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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

COLEGIADO DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

NOTAS DE AULA
ESTRUTURAS DE CONCRETO I

PROF. ANDERSON HENRIQUE BARBOSA

JUAZEIRO – BA, JULHO DE 2009.


SUMÁRIO

Módulo 1: Considerações básicas 01


1.1 Composição do concreto 01
1.2 Princípio básico do concreto armado 01
1.3 Vantagens e desvantagens do concreto armado 02
1.4 Histórico 02
1.5 Normas para o concreto armado 03
1.6 Tipos de concreto 03

Módulo 2: Considerações sobre o concreto 05


2.1 Consistência 05
2.2 Adensamento 05
2.3 Características físicas 06
2.3.1 Massa específica 06
2.3.2 Coeficiente de dilatação térmica 06
2.4 Durabilidade 06
2.5 Resistência à compressão 06
2.5.1 Classificação por grupos de resistência 07
2.6 Resistência à tração 08
2.7 Resistência de cálculo 09
2.6 Resistência mecânica 10
2.8 Diagrama tensão x deformação 11
2.9 Módulo de elasticidade 12
2.10 Coeficiente de Poisson 13
2.11 Deformações 13
2.11.1 Retração 13
2.11.2 Deformações devidas às cargas externas 14
2.11.2.1 Deformação imediata 14
2.11.2.2 Deformação lenta 14

Módulo 3: Considerações sobre o Aço 15


3.1 Classificação 15
3.2 Curva tensão x deformação 15
3.2.1 Barras de aço 15
3.2.2 Fios de aço 16
3.3 Designação 16
3.4 Massa, comprimento e tolerância 16
3.5 Marcação 17
3.6 Resistência característica 17
3.7 Resistência de cálculo 17
3.8 Diagrama tensão x deformação simplificado 18

Módulo 4: Segurança Estrutural 20


4.1 Estados limites 20
4.1.1 Estado limite último (ELU) 20
4.1.2 Estado limite de serviço (ELS) 20
4.2 Métodos de cálculo 21
4.3 Ações e solicitações 21
4.3.1 Ações permanentes 21
4.3.1.1 Ações permanentes diretas 21
4.3.1.2 Ações permanentes indiretas 22
4.3.2 Ações variáveis 23
4.3.2.1 Ações variáveis diretas 23
4.3.2.2 Ações variáveis indiretas 24
4.3.3 Ações excepcionais 25
4.4 Combinação de ações 25
4.5 Exercícios Propostos 28

Módulo 5: Durabilidade das Estruturas de Concreto 29


5.1 Agressividade do meio ambiente 29
5.2 Proteção e cobrimento 30

Módulo 6: Concepção Estrutural 32


6.1 Considerações básicas sobre concepção estrutural 33
6.2 Componentes de um projeto 34
6.2 Sistemas estruturais 34
6.3 Ações 35
6.4 Posição dos pilares 36
6.5 Posições de vigas e lajes 36

Módulo 7: Pré-Dimensionamento de Elementos de Concreto Armado 38


7.1 Pré-dimensionamento de lajes 38
7.2 Pré-Dimensionamento de vigas 38

Módulo 8: Dimensionamento de Vigas a Flexão 40


8.1 Ensaio de Stuttgart 40
8.1.1 Modos de ruptura 42
8.2 Dimensionamento à flexão pura 42
8.3 Domínios de deformações 43
8.4 Vãos efetivos de vigas 44
8.5 Seções retangulares com armadura simples 44
8.6 Seções retangulares com armadura dupla 47
8.7 Seções em forma de T 48
8.7.1 Dimensionamento de seção em T 50
8.8 Prescrições da NBR 6118:2003 51
8.8.1 Largura mínima 51
8.8.2 Armadura máxima e mínima 51
8.8.3 Armadura de pele 51
8.8.4 Espaçamento entre as barras 52
8.8 Exercícios propostos 53

Módulo 9: Dimensionamento de Vigas a Força Cortante 58


9.1 Distribuição das tensões tangenciais 58
9.2 Dimensionamento de peças à força cortante 59
9.2.1 Modelo da treliça de Mörsch 60
9.2.2 Verificação das bielas comprimidas de concreto quanto ao esmagamento 61
9.2.3 Cálculo da treliça de Mörsch 62
9.2.4 Cálculo pelo modelo II 62
9.3 Prescrições da NBR 6118:2003 64
9.3.1 Tipos usuais de estribos 64
9.3.2 Armadura mínima de estribos 65
9.3.3 Diâmetro das barras de espaçamento de estribos: 65
9.4 Exercícios propostos 65

Módulo 10: Aderência 68


10.1 Regiões de boa e má aderência 68
10.2 Resistência de aderência 69
10.3 Ancoragem das armaduras 70
10.3.1 Ancoragem fora do apoio 71
10.3.2 Ancoragem no apoio 71
10.4 Comprimento de ancoragem por aderência das barras comprimidas 72
10.5 Armadura transversal nas ancoragens 72
10.6 Ganchos das armaduras de tração 72
10.7 Emendas das barras 73
10.7.1 Emendas por traspasse 73
10.7.2 Emendas por luvas rosqueadas 74
10.7.2 Emendas por solda 74

Módulo 11: Detalhamento de Vigas 76


11.1 Detalhamento da armadura longitudinal 76
11.2 Exercícios propostos 78

Módulo 12: Dimensionamento de Lajes Maciças Retangulares 80


12.1 Hipóteses Simplificadoras 80
12.2 Classificação das lajes retangulares 81
12.3 Espessura das lajes 81
12.4 Cargas nas lajes 82
12.5 Cargas de parede em lajes 82
12.5.1 Lajes armadas em cruz: 82
12.5.2 Lajes armadas em uma só direção: 83
12.6 Cálculo no regime elástico 83
12.7 Momentos em lajes em uma só direção 84
12.8 Momentos nas lajes em cruz 85
12.8.1 Casos especiais 87
12.9 Cargas das lajes nas vigas 87
12.10 Dimensionamento de lajes retangulares 88
12.11Verificação à força cortante 88
12.12 Recomendações normativas 89
12.13 Detalhamento 91
12.13.1 Arranjo das armaduras 91
12.13.2 Quadros de armadura 92
12.14 Exercícios propostos 93

Módulo 13: Verificações aos Estados Limites de Serviço 97


13.1 Combinações de ações 97
13.1.1 ELS-DEF 97
13.1.2 ELS-W 97
13.2 Estado limite de abertura de fissuras 98
13.2.1 Controle de fissuração 98
13.3 Estado limite de deformação excessiva 99
13.3.1 Deslocamentos limites 99
13.3.2 Flecha imediata causada por ações de curta duração 101
13.3.2.1 Vigas de concreto armado 101
13.3.2.2 Lajes de concreto armado 102
13.3.3 Flecha final causada por ações de longa duração 102
13.4 Exercícios propostos 103

Referências Bibliográficas 105


Anexo 1: Tabelas de flexão 106
Anexo 2: Tabelas de cisalhamento 108
Anexo 3: Tabelas de lajes 109
Anexo 4: Tabelas de cálculo de flechas 117
Anexo 5: Cargas para o cálculo de edificações (NBR 6120:1980) 119
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 1

1 – CONSIDERAÇÕES BÁSICAS.

O concreto armado é atualmente o material mais usado na construção de estruturas de


edificações e obras viárias como pontes, viadutos, passarelas, etc.

A forma mais presente deste material é o concreto armado, cuja composição se dá com a
junção de dois materiais muito utilizados na construção civil.

Neste capítulo será apresentado e discutido tópicos sobre o concreto armado, as


hipóteses que tornam esta junção viável, as vantagens e desvantagens de sua aplicação e
as normas que regulamentam o dimensionamento de estruturas.

1.1 Composição do concreto.

O concreto é composto basicamente pelos seguintes materiais (figura 1.1):

Concreto

Argamassa Agregado Graúdo

Pasta de Cimento:
Agregado Miúdo
Cimento + Água

Figura 1.1: Composição básica do concreto.

A composição citada na figura 1.1 ainda pode ser acrescida de aditivos e adições
minerais, que buscam melhorar algumas de suas características, como exemplo,
resistência à compressão e trabalhabilidade.

O concreto apresenta como características mecânicas principais:


 Boa resistência à compressão;
 Má resistência à tração (10% da resistência à compressão).

1.2 Princípio básico do concreto armado.

A idéia básica do concreto armado é a junção de um material que tem boa resistência à
compressão (concreto) com um material que resiste bem a tração (aço).

CONCRETO ARMADO = CONCRETO + ARMADURA + ADERÊNCIA

Esta união é possível devido a:


 Aderência recíproca entre concreto e aço;
 Meio predominantemente alcalino (pH – 12 a 13,5), o que inibe a corrosão da
armadura;
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 coeficiente de dilatação térmica dos dois materiais aproximadamente igual


concreto ~ 1,010-5/ oC e aço = 1,210-5/ oC.

Ademais, o concreto protege a armadura contra a agressividade do meio ambiente e o


aço reduz a fissuração do concreto em regiões há esforço de tração (figura 1.2).

Figura 1.2: Idealização do comportamento de uma viga de concreto armado.

1.3 Vantagens e desvantagens do concreto armado.

As vantagens principais do concreto armado são:


 Economia: matéria prima barata, principalmente a areia e a brita; não exige mão
de obra com muita qualificação; equipamentos em geral simples;
 Moldagem fácil;
 Resistência: ao fogo; às influência atmosféricas; ao desgaste mecânico; ao
choque e vibrações;
 Monolitismo da estrutura;
 Durabilidade – com manutenção e conservação;
 Rapidez de construção (pré-moldados);
 Aumento da resistência à compressão com o tempo.

Entre as suas desvantagens, destacam-se:


 Peso próprio elevado (c = 25 kN/m3);
 Menor proteção térmica;
 Reformas e demolições são trabalhosas e caras;
 Precisão no posicionamento das armaduras;
 Fissuras inevitáveis na região tracionada;
 Construção definitiva.

1.4 Histórico.

A seguir será listado breve histórico do desenvolvimento do concreto armado:


 Império Romano - Cimento pozolânico ( de origem vulcânica). Cimento vem do
termo latino coementum, que designava na velha Roma uma espécie de pedra
natural de rochedos.
 1824 - Aspdin - França - Na ilha de Portland, consegue calcinar uma parte de
argila e três partes de pedra calcárea, moída até obter um pó fino - Cimento
Portland.
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 1848 - Lambot - França - Constrói um barco com argamassa de cimento


reforçada com ferro.
 1861 - Monier - França - Vaso de flores de concreto com armadura de arame.
 1902 - Mörsch - Alemanha - Teoria científica sobre o dimensionamento de peças
de concreto armado. Os conceitos desenvolvidos por Mörsch são válidos ainda
hoje.
 1908 – 1ª ponte em concreto armado, projeto de Hennembique, construção em
echeverria - RJ.
 1912 - 1a. Companhia Construtora de Concreto Armado, de Riedlinger, técnico
alemão, RJ.
 1940 - 1a. Norma brasileira (NB-1) baseada em propostas da ABC (1931) e da
ABCP (1937).

1.5 Normas para o concreto armado.

São listados abaixo os principais regulamentadores do concreto armado a nível nacional


e internacional:
 CEB-FIP – Comité Euro-Internacional du Beton/Federation Internationale de la
Precontrainte: sintetiza o desenvolvimento técnico e científico de análise e
projeto de estruturas de concreto dos países membros do comitê;
 Building Code Requirements for Reinforced Concrete (regulamentos
editados pelo ACI - American Concrete Institute);
 EUROCODE – regulamenta o projeto de estruturas de concreto da União
Européia.
 ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland;
 IBRACON - Instituto Brasileiro do Concreto;
 ABECE – Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural

Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):


 NBR 6118:2003 - Projeto de estruturas de concreto;
 NBR 6120:1980 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações;
 NBR 6123:1988 - Forças devidas ao vento em edificações;
 NBR 7197:1989 - Cálculo e execução de obras de concreto protendido;
 NBR 7480:1996 - Barras e fios de aço destinados a armaduras para concreto
armado;
 NBR 8681:1984 - Ações e segurança nas estruturas;
 NBR 8953:1992 - Concreto – Classificação pela resistência para fins estruturais;
 NBR 9062:2001 - Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado;
 NBR 12655:1996 - Preparo, controle e recebimento de concreto.

1.6 Tipos de concreto.

São listados abaixo alguns dos principais tipos de concreto:

 Concreto simples: concreto utilizado sem armadura, ou com armadura menor


que a mínima, que resiste basicamente às tensões de compressão e possui um
peso específico da ordem de 24 kN/m3;
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 Concreto armado: é o material resultante da ação conjunta do concreto e do


aço, que trabalha como armadura passiva, onde o primeiro resiste às tensões de
compressão e o último às de tração;
 Concreto moldado in loco: é o concreto que é confeccionado no local aonde a
peça vai permanecer;
 Concreto pré-moldado: é o concreto que é produzido fora do local onde vai
trabalhar;
 Concreto de alto desempenho (CAD): é o concreto com fator a/c inferior a
0,40, ou seja, com baixa permeabilidade que apresenta um desempenho
diferenciado em relação ao convencional, para determinadas propriedades, como
a resistência e a durabilidade; possui na sua composição, além dos materiais
usados no concreto comum, algum material com propriedades pozolânicas
como, por exemplo, a sílica ativa ou a cinza volante, e aditivos
superplastificantes para melhorar a sua trabalhabilidade, que fica prejudicada
com a adição dos finos;
 Concreto de alta resistência (CAR): com resistência superior a 40 MPa,
proporciona melhorias de outras propriedades que elevam a durabilidade das
estruturas; obtido com a incorporação de microssílica e de aditivos químicos.
 Argamassa armada ou Microconcreto armado: argamassa simples com
adição de armadura de pequeno diâmetro e pouco espaçada, distribuída
uniformemente em toda a superfície, composta de fios e telas de aço;
 Concreto com fibras: obtido pela adição de fibras metálicas ou poliméricas,
fazendo com que o concreto esteja ligado por estas fibras; As fibras servem para
combater a fissuração; Aplicado a peças com pequenos esforços, como pisos
aplicado sobre o solo;
 Concreto auto-adensável: tipo de concreto obtido com a inserção de aditivos
superplastificantes e adições minerais que o tornam de aspecto fluido, não
necessitando adensamento para a confecção de elementos estruturais de
concreto.
 Concreto protendido: obtido pela associação entre o concreto simples e uma
armadura ativa, onde é aplicada uma força na armadura antes da aplicação do
carregamento, de forma com que fiquem eliminadas as tensões de tração, ou
estas sejam limitadas.
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2 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O CONCRETO.

Neste item serão discutidas as propriedades no estado fresco e endurecido que estão
mais relacionadas a aplicabilidade do concreto estrutural, e como algumas destas são
transformadas em propriedades de cálculo.

2.1 Consistência.

Trata-se da maior ou menor capacidade de se deformar no estado fresco. Está


relacionada com a quantidade de água aplicada, granulometria do agregado e a presença
de produtos químicos envolvidos.

Os valores do abatimento devem estar de acordo com o elemento estrutural a ser


moldado, devendo-se observar peças com altas taxas de armadura ou concreto lançado.
Nas tabelas 2.1 e 2.2 estão apresentadas sugestões de especificação de abatimento para
diversos elementos.

Tabela 2.1: Abatimento em função do elemento estrutural.


Elemento Estrutural Abatimento (mm)
Fundações armadas 50 – 120
Fundações maciças 30 – 100
Lajes, pilares e vigas 50 – 150

Tabela 2.2: Abatimento em função do tipo de concreto.


Tipo de Concreto Abatimento (mm)
Bombeável 80 – 100
Convencional 60 – 80

Segundo recomendação da norma NBR 7223:1998, são especificadas as tolerâncias em


função do abatimento, apresentadas na tabela 2.3.

Tabela 2.3: Classificação da consistência do concreto em função do abatimento.


Abatimento (mm) Consistência Tolerância (mm)
0 – 20 Seca ±5
30 – 50 Rapidamente plástica ± 10
60 – 90 Plástica ± 10
100 – 150 Fluida ± 20
≥ 160 Líquida ± 30

O processo de medição da consistência é através do ensaio de “slump” (NBR


7223:1998), no qual é utilizado um molde tronco-cônico preenchido com concreto.
Após a retirada deste molde é medido o seu abatimento.

2.2 Adensamento.

É feito por meio da aplicação de energia mecânica ao concreto. Tem a função de evitar
a formação de bolhas de ar, vazios e segregação de material, e fazer com que o concreto
preencha todos os cantos da forma.
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2.3 Características físicas.

2.3.1 Massa específica (item 8.2.2).

A norma NBR 6118:2003 se aplica a concretos de massa específica normal, que são
aqueles que, depois de secos em estufa, têm massa específica compreendida entre
2000 kg/m3 e 2800 kg/m3.

Se a massa específica real não for conhecida, para efeito de cálculo, pode-se adotar para
o concreto simples o valor 2400 kg/m3 e para o concreto armado 2500 kg/m3.

Quando se conhecer a massa específica do concreto utilizado, pode-se considerar para


valor da massa específica do concreto armado aquela do concreto simples acrescida de
100 kg/m3 a 150 kg/m3.

2.3.2 Coeficiente de dilatação térmica (item 8.2.3).

Para efeito de análise estrutural, o coeficiente de dilatação térmica pode ser admitido
como sendo igual a 10-5/°C.

2.4 Durabilidade.

Para garantir uma adequada durabilidade a uma estrutura de concreto armado, o


projetista deve considerar o nível de agressividade do meio ambiente onde a obra vai ser
executada, adotar um cobrimento mínimo de concreto e especificar parâmetros para a
dosagem do concreto tais como: relação a/c, módulo de elasticidade, dimensão máxima
do agregado graúdo e tipo de cimento.

2.5 Resistência à compressão.

Resistência característica à compressão (fck) de um concreto é o valor mínimo estatístico


acima do qual ficam situados 95% dos resultados experimentais. Este valor é baseado
numa curva de distribuição normal (figura 2.1), que mostra a resistência média (fcj = fm)
e a resistência característica do concreto à compressão (fck).

Figura 2.1: Conceito estatístico de resistência característica à compressão.


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A resistência de dosagem do concreto (fcj) deve atender às condições de variabilidade


prevalecente durante a construção. Esta variabilidade, medida pelo desvio-padrão Sd é
levada em conta no cálculo da resistência de dosagem, segundo a eq. 2.1:
f cj  f ck  1,65.S d (2.1)
onde:
 fcj é a resistência média do concreto à compressão, prevista para a idade de j
dias, em MPa;
 fck é a resistência característica do concreto à compressão, em MPa;
 Sd é o desvio padrão da dosagem, em MPa.

Se não for conhecido o desvio padrão Sd, o mesmo será dado em função das condições
de preparo (NBR 12655:1996):
 Sd = 4 MPa: para concreto preparado na condição A (classes C10 até C80):
controle de dosagem rigoroso;
 Sd = 5,5 MPa: para concreto preparado na condição B (classes C10 até C25):
controle de dosagem razoável;
 Sd = 7 MPa: para concreto preparado na condição C (classes C10 e C15):
controle de dosagem regular.

O ensaio de resistência à compressão é realizado em corpos-de-prova cilíndricos, com


dimensões de 10 cm de diâmetro da base por 20 cm de altura e 15 cm de diâmetro da
base por 30 cm de altura, de acordo com a norma NBR 5738:2003 (item 8.2.4).

Em países da Europa, o corpo-de-prova padronizado é o cúbico. O cúbico apresenta


uma resistência maior, satisfazendo a relação apresentada na eq. 2.2:
f cj ( cubo )  1,2 f cj (cilindro ) (2.2)

O valor da resistência à compressão, além de ser influenciado pela forma do corpo-de-


prova, também é influenciado pela velocidade de aplicação da carga e pelas condições
de topo (capeamento).

2.5.1 Classificação por grupos de resistência.

Os concretos são classificados em grupos de resistência, de acordo com a sua resistência


característica (fck), determinada a partir do ensaio de corpos-de-prova.

Grupos de resistência de concreto, segundo a NBR 8953:1992 (item 3.2):

Tabela 2.4: Classes de resistência segundo os grupos I eII.


