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ANÁLISE DA ESTABILIDADE GLOBAL DE EDIFÍCIO RESIDENCIAL

ANALYSIS OF GLOBAL RESIDENTIAL BUILDING STABILITY

Renan Victor Coelho Sousa1


MSc. Caio Cesar Pereira de Aguiar2

Resumo:

A concepção de edifícios altos e esbeltos, ao longo dos anos, tem sido um desafio para a
engenharia civil, no entanto, com o avanço dos computadores, se tornou cada vez mais prática
e precisa de se realizar. É importante sempre dimensionar a estrutura de uma edificação de
maneira a garantir a segurança dos seus usuários, para tanto, através da análise de estabilidade
global, é possível assegurar a maneira que essa edificação irá se comportar perante aos esforços
solicitantes. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a importância da
análise de estabilidade global em edifícios residenciais, tendo em vista que está diretamente
relacionada com a segurança de seus usuários. Com isso, foi feito um estudo de caso no
Residencial Pelion, localizado na cidade de São Luís-MA, afim de comparar os parâmetros de
estabilidade global e verificar a confiabilidade da concepção estrutural do edifício. Para tanto,
foi utilizado o software CAD/TQS para modelagem e análise estrutural da edificação, além de
solicitações feitas a NBR 6118/2014 para projeto de estruturas de concreto, NBR 6120/2019
para ações cálculo estrutural de edificações, e a NBR 6123/1988 para forças devido ao vento
em edificações.

Palavras-chave: Edifícios Residenciais; Esforços Solicitantes; Estabilidade Global.

Abstract:

The new achievements of civil engineering in recent years is the construction of increasingly
tall and slender buildings, and this is a challenge that with the advancement of computers it is
possible to do in a practical and precise way. It is important to always dimension the structure
in a way that can ensure the safety of building users, and it is through the analysis of global
stability that it is possible to ensure how a building behaves in the face of the actions imposed
on it, the efforts that arise by vertical and horizontal actions should be analyzed and quantified,
the emergence of different parameters of instability such as α parameter, γz coefficients, FAVt
and the P-Δ process, give different possibilities of analysis. The present work addresses the
importance of global stability analysis focused on residential buildings, where CAD/TQS
software is used for modeling and structural analysis, in order to compare instability parameters,
evaluate the most indicated for analysis and whether the building is.

KeyWords: Global Stability; Residential Buildings; Vertical and Horizontal Actions.

Submissão:
29 nov. 2019

1
Aluno Concludente do Curso de Engenharia Civil – Renansousa193@hotmail.com
2
Orientador – Mestre em Engenharia Civil na Área de Projetos de Estruturas – caio.aguiar@ceuma.br
1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o avanço tecnológico impulsionou, também, um avanço na


engenharia civil, de modo que possibilitou análises mais profundas nas edificações, tendo em
consideração fatores indispensáveis no dimensionamento das estruturas de concreto armado.
Portanto, com a evolução dos computadores, têm sido projetado edificações cada vez mais altas
e esbeltas, que visam a segurança e economia na sua execução. Além disso, é possível fazer
análises e dimensionamentos das formas mais variadas, afim de se obter os resultados mais
satisfatórios para a estrutura.
A análise de estabilidade global é indispensável em edifícios residenciais, pois visa a
forma mais segura da estrutura se comportar perante as ações horizontais e verticais, de modo
que ela não ultrapasse seu estado limite último de instabilidade, ou seja, a perda da capacidade
de resistir às ações solicitantes. Para esse tipo de análise, são considerados dois tipos de não
conformidade em que as estruturas de concreto armado estão sujeitas quando são aplicados
carregamentos, como a não-linearidade física (NLF) e não-linearidade geométrica (NLG).
Com esse tipo de análise, pode-se prever como a estrutura irá se comportar perante as
ações horizontais, como, por exemplo, o vento, que é um tipo de ação recorrente em edifícios
altos, e ações verticais, comuns em estruturas com grandes balanços e em estruturas com vigas
de transição. Dessa forma, a fim de mensurar e quantificar a instabilidade de um edifício, foram
criados diversos parâmetros, coeficientes e processos para esse tipo de análise, de modo que os
mais utilizados são: o parâmetro de instabilidade α, coeficiente γz e o processo P-Δ. Além disso,
cada coeficiente e parâmetro é analisado de forma diferente um do outro, portanto, cabe ao
engenheiro optar pelo processo mais coerente.
Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a importância da análise
de estabilidade global em edifícios residenciais, tendo em vista que está diretamente relacionada
com a segurança de seus usuários. Com isso, foi feito um estudo de caso no Residencial Pelion,
localizado na cidade de São Luís-MA, afim de comparar os parâmetros de estabilidade global
e verificar a confiabilidade da concepção estrutural do edifício.
Portanto, esse trabalho justifica-se como uma alternativa eficiente na busca de
confiabilidade perante a concepção de projetos estruturais de edifícios residenciais, uma vez
que a análise de estabilidade global não só permite o dimensionamento de edifícios mais altos
e esbeltos, como também garante resultados mais satisfatórios dos cálculos estruturais e,
consequentemente, proporciona maior segurança aos seus usuários. Além disso, a edificação
terá um maior desempenho ao longo de sua vida útil, de modo que irá inibir o aparecimento de
patologias relacionadas ao deslocamento da edificação, como fissuras em alvenarias,
deslocamento de cerâmicas, entre outras. Irá evitar, também, superdimensionamentos
estruturais, que geram gastos desnecessários e afeta a questão econômica da obra.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ESTABILIDADE GLOBAL

De acordo com (CARMO, 1995), os deslocamentos excessivos nas edificações podem


torná-la instável quando os esforços gerados por esses deslocamentos são combinados com os
esforços originais, por isso se faz necessário uma análise de estabilidade precisa para quantificar
esses esforços e se ter uma sensibilidade estrutural.
As cargas atuantes na estrutura são determinantes para análise das ações horizontais e
verticais, as quais têm um papel fundamental na estabilidade da edificação. (KIMURA, 2007)
afirma que as ações do vento não são preponderantes na instabilidade da edificação, mesmo
sendo ela a causadora dos deslocamentos que provocam o surgimento de novos esforços. As
ações verticais são as que causam instabilidade na edificação e, quanto maiores as cargas
permanentes, acidentais e peso próprio, maior será a instabilidade da edificação.

2.2 NÃO-LINEARIADADE FÍSICA (NLF)

A não-linearidade física está ligada ao material constituinte da estrutura, no caso do


concreto armado, a estrutura demonstra um comportamento desproporcional ao se intensificar
o carregamento, ou seja, com a aplicação de uma carga ‘P’ a estrutura apresenta um deformação
‘d’, no entanto, se adicionarmos um carregamento ‘2P’ à mesma estrutura, não significa que
ela irá ter uma deformação ‘2d’. Isso se deve ao fato do material empregado, em que a estrutura
pode deformar mais que ‘2d’. Esse efeito se dá pela fissuração do concreto, no qual a estrutura
perde seção bruta de concreto e, consequentemente, alteração na sua inercia, o que gera rigidez
menor da estrutura.
De acordo com (KIMURA, 2007), a estrutura não está sujeita a não-linearidade apenas
nas deformações, como também em tensões e esforços. Em estruturas de concreto armado, um
fator é preponderante para a análise: a fissuração na qual qualquer estrutura em concreto armado
está sujeita pela baixa resistência do concreto a tração. O aparecimento se dá a partir do processo
de cura do concreto e à medida que o carregamento é aplicado.

