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Reforço de Estruturas de Betão Armado por

Adição de Armaduras Exteriores


Strengthening of Reinforced Concrete Structures by Addition of
External Reinforcement
Júlio Appleton*
Augusto Gomes**

SUMÁRIO ABSTRACT

Neste artigo apresenta-se uma síntese sobre a concepção e o This paper presents a synthesis of the strengthening design of
dimensionamento do reforço de elementos de viga ou de pilar por adição reinforced concrete beams and columns by externa! reinforcement. The
de elementos metálicos. São tratados os critérios de dimensionamento, os design criteria, the methods of ana!ysis and the eva!uation of the design
métodos de análise e os métodos de cálculo dos esforços resistentes de resistant bending moment and shear are presented. Construction details are
flexão e de esforço transverso e apresentam-se disposições construtivas presented for this type of strengthening.
para este tipo de reforço.

1 - INTRODUÇÃO elementos, à demolição ou à introdução de novos elemen-


tos estruturais.
o reforço de uma estrutura pode estar associado à cor- A intervenção de reforço deverá também incluir a re-
recção de anomalias decorrentes de deficiências de projec- paração de danos existentes e no caso de ocorrer uma
to, construção ou utilização ou à necessidade de alterar a fendilhação significativa deverá proceder-se à sua injecção
finalidade da construção. São ainda de referir situações em com resina époxy por forma a repor o monolitismo do ele-
que se pretende reforçar uma estrutura para aumentar os mento estrutural.
seus níveis de segurança, nomeadamente em relação à ac- Com base nos resultados da avaliação e na definição
ção sísmica. dos objectivos a atingir o projecto deverá ser concebido por
O presente artigo tem como objectivo apresentar uma forma a reduzir ao mínimo a intervenção necessária, quer
síntese sobre o reforço de estruturas de betão armado e pré- por razões de economia, quer pela implicação que o reforço
-esforçado por adição de elementos metálicos. tem no uso normal da construção e nos elementos não es-
Importa salientar que a intervenção no reforço de uma truturais afectados.
estrutura requer a participação de engenheiros com vasta Um projecto de reforço deverá incluir, para além do
experiência em engenharia de estruturas que os habilite a seu dimensionamento, uma avaliação analítica da eficácia
compreenderem e avaliarem de forma global o problema da intervenção. Após a sua execução deverão realizar-se
em causa e a estabelecer uma estratégia eficaz para a inter- ensaios de carga para as acções de serviço por forma a
venção. comprovar o resultado da intervenção.

2- ENQUADRAMENTO GERAL DE UM PRO- 3 - A VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA EM PRO-


JECTO DE REFORÇO JECTO DE REFORÇO

A elaboração de um projecto de reforço deverá ser A verificação da segurança por via analítica envolve,
sempre precedida da avaliação da estrutura existente, o que num projecto de uma obra nova, o estabelecimento de um
envolve a recolha de toda a informação disponível sobre o modelo que simule as acções, as propriedades dos mate-
projecto e a obra, a realização de uma inspecção e a análise riais, o comportamento da estrutura e a definição dos crité-
das condições de segurança. Se a estrutura apresenta danos, rios e níveis de segurança.
é fundamental realizar o diagnóstico da situação, identifi- No que se refere a um projecto de reforço e à verifica-
cando as causas das patologias e explicando de forma clara ção da segurança aos estados limites de utilização, há a
a relação entre essas causas e os fenómenos observados. salientar a necessidade de simular os danos existentes e o
Definido o objectivo a atingir e em função do problema próprio reforço, nomeadamente através da correcção das
em causa, há que ter em consideração os diversos tipos de propriedades das secções (área, inércia, ...).
intervenção possíveis - desde o reforço à substituição de A verificação da segurança em relação aos estados li-
mites últimos pode, em projectos de reforço, ser expressa
na forma:
* Professor Catedrático do Instituto Superior Técnico.
ProfessorAuxiliardo InstitutoSuperiorTécnico.
'i<'i<

