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ANÁLISE COMPARATIVA DE UM PROJETO ESTRUTURAL TEÓRICO E

COMPUTACIONAL DE UM SOBRADO

Mateus Sátiro Macena1*


Cássia Mendonça dos Anjos2**

RESUMO
O cálculo estrutural de uma edificação pode ser desenvolvido por diversos tipos de software. Com
o intuito de compreender alguma dessas ferramentas, este trabalho apresenta uma análise
comparativa entre os resultados obtidos no cálculo do software TQS e Eberick, em relação ao
desenvolvimento manual de um projeto estrutural de um sobrado. O objetivo foi comparar resultados
como flechas, estados limites, consumo de aço, análise dos gráficos e diagramas e seu manuseio.
Com isso, notou-se um maior consumo de aço do Eberick, havendo uma grande variação das
flechas nas lajes entre os dois softwares, além de uma melhor aproximação do TQs em relação ao
cálculo manual esse software mostrou-se mais econômico, contudo, o Eberick mostrou-se de fácil
manuseio.

Palavras-chave: Software. Análise estrutural. Comparativo.

Introdução

O projeto estrutural é um conjunto de elementos que são dimensionados, com objetivo


de trazer segurança e vida útil para uma edificação. Para o desenvolvimento de um projeto
estrutural, o engenheiro estrutural junto com arquitetos e executores devem definir
estatísticas, a fim de que a estrutura seja capaz de resistir aos esforços ao longo do tempo
(DINIZ, 2009). Desse modo, a estrutura possui um procedimento funcional bem arranjado,
em que as lajes recebem as cargas e transferem para vigas, que vão para os pilares e são
distribuídas na fundação, para, com isso, se dissiparem no solo.
De acordo com o item 14.2 da NBR6118:2014, o objetivo de uma análise estrutural é
a determinação das ações presentes e, a partir disso, descobrir seus esforços e sua
capacidade, analisando-se seus estados limites.

1
Graduando do Curso de Bacharelado em Engenharia Civil da UniFacisa – Centro Universitário. E-mail:
mateus064137@gmail.com
2**
Professor Orientador. Docente do Curso de Bacharelado em Engenharia Civil da UniFacisa – Centro
Universitário. E-mail: cassia.anjos@maisunifacisa.com.br
Denomina-se como ações tudo que causa tensão e deformação na estrutura. Podem
ser classificadas como ações diretas as decorrentes do peso próprio da estrutura e dos
elementos fixos e indiretas as que se explicam pela deformação, retração e movimentação
da estrutura. Além disso, temos as variáveis ocorridas, devido a cargas de pessoas e
móveis, e as excepcionais, como vento, temperatura e fluência (cargas adicionais durante
vida útil da estrutura) (CARVALHO, 2014). Já o estado limite último (ELU) é o que define
se a estrutura atingiu a sua capacidade máxima de resistência, levando a um colapso
progressivo e o estado limite de serviço (ELS) relaciona-se à durabilidade da estrutura (vida
útil) (NBR 6118, 2014).
Em estruturas de concreto armado, geralmente, é necessária a execução de três
elementos estruturais, descritos a seguir, que são bastantes visíveis em obras de qualquer
porte: lajes, vigas e pilares. Todavia, para o seu dimensionamento, deve-se levar em
consideração os estados limites recomendados (BASTOS, 2006).

 Lajes são elementos planos, destinados a receber diversos tipos de ações,


de acordo com o prescrito no projeto arquitetônico, como as cargas
perpendiculares (paredes, pessoas, móveis vigas ou pilares) e as cargas
paralelas (peso próprio, revestimento, forro) (SILVA, 2018). Há, ainda, a laje
treliçada unidirecional, que, de acordo com Carvalho (2014), diz respeito a
lajes apoiadas em uma única direção, recomendadas para pequenos e
médios vãos e para onde as cargas não sejam muitos elevadas. Esse tipo de
laje é composto por elementos pré-moldados trilhos(vigotas), lajotas (que são
blocos de enchimentos, geralmente feitos de cerâmica ou EPS) e, por último,
uma camada de concreto feito. As lajes treliçadas são econômicas,
pois não há necessidade de execução de fôrma e a diminuição na quantidade
de escoras, porém existem algumas desvantagens, como a dificuldade das
instalações prediais, a dificuldade de fazer furos na parte inferior, para
aplicação de algum suporte, fixadores etc. (CARVALHO, 2014).
 Vigas: são elementos lineares em que a flexão é preponderante, de acordo
com a NBR6118:2014, item 14.4.1.1. Elementos lineares são elementos, em
que o seu comprimento (vão) é três vezes maior que sua seção transversal,
nomeados também por barras. Nas vigas, é necessário a existência de uma
boa ductilidade, para evitar a questão do aumento de fissuras. Com isso, são
adotadas armaduras na zona de compressão do elemento, levando em
consideração que a viga deve estar sempre entre os domínios 2 e 3.
 Os pilares são elementos lineares com espessura e alturas semelhantes,
porém comprimento maiores, destinados a transmitir esforços para
fundações. São de suma importância, pois fazem parte do sistema de
contraventamento que garante a estabilidade da estrutura (BASTOS, 2006).
A NBR 6118:2014, item 13.2.3, recomenda dimensões mínimas para pilares
com base de 19 cm, porém ela define que a base mínima pode ser de até 14
cm, deixando a área mínima de 360 cm² e devendo-se multiplicar os esforços
solicitantes por um coeficiente gama.

