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ESTRUTURAS DE

CONCRETO ARMADO
ANÁLISE MANUAL DE ESTRUTURAS
TRIDIMENSIONAIS
Prof.: Wanderlei Malaquias Pereira Junior

Ano de produção e revisão: 27/02/2017 1


SUMÁRIO BÁSICO

1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A ESTRUTURA EM 3D;

2 – DETERMINAÇÃO DO EFEITO DE VENTO NA ESTRUTURA DE

CONCRETO;

3 – DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES DAS ESTRUTURAS;

4 – ANÁLISE NÃO LINEAR E DE ESTABILIDADE DO PÓRTICO;

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1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE A ESTRUTURA EM 3D

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1.1 - ELEMENTOS ESTRUTURAIS
Normalmente as estruturas de concreto armado são formadas de elementos
prismáticos, ou seja, elementos com uma dimensão bem maior que as outras
duas, e seção transversal constante. Um arranjo interessante para absover as
ações de ventos são os pórticos constituídos por pilares e vigas, como
mostrado na Figura 1.1.
Figura 1.1 – Edifício em concreto armado com a nomeação dos elementos

FONTE: Disponível em: http://www.tqs.com.br/v16/destaques/modelo-vi-projeto-estrutural


acessado em 26 de fevereiro 4
1.2 - ASSOCIAÇÃO DE PÓRTICOS
Para avaliar estruturas em 3D sem a utilização de um software especifico que
análise os esforços nas mesmas é comum o uso de uma técnica equivalente
chamada de pórticos associados.

Essa técnica pode ser aplicada em situações mais simples que permitam
detalhar todos os pórticos existentes em uma estrutura de 3D dimensões. Assim
de detalhar essa escolha dos pórticos é apresentado o exemplo de Araújo
(2010). Esse pórtico irá servir como ferramenta para cálculo dos esforços em
todas as peças, sendo elas vigas, pilares e elementos de fundação.

Essa associação deverá ser feita em função da direção que está em análise e
também seguirá critérios específicos para que a transmissão de esforços não
aconteça de forma equivocada de um conjunto para o outro. Portanto são
colocados de um pórtico para outro elementos de ligação que não permitem
a passagem de momentos e sim somente dos esforços horizontais que
normalmente é o vento da direção.

Outro fato importante é que esse procedimento baseia-se na consideração


que a laje tem uma área muito grande e é praticamente indeformável em
seu plano, portanto, tem movimento de corpo rígido e funciona como um
diafragma rígido (CARVALHO e PRINHEIRO, 2003).
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1.2 - ASSOCIAÇÃO DE PÓRTICOS
Figura 1.2 – Planta tipo e a marcação dos seus pórtico detalhados

FONTE: Araújo (2010)


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1.2 - ASSOCIAÇÃO DE PÓRTICOS
Figura 1.3 – Modelo de pórticos associados simplificado

FONTE: Alva (20--)


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1.2 - ASSOCIAÇÃO DE PÓRTICOS
Alva (2014) faz algumas observações sobre o modelo de pórticos associados,
são elas:
• Pode-se utilizá-lo também p/ ações verticais e p/ a obtenção de esforços;
• Pórticos simétricos: cargas verticais nas vigas devem ser somadas;
• Se o objetivo é determinar esforços na estrutura: Se cargas forem simétricas
entre 2 pórticos simétricos:
⇒ basta dividir esforços por 2 (elementos do pórtico resultante);
• Se cargas forem não forem simétricas entre 2 pórticos simétricos:
⇒ todos os pórticos planos devem ser associados separadamente;
Alva (2014) observa que para a barra rígida devem ser feitas as seguintes
considerações, para haver querência física no sistema:
• EA = suficientemente grande para caracterizá-la como rígida;
• Altura da seção = espessura da Laje;
• Largura da seção = dimensão da laje (direção analisada);
• Módulo de elasticidade = vide concreto da laje;
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1.3 - LIMITAÇÃO DE DESLOCAMENTOS
A NBR 6118 (ABNT, 2014) faz algumas especificações sobre os deslocamentos
limites de estruturas de pórtico. As especificações se encontram no item 13.3 e
Tabela 13.3 da mesma NBR.
No caso das ações horizontais a norma especifica os seguintes valores (Ver
Fig. 1.4)