Revista Pórtuguesa de Engenharia de Estruturas (RPEE) N." 41 15

_. ---
em que com o sobrescrito ' se pretende referir que essa gran- obtidos por um coeficiente global de segurança, designado
deza pode tomar valores diferentes dos adoptados no por coeficiente de monolitismo, 'YnR::; 1,0, que depende da
. projectode obras novas. Com efeito,por um lado existem tecnologia e do tipo de reforço. .
incertezas adicionais - por exemplo, resultantes da difi- A análise dos esforços e deformações da estrutura po-
culdade de simular os danos existentes - mas, por outro derá ser realizada com base num modelo da estrutura
lado, é possível obter informação rigorosa da obra e das monolítica, desde que se simule o efeito dos danos e do
propriedades dos seus materiais. reforço. De acordo com o resultado de ensaios experimen-
A avaliação dos esforços actuantes e resistentes envol- tais, os valores da redução da rigidez em relação à estrutura
ve procedimentos que apresentam algumas diferenças em monolítica podem ser considerados através de um coefici-
relação ao projecto de obras novas. Na avaliação dos esfor- ente de monolitismo de rigidez, 'Yn.k::; 1,0.
ços actuantes a análise elástica linear não é frequentemente
o modelo mais adequado porque a estrutura eventualmente
danificada já não apresenta uma resposta desse tipo. Veri- 4 - DESCRIÇÃO DO SISTEMA
fica-se mesmo, em algumas situações, que a aplicação de
um modelo elástico linear conduziria a níveis de esforços A adição de armaduras exteriores é naturalmente uma
actuantes superiores à capacidade resistente efectiva. As- técnica adequada quando há deficiência nas armaduras exis-
sim, os modelos de análise linear seguida da redistribuição tentes e as dimensões dos elementos estruturais e a quali-
de esforços ou de análise plástica são frequentemente dade do betão se consideram ser adequadas. Em geral, são
adoptados em projectos de reforço, como ilustrado nas utilizadas chapas de aço ou perfis metálicos. Refira-se que
Figs. I e 2. o aço utilizado no reforço não deve ser de resistência muito
elevada, sendo, em geral, preferível o Fe360, de modo a
não ser necessária uma grande deformação para mobilizar
a sua capacidade resistente.
Estes elementos podem ser ligados por simples colagem
com resina époxy ou por colagem com resina époxy apli-
cada por injecção. A ligação pode e deve ser complementada
com buchas metálicas.
A adopção de qualquer destas técnicas requer uma cui-
dadosa preparação das superfícies do betão e das chapas
para garantir condições de boa ligação entre as chapas de
reforço e o betão existente.
Quando não são utilizadas buchas metálicas na ligação
Momentos flectores obtidos de: é recomendada uma espessura entre 3 e 5 mm e uma lar-
- Análise elástica linear (AEL) gura inferior a 300 mm das chapas. A espessura da resina
--- AEL seguida de redistribuição deve ser da ordem de I a 3 mm uma vez que espessuras
elevadas conduzem a uma ligação menos eficiente.
Fig. 1 - Análise elástica seguida de redistribuição de esforços

I, ~4mm
I. ~ 2 mm
. I, ~12mm
t. ~ 2mm

Resina
épo'!l..
Chajiã
aço
D !?.
b,.,SOmm b,.,SOmm

L
a) Sem buchas metálicas b) Com buchas metálicas

\ / 2 2
(2M2 -M} -M3)+V(Ml+M3 -2M2)-(M}-M3) Fig. 3 - Reforço à flexão - Dimensões recomendadas
pu =
13/2

Fig. 2 - Análiseplástica- Cargaúltimade uma viga

o cálculo dos esforços resistentes em elementos refor-


çados será detalhadamente abordado no capítulo 6. Existem
fundamentalmente duas alternativas. A primeira consiste na
modelação do nível de danos antes do reforço e a simula-
ção do elemento reforçado, incluindo a interface de ligação,
-
époxy
Resina
110111<
J- .
I, 3mm
la I,
r. ~Smm
la 2mm la ~2mm
e a segunda consiste na adopção do método simplificado d'., 1001, d'., 1001,
dos coeficientes globais. Este último método consiste em
a) Sem buchas melálicas b) Com buchas metálicas
aplicar ao elemento reforçado os modelos adoptados em
obras novas, como se a estrutura não tivesse danos e a
ligação do reforço fosse perfeita, e em afectar os resultados Fig. 4 - Reforço ao esforço transverso - Dimensões recomendadas