As vantagens no uso de softwares se explicam, devido à sua produtividade e


segurança, já que, para dimensionar, manualmente, os elementos citados, seria
demandado muito tempo; no entanto, com o uso dos softwares, pode-se calcular com mais
velocidade e reprocessar a estrutura várias vezes até obter-se resultados mais econômicos.
Sem o uso dessas ferramentas, dificultaria o crescimento da engenharia de estruturas no
mercado (KIMURA, 2018).
Apesar de os softwares dimensionarem estruturas somente por meio de um
lançamento geométrico, eles não substituem o engenheiro estrutural. Portanto, sua grande
colaboração, em um projeto, é calcular elementos que manualmente seriam impossíveis
(DINIZ, 2009).
Diante do contexto apresentado, o objetivo desta pesquisa é analisar,
comparativamente, o dimensionamento estrutural de uma residência, calculado com dois
tipos de software de forma manual (teórica). A partir dos procedimentos de execução, deve-
se identificar qual software é mais econômico, analisar consumo de materiais, área de aço,
suas vantagens e desvantagens, suas deformações e, com isso, verificar, também, a
aproximação do dimensionamento manual, comparando com os resultados
computacionais.

Material e Métodos

Para o cálculo dos elementos estruturais, é necessário se ter conhecimento de todas


as cargas atuantes nas estruturas para, com isso, conhecer valores como reações, esforço
cortante e momento fletor. Além disso, dados como o projeto arquitetônico e a planta de
fôrma devem ser apresentados, conforme observado na Figura 1:
Figura 1 – Planta Baixa mais planta de fôrma do projeto

Fonte: Autoria própria (2021).

 Descrição: a estrutura analisada, na figura acima, é referente a um projeto


arquitetônico de um sobrado com dois pavimentos. Para o terreno, será
adotado o valor de 2kgf/cm² de tensão admissível do solo. O edifício
residencial tem dimensões de 13x7 m e é composto por um pavimento térreo,
superior, cobertura e caixa de água.
 Dados: pé direito de 3,2 m, platibanda h = 1,2 m, carga caixa d’agua 2000L,
executada em alvenaria de tijolo cerâmico furado, revestimento de 2,5 cm, laje
treliçada composta por blocos cerâmicos, contrapiso com espessura de 3cm,
com revestimento cerâmico, estrutura em concreto armado e fundação do tipo
sapata, com todos os elementos estruturais com fck de 25MPa.
Após essa etapa, são calculadas as cargas estruturais, através do peso específico
dos elementos (Quadro 1):

Quadro 1 – Ações influentes nos elementos estruturais


PESO CARGA
ELEMENTOS MATERIAL PESO (KN/M²)
ESPECÍFICO ACIDENTAL
CONCRETO ARMADO 25 3,75
FORRO DE GESSO ACARTONADO - 0,25
LAJE LAJOTA 18 - 1,5
CONTRAPISO 21 0,63
REVESTIMENTO CERAMICO 23 0,1334
ALVENARIA VEDAÇÃO 12 1,08
VIGAS
REVESTIMENTO PAREDE 21 0,525
__
PILARES INFLUENCIA DE VIGAS E LAJES
SAPATAS INFLUENCIA PILARES
Fonte: Adaptado NBR 6120
Para o dimensionamento das lajes, é necessário verificar o tipo e quantidades de
esforços atuantes no elemento, como peso próprio, cargas acidentais, revestimento de piso,
cargas de paredes e esforços adicionais, a exemplo da caixa d’água na cobertura.
Em seguida, são determinadas as cargas permanentes e acidentais de lajes para
edifícios residenciais, a partir da NBR6120, conforme demonstrado no Quadro 2.