Figura 1.4 – Modelo para análise de deslocamentos horizontais limites

FONTE: Alva (20--) 9


1.3 - LIMITAÇÃO DE DESLOCAMENTOS
O deslocamento total da edificação é limitado a:

Já o deslocamento de dois pavimentos consecutivos é limitado a:

Segundo Alva (2014) essa limitação ocorre para minimizar os efeitos de


fissuração nas alvenarias por causa dessa distorção excessiva.

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2 – DETERMINAÇÃO DO EFEITO DE VENTO NA ESTRUTURA DE

CONCRETO

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2.1 - CONCEITOS BÁSICOS
Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), há a necessidade de considerar o vento
em todas as estruturas. O vento de forma simplificada é o deslocamento de
massas de ar decorrente das diferenças de pressão na atmosfera. Esse
deslocamento é considerado como força atuante na estrutura.

O comportamento do vento é em geral turbulento, composto de diversos


redemoinhos, de diferentes tamanhos e características rotacionais. Estas
características fazem com que o vento apresente variações bruscas de
velocidade, denominadas rajadas. A variação de velocidade gradual, que
ocorre ao longo de grandes períodos em função dos diferentes ciclos de
energia solar não afeta consideravelmente as estruturas. Os picos de
velocidade, que ocorrem em períodos curtos, por causa das rajadas, são
importantes para a análise estrutural. Uma característica que dificulta a
análise das cargas de vento é a velocidade da sua aplicação na estrutura,
pois, em geral, considera-se que as sobrecargas aumentam lentamente, o
que permite uma análise estática ou quase estática da estrutura. Já as cargas
de vento variam de forma suficientemente rápida, provocando
deslocamentos maiores que se considerarmos uma variação gradual, em
virtude dos efeitos inerciais (RIOS, 2015).

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2.1 - CONCEITOS BÁSICOS
Mendis et al. (2007) apud Rios (2015) afirmam que estruturas sensíveis ao vento
devem ser analisadas de três formas:

a) Impacto no entorno: quando o vento passa por uma estrutura, sofre


alteração no seu movimento, e surgem componentes em diversas direções.
Essas componentes podem afetar objetos no entorno, podendo causar danos
a outras estruturas existentes, ou desconforto aos pedestres que passam
próximo ao edifício;
b) Cargas de vento aplicadas às fachadas: muitas estruturas possuem formas
geométricas complexas, tornando-se difícil a definição da distribuição de
carga nas fachadas. Nesses casos, é aconselhável fazer o teste de túnel de
vento, de forma a definir com exatidão a distribuição das pressões. Esta
definição é importante na análise de efeitos locais, eliminando possíveis danos
nos elementos de fechamento, como painéis e vidros;
c) Cargas de vento aplicadas à estrutura com um todo: são as cargas
principais, que definem o deslocamento da estrutura. Através desta análise é
definido o sistema estrutural responsável por impedir o deslocamento lateral
do edifício.

MENDIS, P.; et al. Wind loading on tall building. Eletronic Journal of Structural Engineering (EJSE), 2007. Special Issue:
Loading on Structures. Disponível em: http://www.ejse.org/. Acesso em 20 jan. 2015
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2.1 - CONCEITOS BÁSICOS
A determinação da carga devida ao vento em uma estrutura é importante
para validar os cálculos prévios realizados pelo engenheiro estrutural. Em
estruturas muito complexas costuma-se adotar coeficientes de segurança
maiores nos cálculos, o que ocasiona em uso elevado de concreto, estruturas
metálicas etc., que podem ser interpretados como desperdício de material e
energia na sua construção. Dessa forma, os ensaios em túnel de vento podem
mostrar quando uma estrutura está superdimensionada, indicando que é
possível economizar em alguns elementos. Por outro lado, também mostram
quando elementos da construção estão aquém dos níveis de segurança pré-
estabelecidos (IPT, 20--).
Figura 2.1 – Exemplos de estruturas testadas em um túnel de vento