16 Revista Portuguesa de Enganharla de Estruturas (RPEE) N..41

L.
Durante a execução do reforço a estrutura deverá ser 5 - LIGAÇÃO
aliviada de todas as cargas que possam ser removidas. Deste
modo garante-se que as armaduras de reforço são mobiliza- A garantia de uma boa ligação entre as armaduras de
das para as cargas de serviço. reforço e o elemento de betão é fundamental e deverá ser
devidamente considerada no projecto do reforço.
A superfície do betão existente deve ser preparada de
Para avaliar a resistência desta ligação realizaram-se
modo a remover as impurezas depositadas, a retirar o betão
ensaios [2, 3] da ligação aço/resina, tendo-se obtido valores
degradado e a aumentar a sua rugosidade. Esta operação é, da tensão de aderência l' de 2,1 a 3,5 MPa para diferentes
em geral, realizada com martelos de agulhas (pneumáticos tipos de resina.
ou eléctricos). Deve-se evitar que a rugosidade seja exces- Fmáx
1'=-
siva por forma a não se obterem espessuras de resina ele- 2xLxb
vadas.
As chapas de aço são, após o fabrico, decapadas e pro- Para avaliar a capaçidade da ligação aço/resina/betão
tegidas com uma película plástica para o seu transporte e efectuaram-se ensaios [3] de provetes constituídos por cu-
manuseamento. Esta película só deve ser removida ime- bos de betão de 20 cm de aresta com duas chapas de aço
diatamente antes da sua aplicação. coladas por injecção, com ou sem uma bucha metálica, em
As propriedades mais relevantes da resina époxy para duas faces opostas. Estes ensaios foram realizados para
este tipo de aplicação são a sua viscosidade, o período de cargas monotónicas e para cargas cíclicas. Sem a utilização
de buchas metálicas obtiveram-se valores médios da tensão
aplicação e de endurecimento e as suas propriedades mecâ-
de aderência de 2,5 MPa para acções monotóDÍcase 1,6MPa
nicas (módulo de elasticidade e tensão de rotura). A aplica-
para acções cíclicas. Quando se adicionou uma bucha
ção da resina não deve ser efectuada com uma temperatura metálica à ligação obtiveram-se valores de 3,4 MPa e
ambiente inferior a 102. 2,8 MPa, respectivamente.
Ensaios de tracção realizados em provetes prismáticos
de 2 mm de espessura [1, 2, 3] conduziram a valores de
E = 2500 a 4300 MPa e fsu =48 a 78 MPa e revelaram que 6 - DIMENSIONAMENTO DO REFORÇO DE VI.
90% da resistência máxima da resina era atingida ao fIm de GAS COM CHAPAS COLADAS
cerca de 7 dias. VerifIca-se, no entanto, que estas proprie-
dades apresentam grande variação, sendo estes valores da- Na Fig. 5a) apresenta-se o modelo de comportamento
dos unicamente a título indicativo. no estado limite último de uma secção reforçada.
Em elementos estruturais o dimensionamento pode
No caso da colagem, após a preparação da superfície
realizar-se pelo método dos coefIcientes globais, conforme
do betão, efectua-se uma pintura com uma resina fluida ilustrado na Fig. 5b), admitindo-se um coeficiente de
seguida de uma camada de resina com uma carga (areia monolitismo para a flexão e para o esforço transverso de
siliciosa). Após esta operação aplica-se a chapa, devendo rn M= 1,0e rnv = 0,9, desdeque se cumpramos requisitos
ser exercida uma pressão da ordem de 0,1 a 0,5 MPa. indicados nas 'Figs. 3 e 4.
Descrevem-se seguidamente as principais fases da apli- Com base nesta hipótese a determinação do momento
cação de chapas coladas por injecção de resina e adição de flector resistente M'd é efectuada admitindo que a secção
buchas metálicas, que tem sido adoptada pelos autores em tem um comportamento monolítico, havendo uma aderên-
diversas obras: cia perfeita (secções pl~as mantêm-se planas após a defor-
mação). O cálculo é efectuado de forma semelhante ao de
-Após a preparação da superfície, as chapas de refor- uma secção de betão armado, considerando-se duas cama-
ço são posicionad~ através de buchas de aço de alta das de armadura que podem ter resistências diferentes, como
resistência, introduzidas em furos previamente exe- indicado na Fig. 5b). O momento resistente de cálculo
cutados. Quando não são utilizadas buchas metáli- M'd resulta do produto do valor acima obtido pelo coefI-
cas na ligação são utilizados prumos ou outro siste- ciente de monolitismo que no caso de flexão toma o valor:
ma para o posicionamento das chapas; rn,M= 1,0.
-Selagem da zona a injectar através da aplicação de
_Fc
uma resina époxy com uma carga, por exemplo
betume de pedra, no contorno da chapa e sobre a a)

cabeça das buchas. Nesta fase são deixados tubos de )Mro


F <e:.,+âE;)
pequeno diâmetro para a injecção da resina e ~aída
Ar
do ar (tubos de purga). Eo E Ers "F: (e)
-Injecção do espaço compreendido entre a superfície
do betão e a chapa através de uma resina époxy de
baixa viscosidade.
Ec
I -(Jc