Quadro 2 – Cargas de influências na estrutura

carga distribuida peso especifico


tipos de cargas
(KN/m²) (KN/m³)
Cargas edificio Dormitorios 1,5 --
acidentais residenciais sala,copas,cozinhas 1,5 --
Forro de gesso acartonado 0,25 --
cargas
permanentes argamassa de cimento e areia -- 21
concreto armado -- 25
Fonte: Adaptado NBR6120:2019 (2020)

Por meio do Quadro 3, verificando o menor vão da maior laje da edificação, pode-se
obter a espessura da laje e seu peso próprio para, com isso, obter a área de aço necessária
para cada treliça, presente na laje do tipo treliçada (Quadro 4).

Quadro 3 – Altura mais cargas de lajes pré-moldadas em função cargas e vão livres máximos

Fonte: CARVALHO (2014, p. 98)

Quadro 4 – Área de aço adicional vigotas


LAJE TRELIÇADA - ß12
CLASSE E ARMADURA CARGA (KN/M²)
(CM²) 2,5 4,0 5,5
6-0,488 2,8 2,4 2,1
10-0,715 3,3 2,8 2,5
13-0,952 3,5 3 2,7
VÃO
15-1,152 3,65 3,2 2,85
16-1,267 3,7 3,3 2,95
21-2,040 4,15 3,8 3,45

Fonte: Adaptado de CARVALHO (2014)


Posteriormente, foram analisadas as flechas nas lajes provenientes do carregamento,
desde a imediata, a deferida no tempo e a final:
 Flecha imediata:


f0 = (01)

- α -Valor que varia de acordo com apoio do elemento


- p -Ação atuante em uma nervura
- lx - Vão do tramo (normalmente a distância entre os eixos das vigas de apoio) da
nervura
- Ecs- Módulo de elasticidade do concreto em (KN/cm²)

- Im – Inércia média de Bason

 Flecha deferida no tempo:

(02)

αf – Flecha tempo
ε(t) – tempo quando se deseja a flecha deferida
ε(t0) – Tempo de aplicação do carregamento

t – Tempo em meses
 Flecha total:

Ft = f0*(1+αf) (6)

No dimensionamento das vigas, é necessário conhecer os tipos de carregamento a


que essas estão sujeitas, como carga de parede, peso próprio e a influência da laje. Para
influência das cargas das lajes, serão utilizadas as fórmulas, em que 7 é usual para vigas
perpendiculares aos trilhos da laje calculada e 8 para vigas paralelas aos trilhos.

∗ ∗
QL= (7)

∗ ∗
QL= ∗ 0,25 (8)
P – Carga de influência da laje

Lx – comprimento da menor dimensão da laje

Ly – Comprimento da maior dimensão da laje

L – Comprimento da laje perpendicular a viga calculada

Para escolha da altura inicial dos elementos(vigas), alguns autores recomendam


descobrir a altura através das fórmulas mostrada abaixo:

-Vigas bi apoiadas: h = L/10 (9)

-Vigas engastadas h = L/12 (10)

-Vigas em balanço h = L/5 (11)

Após a definição das dimensões iniciais das vigas, deve-se verificar a área de aço
obtida através da equação 12.

As = ∗
(12)

- As -Área de aço
- Md -Momento de cálculo
- Fyd – Tensão solicitante de cálculo do aço
- Z- Braço de alavanca

Em sequência, após o cálculo da área de aço das vigas, deve-se verificar as flechas
deferidas em cada elemento, cujo procedimento de cálculo é semelhante aos das lajes.
Inicialmente, verifica-se a flecha imediata:

Flecha deferida no tempo (procedimento semelhante ao cálculo das lajes):

Já para os pilares, obtém-se a carga de influência, por meio das reações nas vigas
a ele ligadas. Deve-se verificar os tipos de pilares (canto, central), para identificar as
influências de momentos, visando a um melhor posicionamento. Todos os pilares estarão
sujeitos à flexão oblíqua. As reações do pilar foram obtidas através do Ftool, além de
diagramas de momentos como pode ser visto na Figura 2.

Figura 2 – Diagrama de momentos atuantes no pilar P1

Fonte: Autoria própria (2021).

-Cálculo do carregamento:

Nd = Ɣf * Ɣn* ∑(cargas (𝑁𝑠𝑡)) (14)


M1dmin =Nd*(0,015+0,03*h) (15)

- Verificação momentos atuantes:


M1dx = Ɣf * Ɣn*Mx (16)
M1dy = Ɣf * Ɣn*My (17)

- Índice de esbeltez limite:


, ∗
ʎ1 = (18)

Verificação: 35 ≤ ʎ1 ≤ 90, caso ʎx ≤ ʎ1, logo não é necessário verificar os esforços


de 2°ordem. Caso não passe na verificação, é necessário aumentar as dimensões dos
pilares; caso passe, inicia-se o processo de dimensionamento das armaduras.