(a) Oscar Niemeyer (b) Estádio Cícero Pompeu de Toledo (c) Arena Pantanal
– Torre da TV digital (Morumbi) – Arena MT
de Brasília
FONTE: http://www.ipt.br/solucoes/369-acao_do_vento_nas_edificacoes.htm 14
2.1 - CONCEITOS BÁSICOS
A velocidade do vento varia conforme a altura, em função da rugosidade do
terreno. Essa variação pode ser associada a um efeito de uma superfície no
escoamento de um fluido, em que a viscosidade do fluido provoca uma força
cortante atuando no sentido contrário ao movimento (força de atrito),
quando este entra em contato com a superfície rugosa. Portanto, a
velocidade do vento próxima à superfície é quase zero, e aumenta
gradativamente. Assim como nos demais fluidos, a partir de certa altura ela se
torna praticamente constante (RIOS, 2015).

O tamanho e formato desta curva são função da rugosidade do terreno, não


somente pela característica do relevo, como pela sua ocupação. Centros de
grandes cidades, por exemplo, geram uma variação maior do que zonas
rurais, conforme ilustrado na Figura 2.2 (RIOS, 2015).
Figura 2.2 – Variação do vento conforme a altura

FONTE: Mendis et (2007) apud Rios (2015) 15


2.1 - CONCEITOS BÁSICOS
O ar se movimenta em geral de forma turbulenta. Isso ocorre porque a
viscosidade do ar é muito baixa (aproximadamente 1/16 da viscosidade da
água), fazendo com que qualquer movimento a uma velocidade acima de
1,3m/s seja turbulento. Neste tipo de movimento, as partículas se deslocam de
forma desordenada, em todas as direções, diferente do movimento laminar,
em que as partículas se deslocam de forma paralela à superfície (RIOS, 2016).

Outro fator a ser considerado são os diversos obstáculos presentes na


superfície do terreno, que introduzem componentes em diversas direções
aleatoriamente, provocando turbulências. Essas rajadas possuem uma
distribuição aleatória, com uma grande gama de amplitudes e frequências,
variando em função do fluxo e dos obstáculos presentes na superfície (RIOS,
2016).

Cargas de vento não são simplesmente harmônicas, e sim, um processo


transiente. Desta forma, o ar se comporta de forma instável e aleatória, e
deve ser estudado estatisticamente (RIOS, 2016).

Edifícios altos são dinamicamente sensíveis à ação do vento. Portanto, no


dimensionamento deste tipo de estrutura, é importante fazer uma análise do
efeito das rajadas, e não considerar somente a velocidade principal (RIOS,
2016).
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2.1 - CONCEITOS BÁSICOS
O vento que age sobre uma estrutura deve ser entendido de acordo com a
sua incidência sobre a estrutura. Para isso dá-se denominações a essa
incidência.

Define-se o termo barlavento com sendo a região de onde sopra o vento (em
relação a edificação), e sotavento a região oposta àquela de onde sopra o
vento). Quando o vento sopra sobre uma superfície existe uma sobrepressão
(sinal positivo), porém em alguns casos pode acontecer o contrário, ou seja
existir sucção (sinal negativo) sobre a superfície. O vento sempre atua
perpendicularmente a superfície que obstrui sua passagem.

Figura 2.3 – Ação do vento sobre uma estrutura predial

FONTE: http://www.ebanataw.com.br/roberto/vento/index.php 17
2.1 - CONCEITOS BÁSICOS
Figura 2.4 – Ventos densos na costa da Florida, permitindo a visualização de sua trajetória em torno dos
edifícios.

FONTE: Moniz (2013) 18


2.2 - CÁLCULO DA VELOCIDADE ESTÁTICA DO VENTO
Para a análise estática dos ventos, não se deve adotar as pressões de pico,
uma vez que estas ocorrem raramente, e não podem ser aproximadas por
uma carga estática. No entanto, também não se deve adotar somente a
velocidade média, pois se estará depreciando a intensidade do
carregamento. Para isso, são adotados coeficientes multiplicados à pressão
principal. Estes coeficientes simulam tanto o efeito de rajada quanto o efeito
da superfície (RIOS, 2015).