_Fc
\I
As chapas ou perfIs de aço deverão s~r protegidas con- b) di Idr " ""

tra a corrosão e a acção do fogo. Se não existir outra bar- F - A Yd


)M
8JI ' I I r',5 I '
reira de protecção ao fogo, deverá efectuar-se uma pintura Mro= 'Yn,M
M
(tintas intumescentes) que garanta uma resistência ao fogo,
Ar
E Er . F:. A:f
I I

no mínimo, de 30 minutos. Fig. 5 - Detenninação do momento flector resistente

Revista Portuguesa de Engenharia de Estruturas (RPEE) N." 41 17


Se as duas camadas de armadura estão próximas o A verificação da segurança da ligação pode também
cálculo poderá ser realizado com uma armadura equivalen- ser efectuada nas condições de serviço, sendo então as ten-
te de área A:q, com uma resistência de cálculo /s;d e sões actuantes de corte calculadas através da avaliação do
posicionada no centro mecânico dessas armaduras, definida fluxo de corte elástico. A ligação da chapa reforçada com
pela seguinte equação: buchas metálicas funciona em serviço basicamente através
da ligação por colagem da resina époxy, uma vez que as
M rd = A seq Z eq Jsyd
çi
= A si i çi r r ç r
Z Jsyd + A s Z Jsyd buchas metálicas têm o seu contributo principal no reforço
da capacidade última da ligação.
Admitindo Z z 0,9 d, obtém-se: A experimentação realizada mostrou que é vantajosa a
amarração com buchas. Nalguns casos em que não foi uti-
M rd z A:q 0,9deq !s;d =/s;d lizada esta técnica observou-se o arrancamento da chapa
Ai 0,9 di + A; 0,9 dr !Sfd
( !syd ) nas suas extremidades, o que conduziu a um colapso pre-
maturo. Assim, se se conceber a ligação sem buchas, reco-
Este procedimento permite a utilização de tabelas cor- menda-se pelo menos a aplicação de buchas nas extremida-
rentes de dimensionamento de armaduras, sendo a área de des das chapas, de modo a evitar aquele tipo de rotura.
reforço determinada através da expressão: Um outro aspecto a considerar é a vantagem desta li-
gação mista em caso de incêndio uma vez que, se a ligação
por colagem for afectada (T > 7()2C), a ligação mecânica
pelas buchas metálicas continuará efectiva.
Quando se pretender uma melhor amarração da arma-
dura de reforço deve prolongar-se esta armadura até à ex-
Para além do cálculo acima referido deverá ser garan-
tremidade da viga e aí efectuar-se uma ligação ao pilar
tida a segurança da ligação aço/betão. Em geral pode admi- através de uma cantoneira metálica, como ilustrado na
tir-se uma distribuição plástica uniforme das tensões de corte,
Fig. 7a).
como indicado na Fig. 6.
Em vigas contínuas pode ser dada amarração e conti-
nuidade à armadura de reforço na zona do nó através da
utilização de um quadro metálico, constituído por
cantoneiras, que envolve o pilar, Fig. 7b). Este quadro,
ligado ao pilar por colagem e, eventualmente, através de
buchas metálicas, permite a transferência de forças mesmo
nas situações em que as vigas das duas direcções perpen-
diculares possuem armaduras de reforço. Este quadro
toma-se também muito útil na ligação das armaduras de
reforço dos pilares, como referido no capítulo 7.

