ANÁLISE ELÁSTICA DE PRIMEIRA E SEGUNDA ORDEM DE GALPÃO
COMERCIAL DE CONCRETO ARMADO COM AVALIAÇÃO DA
INFLUÊNCIA DOS TIRANTES USANDO O MASTAN2
LUIZ EDUARDO SANTOS SILVEIRA
(1)
Estudante; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe, luiz15silveira@outlook.com
RESUMO
Este trabalho realiza uma análise elástica de
um galpão comercial de concreto armado e
avalia o efeito de tirantes usando o software
Mastan2, com isso teve como objetivo avaliar a
estabilidade dessas estruturas e como os tirantes
podem ser usados para reforçá-las. Sabendo
disso o artigo discute a importância da análise
estrutural de primeira e segunda ordem e faz
recomendações para futuros projetos de
estruturas de galpões em concreto armado.
A partir dos resultados obtidos, o estudo
concluiu que o uso de tirantes pode melhorar
significativamente a estabilidade dessas
estruturas, além de diminuir deformações e
deslocamentos. Assim, o trabalho recomenda
mais pesquisas para cobrir diferentes cenários e
considerar outras variáveis relevantes.
Palavras-Chave: Análise Estrutural, Galpão
Comercial, Tirantes, Concreto Armado
INTRODUÇÃO
A análise estrutural de galpões de concreto
armado é tema de grande importância para a
engenharia civil, visto que essas estruturas são
amplamente utilizadas em diversos setores da
indústria e comércio. Nesse contexto, a análise
elástica de primeira e segunda ordem são
técnicas utara avaliar os esforços internos e a
estabilidade dessas estruturas. A análise de
estabilidade estrutural deve levar em conta essa
não linearidade geométrica para garantir a
segurança estrutural. (CUNHA; MENDES,
2020 apud OLIVEIRA, QUARESMA,
MARCO, 2022).
Além disso, o uso de tirantes é uma técnica
comum para enrijecer estruturas,
principalmente em áreas sísmicas ou em
arranjos com grandes vãos. Para (PEREIRA
2018) o uso de tirantes é uma forma eficiente
de proporcionar estabilidade e diminuir
deslocabilidade da estrutura. No entanto, o
efeito dos tirantes na análise estrutural pode ser
complexo e precisa ser avaliado com cuidado.
Neste artigo será abordada uma análise de
um galpão de concreto armado com a avaliação
da influência dos tirantes utilizando o software
Mastan2, que tem como base o método dos
elementos finitos pra fazer a análise de
estruturas bidimensionais e tridimensionais.
Serão discutidas noções teóricas de análise
elástica de primeira e segunda ordem, bem
como a utilização de tirantes na estrutura.
Também serão apresentados os resultados da
análise estrutural para diferentes casos de
carregamento e a influência dos tirantes sobre
os esforços internos e a estabilidade da
estrutura.
OBJETIVOS
Realizar uma avaliação detalhada da
estrutura de galpão de concreto armado,
incluindo informações sobre as cargas
aplicadas e as propriedades dos materiais
utilizados na construção. Análises de primeira
e segunda ordem serão realizadas na estrutura
usando o software Mastan2 para avaliar sua
estabilidade e comportamento estrutural sob
diferentes condições de carregamento.
Verificar o efeito dos tirantes na estrutura,
avaliando como sua presença afeta a
estabilidade e o comportamento da estrutura
sob diferentes condições de carregamento.
Uma análise comparativa dos resultados
obtidos nas análises de primeira e segunda
ordem, destacando as diferenças observadas e
a importância de considerar a segunda ordem
na análise estrutural.
Analisar os resultados obtidos nas
simulações no Mastan2, discutindo as
principais conclusões e implicações para o
dimensionamento e construção de estruturas
semelhantes em concreto armado.
Apresentar recomendações para projetos
futuros de estruturas de galpões em concreto
armado, com base nos resultados obtidos e nas
lições aprendidas durante a análise.
REFERENCIAL TEÓRICO
1. Análise Estrutural de Primeira e estruturas, pois parte de um princípio bastante
Segunda Ordem
A análise Estrutural é uma técnica
amplamente usada na Engenharia de Estruturas,
e tem como objetivo avaliar modelos
estruturais, sua estabilidade e os esforços
provocados por cargas externas à estrutura,
dentro disso se tem a análise de primeira e
segunda ordem (MONCAYO, 2011). A análise
de primeira ordem baseia-se na obtenção de
esforços da estrutura através do modelo com
cargas externa. Já a análise de segunda ordem
parte do princípio dos esforços gerados por
consequência de deformações provocadas pelos
esforços de primeira ordem, essas deformações
podem gerar esforços adicionais que são
estudados na análise de segunda ordem.
Segundo (MONCAYO, 2011) a análise de
segunda é de suma importância e fundamental
nos dias de hoje.
2. Galpões Comerciais de Concreto
Armado
Os galpões comerciais são estruturas
bastante utilizadas pelo mundo todo, devido a
sua facilidade de montagem e sua capacidade
de armazenagem. Com isso, existem diversas
combinações de estruturas e de materiais para
compor o modelo do galpão, entre eles está o
galpão de concreto armado, sendo um dos mais
utilizados pelo mundo junto com o galpão em
estrutura metálica, segundo a (ABCIC, 2021), a
procura por galões comerciais de concreto
armado e aço tem aumentado constantemente.
As estruturas de concreto armado têm seu