Grupo I fck (MPa) Grupo II fck (MPa)
C10 10 C55 55
C15 15 C60 60
C20 20 C70 70
C25 25 C80 80
C30 30
C35 35
C40 40
C45 45
C50 50
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Segundo o item 8.2.1:


 A norma 6118:2003 se aplica a concretos compreendidos nas classes de
resistência do grupo I, indicadas na NBR 8953:1992, ou seja, até C50.
 A classe C20, ou superior, se aplica a concreto com armadura passiva e a classe
C25, ou superior, a concreto com armadura ativa. A classe C15 pode ser usada
apenas em fundações, conforme NBR 6122:1996, e em obras provisórias.

O concreto a ser especificado nos projetos, de acordo com NBR 6118:2003, deverá
apresentar uma resistência característica (fck) não inferior a 20 MPa. O concreto pré-
misturado deverá ser fornecido com base na resistência característica.

2.6 Resistência à tração.

O seu valor característico será estimado da mesma maneira que o concreto à


compressão, através da eq. 2.3:
f tk  f tj  1,65.S d (2.3)

Os processos experimentais mais utilizados para a determinação da resistência à tração


são:

 Ensaio de tração direta (ou axial):

O corpo-de-prova para ensaio de tração direta é apresentado na figura 2.2:

Figura 2.2: Corpo-de prova para ensaio de tração direta.

 Ensaio de tração na flexão (NBR 12142:1991):

Na figura 2.3 é mostrado o esquema do ensaio de tração na flexão.


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Figura 2.3: Ensaio de tração na flexão.

A resistência média a tração na flexão é dada pela eq. 2.4:


Pl
f ct , f  (2.4)
bd 2

 Ensaio de tração indireta ou tração por compressão diametral (NBR 7222:1994):

A figura 2.4 mostra o detalhe da execução do ensaio de compressão diametral.

Figura 2.4: Ensaio de tração por compressão diametral.

A resistência à tração por compressão diametral é dada por (eq. 2.5):


2P
f ct , sp  (2.5)
dL

Segundo o item 8.2.5, a resistência à tração direta (fct) pode ser considerada igual a
fct = 0,9 fct,sp ou fct = 0,7 fct,f ou, na falta de ensaios para obtenção de fct,sp e fct,f, pode ser
avaliado o seu valor médio ou característico por meio da eq. 2.6:
2/3
f ct ,m  0.3 f ck
f ctk ,inf  0.7 f ct ,m (2.6)
f ctk ,sup  1.3 f ct ,m
onde fct,m e fck são expressos em MPa.

2.7 Resistência de cálculo.

A resistência do concreto para fins de cálculo é minorada através de coeficientes de


ponderação, os quais têm por finalidade cobrir as incertezas que ainda não possam ser
tratadas pela estatística, tais como:
 incerteza quanto aos valores considerados para a resistência dos materiais
utilizados;
 erros cometidos quanto a geometria da estrutura e de suas seções;
 avaliação inexata das ações;
 hipóteses de cálculo consideradas que possam acarretar divergências entre os
valores calculados e as reais solicitações;
 avaliação da simultaneidade das ações.
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Os valores de cálculo da resistência do concreto à compressão e tração são os


respectivos valores característicos adotados para projeto, divididos pelo coeficiente de
ponderação no estado limite último (ELU), c, levando em conta:
 possíveis diferenças entre a resistência dos materiais na estrutura e aquelas
obtidas em ensaios padronizados;
 dispersão na qualidade dos materiais;
 imprecisões nas correlações de resistência utilizadas nos projetos.

As resistências de cálculo são expressas por (item 12.3.3):


 Para idade do concreto  28 dias (eq.2.7):
f f tk
f cd  ck ; f td  (2.7)
c c
 Para verificações em idades menores que 28 dias (eq. 2.8):
f
f cd  1 ck (2.8)
c

Na ausência de dados experimentais, pode-se adotar a eq. 2.9:


1
  
   28  2  
1  exp s 1     (2.9)
   t   
 
onde:
 s = 0,32 (cimento CP III e CP IV);
 s = 0,25 (cimento CP I e CP II);
 s = 0,20 (cimento CP V ARI).

Na tabela 2.5 é apresentada a evolução da resistência à compressão do concreto em


função do tipo de cimento.

Tabela 2.5: Fator de evolução da resistência à compressão do concreto.


Idade do concreto (dias) 3 7 28 90 360
Cimento Portland Comum 0,40 0,65 1,00 1,20 1,35
Cimento Portland de Alta Resistência 0,55 0,75 1,00 1,15 1,20

O coeficiente de ponderação c varia de acordo com a qualidade do concreto, sendo (de


acordo com o item 12.4.1):
 c = 1,4 (para combinações de ações normais);
 Para execução de elementos estruturais com más condições de transporte,
adensamento manual ou concretagem deficiente pela concentração de armadura
deve ser adotado c multiplicado por 1,1;
 Para elementos estruturais pré-moldados e pré-fabricados, deve ser consultada a
NBR 9062:2001;
 Admite-se, no caso de testemunhos extraídos da estrutura, dividir c por 1,1.

Para as combinações de ações propostas pela norma, o coeficiente de minoração da


resistência à compressão do concreto varia conforme descrito na tabela 2.6:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 11

Tabela 2.6: Valores do coeficiente γc (tabela 12.1 – NBR 6118:2003).


Combinações Fator γc
Normais 1.4
Especiais ou de construção 1.2
Excepcionais 1.2

2.8 Diagrama tensão – deformação.

O diagrama tensão – deformação do concreto tem uma dependência direta com a sua
resistência à compressão e com parâmetros de seus materiais constituintes. Exemplo de
como é a curva tensão – deformação do concreto é apresentado na figura 2.5:

Figura 2.5: Curva tensão – deformação do concreto.

Este diagrama é obtido de forma experimental para um concreto qualquer, ensaiando-se,


em laboratório, corpos-de-prova padronizados do material.

O diagrama tensão – deformação à compressão, a ser usado no cálculo, será suposto


como sendo o simplificado da figura 2.6, composto de uma parábola do 2o grau que
passa pela origem e tem seu vértice no ponto de abcissa 0,2% e ordenada 0,85fcd
(resistência de cálculo à compressão do concreto), representado pela eq 2.10:

2
  c  
 c  0,85. f cd .1  1    (2.10)
  0,002  
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 12

Figura 2.6: Diagrama tensão – deformação simplificado.

Segundo o item 8.2.10.1, para análises no estado limite último, podem ser empregados o
diagrama tensão-deformação idealizado mostrado na figura 2.6.

2.9 Módulo de elasticidade.

O módulo de elasticidade é um parâmetro que relaciona as tensões aplicadas sobre um


material com as deformações decorrentes desta carga.

Para análise, três módulos de elasticidade podem ser descritos (figura 2.7):
 Módulo de elasticidade tangente inicial: E ci  tg i ;
 Módulo de elasticidade secante: Ecs  tg s ;
 Módulo de elasticidade tangente: E ct  tg t .
Tensão

t

s

Deformação
i

Figura 2.7: Caracterização do módulo de elasticidade.

Segundo o item 8.2.8, o módulo de elasticidade deve ser obtido segundo ensaio descrito
na NBR 8522:2008, sendo considerado nesta norma o módulo de deformação tangente
inicial cordal a 30% fc, ou outra tensão especificada em projeto. Quando não forem
feitos ensaios e não existirem dados mais precisos sobre o concreto usado na idade de
28 dias, pode-se estimar o valor do módulo de elasticidade usando a eq. 2.11:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 13

E ci  5600. f ck (MPa) (2.11)

O módulo de elasticidade numa idade j ≥ 7 dias pode também ser avaliado através dessa
expressão, substituindo-se fck por fckj.

Quando for o caso, é esse o módulo de elasticidade a ser especificado em projeto e


controlado na obra.

O módulo de elasticidade secante a ser utilizado nas análises elásticas de projeto,


especialmente para determinação de esforços solicitantes e verificação de estados
limites de serviço, deve ser calculado pela eq. 2.12:
E cs  tg s  0,85.E ci (2.12)

Para tensões de compressão menores que 0,5 fc, pode-se admitir uma relação linear
entre tensões e deformações, adotando-se para módulo de elasticidade o valor secante
dado pela expressão constante na eq. 2.12.

Na avaliação do comportamento de um elemento estrutural ou seção transversal pode


ser adotado um módulo de elasticidade único, à tração e à compressão, igual ao módulo
de elasticidade secante (Ecs).

Na avaliação do comportamento global da estrutura e para o cálculo das perdas de


protensão, pode ser utilizado em projeto o módulo de elasticidade tangente inicial (Eci).

2.10 Coeficiente de Poisson.

Juntamente com as deformações longitudinais, ocorrem no concreto submetido à


compressão ou tração deformações transversais (efeito de Poisson), dadas pela eq. 2.13:
 transv
  (2.13)
 long
onde  é chamado de coeficiente de Poisson.

Para tensões de compressão menores que 0,5 fc e tensões de tração menores que fct, o
coeficiente de Poisson relativo às deformações elásticas no concreto pode ser
considerado igual a 0,20 e o módulo de elasticidade transversal Gc = 0,4Ecs (item 8.29).

2.11 Deformações.

O concreto pode apresentar deformações não só quando submetido a ações externas,


mas também devidas a variações das condições ambientais (denominadas deformações
próprias).

2.11.1 Retração.

É a redução de volume do concreto provocada pela perda de água existente em seu


interior através da evaporação. Para reduzir o efeito da retração no concreto dispõe-se
de algumas alternativas:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 14

 Aumentar o tempo de cura do concreto, para evitar a evaporação prematura da


água necessária à hidratação do cimento;
 Prever junta de movimentação, provisória ou definitiva.

Conforme item 11.3.3.1, a variação linear devido à retração do concreto em obras


correntes de concreto armado será calculada pela eq. 2.14 (peças com dimensões entre
10 e 100 cm em ambientes com Ur  75 %):
Lr   cs .L (2.14)
onde: cs = -15x10 -5.

2.11.2 Deformações devidas às cargas externas.

2.11.2.1 Deformação imediata.

Observada no ato de aplicação das cargas externas, onde o esforço interno é absorvido
parte pelo esqueleto sólido do concreto e parte pela água confinada nos poros. A
deformação imediata pode ser calculada pela eq. 2.15:
Li   ci .L (2.15)
onde ci = deformação imediata unitária.

2.11.2.2 Deformação lenta.

Observada no decorrer do tempo, em concretos submetidos a cargas permanentes. A


água dos poros saturados se desloca e transfere o esforço que ela absorvia inicialmente
para o esqueleto sólido, aumentando a deformação inicial. A água que chega na
superfície evapora, aumentando as tensões nos poros capilares, parcialmente
preenchidos com água, e assim aumentado ainda mais as deformações.

A deformação lenta é dada por (eq. 2.16):


Lc   cc .L (2.16)
onde cc = deformação lenta unitária.

A deformação total na estrutura é dada pela eq. 2.17:


Lct  Li  Lc
(2.17)
 ct   ci   cc
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 15

3 – CONSIDERAÇÕES SOBRE O AÇO.

O aço é utilizado em estruturas principalmente para suprir a baixa resistência à tração


apresentada pelo concreto.

No entanto, como o aço resiste bem tanto a tração quanto à compressão, poderá
absorver esforços também em regiões comprimidas do concreto.

Os aços para concreto armado são fornecidos sob a forma de barras e fios de seção
circular, com propriedades e dimensões padronizadas pela norma NBR 7480:1996.

O aço é caracterizado pelo diâmetro nominal (), que corresponde ao valor, em


milímetros, do diâmetro da seção transversal do fio ou da barra.

3.1 Classificação.

Os aços para concreto armado são classificados de acordo com a sua bitola, sua
resistência característica à tração e o processo empregado em sua fabricação.

Os dois tipos de materiais produzidos são:


 Barras os produtos de diâmetro nominal 5,0 ou superior, obtidos exclusivamente
por laminação a quente;
 Fios aqueles de diâmetro nominal 10,0 ou inferior, obtidos por trefilação ou
processo equivalente.

De acordo com o valor característico da resistência de escoamento, as barras de aço são


classificadas nas categorias CA-25 e CA-50 e os fios de aço na categoria CA-60.

3.2 Curva tensão – deformação.

3.2.1 Barras de aço.

As barras apresentam diagrama tensão x deformação apresentado na figura 3.1,


mostrando o limite de escoamento/proporcionalidade (A), o limite de resistência (B) e o
limite de ruptura (C).
Tensão

B
fm
C

f yk A

Deformação

Figura 3.1: Curva tensão – deformação de barras de aço.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 16

3.2.2 Fios de aço.

Este tipo de aço não apresenta nos ensaios patamar de escoamento bem definido. O
limite de escoamento é estabelecido convencionalmente como sendo a tensão que
produz uma deformação permanente de 0,2 %.

Os fios apresentam diagrama tensão x deformação conforme figura 3.2, onde “A”
representa o limite de proporcionalidade, “B” o limite escoamento, “C” o limite de
resistência, e “D” o limite de ruptura.

Tensão

C
fm
D
B
fyk

fyp A

0,2%
Deformação

Figura 3.2: Curva tensão – deformação para fios de aço.

3.3 Designação.

A designação dos aços para concreto armado deve apresentar a sigla CA, seguida da
resistência característica de escoamento. Exemplo: CA-50 – CA: iniciais de concreto
armado; 50: resistência característica de escoamento em kN/cm2 (fyk = 500 MPa).

3.4 Massa, comprimento e tolerância.

Nos projetos de estruturas de concreto armado deve ser utilizado aço classificado pela
NBR 7480:1996 com o valor característico da resistência de escoamento nas categorias
CA-25, CA-50 e CA-60. Os diâmetros e seções transversais nominais devem ser os
estabelecidos na NBR 7480:1996 (item 8.3.1).

A massa real das barras deve ser igual à sua massa nominal, com tolerância de  6 %
para diâmetro igual ou superior a 10,0 mm e de  10 % para diâmetro inferior a
10,0 mm.

A massa nominal é obtida multiplicando-se o comprimento da barra ou do fio pela área


da seção nominal e por 7,85 kg/dm3.

O comprimento normal de fabricação das barras e fios é de 11m e a tolerância de


comprimento é de 9 %.

Na tabela 3.1 é apresentada as características de fios e barras, segundo a NBR


7480:1996.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 17

Tabela 3.1: Características dos fios e barras (Tabela 1 – NBR 7480:1996).


DIÂMETRO
NOMINAL VALORES NOMINAIS
(mm)
MASSA POR
ÁREA DA SEÇÃO COMPRIMENTO PERÍMETRO
FIOS BARRAS
(mm2) (kg/m) (mm)
3,4 9,1 0,071 10,7
4,2 13,9 0,109 13,2
5,0 5,0 19,6 0,154 17,5
6,0 - - - -
- 6,3 31,2 0,245 19,8
8,0 8,0 50,3 0,395 25,1
10,0 10,0 78,5 0,617 31,4
12,5 122,7 0,905 39,3
16,0 201,1 1,578 50,3
20,0 314,2 2,466 62,8
25,0 490,9 3,853 78,5
32,0 804,2 6,313 100,5
40,0 1256,6 9,865 125,7

3.5 Marcação.

Os fios e barras podem ser lisos ou providos de saliências ou mossas.

Barras nervuradas: devem apresentar marcas de laminação em relevo, identificando o


produtor, com registro no INPI, a categoria do material e o respectivo diâmetro nominal.

Fios e barras lisas: deve ser feita por etiqueta ou marcas em relevo.

3.6 Propriedades físicas.

Pode-se adotar para massa específica do aço de armadura passiva o valor de


7850 kg/m3 (item 8.3.3).

O valor 10-5/°C pode ser considerado para o coeficiente de dilatação térmica do aço,
para intervalos de temperatura entre – 20°C e 150°C (item 8.3.4).

3.7 Resistência à tração.

O valor da resistência característica do aço (fyk) é o valor mínimo estatístico acima do


qual ficam situados 95% dos resultados experimentais. O conceito é o mesmo
apresentado para o concreto.

A resistência característica do aço é a mesma para tração e compressão, desde que seja
afastado o perigo de flambagem.

A resistência de cálculo do aço é obtida através da aplicação de coeficientes de


minoração pelas mesmas razões já apresentadas para o concreto.

Destaca-se para a aplicação dos coeficientes de minoração o problema da oxidação do


aço antes do seu uso e precisão geométrica das armaduras.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 18

No entanto, os valores são menores que os empregados para o concreto, já que o


processo de fabricação do aço apresenta um controle de qualidade superior.

Para fins de projeto usa-se (eq. 3.1):


f yk ; f yck (3.1)
f 
yd f
ycd
s s

Em geral o coeficiente de minoração s (ou de ponderação) vale: s = 1,15. Para outras


combinações de carregamento, o coeficiente de minoração é dado pela tabela 3.2:

Tabela 3.2: Valores do coeficiente γs (tabela 12.1 – NBR 6118:2003).


Combinações Fator γc
Normais 1.15
Especiais ou de construção 1.15
Excepcionais 1.0

Em obras de pequena importância, admite-se o emprego do aço CA 25 sem realização


do controle de qualidade estabelecido na NBR 7480:1996, desde que se utilize nos
cálculo 1,1s.

Um resumo com os valores característicos e de cálculo são apresentados na tabela 3.3.

Tabela 3.3: Tensão de escoamento dos aços para concreto armado.


Aço fyk (MPa) fyd (MPa)
CA – 25 250 217
CA – 50 500 435
CA – 60 600 522

3.8 Diagrama tensão x deformação simplificado.

Para cálculo nos estados limites de serviço e último pode-se utilizar o diagrama
simplificado para os aços com ou sem patamar de escoamento.

Este diagrama é válido para intervalos de temperatura entre –20o C e 150 o C e pode ser
aplicado para tração e compressão.

Na falta de ensaios ou valores fornecidos pelo fabricante, o módulo de elasticidade do


aço pode ser admitido igual a 210 GPa (item 8.3.5).

Na figura 3.2 é apresentado o diagrama tensão x deformação simplificado para a


aplicação de projeto.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 19

Figura 3.2: Diagrama tensão - deformação simplificado do aço.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 20

4 – SEGURANÇA ESTRUTURAL.

Na engenharia estrutural, a estrutura de uma edificação é considerada segura quando


atende, simultaneamente, aos seguintes requisitos:
 Mantém durante a sua vida útil as características originais do projeto;
 Em condições normais de utilização, não apresenta aparência que cause
inquietação aos usuários, nem falsos sinais de alarmes que lancem suspeitas
sobre sua segurança;
 Sob utilização indevida, deve apresentar sinais visíveis – deslocamentos e
fissuras – de aviso de eventuais estados de perigo.

4.1 Estados Limites.

Estados que caracterizam o uso da estrutura, e classificam, por razões de segurança,


funcionalidade ou estética, desempenho fora dos padrões especificados para sua
utilização normal ou interrupção de funcionamento em razão da ruína de um ou mais de
seus componentes.

Os estados limites podem se referir à estrutura como um todo, elementos estruturais ou


a regiões locais de elementos.

4.1.1 Estado Limite Último (ELU).

Relacionado ao colapso, ou a qualquer outra forma de ruína estrutural, que determine a


paralisação do uso da estrutura, a segurança das estruturas de concreto deve sempre ser
verificada em relação aos seguintes estados limites últimos (item 10.3):
 a) estado limite último da perda do equilíbrio da estrutura, admitida como corpo
rígido;
 b) estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no
seu todo ou em parte, devido às solicitações normais e tangenciais, admitindo-se
a redistribuição de esforços internos, desde que seja respeitada a capacidade de
adaptação plástica e admitindo-se, em geral, as verificações separadas das
solicitações normais e tangenciais; todavia, quando a interação entre elas for
importante, ela estará explicitamente indicada nesta Norma;
 c) estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no
seu todo ou em parte, considerando os efeitos de segunda ordem;
 d) estado limite último provocado por solicitações dinâmicas;
 e) estado limite último de colapso progressivo;
 f) outros estados limites últimos que eventualmente possam ocorrer em casos
especiais.

Atingido o ELU, a estrutura esgota sua capacidade resistente, e a utilização posterior da


edificação só será possível após a realização de obras de reparo, reforço ou mesmo
substituição da estrutura.

4.1.2 Estado Limite de Serviço (ELS).

Relacionados à durabilidade das estruturas, aparência, conforto do usuário e à boa


utilização funcional das mesmas.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 21

Atingindo o ELS, a estrutura apresenta um desempenho fora dos padrões, mais sem
risco iminente de ruína no sistema. Exemplos: Flechas excessivas em lajes ou vigas,
fissuração inaceitável, vibração excessiva, recalques diferenciais elevados, etc.