Figura 1 - Comportamento não-linear

Fonte: Alio Kimura (2007).

A figura 1 demonstra como o gráfico tensão-deformação apresenta o comportamento


não-linear do concreto armado ao se aplicar carregamento, onde as deformações não serão
proporcionais aos carregamentos aplicados a estrutura, podendo haver deformações maiores
que as apresentadas por métodos lineares.
O método citado pela NBR 6118 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2014), que tem como objetivo mensurar a rigidez do concreto armado perante a
NLF, é também o método utilizado na análise de estabilidade global, o qual simplifica a rigidez
dos elementos. Esse método implica na redução dos valores de rigidez de acordo com cada
elemento estrutural, como vigas, pilares e lajes. De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014), os
valores de redução da rigidez a serem adotados são:

Lajes (EI)sec = 0,3 EciIc (Fórmula 1)


(EI)sec = 0,4 EciIc para As’≠ As (Fórmula 2)
Vigas (Fórmula 3)
(EI)sec = 0,5 EciIc para As’ = As
Pilares (EI)sec = 0,8 EciIc (Fórmula 4)
Onde:
(EI)sec - rigidez secante;
Ic - momento de inércia da seção bruta de concreto, incluindo, quando for o caso de mesas
colaborantes;
Eci - módulo de elasticidade inicial do concreto;
As’ - área de aço das armaduras a tração;
As - área de aço das armaduras a compressão.

O modulo de elasticidade inicial do concreto é dado de acordo com o item 8.2.8 da NBR
6118 (ABNT, 2014). Em relação às vigas, o primeiro redutor é utilizado em vigas com armadura
positiva diferente da negativa, já o segundo redutor é utilizado em vigas com armadura positiva
e negativa idênticas. Esse método utiliza valores aproximados para rigidez dos elementos e não
deve ser utilizado para os efeitos locais de segunda ordem, NBR 6118 (ABNT, 2014).

2.3 NÃO-LINEARIADADE GEOMÉTRICA (NLG)

A não-linearidade geométrica é a resposta não-linear do elemento ao se aplicar


carregamentos à estrutura, onde gera-se mudanças na geometria da estrutura, ou seja, mudança
de posição no espaço. Um exemplo claro para esse problema, é um pilar engastado em uma
extremidade e livre na outra, onde, ao se aplicar um carregamento horizontal, esse pilar acaba
por deslocar-se na extremidade livre, mudando, assim, a configuração inicial do pilar.
(MONCAYO, 2011).
O deslocamento gerado pelas ações horizontais e verticais acaba por gerar momentos
adicionais a estruturas, de modo que devem ser somados aos momentos de primeira ordem para
fins de dimensionamento. Esses esforços gerados pelos deslocamentos são chamados de efeitos
de segunda ordem, que surgem após a análise do equilíbrio em sua posição deformada.
Nos esforços solicitantes calculados em estruturas no geral, considera-se a hipótese que
a configuração final será igual a inicial, ou seja, apenas considera-se os esforços de primeira
ordem. Em edificações altas e esbeltas não basta apenas a consideração dos esforços de primeira
ordem, mas também devem ser considerados os esforços provenientes da configuração
deformada, a qual a estrutura está sujeita às ações solicitantes. Portanto, os esforços de segunda
ordem não podem ser ignorados nesse tipo de estrutura. (FUSCO, 2017).

2.3.1 Efeitos de segunda ordem

De acordo com a (KIMURA, 2007), a três classificações para os efeitos de segunda


ordem, os efeitos globais, locais e localizados. Os efeitos de segunda ordem globais, são os
efeitos que surgem em estruturas como um todo, onde a contribuição de vigas, pilares e lajes,
sofre a ação de cargas horizontais (ações do vento) e verticais (peso próprio e sobrecarga).
Os efeitos de segunda ordem locais estão atrelados apenas a determinado elemento da
estrutura como, por exemplo, um lance de pilar, que pode estar sofrendo deformações por conta
de esforços de compressão e, assim, originam-se deslocamentos horizontais no meio do lance
do pilar e, consequentemente, esforços de segunda ordem.
Os efeitos localizados já estão associados a uma parte específica do elemento estrutural,
que pode estar a sofrer esforços em determinada região, efeito mais comum em pilares-parede.
Mesmo que os efeitos de segunda ordem atuem de forma conjunta, eles são analisados
separadamente. Em edifícios altos, geralmente, o engenheiro estrutural opta apenas por fazer
uma análise da estabilidade global, onde se considera apenas os efeitos de segunda ordem. A
figura 2 apresenta o efeito de segunda ordem localizado.
Figura 2 - Efeito de segunda ordem localizado

Fonte: ABNT NBR 6118 (2014).

Como visto na figura 2 os efeitos localizados são empregados, especificamente, em uma


parte dos pilares. Além disso, são mais comuns em pilares de grandes dimensões, como os
pilares-parede, sendo esses efeitos atuantes no eixo do pilar, decorrentes da não retilineidade
que afeta o próprio pilar, ocorrendo, assim, uma instabilidade no local.

2.3.1.1 CONDIÇÕES PARA ANÁLISE

Para se fazer uma análise dos efeitos globais de segunda ordem, a NBR 6118 (ABNT,
2014), impõe algumas condições, como: apenas em edificações verticais com mais de 4
pavimentos deve ser efeito a análise; e os efeitos de segunda ordem podem ser desprezados se
forem menores que 10% dos efeitos de primeira ordem.
Segundo (KIMURA, 2007), os efeitos de segunda ordem não devem ultrapassar mais
que 30% dos efeitos de primeira ordem, onde a estrutura estaria sofrendo elevadas deformações
e, portanto, considera instável. Dessa forma, o ideal para se considerar no dimensionamento da
edificação seria projetar a estrutura com valores na ordem de 20%, que seria um valor médio
para o dimensionamento no qual a estrutura não atingiria os seu estado limite-último.

2.4 PARÂMETRO INSTABILIDADE α

Idealizado por Beck e König em 1966 e definido como parâmetro de instabilidade em


1985 por Franco, o parâmetro α tem como objetivo ter uma sensibilidade estrutural de como a
estrutura se porta perante os esforços globais de segunda ordem. Classifica-se, assim, os valores
obtidos pelo parâmetro como estruturas de nós móveis e de nós fixos. O item 15.5.2 da NBR
6118 (ABNT, 2014) demonstra a fórmula como:

𝛼 = 𝐻𝑡𝑜𝑡 ∙ √𝑁𝑘 /(𝐸𝑐𝑠 𝐼𝑐 ) (Fórmula 5)

Onde:
Htot – altura total da estrutura, medida a partir do topo da fundação;
Nk – somatório de todas as cargas verticais atuantes na estrutura, a partir ao nível
considerado para o cálculo Htot, com seu valor característico;
EcsIc – Somatório dos valores de rigidez de todos os pilares na direção considerada.