Este modelo se mostra confiável quando se trata de pequenas estruturas. No


entanto, não pode ser adotado para grandes estruturas, ou estruturas que
apresentem uma resposta dinâmica significativa (RIOS, 2015).

Prevendo então essa análise a NBR 6123 (ABNT, 2013) propõem a análise
estática do vento de acordo com a equação característica do vento, dada
logo a seguir: 19
2.2 - CÁLCULO DA VELOCIDADE ESTÁTICA DO VENTO
Vk = V0 ⋅ S1 ⋅ S2 ⋅ S3
Onde:
V0 - velocidade básica (contido no mapa das isopletas – Figura 2.4);
S1 - fator topográfico;
S2 - fator de rugosidade do terreno (dimensões e altura da edificação);
S3 - fator estatístico;
A seguir serão mostrados cada um dos fatores e como proceder referente ao
seu cálculo.
A velocidade básica V0 é dada pela visualização do mapa da isopletas. Essas
velocidades segundo Alva (2014) são medidas da seguinte forma:
a) Equipamentos e procedimentos normalizados;
b) Anemômetros em terrenos planos sem obstrução posicionados a 10 m de
altura;
c) Informações de várias estações meteorológicas (a maioria em aeroportos).
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2.2 - CÁLCULO DA VELOCIDADE ESTÁTICA DO VENTO
Figura 2.4 – Mapa das isopletas para o Brasil

FONTE: NBR 6123 (ABNT, 2013) 21


2.2 - CÁLCULO DA VELOCIDADE ESTÁTICA DO VENTO
De acordo com a NBR 6123 (ABNT, 2013), o Fator Topográfico, S1, é
determinado em função do relevo do terreno. De acordo com a norma
temos os seguintes valores:

a) Terreno plano ou quase plano : S1 = 1,0;


b) Taludes e morros consultar a NBR;
c) Vales protegidos : S1 = 0,9.
Figura 2.5 – Fator topográfico para Taludes e Morros

22
2.2 - CÁLCULO DA VELOCIDADE ESTÁTICA DO VENTO

FONTE: NBR 6123 (ABNT, 2013)

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2.2 - CÁLCULO DA VELOCIDADE ESTÁTICA DO VENTO

O fator de rugosidade S2 ele é definido pelo item 5.2 da NBR 6123 (ABNT, 2013)
e é dado como a combinação de 3 situações:

a) Rugosidade do terreno;
b) Variação da velocidade de acordo com a altura da edificação;
c) Dimensões da edificação.

Em relação a rugosidade são definidas 5 classes de terreno, são elas:

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2.2 - CÁLCULO DA VELOCIDADE ESTÁTICA DO VENTO
Categoria I:
Superfícies lisas de grandes dimensões com mais de 5
km de extensão, medida na direção e sentido do vento incidente.
Exemplos: mar calmo, lagos e rios, pântanos sem vegetação.

Categoria II:
Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em
nível, com poucos obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas.
Exemplos: zonas costeiras planas, pântanos com vegetação rala, campos de
aviação, pradarias e charnecas, fazendas sem sebes ou muros.
A cota média do topo dos obstáculos é considerada inferior ou igual a 1,0 m.

Categoria III:
Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes e muros,
poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas.
Exemplos: granjas e casas de campo (com exceção das partes com matos),
fazendas com sebes e/ou muros, subúrbios a considerável distância do
centro, com casas baixas e esparsas.
A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 3,0 m.

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2.2 - CÁLCULO DA VELOCIDADE ESTÁTICA DO VENTO
Categoria IV:
Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona
florestal, industrial ou urbanizada.
Exemplos: zonas de parques e bosques com muitas 15 Introdução à
Engenharia de Estruturas árvores, cidades pequenas e seus arredores,
subúrbios densamente construídos de grandes cidades, áreas industriais plena
ou parcialmente desenvolvidas.
A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 10 m;

Categoria V:
Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco
espaçados.
Exemplos: florestas com árvores altas, de copas isoladas, centros de grandes
cidades, complexos industriais bem desenvolvidos.
A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual ou superior a 25 m.