4.2 Métodos de cálculo.

Dimensionar uma estrutura de concreto significa definir as dimensões das peças e as


armaduras correspondentes, a fim de garantir uma margem de segurança prefixada aos
estados limites últimos e um comportamento adequado aos estados limites de serviço,
tendo em vista os fatores condicionantes de economia e durabilidade.

Os métodos de dimensionamento são:


 Métodos das tensões admissíveis: A segurança é verificada pela comparação das
tensões máximas devido aos carregamentos com as tensões admissíveis dos
materiais empregados;
 Método dos estados limites: As solicitações são majoradas e os esforços
resistentes das seções são minorados por coeficientes de segurança.

A NBR 6118:2003 adota método dos estados limites em conjunto com o método
probabilístico, no qual as variáveis são tratadas estatisticamente ou fixadas por norma,
sendo chamado de método semi-probabilístico, devido à impossibilidade de dar
tratamento estatístico pleno a todas as grandezas de interesse para a segurança
estrutural.

4.3 Ações e solicitações.

Algumas definições:
 Ação: qualquer influência que possa gerar estados de tensão na estrutura;
 Solicitação: qualquer esforço que surge decorrente das ações que atuam na
estrutura.

Nas estruturas, a influência de todas as ações que possam produzir algum efeito para a
segurança da estrutura deve ser considerada.

As ações são classificadas em: permanentes, variáveis e excepcionais.

4.3.1 Ações permanentes.

Ações permanentes são as que ocorrem com valores praticamente constantes durante
toda a vida da construção. Também são consideradas como permanentes as ações que
crescem no tempo, tendendo a um valor limite constante.

As ações permanentes devem ser consideradas com seus valores representativos mais
desfavoráveis para a segurança.

4.3.1.1 Ações permanentes diretas.

As ações permanentes diretas são constituídas pelo peso próprio da estrutura e pelos
pesos dos elementos construtivos fixos e das instalações permanentes.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 22

 Peso próprio.

Nas construções correntes admite-se que o peso próprio da estrutura seja avaliado
conforme 8.2.2.

Concretos especiais devem ter sua massa específica determinada experimentalmente em


cada caso particular (ver NBR 12654:1992) e o efeito da armadura avaliado conforme
8.2.2.

 Peso dos elementos construtivos fixos e de instalações permanentes.

As massas específicas dos materiais de construção correntes podem ser avaliadas com
base nos valores indicados na NBR 6120:1980 (ver anexo 5).

Os pesos das instalações permanentes são considerados com os valores nominais


indicados pelos respectivos fornecedores.

 Empuxos permanentes.

Consideram-se como permanentes os empuxos de terra e outros materiais granulosos


quando forem admitidos não removíveis.

Como representativos devem ser considerados os valores característicos fk.sup ou fk.inf


conforme a NBR 8681:1984.

4.3.1.2 Ações permanentes indiretas.

As ações permanentes indiretas são constituídas pelas deformações impostas por


retração e fluência do concreto, deslocamentos de apoio, imperfeições geométricas e
protensão.

 Retração do concreto.

A deformação específica de retração do concreto pode ser calculada conforme indica o


anexo A (NBR 6118:2003).

 Fluência do concreto.

As deformações decorrentes da fluência do concreto podem ser calculadas conforme


indicado no anexo A.

Nos casos em que a tensão c(t0) não varia significativamente, permite-se que essas
deformações sejam calculadas simplificadamente pela eq. 4.1:
 1  (t  , t 0 ) 
 c (t  , t 0 )   c (t 0 )    (4.1)
 Eci (t 0 ) E ci (28) 
onde:
 c (t  , t 0 ) é a deformação específica total do concreto entre os instantes t0 e t;
 c (t 0 ) é a tensão no concreto devido ao carregamento aplicado em t0;
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 23

 (t  , t 0 ) é o limite para o qual tende o coeficiente de fluência provocado por


carregamento aplicado em t0.

O valor de c (t∞, t0) pode ser calculado por interpolação da tabela 8.1 (NBR
6118:2003). Essa tabela fornece o valor característico superior de c(t∞, t0) em algumas
situações usuais.

O valor característico inferior de c(t∞, t0) é considerado nulo.

 Deslocamentos de apoio.

Os deslocamentos de apoio só devem ser considerados quando gerarem esforços


significativos em relação ao conjunto das outras ações, isto é, quando a estrutura for
hiperestática e muito rígida.

O deslocamento de cada apoio deve ser avaliado em função das características físicas do
correspondente material de fundação. Como representativos desses deslocamentos,
devem ser considerados os valores característicos superiores, calculados com avaliação
pessimista da rigidez do material de fundação, correspondente, em princípio, ao quantil
5% da respectiva distribuição de probabilidade.

Os valores característicos inferiores podem ser considerados nulos.

O conjunto desses deslocamentos constitui-se numa única ação, admitindo-se que todos
eles sejam majorados pelo mesmo coeficiente de ponderação.

4.3.2 Ações variáveis.

4.3.2.1 Ações variáveis diretas.

As ações variáveis diretas são constituídas pelas cargas acidentais previstas para o uso
da construção, pela ação do vento e da chuva, devendo-se respeitar as prescrições feitas
por Normas Brasileiras específicas.

Cargas acidentais previstas para o uso da construção correspondem normalmente a:


cargas verticais de uso da construção; cargas móveis, considerando o impacto vertical;
impacto lateral; força longitudinal de frenação ou aceleração; força centrífuga.

Essas cargas devem ser dispostas nas posições mais desfavoráveis para o elemento
estudado, ressalvadas as simplificações permitidas por Normas Brasileiras específicas.

 Ação do vento.

Os esforços devidos à ação do vento devem ser considerados e recomenda-se que sejam
determinados de acordo com o prescrito pela NBR 6123:1988, permitindo-se o emprego
de regras simplificadas previstas em Normas Brasileiras específicas.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 24

 Ação da água.

O nível d'água adotado para cálculo de reservatórios, tanques, decantadores e outros


deve ser igual ao máximo possível compatível com o sistema de extravasão,
considerando apenas o coeficiente γf = γf3 = 1,1 (ver 11.7 e 11.8 – NBR 6118:2003).
Nas estruturas em que a água de chuva possa ficar retida deve ser considerada a
presença de uma lâmina de água correspondente ao nível da drenagem efetivamente
garantida pela construção.

 Ações variáveis durante a construção.

As estruturas em que todas as fases construtivas não tenham sua segurança garantida
pela verificação da obra pronta devem ter, incluídas no projeto, as verificações das fases
construtivas mais significativas e sua influência na fase final.

A verificação de cada uma dessas fases deve ser feita considerando a parte da estrutura
já executada e as estruturas provisórias auxiliares com os respectivos pesos próprios.
Além disso devem ser consideradas as cargas acidentais de execução.

4.3.2.2 Ações variáveis indiretas.

 Variações uniformes de temperatura.

A variação da temperatura da estrutura, causada globalmente pela variação da


temperatura da atmosfera e pela insolação direta, é considerada uniforme. Ela depende
do local de implantação da construção e das dimensões dos elementos estruturais que a
compõem.

De maneira genérica podem ser adotados os seguintes valores:


a) para elementos estruturais cuja menor dimensão não seja superior a 50 cm, deve
ser considerada uma oscilação de temperatura em torno da média de 10ºC a 15ºC;
b) para elementos estruturais maciços ou ocos com os espaços vazios inteiramente
fechados, cuja menor dimensão seja superior a 70 cm, admite-se que essa oscilação
seja reduzida respectivamente para 5ºC a 10ºC;
c) para elementos estruturais cuja menor dimensão esteja entre 50 cm e 70 cm
admite-se que seja feita uma interpolação linear entre os valores acima indicados.

A escolha de um valor entre esses dois limites pode ser feita considerando 50% da
diferença entre as temperaturas médias de verão e inverno, no local da obra.

Em edifícios de vários andares devem ser respeitadas as exigências construtivas


prescritas por esta Norma para que sejam minimizados os efeitos das variações de
temperatura sobre a estrutura da construção.

 Variações não uniformes de temperatura.

Nos elementos estruturais em que a temperatura possa ter distribuição


significativamente diferente da uniforme, devem ser considerados os efeitos dessa
distribuição. Na falta de dados mais precisos, pode ser admitida uma variação linear
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 25

entre os valores de temperatura adotados, desde que a variação de temperatura


considerada entre uma face e outra da estrutura não seja inferior a 5ºC.

4.3.3 Ações excepcionais.

No projeto de estruturas sujeitas a situações excepcionais de carregamento, cujos efeitos


não possam ser controlados por outros meios, devem ser consideradas ações
excepcionais com os valores definidos, em cada caso particular, por Normas Brasileiras
específicas.

4.4 Combinação de ações.

A NBR 6118:2003 considera os coeficientes g, q, , respectivamente, para as ações
permanentes, variáveis diretas e para os efeitos das deformações impostas.

Em estruturas de concreto armado de edificações comuns, a combinação última pode ser


definida por (eq. 4.2):
Fd   g Fgk   q Fqk    Fk (4.2)
onde: Fgk = ações permanentes diretas (peso próprio, equipamentos fixos); Fqk = ações
variáveis diretas (sobrecargas de utilização); Fk = ações indiretas em razão de
deformações impostas a estrutura.

Para cálculos no estado limite último de estruturas comuns, os esforços de cálculo são
obtidos diretamente da multiplicação dos esforços característicos das ações permanentes
e variáveis pelo fator 1,4.

A norma NBR 6118:2003 relata que as cargas devem ser combinadas. As combinações
são classificadas em combinações últimas normais, especiais ou de construção e
excepcionais. São elas:

 Combinações últimas normais

Em cada combinação devem estar incluídas as ações permanentes e a ação


variável principal, com seus valores característicos e as demais ações variáveis,
consideradas como secundárias, com seus valores reduzidos de combinação, conforme
NBR 8681:2003.

 Combinações últimas especiais ou de construção

Em cada combinação devem estar presentes as ações permanentes e a ação


variável especial, quando existir, com seus valores característicos e as demais ações
variáveis com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea, com seus valores
reduzidos de combinação, conforme NBR 8681:2003.

 Combinações últimas excepcionais

Em cada combinação devem figurar as ações permanentes e a ação variável


excepcional, quando existir, com seus valores representativos e as demais ações
variáveis com probabilidade não desprezível de ocorrência simultânea, com seus valores
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 26

reduzidos de combinação, conforme NBR 8681:2003. Nesse caso se enquadram, entre


outras, sismo, incêndio e colapso progressivo.

Tabela 4.1: Coeficientes de majoração das ações (tabela 11.1 – NBR 6118:2003).

Tabela 4.2: Coeficientes redutores de ações variáveis secundárias (tabela 11.2 – NBR
6118:2003).
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 27

Tabela 4.3: Combinações últimas (tabela 11.3 – NBR 6118:2003).

Tabela 4.4: Combinações de serviço (tabela 11.4 – NBR 6118:2003).


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 28

4.5 Exercícios propostos.

1. Qual o valor do momento de cálculo que deve ser considerado para determinar a área
de aço em uma seção transversal de uma viga em que se conhecem os valores dos
momentos característicos:
Carga permanente: 12 kN.m
Sobrecarga permanente: 3 kN.m
Carga acidental vertical de uso: 6 kN.m
Ação do vento: -3 kN.m e 1 kN.m
Recalque de apoio: 1,5 kN.m

2. Uma viga de edifício comercial está sujeita a momentos fletores oriundos de


diferentes cargas:
Peso próprio da estrutura = 10 kN.m;
Peso dos outros componentes permanentes = 50 kN.m;
Ocupação da estrutura = 30 kN.m;
Vento = 20 kN.m.

3. Calcular o momento máximo de solicitação de uma viga com carga distribuída em


todo o comprimento com vão entre apoios de 4 m e um trecho em balanço de 2m,
sabendo que:
Peso próprio da viga = 1,5 kN/m;
Peso próprio do estrado de madeira (GV) = 3,0 kN/m;
Sobrecarga = 20 kN/m.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 29

5 – DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO.

Exigência de que as estruturas de concreto sejam projetadas e construídas de modo que


conservem a segurança, estabilidade e comportamento adequado quando expostas as
condições ambientais e quando utilizadas de forma estabelecida em projeto.

Vida útil é o período em que a estrutura mantém suas características, atendidos os


critérios de uso e manutenção prescritos pelo projetista.

5.1 Agressividade do meio ambiente.

Principal fator responsável pela perda de qualidade e durabilidade.

A agressividade do meio ambiente está relacionada às ações físicas e químicas que


atuam sobre as estruturas de concreto, independentemente das ações mecânicas, das
variações volumétricas de origem térmica, da retração hidráulica e outras previstas no
dimensionamento das estruturas de concreto (item 6.4.1).

Na tabela 5.1 estão listadas as classes de agressividade ambiental, segundo a NBR


6118:2003:

Tabela 5.1: Classe de agressividade ambiental (tabela 6.1 – NBR 6118).


Classificação geral
Classe de Risco de
do tipo de ambiente
agressividade Agressividade deterioração da
para efeito de
ambiental estrutura
projeto
Rural
I Fraca Insignificante
Submersa
II Moderada Urbana1,2 Pequeno
Marinha1
III Forte Grande
Industrial1,2
Industrial1,3
IV Muito forte Elevado
Respingos da maré
1) Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) para
ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros, cozinhas e áreas de serviço de apartamentos
residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).
2) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nível acima) em: obras em regiões de clima
seco,com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em ambientes
predominantemente secos, ou regiões onde chove raramente.
3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indústrias de
celulose e papel, armazéns de fertilizantes, indústrias químicas.

Segundo o item 6.4.3, o responsável pelo projeto estrutural, de posse de dados relativos
ao ambiente em que será construída a estrutura, pode considerar classificação mais
agressiva que a estabelecida na tabela 5.1.

De acordo com a classe de agressividade, fixa-se a relação água/cimento máxima e a


classe do concreto máxima, de acordo com a tabela 5.2:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 30

Tabela 5.2: Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto


(tabela 7.1 – NBR 6118:2003)
Classe de agressividade
Concreto Tipo
I II III IV
Relação CA 0,65 0,60 0,55 0,45
água/cimento em
CP 0,60 0,55 0,50 0,45
massa
Classe de CA C20 C25 C30 C40
concreto (ABNT
CP C25 C30 C35 C40
NBR 8953)
NOTAS:
1 O concreto empregado na execução das estruturas deve cumprir com os requisitos estabelecidos na
NBR 12655.
2 CA corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto armado.
3 CP corresponde a componentes e elementos estruturais de concreto protendido.

5.2 Proteção e Cobrimento.

Entre os fatores dos quais dependem a durabilidade do concreto armado são


fundamentais a qualidade e a espessura do concreto de cobrimento das armaduras.

Para atender aos requisitos estabelecidos da norma NBR 6118:2003, o cobrimento


mínimo da armadura é o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o
elemento considerado e que se constitui num critério de aceitação (item 7.4.7.1).

Cobrimento mínimo é a menor distância livre entre uma face da peça e a camada de
barras mais próximas desta face (inclusive estribos). Sua finalidade é proteger as barras
tanto da corrosão quanto do fogo.

O cobrimento mínimo deve ser garantido utilizando um cobrimento nominal (Cnom)


acrescido de uma tolerância de execução (∆C). O valor de ∆C deve ser maior ou igual a
10 mm (item 7.4.7.3).

Na tabela 5.3 são apresentados os valores dos cobrimentos nominais em função da


classe de agressividade ambiental do meio.

Tabela 5.3: Correspondência entre classe de agressividade ambiental e


cobrimento nominal para Δc = 10mm (tabela 7.2 – NBR 6118:2003).
Tipo de estrutura Componente Classe de agressividade ambiental
ou elemento (cobrimento nominal em mm)
I II III IV
Concreto armado Laje 20 25 35 45
Viga / Pilar 25 30 40 50
Concreto protendido Todos 30 35 45 55
1) Cobrimento nominal da armadura passiva que envolve a bainha ou os fios, cabos e cordoalhas, sempre
superior ao especificado para o elemento de concreto armado, devido aos riscos de corrosão fragilizante sob
tensão.
2) Para a face superior de lajes e vigas que serão revestidas com argamassa de contrapiso, com
revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e acabamento tais como
pisos de elevado desempenho, pisos cerâmicos, pisos asfálticos e outros tantos, as exigências desta tabela
podem ser substituídas por 7.4.7.5, respeitado um cobrimento nominal ≥ 15 mm.
3) Nas faces inferiores de lajes e vigas de reservatórios, estações de tratamento de água e esgoto, condutos
de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes química e intensamente agressivos, a
armadura deve ter cobrimento nominal ≥ 45 mm.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 31

Quando houver um adequado controle de qualidade e rígidos limites de tolerância da


variabilidade das medidas durante a execução pode ser adotado o valor Δc = 5 mm, mas
a exigência de controle rigoroso deve ser explicitada nos desenhos de projeto. Permite-
se, então, a redução dos cobrimentos nominais prescritos na tabela 7.2 em 5 mm (item
7.4.7.4).

Os cobrimentos nominais e mínimos estão sempre referidos à superfície da armadura


externa, em geral à face externa do estribo. O cobrimento nominal de uma determinada
barra deve sempre ser calculados pela eq. 5.1 (item 7.4.7.5):
cnom   barra;
(5.1)
cnom   feixe   n   n

Segundo o item 7.4.7.6, a dimensão máxima característica do agregado graúdo utilizado


no concreto não pode superar em 20% a espessura nominal do cobrimento, ou seja,
φmax ≤ 1,2 cnom.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 32

6 – CONCEPÇÃO ESTRUTURAL.

A estrutura é definida como conjunto das partes consideradas resistentes de uma


edificação.

As estruturas são definidas com base no critério geométrico. Podem-se destacar os


principais elementos como descrito na figura 6.1:

Figura 6.1: Elementos para análise estrutural.

Destacam-se:

Elementos Lineares: Comprimento longitudinal supera em pelo menos três vezes a


maior dimensão da seção transversal.
 Vigas: Elementos em que a flexão é preponderante;
 Pilares: Elementos lineares de eixo reto, disposto na vertical, submetido a forças
normais de compressão;
 Tirantes: Elementos lineares de eixo reto submetidos a esforços normais de
tração.

Elementos de Superfície: Elementos em que uma dimensão (espessura) é relativamente


pequena em face às demais.
 Placas: Elemento plano sujeita a ações normais a seu plano (lajes).

Na figura 6.2 são expostas situações estruturais onde há a presença dos três tipos de
elementos estruturais.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 33

Figura 6.2: Esquemas estruturais e seus elementos.

6.1 Considerações básicas sobre concepção estrutural.

Concepção estrutural: Comumente chamada de lançamento da estrutura consiste em


escolher um sistema estrutural que constitua a parte resistente do edifício, capaz de
absorver todos os esforços e transmiti-los à fundação.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 34

No projeto estrutural, devem ser observados os critérios normativos para ser assegurado
o (a):
 Capacidade resistente (segurança);
 Desempenho em serviço (utilização);
 Durabilidade (vida útil).

Ser harmônico com os demais projetos.

A definição da forma estrutural parte da localização dos pilares, seguindo com o


posicionamento das vigas e das lajes, nessa ordem, sempre levando em conta a
compatibilização com o projeto arquitetônico.

6.2 Componentes de um projeto.

Como componentes de um projeto de uma edificação são necessários os seguintes


projetos:

Projeto arquitetônico:
 Plantas de localização e situação;
 Plantas baixas;
 Cortes, fachadas e detalhes arquitetônicos.

Projeto Estrutural:
 Locação e carga dos pilares;
 Fundações: blocos de estaca, sapatas, vigas baldrames;
 Plantas de fôrma e cortes estruturais;
 Plantas de Armaduras: pilares, lajes, vigas, reservatórios, escadas;
 Projeto de fôrmas (escoramento)

Projetos de Instalações:
 Hidráulicas (água e esgoto);
 Elétricas;
 Telefônicas;
 Ar condicionado;
 Incêndio;

Além dos projetos básicos, são necessárias informações adicionais que devem constar
para o projeto, a saber:
 Memória de cálculo;
 Legendas, escalas, cotas e dimensões nos desenhos (plantas);
 Quadros de armadura;
 Especificações: cobrimentos, tipo de aço, resistência à compressão e tipo do
concreto, finalidade da edificação (cargas), relação água/cimento, módulo de
elasticidade do concreto, etc.

