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DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL
Artigo científico da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso II, do 10º período do Curso de
Engenharia Civil do Centro Universitário de Pato Branco – UNIDEP, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.
RESUMO
A evolução tecnológica é algo que está notoriamente presente no cotidiano das
pessoas e vem em crescente progresso, fomentada pela necessidade. Essa evolução
é nítida, pois muda constantemente a forma a qual se vive, interferindo diretamente
em todas as ações do homem. Alinhado a esse progresso eletrônico, novas maneiras
as quais os engenheiros civis projetam e analisam uma estrutura estão surgindo,
softwares foram criados para o auxílio dos profissionais e acadêmicos nesse
processo. Porém, mesmo utilizando tais ferramentas, é importante que o projetista
compreenda e interprete os resultados e parâmetros do programa, evitando erros e
fazendo com que o uso deste, seja realizado de maneira segura e correta. Dentro
desta perspectiva, o trabalho em questão propôs um estudo a partir da análise do
dimensionamento de uma estrutura em concreto armado, realizada em dois softwares
comerciais brasileiros. O dimensionamento foi realizado de acordo com as premissas
estabelecidas em norma e tem por finalidade verificar possíveis semelhanças ou
diferenças existentes entre eles. Para a execução desse estudo, foram lançadas duas
estruturas idênticas nos softwares, com os mesmos parâmetros de cálculo e os
mesmos elementos, e então analisados e comparados os dados dos resultados
expressos pelos programas. Diante disso, o presente estudo apresenta algumas
divergências encontradas nos resultados em relação aos materiais. O consumo de
concreto e áreas de formas apresentaram valores semelhantes em ambos os
softwares, já o consumo de aço foi maior em um dos programas. Os valores de flechas
encontrados variam de acordo com o elemento analisado, as cargas nas fundações
tiveram um valor maior em um dos programas, onde ainda no mesmo, os valores de
orçamento e os detalhamentos dos elementos são mais satisfatórios.
Palavras-chave: Eberick; TQS; Projeto Estrutural; Softwares.
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1 INTRODUÇÃO
Com o crescimento da construção civil em conjunto com as diversas áreas
abrangidas pela engenharia, novas tecnologias e processos estão sendo incorporados
diariamente aos métodos convencionais de trabalho. Nesse contexto, de urgência e
excelência, aspectos como planejamento, tempo de execução, ou até mesmo
considerações pequenas de projeto, são primordiais quando se refere a demanda
cada vez maior de tecnologias (IBRACON, 2009).
O emprego das estruturas em concreto armado são as mais comumente
utilizadas na construção civil no Brasil e no processo de dimensionamento dessa
categoria de estrutura, que antes era realizado manualmente, fez-se necessário
acompanhar o avanço tecnológico. Surgiram então softwares computacionais,
utilizados na análise e dimensionamento de estruturas como ferramentas para facilitar
o trabalho dos profissionais, de modo que possibilita o engenheiro projetista otimizar
o tempo dedicado a determinado projeto, além de proporcionar uma completa
modelagem da estrutura e todo o detalhamento (REVISTA ESTRUTURA, 2016).
No contexto atual, é inviável idealizar a Engenharia Civil sem a utilização
dessas ferramentas computacionais. Contudo, no dimensionamento de uma
edificação, a análise dos resultados deve ser feita de maneira cautelosa quando
realizada através de softwares, para assegurar a eficiência da edificação, uma vez
que o profissional está confiando esses resultados a um programa que realiza os
cálculos de forma automatizada.
Como no mercado existe uma gama de programas com essa finalidade, os
resultados não são expressos de forma similar, visto que existe uma competição por
meio das empresas desenvolvedoras. Por causa dessa grande variedade de
softwares, surge então a importância de fazer comparações entre eles.