L/2 L/2

Fig. 6 - Distribuição plástica das tensões de aderência

Para a verificação da segurança em relação à aderência


aço/betão não existem indicações normativas. Com base a)
na experimentação realizada, propõem-se os seguintes
critérios: Fig. 7 - Pormenores de ligação das chapas de reforço:
· Ligação sem buchas metálicas:
a) nas extremidades de vigas; b) num nó de um pórtico
1

o reforço ao esforço transverso através da adição de


Fsd = A;d /s;d ::;; 'rsd b k
2 chapas metálicas é eficiente somente no caso de a armadura I

transversal ser insuficiente. O cálculo do valor resistente


!Cl, min
sendo 'tsd pode também ser efectuado recorrendo à técnica dos coefi-
( 2MPa cientes globais, através das seguintes equações:

. Ligação com buchas metálicas: Vsd ::;; V~ax ='t2 bw di


Vsd ::;;Vrd = Vcd + Vwd
Fsd = A;d /s;d::;; n Fb + y'tsd b L/2
Vcd = 'tI bw di
em que Fb representa o valor de cálculo da força resistente
de corte de uma bucha, n o número de buchas colocadas no Vwd= Yn,V (0,9 i A;w !s;d + 0,9 dr A;w /s;d)
comprimento L/2, b a largura da chapa e y'tsd representa a
tensão de aderência aço/resina/betão mobilizada em simul- A metodologia de verificação de segurança apresen-
tâneo com Fb' que se pode considerar da ordem de tada e a eficiência desta técnica de reforço têm sido
0,5 MPa. comprovadas através de ensaios laboratoriais (até à rotura)

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e de ensaios de carga em obras reforçadas (para cargas de damente a uma melhoria do comportamento sísmico do
serviço). O ensaio de carga revela-se de enorme impor- edifício. Outro objectivo pode apenas ter por finalidade o
tância pois permite verificar in situ o comportamento da aumento da capacidade resistente em compressão tirando
estrutura reforçada. partido do efeito da cintagem.
Na Fig. 8 indicam-se alguns pormenores-tipo da liga- A melhoria da resistência em flexão composta pode ser
ção de chapas para o reforço ao esforço transverso. obtida através da adição de elementos metálicos ou através
de encamisamento, técnica esta que não é abordada neste
artigo.
Nas situações de clara insuficiência de resistência à
-;-~ compressão simples é, em geral, utilizado o encamisamento
por ser mais eficiente, embora se possa também proceder
a)
b)
U . . . . . ao reforço através da adição de elementos metálicos.
O reforço de pilare§ através da adição de elementos
metálicos é eficiente sobretudo nas situações de insuficiên-
cia de armaduras. Em geral, são utilizadas chapas de aço ou
bl) cantoneiras coladas com resina époxy.
Cantoneira
De forma semelhante às vigas, o cálculo dos esforços
resistentes de secções de pilares reforçadas pode ser efec-
tuado através do método dos coeficientes globais, admitin-
Alçado lateral
do-se um coeficiente de monolitismo de 'Yn,MN= 0,9,con-
..- -.. forme se ilustra na Fig. 9.

b2)1 r Ec = E.2 a.2 F.:.2

"
ac s
Vista inferior
: I '':J , M
~
Ft N
Fig. 8 - Soluções de reforço ao esforço transverso
E c,-.-
s Vs F"t
Relativamente a esta figura são de referir os seguintes
comentários: IMro='Yn,MNM I I Nro='Yn,MN N I
-Na Fig. 8a) indica-se uma solução executada com Fig. 9 - Detenninação dos esforços resistentes
uma chapa contínua. Este tipo de reforço apresenta
o inconveniente de uma elevada área de betão a pre- Quando a distância entre as armaduras iniciais e de
parar e uma maior dificuldade na injecção. Na liga- reforço é pequena, toma-se possível, de forma simplificada,
ção superior recomenda-se a utilização de uma utilizar as tabelas de dimensionamento corrente, resultando
cantoneira que é fixada através de buchas à face desse cálculo uma área de aço total, A;q. A área de aço de
inferior da laje; reforço é determinada através da equação:
-Na Fig. 8b) apresenta-seum reforço ao esforço trans-
verso com chapas descontínuas. Nesta solução reco-
_
A seq - A s
i
+ A sr /s;d
---:--
menda-se para além da cantoneira na face superior a !s~d
utilização de cantoneiras na zona inferior ligadas, na No caso da utilização de cantoneirasrecomenda-se como
face inferior da viga, por barras. Deste modo garan- dimensão mínima cantoneiras de 50 x 50 x 5 mm.
te-se uma eficiente amarração das forças transmiti- Para além da ligação por colagem com resina injectada,
das pelas bielas de compressão. pode complementar-se esta ligação através de soldadura às
armaduras iniciais, como ilustrado na Fig. lOa). A adopção
Relativamente à verificação da segurança aos Estados de buchas só é viável no caso de a dimensão da armadura
Limites de Utilização é importante referir que a técnica de de reforço ser suficientemente elevada por forma a permitir
reforçopor chapasmetálicasé muito eficaz para o controlo que as buchas não colidam com a armadura inicial, como
da fendilhaçãoe, no que se refere à deformação,tem dois indicado na Fig. lOb). Recomenda-se ainda que os elemen-
contributos favoráveis: a reposição do monolitismo asso- tos longitudinais, colocados nos cantos da secção, sejam
ciado à injecção das fendas (eliminando a perda de rigidez ligados entre si através de barras soldadas, como ilustrado
por fendilhação) e o aumento da inércia das secções. na Fig. lOc). Estas barras podem ser utilizadas para o refor-
ço da armadura transversal.