6.3 Sistemas estruturais.

Nos edifícios usuais empregam-se lajes maciças ou nervuradas, moldadas no local, pré-
fabricadas ou ainda parcialmente pré-fabricadas.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 35

Pode ser aplicada protensão, para vencer grandes vãos, para melhorar o desempenho da
estrutura, seja em termos de resistência, seja para controle de deformações ou de
fissuração.

Alternativamente, podem ser utilizadas lajes sem vigas, apoiadas diretamente sobre os
pilares, com ou sem capitéis, casos em que são denominadas lajes-cogumelo, e lajes
planas ou lisas, respectivamente.

No alinhamento dos pilares, podem ser consideradas vigas embutidas, com altura
considerada igual à espessura das lajes, sendo também denominadas vigas-faixa.

A escolha do sistema estrutural depende de fatores técnicos e econômicos, dentre eles:


capacidade do meio técnico para desenvolver o projeto e para executar a obra, e
disponibilidade de materiais, mão-de-obra e equipamentos necessários para a execução.

Nos casos de edifícios residenciais e comerciais, a escolha do tipo de estrutura é


condicionada, essencialmente, por fatores econômicos, pois as condições técnicas para
projeto e construção são de conhecimento da Engenharia de Estruturas e de Construção.

6.4 Ações.

As ações verticais são constituídas por: peso próprio dos elementos estruturais; pesos de
revestimentos e de paredes divisórias, além de outras ações permanentes; ações
variáveis decorrentes da utilização, cujos valores vão depender da finalidade do edifício,
e outras ações específicas, como por exemplo, o peso de equipamentos.

As ações horizontais, onde não há ocorrência de abalos sísmicos, constituem-se,


basicamente, da ação do vento e do empuxo em subsolos.

As ações verticais tem início nas lajes, que suportam, além de seus pesos próprios,
outras ações permanentes e as ações variáveis de uso, incluindo, eventualmente, peso de
paredes que se apóiem diretamente sobre elas.

As lajes transmitem essas ações para as vigas, através das reações de apoio. As vigas
suportam seus pesos próprios, as reações provenientes das lajes, peso de paredes e,
ainda, ações de outros elementos que nelas se apóiem, como, por exemplo, as reações de
apoio de outras vigas.

Em geral as vigas trabalham à flexão e ao cisalhamento e transmitem as ações para os


elementos verticais − pilares e paredes estruturais − através das respectivas reações.

Os pilares e as paredes estruturais recebem as reações das vigas que neles se apóiam, as
quais, juntamente com o peso próprio desses elementos verticais, são transferidas para
os andares inferiores e, finalmente, para o solo, através dos respectivos elementos de
fundação.

As ações horizontais devem igualmente ser absorvidas pela estrutura e transmitidas para
o solo de fundação.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 36

O vento, principal ação horizontal atuante nas edificações usuais, tem início nas paredes
externas do edifício e é resistido por elementos verticais de grande rigidez, tais como
pórticos, paredes estruturais e núcleos, que formam a estrutura de contraventamento.

As lajes exercem importante papel na distribuição dos esforços decorrentes do vento


entre os elementos de contraventamento, pois possuem rigidez praticamente infinita no
seu plano, promovendo, assim, o travamento do conjunto.

6.5 Posição dos pilares.

Recomenda-se iniciar a localização dos pilares pelos cantos e, a partir daí, pelas áreas
que geralmente são comuns a todos os pavimentos (área de elevadores e de escadas) e
onde se localizam, na cobertura, a casa de máquinas e o reservatório superior. Em
seguida, posicionam-se os pilares de extremidade e os internos, buscando embuti-los
nas paredes ou procurando respeitar as imposições do projeto de arquitetura.

Formar pórticos, alinhando as vigas com os pilares, de forma a contribuir na


estabilidade global.

Dispor pilares com distância entre eixos de 4 m a 6 m, devido a duas considerações:


pilares próximos geram problemas decorrentes da interferência das fundações; pilares
muito distantes acarretam vigas com maiores dimensões, acarretando um aumento do
esforço decorrente do peso próprio.

Verificar a interferência que os pilares do pavimento tipo geram nos demais pavimentos
da edificação.

Na impossibilidade de compatibilizar a distribuição dos pilares entre os diversos


pavimentos, pode haver a necessidade de um pavimento de transição.

6.6 Posições de vigas e lajes.

Devem ser adotadas vigas para dividir painéis de lajes de grandes dimensões ou para
suportar o peso de paredes que esteja apoiadas sobre as lajes.

Adotar larguras de vigas em função da largura das alvenarias. As alturas das vigas ficam
limitadas pela necessidade de prever espaços livres para aberturas de portas e de janelas.

O ideal é que todas elas tenham a mesma altura, para simplificar o cimbramento.

Em edifícios residenciais, é conveniente que as alturas das vigas não ultrapassem 60cm,
para não interferir nos vãos de portas e de janelas.

Para lajes maciças, o menor vão deve ser da ordem de 3,5 m a 5,0 m.

O posicionamento das lajes fica condicionado ao arranjo das vigas.

A numeração dos elementos (lajes, vigas e pilares) deve ser feita da esquerda para a
direita e de cima para baixo. Inicia-se com a numeração das lajes – L1, L2, L3 etc. –,
sendo que seus números devem ser colocados próximos do centro delas. Em seguida são
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 37

numeradas as vigas – V1, V2, V3 etc. Seus números devem ser colocados no meio do
primeiro tramo. Finalmente, são colocados os números dos pilares – P1, P2, P3 etc. –,
posicionados embaixo deles, na forma estrutural.

Devem ser colocadas as cotas parciais e totais em cada direção, posicionadas fora do
contorno do desenho, para facilitar a visualização. Ao final obtém-se o anteprojeto de
todos os pavimentos, inclusive cobertura e caixa d’água, e pode-se prosseguir com o
pré-dimensionamento de lajes, vigas e pilares.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 38

7 – PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE ELEMENTOS DE CONCRETO ARMADO

Etapa realizada para estimativa das seções dos elementos a serem calculados, de forma
que se possa determinar o peso próprio deste elemento.

7.1 Pré-dimensionamento de lajes.

A espessura da laje pode ser obtida por (eq. 7.1 e figura 7.1):
 (7.1)
hd c
2
onde: d = altura útil,  = diâmetro das barras e c = cobrimento.

Figura 7.1: Estimativa da espessura da laje.

Deve ser observada a condição de cobrimento prescrito pela NBR 6118:2003.

A altura útil pode ser expressa através da eq. 7.2:


l*
d est  2,5  0,1.n . (7.2)
100
onde l* (eq. 7.3):
 lx
l*   (l x  menor vão) (7.3)
0,7l y
e n = número de bordas engastadas.

Para lajes com bordas livres, este processo não é recomendado.

A norma NBR 6118:2003 prescreve ainda uma espessura mínima para lajes maciças:
 5 cm para lajes de cobertura não em balanço;
 7 cm para lajes de piso ou cobertura em balanço;
 10 cm para lajes que suportem veículos com peso ≤ 30 kN;
 12 cm para lajes que suportem veículos com peso > 30 kN.

7.2 Pré-Dimensionamento de vigas.

Estimativa para altura de vigas pode ser feita pelas condições:


l
 Tramos internos: hest  ;
12
l
 Tramos externos e vigas biapoiadas: hest  ;
10
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 39

l
 Balanços: hest 
5

Para armadura longitudinal em uma única camada, pode-se utilizar a eq. 7.4 (figura
7.2):
l
h  d  c  t  (7.4)
2
onde: c é o cobrimento, t é o diâmetro do estribo e l é o diâmetro da barra
longitudinal.

Figura 7.2: Estimativa da espessura da viga.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 40

8 – DIMENSIONAMENTO DE VIGAS A FLEXÃO.

Flexão de um elemento estrutural linear caracteriza-se pela atuação de momentos


fletores, que produzem tensões normais na seção transversal e a sua rotação.

Tipos de Flexão:
 Flexão Pura: Apenas momento fletor solicitando a seção;
 Flexão Simples: Atuam o momento fletor e a força cortante;
 Flexão Composta: Atuam o momento fletor e a força normal.

8.1 Ensaio de Stuttgart.

Ensaio à flexão de uma viga de concreto armado, em que se aplicam forças iguais e
simétricas em seu eixo, em estágios crescentes de carga até a ruptura da peça,conforme
figura 8.1.

Analisa-se a peça em trechos de flexão pura (região entre as cargas simétricas) e flexão
simples (região entre as cargas e os apoios).

Figura 8.1: Viga com cargas iguais e simétricas (ensaio de Stuttgart).

A flexão é denominada normal ou reta quando o plano solicitado contém um dos eixos
principais de inércia da seção transversal.

A flexão pura pode ser divida em três estádios característicos (figura 8.2), com as
respectivas distribuições normais na seção transversal de concreto armado retangular,
com área de aço à tração As.

Em virtude da aplicação do momento fletor a seção sofre rotação, passando da posição


indeformada a – a para a’ – a’. Admite-se que a seção permanece plana até a ruptura da
peça (hipótese de Bernoulli).
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 41

Figura 8.2: Estádios de uma peça flexionada.

Estádio I: Peça não fissurada.


Fase inicial, para valores de momento não muito elevados (MI). A variação das tensões
em cada ponto da seção são lineares com relação à linha neutra. Na região tracionada, a
tensão máxima de tração é inferior a resistência à tração do concreto.

Ao final deste estádio, antes do esgotamento da resistência à tração do concreto e do


surgimento de fissuras, o concreto plastifica e deixa de haver resposta linear entre
tensão e deformação nesta região (Estádio Ib).

Estádio II: Peça fissurada.


As tensões de tração passam a ser resistidas pelo aço. O momento fletor (M II) é resistido
pelo binário formado pela resultante das tensões de compressão no concreto (Rcc) e de
tração no aço (Rst). O aço e o concreto se encontram no regime elástico.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 42

Estádio III: Iminência de ruptura por flexão.


Ao atingir o estado limite último, ocorre o esmagamento do concreto à compressão e o
escoamento do aço à tração. Dimensionar a peça neste estádio significa estabelecer
adequada margem de segurança para que a viga não atinja este estádio. O momento de
ruptura (momento de cálculo) deve ser igual ao momento de serviço majorado por um
coeficiente pré-estabelecido (MIII = Md = f Mk).

8.1.1 Modos de ruptura.

Dependem da área de armadura, das dimensões da seção e das resistências do concreto e


do aço, podendo ser dos tipos:
 Ruptura balanceada: esmagamento do concreto comprimido e escoamento do
aço tracionado. A peça é chamada de subarmada. Quando o aço se encontra no
inicio do escoamento e concreto esmagado, a seção é dita normalmente armada;
 Ruptura frágil à compressão: acontece pelo esmagamento do concreto. Chamada
de seção superarmada;
 Ruptura frágil à tração: ruptura brusca e sem aviso, quando a armadura de tração
não consegue absorver as tensões de tração transferidas do concreto após a
fissuração.

8.2 Dimensionamento à flexão pura.

O dimensionamento à flexão pura tem como hipóteses básicas:


 As seções transversais permanecem planas após as deformações, até a ruptura da
peça;
 A deformação das barras, em tração ou compressão, é a mesma do concreto do
seu entorno;
 No ELU, as tensões de tração no concreto são desprezadas;
 A distribuição das tensões de compressão no concreto se dá pelo diagrama
parábola – retângulo (figura 8.3). Este diagrama pode ser substituído por um
diagrama retangular simplificado, com altura y = 0.8x. Isto é devido a resultante
de compressão nos dois diagramas serem iguais e sua posição ser relativamente
a mesma, não alterando o braço de alavanca.
 A tensão nas armaduras de aço deve ser obtida a partir do diagrama de cálculo;
 O alongamento máximo da armadura de tração é de 10‰;
 O encurtamento máximo do concreto na compressão simples é de 2‰, e na
flexão simples é de 3.5‰.

Figura 8.3: Distribuição de tensões de compressão no concreto.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 43

8.3 Domínios de deformações.

São utilizados para descrever as situações me que uma peça pode ser dimensionada. São
apresentados na figura 8.4 (item 17.2.2g):

Figura 8.4: Domínios de deformação de uma peça fletida.

Domínio 1: Ruptura da peça por tração não uniforme, sem compressão. Admite-se que a
peça rompe quando o aço atinge o alongamento de 10‰, limite convencional de
deformação plástica excessiva (reta a). Nesta região, a resultante de forças está aplicada
dentro do núcleo central de inércia da seção. Na reta c, a ruptura acontece com a
resultante aplicada no limite inferior do núcleo central, com tração máxima na fibra
extrema mais próxima.

Domínio 2: Ruptura da peça com o escoamento do aço atingindo o alongamento


máximo convencional de 10‰, sem esmagamento do concreto. A reta d representa um
limite por ruptura por flexão neste domínio, com o aço atingindo o alongamento
máximo e o concreto esmagando (deformação de 3.5‰).

Domínio 3: Ruptura por flexão com o escoamento da armadura ocorrendo


simultaneamente ao esmagamento do concreto à compressão. Características de seções
subarmadas, apresentando a peça sinais visíveis de risco de ruptura. A reta e representa
o limite deste domínio, com o aço no inicio do escoamento e o concreto esmagando.

Domínio 4: Ruptura por flexão, ocorrendo com o esmagamento do concreto sem o


escoamento do aço. Característica de seções superarmadas, devendo-se evitar este
domínio, para prevenir o risco de ruptura sem aviso, visto que o esmagamento do
concreto ocorre de forma brusca. A reta f representa o limite deste domínio, tendo o aço
alongamento nulo e o concreto com encurtamento máximo de 3.5‰.

Domínio 4a: Ruptura por compressão excêntrica, estando em toda a seção e armaduras
comprimidas, exceto pequena região tracionada nas fibras abaixo da armadura.

Domínio 5: Ruptura por compressão não uniforme, sem tração. Resultante aplicada no
limite do núcleo central, provocando o encurtamento máximo de 3.5‰ e tração nula na
outra extremidade (reta g). A reta b representa a compressão uniforme, com a seção
sofrendo apenas translação e rompendo o concreto com o encurtamento máximo de 2‰.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 44

No dimensionamento de vigas a flexão pura, só tem significado os domínios 2, 3 e 4.


Em resumo:
 Limite 1-2:  cd  0 e  sd  10 0 00 ;
 Domínio 2: 0   cd  3.5 0 00 e  sd  10 0 00 . Seções fracamente armadas. No
dimensionamento, deve-se prevenir o risco de ruptura frágil;
 Limite 2-3:  cd  3.5 0 00 e  sd  10 0 00 . Dimensionamento mais racional com
ambos os materiais alcançando os limites convencionais máximos de norma;
 Domínio 3:  cd  3.5 0 00 e  yd   sd  10 0 00 . Seções subarmadas,
dimensionamento recomendável devido aos materiais esgotarem sua capacidade;
 Limite 3-4:  cd  3.5 0 00 e  yd   sd . Seções normalmente armadas;
 Domínio 4:  cd  3.5 0 00 e 0   sd   yd . Seções superarmadas, risco de ruptura
sem aviso;
 Limite 4-4a:  cd  3.5 0 00 e  sd  0 .

8.4 Vãos efetivos de vigas (item 14.6.2.4).

O vão efetivo de uma viga pode ser calculado pela eq. 8.1:
l ef  l 0  a1  a 2 (8.1)
com a1 e a2 conforme descrito na eq. 8.2 e figura 8.5:
t / 2
a1   1
0.3h
(8.2)
t / 2
a2   2
 0.3h

Figura 8.5: Vão efetivo de uma viga (figura 14.5 – NBR 6118:2003).

8.5 Seções retangulares com armadura simples.

Uma seção é dimensionada com armadura simples quando resulta armadura apenas na
região de tração.

Parte-se da idéia que o momento solicitante de cálculo deve ser menor ou igual ao
momento resistente ( M Sd  M Rd ). O momento resistente pode ser calculado como
mostrado na eq. 8.3 e figura 8.6:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 45

M Rd  Rcc .z  R st .z (8.3)

Figura 8.6: Resultante de forças numa seção flexionada de concreto.

Por semelhança de triângulos, da figura 8.6, chega-se a eq. 8.4:


x
1
dx d
 sd   cd  (8.4)
x x cd
d
Definindo o coeficiente adimensional kx, chamado de altura ou profundidade relativa da
linha neutra, obtêm-se a eq. 8.5:
1  kx k
 sd   cd e  cd  x  sd
kx 1 kx
(8.5)
x  cd
kx  
d  cd   sd

Podem se definir todos os valores possíveis de kx no intervalo de 0 a 1, que englobam o


dimensionamento de seções de concreto à flexão simples. São eles:
 Limite 1-2: k x  0 ;
 Limite 2-3: k x  0,259 ;
3,5 0 00
 Limite 3-4: k x  k x lim  ;
3,5 0 00   yd
 Limite 4-4a: k x  1 .

Acima do valor k x lim , a seção será superarmada, com pouca ductilidade e risco de
ruptura sem aviso.

Com o objetivo de melhorar a ductilidade nas regiões de apoio das vigas ou de ligações
com outros elementos estruturais, a norma exige que a posição da linha neutra observe
os seguintes limites (item 14.6.4.3):
k x  0,50 para concretos com f ck  35 MPa
k x  0,40 para concretos com f ck  35 MPa

Fazendo equilíbrio de esforços na seção, tem-se (eq. 8.6):


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 46

 x
M sd  Rcc .z   cd bw y d  0,4 x    cd bw 0,8 x 1  0,4 d
 d (8.6)
M sd  0,8k x 1  0,4k x bw d  cd
2

Definindo dois coeficientes:


 Coeficiente do momento fletor de cálculo (eq. 8.7):
M sd
M sd  k md bw d 2 f cd ou k md  (8.7)
bw d 2 f cd

 Coeficiente do braço de alavanca (eq. 8.8):


z
k z   1 0,4k x (8.8)
d

Fazendo o equilíbrio de momento fletor com ralação a resultante de tração no aço, tem-
se (eq. ( 8.9):
 
M sd  Rst .z   As sd  z d
d
M sd (8.9)
As 
k z d sd

Nos domínios 2 e 3:  sd  f yd ; No domínio 4:  sd  E s . sd , onde é obtida da eq. 8.10:


1 kx
 sd   cd (8.10)
kx
com  cd  3.5 0 00 .

Os coeficientes adimensionais são interdependentes e identificam o domínio de


deformações no ELU para o dimensionamento à flexão. A partir do conhecimento de
um destes, pode-se determinar os demais.

Em geral, o primeiro deles a ser determinado é kmd, obtido a partir do traçado do


diagrama de momento fletor, da resistência característica do concreto e das dimensões
da peça.

Pode-se definir o coeficiente da altura útil como (eq. 8.11):


1 M sd
kd   d  kd (8.11)
k md bw f cd

A altura útil mínima, necessária para o dimensionamento no limite 3-4, é dada pela eq.
8.12:
M sd
d min  k d lim (8.12)
bw f cd
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 47

Calculado d e dmin, pode-se obter uma das situações:


 d = d min : seção normalmente armada (limite dos domínio 3 e 4);
 d > d min : seção subarmada ou fracamente armada (domínio 2 ou 3);
 d < d min : seção superarmada (domínio 4).

8.6 Seções retangulares com armadura dupla.

Em algumas seções, encontramos kx > kxlim, o que implicaria em dimensionamento no


domínio 4 (peça superarmada).

Uma alternativa seria aumentar a altura da viga para situar o cálculo no domínio 2 ou 3
(peça subarmada).

Caso esta hipótese não seja possível, pode-se adotar a opção de reforçar a zona
comprimida de concreto com a colocação de uma armadura de compressão. Diz-se desta
situação que a peça será dimensionada com armadura dupla.

O momento fletor de cálculo é dividido em duas parcelas (figura 8.7):


 Md1: momento máximo resistido pelo concreto à compressão e por parte da
armadura tracionada, As1, segundo duas condições:
 Seção do vão com momento positivo (sem carga concentrada ou ligação com
outros elementos estruturais): M d1  k md lim .bw .d 2 . f cd ;
 Seção de apoio com momento negativo ( ou seções de momento positivo em
vãos com carga concentrada ou ligação com outros elementos estruturais):
M d1  0,272.bw .d 2 . f cd .
 Md2: excesso do momento fletor que deve ser resistido pelo binário da armadura
de compressão As' - armadura de tração adicional As2, dado por:
M d 2  M sd  M d 1 .