Quanto a classe da edificação o modelo se distingue em 3 tipos:

Classe A (rajada média de 3s):


Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças
individuais de estruturas sem vedação. Toda edificação na qual a maior
dimensão horizontal ou vertical não exceda 20 m.
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2.2 - CÁLCULO DA VELOCIDADE ESTÁTICA DO VENTO
Classe B (rajada média de 5s):
Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão
horizontal ou vertical da superfície frontal esteja entre 20 m e 50 m.

Classe C (rajada média de 10s):


Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão
horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50 m.

O cálculo de S2 é expresso por:

Quadro 2.1 – Fator S2 de acordo com NBR 6123 (ABNT, 2013)

FONTE: NBR 6123 (ABNT, 2013) 27


2.2 - CÁLCULO DA VELOCIDADE ESTÁTICA DO VENTO
O fator estatístico S3 é definido dependendo do uso da edificação, e
normalmente especificando a vida útil da mesma para 50 anos. Os valores
mínimos que podem ser adotados estão definidos na Quadro 2.2.
Quadro 2.2 – Fator S3 de acordo com NBR 6123 (ABNT, 2013)

FONTE: NBR 6123 (ABNT, 2013)

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2.3 - PRESSÃO DINÂMICA E FORÇA DE ARRASTO
Efetuado o cálculo dos fatores deve-se fazer o cálculo da pressão dinâmica
de vento, dado por:

Portanto no item 6.3.6 a força de arrasto é definida pela expressão abaixo:

Sendo
Ca-Coeficiente de arrasto;
q-Pressão dinâmica do vento;
Ae-Área frontal eletiva.

No caso a área frontal eletiva é definida como a área de projeção ortogonal


da edificação ou elemento estrutural sobre um plano perpendicular á direção
do vento, também chamado de área de sombra (ARAÚJO, 2014).

Para ventos de baixa turbulência aplica-se o ábaco da Figura 2.6


apresentada logo a seguir.

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2.3 - PRESSÃO DINÂMICA E FORÇA DE ARRASTO
Figura 2.6 – Coeficiente de arrasto Ca, para edificações paralelepipédicas em vento de baixa
turbulência

FONTE: NBR 6123 (ABNT, 2013) 30


2.3 - PRESSÃO DINÂMICA E FORÇA DE ARRASTO
No caso adota-se uma força de arrasto em função de uma área equivalente
para facilitar a verificação do vento em cada pavimento, visto que sua área
pode ser alterado. Logo para a força de arrasto deixa-se Ae=1.

Logo a força de vento por pavimento será em função da direção de atuação


do vento e em função da altura do edifício. Para tanto a Figura 2.7
exemplifica a ação do vento ao longo dos pavimentos do edifício.
Figura 2.7 – Força de arrasto ao longo da altura do prédio

FONTE: Araújo (2014) 31


2.3 - PRESSÃO DINÂMICA E FORÇA DE ARRASTO

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2.3 - PRESSÃO DINÂMICA E FORÇA DE ARRASTO
Portanto logo a seguir é apresentado um exemplo de um edifício com os
carregamentos de vento por pavimento. Logo esse modelo pode ser
aplicado junto ao de pórticos associados e então os esforços são encontrados
para cargas verticais e horizontais.
Figura 2.8 – Exemplo da força de vento por pavimento em duas fachadas prediais

FONTE: Araújo (2014) 33


3 – DEFINIÇÕES E CLASSIFICAÇÕES DAS ESTRUTURAS

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3.1 - CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURAS QUANTO A
DESLOCABILIDADE
Os edifícios devem ser projetados de modo a apresentarem a necessária
estabilidade às ações verticais e horizontais, ou seja, devem apresentar a
chamada “estabilidade global”. Os pilares são os elementos destinados à
estabilidade vertical, porém, é necessário projetar outros elementos mais
rígidos que, além de também transmitirem as ações verticais, deverão garantir
a estabilidade horizontal do edifício à ação do vento e de sismos (quando
existirem). Ao mesmo tempo, são esses elementos mais rígidos que garantirão
a indeslocabilidade dos nós dos pilares menos rígidos (BASTOS, 2015).