dimensionamento regido pela NBR 6118, que
fornece regras e diretrizes para seguir na
concepção e dimensionamento dessas
estruturas. Para os galpões que usam concreto
armado não é diferente, para projetar essas
estruturas também é utilizada a NBR 6118
como auxílio no projeto.
3. Uso de Tirantes nas estruturas
O uso de tirantes em estruturas é uma
técnica antiga para melhorar a estabilidade de
intuitivo de equilíbrio de corpos.
Com isso, na Engenharia Civil ele é usado
com a mesma ideia, de melhorar a estabilidade
de uma estrutura, garantindo um melhor
travamento e permitindo que a estrutura vença
vãos maiores e resista com mais eficiência a
movimentações.
A importância dos tirantes nas estruturas de
dá por vários motivos:
• Resistência à tração: Os tirantes são
projetados para resistir a forças de
tração devido a cargas externas, como o
próprio peso da estrutura, cargas de
vento, cargas sísmicas ou sobrecarga.
Eles fornecem a capacidade de suportar
essas forças e garantir a estabilidade e
integridade da estrutura.
• Redução da carga de trabalho de outros
elementos: Ao introduzir tirantes na
estrutura, a carga pode ser redistribuída
e a carga de trabalho de outros
elementos pode ser reduzida. Isso
permite a utilização de materiais de
menor resistência à tração em
determinadas partes da estrutura,
resultando em estruturas mais eficientes
e econômicas.
2
 • Maior capacidade de vencer vãos: Os
tirantes podem ser usados para aumentar
a capacidade de uma estrutura vencer
grandes vãos sem a necessidade de
escoras intermediárias. Isso é comportamento estrutural ajudando a garantir a
especialmente importante ao projetar
pontes, coberturas de estádios e outras
estruturas que exijam espaços amplos e
desobstruídos.
• Estabilidade estrutural geral: os tirantes
podem aumentar a estabilidade geral de
uma estrutura, ajudando a resistir a
forças laterais, como vento ou
terremotos. Ao introduzir reforço em
uma estrutura, é possível criar um
sistema de contraventamento que
aumenta sua rigidez.
• Estética e projeto arquitetônico: Além
de sua função estrutural, os tirantes
também podem ser usados para fins
estéticos e arquitetônicos. Eles podem
adicionar um elemento visual
interessante às estruturas, dando-lhes
um caráter único.
4. Não linearidade global das estruturas
A não linearidade global das estruturas diz
respeito aos efeitos de segunda ordem, ou seja,
considera-se que os deslocamentos nodais
influenciam no equilíbrio da estrutura e,
especialmente, que as relações entre esses
deslocamentos e as ações externas são não
lineares, que isso pode resultar em esforços
internos adicionais que não são considerados na
análise primeira ordem, como esforços
adicionais causados por uma deformação por
uma perda de estabilidade global por exemplo,
esse causaria uma excentricidade adicional ao
elemento gerando um esforço de momento
adicional, ou seja um esforço de segunda ordem
devido a não linearidade do elemento (PINTO,
1997).
Considerar a não linearidade global na
análise estrutural requer técnicas e métodos
mais avançados do que a análise linear
tradicional. Isso inclui o uso de modelos
numéricos mais complexos, algoritmos de
solução não linear e a interação com a não
linearidade física. A análise não linear fornece
uma compreensão mais precisa do
segurança e o desempenho adequado das
estruturas.
5. Método dos elementos finitos
O método dos elementos finitos é um
modelo de análise amplamente usado na
Engenharia de estruturas para estudar os
elementos com um caráter mais complexo. O
Mastan2, é um software de análise estrutural
que usa como base do seu código esse modelo
de análise, esse software usa o método dos
elementos finitos para considerer a deformação
geométrica não linear e a redistribuição do
momento. O software faz a relação entre
calcular o deslocamento e o equilíbrio de força
para obter resultados precisos.
6. Cargas de Vento
Os ventos são fenômenos decorrentes do
movimento de massas de ar, essas massas se
deslocam devido a vários fatores, dentre eles
está a rotação da terra, as diferenças de
temperatura e pressão em áreas distintas da
atmosfera, dentre outros (BLESSMANN,
1995). Essas massas de ar que chamamos de
vento podem parecer inofensivas, mas
dependendo da sua velocidade podem ser
catastróficas, por isso a importância do estudo
da influência dos ventos nas estruturas.
O cálculo das cargas devido a ação do vento
é regido pela norma ABNT NBR 6123(1988)
que aborda as forças devido aos ventos nas
edificações, nesta norma encontra-se todos os
critérios a serem considerados nos cálculos das
ações do vento, como parâmetros e tabelas.
Existem diversos softwares no mercado da
Engenharia Civil que abordam essa temática e
facilitam nesses cálculos, dentre eles está o
Visual Ventos, software desenvolvido com o
intuito de calcular os esforços que o vento
causa em diferentes modelos estruturais, esse
software usa o modelo sugerido pela norma
3
para o cálculo da velocidade básica do vento, do galpão sem tirante produzido com o auxílio
Fator Topográfico, Fator de Rugosidade e Fator do software Tekla Strutucters(versão estudantil)
Estatístico, parâmetros necessários para a
obtenção das cargas.