Figura 8.7: Situação de armadura dupla.

Armadura correspondente ao momento Md1 é dada pela eq. 8.13:


M d1 M d1
As1  ou As1  (8.13)
k z lim df yd 0,8df yd

Armadura correspondente a segunda parcela do momento fletor é dada pela eq. 8.14:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 48

M d2
As 2 
d  d 2  f yd
(8.14)
' M d2
A s
d  d 2  sd'

O cálculo de  sd' pode ser realizado tomando como base o valor expresso na eq. 8.15:

xd
x d   d 2 
d 
 sd'  0,35%   sd'  0,35%
x x
d
d
k x lim   2 
 d
Para k x  k x lim   sd'  0,35% (8.15)
k x lim
d
0,5   2 

'  d  0,35%
Para k x  0,5   sd 
0,5

8.7 Seções em forma de T.

Nas estruturas de concreto armado, na maioria dos casos as lajes e as vigas que as
suportam trabalham solidariamente. Quando isto acontece, tem-se um aumento
significativo na zona de compressão do concreto, que pode ser aproveitado para o
cálculo da armadura.

Apesar de resultar em grande economia de aço e concreto, os projetistas só lançam mão


desta alternativa em vigas de altura muito reduzida, quando a seção retangular se mostra
inviável mesmo com a armadura dupla. Um esquema de seção em T é apresentado na
figura 8.8:

Figura 8.8: Esquema de seção em T.

Largura da laje colaborante: Parte da laje que pode ser considerada no cálculo
colaborando com a viga, é definida com a soma da largura da nervura com as distâncias
das extremidades da mesa às faces respectivas das nervuras, dada na figura 8.9 e eq.
8.16.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 49

Figura 8.9: Largura colaborante em vigas T.

 0,1a 0,1a
b  e b  (8.16)
1 0,5b 3 b
 2  4
onde:
b2 = distância entre as faces de duas nervuras sucessivas;
a = distância entre pontos de momento nulo, medida ao longo do eixo da viga (item
14.6.2.2):
 Vigas simplesmente apoiada: a = l;
 Viga com momento de em uma só extremidade: a = 0,75l;
 Tramo com momento nas duas extremidades: a = 0,60l;
 Tramo em balanço: a = 2l.

As seguintes situações podem acontecer:


 b f = bw + b1esq + b1dir : Seção T com duas vigas adjacentes;
 b f = bw + b1 + b 3 : Seção T com uma viga adjacente e bordo livre;
 b f = bw + 2 + b3 : Seção T isolada;
 b f = bw + b1 : Viga extrema.

Altura útil de comparação (d0) de uma seção T é definida como o valor da altura para o
qual alinha neutra fictícia é tangente à face inferior da mesa, ficando a mesa da seção
completamente comprimida, ou seja, y = hf . Pode-se observar na figura 8.10 a
resultante de forças numa seção em T.

Figura 8.10: Resultante de forças numa seção em T flexionada.

Do equilíbrio, obtêm-se a expressão para o cálculo da altura útil de comparação


(eq. 8.17):
 hf  M sd hf
M sd  Rcc  d 0    d 0   (8.17)
 2  0,85 f cd b f h f 2

Conhecendo d 0, as seguintes situações podem ocorrer:


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 50

 Se d = d0  y = hf: Linha neutra fictícia tangente à mesa;


 Se d > d0  y < hf: Linha neutra fictícia dentro da mesa;
 Se d < d0  y >hf: Linha neutra fictícia dentro da nervura.

8.7.1 Dimensionamento de seção em T.

1º situação: d ≥ d0  y < hf:

Figura 8.11: Linha neutra fictícia na mesa da seção em T.

Com a linha neutra fictícia no interior da mesa, ou, no limite, tangente a face inferior da
mesa (figura 8.11), a zona comprimida da seção é retangular, sendo o cálculo feito em
uma seção retangular de altura h e largura b f, calculada como (eq. 8.18):
M sd
k md 
b f d 2 f cd
(8.18)
M sd
As 
k z d sd

2º situação: d < d0  y > hf:

Figura 8.12: Linha neutra fictícia na alma da seção em T.

Estando a linha neutra fictícia dentro da nervura (figura 8.12), a zona comprimida de
concreto tem a forma de T. O cálculo é realizado dividindo-se o momento fletor de
cálculo em duas parcelas:
 Mdf : Momento fletor equilibrado na zona de compressão pelas laterais da mesa,
com largura bf – b w , e na zona tracionada por uma parte da armadura de tração
Asf (eq. 8.19).
 h  M df
M df  0,85 f cd h f b f  bw  d  f   Asf  (8.19)
 2  hf 
 d  2  f yd
 
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 51

 Mdw =Md – Mdf : Resistido pela seção retangular bw h, constituída pelo concreto
da nervura e garantindo o equilíbrio com uma segunda parcela da armadura de
tração, Asw (eq. 8.20).
M dw M dw
M dw  M sd  M df  k md  2
 k z  Asw  (8.20)
bw d f cd k z df yd

Área total de armadura: As = Asf + Asw.

Área mínima de aço: As min   min . Ac   min .b w .h  (b f  bw ).h f  .

8.8 Prescrições da NBR 6118:2003.

8.8.1 Largura mínima.

A largura da viga (bw) não deve ser menor que 12 cm, salvo em casos em que esta pode
ser maior ou igual a 10 cm.

8.8.2 Armadura máxima e mínima (item 17.3.5.2.1).

As
Área mínima de aço dada pela relação:  min  . Os valores de min (%) são dados
bw .h
na tabela 8.1:

Tabela 8.1: Taxas mínimas de armadura de flexão para vigas


(tabela 17.3 – NBR 6118:2003)
Valores de min(1) (%)
Forma da Seção fck (MPa)
ωmin
20 25 30 35 40 45 50
Retangular 0,035 0,150 0,150 0,173 0,201 0,230 0,259 0,288
T (mesa comprimida) 0,024 0,150 0,150 0,150 0,150 0,158 0,177 0,197
T (mesa tracionada) 0,031 0,150 0,150 0,153 0,178 0,204 0,229 0,255
Circular 0,070 0,230 0,288 0,345 0,403 0,460 0,518 0,575
1) Os valores de ρmin estabelecidos nesta tabela pressupõem o uso de aço CA-50, γc = 1,4 e γs = 1,15. Caso esses fatores
sejam diferentes, ρmin deve ser recalculado com base no valor de ω mín dado.

NOTA - Nas seções tipo T, a área da seção a ser considerada deve ser caracterizada pela alma acrescida da mesa
colaborante.

Armadura máxima (item 17.3.5.2.4): Astot  4%.bw .h .

8.8.3 Armadura de pele (item 17.3.5.2.3).

Sua função é minimizar os problemas decorrentes da fissuração, retração e variação de


temperatura, e também para a redução de fissuras na alma das vigas. Aplicadas em vigas
com altura superior a 60 cm (figura 8.13). A sua área é calculada como (eq. 8.21):
As , pele  0.10%. Ac ,alma (8.21)

A armadura de pele deve ser composta por barras de alta aderência, com espaçamento
não maior que 20 cm.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 52

Figura 8.13: Armadura de pele ou de costelamento.

8.8.4 Espaçamento entre as barras (item 18.3.2.2).

O arranjo da armadura deverá propiciar que ela cumpra a sua função estrutural e
proporcione condições adequadas de execução, principalmente em relação ao
lançamento e ao adensamento do concreto. Os espaços entre as barras longitudinais
devem ser projetados de modo a possibilitar a introdução de vibradores, evitando que
ocorra um vazio e segregação dos agregados.

Espaçamento mínimo entre as faces das barras deve ser, em cada direção, o maior entre
os três valores observados na figura 8.14:

Figura 8.14: Espaçamento mínimo de barras em uma seção de concreto.

Os diâmetros máximos do agregado graúdo (brita) são dados na tabela 8.2:


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 53

Tabela 8.2: Diâmetro máximo característico dos agregados graúdos.


Tipo de brita Diâmetro (mm)
B0 4,8 – 9,5
B1 9,5 – 19
B2 19 – 25
B3 25 – 38

8.9 Exercícios propostos.

1. Para uma viga de seção retangular com bw = 22 cm e d = 35 cm, determinar o maior


momento que pode ser resistido, considerando concreto com fck = 20 MPa e aço
CA-50. Calcular a área de aço necessária.

2. Para uma seção retangular de concreto armado com bw = 12 cm e d = 29 cm, sob a


ação de um momento fletor característico de 12,2 kN.m, determinar a quantidade de
armadura longitudinal necessária. Dados: concreto C20 e aço CA-50.

3. Para uma viga de seção retangular, com largura de 12 cm e altura útil de 17,65 cm,
determinar o momento resistente da seção e a área de aço necessária correspondente,
para um concreto C20 e aço CA-50

4. Dimensionar as armaduras de flexão de uma viga com seção retangular de acordo


com os dados abaixo: Concreto C25, Aço CA-50, bw = 30 cm, CAA II, M = 210
kN.m.
 Para o limite 2-3;
 Para o limite 3-4.

5. Calcular para a seção dada na figura 8.15 o máximo momento resistido e o valor da
armadura comprimida de maneira que se tenha um valor econômico para a armadura
e se empreguem as hipóteses de armadura dupla. Considerar concreto com fck = 20
MPa, aço CA-50 e As = 6 cm2.

Figura 8.15: Exercício 5.

6. Qual deve ser o valor da altura útil mínima necessária de uma seção transversal
retangular de largura 12 cm, concreto com fck = 20 MPa e um momento atuante M =
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 54

20 kN.m para que ela trabalhe no limite entre os domínios 3 e 4 nas seguintes
situações: a) aço CA-25; b) aço CA-50 e c) aço CA-60.

7. Determinar o momento resistente de uma viga de seção retangular, com largura 15


cm e altura útil de 17,65 cm, considerando concreto C20 e aço CA-50, para a área
de aço de 2 cm2. E para área de aço de 4 cm2.

8. Para um momento de 45 kN.m, calcular a armadura de aço necessária de uma seção


retangular com largura de 12 cm e d = 0,29 m, aço CA-50 e concreto C20.
Considerar estribos de 6 mm e barras de 10 mm, cobrimento de 1,5 cm.

9. Calcular a área de aço para uma seção em T com os seguintes dados: Concreto C25,
Aço CA-50, bw = 30 cm, bf = 80 cm, h = 46 cm, hf = 10 cm, CAA I e
 M = 315 kN.m;
 M = 378 kN.m.

10. Calcular a armadura para a viga simplesmente apoiada, de vão 8 m, cuja seção está
representada na figura 8.16, e está submetida aos seguintes momentos: a) 6770
kN.m; b) 10000 kN.m. Considerar concreto C25 e aço CA-50.

Figura 8.16: Exercício 10.

11. Para uma viga de ponte esquematizada na figura 8.17, calcular a armadura
longitudinal necessária no meio do vão, considerando d = 1.7 m, aço CA-60 e fck =
30 MPa, quando: a) p = 600 kN/m; b) 900 kN/m e c) p = 1450 kN/m.

Figura 8.17: Exercício 11.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 55

12. Uma viga tem seção retangular 20 x 50 cm2. Considerando a estrutura na classe de
agressividade ambiental fraca (CAA I) e o concreto com fck = 20 MPa, determinar as
armaduras de flexão para resistir ao momento de serviço de 100 kN.m, para os aços
CA-25, CA-50 e CA-60.

13. Dimensionar a armadura de flexão de uma viga de seção retangular, 40 x 175 cm2,
concreto com fck = 30 MPa e aço CA-50, para um momento característico M = 2500
kN.m, supondo a classe de agressividade muito forte (CAA IV).

14. A viga de seção retangular da figura 8.18 está sujeita às cargas g = 25 kN/m
(permanente, incluído peso próprio) e q = 15 kN/m (variável, com comprimento
qualquer). Sendo a largura 30 cm, fck = 25 MPa e aço CA-50, considerando as
situações mais desfavoráveis de carregamentos, pedem-se: a) a altura útil e
correspondente armadura de flexão na seção central da viga para os limites do
domínio 2 e 3 e dos domínios 3 e 4; b) as armaduras nas seções dos apoios para as
duas alturas definidas no item anterior.

Figura 8.18: Exercício 14.

15. Dimensionar as armaduras de flexão das seções mais solicitadas de uma viga
engastada-apoiada de vão 12 m, submetida a uma carga total de 15 kN/m, com as
dimensões da nervura central mostrada na figura 8.19, sendo fck = 30 MPa e aço
CA-50.

Figura 8.19: Exercício 15.

16. Dimensionar a seção mais solicitada de uma viga biapoiada, com vão de 15 m e
seção transversal da nervura central, mostrada na figura 8.20, para fck = 25 MPa e
aço CA-50. Além do peso próprio, a viga estará sujeita às cargas atuantes na laje,
assim discriminadas: cargas permanentes de 140 kgf/m2, e uma carga variável de
utilização de 1000 kgf/m2.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 56

Figura 8.20: Exercício 16.


17. Uma viga biapoiada com a seção da nervura central da figura 8.21 tem vão de 6,5 m
e está submetida a uma carga total de serviço de 6,0 kN/m. Determinar a armadura
de flexão para o aço CA-50, fck = 25 MPa e CAA III.

Figura 8.21: Exercício 17.

18. Para o eixo neutro posicionado como indica a figura 8.22, determinar a área de aço e
o momento fletor máximo que suporta a seção. Assuma concreto C25, aço CA-50 e
CAA II.

Figura 8.22: Exercício 18.

19. Para a viga da figura 8.23, calcule a área de aço necessária assumindo concreto C30,
aço CA-50 e CAA III.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 57

Figura 8.23: Exercício 19.


20. Encontre o maior comprimento Lc para a viga mostrada na figura 8.24, assumindo
concreto C30, aço CA-50 e d’ = 5 cm.

Figura 8.24: Exercício 20.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 58

9 – DIMENSIONAMENTO DE VIGAS A FORÇA CORTANTE.

Cisalhamento é a solicitação originada da atuação conjunta de forças cortantes e


momentos fletores, para a qual deve ser dimensionada uma armadura específica,
transversal ao eixo do elemento estrutural.

9.1 Distribuição das tensões tangenciais.

Peça de concreto não fissurada: Em uma peça submetida à carga distribuída q, contida
em seu plano médio, o equilíbrio de um elemento longitudinal de comprimento dx é
dado pela eq. 9.1 e figura 9.1:
dV
 Fy  0  V  qdx  V  dV   0  q   dx
(9.1)
 
dx dx
 M 0  0  M  V 2  M  dM   V  dV  2  0  V   dx
dM

Figura 9.1: Seção de um elemento infinitesimal submetido a carga distribuída.

Com o concreto ainda não fissurado, as tensões normais e tangenciais em cada seção
são dadas por (eq. 9.2):
My VS y
 e   (9.2)
I bI

Na figura 9.2 estão apresentadas as trajetórias das tensões principais de uma viga
biapoiada submetida a cargas concentradas simétricas. Nota-se que onde as tensões
normais são máximas, as tensões tangenciais são mínimas.

Figura 9.2: Distribuição das tensões de tração e compressão numa viga de concreto
armado.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 59

Peça de concreto no ELU: Com o concreto já fissurado, admite-se que todas as tensões
de tração sejam absorvidas pelo aço. Na obtenção da tensão tangencial só se considera o
momento estático da armadura, tomada como uma área de concreto equivalente (figura
9.3).

Figura 9.3: Tensões na seção de concreto fissurado.

O equilíbrio do elemento vai ser garantido pelas tensões tangenciais, contidas no plano
de corte e distribuídas na largura bw, e cuja resultante τd.b w.dx deve ser igual a diferença
das resultantes das tensões normais Rs e Rs + dRs (eq. 9.3):
dR I
 Fx  0  dRs   d bw dx    dxs  b (9.3)
w

Admitindo ser o braço de alavanca z constante em toda a extensão da peça, tem-se (eq.
9.4):
M
d  sd 
dRs z  dM sd 1 Vsd
     (9.4)
dx dx dx z z

Com b w constante, a tensão máxima pode ser determinada pela eq. 9.5:
V
 d max  sd (9.5)
bw z

9.2 Dimensionamento de peças à força cortante.

O dimensionamento de uma peça à força cortante promove duas etapas:


 Verificação das diagonais ou bielas comprimidas quanto ao esmagamento do
concreto pela ação das tensões de compressão;
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 60

 Dimensionamento da armadura transversal de combate ao cisalhamento na


flexão, para absolver as tensões de tração, que cortam o plano neutro da peça a
um ângulo de aproximadamente 45°. A armadura transversal pode ser
constituída por estribos, a 90° ou inclinados, sendo o primeiro caso mais comum
na prática.

A ruptura pela ação combinada da força cortante e do momento fletor ocorre com o
esgotamento da resistência do concreto das diagonais comprimidas ou pelo escoamento
dão aço da armadura transversal.

As rupturas típicas que acontecem no cisalhamento são apresentadas na figura 9.4:

Figura 9.4: Rupturas típicas por cisalhamento.

9.2.1 Modelo da treliça de Mörsch.

Modelo desenvolvido pelos alemães Ritter e Mörsch para explicar a resistência de uma
viga de concreto armado, após a fissuração, no qual a viga tem um funcionamento
análogo a uma treliça.

Neste modelo, descrito na figura 9.5, o banzo superior constituído pelo concreto
comprimido na flexão, o banzo inferior pela armadura longitudinal de tração, as
diagonais tracionadas pela armadura transversal e as diagonais comprimidas por bielas
de concreto inclinadas.

Figura 9.5: Modelo de treliça de Morsch.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 61

A norma NBR 6118:2003 dispõe dois modelos de cálculo:


 Modelo I: Diagonais comprimidas com inclinação de 45°;
 Modelo II: Diagonais comprimidas com inclinação de 30° a 45°.

Será adotado o modelo II, pois este é mais geral, onde inclinações menores reduzem a
armadura transversal e aumentam a compressão da biela.

9.2.2 Verificação das bielas comprimidas de concreto quanto ao esmagamento.

Tomando-se uma seção S (figura 9.6) que corte uma diagonal comprimida, temos (z =
0,9.d):

Figura 9.6: Força na biela comprimida.

Do equilíbrio na direção vertical, tem-se (eq. 9.6):


V
 Fy  0  Fc  sensd com Fc  bw a cd
Vsd Vsd
 cd   (9.6)
bw asen bw sen  z  sen cot   cot  
Vsd 1
 cd  
0,9bw d sen  cot   cot  
2

A tensão de compressão de cálculo na biela de concreto depende do ângulo  da


armadura transversal com o eixo longitudinal da peça. Podem acontecer duas situações,
dadas na eq. 9.7:
  90º   cd  2 d
(9.7)
  45º   cd   d

A resistência do elemento estrutural quanto à diagonal comprimida é considerada


satisfatória numa determinada seção transversal quando se verifica a seguinte condição
exposta na eq. 9.8 (item 17.4.2):
Vsd  VRd 2 (9.8)
onde:
 Vsd : força cortante de cálculo;
 V Rd 2 : força cortante resistente de cálculo, relativa a ruína por esmagamento das
diagonais comprimidas de concreto, dada por (eq. 9.9):
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 62

VRd 2  0,54 v 2 f cd bw dsen 2 cot   cot   (9.9)

e v2 é dado por (eq. 9.10 e tabela 9.1):


f
 v 2  1  ck  f ck em MPa  (9.10)
250

Tabela 9.1: Valores do coeficiente αv2.


fck (MPa)
20 25 30 35 40 45 50
v2 0,92 0,90 0,88 0,86 0,84 0,82 0,80

Para estribos a 90°, caso mais comum na prática, tem-se (eq. 9.11):
Vsd  VRd 2,90  0,27 v 2 f cd bw d sen 2 (9.11)

9.2.3 Cálculo da treliça de Mörsch.

Tem-se para o equilíbrio (eq. 9.12 e figura 9.7):


V e A
Ft  sd   Asw   swd   sw  swd z cot   cot   (9.12)
sen s s
onde:
Asw
 : área por unidade de comprimento do eixo longitudinal da peça de todas as
s
barras da armadura transversal que cortam o plano neutro;
  swd : tensão de tração de cálculo na armadura transversal no ELU.

Figura 9.7: Equilíbrio da diagonal tracionada.