Segundo Bastos (2015) com essas premissas classificam-se os elementos


verticais dos edifícios em elementos de contraventamento e elementos
(pilares) contraventados.

Segundo Bastos (2015) os elementos de contraventamento são constituídos


por pilares de grandes dimensões (pilares parede ou simplesmente paredes
estruturais), por treliças ou pórticos de grande rigidez, núcleos de rigidez, etc.,
como mostrados na Figura 3.1.

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3.1 - CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURAS QUANTO A
DESLOCABILIDADE
Figura 3.1 – Esquema do diagrama de tensões versus deformações

FONTE: Fusco (1981) apud Bastos (2015)

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3.1 - CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURAS QUANTO A
DESLOCABILIDADE
Uma estrutura pode ser analisada do ponto de vista das suas deslocabilidade,
verificando assim essa influência dos esforços. Do ponto de vista dessas
deslocabilidade Pires Filho (2011) define as seguintes situações:

37
3.1 - CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURAS QUANTO A
DESLOCABILIDADE

Figura 3.1 – Efeitos globais (P-Δ) e locais (P-δ)

FONTE: ASCE (1997) apud Pires Filho (2011) 38


3.1 - CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURAS QUANTO A
DESLOCABILIDADE
A NBR 6118 (ABNT, 2014) classifica, no item 15.4.2, as estruturas em nós fixos e
nós móveis. Essa classificação é decorrente dos efeitos de 1º e 2º ordem. A
NBR faz a seguinte ponderação:

As estruturas são consideradas, para efeito de cálculo, de nós fixos, quando os


deslocamentos horizontais dos nós são pequenos e, por decorrência, os
efeitos globais de 2ª ordem são desprezíveis (inferiores a 10 % dos respectivos
esforços de 1ª ordem). Nessas estruturas, basta considerar os efeitos locais e
localizados de 2ª ordem.

As estruturas de nós móveis são aquelas onde os deslocamentos horizontais


não são pequenos e, em decorrência, os efeitos globais de 2ª ordem são
importantes (superiores a 10 % dos respectivos esforços de 1ª ordem). Nessas
estruturas devem ser considerados tanto os esforços de 2ª ordem globais
como os locais e localizados.

Todavia, há estruturas em que os deslocamentos horizontais são grandes e


que, não obstante, dispensam a consideração dos efeitos de 2ª ordem por
serem pequenas as forças normais e, portanto, pequenos os acréscimos dos
deslocamentos produzidos por elas; isso pode acontecer, por exemplo, em
postes e em certos pilares de galpões industriais. 39
3.1 - CLASSIFICAÇÃO DA ESTRUTURAS QUANTO A
DESLOCABILIDADE
Esse critérios seguem as orientações da publicação de Beck e Konig (1966),
que também está presente na normativa CEB-FIP-90. No código ACI 318
(1995) o limite adotado é mais conservador, sendo de 5% para a
consideração dos efeitos de 2º ordem ( ANDRADE METO, 2013).

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4 – ANÁLISE NÃO LINEAR E DE ESTABILIDADE DO PÓRTICO

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4.1 - CONCEITO DE NÃO LINEARIDADE
Segundo Seixas Leal (2016) nos problemas da engenharia estrutural é possível
dividir a não linearidade do concreto armado em três tipos distintos:

a) A não linearidade física (NLF): A não linearidade física está relacionada


com os efeitos causados pelo comportamento do material, que nesse
estudo se caracteriza pelo uso do concreto armado (SEIXAS LEAL, 2016);
b) A não linearidade geométrica (NLG): Está correlacionada com as
deformações do eixo de uma estrutura a medida que o carregamento é
inserido na mesma. Fazendo com que a ruptura da peça ocorre em
cargas menores que a carga de ruptura normal.
c) A não linearidade por contato (NLC): Proença (2010) define a
NLC como uma alteração nas condições iniciais de contorno, onde um
vínculo pode aparecer ou desaparecer conforme a mudança oriunda do
estado de deformação.