∗ ∗
- Área de aço: As= (19)
Nd – Esforços normais no pilar
Ɣn – Coeficiente de majoração para pilares com dimensões <19cm
Ac= Área da seção do pilar = hx*hy

𝛿𝑐𝑑 – 0,8fcd

No lançamento da estrutura no software TQS, primeiramente, deve-se entender


como essa ferramenta funciona. O procedimento inicial foi igual a todos outros softwares,
desde o lançamento da planta até o lançamento dos elementos estruturais, como pilares,
vigas, laje, etc.
Na versão V13, o software dimensionava apenas lajes, pelo método dos elementos
finitos, mas, nas versões recentes, o método de cálculo do software é totalmente pelo
método dos elementos finitos, possibilitando o processamento mais preciso dos elementos.
Esse método é dimensionado, dividindo-se cada elemento em pequenas partes que são
unidas por nós. Ao conjunto desses elementos, como um todo, dá-se o nome de malhas e,
quando somados, representam uma forma mais aproximada da estrutura real (TQS
informática LTDA, 2020).

Figura 3 – Ilustração da estrutura em 3D TQS

Fonte: Autoria Própria (2021).

O lançamento no software Eberick foi semelhante ao do TQS, porém evidenciou-se


mais agilidade no lançamento dos elementos. A maior diferença desse software para o TQS
é o método de cálculo, pois o Eberick utiliza o modelo de pórtico espacial por barras (método
das grelhas), em que o cálculo, às vezes, não gera resultados tão aproximados da estrutura
no modelo real.
Figura 4 – Planta de fôrma pavimento tipo (Eberick)

Fonte: Autoria Própria (2021).

Após o lançamento da estrutura nos dois softwares, definindo-se todas as dimensões


semelhantes e, após o processamento de cálculo nos dois programas, junto com o cálculo
manual, partiu-se para análise dos resultados obtidos.

Resultados e Discussão

Como já mostrado na Tabela 1, nota-se que as flechas entre o software TQS e o


procedimento manual tiveram valores bem aproximados no pavimento tipo, já na cobertura
houve uma grande variação na laje L8. Comparando os resultados obtidos nos dois
pavimentos, notou-se que o Eberick sempre mostrou o resultado com deformações
maiores.
O TQS gerou um resultado mais preciso, por utilizar o método de cálculo dos
elementos finitos, pois o Eberick dimensionou a laje em relação a um pórtico espacial
completo, enquanto o TQS dimensionou, dividindo a estrutura da laje em pequenos
elementos formando uma malha. Logo, observa-se que o Eberick, em alguns casos, pode
estar superdimensionando alguns elementos gerando, na estrutura, maior custo com
material.
Tabela 1 – Flechas totais nas Lajes

Fonte: Autoria própria (2021)

A Figura 5 mostra um comparativo entre a influência de cargas entre os programas,


em relação ao desenvolvimento empírico. Notou-se que sempre o Eberick tem uma boa
diferença entre os esforços, mostrando valor maior, quando comparado aos outros dois.
Então, podemos perceber que o software influenciará em um maior consumo de aço.

Figura 5 – Diagramas de momentos fletores

Fonte: Autoria própria (2021)


Tal fato ocorre, devido à configuração do software Eberick estar habilitada, para
determinar uma maior rigidez na união entre os pilares e vigas; portanto, há uma maior
transferência de momento para os pilares, nos quais essas vigas estão apoiadas.
Na verificação da área de aço de alguns trechos, é possível ver diferença na área de
aço, o que era previsto, como apresentado nas Tabelas 2,3 e 4 seguintes.

Tabela 2 – Área de aço vigas pavimento térreo

Fonte: Autoria própria (2021)

Tabela 3 – Área de aço vigas cobertura

Fonte: Autoria própria (2021)

Tabela 4 – Área de aço vigas pavimento Tipo

Fonte: Autoria própria (2021)


Na viga V11 da Tabela 3 da cobertura, percebe-se que os valores de momentos
foram muito baixos; mesmo assim, o TQS adicionou uma área de aço de 1,2 cm², tornando
a viga superdimensionada. No Eberick e manualmente foi adicionada uma área de aço
mínima recomendada pela NBR 6118:2014, item 17.3.5.2.1
As vigas em porcentagem azul identificam as áreas de aço em que o TQS gerou
maiores valores e as verdes indicam maior porcentagem no cálculo manual. Observa-se
que a maioria das vigas diferiram apenas no engaste, conforme podemos notar nas Tabelas
2, 3 e 4 e só nos pilares.
Na análise do consumo de aço nos pilares, verifica-se, por meio da Figura 5, que,
devido à grande diferença de momentos transferidos para os pilares, gerou-se um grande
aumento da área de aço no cálculo da armadura dos pilares no Eberick (Tabela 5). Houve,
também, uma grande diferença, no total de 116,7 kg de aço, em relação ao TQS.

