100 100

50 50

0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
e) ∆Mx no pilar P3 f) ∆My no pilar P3
Figura 6 – Momentos desbalanceados em função do tipo de malha e rigidez.

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300 300
∆Mx (kNm) Rigidez Normal ∆My (kNm) Rigidez Normal
250 250
Rigidez Elevada Rigidez Elevada
200 200

150 150

100 100

50 50

0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
a) ∆Mx no pilar P7 b) ∆My no pilar P7
300 300
∆Mx (kNm) Rigidez Normal ∆My (kNm) Rigidez Normal
250 250
Rigidez Elevada Rigidez Elevada
200 200

150 150

100 100

50 50

0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
c) ∆Mx no pilar P8 d) ∆My no pilar P8
300 300
∆Mx (kNm) Rigidez Normal ∆My (kNm) Rigidez Normal
250 250
Rigidez Elevada Rigidez Elevada
200 200

150 150

100 100

50 50

0 0
Coons Delaunay Controlada Grelha Coons Delaunay Controlada Grelha
e) ∆Mx no pilar P13 f) ∆My no pilar P13
Figura 7 – Momentos desbalanceados em função do tipo de malha e rigidez.

Assim como nos resultados anteriores, apenas os modelos sem setor rígido apresentaram
resultados semelhantes ao modelo de Analogia de Grelha, o qual é a estratégia de
modelagem mais utilizada em projeto no Brasil. Portanto, as estratégias de malha mais
adequadas para a obtenção de momento desbalanceado na região da ligação laje-pilar são
as malhas Coons e Delaunay sem a presença de setor rígido na projeção do pilar na laje e
a malha de Analogia de Grelha. A malha controlada sem setor rígido, apesar de apresentar
resultados semelhantes aos modelos Coons e Delaunay sem a presença de setor rígido e
Analogia de Grelha, necessita de maior tempo de modelagem, haja vista que o processo
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de geração das demais malhas é feito manualmente. As demais estratégias não foram
capazes de reduzir picos de momento desbalanceado nas ligações laje-pilar de canto (P1)
e de borda (P2 e P3).

4. Conclusão
Este trabalho apresentou uma série de sete modelos computacionais de um pavimento em
lajes lisas, sendo seis através do software comercial Robot Structural Analisys (RSA) e um
modelo através do AltoQi Eberick, com objetivo de comparar os resultados de momento
fletor e momento desbalanceado nas diferentes ligações laje-pilar. Três modelos no RSA
apresentaram diferentes estratégias de geração da malha: Método de Geração Controlado
Manualmente; Método Automático Coons; e Método Automático Delaunay. Os modelos
apresentaram redução de rigidez de 0,3 Eci Ic para considerar a não linearidade física das
lajes e 0,8 Eci Ic para os pilares. Os três demais modelos no RSA foram realizados de forma
semelhante aos primeiros, porém com a presença de setor rígido nas regiões das projeções
dos pilares nas placas. Este setor rígido foi obtido multiplicando a rigidez da placa por um
número elevado (1000 Eci Ic). O Modelo analisado no AltoQi Eberick foi modelado através
de Analogia de Grelha com a ligação entre a laje e o pilar feita por meio de barras rígidas
saindo do eixo do pilar até as barras da grelha que interceptam as faces dos pilares. As
principais conclusões foram:

 Em relação aos momentos fletores na laje, os modelos Coons com e sem setor
rígido, de malha controlada e Delaunay sem setor rígido e Analogia de Grelha foram
os modelos mais apresentaram resultados aproximados. Os modelos de malha
controlada e Delaunay com setor rígido não foram capazes de evitar picos de
momento na face dos pilares;
 Em relação aos momentos desbalanceados na ligação laje-pilar, os modelos com
Coons, Delaunay, de malha controlada sem setor rígido e Analogia de Grelha foram
os modelos que apresentaram resultados mais aproximados evitando picos de
momento desbalanceado. Os modelos com rigidez elevada Delaunay e controlada
apresentaram picos de momento desbalanceado para os pilares de canto e borda e
o modelo com rigidez elevada Coons apresentou resultado aproximadamente 50%
dos valores médios dos modelos sem setor rígido para as ligações de canto e borda;
 Apesar da estratégia de malha controlada sem setor rígido apresentar resultados
equivalentes aos demais modelos Coons, Delaunay sem setor rígido e Analogia de
Grelha, necessita de maior tempo de modelagem, haja vista que o processo de
geração das demais malhas é feito manualmente;
 Portanto, a partir da análise linear-elástica desenvolvida neste trabalho, é possível
inferir que as estratégias de malhas padrão dos softwares RSA e AltoQi Eberick, as
quais são Coons, Delaunay sem setor rígido e Analogia de Grelha são as estratégias
de modelagem mais indicadas para pavimentos em lajes lisas.

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5. Agradecimentos
Os autores agradecem ao Núcleo de Desenvolvimento Amazônico em Engenharia (NDAE)
do campus de Tucuruí da Universidade Federal do Pará (CAMTUC/UFPA), e o grupo de
pesquisa Núcleo de Modelagem Estrutural Aplicada (NUMEA).

6. Referências
ALMEIDA, S. M. de J. Modelação de lajes elásticas num programa informático de
análise por elementos finitos: elementos sólidos vs. elementos planos e lineares.
Tese de Doutorado: Universidade de Coimbra. 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014 – Projeto de


Estruturas de Concreto – Procedimentos. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para o


cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 2019.

AUTODESK. Método Coons. Disponível em: https://knowledge.autodesk.com/pt-


br/guidref/RSAPRO/2022/learn-explore/GUID-CC4EED46-B8FC-4509-95CB-
2760B9B840D4. Acesso em: 25 fev. 2022.

DORNELLES, F.. Estudo sobre a modelagem da protensão em lajes lisas com o uso
de analogia de grelhas. Dissertação de mestrado. Universidade Federal de Santa
Catarina. 2013.

FERREIRA, Maurício de Pina. Punção em lajes lisas de concreto armado com


armaduras de cisalhamento e momentos desbalanceados. Tese de doutorado.
Universidade de Brasília. 2010.

MAGALHÃES, G. M.; PASSARO, A.; ABE, N. M.. Geração de malha de delaunay


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ANAIS DO 63º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2022 – 63CBC2022 13

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