A NLF é fundamentada em cima das leis constitutivas do material, logo as


relações entre tensões e deformações deixam de ser lineares, fazendo com
que o diagrama tome o formato de uma curva e não formato de uma reta. A
Figura 4.1 exemplifica esse modelo não linear.

42
4.1 - CONCEITO DE NÃO LINEARIDADE
Figura 4.1 – Esquema do diagrama de tensões versus deformações

FONTE: Moncayo (2011)

No item 15.7.3 a NBR 6118 (ABNT, 2014) faz as considerações para cálculo
aproximado da NLF do material. Logo para a análise dos esforços globais de
2ª ordem, em estruturas reticuladas com no mínimo quatro andares, pode ser
considerada a não linearidade física de maneira aproximada, tomando-se
como rigidez dos elementos estruturais os valores seguintes.

43
4.1 - CONCEITO DE NÃO LINEARIDADE

Já a NLG é fundamentada na consideração dos efeitos de cargas verticais e


horizontais sobre a estrutura. Diante da existência dessas cargas horizontais na
estrutura (vento geralmente) a estrutura passa ter momentos (efeitos globais
de 2º ordem), conforme mostrado na Figura 4.2.

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4.1 - CONCEITO DE NÃO LINEARIDADE
Figura 4.2 – Efeito de1º e 2º em um pilar isolado

(a) Reações na Barra Vertical (b) Reações na Barra Vertical deformada –


Indeformada – efeito de 1º ordem efeito de 1º ordem e 2º ordem

FONTE: Andrade Neto (2013)

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4.2 - CONCEITOS INICIAIS DE ESTABILIDADE
Do conceito de energia potencial pode-se extrair 3 tipos de equilíbrio para um
sistema de partículas, são eles:

a)Equilíbrio instável;
b)Equilíbrio estável;
c)Equilíbrio neutro.

A Figura 4.3 apresenta graficamente cada um desses equilíbrios:


Figura 4.3 – Representação esquemática do conceito de equilíbrio

FONTE: Próprio autor (2017)

Lima (2001) fala que a estabilidade de uma estrutura pode ser entendida
como a sua capacidade de manter o equilíbrio sob a incidência de ações.
Segundo Wordell (2003) a análise da instabilidade global das estruturas é
fundamental para as edificações (ANDRADE NETO, 2013).
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4.3 - PARÂMETROS PARA VERIFICAÇÃO DE ESTABILIDADE
A NBR 6118 (ABNT, 2014) baseia-se em dois critérios para verificação da
estabilidade de uma estrutura.

a) O primeiro parâmetro é chamado 𝛼𝑓 e foi criado por Hubert Beck e Gert


Koning em 1967, foi utilizado primeiramente na norma alemã DIN e
posteriormente em outras normas do mundo;

b) O segundo parâmetro foi desenvolvido por dois engenheiros brasileiros,


Mario Franco e Augusto Vasconcelos, em 1991. O coeficiente é chamado
𝛾𝑧 e representa um grande marco para o campo da estabilidade global
das estruturas (ANDRADE NETO, 2013).

Ambos os parâmetros tem como objetivo fornecer uma avaliação da


sensibilidade da estrutura aos efeitos de 2º ordem.

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4.4 - PARÂMETRO DE INSTABILIDADE 𝜶𝒇
A NBR 6118 (ABNT, 2014) apresenta esse procedimento no item 15.5.2 e afirma
que uma estrutura reticulada simétrica pode ser considerada como sendo de
nós fixos se seu parâmetro de instabilidade α for menor que o valor α1,
conforme a expressão:

Onde:
n - é o número de níveis de barras horizontais (andares) acima da fundação
ou de um nível pouco deslocável do subsolo;
Htot - é a altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação ou
de um nível pouco deslocável do subsolo;
Nk - é o somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura (a partir
do nível considerado para o cálculo de Htot), com seu valor característico;
Ecs.Ic - representa o somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na
direção considerada. No caso de estruturas de pórticos, de treliças ou mistas,
ou com pilares de rigidez variável ao longo da altura, pode ser considerado o
valor da expressão Ecs.Ic de um pilar equivalente de seção constante.