A área da armadura transversal por unidade de comprimento é dada pela eq. 9.13:
Asw Vsd 1 V 1
   sd  (9.13)
s z  swd sen cot   cot   0,9 d  swd sen cot   cot  

9.2.4 Cálculo pelo modelo II.

Deve ser atendido que:


 Armadura transversal pode ser constituída por estribos ou pela composição de
estribos e barras dobradas, onde as barras não devem suportar mais do que 60%
do esforço total resistido pela armadura;
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 63

 O ângulo de inclinação das armaduras transversais deve estar situado no


intervalo de 45° a 90°.

Pelo modelo II a resistência é verificada pela seguinte condição (eq. 9.14):


Vsd  VRd 3  Vc  Vsw ou Vsw  Vsd  Vc (9.14)
onde:
 VRd 3 : força cortante de cálculo, relativa a ruína por tração diagonal;
 Vsw : parcela da força cortante absorvida pela armadura transversal, dada pela
eq. 9.15:
A
Vsw   sw 0,9df ywd cot   cot  sen (9.15)
 s
com fywd = tensão na armadura transversal, limitada ao valor fyd no caso de
estribos e a 70% desse valor no caso de barras dobradas, não se tomando, para
ambos os casos, valores superiores a 435 MPa;
 Vc : parcela da força cortante absorvida por mecanismos complementares à
treliça.

Vc = Vc1: na flexão simples e na flexotorção coma linha neutra cortando a seção, com:
 Vc1 = Vc0 quando Vsd ≤ Vc0;Vc1 = 0 quando Vsd = VRd2 interpolando-se
linearmente para valores intermediários.

Segundo este modelo, a variação da parcela complementar da força cortante na flexão


simples pode ser representada pela figura 9.8:

Figura 9.8: Variação da parcela complementar da força cortante

A norma define a força Vc0 como (eq. 9.16):


2
Vc 0  0,6 f ctd bw d  0,09 f ck 3 bw d (9.16)

Área da armadura transversal pode ser calculada pela eq. 9.17:


Asw Vsw
 (9.17)
s 0,9df ywd sen cot   cot  

Para  = 90° e fywd = fyd tem-se (eq. 9.18):


A Vsw
Asw,90  sw  tg (9.18)
s 0,9df yd

Observações:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 64

 Se a armadura transversal pudesse ser constituída apenas por barras da armadura


principal dobradas a 45°, a área de aço seria menor que aquela do uso exclusivo
do uso de estribos a 90°, para a mesma força; por outro lado, essas barras têm
comprimento maior, o que resulta em um volume aproximado do consumo de
aço;
 O uso de barras dobradas aumenta o custo da mão de obra na execução de
armações.

9.3 Prescrições da NBR 6118:2003.

A norma permite que se reduza a força cortante nas regiões próximas aos apoios, pelas
seguintes prescrições (item 17.4.1.2.1), apresentadas na figura 9.9:
 A força cortante oriunda de carga distribuída pode ser considerada, no trecho
entre o apoio e a seção situada a uma distancia d/2 da face do apoio, constante e
igual à desta seção;
 A força cortante devida a uma carga concentrada aplicada a uma distância
a ≤ 2d do eixo teórico do apoio pode, nesse trecho de comprimento à, ser
reduzida multiplicando-a por a/2d.

Figura 9.9: Reduções de esforço cortante para dimensionamento.

9.3.1 Tipos usuais de estribos.

Alguns tipos usuais de estribos são apresentados na figura 9.10:


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 65

Figura 9.10: Tipos usuais de estribo.


9.3.2 Armadura mínima de estribos.

A área mínima pode ser determinada pela eq. 9.19 (item 17.4.1.1.1):
2
Asw ,90 f 3
 sw ,90   0,06 ck  Asw ,90  bw  sw,90
bw f ywk
(9.19)
Asw f
 sw   0,2 ctm
bw s sen f ywk

Os valores de wmin são dados na tabela 9.2:

Tabela 9.2: Valores de wmin.


fck (MPa)
20 25 30 35 40 45 50
swmin,90 x 102 0,089 0,102 0,116 0,129 0,141 0,152 0,163

9.3.3 Diâmetro das barras de espaçamento de estribos.

O diâmetro das barras dos estribos deve estar entre os limites apresentados na eq. 9.20:
b
5,0 mm  t  w (9.20)
10

O espaçamento máximo entre estribos deve atender as condições dadas na eq. 9.21
(item 18.3.2.2):
 0,6 d
se Vsd  0,67VRd 2  s max  
300 mm
(9.21)
 0,3d
se Vsd  0,67VRd 2  s max  
200 mm

9.4 Exercícios propostos.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 66

1. Dimensionar as armaduras de flexão e cisalhamento de uma viga de seção retangular


20 cm x 60 cm, com vão teórico de 6 m (de centro a centro dos apoios), suposta
biapoiada em pilares de largura 60 cm na direção do eixo da viga e submetida a uma
carga distribuída total de 20 kN/m. Considerar concreto com fck = 30 MPa, aço
CA-50 para ambas as armaduras e a classe ambiental CAA I.

2. Repetir o exercício 1 para uma carga distribuída de 42 kN/m e concreto com


fck = 25 MPa.

3. Calcular o espaçamento s de estribos simples necessários em uma viga de seção


retangular submetida a um esforço cortante Vd = 1300 kN. Dados: b w = 70 cm, d =
200 cm, C20, aço CA-50.

4. Calcular a armadura transversal para a viga apresentada na figura 9.11,


considerando concreto C20, aço CA-50 e largura da seção retangular de 25 cm.

Figura 9.11: Exercício 4.

5. Dimensionar a área de aço longitudinal e transversal para uma seção retangular de


acordo com os seguintes dados: Concreto C25, Aço CA-50, bw = 30 cm, h = 46 cm,
CAA I, M = 170 kN.m.

6. Calcular a área de aço do exercício anterior para M = 315 kN.m.

7. Dimensionar as armaduras de flexão de uma viga com seção retangular de acordo


com os dados abaixo: Concreto C25, Aço CA-50, bw = 30 cm, CAA II,
M = 210 kN.m.
 Para o limite 2-3;
 Para o limite 3-4.

8. Dada uma viga na CAA II, conforme figura 9.12, com as dimensões 20 cm x 40 cm
de seção transversal retangular, calcular as armaduras de flexão (CA-50) e de
cisalhamento na flexão, para estribos a 90° com o eixo da viga, com  5.0 mm e aço
CA-60; Considerar concreto com fck = 25 MPa.

Figura 9.12: Exercício 8.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 67

9. Dimensionar as armaduras de flexão e força cortante, da viga da figura 9.13, de


seção transversal retangular, 15 cm x 60 cm, sendo fck = 20 MPa, aço CA-50 e
CAA I. Calcular a armadura transversal com a condição de máxima economia de
aço, para estribos a 90° com eixo da viga.

Figura 9.13: Exercício 9.

10. Na viga da figura 9.14, de seção retangular 15 x 80 cm2 e CAA II , a armadura


transversal é constituída apenas por estribos a 90°,  8,0 c/ 20 cm, aço CA-50, em
toda extensão da viga. Sendo fck = 30 MPa, calcular a máxima carga distribuída
uniforme q para haver segurança a força cortante, aplicando todas as reduções
permitidas pela norma.

Figura 9.14: Exercício 10.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 68

10 – ADERÊNCIA.

O trabalho conjunto do concreto e das armaduras se faz por transmissão de esforços


internos de um material a outro através de tensões de aderência.

A aderência serve para ancorar as barras nas extremidades ou nas emendas por
traspasse, e para impedir o escorregamento das barras nos segmentos entre fissuras,
limitando a abertura das mesmas.

As causas que mobilizam a aderência são as ações sobre a estrutura de concreto armado,
a retração do concreto, a deformação lenta e a variação da temperatura. Pode-se citar
três tipos de aderência no concreto armado:
 Adesão: é a “colagem” natural entre o concreto e o aço;
 Atrito: é a resistência ao escorregamento após a ruptura da adesão, sendo
provocado pela rugosidade superficial natural das barras;
 Mecânica: é provocada pelas modificações feitas na superfície das barras de
aços de elevada resistência (mossas ou saliências).

10.1 Regiões de boa e má aderência.

A qualidade da aderência é definida pelas regiões de boa e de má aderência na estrutura,


as quais dependem da posição das barras de aço e da altura em relação ao fundo da
forma ou junta de concretagem mais próxima. As regiões de boa e má aderência estão
apresentadas na figura abaixo:

Segundo o item 9.3.1, consideram-se em boa situação quanto à aderência os trechos das
barras que estejam em uma das posições seguintes (figura 10.1):
a) com inclinação maior que 45º sobre a horizontal;
b) horizontais ou com inclinação menor que 45º sobre a horizontal, desde que:
− Para elementos estruturais com h < 60 cm, localizados no máximo 30 cm acima da
face inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima;
− Para elementos estruturais com h ≥ 60 cm, localizados no mínimo 30 cm abaixo da
face superior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 69

Os trechos das barras em outras posições e quando do uso de formas deslizantes devem
ser considerados em má situação quanto à aderência.

Má Aderência Boa Aderência


Figura 10.1: Situações de boa e má aderência.

10.2 Resistência de aderência.

Para efeitos práticos, têm-se a eq. 10.1, que descreve a tensão necessária para
movimentar uma barra numa massa de concreto:
F
 br  (10.1)
uL
onde: F é a força necessária para produzir um deslocamento de 0,1 mm na extremidade
da barra.

Para fins de cálculo, adota-se br = fbd (resistência de aderência) cujos valores são
especificados pela NBR6118:2003 (item 9.3.2.1) conforme eq. 10.2:
fbd = 1 2 3 fctd (MPa) (10.2)
2/3
onde: fctd = fctk,inf/c ; fctk,inf = 0,7fct,m ; fct,m = 0,3(fck)
 fctd = resistência de cálculo à tração do concreto;
 fctk,inf = resistência característica à tração inferior;
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 70

 fct,m = resistência média à tração do concreto.

Os coeficientes  tem seus valores dados por:


 1 = 1,0 para aço CA-25 (liso); 1 = 1,4 para aço CA-60 (entalhado); 1 = 2,25
para aço CA-50 (nervurado).
 2 = 1,0 em situações de boa aderência; 2 = 0,7 em situações de má aderência.
 3 = 1,0 para barras com < 32 mm; 3 = (132-)/100 para barras com
 32 mm.

10.3 Ancoragem das armaduras.

É o trecho mínimo necessário de uma barra para transferir sua força ao concreto (figura
10.2). Este fato deve ser observado para todas as barras.

Figura 10.2: Representação do comprimento de ancoragem.

Ancoragem de armadura tracionada no concreto é definida pelo comprimento de


ancoragem básico, dado por:

Define-se comprimento de ancoragem básico como o comprimento reto de uma barra de


armadura passiva necessário para ancorar a força limite Asfyd nessa barra, admitindo, ao
longo desse comprimento, resistência de aderência uniforme e igual a fbd, conforme item
9.3.2.1 (eq. 10.3).
 f yd
lb   (10.3)
4 f bd

Na tabela 10.1 estão apresentados os comprimentos básicos de ancoragem para o aço


CA-50, em função da bitola da barra (CLIMACO, 2004):

Tabela 10.1: Comprimento de ancoragem básico em função do concreto.


fck (MPa)
Zonas
20 25 30 35 40 45 50
Boa aderência 43 37 33 30 27 25 24
Má aderência 61 53 47 43 39 36 34

O comprimento de ancoragem necessário pode ser calculado, conforme item 9.4.2.5 por
(eq. 10.4):
 As,calc 
lb ,nec   1l b  l (10.4)
 As ,efet  b, min
 
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 71

onde:
 1 = 1,0 para barras sem gancho e 0,7 com gancho, mas com cobrimento lateral
3;
 lb = comprimento de ancoragem básico;
 Ascal = área da seção da armadura calculada com o esforço a ancorar;
 Asef = área efetiva (adotada);
 lb,min = maior valor entre 0,3 lb, 10 e 100 mm.

Condições a serem consideradas (item 9.4.2.1):


 as barras tracionadas devem ser obrigatoriamente ancoradas com gancho para
barras lisas;
 barras ancoradas sem gancho, nas que tenham alternância de solicitação, de
tração e compressão;
 barras ancoradas com ou sem gancho nos demais casos, não sendo recomendado
o gancho para barras de > 32 mm ou para feixes de barras.

As barras comprimidas devem ser ancoradas sem gancho.

No caso de ancoragem de feixes de barras, o feixe é considerado como uma barra única
de diâmetro equivalente igual a (eq. 10.5 e figura 10.3):
 feixe  n   (10.5)
onde:  = diâmetro das barras; n = número de barras que formam o feixe (n=2,3 ou 4).

Figura 10.3: Diâmetro equivalente de feixe da barras.

As barras constituintes do feixe devem ter ancoragem reta, sem ganchos. Quando o
diâmetro equivalente for menor que 25 mm, o feixe pode ser tratado como uma barra
única, de diâmetro feixe, e a ancoragem é calculada como apresentado nesta seção para
barras isoladas. Para feixe > 25 mm, consultar a NBR 6118:2003.

10.3.1 Ancoragem fora do apoio.

Ancoragem fora do apoio de armadura tracionada é dada conforme figura 10.4 por
lb = lb,nec (com 1 = 1,0) ou lb,nec (com 1 = 0,7).

Figura 10.4: Ancoragem fora do apoio.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 72

10.3.2 Ancoragem no apoio.

No caso de armadura de tração em apoios extremos (figura 10.5), as barras deverão ser
ancoradas a partir da face interna do apoio com comprimentos (lba) iguais ou superiores
a (item 18.3.2.4.1):
 lb,nec;
 (r + 5,5), sendo r = raio interno de curvatura do gancho;
 60 mm.

Figura 10.5: Ancoragem em apoio extremo.

10.4 Comprimento de ancoragem por aderência das barras comprimidas.

As barras comprimidas deverão ser ancoradas apenas com ancoragem retilínea (sem
gancho) e o comprimento de ancoragem será calculado como no caso de tração.

10.5 Armadura transversal nas ancoragens.

Conforme item 9.4.2.6:


 Para barras com < 32 mm:
Ao longo do trecho de ancoragem, deve ser prevista armadura transversal capaz
de resistir a esforço igual a 25% da força longitudinal de uma das barras
ancoradas. Todas as armaduras transversais existentes ao longo do comprimento
de ancoragem poderão ser consideradas naquela armadura. Para barras com
32 mm, consultar a NBR 6118:2003.

 Barras comprimidas
Quando se tratar de barras comprimidas, pelo menos uma das barras da
armadura transversal deve estar situada a uma distância igual a 4 ( da barra
ancorada) além da extremidade da barra, destinada a proteger o concreto contra
os efeitos do esforço concentrado na ponta.

10.6 Ganchos das armaduras de tração.

Os ganchos das extremidades das barras da armadura de tração podem ser (item
9.4.2.3):
 a) Semi-circulares, com ponta reta de comprimento não inferior a 2;
 b) Em ângulo de 45o (interno), com ponta reta de comprimento não inferior a
4;
 c) Em ângulo reto, com ponta reta de comprimento não inferior a 8.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 73

Nos ganchos dos estribos, os comprimentos mínimos acima serão de 5t ou 5 cm para
os casos a) e b) e 10t ou 7cm para o caso c). Para as barras e fios lisos os ganchos
deverão ser semi-circulares ou em ângulo de 45o.

O diâmetro interno mínimo da curvatura dos ganchos das barras longitudinais é dado na
tabela 10.2:

Tabela 10.2: Diâmetro de curvatura mínimo de barras longitudinais.


Bitola (mm) CA-25 CA-50 CA-60
 20 4 5 6
 20 5 8 -

10.7 Emendas das barras.

10.7.1 Emendas por traspasse.

Este tipo de emenda não é permitido para barras de bitola maior que 32 mm, nem para
tirantes e pendurais (elementos estruturais lineares de seção inteiramente tracionada); no
caso de feixes, o diâmetro do círculo de mesma área, para cada feixe, não poderá ser
superior a 45mm respeitados os critérios estabelecidos na NBR 6118:2003 (item 9.5.2).

O comprimento do trecho de traspasse das barras tracionadas isoladas deve ser igual ao
exposto na eq. 10.6 (item 9.5.2.2.1)
l ot   0t l b,nec  l 0t ,min
0,3 0t lb
 (10.6)
l 0t ,min   15
 200 mm

0t é o coeficiente função da porcentagem de barras emendadas na mesma seção,
conforme a tabela 10.3:

Tabela 10.3: Valores do coeficiente α 0t (tabela 9.4 – NBR 6118:2003).


Barras emendadas na mesma seção (%)  20 25 33 50 50
Valores de 0t 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0

O espaçamento livre entre as faces das barras longitudinais em regiões de emendas por
traspasse deve respeitar o mínimo dado na NBR 6118:2003. A proporção máxima de
barras tracionadas emendadas na mesma seção transversal da peça será a indicada pela
tabela 10.4:

Tabela 10.4: Proporção máxima de barras tracionadas emendadas


(tabela 9.3 – NBR 6118:2003)
Tipo de carregamento
Tipo de barra Situação
Estático Dinâmico
Em uma camada 100 % 100 %
Alta aderência
Em mais de uma 50 % 50 %
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 74

camada

 < 16 mm 50 % 25 %
Lisa
  16 mm 25 % 25 %

Quando se tratar de armadura permanentemente comprimida ou de distribuição, todas as


barras podem ser emendadas na mesma seção.

Considera-se como na mesma seção transversal as emendas que se superpõem ou cujas


extremidades mais próximas estejam afastadas de menos de 20 % do comprimento do
trecho de traspasse, tomando-se o maior dos dois comprimentos quando diferentes
(figura 10.6).

Figura 10.6: Emendas supostas como na mesma seção transversal


(figura 9.3 – NBR 6118:2003)

Conforme item 9.5.2.4.2, O comprimento por traspasse de barras comprimidas, isoladas,


será igual a lb,nec, com o mínimo de 200 mm, 15 ou 0,6 lb. As barras permanentemente
comprimidas podem todas ser emendadas na mesma seção e devem possuir no trecho
das emendas armadura transversal conforme a NBR 6118:2003.

Conforme o item 9.5.2.5, podem ser feitas emendas por traspasse em feixes de barras
quando, as barras constituintes do feixe forem emendadas uma de cada vez, sem que em
qualquer seção do feixe emendado resulte em mais de quatro barras.

As emendas das barras do feixe devem ser separadas entre si 1,3 vez o comprimento de
emenda individual de cada uma.

10.7.2 Emendas por luvas rosqueadas.

Para esse tipo de emenda, as luvas rosqueadas devem ter resistência maior que as barras
emendadas.

10.7.3 Emendas por solda.

Segundo item 9.5.4, As emendas por solda exigem cuidados especiais quanto às
operações de soldagem que devem atender a especificações de controle do aquecimento
e resfriamento da barra, conforme normas específicas.

As emendas por solda podem ser (figura 10.7):


 de topo, por caldeamento, para bitola não menor que 10 mm;
 de topo, com eletrodo, para bitola não menor que 20 mm;
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 75

 por traspasse com pelo menos 2 cordões de solda longitudinais, cada um deles
com comprimento não inferior a 5, afastados no mínimo 5;
 com outras barras justapostas (cobrejuntas), com cordões de solda longitudinais,
fazendo-se coincidir o eixo baricêntrico do conjunto com o eixo longitudinal das
barras emendadas, devendo cada cordão ter comprimento de pelo menos 5.

As emendas com solda podem ser realizadas na totalidade das barras em uma seção
transversal do elemento estrutural. Devem ser consideradas como na mesma seção as
emendas que de centro a centro estejam afastadas entre si menos que 15 medidos na
direção do eixo da barra.

A resistência de cada barra emendada será considerada sem redução; em caso de barra
tracionada e havendo preponderância de carga acidental, a resistência será reduzida em
20%.

Figura 10.7: Emendas por solda.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 76

11 – DETALHAMENTO DE VIGAS.

Parte-se de dois modelos de dimensionamento baseados em formulação diferentes:


 Dimensionamento à flexão: modelo de barra fletida;
 Dimensionamento ao cisalhamento: modelo de treliça.

A diferença existente entre estes dois modelos torna necessária uma compatibilização
nos cálculos. Para isto, deve-se adotar uma situação mais desfavorável, tornando-se a
envoltória do diagrama das resultantes de tração nas barras da armadura do modelo de
treliça.