Em casos de estruturas de pórticos, treliças ou mistas, ou com pilares de rigidez variável


ao longo da altura, pode ser considerado o valor da expressão EcsIc de um pilar equivalente de
seção constante.
Após o cálculo do parâmetro α, deve-se fazer um comparativo com resultado da fórmula
abaixo, onde se tem uma relação com o número de pavimentos que a edificação possui, além
do sistema adotado de contraventamento, como pilares-parede e pórticos. A fórmula é dada por:

α1 = 0,2 + 0,1n se: n ≤ 3 (Fórmula 6)

α1 = 0,6 se: n ≥ 4

Sendo n o número de pavimentos da edificação em análise, se o sistema de


contraventamento da estrutura for a associação de pilares-parede ou pórticos associados com
pilares-parede, o α1 = 0,6; em caso de apenas associação de pilares-parede, utiliza-se α1 = 0,7;
e em casos de apenas pórticos, utiliza-se α1 = 0,5. NBR 6118 (ABNT,2014).
Com os resultados obtidos tanto do α quanto do α1, faz-se um comparativo entre os
valores, onde a estrutura poderá ser classificada como uma estrutura de nós fixos ou nós moveis.
Uma estrutura de nós fixos apresenta efeitos efeitos globais de segunda ordem inferiores a 10%,
já as estruturas classificadas como nós moveis, apresentam efeitos globais de segunda ordem
superiores a 10%, portanto, devem ser considerados na edificação. Quando o resultado de α for
menor α1, a estrutura é classificada como de nós fixos, e com α maior que α1 representa uma
estrutura de nós moveis. (KIMURA, 2007).
O parâmetro α é muito utilizado na obtenção da sensibilidade estrutural sobre o
comportamento da edificação perante os efeitos globais de segunda ordem, no entanto, quando
a estrutura é classificada como de nós moveis, deve-se usar outros meios para quantificar esses
efeitos globais, já que o parâmetro α não é utilizado para quantificação. Dessa forma, para se
quantificar esses efeitos, outros coeficientes e processos foram criados, como o coeficiente γz e
o processo P-Δ.

2.5 COEFICIENTE γz

Segundo (PINTO, 2002), o coeficiente γz foi criado para substituir o parâmetro α, já que
através do coeficiente γz, é possível se quantificar os efeitos de segunda ordem e utilizar o γz
para majorar os efeitos de primeira ordem, resultando nos esforços finais atuantes na estrutura.
Com isso, o coeficiente γz obtém seus valores através de uma análise elástico-linear, com a
seguinte formulação:
1 (Fórmula 7)
𝛾𝑧 =
∆𝑀
1 − 𝑀 𝑡𝑜𝑡,𝑑
1,𝑡𝑜𝑡,𝑑

Onde:
M1,tot,d – soma dos momentos de todas as forças horizontais da combinação considerada, com
seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura;
ΔMtot,d– soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura, na combinação
considerada, com seus valores de cálculo, pelos deslocamentos horizontais de seus respectivos
pontos de aplicação, obtidos da análise de primeira ordem.

De acordo com NBR 6118 (ABNT, 2014), a estrutura poderá ser considerada de nós
fixos se os valores obtidos forem menores ou iguais a 1,1, já se obtiverem valores superiores a
1,1, serão classificadas como de nós moveis.
No entanto, para (KIMURA, 2007), há valores coerentes a serem considerados para o
resultado do γz, onde os valores obtidos devem ser maiores que 1 e não devem ultrapassar o
valor de 1,5, onde a estrutura é considera instável e impraticável. Além do mais, valores
inferiores a 1 indicam erro na análise. Portanto, o ideal é considerar os efeitos de segunda ordem
em torno de 20% em relação aos de primeira ordem, ou seja, o valor de 1,2 obtido pelo
coeficiente γz. Além disso, deve-se evitar valores acima de 30%, no qual a estrutura apresenta
instabilidade alta.
O coeficiente γz é denominado como sendo um método simplificado, já que é um método
de cálculo que ao invés de determinar deslocamentos e esforços da estrutura, os valores dos
momentos finais são obtidos diretamente, de forma aproximada. Dessa forma, os resultados dos
esforços e deslocamentos são obtidos a partir de uma análise de primeira ordem, e a partir desses
valores se é obtido o valor de γz. (CARMO, 1995).
Além de estruturas de concreto armado, o coeficiente γz também é capaz de obter
resultados satisfatórios em estruturas de alvenaria estrutural e em estruturas pré-moldadas com
múltiplos pavimentos, obtendo-se resultados mais satisfatórios se comparados a outros métodos
como o processo P-Δ. (MONCAYO, 2011).

2.6 PROCESSO P-Δ

Diferente do parâmetro α e do coeficiente γz , o processo P-Δ não é um parâmetro de


estabilidade, e sim um processo da análise de NLG, em que a avaliação de estabilidade global
é feita apenas após a análise. P-Δ é um efeito que ocorre em estruturas submetidas a forças no
sentido longitudinal, onde se relaciona a carga (P) e o deslocamento horizontal (Δ). De acordo
com (MONCAYO, 2011), vários métodos foram criados com base nesse processo, porém o
mais conhecido e utilizado é o método da carga lateral fictícia.

2.6.1 Método da carga lateral fictícia

É um método que, primeiramente, se faz uma análise de primeira ordem e,


posteriormente, iniciam-se sucessivas interações até que se obtenha uma posição de equilíbrio
da estrutura. A cada interação feita, é possível obter uma carga fictícia lateral, então retorna-se
a mesma análise, até que a estrutura atinja a posição de equilíbrio, sendo possível ser utilizado
em pilares isoladamente ou em edifícios de múltiplos pavimentos. (MONCAYO, 2011).

Figura 3 - Interações do processo P-delta

Fonte: Moncayo (2011).

A primeira etapa desse método, para edifícios de múltiplos pavimentos, consiste na


aplicação da carga vertical, e logo após a aplicação da carga, surgem os esforções horizontais
fictícios (cortante fictício (V´) e carga lateral fictícia (H´)). Os esforços cortantes fictícios são
obtidos a partir da seguinte fórmula:
∑ 𝑃𝑖 (Fórmula 8)
𝑉´𝑖 = × (∆𝑖+1 − ∆𝑖 )
ℎ𝑖

Onde:
∑ 𝑃𝑖 – somatório das forças verticais do pavimento;
hi – comprimento do pavimento i;
Δi – deslocamento horizontal relativo do pavimento i em relação ao pavimento i-1;
Δi+1 – deslocamento horizontal relativo ao pavimento i+1 em relação ao pavimento i.

Figura 4 -Cargas fictícias e seus respectivos deslocamentos

Fonte: Moncayo (2011).

Na figura 4 mostra-se os esforços cortantes fictícios, os deslocamentos sucessivos


ocasionados pelas cargas e, também, as cargas horizontais fictícias obtidas a partir da expressão:

𝐻´𝑖 = 𝑉´𝑖+1 − 𝑉´𝑖 (Fórmula 9)

Onde:
V´i - força cortante referente ao pavimento i;
V´i+1 – força cortante referente ao pavimento i+1.

2.7 AÇÕES DO VENTO NAS EDIFICAÇÕES

Segundo (NASCIMENTO, 2016), as edificações verticais tendem a sofrer mais com as


ações do vento por serem altas e esbeltas, já que essas ações são capazes de gerar grandes
esforços de momento fletor sobre a estrutura e, assim, causar deslocamentos laterais
consideráveis.
As ações do vento dependem de alguns fatores como, por exemplo, o local da edificação,
o tipo de terreno, altura da edificação, rugosidade do terreno e o tipo de ocupação. Esses fatores
são responsáveis pela velocidade do vento que deve ser considerada em projeto de edificações.
Outro fator para se levar em consideração é a forma da edificação, já que o vento provoca menos
solicitações em edificações com superfícies aerodinâmicas do que em outras com superfície
plana. (MONCAYO, 2011).
(NASCIMENTO, 2016) recomenda que, em edificações verticais, deve-se reduzir
gradualmente a área dos pavimentos, ou seja, diminuir a área de contato do vento, já que a
velocidade e pressão do vento se intensificam com o ganho de altura das edificações e,
consequentemente, com a redução de área, reduz-se os deslocamento horizontais.