METODOLOGIA

O presente estudo irá abordar a análise

elástica de primeira e segunda ordem com e
sem tirantes de maneira detalhada da estrutura
de um galpão Comercial de 8,00m x 20,00m,
com quatro vãos, 10 pilares, 10 sapatas, 8 vigas
no nível intermediário e 10 no solo com função
de baldrames, 16 consoles, 5 pórticos planos de
concreto armado e 5 longarinas de concreto
com 20m. Com isso, para fazer esse estudo, o
trabalho será separado em etapas, as quais Figura 2. Imagem de outro ângulo da estrutura
contemplam, a apresentação da estrutura tridimensional do galpão sem o tirante, modelo
proposta para a análise, suas dimensões e seu produzido com o auxílio do software Tekla
modelo 3D, o levantamento de cargas na Strutucters(versão estudantil)
estrutura (Peso Próprio, Peso do telhado, Peso
da alvenaria e cargas de Vento), o lançamento Nas figuras 1 e 2, vemos a estrutura que será
dos dados no software Mastan2, a obtenção das estudada no presente trabalho, o galpão é
deformadas, após isso será apresentado nos composto de sapatas, pilares, vigas e consoles,
resultados os gráficos de deformada e a todos em concreto armado, além de sua
representação da deformada para a análise de cobertura com duas águas e terças também em
primeira e segunda ordem com e sem tirante, e concreto armado para dar apoio ao telhado do
também com variação das cargas de vento.’ galpão. Neste modelo, o galpão está sem o
sistema de tirantes na direção do menor vão.
7. Apresentação da Estrutura
7.2. Estrutura com o tirante
7.1. Estrutura sem o tirante

Figura 3. Modelo tridimensional da estrutura

Figura 1. Modelo tridimensional da estrutura
do galpão com tirante produzido pelo software