Isto é feito por meio de uma translação paralela ao eixo da peça no sentido mais
desfavorável (figura 11.1).

Figura 11.1: Translação do diagrama de momento fletor.

O valor de al (decalagem), de acordo com o modelo II da NBR 6118:2003 (item


17.4.2.3c) é dado pela eq. 11.1:
a l  0,5d cot   cot   (11.1)

 a  0,5d    90º
Valores limites:  l
a l  0,2d    45º

11.1 Detalhamento da armadura longitudinal.

Item 18.3.2.3.1: Armaduras de tração na flexão simples, ancoradas por aderência.

O trecho da extremidade da barra de tração, considerado como de ancoragem, tem início


na seção teórica onde sua tensão σs começa a diminuir (o esforço da armadura começa a
ser transferido para o concreto).
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 77

Deve prolongar-se pelo menos 10φ além do ponto teórico de tensão σs nula, não
podendo em nenhum caso, ser inferior ao comprimento necessário estipulado no cálculo
de lb.

Assim, na armadura longitudinal de tração dos elementos estruturais solicitados por


flexão simples, o trecho de ancoragem da barra deve ter início no ponto A (figura 11.2)
do diagrama de forças RSd = MSd/z decalado do comprimento al. Esse diagrama equivale
ao diagrama de forças corrigido RSd,cor. Se a barra não for dobrada, o trecho de
ancoragem deve prolongar-se além de B, no mínimo 10φ. Se a barra for dobrada, o
início do dobramento pode coincidir com o ponto B (ver figura 11.2).

Figura 11.2: Cobertura do diagrama de força de tração solicitante pelo diagrama


resistente (figura 18.3 – NBR 6118:2003).

Conhecendo a bitola e o nº de barras, o seu comprimento é determinado com base no


diagrama deslocado.

Na extremidade da barra tem inicio a ancoragem, a partir do ponto em que a tensão na


barra começa a diminuir e a força de tração deve ser transferida ao concreto. Esse trecho
deve se prolongar pelo menos 10  além do ponto de tensão nula, não podendo ser
inferior a lb,Nec, conforme figura 11.3.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 78

Figura 11.3: Comprimento das barras de uma viga em flexão simples.

As barras podem ainda resistir à força cortante, a partir deste ponto, quando dobradas.

No detalhamento adotar:
 Deslocar o diagrama de al;
 Dividir as ordenadas pelo número de barras;
 Os pontos de intersecção com o diagrama de momento fletor deslocado definem
as seções em que a força é transferida, sendo a partir daí, as barras ancoradas de
lb.

Em apoios extremos, para garantir ancoragem da diagonal de compressão, deve-se


ancorar armaduras capazes de resistir a uma força de tração dada por (eq. 11.2):
a 
Rst   l Vd  N d (11.2)
d
onde Vd é a força cortante no apoio e Nd é a força de tração que possa eventualmente
existir.

Devem-se prolongar as barras, em apoios extremos, segundo as condições;


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 79

1
 As,vão  se M apoio  0 com M apoio  0,5M vão ;
3
1
 As,vão  se M apoio  0 com M apoio  0,5M vão
4

Em apoios intermediários a armadura deve penetrar no mínimo 10  a partir da face do


apoio.

11.2 Exercícios propostos.

1. Dimensionar e detalhar as vigas das figuras 11.3, 11.4, 11.5, 11.6 e 11.7, de acordo
com as condições dadas:
a) fck = 20 MPa, bw = 20 cm, h = 60 cm, Aço CA-50, CAA I, Pilares com 60 cm de
largura.

Figura 11.3: Exercício 1(a).

b) fck = 20 MPa, bw = 20 cm, h = 60 cm, Aço CA-50, CAA I, Pilares com 60 cm de


largura.

Figura 11.4: Exercício 1(b).

c) fck = 30 MPa, b w = 20 cm, h = 40 cm, Aço CA-50, CAA II, Pilares com 30 cm
de largura.

Figura 11.5: Exercício 1(c).

2. Dimensionar e detalhar as armaduras das vigas apresentadas nos casos abaixo:


a) fck = 25 MPa, b w = 20 cm, h = 60 cm, Aço CA-60, CAA II, Comprimento entre
apoios de 3 m, Pilares com 30 cm de largura.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 80

Figura 11.6: Exercício 1(d).

b) fck = 30 MPa, b w = 18 cm, h = 50 cm, Aço CA-50, CAA II, Comprimento entre
apoios de 2.5 m, Pilares com 40 cm de largura.

Figura 11.7: Exercício 1(e).


12 – DIMENSIONAMENTO DE LAJES MACIÇAS RETANGULARES.

Lajes são elementos estruturais laminares, submetidos a cargas predominantemente


normais à sua superfície média, que têm a função de resistir às cargas de utilização
atuantes na estrutura.

São classificadas em (figura 12.1):


 Lajes apoiadas sobre vigas: São sustentadas por vigas nos bordos, usualmente
executadas em um processo único de moldagem;
 Lajes nervuradas: Podem ser moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas.
Nestas últimas, uma capa de concreto moldada no local trabalha à compressão e
a resistência à tração é fornecida pelas nervuras. Se algum material inerte for
inserido entre as nervuras (tijolos ou blocos), estas são denominadas lajes
mistas;
 Lajes Lisas e Cogumelo: Lajes apoiadas diretamente em pilares. São chamadas
de lajes-cogumelo caso haja alargamento, chamado capitel, na transição pilar-
laje.

Figura 12.1: Tipos de lajes.

12.1 Hipóteses simplificadoras.

São elas:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 81

 O peso próprio da laje é tomado como uniformemente distribuído em toda a sua


área;
 A mesma consideração é feita em relação à sobre carga de utilização;
 A correta consideração dos vínculos nos bordos da laje é fundamental para o
cálculo;
 As vigas de bordo das lajes devem ser consideradas apoios indeslocáveis;
 As cargas transmitidas das lajes para as vigas são admitidas como distribuídas
por unidade de comprimento da viga;
 Em lajes adjacentes, apoiadas de forma contínua sobre uma viga com a qual são
moldadas monoliticamente, são admitidas como um esgastamento perfeito;
 O vão teórico da laje pode ser obtido por (item 14.7.2.2): l ef  l 0  a1  a 2 , onde
0,5.t i
a1 e a2 são calculados como na figura 12.2 com: a i   .
 0,3.h

Figura 12.2: Vão teórico das lajes.

Na prática, o vão teórico das lajes é considerado como a distância de centro a centro dos
apoios.

12.2 Classificação das lajes retangulares.

Para efeito de cálculo, as lajes são classificadas em (figura 12.3):


 Lajes em cruz (ou calculadas nas duas direções):
 Relação entre os vão teóricos menor que 2;
 Os momentos fletores são calculados segundo as duas direções para
quaisquer condições de apoio.
 Lajes armadas em uma direção:
 Relação entre os vão superior a 2;
 Apenas os bordos maiores são considerados como apoios para fins de
cálculo;
 Os momentos fletores são calculados apenas na direção paralela ao menor
vão, obtendo-se a armadura principal. Na outra direção, adota-se uma
armadura de distribuição, calculada como uma parcela da principal.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 82

Figura 12.3: Classificação das lajes.

12.3 Espessura das lajes.

A NBR 6118:2003 (item 13.2.4.1) estabelece os seguintes limites mínimos:


 5 cm para lajes de cobertura não em balanço;
 7 cm para lajes de piso ou de cobertura em balanço;
 10 cm para lajes que suportem veículos com peso ≤ 30 kN;
 12 cm para lajes que suportem veículos com peso > 30 kN;
 15 cm para lajes com protensão;
 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes cogumelo.

A altura útil de uma laje é definida como a distância da fibra mais comprimida ao centro
de gravidade da armadura de maior área, sendo função da altura total da laje, do
cobrimento e da bitola da armadura principal.

12.4 Cargas nas lajes.

Cargas permanentes:
 Peso próprio: Tomando o valor da espessura h, temos g = 25.h (kgf / m2);
 Peso dos revestimentos inferior e superior: Obter dados através da norma
NBR 6120:1978. Nos casos usuais, considera-se uma carga permanente
adicional de 100 kgf / m2;
 Em lajes rebaixadas (figura 12.4), considerar o peso do material de enchimento
(entulho) com valor 1000 kgf / m2;

Figura 12.4: Carregamento em lajes rebaixadas.

 Paredes apoiadas diretamente sobre a laje tem seus valores calculados em função
dos materiais constituintes.

Os pesos específicos dos materiais constituintes de paredes são dados por:


 Tijolo cerâmico furado:  = 1300 kgf/m3;
 Tijolo cerâmico maciço:  = 1800 kgf/m3;
 Bloco de argamassa:  = 2200 kgf/m3;
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 83

 Argamassa de cimento e areia:  = 2100 kgf/m3;

Os pesos por área de parede acabada, p’ (em kgf/m2), são apresentados pela tabela 12.2
(CLÌMACO, 2005):

Tabela 12.2: Carga de parede acabada de acordo com o tipo de bloco.


Espessura da Tijolo cerâmico furado Blocos de concreto celular Blocos de
parede acabada 10 x 20 x 20 cm (em cm) argamassa
12 cm - 200 (bloco de 8x20x40) 260
15 cm 240 230 (bloco de 12x20x40) 330
25 cm 370 310 (bloco de 20x20x40) 550

12.5 Cargas de parede em lajes.

12.5.1 Lajes armadas em cruz.

O peso é tomado como uma carga distribuída uniformemente em toda a área da laje. É
dado em função de p’, do pé direito da laje (H) e dos comprimentos a e b, segundo eq.
12.1.
g parede 
a  b Hp' (12.1)
l1  l 2
12.5.2 Lajes armadas em uma só direção.

Dois casos têm de ser considerados:


 Parede paralela ao menor vão (eq. 12.2):
p ' Hl parede
g parede  (12.2)
l 2  l 2 
 2

 Parede perpendicular ao menor vão (12.3):


G  p ' H  1m (12.3)

Os casos apresentados para a consideração de paredes sobre lajes pode ser visualizado
na figura 12.5:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 84

Figura 12.5: Consideração das paredes sobre lajes.

Observações:
 No cálculo das cargas das paredes, não se desconta os vãos de portas e janelas, o
que é a favor da segurança e pode cobrir eventuais mudanças;
 No caso de haver divisórias sem posição definida sobre a laje, a NBR 6120:1980
determina a consideração de um acréscimo na carga de, no mínimo,
100 kgf / m2.

12.6 Cálculo no regime elástico.

Método baseado na solução de uma equação diferencial denominada equação de


Lagrange, estabelecida pela teoria de placas (figura 12.6).

Figura 12.6: Esquema de solução de uma laje (equação diferencial).

Neste regime, a determinação dos momentos nas lajes pode ser feito por diferentes
métodos:
 Métodos Clássicos: Teoria de grelhas;
 Métodos baseados na teoria da Elasticidade: integração das equações de
Lagrange por técnicas numéricas;
 Métodos Mistos: de caráter prático, tendem a corrigir os momentos utilizando a
solução dos dois métodos. O mais utilizado é o método de Marcus.

12.7 Momentos em lajes em uma só direção.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 85

Os momentos são determinados considerando faixas de largura unitária paralelas a


menor direção, como vigas apoiadas nos bordos maiores (figura 12.7).

A armadura principal é calculada apenas para os momentos determinados para o menor


vão, sejam eles positivos ou negativos.

Para lajes contínuas, os momentos positivos e negativos podem ser determinados de


acordo com o que indica a figura 12.7 e eq. 12.4:
M max   g  q l 2 /   pl 2 /  (12.4)

Figura 12.7: Momentos em lajes armadas em uma só direção.

12.8 Momentos nas lajes em cruz.

Os momentos fletores nas lajes em cruz são obtidos, por unidade de comprimento e
baseando-se nas condições de apoio dos bordos, através dos coeficientes m x, my, nx e ny
(Método de Marcus), fornecidos na figura 12.8:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 86

Figura 12.8: Condições de borda das lajes armadas em cruz.

 Momentos positivos (eq. 12.5):


pl 2 pl 2
Mx  x ; My  x (12.5)
mx my
 Momentos negativos (eq. 12.6):
pl 2 pl 2
Xx  x ; Xy  x (12.6)
nx ny

O cálculo das lajes é realizado através da consideração de engastadas as lajes em que


haja continuidade sobre o bordo comum, e simplesmente apoiada quando não houver
continuidade.

Quando consideradas engastadas, as lajes podem apresentar momentos negativos


diferentes nestes bordos. Mas, em uma estrutura monolítica, este momento deve ter um
valor único, exigindo uma uniformização de momentos nesta região. Esta situação está
mostrada na figura 12.9:

Figura 12.9: Condição de uniformização em lajes armadas em cruz.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 87

12.8.1 Casos especiais.

1º Situação: comprimento, na borda comum, da maior borda maior ou igual a 2/3 da


borda menor (figura 12.10).

Figura 12.10: 1ª condição de borda comum engastada.

2º Situação: situação para lajes rebaixadas (figura 12.11).

Figura 12.11: 2ª condição de borda comum engastada.

12.9 Cargas das lajes nas vigas (item 14.7.6.1)


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 88

Para o cálculo das reações de apoio das lajes maciças retangulares com carga uniforme
podem ser feitas as seguintes aproximações:
a) as reações em cada apoio são as correspondentes às cargas atuantes nos triângulos
ou trapézios determinados através das charneiras plásticas correspondentes à
análise efetivada com os critérios de 14.7.4, sendo que essas reações podem ser,
de maneira aproximada, consideradas uniformemente distribuídas sobre os
elementos estruturais que lhes servem de apoio;
b) quando a análise plástica não for efetuada, as charneiras podem ser aproximadas
por retas inclinadas, a partir dos vértices com os seguintes ângulos:
− 45° entre dois apoios do mesmo tipo;
− 60° a partir do apoio considerado engastado, se o outro for considerado
simplesmente apoiado;
− 90° a partir do apoio, quando a borda vizinha for livre.

Estas situações podem ser visualizadas na figura 12.12:

Figura 12.12: Cargas das lajes nas vigas.

12.10 Dimensionamento de lajes retangulares.

Para faixas de laje de largura unitária como vigas de b w = 1 m, devem ser verificadas as
seguintes expressões:
 Momentos fletores negativos nos apoios (eq. 12.7):

Se f ck  35 MPa  M sd ,max   f M max  0,272d 2 f cd

(12.7)
Se f ck  35 MPa  M sd ,max   f M max  0,228d 2 f cd

 Momentos fletores positivos (eq. 12.8):



M sd ,max   f M max  k md ,lim d 2 f cd (12.8)

O cálculo da área de armadura pode ser realizado através da eq. 12.9:


M
k md  2 sd
d f cd
(12.9)
M sd
As 
k z df yd
cm 2
/m 
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 89

12.11 Verificação à força cortante.

Segundo a NBR 6118:2003 (item 19.4.1), as lajes maciças ou nervuradas, que atendem
aos requisitos desta norma, podem prescindir de armadura transversal para resistir aos
esforços de tração oriundos da força cortante, quando a força cortante de cálculo
obedecer à eq. 12.10:
VSd  VRd 1 (12.10)
em que:
 VSd = força cortante solicitante de cálculo;
 VRd1 = força cortante resistente de cálculo, relativa a elementos sem armadura
para força cortante.

A resistência de projeto ao cisalhamento é dada pela eq. 12.11:


 
VRd1   Rd . 1.2  40.1   0.15 cp bw d (12.11)
onde:
 τrd = 0,25.fctd;
 fctd = fctk,inf/ γc;
A
 1  s1 , não maior que 0.02;
bw d
N
  cp  Sd
Ac
 κ é um coeficiente que tem os seguintes valores:
- para elementos onde 50% da armadura inferior não chega até o apoio: κ = |1|;
- para os demais casos: κ = |1,6 – d|, não menor que |1|, com d em metros;
em que:
 fctd é a resistência de cálculo do concreto ao cisalhamento;
 As1 é a área da armadura de tração que se estende até não menos que (d + lb,nec);
 bw é a largura mínima da seção ao longo da altura útil d;
 NSd é a força longitudinal na seção devida à protensão ou carregamento
(compressão positiva).

Quando da verificação de elementos sem armadura de cisalhamento a resistência de


cálculo VRd2 é dada pela eq. 12.12:
VRd 2  0.5. v1 . f cd .bw .0.9d (12.12)
onde:
 αv1 = (0,7 – fck /200), não maior que 0,5.

A distribuição dessa armadura ao longo da laje deve respeitar o prescrito no item


18.3.2.3.1 da NBR 6118:2003, considerando al = 1.5d. O comprimento de ancoragem
das barras sem armadura para força cortante deve obedecer a situação imposta na figura
12.13:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 90

Figura 12.13: Comprimento de ancoragem necessário (figura 19.1 – NBR 6118:2003).

Para lajes com necessidade de armaduras para resistir a força cortante devem obedecer
ao item 17.4.2, que foi apresentada no capítulo 9.

A resistência dos estribos pode ser considerada com os seguintes valores máximos,
sendo permitida interpolação linear:
 250 MPa, para lajes com espessura até 15 cm;
 435 MPa (fywd ), para lajes com espessura maior que 35 cm.

12.12 Recomendações normativas.

É recomendável adotar espaçamento s ≥ 10 cm, para garantir um bom lançamento e


adensamento do concreto.

Para valores de kx ≤ 0,05 (kmd ≤ 0,014), pode-se adotar As = Asmin.

Área mínima de armadura dada de acordo com a tabela 12.3 e tabela 12.4. Taxa mínima
de armadura (área mínima = 0,9 cm2/m).

Tabela 12.3: Valores mínimos para armaduras em lajes (tabela 19.1 – NBR 6118:2003)
Armaduras Positivas
Armaduras
Lajes em uma direção
Negativas Lajes em cruz
Principal Secundária
Principal:
 s  0,5  min
 s  0,67  min
 s  As / bw h   s   min Secundária:  s   min
As  0,2 As , princ
As  0,2 As , princ
 0,9 cm 2 / m  0,9 cm 2 / m

Tabela 12.4: Coeficientes min em função do concreto.


fck (MPa)
20 25 30 35 40 45 50
 min (%) 0,15 0,15 0,173 0,201 0,23 0,259 0,288

Não deve ser utilizada bitola inferior a 3,4 mm, exceto em caso de telas soldadas, sendo
o diâmetro máximo das armaduras especificado pela eq. 12.13:
h
  espessura da laje  (12.13)
8

O espaçamento máximo para a armadura principal deve ser igual a 2h ou 20 cm,


prevalecendo o menor destes valores na região dos maiores momentos fletores;
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 91

O espaçamento máximo da armadura secundaria não deve ser maior que 33 cm.

As recomendações em relação ao espaçamento são mostradas na figura 12.14:

Figura 12.14: Espaçamento máximo e distribuição das armaduras no plano da laje.

12.13 Detalhamento.

O desenho das armaduras das lajes é feito diretamente sobre a planta de formas da
estrutura do pavimento (figura 12.15).

As seguintes regras básicas devem ser observadas:


 Desenham-se em cada laje, no máximo duas barras representativas da armadura
em cada direção, positiva ou negativa. Devem ser anotadas as seguintes
informações: número de barras iguais naquela direção, bitola, espaçamento entre
barras e comprimento unitário;
 Os desenhos de armaduras positivas e negativas não devem ser superpostos para
não haver confusão. Em estruturas com simetria em planta, podem-se desenhar
as armaduras positivas de um lado e as negativas do outro;
 Todas as barras da planta com mesma bitola, comprimento e formato recebem
um numero de ordem ou posição, com que serão identificadas no quadro
analítico de ferros;
 Na planta de armaduras de lajes devem constar as informações: resistência
característica do concreto, classes dos aços empregados e os respectivos quadros
de armadura analítico e resumo.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 92

Figura 12.15: Esquema representativo de detalhamento de lajes.

12.13.1 Arranjo das armaduras.

 Em bordos simplesmente apoiados (sem continuidade), em se tratando de lajes


com valores de cargas e vãos elevados (superiores a 6 m), devem-se prever
armaduras especificas junto as faces superiores, para prevenir fissuras paralelas
às vigas na região próxima a esses bordos;
 Nos cantos sem continuidade, é necessária ainda uma armadura em ambas as
faces, para se combater o momento volvente, originados de uma tendência de
elevação dos cantos da placa, com a inversão das reações nestes cantos, de cima
para baixo, nos extremos da viga de apoio (figura 12.16);

Figura 12.16: Detalhamento de bordas sem continuidade de lajes.