2.7.1 Velocidade do vento

A velocidade do vento é determinada a partir de critérios da NBR 6123 (ABNT, 1988),


onde se define uma velocidade básica do vento, V0, que vai variar conforme a região do Brasil.
O V0 é uma rajada de 3 segundos, que pode ser excedida uma vez a cada 50 anos, a uma altura
de 10 metros a cima do terreno, em campo aberto e plano. A figura 5 abaixo demonstra a
velocidade básica do vento em m/s para cada região do país.

Figura 5 – Isopletas de velocidade básica.

Fonte: ABNT NBR 6123 (1988).

A partir da velocidade básica do vento e outros fatores como, fator topográfico 𝑆1,
rugosidade do terreno 𝑆2 , e o fator estatístico 𝑆3 , é possível determinar a velocidade do vento
que irar incidir sobre a edificação, a velocidade característica, Vk. A fórmula para obtenção do
valor de Vk é descrita na NBR 6123 (ABNT, 1988), como sendo:
𝑉𝑘 = 𝑉0 × 𝑆1 × 𝑆2 × 𝑆3 (Fórmula 10)

2.7.1.1 Fator topográfico - 𝑆1

Segundo a NBR 6123 (ABNT, 1988), o fator topográfico é referente aos aspectos do
terreno em que a edificação será construída, assim, o item 5.2 determina os valores de 𝑆1 para
os tipos de relevo do terreno.
Para terrenos planos ou fracamente acidentados 𝑆1 é a um, para morros e taludes, o
valor de 𝑆1 é obtido de acordo com o ângulo de inclinação em que a edificação está disposta no
terreno, e calculado conforme a figura 6 do item 5.2 da NBR 6123 (ABNT, 1988).

Figura 6 - Fator topográfico S1

Fonte: ABNT NBR 6123 (1988).

No ponto B, demonstrado na figura 6, há uma edificação ao longo de um morro ou


talude, onde há uma variação crescente do vento. Para isso, valem as seguintes fórmulas para
obtenção de 𝑆1:

θ ≤ 3° - 𝑆1 (𝑧) = 1,0 (Fórmula 11)


𝑧 (Fórmula 12)
6° ≤ θ ≤ 17° - 𝑆1 (𝑧) = 1,0 + (2,5 − 𝑑) ∙ 𝑡𝑔 (𝜃 − 3°) ≥ 1
𝑧 (Fórmula 13)
θ ≥ 45° - 𝑆1 (𝑧) = 1,0 + (2,5 − 𝑑) ∙ 0,31 ≥ 1

Onde:
z – altura média a partir da superfície do terreno no ponto considerado;
d – direção de nível entre a base e o topo do talude ou morro;
θ – inclinação média do talude ou morro.
Vales profundos, protegidos de ventos em qualquer direção, 𝑆1 = 0,9, onde se tem uma
menor incidência do vento nas edificações, ou seja, reduz-se as rajas de vento atuantes.

2.7.1.2 Fator de rugosidade do terreno - 𝑆2

O fator de rugosidade está relacionado às dimensões da edificação, e à variação da


velocidade do vento com a altura acima do terreno. A rugosidade do terreno é diretamente
ligada à velocidade do vento quando há obstáculos naturais ou artificiais. (MONCAYO, 2011).
A NBR 6123 (ABNT, 1988), determina cinco categorias de acordo com a rugosidade
do terreno no item 5.3.1 expressas na tabela abaixo.

Quadro 1 – Rugosidade do terreno para determinar o fator S2


Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de extensão, medida na
I
direção e sentido do vento incidente.
Terrenos abertos em nível ou aproximados em nível, com poucos obstáculos isolados,
II
com cota média de altura dos obstáculos sendo de 1,0 metros até o topo.
Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, com cota média de altura dos obstáculos
II
sendo de 3,0 metros até o topo.
Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, com cota média de
IV
altura dos obstáculos sendo de 10 metros até o topo.
Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, altos, grande e pouco espaçados, com
V
cota média de altura dos obstáculos sendo igual ou superior a 25 metros até o topo.
Fonte: ABNT NBR 6123 (1988).

Além das classificações do terreno e seus obstáculos, a NBR 6123 (ABNT, 1988), traz
3 classes quanto às considerações das dimensões da edificação e seus elementos, com os
intervalos de tempo da velocidade média do vento em 3 segundos, 5 segundos e 10 segundos.
Essas classificações são:

Quadro 2 – Classificação da edificação quanto a sua dimensão


Todas as unidades de vedação, e seus elementos de fixação e peças individuais
Classe
de estruturas sem vedação. Toda edificação no qual o maior dimensão horizontal
(3s)
e vertical não exceda 20 metros.
Classe B Toda edificação ou parte da edificação que a maior dimensão horizontal ou
(5s) vertical da superfície frontal esteja entre 20 metro e 50 metros.
Classe C Toda edificação ou parte da edificação no qual a maior dimensão horizontal ou
(10s) vertical da superfície frontal seja maior que 50 metros.
Fonte: ABNT NBR 6123 (1988).

Para obtenção do valor da velocidade do vento, o fator 𝑆2 é determinado pelo item 5.3.3
da NBR 6123 (ABNT, 1988), onde se tem a expressão:

𝑆2 = 𝑏 ∙ 𝐹𝑟 ∙ (𝑧/10)𝑝 (Fórmula 14)

Onde:
b - parâmetro de correção da classe da edificação;
z - altura acima do terreno;
Fr - fator de rajada correspondente à categoria II;
p - parâmetro meteorológico.

A expressão para obtenção é válida para cada categoria da edificação até a altura z
limite, onde pode ser definido pelo contorno superior da camada atmosférica para cada
categoria. Logo abaixo, encontra-se a tabela 1 com a obtenção dos valores dos parâmetros Fr,
b, e p.

Tabela 1 – Parâmetros meteorológicos para cálculo do fator S2


Parâmetros meteorológicos para o Fator S2
Classe
Categoria Z(m) Parâmetro
A B C
b 1,10 1,11 1,12
I 250
p 0,06 0,065 0,07
b 1,00 1,00 1,00
II 300 Fr 1,00 0,98 0,95
p 0,085 0,09 0,10
b 0,94 0,94 0,93
III 350
p 0,10 0,105 0,115
b 0,86 0,85 0,84
IV 420
p 0,12 0,125 0,135
b 0,74 0,73 0,71
V 500
p 0,15 0,16 0,175
Fonte: ABNT NBR 6123 (1988).

2.7.1.3 Fator estatístico S3

O terceiro e último fator para o cálculo de Vk, é o fator estatístico S3, onde o valor de S3
é baseado em conceitos estatísticos, no qual se considera a finalidade da edificação quanto ao
seu uso e tempo de vida útil. Com isso, considera-se, segundo a NBR 6123 (ABNT, 1988), o
tempo de 50 anos de vida útil da edificação, e a probabilidade de 63% da velocidade básica do
vento ser excedida, pelo menos, uma vez nesse período de tempo. A seguir encontra-se o quadro
3 com a disponibilização dos valores de S3.