4
Tekla Strutucters(versão estudantil).
Figura 4. Imagem de outro ângulo da estrutura
tridimensional do galpão com o tirante, modelo
produzido pelo software Tekla
Strutucters(versão estudantil).
Nesse modelo, percebe-se o uso dos tirantes
metálicos na estrutura do galpão, que terão a
função de aumentar a estabilidade do pórtico na
análise estrutural.
8. Levantamento de Cargas da Estrutura
Nessa fase foi feito todo o levantamento de
cargas atuantes na estrutura do galpão, tantos as
cargas da alvenaria nas vigas, peso do telhado
atuante na estrutura, quanto as cargas de ventos
atuantes em toda estrutura e o peso próprio.
Com isso, foi dividido o levantamento de
cargas nos próximos tópicos de maneira a ficar
mais organizado e de bom entendimento,
exceto a carga devido ao peso próprio, visto
que o próprio software Mastan2 já considera
essas cargas na análise automaticamente, assim
será calculado apenas o peso do telhado
conforme a ABNT NBR 6120(2019), peso da
alvenaria nas vigas, as cargas acidentais de
vento atuantes no pórtico e a carga acidental no
telhado.
8.1. Peso do telhado e carga acidental do
telhado
De acordo com a ABNT NBR 6120(2019), o
peso do telhado de alumínio com espessura de
0,6mm que será utilizado no projeto do galpão
é de 0,025kN/m², essa carga distribuída por
área é referente a superfície inclinada do
telhado.
Figura 5. Tabela 5 do tópico ações
permanentes da ABNT NBR 6120(2019).
Essa carga por unidade de área da superfície
inclinada será distribuída ao longo das
longarinas, essas longarinas irão conduzir as
cargas para os pórticos. Para o cálculo dessa
carga multiplicamos a carga do telhado na
superfície inclinada pela dimensão transversal
da área de influência na longarina, essa área é
2,24m x 20,00m,
Álem disso, deve se considerar no
levantamento de cargas do telhado a carga
acidental devido a eventuais manutenções,
sabendo disso e conforme a NBR 6120(2019)
que descreve a seguinte expressão:
Figura 6. Expressão das cargas variáveis em
coberturas da ABNT NBR 6120(2019).
Sabendo que o telhado do galpão tem 5% de
inclinação, visto que sua cumeeira tem 2 metros
da base da treliça e 4 metros de vão de uma
água, o valor de alfa adotado será de 0,5.
5
Portanto, o valor da carga acidental é
q=0,5x0,5=0,25kN/m²
com isso a carga nas três longarinas
centrais(G1) é calculada assim:
, que é a carga distribuída nas 3 longarinas
centrais. Já as duas longarinas juntas aos pilares
recebem a metade dessa carga devido ao fato
delas sofrerem ação de apenas a metade da área
de influência:
8.2. Cargas da alvenaria de vedação nas
vigas intermediárias
Para o cálculo do peso das alvenarias de
vedação consultamos a norma NBR
6120(2019), na sua tabela 2(figura 6) do tópico
ações permanentes, é fornecido as cargas
geradas pelo peso de diferentes tipos de
alvenaria:
Figura 7. Tabela 2 do tópico ações
permanentes da ABNT NBR 6120.
Para o galpão estudado foi adotado alvenaria
de bloco cerâmico vazado de 19cm de
espessura com revestimento de 2cm, com isso
pela tabela da norma, obtém-se o peso de
2,3kN/m². Como o intuito é obter a carga
distribuída na viga de concreto armado,
multiplica-se esse valor pela altura da parede,
que para o projeto é de 3m, logo o peso da
alvenaria é:
, que é a carga distribuída ao longo do vão das
vigas de borda.
8.3. Cargas de Vento no Pórtico
Para o cálculo das cargas de vento atuantes
na estrutura do galpão, foi utilizado o software
Visual Ventos, primeiro foi necessário
determinar a quantidade de aberturas nesse
galpão. Por se tratar de um galpão de
armazenagem comercial, e com intuito apenas
de suporte logístico, ele não terá aberturas para
janelas, apenas o portão de entrada. Assim, será
desconsiderado o coeficiente de pressão
interna, pois não há aberturas para entrada do
vento.
Com isso, para prosseguirmos com o cálculo
das ações do vento na estrutura será calculada a
velocidade característica do vento,
Vk=Vo.S1.S2.S3. Para o cálculo do S1, foi
considerado que o galpão está localizado na