 Nas lajes em balanço, como os momentos fletores diminuem no sentido do engaste


para a borda livre, a armadura negativa não é necessária em toda a sua extensão. A
prática permite que se possa dispor metade das barras em toda a extensão do
balanço, com igual comprimento de ancoragem na laje interna, sendo as demais
dispostas em apenas metade do comprimento do balanço e ancoradas com igual
comprimento na laje interna (figura 12.17).
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 93

Figura 12.17: Detalhamento de lajes em balanço.

12.13.2 Quadros de armadura.

Em todas as plantas de armadura de estruturas de concreto armado devem constar dois


quadros de armadura: analítico e resumo.

O quadro analítico, exemplificado na tabela 12.5, apresenta a quantidade de barras de


mesma posição ou numero de ordem N, que identifica as barras de mesma bitola,
comprimento e desenho, para as diferentes barras utilizadas, com os respectivos
comprimentos unitário e total. Este quadro é utilizado para o corte e montagem das
armaduras.

O quadro resumo, exemplificado na tabela 12.6, tem uso na elaboração de orçamentos e


compra de armaduras. O peso total das barras correspondentes a cada bitola é obtido
multiplicando-se o comprimento total referente a cada bitola (Quadro analítico), pelo
peso por metro linear.

Tabela 12.5: Exemplo de quadro analítico de armaduras.


Nº de ordem Comprimento (m)
 (mm) Quant.
(Posição) Unit. Total
N1 5,0 200 1,50 300
N2 5,0 150 2,00 300
N3 5,0 100 4,00 400
N4 6,3 100 3,00 300
N5 6,3 50 4,00 200

Tabela 12.6: Exemplo de quadro resumo de armaduras.


Bitola () Compr. Total (m) Peso (kg)
5,0 1000 160
6,3 500 80
Total 2120

12.14 Exercícios propostos.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 94

1. Para o painel de lajes da figura 12.18, todas de mesma espessura, calcular os


momentos fletores e dimensionar as armaduras, para uma sobrecarga de utilização
de 2,5 kN/m2, sendo a carga correspondente as revestimentos de 1 kN/m2, concreto
com fck = 20 MPa e aço CA-50.

Figura 12.18: Exercício 1.

2. Para as lajes da figura 12.19, destinadas a escritórios, todas com espessura de 10


cm, determinar as armaduras positivas e negativas das lajes, adotando concreto C20,
aço CA-60 e CAA I.

Figura 12.19: Exercício 2.

3. Dimensionar as armaduras da laje da figura 12.20, destinada a garagem de


edificação residencial. Determinar as cargas transmitidas às vigas de bordo. Sobre a
laje foi executado um piso com lajotas cerâmicas de 1,0 cm de espessura, assentadas
com argamassa de cimento e areia de 1,5 cm e revestimento inferior da laje com
argamassa de cal, cimento e areia de 0,5 cm de espessura. Considerar concreto C30,
CAA III e aço CA-50.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 95

Figura 12.20: Exercício 3.

4. Para a laje destinada a depósito de papel (figura 12.21), calcular a espessura mínima
e a correspondente carga máxima por m2,para o dimensionamento como
normalmente armada com armadura simples. Adotar concreto C25, CAA II e aço
CA-50.

Figura 12.21: Exercício 4.

5. Dimensionar as armaduras da laje da figura 12.22, com espessura de 0,10 m,


sobrecarga de 2,0 kN/m2, carga de revestimento de 1,0 kN/m2, concreto C25 e aço
CA-60. Determinar o carregamento da viga V2, admitindo que todas as vigas da
planta tem seção 15 cm x 45 cm. Sobre todas as vigas, supor que sejam assentadas
paredes de tijolo cerâmico furado, com espessura acabada de 15 cm e pé direito de
2,40 m.

Figura 12.22: Exercício 5.

6. Calcular as áreas de aço, positiva e negativa, das lajes da figura 12.23, todas com
espessura de 8 cm, sobrecarga de 3,0 kN/m2, concreto C20 e aço CA-50
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 96

Figura 12.23: Exercício 6.

7. Calcular e detalhar a armadura do pavimento de lajes maciças cuja planta de fôrmas


está apresentada na figura 12.24. Considerar que as salas serão utilizadas para
escritórios, que as lajes deverão ter todas a mesma espessura e que o revestimento
inferior de gesso, para efeito de cálculo de carga, pode ser desprezado. Serão
admitidos os seguintes dados no projeto:
Contrapiso com espessura de 2 cm e peso específico de 18 kN/m3;
Piso de plástico, cujo peso de 0,2 kN/m2 já inclui a cola e a camada de
regularização;
Cobrimento nominal da armadura de 25 mm, admitindo CAA II;
Vigas de 12 cm x 50 cm;
Concreto C20 e aço CA 50.

Figura 12.24: Exercício 7.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 97

13 – VERIFICAÇÕES AOS ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO.

São aqueles relacionados à durabilidade e a boa utilização da estrutura, funcionalidade e


aparência.

São dois limites a serem verificados:


 Deformação excessiva( ELS-DEF )
 Aberturas de fissuras ( ELS-W )

13.1 Combinações de ações.

13.1.1 ELS-DEF.

Considerar combinações quase permanentes de serviço das ações variáveis, conforme


eq. 13.1:
Fd ,ser  Fgk   2 Fqk (13.1)
onde:  2 = 0,3 – Edif. residenciais;
 2 = 0,4 – Edif. comerciais;
 2 = 0,6 – Bibliotecas, arquivos, oficinas, garagens.

13.1.2 ELS-W.

Considerar combinações freqüentes de serviço das ações variáveis, conforme eq. 13.2:
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 98

Fd ,ser  Fgk   1 Fqk (13.2)


onde:  1 = 0,4 (Edif. residenciais);  1= 0,6 (Edif. comerciais);  1 = 0,7 (bibliotecas,
arquivos, oficinas, garagens).

Os coeficientes  são utilizados para levar em conta a probabilidade reduzida de


atuação conjunta das ações acidentais com seus valores máximos em situações de
serviço.

Os elementos, sob a ação de cargas trabalham no estádio I e II, que são definidos por
um momento de fissuração, dado pela relação aproximada (eq. 13.3):
 . f ct . I c
Mr  (13.3)
yt
onde:
 = parâmetro que relaciona a resistência à tração na flexão e direta.
  = 1,2 para seções em T;
  = 1,5 para seções retangulares.
 yt = a distância do CG à fibra mais tracionada;
 Ic = momento de inércia da seção não fissurada;
 fct = resistência à tração direta do concreto.

Para seções retangulares, para os dois estados limites, os momentos de fissuração são
dados pelas eq. 13.4 e 13.5:
ELS – DEF: f ct ,m  0,30 f ck2 / 3 ( MPa )  M r  0,075bw h 2 f ck2 / 3 (13.4)
ELS – W: f ct ,inf  0,21 f ck2 / 3 ( MPa )  M r  0,053bw h 2 f ck2 / 3 (13.5)
13.2 Estado limite de abertura de fissuras.

Classe de agressividade e abertura de fissuras: determinam a durabilidade de uma peça


de concreto e a respectiva vida útil.

A necessidade de verificação da abertura de fissuras se faz pelos seguintes motivos:


 Devido a baixa resistência à tração do concreto, é inevitável a abertura de
fissuras;
 O controle destas aberturas buscam o melhor desempenho do concreto em
relação a proteção das armaduras.

A tabela 13.1 apresenta os limites da NBR 6118:2003 (item 13.4.2) quanto a abertura de
fissuras:

Tabela 13.1: Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da


armadura, em função das classes de agressividade ambiental
(tabela 13.3 – NBR 6118:2003)
Classe de Agressividade Exigências relativas Combinação de ações
Ambiental a fissuração em serviço
CAA I wk ≤ 0,4 mm Comb. Freqüente
CAA II, III e IV wk ≤ 0,3 mm Comb. Freqüente

13.2.1 Controle de fissuração.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 99

A abertura de fissuras é determinada pelo menor dos valores dados na eq. 13.6 (item
17.3.3.2):
 i  si 3 si
 12,5  E  f
 i s ctm
w (13.6)
   4 
 i
 si
  
 45 
12,5 i E s   cri 
onde:
  = diâmetro da barra;
  = coeficiente de aderência;
 fctm = resistência a tração média do concreto;
 s = tensão na barra em exame.

A tensão na barra da peça com armadura simples no estádio II, caso mais geral, é dada
pela eq. 13.7:
Mk
s  (13.7)

As d  x
3

 A  2b d  E
onde x II  e s   1  1  w  ,  e  s , com E c  4760 f ck2 / 3 .
bw   e As  Ec

A taxa de armadura relativa à área crítica,  cri , é dada por (eq. 13.8 e figura 13.1):
As
 cri   Acri  bw  cnom  t  8l  (13.8)
Acri

Figura 13.1: Concreto de envolvimento da armadura (Figura 17.3 – NBR 6118:2003).

Uma observação importante quanto às fissuras, um menor diâmetro das barras provoca
um maior número de fissuras, mas de menor abertura.

Outro ponto importante é relativo ao concreto e a sua moldagem, devendo o concreto


ser o mais impermeável possível e possuir adequada resistência à compressão, de forma
a evitar a condensação das armaduras.

13.3 Estado limite de deformação excessiva.

13.3.1 Deslocamentos limites.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 100

Deslocamentos limites são valores práticos utilizados para verificação em serviço do


estado limite de deformações excessivas da estrutura. Para os efeitos desta Norma são
classificados nos quatro grupos básicos a seguir relacionados e devem obedecer aos
limites estabelecidos na tabela 13.2:
 aceitabilidade sensorial: o limite é caracterizado por vibrações indesejáveis ou
efeito visual desagradável. A limitação da flecha para prevenir essas vibrações,
em situações especiais de utilização, deve ser realizada como estabelecido na
seção 23 (NBR 6118:2003);
 efeitos específicos: os deslocamentos podem impedir a utilização adequada da
construção;
 efeitos em elementos não estruturais: deslocamentos estruturais podem
ocasionar o mau funcionamento de elementos que, apesar que não fazerem parte
da estrutura, estão a ela ligados;
 efeitos em elementos estruturais: os deslocamentos podem afetar o
comportamento do elemento estrutural, provocando afastamento em relação às
hipóteses de cálculo adotadas. Se os deslocamentos forem relevantes para o
elemento considerado, seus efeitos sobre as tensões ou sobre a estabilidade da
estrutura devem ser considerados, incorporando-as ao modelo estrutural
adotado.

Tabela 13.2: Deslocamentos limites (tabela 13.2 – NBR 6118:2003).


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 101

13.3.2 Flecha imediata causada por ações de curta duração.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 102

13.3.2.1 Vigas de concreto armado.

A flecha pode ser determinada a partir da curvatura máxima de uma barra fletida, dada
pela eq. 13.9:
M l2
fi   a (13.9)
EI eq
onde:
  = coeficiente que depende do esquema estático da viga, dado na tabela
abaixo:
 M a = momento característico máximo no vão;
 l = vão teórico;
 EI eq = rigidez equivalente da seção transversal.

A rigidez equivalente da seção transversal é dada pela fórmula de Branson, que analisa
a rigidez nos estádios I e II, dada pela eq. 13.10 (item 17.3.2.1.1):
 M  3   M  3  
EI eq  Ecs   I c  1   r  I II    E cs I c
r
(13.10)
 M a    M a   
onde:
 Ecs = módulo de elasticidade secante do concreto;
 M r = momento de fissuração;
 I c = momento de inércia da seção bruta de concreto;
 I II = momento de inércia da seção fissurada no estádio II, dada por (eq. 13.11):
E 
I II   s  As z d  x  (13.11)
 Ec 
onde E s = módulo de elasticidade do aço, As = área de armadura tracionada e z
é o coeficiente de braço de alavanca, dado por z = d – x/3.

Nos estados limites de serviço as estruturas trabalham parcialmente no estádio I e


parcialmente no estádio II. A separação entre essas duas partes é definida pelo momento
de fissuração, dado pela eq. 13.12 (item 17.3.1):
 . f ct .I c
Mr  (13.12)
yt
onde:
 α é o fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão
com a resistência à tração direta (α = 1,2 para seções T ou duplo T e α = 1,5 para
seções retangulares);
 yt é a distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada;
 Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;
 fct é a resistência à tração direta do concreto, conforme 8.2.5, com o quantil
apropriado a cada verificação particular. Para determinação do momento de
fissuração deve ser usado o fctk,inf no estado limite de formação de fissura e o fct,m
no estado limite de deformação excessiva (item 8.2.5).
13.3.2.2 Lajes de concreto armado.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 103

Para a determinação da flecha em lajes, admite-se a consideração do momento de


inércia da seção geométrico do concreto sem fissuras. Isto se deve ao fato da espessura
da laje ser constante e definida a partir do momento fletor máximo.

Para lajes armadas em uma só direção, o cálculo deve ser efetuado em faixas de largura
de 1 m e altura igual a espessura da laje.

Para laje armada em cruz, é essencial a consideração da equação diferencial de


Lagrange. A solução desta equação fornece a flecha máxima que estará ocorrendo no
painel de laje.

A flecha elástica é dada pela eq. 13.13 (Expressão de Kalmanok):


pl 4 E cs h 3
fi   com D  (13.13)
D  
12 1  v 2
onde:
 p = carga uniformemente distribuída por área na laje;
 l = menor vão da laje;
 D = rigidez à flexão da laje;
 E cs = módulo de elasticidade secante do concreto;
 h = espessura da laje;
  = coeficiente de Poisson do concreto.

O valor de  é dado pela NBR 6118:2003 como 0.2, mas Kalmanok recomenda para
lajes o valor 0, onde este resulta em flechas 4% maiores.

13.3.3 Flecha final causada por ações de longa duração.

Segundo o item 17.3.2.1.2, A flecha decorrente de cargas de longa duração é dada como
função da flecha imediata como (eq. 13.14);
f dif   f f i (13.14)
onde  f é um coeficiente que depende da idade do concreto, apresentado na eq. 13.15:

f  (13.15)
1  50  '
onde:
'
  ' As bd = taxa de armadura de compressão na seção crítica do vão
considerado;
  t    t    t 0  = coeficiente de fluência diferida, em função do tempo t.

Os coeficientes de fluência são dados na tabela abaixo:

Tabela 13.3: Valores do coeficiente  em função do tempo


(tabela 17.1 – NBR 6118:2003)
Tempo (meses) 0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40 ≥70
 t  0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
A flecha total é dada por (eq. 13.16):
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 104

f tot  f i  f dif  1   f  f i (13.16)

13.4 Exercícios propostos.

1. Verificar, quanto a fissuração, uma viga de concreto armado na CAA II, submetida
ao momento fletor máximo de 300 kN.m, sendo a seção retangular de 25 cm x
80 cm, armadura de flexão As = 5 20 mm, aço CA-50 e concreto C20.

2. Checar quanto à flecha o exercício anterior, admitindo vão teórico de 8 m, carga de


longa duração uniformemente distribuída, aplicada na estrutura na idade de um mês.

3. Para uma laje maciça retangular de 5 m por 6 m, verificar a flecha admitindo engate
perfito em uma das bordas menores e as demais apoiadas. A laje tem espessura de
10 cm, a carga total atuante sobre ela de 6,0 kN/m2 e concreto C20.

4. Para o painel da figura 13.2, todas as lajes tem a espessura de 10 cm, submetidas as
seguintes cargas: sobrecarga (2,5 kN/m2) e revestimento (1,0 kN/m2). Considerar
CAA I, concreto C25, aço das armaduras das lajes CA-60 e das vigas CA-50. As
vigas V6, V7 e V8 têm seção de 20 cm x 70 cm, e as demais com 15 cm x 40 cm.
Com base nos dados, resolver os itens abaixo:
a) Dimensionar as armaduras das lajes da planta;
b) Verificar o ELS das lajes mais desfavoráveis;
c) Verificar a alteração na flecha da laje L1, supondo uma carga adicional devido a
uma parede com espessura de 15 cm de tijolo furado, com comprimento de 6 m
e altura de 2,6 m, paralela a viga V6;
d) Dimensionar as armaduras de flexão e cisalhamento da viga V6 e verifica-las
quanto aos ELS. Considere a presença de uma parede de tijolo cerâmico com
espessura acabada de 15 cm e altura de 2,6 m;
e) Calcular as armaduras de flexão e cisalhamento para a viga V8 e checar os ELS.

Figura 13.2: Exercício 4.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 105

5. Verifique a vigas das figuras 13.3, 13.4 e 13.5 quanto ao estado de deformação
excessiva e quanto ao estado de fissuração inaceitável:

a. fck = 20 MPa, aço CA-50, d = h – 4 cm, As = 3 φ 10 mm, carga permanente


g = 13.6 kN/m, carga acidental q = 3.4 kN/m, p = g + q.

Figura 13.3: Exercício 5(a).

b. fck = 30 MPa, aço CA-50, d = h – 4 cm, As = 6 φ 12.5 mm, carga permanente


g = 45.5 kN/m, carga acidental q = 19.5 kN/m, p = g + q.

Figura 13.4: Exercício 5(b).

c. fck = 20 MPa, aço CA-50, d = h – 5 cm, As = 4 φ 20 mm, carga permanente


g = 30 kN/m, carga acidental P = 90 kN.

Figura 13.4: Exercício 5(c).


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 106

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova, Rio de Janeiro, 2003.

____. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto armado – procedimento, Rio de


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____. NBR 6120: Cargas para o cálculo de estruturas de edificações, Rio de Janeiro,
1980.

____. NBR 7222: Argamassa e concreto – determinação da resistência à tração por


compressão diametral de corpos-de-prova cilíndricos, Rio de Janeiro, 1994.

____. NBR 7480: Barras e fios de aço destinados a armaduras de concreto armado,
Rio de Janeiro, 1996.

____. NBR 8522: Concreto – determinação do módulo estático de elasticidade à


compressão, Rio de Janeiro, 2008.

____. NBR 8661: Ações e segurança nas estruturas: procedimento, Rio de Janeiro,
2003.

____. NBR 8953: Concreto para fins estruturais, Rio de Janeiro, 1992.

____. NBR 12142: Concreto – determinação da resistência à tração na flexão em


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____. NBR 12655: Concreto – preparo, controle e recebimento, Rio de Janeiro,


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ARÁUJO, J. M. (2003). Curso de Concreto Armado. Editora Dunas, 2ª Edição, Vols.


1-4, Rio Grande do Sul.

CARVALHO, R. C.; FIGUEIREDO FILHO, J. R. (2004). Cálculo e detalhamento de


estruturas usuais de concreto armado: segundo a NBR 6118:2003, EDUFSCAR, 2ª
Edição, São Carlos.

CLÍMACO, J. C. T. S. (2005). Estruturas de concreto armado: fundamentos de


projeto, dimensionamento e verificação. Editora UnB, Brasília.

PINHEIRO, L. M.; MUZARDO, C. D.; SANTOS, S. P. (2005). Fundamentos do


concreto e projeto de edifícios, São Carlos.
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 107

ANEXO 1: Tabelas de flexão (CLIMACO, 2005).

Coeficientes adimensionais para dimensionamento à flexão.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 108

Área de armaduras longitudinais (em cm2) e distância interna entre estribos (em cm).
Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 109

ANEXO 2: Tabelas de cisalhamento (CLÍMACO, 2005).

Área da seção de estribos de dois ramos (em cm2/m).


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 110

ANEXO 3: Tabelas de lajes (CLÍMACO, 2005).

Área das armaduras de lajes (em cm2/m).


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 111

Tabela de Marcus – Caso 1.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 112

Tabela de Marcus – Caso 2.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 113

Tabela de Marcus – Caso 3.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 114

Tabela de Marcus – Caso 4.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 115

Tabela de Marcus – Caso 5.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 116

Tabela de Marcus – Caso 6.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 117

Reações uniformemente distribuídas nos bordos da laje.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 118

ANEXO 4: Tabelas de cálculo de flechas (CLÍMACO, 2005).

Valores do coeficiente  para o cálculo de flecha elástica.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 119

Valores de  para o cálculo de flechas elásticas no centro de lajes retangulares maciças.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 120

ANEXO 5: Cargas para o cálculo de edificações (NBR 6120:1980).

Peso Específico dos materiais.


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 121

Valores mínimos das cargas verticais


Notas de Aula – Estruturas de Concreto I 122

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