O presente estudo tem como objetivo modelar uma estrutura em concreto
armado em dois programas comerciais, afim de comparar o quantitativo de materiais,
flechas e cargas obtidos através dos resultados do dimensionamento, pontuando as
diferenças de detalhamento entre os mesmos, e por fim, realizar um comparativo
orçamentário.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.2 Normalização
A normalização, de acordo com sua definição, é um procedimento onde certos
atributos são examinados com a finalidade de elaborar soluções ou estratégias para
prevenir problemas iminentes. Portanto, as normas são elaboradas com o intuito de
fornecer padrões, regras e diretrizes sobre determinado tema, contendo orientações
ou especificações técnicas para que o objetivo seja cumprido de maneira limpa e
segura (MOREIRA, 2018).
A norma que estabelece critérios gerais, tais como as especificações de cada
etapa do dimensionamento de estrutura em concreto armado é a NBR 6118:2014
“Projeto de estrutura de concreto – Procedimento” da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT,2014).
demostrado na Figura 3. Os esforços que são resistidos pelas lajes são determinados
através de tabelas e as cargas provindas das mesmas são transferidas para as vigas
através de sua área de influência. Os pilares são considerados como apoios, e as
reações geradas nesses apoios são transferidas como carregamento concentrado
para os pilares.
3 METODOLOGIA
O princípio da realização do trabalho em questão é de caráter comparativo, e
os objetos de comparação são as flechas, área de forma, cargas nas fundações e os
quantitativos de concreto e aço extraídos no dimensionamento de uma estrutura em
concreto armado, esses dados obtidos com o auxílio computacional, são oriundos de
duas fontes.
Tendo em vista esta finalidade, a metodologia aplicada consiste em uma
pesquisa de categoria bibliográfica e exploratória, que de acordo com Gil (2002), a
primeira é baseada em material já desenvolvido, constituído por livros e artigos
científico e a segunda objetiva-se em proporcionar uma maior intimidade com o
problema. Na Figura 6 está colocado um fluxograma da sequência da pesquisa.
8
Familiarização
Pesquisa Definição do
com os
bibliográfica layout
softwares
Pré-
Análise dos
dimensioname Processamento
parâmetros de
nto dos da estrutura
comparação
elementos
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A partir dos dados retirados do processamento dos projetos estruturais
executados nos dois softwares, foi possível estabelecer as diferenças encontradas
entre ambos, relacionadas ao consumo de concreto e de aço, bem como das áreas
de formas.
Pilares 8,00
Lajes 27,60
Escadas 1,30
Fundações 6,50
Total 58,5
13
Vigas 15,24
Pilares 8,46
TQS
Lajes 27,48
Escadas 1,42
Fundações 6,41
Total 59,01
Fonte: Autoria própria (2020).
Eberick
Pilares 154,70
Lajes 230,0
Escadas 14,40
Fundações 17,70
Total 678,40
Vigas 222,96
Pilares 163,08
TQS Lajes 228,97
Escadas 7,67
Fundações 26,05
Total 648,73
Fonte: Autoria própria (2020).
vigas) das vigas apresentaram valores iguais em ambos os softwares, o restante 76%
(48 vigas) no Eberick tiveram o valor maior de flecha.
Como no TQS é fornecido apenas o valor total do deslocamento para a
verificação das lajes, esses foram os dados comparados em relação a flecha total
fornecida pelos softwares, em toda a edificação, conforme ilustrado na Figura 12.
LS9
LC10
LC11
LC12
LS10
LS11
LS12
LS13
LC1
LC2
LC3
LC4
LC5
LC6
LC7
LC8
LC9
LA1
EBERICK Flecha Total (cm) TQS Flecha Total (cm)
Nas lajes, o TQS apresentou 35% (9 lajes) flechas maiores que no Eberick, e
os outros 65% (17 lajes) no Eberick apresentaram valores maiores.
Avaliaram-se também as máximas deformações nos elementos da estrutural
total em cada programa. Conforme apresenta a Figura 13, o Eberick apresentou um
maior deslocamento em relação ao TQS, tanto nas vigas (VS13) quanto nas lajes
(LS12), contudo ambos passaram na verificação de ELS.
1,55
1,35
0,98
V I G AS L AJ E S
Fonte: Autoria própria (2020).