cidade de Aracaju-SE:
Figura 8. Isopletas da velocidade básica
retirada da NBR 6123(1988) no Visual Ventos.
6
 Para o cálculo do fator S1(Fator
Topográfico), foi considerado que o galpão está
em uma área plana ou francamente acidentada,
logo de acordo com a NBR 6123(1988), o fator
S1 é 1,00:
Figura 9. Figura retirada da NBR 6123(1988)
para cálculo do fator topográfico S1.
Já no cálculo do fator S2 (Fator de
Rugosidade) foi considerado que o galpão está
localizado em um terreno aberto, com poucos
obstáculos e que seu maior vão é de 20m, assim
o fator S2 de acordo com a norma é 0,98:
Figura 10. Tabela da NBR 6123(1988) para o
cálculo do fator de Rugosidade S2.
Por fim, o fator S3(Fator Estatístico) que
diz respeito ao uso da edificação, foi
considerado que o galpão é de uso comercial e
com função apenas de logística e armazenagem,
sendo assim de acordo com a norma o fator S3
é 0,95:
Figura 11. Tabela da NBR 6123(1988) para o
cálculo do fator de Rugosidade S2.
Com esses dados inseridos no software
Visual Ventos, obtemos os seguintes esforços
provenientes da ação do vento, com incidência
do mesmo a 0º e 90º em todo o pórtico do
galpão:
• Vento a 0º
Figura 12. Esforços devido às cargas de vento
a 0º em cada pórtico obtidos pelo Visual
Ventos.
7
 • Vento a 90º
Figura 13. Esforços devido às cargas de vento
a 90º em cada pórtico obtidos pelo Visual
Ventos.
9. Pré dimensionamento dos elementos
estruturais do Galpão.
Para o pré dimensionamento dos elementos
estruturais do galpão de concreto armado,
foram utilizados fundamentos presentes nas
literaturas da área de Concreto Armado, com
isso foi separado o pré dimensionamento em,
pré dimensionamento de vigas, pilares e vigas
inclinadas da cobertura.
9.1. Pré Dimensionamento de Vigas
No pré dimensionamento de vigas foi
utilizado a relação comumente utilizada em
projetos para vigas bi apoiadas de h (altura da
viga)=L(Vão da viga)/10, tomando o vão da
viga como sendo 5,00m, assim temos
h=5/10=0,5m, ou seja, h=50cm. Com isso,
temos que essa viga irá suportar o peso da
alvenaria de vedação com blocos de 19cm,
assim consideramos o bw da viga como 25cm,
logo, todas as vigas do galpão serão de (25x50).
9.2. Pré Dimensionamento de Pilares
Para o pré dimensionamento de pilares, será
utilizado alguns parâmetros presentes na norma
NBR 6118(2014) para estimar as dimensões
dos pilares, além disso será utilizado um fck de
20Mpa ou 2kN/cm² para o pré
dimensionamento, afim de ter um parâmetro
com mais segurança para estimar as dimensões.
Para o anteprojeto, e a fim de pré
dimensionar a área de concreto dos pilares, será
considerado um parâmetro alfa, com o intuito
de corrigir a carga atuante de acordo com a
posição do pilar, conforme os valores a seguir:
• α=1,3 para pilares intermediários;
• α=1,6 para pilares de extremidades;
• α=1,8 para pilares de canto.
Lembrando ainda que a norma brasileira
NBR 6118(2014) coloca um coeficiente de
majoração de acordo com a menor dimensão do
pilar inferior a 19cm:
Tabela 1.Tabela do coeficiente de majoração
adicional para pilares de acordo com a NBR
6118(2014).
Com esses parâmetros, podemos estimar o
valor da carga Nd,est, que é segunda a
expressão presente na norma: Nd,est=γf⋅γn
⋅α⋅Nk.
Além disso, para estimar as cargas que
estarão atuando nos pilares(Nk), será usada a
regra das áreas de influência nos pilares, já que
eles sustentarão um telhado, para saber a
influência da carga do telhado em cada pilar, o
cálculo será dividido em pilares dos cantos do
galpão que tem a mesma área de influência, e
pilares de extremidade que também terão a
mesma área de influência, sendo assim só será
calculada a carga de um pilar de canto e de um
pilar intermediário e repetir para os demais,
8
salientando que a carga de telhado que será
utilizada nesse caso será a carga na superfície
horizontal de acordo com a NBR 6120:
pilar sendo 15cm, calculamos a carga axial
corrigida de acordo com os parâmetros da
norma:
• Pilar de Canto
Nd,est=1,4⋅1,2⋅1,8⋅3=9,07kN.