Tabela 5 - Aço utilizado nos pilares TQS/Eberick

Fonte: Autoria própria (2021)

Na análise das vigas, consegue-se verificar, a partir da Figura 6, que todas as flechas
passaram nos estados limite. Além disso, as flechas do TQS apresentaram maiores valores,
comparadas as do Eberick em todos pavimentos.
Figura 6 – Comparativo Flechas vigas

Fonte: Autoria própria (2021)

Essa diferença pode ter acontecido, devido a algumas vigas do Eberick terem uma
área de aço mais elevada. Outro motivo é devido à consideração da rigidez ser maior no
Eberick, na união entre viga e pilares, diminuindo a deformação, pelo fato de a estrutura
estar mais rígida. No pavimento térreo, notou-se que, em algumas vigas, o método manual
forneceu valores muito altos, talvez porque os softwares consideram alguma influência, por
estarem apoiados no solo ou pela questão do aumento da rigidez – fatores que não são
considerados no cálculo manual.
Mesmo entendendo que, no cálculo manual, a estrutura foi calculada como pórticos
isolados, influenciando no comparativo com os softwares que calculam a estrutura como
um todo, ao se considerar as 3 dimensões, percebe-se que os valores foram semelhantes.
Apenas nas vigas v7 do térreo e v2, foram gerados valores bem diferentes
A Tabela 6 mostra o comparativo entre o consumo de aço, concreto e fôrma.
Observa-se que o Eberick apresentou um consumo de todos elementos maiores que o
TQS, o que era de se esperar, devido a apresentarem os esforços maiores. Foram geradas
diferenças de 235,4 kg de aço, 61,1 m² de fôrmas e 2,37m³ de concreto e de custo com
materiais de R$ 4.290.
Tabela 6 – Consumo de materiais estrutura

CONSUMO AÇO FORMAS E CONCRETO


PAVIMENTO AÇO (kg) CONCRETO (m³) FORMA (m²)
CAIXA DE AGUA 51,8 0,7 12,5
COBERTURA 553,2 10,9 117,3
EBERICK PAVIMENTO TIPO 681,7 11,5 124,3
TERREO 381,5 4,4 85,4
FUNDAÇÃO 211,2 6,8 15,7
TOTAL 1879,4 34,3 355,2
PAVIMENTO AÇO CONCRETO FORMA
CAIXA DE AGUA 50 0,63 11,19
COBERTURA 468 10,92 95,91
TQS PAVIMENTO TIPO 628 11,64 102,96
TERREO 315 4,24 70,49
FUNDAÇÃO 183 4,5 13,52
TOTAL 1644 31,93 294,07
AÇO CONCRETO FORMA
PREÇO UNITARIO MATERIAIS
R$ 10,20 R$ 230,00 R$ 22,00
Fonte: Autoria própria (2021)

Conclusão

De acordo com o objetivo traçado para este estudo, evidenciou-se que, no passar dos
procedimentos, houve mais facilidade no procedimento de manuseio no Eberick. O TQS
mostrou-se vantajoso na etapa inicial da criação do edifício, pois o projetista já define alguns
complementos que se deve ter na edificação. O TQS se mostrou mais disponível no
aprendizado, devido sua versão estudantil poder salvar os projetos, diferente do Eberick,
no qual não é possível salvar o que foi elaborado.
Em relação aos resultados de cálculos, os dois softwares se mostraram eficientes,
porém alguns resultados, como flechas e consumo de aço, favoreceram o TQS, tornando-
o um software mais econômico. Foi visto, ainda, que os resultados do TQS se aproximaram
mais do método manual.
Por fim, percebeu-se que o maior motivo da diferença entre os softwares ocorreu
devido ao método de cálculo utilizado por cada um, mostrando-se mais preciso o método
do TQS. Todavia, os dois programas geraram resultados que garantem a segurança da
estrutura.

Referências:

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CARVALHO, Roberto Chust; FIGUEIREDO FILHO, Josson Rodrigues. Cálculo e


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