Quadro 3 – Valores do fator estatístico S3


Grupo Descrição do tipo de ocupação Valor de S3
Edificação cuja ruína total ou parcial pode afetar segurança ou
I possibilidade de socorro a pessoas após uma tempestade destrutiva 1,10
(hospitais, quarteis de bombeiros e de forças de segurança,
centrais de comunicação, etc).
II Edificação para hotéis e residências. Edificação para comércio e 1,00
indústria com alto fator de ocupação.
III Edificação e instalação industriais com baixo fator de ocupação 0,95
(depósitos, silos, construções rurais, etc).
IV Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação, etc). 0,88

V Edificações temporárias. Estruturas dos grupos I a III durante a 0,83


fase de construção.
Fonte: ABNT NBR 6123 (1988).
2.7.2 FORÇA DE ARRASTO E COEFICIENTE DE ARRASTO

A força de arrasto é a componente da força global do vento sobre uma edificação, sendo
de grande importância para uma análise global, juntamente com o coeficiente de arrasto, C a.
Para (MONCAYO, 2011) a força de arrasto pode ser obtido pela seguinte expressão:

𝐹𝑎 = 𝐶𝑎 ∙ 𝑞 ∙ 𝐴𝑒 (Fórmula 15)

Sendo:
𝐶𝑎 – coeficiente de arrasto;
q – pressão dinâmica ou pressão de obstrução;
𝐴𝑒 – área efetiva.

A pressão dinâmica é a carga horizontal que o vento causa na edificação e pode ser
determinada a partir da velocidade característica do vento, pela expressão:

𝑞 = 0,613 ∙ 𝑉𝑘 2 (Fórmula 16)

De acordo com a NBR 6123 (ABNT, 1988), o coeficiente de arrasto é determinado em


edificações verticais com planta retangular a partir da consideração das condições do vento de
baixa ou alta turbulência.
O vento de baixa turbulência é diferenciado pela ausência de obstáculos, como
edificações em campo aberto e plano. Para se determinar o valor de Ca, foram realizados ensaios
em túnel de vento e, posteriormente, foi realizada a construção do ábaco. Para retirada do valor
de Ca do ábaco, deve-se dividir o valor do comprimento L1 por L2, valores esses em planta, que
dependem da direção que será feita a análise. Em razão desses dois comprimentos, é
representado o eixo horizontal e o eixo vertical a partir da divisão da altura da edificação H pelo
comprimento L1.
O ábaco para obtenção do coeficiente de arrasto para o vento de baixa turbulência é
mostrado no item 6.3.6 da NBR 6123 (ABNT, 1988), como mostrado na figura 7 abaixo.

Figura 7 - Ábaco de coeficiente de arrasto para baixa turbulência

Fonte: Sistema CAD/TQS V21.


Para determinar se uma edificação é de alta turbulência, a NBR 6123 (ABNT, 1988) faz
a classificação a partir da altura média das edificações vizinhas, sendo de alta turbulência
quando sua altura média não exceda o dobro da altura média das vizinhanças, e sendo em baixa
turbulência em caso contrário. Sendo a força global do vento em baixa turbulência maior que
em alta turbulência, é determinado a partir dos obstáculos. Para se determinar o coeficiente de
arrasto para vento de alta turbulência, a NBR 6123 (ABNT,1988) traz um outro ábaco para
retirada do valor, com os mesmos dados da edificação utilizados para o gráfico de baixa
turbulência como o L1, L2 e H. A figura 8 apresenta o ábaco de coeficiente de arrasto para
baixa turbulência em edificações com plantas retangulares

Figura 8 - Ábaco de coeficiente de arrasto para baixa turbulência em edificações com plantas retangulares

Fonte: Sistema CAD/TQS V21


3 METODOLOGIA

As formas de pesquisa que utilizadas, no presente estudo, foram a pesquisa bibliográfica


e a pesquisa documental, a fim de compreender a forma em que a análise da estabilidade global
contribui para a segurança de uma edificação. A pesquisa bibliográfica foi realizada através do
levantamento de informações abordadas em teses, livros, revistas técnicas, artigos científicos e
normas técnicas, que serviram como embasamento teórico e técnico para o desenvolvimento
dos assuntos pautados no trabalho.
Para pesquisa documental, foi analisado uma estrutura com 16 pavimentos (com 14
pavimentos tipo e um pavimento duplex) onde a fundação não fará parte da análise. Os projetos
foram desenvolvidos e analisados com o uso do programa computacional da empresa TQS, o
CAD/ TQS, a fim de fazer a modelagem da estrutura, quantificar e avaliar os efeitos globais de
segunda ordem, de modo possibilitou, assim, a realização de uma análise de estabilidade global
com os parâmetros de instabilidade γz, e α. O estudo teve, como base, a análise e comparação
dos resultados obtidos dos parâmetros de instabilidade, além disso, para que a análise de
estabilidade global obtivesse resultado satisfatório, realizou-se a análise de não-linearidade
física, através da concepção estrutural original da edificação.
Para a otimização dos cálculos manuais, a automatização de planilhas no Excel fez-se
necessária, a fim de adquirir maior agilidade e precisão. Os cálculos de cargas atuantes na
estrutura foram abordados conforme a NBR 6120 (ABNT, 1980), e os cálculos de intensidade
do vento, conforme a NBR 6123 (ABNT, 1988). Dessa forma, com os resultados obtidos tanto
manualmente quanto pelo sistema CAD/TQS, foi feita a avaliação do comportamento da
edificação perante os efeitos das cargas horizontais, e se os valores obtidos pelos parâmetros α
e coeficiente γz atendem a itens específicos da NBR 6118 (ABNT, 2014) sobre a estabilidade
global.

4 EXEMPLO PRÁTICO

Neste capitulo está apresentado um edifício com 16 pavimentos como exemplo prático
para a análise, onde o esforço do vento foi calculado manualmente e, também, com o auxílio
do Excel, para efeito comparativo com o sistema CAD/TQS. Para a análise de estabilidade
global foram utilizados os parâmetros de instabilidade γz, e α. A figura 9 abaixo apresenta
quantidade de pavimentos, cotas e níveis do edifico em questão.
Figura 9 - Esquema de pavimentos, cotas e níveis

Fonte: Própria do autor

É possível observar na figura 9 as cotas e níveis a cada pavimento e a quantidade de


pavimentos que constituem a edificação, além da altura total da edificação de 61,71 metros. A
figura 10 representa a planta de forma da edificação, onde é possivel fazer algumas observações
importantes para a análise de estabilidade global, como o núcleo rígido da estrutura que é
constituído de dois pilares-parede em U, e um pilar-parede em L, em que são os pilares mais
rígidos da edificação e que garantem o contraventamento da estrutura, juntamente, com
associação de pórticos.
Figura 10 - Planta de forma do pavimento tipo

Fonte: Autor desconhecido

Para fins de análise, foram considerados os seguintes dados sobre o edifício:

a) Peso próprio do concreto armado de 25 kN/m2;


b) Pé-direito de 3,24 m;
c) Resistência característica do concreto à compressão de 30 MPa;
d) Lajes maciças com espessuras de 15 cm;
e) Lajes nervuradas com espessura de 26 cm.