• Pilar de Extremidade

Nd,est=1,4⋅1,2⋅1,6⋅6=16,13kN.

De posse do Nd,est das duas categorias de

pilares do galpão, só precisa ajustar a
deformação do aço e a proporção do aço para
obter a área do concreto. Considerando que a
Figura 14.Tabela 6 do tópico ações deformação do aço é de 0,002 e a proporção
permanentes da ABNT NBR 6120(2019). do aço é de 2%, a área do concreto pode ser
estimada pela seguinte equação:
Para o pré dimensionamento dos pilares, foi
adotado o peso do telhado na superfície
horizontal de P(h)=0,3kN/m². Com essa carga,
o outro passo é calcular as áreas de influência: Figura 15.Expressão da área de concreto da
• Pilar de Canto NBR 6118(2014)
O pilar de canto recebe influência de metade
do vão entre pilares na maior direção, e metade Assim, a área de concreto calculada é
do vão entre pilares da menor direção, ou seja, representada de acordo com a tabela 2:
a área de influência A1=4,00x2,50=10m².
• Pilar de Extremidade Pilar Área de concreto calculada
Já os pilares intermediários recebem a dos pilares (cm²)
dimensão inteira do vão entre pilares da maior Pilares de 5,36
direção, e metade do vão entre pilares na menor Canto
direção, logo A2=4,00x5,00=20m². Pilares de 9,54
Extremidade
Com a carga do telhado na superfície Tabela 3.Área de concreto calculada nos
horizontal e as áreas de influência A1 e A2, pilares, (Autor,2023)
será calculada a carga atuante em cada pilar de
acordo com a tabela 1 a seguir: Por serem valores muito pequenos de carga
axial em relação a projetos convencionais de
Pilar Carga Axial(Nk) concreto armado devido à baixa carga do
telhado, iremos arbitrar uma área de concreto
Pilares de Canto P1=0,3.10=3kN
maior afim de pré dimensionamento de acordo
Pilares de P2=0,3.20=6kN
com a tabela 3 a seguir:
Extremidade
Pilar Área de Concreto
Tabela 2.Carga axial nos pilares, (Autor,2023)
adotada para o pré
De posse dos valores característicos da carga dimensionamento(cm²)
axial dos pilares, e com a menor dimensão do Pilares de Canto 450