7 - REFORÇO DE PILARES COM ADIÇÃO DE


ELEMENTOS METÁLICOS

Os objectivos do reforço de pilares são de modo geral


os seguintes: aumento da cintagem; aumento da capacidade
resistente em flexão cQmposta(M, N); e aumentoda capa-
DO a) b)
c)

cidade resistenteem compressão.


Um dos objectivos do incremento da cintagem é a
melhoria da ductilidade do elemento, com vista nomea- Fig. 10 - Reforçode pilares- Ponnenoresde ligação

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Na Fig. 11 apresenta-se um pormenor da ligação das
armaduras de reforço do pilar num nó. Esta ligação é cons-
chapa de reforço
tituída por dois quadros metálicos em cantoneira que são
ligados através de um perfilou de um varão, conforme quadro metálico
ilustrado na figura. Desta forma é também garantida uma em cantoneira
amarração eficaz das armaduras longitudinais de reforço. chumbadouro

chaDa de reforço

quadro metálico
em cantoneira
alternativa em
alternativa em cantoneira
varão

Fig. 12 - Ligação das armaduras de reforço à fundação ..,

Viga longitudinal 8 - REFERÊNCIAS

quadro metálico viga ,transversal [1] ALFAIATE, JORGE - Reforço por adição de elementos
em cantoneira
de aço em vigas de betão armado, Dissertação de
mestrado, Instituto Superior Técnico, Lisboa, Julho de
chapa de reforço 1986.
[2] ApPLETON,JÚLIO;SILVA,VIcrOR - Strengtheningof
reinforced concrete beams by external reinforcement,
IABSE Symposium, São Francisco, USA, Agosto de
Fig. II - Pormenor de ligação das armaduras 1995.
de reforço de um pilar num nó [3] RODRIGUES,CARLOS- Comportamento da ligação
aço-resina-betão em elementos estruturais, Dissertação
Na Fig. 12 apresenta-se uma forma de ligação das cha- de mestrado, Instituto Superior Técnico, Lisboa, Junho
de 1993.
pas ou perfis a uma fundação utilizando um quadro metá-
[4] SOUSA,REGINA- Análisedo comportamentode vigas
lico em cantoneira. Este quadro é ancorado à fundação atra-
de betão armado reforçadas àflexão e ao esforço trans-
vés de chumbadouros introduzidos em furos e selados com
verso, Tese de doutoramento, Instituto Superior Técni-
resina époxy, que, para esta aplicação, deve ser fluida. Com co, Lisboa, Julho de 1990.
base em resultados experimentais [4], recomenda-se para [5] EUROCÓDIGO 8 - Design Provisions for Earthquake
este tipo de ligação a utilização de um comprimento de Resistance of Structures - Part 1.4 - Strengthening and
amarração pelo menos igual a metade do valor preconizado Repair of Buildings - prENV 1998-1-4-1995.
[6] COMITÉ EURO-INTERNATIONAL DU BÉTON, BULLETIN
no REBAP para a amarração aço-betão. Com efeito, veri-
fica-se que a realização do furo com diâmetro superior ao
D' INFORMATION NQ 162 - Assessment of Concrete
Structures and Design Procedures for Up-grading (re-
do varão (0furo '" 1,50varão)faz aumentar a superfície da design), Prague, October 1983.
ligação ao betão. [7] SOUTHAFRICANROADSBOARD- Recomendations
for the Design of Epoxy Bonded External Steel Plate
Reinforcement, Pretória, Março 1992.

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