Para a definição das ações atuantes na estrutura será utilizada a NBR 6120 (ABNT,
2019). O CAD/TQS calcula o peso próprio, automaticamente, de acordo com as dimensões
definidas dos elementos, como lajes, vigas e pilares, sendo necessário apenas o lançamento
manual das cargas acidentais, permanentes, de alvenaria e revestimento. As fundações não
foram consideradas para análise, considerou-se a estrutura engastada na fundação. As lajes
foram consideradas como diafragma infinitamente rígidos.
As cargas permanentes e acidentais foram, respectivamente, 0,1 tf/m² e 0,15 tf/m²,
conforme a NBR 6120 (ABNT, 2019). Para edifícios residenciais, a carga de alvenaria e
revestimento foi lançada conforme a espessura do tijolo, espessura das duas faces do
revestimento e altura da parede, e assim somadas para obtenção do valor final a ser lançado da
carga linear de parede. Abaixo o método de cálculo para obtenção da carga:

𝑞𝑟𝑒𝑣𝑒𝑠. = (𝐸𝑟𝑒𝑣𝑒𝑠. × 𝛾𝑎𝑟𝑔 × ℎ𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 ) (Fórmula 17)


𝑞𝑎𝑙𝑣. = (𝐸𝑡𝑖𝑗 × 𝛾𝑡𝑖𝑗. × ℎ𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 ) (Fórmula 18)

Sendo:
𝐸𝑟𝑒𝑣𝑒𝑠. – soma das espessuras do revestimento nas duas faces;
𝐸𝑡𝑖𝑗 – espessura do tijolo;
𝛾𝑎𝑟𝑔 – peso especifico da argamassa de acordo com a NBR 6120 (2019), (𝛾𝑎𝑟𝑔 = 21 𝑘𝑁/𝑚³ );
𝛾𝑡𝑖𝑗. – peso especifico do tijolo de acordo com a NBR 6120 (2019), (𝛾𝑡𝑖𝑗. = 14 𝑘𝑁/𝑚³);
ℎ𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 – altura da parede.

Para obtenção final do carregamento linear lançado a estrutura soma-se os valores


conforme mostrado abaixo:

𝑞𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 = 𝑞𝑟𝑒𝑣𝑒𝑠. + 𝑞𝑡𝑖𝑗. (Fórmula 19)

O tijolo utilizado para base de cálculo foi o tijolo cerâmico de vedação de (9x19x19) cm
e revestimento 2,5 cm de espessura para cada face, formando, assim, uma parede com 14 cm
de espessura. A NBR 6120 (ABNT, 2019) traz os valores de 14 kN/m³ para tijolos cerâmicos
vazados e de 19 a 23 kN/m³ para revestimento com argamassa de cimento e areia. Com os
valores definidos, apenas substitui-se os valores e define a altura da parede conforme o pé-
direito e os descontos de altura de vigas.

𝑞𝑟𝑒𝑣𝑒𝑠. = (0,05 𝑚 × 21 𝑘𝑁/𝑚³ × ℎ𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 )


𝑞𝑎𝑙𝑣. = (0,09 𝑚 × 14 𝑘𝑁/𝑚³ × ℎ𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒 )

4.1 CÁLCULO DAS AÇÕES DO VENTO

Para o cálculos das ações do vento foi utilizada a NBR 6123 (ABNT, 1988), a fim de
obter a velocidade característica, pressão dinâmica, coeficiente de arrasto e força de arrasto e,
assim, determinar as ações do vento. Os valores adotados conforme as dimensões da edificação,
utilidade do edifício e topografia do terreno foram:

a) Velocidade básica de 30 m/s para São Luís-MA;


b) Fator topográfico S1 = 1,00 para terreno plano ou fracamente acidentado;
c) Categoria de rugosidade – V para terrenos coberto de obstáculos;
d) Classe da edificação – B para edificações entre 20 a 50 metros a superfície frontal;
e) Fator estatístico S3 = 1,00 de acordo com a sua utilização (edifício residencial);
f) Dimensão da edificação 19,01 x 26,16 m;
g) Altura de 61,71 metros.

A obtenção do valor de S2 foi feita através da tabela apresentada no capitulo 2 e, assim,


obtendo-se os valores de b, p e Fr para o cálculo do fator, conforme os dados apresentados
acima, o valor de S2 é determinado para os ângulos de incidência de 0° com rajada de vento a
3s e 90° com rajada a 5s do vento. Abaixo na figura 11 encontra-se o sentido da incidência do
vento na edificação
Figura 11 - incidência do vento de 0° a 180° e 90° a 270°.

Fonte: Própria do autor.

Primeiramente, o cálculo do fator S2 de 90° juntamente com os dados apresentados sobre


a edificação e o valor da velocidade característica do vento, conforme os dados apresentados
da edificação e entrada desses valores na tabela 1, como mostra a figura 12.

Figura 12 - Obtenção dos valores para cálculo de S2

Fonte: ABNT NBR 6123 (1988).


Conforme os dados obtidos a partir da tabela 1, substitui-se de acordo com a fórmulas
10 e 14 do capítulo 2 do fator S2 e cálculo da velocidade característica do vento.

𝑆2 = 0,73 ∙ 0,98 ∙ (61,71/10)0,16 = 0,957


𝑉𝑘 = 30 × 1,00 × 0,957 × 1,00 = 28,71 𝑚/𝑠

A partir do valor da velocidade característica do vento, obtém-se os valores da pressão


dinâmica, coeficiente de arrasto e força de arrasto, ambos utilizando a fórmula 15 apresentada
no capitulo 2, juntamente, com o ábaco de baixa turbulência para definir o coeficiente de
arrasto. A pressão dinâmica do vento é defina como sendo:

𝑡𝑓
𝑞 = 0,613 ∙ 28,712 = 0,0515
𝑚2

Determinação do coeficiente de arrasto conforme as dimensões da edificação e entrada


dos dados no ábaco de baixa turbulência para o ângulo de 90° e assim a força de arrasto.

𝐿1 26,16
= = 1,376
𝐿2 19,01
𝐻 61,71
= = 2,36
𝐿1 26,01

Figura 13 - Coeficiente de arrasto para vento incidente a 90°

Fonte: ABNT NBR 6123 (1988).


Determinação da força de arrasto para o ângulo de incidência do vento de 90° e Ae de
8,25 m2 no topo da edificação.

𝐹𝑎 = 1,35 ∙ 0,0515 ∙ 8,25 = 0,608 𝑡𝑓

Cálculo do coeficiente de arrasto e força de arrasto com a incidência do vento a 0°,


conforme foi feito o cálculo a 90°. Algumas alterações devem ser feitas como, por exemplo, o
cálculo da velocidade característica. Assim, a pressão dinâmica diferente do resultado anterior.
Abaixo a figura 12 apresenta os valores de S2.

Figura 12 - Obtenção dos valores para cálculo de S2

Fonte: ABNT NBR 6123 (1988).

De acordo com os dados obtidos através da tabela 1 da NBR 6123 (ABNT, 1988), o
cálculo de S2 e, em sequência, o valor da velocidade característica da rajada a 10s.

𝑆2 = 0,74 ∙ 1,00 ∙ (61,71/10)0,15 = 0,9723


𝑉𝑘 = 30 × 1,00 × 0,9723 × 1,00 = 29,168 𝑚/𝑠

Como já visto anteriormente tem-se o valor da pressão dinâmica diferente da rajada de


5s do vento, e assim é possível calcular o coeficiente de arrosto e obter a força de arrasto que
atua ao ângulo de incidência de 0° na edificação. A seguir os cálculos da pressão dinâmica do
vento.
𝑡𝑓
𝑞 = 0,613 ∙ 29,1682 = 0,0532 2
𝑚

A partir dos dados da edificação apresentados nesse capitulo foi possível obter os
valores do coeficiente de arrasto, com L1, L2 e H para entrada do ábaco de baixa turbulência.
𝐿1 19,01
= = 0,73
𝐿2 26,16
𝐻 61,71
= = 3,25
𝐿1 19,01

Figura 13 - Coeficiente de arrasto para vento incidente a 0°

Fonte: ABNT NBR 6123 (1988).