9
 Pilares de 450
Extremidade
Tabela 4.Área de concreto adotada,
(Autor,2023)
Com esses valores adotados, é possível
estimar as dimensões dos pilares, que serão de
(15x30), todos os pilares, com a maior
dimensão 30cm, na direção do maior vão, afim
de explorar a maior inércia na direção de maior
momento fletor.
9.3.Pré Dimensionamento do pórtico
Para o pré dimensionamento dos arcos de
concreto armado que servirão de sustentação
para o telhado, será considerado duas vigas
inclinadas com vão de 4m, e o pré
dimensionamento será similar ao de vigas, de
acordo com o vão, visto que o intuito é apenas
de pré definir as seções dos elementos para a
análise estrutural.
Figura 16. Representação da viga inclinada do
Arco usando o software Ftool.
Contudo, similarmente ao pré
dimensionamento das vigas do galpão, as duas
vigas inclinadas terão seu vão de 4m dividido
por 10 para fins de pré dimensionamento, seu
bw será adotado de 20cm, logo, sua
altura(h)=4/10=0,4m ou 40cm. Portanto as
dimensões dos arcos será de (20x40).
9.4. Pré dimensionamento do Tirante
Como o tirante do galpão foi considerado
como um perfil metálico com seção I, para o
problema dado foi mais conveniente usar o
perfil W410x38,8
9.5. Pré Dimensionamento das Terças
Para as terças de concreto que darão suporte
ao telhado, foi utilizado uma seção de 20x10 na
orientação “deitada”, que é comumente
utilizada em projetos de galpões de concreto
armado com cobertura de alumínio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Por fim, após inserir as informações no
software Mastan2, obteve-se os resultados de
deslocamento das análises de primeira e
segunda ordem do galpão, a modelagem feita
no pórtico segue o seguinte padrão, conforme
figura x:
Figura 17.Pórtico espacial modelado no
software Mastan2.
10
 Esses resultados vão ser separados da
seguinte forma: Análise de primeira ordem do
galpão sem tirante com vento a 0º, análise de
segunda ordem do galpão sem tirante com
vento a 0º, análise de primeira ordem do galpão
sem tirante com vento a 90º, análise de segunda
ordem do galpão sem tirante com vento a 90º.
Já com a configuração do galpão com tirante
será dividida da mesma forma.

1. Análise de primeira ordem do galpão

sem tirante com vento a 0º

Para essa análise, foi removido o tirante da
modelagem do galpão e inserido as cargas de
vento a 0º, com isso foi obtido a seguinte
deformada conforme Figura 18:
Figura 19.Deformada do pórtico espacial
modelado no software Mastan2.
Assim, o valor do ponto com deslocamento
mais crítica na direção do tirante foi de 18,0mm
conforme a análise de segunda ordem do
software.

3. Análise de primeira ordem do galpão

sem tirante com vento a 90º

Para essa análise de primeira ordem, foi

removido o tirante da modelagem do galpão e
inserido a carga de vento a 90º, com isso foi
obtido a seguinte deformada conforme Figura
20:

Figura 18.Deformada do pórtico espacial

modelado no software Mastan2.

Assim, o valor do ponto com deslocamento

mais crítica na direção do tirante foi de
18.97mm conforme a análise de primeira ordem
do software.

2. Análise de segunda ordem do galpão

sem tirante com vento a 0º

Para essa análise de segunda ordem, foi

removido o tirante da modelagem do galpão e
inserido a carga de vento a 0º, com isso foi
obtido a seguinte deformada conforme Figura
19:
Figura 20.Deformada do pórtico espacial
modelado no software Mastan2.
Assim, o valor do ponto com deslocamento
mais crítica na direção do tirante foi de 15,0mm
conforme a análise de primeira ordem do
software.

11
 4. Análise de segunda ordem do galpão
sem tirante com vento a 90º
Para essa análise de segunda ordem, foi
removido o tirante da modelagem do galpão e
inserido a carga de vento a 90º, com isso foi
obtido a seguinte deformada conforme Figura
21:
Figura 21.Deformada do pórtico espacial
modelado no software Mastan2.
Assim, o valor do ponto com deslocamento
mais crítica na direção do tirante foi de 14,0mm
conforme a análise de segunda ordem do
software.
5. Análise de primeira ordem do galpão
com tirante com vento a 0º
Para essa análise de primeira ordem, foi
inserido o tirante na modelagem do galpão e
inserido a carga de vento a 0º, com isso foi
obtido a seguinte deformada conforme Figura
22:
Figura 22.Deformada do pórtico espacial
modelado no software Mastan2.
Assim, o valor do ponto com deslocamento
mais crítica na direção do tirante foi de 2,7mm
conforme a análise de primeira ordem do
software.
6. Análise de segunda ordem do galpão
com tirante com vento a 0º
Para essa análise de segunda ordem, foi
inserido o tirante na modelagem do galpão e
inserido a carga de vento a 0º, com isso foi
obtido a seguinte deformada conforme Figura
23:
Figura 23.Deformada do pórtico espacial
modelado no software Mastan2.
Assim, o valor do ponto com deslocamento
mais crítica na direção do tirante foi de 2,74mm
conforme a análise de segunda ordem do
software.
7. Análise de primeira ordem do galpão
com tirante com vento a 90º
Para essa análise de primeira ordem, foi
inserido o tirante na modelagem do galpão e
inserido a carga de vento a, com isso foi obtido
a seguinte deformada conforme Figura 24:
12
 A partir das análises, foi elaborado um
gráfico de deformação em pontos críticos da
estrutura na análise de segunda ordem,
diferenciando a estrutura sem e com tirante na
situação de vento a 0º e vento a 90º de acordo
com os gráficos:

Vento a 0º
Análise Deformação(mm)
Primeira Ordem sem tirante 18,97
Primeira Ordem com tirante 2,7
Segunda Ordem sem tirante 18
Segunda Ordem com tirante 2,74
Figura 24.Deformada do pórtico espacial
modelado no software Mastan2. Tabela 5.Tabela análise x deformação com
Assim, o valor do ponto com deslocamento vento a 0º
mais crítica na direção do tirante foi de 10,0mm
conforme a análise de primeira ordem do
software.

8. Análise de segunda ordem do galpão

com tirante com vento a 90º

Para essa análise de segunda ordem, foi

inserido o tirante na modelagem do galpão e
inserido a carga de vento a 90º, com isso foi
obtido a seguinte deformada conforme Figura
25: Gráfico 1. Gráfico de barras para deformação
com vento a 0º

Vento a 90º
Orientação Deformação(mm)
Primeira Ordem sem tirante 15
Primeira Ordem com tirante 10
Segunda Ordem sem tirante 14
Segunda Ordem com tirante 11,2
Tabela 6.Tabela análise x deformação com
vento a 90º

Figura 25.Deformada do pórtico espacial

modelado no software Mastan2.

Assim, o valor do ponto com deslocamento

mais crítica na direção do tirante foi de 11,2mm
conforme a análise de primeira ordem do
software.

13
Gráfico 2.Gráfico de barras para deformação
com vento a 90º
A partir das análises obtidas, foi percebido a
grande influência no uso dessa orientação de
tirantes nas avaliações de primeira e segunda
ordem com vento a 0º, em contrapartida, com o
vento a 90º o uso desse tirante não demonstrou
efeito tão expressivo.
CONCLUSÃO
Diante das edificações comerciais cada vez
mais seguras e eficientes, a análise elástica de
primeira e segunda ordem de galpões
comerciais de concreto armado é de extrema
importância para garantir a estabilidade e o
desempenho estrutural dessas estruturas.
Neste trabalho é investigada a influência
dos tirantes na estabilidade e no
comportamento estrutural de um galpão
comercial utilizando o software MASTAN2
como ferramenta de análise. Os resultados
obtidos na análise elástica permitiram uma
avaliação precisa do efeito dos tirantes na
distribuição de forças e momentos ao longo da
estrutura, permitindo um maior entendimento
de como esses fatores afetam na deformação
da estrutura.
Os tirantes, como elementos de reforço,
desempenham um papel vital na melhoria do
desempenho estrutural de galpões comerciais,
reduzindo a amplitude de deslocamento e
minimizando as concentrações de tensões.
Através de simulações realizadas no
MASTAN2, foi possível verificar a eficácia
dos tirantes como elementos de
contraventamento, proporcionando assim
maior estabilidade a toda a estrutura.
Portanto, os resultados obtidos neste estudo
destacam a importância da análise elástica de
primeira e segunda ordem no projeto de
galpões comerciais de concreto armado e a
influência benéfica dos tirantes como reforço
estrutural. A utilização do software
MASTAN2 como ferramenta de análise tem se
mostrado uma forma eficaz de estudar o
comportamento dessas edificações sob
diferentes condições de carregamento, levando
a projetos mais seguros, econômicos e
sustentáveis.
Vale ressaltar, no entanto, que este estudo
não esgotou todas as possibilidades analíticas,
sendo recomendadas novas pesquisas para
abranger diferentes cenários e considerar
outras variáveis relevantes. A busca constante
por melhorias nas técnicas de análise estrutural
é essencial para o desenvolvimento da
engenharia civil e para garantir edificações
cada vez mais seguras e eficientes que
atendam às necessidades de uma sociedade em
evolução.
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