São vários os fatores que podem influenciar nos deslocamentos dos elementos,
desde a dimensão dos elementos, concepção estrutural até a maneira com que os
momentos fletores são considerados.
16
200
150
100
50
0
P4
P9
P1
P2
P3
P5
P6
P7
P8
P10
P11
P12
P13
P14
P15
P16
P17
P18
P19
P20
P21
P22
EBERICK Carga Individualizada (kN) TQS Carga Individualizada (kN)
O valor das cargas na fundação foi 12,18% (317 kN) maior no Eberick em relação
ao TQS, o elemento que expressou a maior diferença foi o P11, onde no Eberick o
valor é 29% maior do que no TQS, com 37 kN de diferença.
Essa diferença ocorre, pois, a distribuição dos esforços não é realizada de
maneira igual nos softwares.
TQS
Formas 648,73 m² R$ 12,80 R$ 8.303,74
Total R$ 47.939,53
Fonte: Autoria própria (2020).
Pode-se notar que no orçamento final, o Eberick apresentou menor custo, cerca
de 8,94% a menos que o TQS, sendo a diferença de R$ 3.933,83. Analisando
separadamente cada material, têm-se para o concreto uma diferença de 0,87% a mais
no TQS, para o aço o valor foi de 28,39% maior que o Eberick e por fim, nas fôrmas,
o Eberick resultou 4,57% a mais que o TQS.
4.7 Detalhamento
Nas Figuras 1 a 14 do Apêndice E apresentam-se as diferenças no detalhamento
dos elementos gerados por ambos os softwares. Em todos os elementos o Eberick
apresenta melhores detalhes.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos dados extraídos para a análise dos resultados, era esperado que
ocorressem algumas discordâncias entre os softwares, diferenças essas desde a
análise do ELS, verificando-se as flechas, até o resultado final das dimensões dos
elementos e consumo dos materiais. Contudo, os resultados do presente estudo
demonstram que em relação ao consumo de concreto, aço e área de forma, essas
divergências ficam dentro de uma margem aceitável (pequena) por se tratar de uma
edificação de porte médio. Justificando essa aceitação, o comparativo orçamentário
deixa isso mais visível, visto que R$ 3.933,83 é um valor baixo comparado aos gastos
da obra como um todo. Silva (2018) e Moreira (2018) chegam a conclusões
semelhantes em seus respectivos trabalhos.
Além desses valores, um ponto a ser levado em consideração em relação as
diferenças dos resultados obtidos, diz respeito as cargas nas fundações, este valor
variou em uma média de 17% entre os pilares, tendo a sua maior diferença em 29%.
Como os softwares apresentam uma maneira automática de dimensionar as
fundações, esse valor é significante, pois existem profissionais que não utilizam esse
recurso, e sim utilizam esses valores para um cálculo à parte das armaduras e seção
das fundações. Assim pode-se afirmar, que a redistribuição dos esforços junto aos
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REFERÊNCIAS
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos De Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas
S.A, 2002.
IBRACON. São Paulo/SP: Ipsis Gráfica e Editora, n. 53, jan. 2009. Trimestral.
Disponível em:
http://ibracon.org.br/publicacoes/revistas_ibracon/rev_construcao/pdf/revista_concret
o_53.pdf. Acesso em: 20 out. 2020.
PINHEIRO, Libânio M. et al. Bases para cálculo: 6.1 estados limites. 2003.
Disponível em: http://www.fec.unicamp.br/~almeida/cv714/Bases_Calculo.pdf.
Acesso em: 10 ago. 2020.
SOUZA, Marcos Roberto de; VARGAS, Alexandre. Análise comparativa entre dois
softwares comerciais para dimensionamento de estruturas em concreto
armado. 2014. 19 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia Civil, UNESC,
Criciúma/SC, 2014.
APÊNDICE A– Questionário
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
VB1 VB2 VB3 VB4 VB5 VB6 VB7 VB8 VB9 VB10VB11VB12VB13VB14VB15VB16
0,8
0,6
0,4
0,2