Determinação da força de arrasto para o ângulo de incidência do vento de 0° e Ae de


9,52 m2 no topo da edificação:

𝐹𝑎 = 1,19 ∙ 0,0532 ∙ 22,91 = 0,602 𝑡𝑓

A fim de determinar mais precisamente as ações do vento em cada pavimento, o valor


S2 será calculado para cada pavimento com o auxílio do Excel, e sucessivamente os valores
característicos da velocidade do vento, pressões dinâmicas e força de arrasto para cada
pavimento. Abaixo tabela 2 com os valores de S2 para vento incidente a 90°.
Tabela 2: Resultados das ações do vento em cada pavimento com vento incidente a 90°.
Pavimentos Piso a Cota
S2 Vk (m/s) q (tf/m2) Fa (tf)
Piso (m) (m)
Reservatório 2.41 61.71 0.957 28.716 0.0515 0.608
Duplex 2 3.30 56.00 0.943 28.274 0.0499 3.500
Duplex 1 3.50 52.50 0.933 27.983 0.0489 5.875
Tipo 14 3.50 49.00 0.923 27.676 0.0478 5.916
Tipo 13 3.50 45.50 0.912 27.350 0.0467 5.777
Tipo 12 3.50 42.00 0.900 27.002 0.0455 5.631
Tipo 11 3.50 38.50 0.888 26.628 0.0443 5.477
Tipo 10 3.50 35.00 0.874 26.225 0.0429 5.312
Tipo 9 3.50 31.50 0.860 25.787 0.0415 5.136
Tipo 8 3.50 28.00 0.844 25.306 0.0400 4.946
Tipo 7 3.50 24.50 0.826 24.771 0.0383 4.739
Tipo 6 3.50 21.00 0.806 24.167 0.0364 4.511
Tipo 5 3.50 17.50 0.782 23.472 0.0344 4.255
Tipo 4 3.50 14.00 0.755 22.649 0.0320 3.962
Tipo 3 3.50 10.50 0.721 21.630 0.0292 3.614
Tipo 2 3.50 7.00 0.676 20.271 0.0256 3.174
Tipo 1 3.50 3.50 0.605 18.144 0.0205 2.543
Térreo 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
Fonte: Própria do autor.

Para o cálculo do vento incidente a 0° os mesmos procedimentos anteriores foram feitos,


como mostra os resultados da tabela 3 abaixo:

Tabela 3: Resultados das ações do vento em cada pavimento com vento incidente a 0°.
Pavimentos Piso a Cota
S2 Vk (m/s) q (tf/m2) Fa (tf)
Piso (m) (m)
Reservatório 2.41 61.71 0.9723 29.168 0.0532 0.602
Duplex 2 3.30 56.00 0.9582 28.746 0.0516 2.512
Duplex 1 3.50 52.50 0.9490 28.469 0.0506 3.895
Tipo 14 3.50 49.00 0.9392 28.176 0.0496 3.928
Tipo 13 3.50 45.50 0.9288 27.865 0.0485 3.841
Tipo 12 3.50 42.00 0.9177 27.532 0.0474 3.750
Tipo 11 3.50 38.50 0.9058 27.175 0.0461 3.654
Tipo 10 3.50 35.00 0.8930 26.789 0.0448 3.551
Tipo 9 3.50 31.50 0.8790 26.369 0.0435 3.440
Tipo 8 3.50 28.00 0.8636 25.908 0.0419 3.321
Tipo 7 3.50 24.50 0.8465 25.394 0.0403 3.190
Tipo 6 3.50 21.00 0.8271 24.813 0.0385 3.046
Tipo 5 3.50 17.50 0.8048 24.144 0.0364 2.884
Tipo 4 3.50 14.00 0.7783 23.349 0.0341 2.697
Tipo 3 3.50 10.50 0.7454 22.363 0.0313 2.474
Tipo 2 3.50 7.00 0.7014 21.043 0.0277 2.191
Tipo 1 3.50 3.50 0.6322 18.965 0.0225 1.780
Térreo 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.000
Fonte: Própria do autor.
Percebe-se que, tanto para vento incidente a 0° quanto a 90°, há o aumento da
velocidade característica com a elevação da edificação, e com base nisso, a força de arrasto
tende a se intensificar a cada pavimento. O único ponto que não há essa intensificação é no topo
da edificação, por conta da menor área de contato do vento com a edificação, como mostrado
na tabela 2 e 3.
Observa-se que o vento incidente a 90° tem esforços maiores que o de 0°, justamente
pela área de contato que o vento tem com a edificação, gera-se assim maiores esforços na
fachada frontal e deslocamentos maiores na estrutura na incidência do vento a 90° e a 270°.

4.2 ANÁLISE DE ESTABILIDADE GLOBAL

Com uso do sistema CAD/TQS é feito a modelagem da estrutura, de pilares, vigas e


lajes, conforme os dados apresentados. Após a modelagem da estrutura é feita o lançamento
dos carregamentos que foram determinados de alvenaria, revestimento, carga acidental e
permanente e inserção dos dados das ações do vento. Com base na modelagem é gerado o
modelo em 3D e, dessa forma, é feito apenas o processamento dos esforços para a análise de
estabilidade global.
A análise é feita com a redução da rigidez dos elementos, portanto, considera-se a não-
linearidade física. Com isso, reduz-se a rigidez dos pilares em 80%, vigas em 40%, lajes 30%
e 80% para pilares-parede, a fim de se obter um resultado satisfatório e aproximado sobre o
comportamento real da estrutura. Abaixo mostra-se na figura 14 a modelagem em 3D feita no
sistema CAD/TQS.

Figura 14 – Modelo 3D da estrutura.

Fonte: Sistema CAD/TQS


Feito o processamento da estrutura, gera-se, então, a relação de combinações que
foram feitas, sendo essas informações fornecidas pelo sistemas CAD/TQS, onde foram feitas
combinações para o estado limite último (ELU). Abaixo a figura 15 mostra algumas
informações de cálculo de estabilidade global, combinações e resultado da análise.

Figura 15 - Informações cálculo do sistema CAD/TQS

Fonte: Sistema CAD/TQS


Onde:

CTot – Somatório das cargas verticais;


M1 – Momento de primeira ordem das cargas horizontais;
M2 – Momento de segunda ordem das cargas verticais;
CHor – Cargas horizontais;
Mig – Momento de desaprumo por imperfeições globais.