O valor de Ic deve ser calculado considerando as seções brutas dos pilares. 48


4.4 - PARÂMETRO DE INSTABILIDADE 𝜶𝒇
A rigidez do pilar equivalente deve ser determinada da seguinte forma:
— calcular o deslocamento do topo da estrutura de contraventamento, sob a
ação do carregamento horizontal na direção considerada;
— calcular a rigidez de um pilar equivalente de seção constante, engastado
na base e livre no topo, de mesma altura Htot, tal que, sob a ação do mesmo
carregamento, sofra o mesmo deslocamento no topo.

O valor-limite α1 = 0,6 prescrito para n ≥ 4 é, em geral, aplicável às estruturas


usuais de edifícios.

Para associações de pilares-parede e para pórticos associados a pilares-


parede, adotar α1 = 0,6. No caso de contraventamento constituído
exclusivamente por pilares-parede, adotar α1 = 0,7. Quando só houver
pórticos, adotar α1 = 0,5.

O parâmetro 𝛼𝑓 foi muito utilizado pelos projetistas de estruturas por oferecer


uma resposta satisfatória acerca da rigidez da estrutura e por ser de fácil
obtenção. A desvantagem do parâmetro 𝛼𝑓 é que, para estruturas de nós
móveis, o projetista não tem nenhuma informação sobre a magnitude dos
esforços de segunda ordem. Uma análise de segunda ordem é obrigatória
nestes casos (ANDRADE NETO, 2013).
49
4.5 - PARÂMETRO DE INSTABILIDADE 𝜸𝒛
Segundo Carmo (1995), o Coeficiente foi criado com o intuito de estabelecer
um processo simples de análise no qual, seria capaz de classificar a estrutura
em relação a sua deslocabilidade, assim como realizar uma estimativa dos
esforços atuantes, levando em conta a não linearidade geométrica, através
de resultados baseados em formulações extremamente lineares.

Seguindo essa linha de raciocínio, o Coeficiente tem duas utilidades: a


classificação estrutural e a obtenção dos esforços atuantes na estrutura
deformada (SEIXAS LEAL, 2016).

Segundo o item 15.5.3 da NBR 6118 (ABNT, 2014), é possível determinar de


forma aproximada o coeficiente 𝜸𝒛 de majoração dos esforços globais finais
com relação aos de primeira ordem, ou seja, avalia-se a importância dos
esforços de segunda ordem globais.

Segundo Andrade Neto (2013) para o cálculo do coeficiente, os


procedimentos a serem seguidos são:
a) Primeiro faz-se uma análise de primeira ordem levando em consideração
as cargas verticais e horizontais. Uma redução da rigidez da estrutura é
realizada com o objetivo de considerar, de forma aproximada, a não-
linearidade física;
b) Calculam-se os acréscimos de momentos, através da relação:
50
4.5 - PARÂMETRO DE INSTABILIDADE 𝜸𝒛

A NBR 6118 (ABNT, 2014) ainda cita que essa análise de esforços é válida para
estruturas de no mínimo quatro andares. E valendo essa análise o coeficiente
pode ser determinado pela formulação abaixo:

51
4.5 - PARÂMETRO DE INSTABILIDADE 𝜸𝒛
Onde:

M1,tot,d - é o momento de tombamento, ou seja, a soma dos momentos de


todas as forças horizontais da combinação considerada, com seus valores de
cálculo, em relação à base da estrutura;
∆Mtot,d - é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na
estrutura, na combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos
deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicação, obtidos
da análise de 1ª ordem;

Considera-se que a estrutura é de nós fixos se for obedecida a condição 𝜸𝒛 ≤


1,1. Garcez (20--) estabelece o Quadro 4.1 para interpretação dos esforços
de 2º ordem em relação aos de 1º ordem.
Quadro 4.1 – Interpretação do coeficiente 𝜸𝒛

FONTE: Garcez (20--)


52
4.5 - PARÂMETRO DE INSTABILIDADE 𝜸𝒛
Logo os esforços finais são majorados através da expressão abaixo:

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