Como já visto e comentado anteriormente, a combinação simples de vento a 90° e a


270° é a mais crítica, e foi onde obteve-se menor instabilidade em relação aos outros casos de
vento. Como pode-se observar na figura 15, os parâmetros γz e o coeficiente α divergem, sendo
que o vento 90° resulta em um γz de aproximadamente 1,09, ou seja, de apenas 9% referente
aos efeitos de primeira ordem. De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 1988), não seria necessário
considerar os efeitos de segunda ordem nessa direção, por ser menor que 10% do valor do
momento de primeira ordem. No entanto, de acordo com o coeficiente α no qual se obteve um
resultado de 0,718 nessa direção, e seguindo a formulação 6, para estruturas maiores ou iguais
a 4 pavimentos, verifica-se que o valor de α1 é menor que o valor α, o que torna a estrutura de
nós moveis nessa direção. O fato de tal divergência de valores se dá pelo modo com que cada
parâmetro é calculado, com isso, o vento a 90° é onde se tem o maior carregamento aplicado
horizontalmente, em função da maior área de contato do vento entre as características e
dimensões da edificação, e, também, é onde se tem a maior rigidez da estrutura, onde os pilares
se posicionam com maior inercia e, assim, contraventando a estrutura.
O γz, em seu método de cálculo, é possível observar que quanto maiores os
deslocamento horizontais da estrutura e as ações verticais, maiores serão os momentos de
segunda ordem. Com isso, relaciona-se os momentos de primeira ordem com os de segunda
ordem, obtendo-se valores mais precisos que o coeficiente α. Já o coeficiente α não considera
esses deslocamentos para análise de estabilidade global, apenas a altura da estrutura, a rigidez
e as cargas verticais para obter-se de apenas uma sensibilidade quanto a esses esforços de
segunda ordem, e se são ou não excessivos, a fim de classificar a estrutura como de nós moveis
ou fixos. Dessa forma, quanto maior a carga vertical, maior será o valor de α. A partir dos dados
obtidos do sistema CAD/TQS, é possível calcular, manualmente, o parâmetro γz para o vento a
90°, sendo igual ao de 270°, onde se utiliza um ponderador de esforços de 1,27, como visto
abaixo utilizando a formula 7.
1
𝛾𝑧 = 182,8 = 1,091
1−( ×1,27)
2808

O resultado com as ações do vento a 90° e 270° foram satisfatórias, obtendo-se valores
em que não seria necessário considerar os efeitos globais de segunda ordem. Ao analisar as
ações do vento de 0° e 180°, onde obteve-se valores pouco maiores para γz e menores para α
comparados à análise anterior, γz teve uma variação para 1,094, abaixo do que a NBR 6118
(ABNT, 2014) estabelece para considerar no dimensionamento da edificação, que seria de 10%,
Essa divergência de valores se dá não só pelas dimensões da edificação, já que nessa situação
a estrutura está mais vulnerável às ações do vento, pela inercia na direção do vento ser menor,
mas mesmo com um valor superior de γz a estrutura ainda se mantem estável, e o valor α em
torno de 0,684, um valor menor que o primeiro caso, ainda classifica a estrutura como de nós
moveis. Com os valores apresentados na figura 15 será calculado γz:
𝟏
𝜸𝒛 = 𝟏𝟐𝟓,𝟏 = 1,094
𝟏−( ×𝟏,𝟐𝟕)
𝟏𝟖𝟔𝟎,𝟓
Além das combinações simples de vento, deve-se considerar o tipo mais crítico de
combinação atuante na estrutura, que atuam em conjunto como as cargas acidentais,
permanentes, peso próprio, e as ações do vento. Ao analisar as combinações mostradas na figura
15 é possível perceber que a combinação 22 tem a combinação das ações permanentes,
acidentais, peso próprio e 0,6 das ações do vento incidente a 90° e 270° é a que causa maior
instabilidade na edificação, é possível observar que a análise foi feita através do coeficiente
FAVt (Fator de amplificação de esforços horizontais) e o parâmetro α.
O coeficiente FAVt é um método mais aproximado que o γz, tendo a mesma
formulação para o cálculo, mas considera os deslocamento gerados por ações verticais, como
em estruturas com vigas de transição e grandes balanços, e assim é possível se obter resultados
mais precisos. O valor FAVt para combinação 22 foi de 1,138, ou seja, 13,8 %, o parâmetro
FAVt demonstra que a instabilidade e a esforços excessivos de segunda ordem que devem ser
considerado no dimensionamento por ser maior que 10%. Sendo o coeficiente FAVt exclusivo
do sistema CAD/TQS.
Já o coeficiente α tem um valor muito superior se comparado às combinações simples
de vento, tendo um valor 0,908 para combinação 22, um valor elevado que indica instabilidade
na estrutura, classificando-o novamente como de nós moveis. Na figura 16 abaixo é possível
ver o deslocamento causado pela combinação 22.

Figura 16 - Deslocamento da edificação a 90°

Fonte: Sistema CAD/TQS.

Onde o maior deslocamento máximo a 90° e a 270° foi de 7 mm e para 0° e 180° foi
de 5,1 mm, abaixo do limite máximo adota pela NBR 6118 (ABNT, 2014) que tem a relação
para o deslocamento absoluto máximo H/1700, em que o valor para o estado limite de serviço
é de 3,6 cm. Portanto, o maior deslocamento na estrutura foi com vento incidente a 90° e 270°.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, com a análise concluída podemos observar as divergências entre os parâmetros


α e coeficiente γz, cabendo ao projetista determinar o que mais satisfaz as condições da
edificação em estudo. Constatou-se que, para a edificação em estudo, será necessário a
consideração dos efeitos globais de segunda ordem de acordo com NBR 6118 (ABNT, 2014)
para combinação 22, sendo que se faz necessário não só a análise para combinações simples de
vento, mas sempre tendo que analisar a combinação mais crítica. Como já foi explicado
anteriormente, as ações verticais junto com as ações horizontais são responsáveis por gerar os
efeitos globais de segunda ordem. E foi justamente na combinação 22 que tivemos as forças do
vento reduzidas para 60% da sua magnitude total, mas com todas as outras ações verticais
atuando em conjunto o maior acréscimo dos efeitos globais de segunda ordem. O deslocamento
máximo absoluto ficou abaixo do máximo admitido pela NBR 6118 (ABNT, 2014), em torno
de 7 milímetros, sendo o máximo de 3,6 centímetros.
O cálculo manual das ações do vento se faz necessário sempre que houver discordância
acerca dos valores apresentados no software, ou mesmo para comparativo como analisado no
tópico 4.1 de cálculos das ações do vento, onde obteve-se resultados aproximados aos
apresentados pelo sistema CAD/TQS e mostrados nas tabelas 2 e 3.
O uso do sistema CAD/TQS possibilitou uma análise prática desde a modelagem da
estrutura, lançamento de cargas até o processamento das informações, onde obteve-se
resultados satisfatórios não só para os coeficientes e parâmetros de instabilidade como também
para as forças das ações do vento em cada pavimento. Ao analisar a estrutura, foi observado
estabilidade para os carregamentos simples de vento em todas as direções quando apresentados
o valores do coeficiente γz, mas para o parâmetro α, a estrutura foi classificada como de nós
moveis em todas as direções de vento incidente.
Já para o carregamento mais crítico obteve-se efeitos globais de segunda ordem um
pouco maiores que 10% em relação aos de primeira ordem, como visto e analisado para o
coeficiente FAVt e parâmetro α.
Por fim, para pesquisas futuras é importante a análise da edificação com o processo P-
Δ, a fim de obter resultados mais precisos que os métodos apresentados, analisar a estrutura
sem considerar os efeitos da não-linearidade física e analisar a edificação com configurações
de concepção estrutural diferente da original, e assim fazer um comparativos com todos os
parâmetros e coeficiente, afim de observar o com melhores resultados.
REFERÊNCIAS

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de concreto – procedimentos. Rio de Janeiro, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: ações para o cálculo


de estruturas de edificações. Rio de Janeiro, 2019.

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(1995). 235f. Tese (Mestrado em Engenharia de Estruturas) – Escola de Engenharia de São
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FUSCO, P. B. Técnicas de armar as estruturas de concreto. São Paulo, 2017.

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estrutura de concreto armado. (2011). 221f. Tese (Mestrado em ciências, programa de
Engenharia Civil) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2011.

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PINTO, Rivelli da Silva. Análise não-linear das estruturas de contraventamento de


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- Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 2002.

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