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ESTRUTURAS DE

CONCRETO ARMADO I
LAJES MACIÇAS RETANGULARES
PROF. DR. ANDERSON H. BARBOSA
Sumário

ENGENHARIA CIVIL - ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO I


• Considerações Gerais.

• Classificação.

• Carregamentos.

• Esforços Solicitantes.

• Dimensionamento.

• Recomendações Normativas.

• Detalhamento das Armaduras.

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Considerações Gerais

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Lajes: Elementos estruturais laminares, submetidos a cargas
predominantemente normais à sua superfície média, que têm a função de
resistir às cargas de utilização atuantes na estrutura.

São classificadas em:


• Lajes apoiadas sobre vigas: São sustentadas por vigas nos bordos,
usualmente executadas em um processo único de moldagem;
• Lajes nervuradas: Podem ser moldadas no local ou com nervuras pré-
moldadas. Nestas últimas, uma capa de concreto moldada no local
trabalha à compressão e a resistência à tração é fornecida pelas nervuras.
Se algum material inerte for inserido entre as nervuras (tijolos ou blocos),
estas são denominadas lajes mistas;

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Considerações Gerais

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São classificadas em:
• Lajes Lisas e Cogumelo: Lajes apoiadas diretamente em pilares. São
chamadas de lajes-cogumelo caso haja alargamento, chamado capitel, na
transição pilar-laje.

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Considerações Gerais

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Hipóteses simplificadoras

• O peso próprio da laje é tomado como uniformemente distribuído em


toda a sua área;
• A mesma consideração é feita em relação à sobre carga de utilização;
• A correta consideração dos vínculos nos bordos da laje é fundamental
para o cálculo;
• As vigas de bordo das lajes devem ser consideradas apoios indeslocáveis;
• As cargas transmitidas das lajes para as vigas são admitidas como
distribuídas por unidade de comprimento da viga;

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Considerações Gerais

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Hipóteses simplificadoras

• Em lajes adjacentes, apoiadas de forma contínua sobre uma viga com a


qual são moldadas monoliticamente, são admitidas como um
esgastamento perfeito;
• O vão teórico da laje pode ser obtido:

lef  l0  a1  a2

0,5.t i
ai  
 0,3.h
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Classificação

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Para efeito de cálculo, as lajes são classificadas em:

• Lajes em cruz (ou calculadas nas duas direções):

 Relação entre os vão teóricos menor que 2;


 Os momentos fletores são calculados segundo as duas direções para
quaisquer condições de apoio.

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Classificação

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• Lajes armadas em uma direção:

 Relação entre os vão superior a 2;


 Apenas os bordos maiores são considerados como apoios para fins de
cálculo;
 Os momentos fletores são calculados apenas na direção paralela ao
menor vão, obtendo-se a armadura principal. Na outra direção, adota-se
uma armadura de distribuição, calculada como uma parcela da principal.

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Carregamentos

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Espessura das lajes:

A NBR 6118:2007 (item 13.2.4.1) estabelece os seguintes limites mínimos:


• 5 cm para lajes de cobertura não em balanço;
• 7 cm para lajes de piso ou de cobertura em balanço;
• 10 cm para lajes que suportem veículos com peso ≤ 30 kN;
• 12 cm para lajes que suportem veículos com peso > 30 kN;
• 15 cm para lajes com protensão;
• 16 cm para lajes lisas e 14 cm para lajes cogumelo.

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Carregamentos

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Cargas permanentes:

• Peso próprio: g = 25.h (kN/m²);


• Peso dos revestimentos inferior e superior: Obter dados através da norma
NBR 6120:1978. Nos casos usuais, considera-se uma carga permanente
adicional de 100 kgf/m²;
• Em lajes rebaixadas, considerar o peso do material de enchimento
(entulho) com valor 10 kN/m2;

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Carregamentos

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Paredes apoiadas diretamente sobre a laje tem seus valores calculados em
função dos materiais constituintes.

Os pesos específicos dos materiais constituintes de paredes são dados por:


• Tijolo cerâmico furado:  = 13 kN/m3;
• Tijolo cerâmico maciço:  = 18 kN/m3;
• Bloco de argamassa:  = 22 kN/m3;
• Argamassa de cimento e areia:  = 21 kN/m3;

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Carregamentos

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Os pesos por área de parede acabada, p’ (em kgf/m2), são apresentados
por CLÍMACO (2005):
Espessura da Tijolo cerâmico furado Blocos de concreto celular Blocos de
parede acabada 10 x 20 x 20 cm (em cm) argamassa
12 cm - 200 (bloco de 8x20x40) 260
15 cm 240 230 (bloco de 12x20x40) 330
25 cm 370 310 (bloco de 20x20x40) 550

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Carregamentos

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Lajes armadas em cruz.

O peso é tomado como uma carga distribuída uniformemente em toda a


área da laje, dado em função de p’, do pé direito da laje (H) e dos
comprimentos a e b:

g parede 
a  b Hp '
l1  l 2

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Carregamentos

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Lajes armadas em uma só direção.

• Parede paralela ao menor vão.


• Parede perpendicular ao menor vão.

p ' Hl parede
g parede 
l 2  2 
l
 2

G  p ' H  1m

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Carregamentos

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Observações:

• No cálculo das cargas das paredes, não se desconta os vãos de portas e


janelas, o que é a favor da segurança e pode cobrir eventuais mudanças.

• No caso de haver divisórias sem posição definida sobre a laje, a NBR


6120:1980 determina a consideração de um acréscimo na carga de, no
mínimo, 100 kgf/m2.

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Esforços Solicitantes

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Cálculo no regime elástico.

Método baseado na solução de uma equação diferencial denominada


equação de Lagrange, estabelecida pela teoria de placas:

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Esforços Solicitantes

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Neste regime, a determinação dos momentos nas lajes pode ser feito por
diferentes métodos:
• Métodos Clássicos: Teoria de grelhas;
• Métodos baseados na teoria da Elasticidade: integração das equações de
Lagrange por técnicas numéricas;
• Métodos Mistos: de caráter prático, tendem a corrigir os momentos
utilizando a solução dos dois métodos. O mais utilizado é o método de
Marcus.

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Esforços

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Momentos em lajes em uma só direção.

• Os momentos são determinados considerando faixas de largura unitária


paralelas a menor direção, como vigas apoiadas nos bordos maiores.
• A armadura principal é calculada apenas para os momentos
determinados para o menor vão, sejam eles positivos ou negativos.

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Esforços Solicitantes

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Momentos em lajes em uma só direção.

• Para lajes contínuas, os momentos positivos e negativos podem ser


determinados de acordo com:

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Esforços Solicitantes

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Momentos nas lajes em cruz.

• Os momentos fletores nas lajes em cruz são obtidos, por unidade de


comprimento e baseando-se nas condições de apoio dos bordos, através
dos coeficientes mx, my, nx e ny (Método de Marcus):

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Esforços Solicitantes

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Momentos nas lajes em cruz.
pl x2 pl x2
• Momentos positivos : Mx  ; My 
mx my

pl x2 pl x2
• Momentos negativos: X x  ; Xy 
nx ny

O cálculo das lajes é realizado através da consideração de engastadas as


lajes em que haja continuidade sobre o bordo comum, e simplesmente
apoiada quando não houver continuidade.

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Esforços Solicitantes

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Momentos nas lajes em cruz.

Quando engastadas, as lajes podem apresentar momentos negativos


diferentes nestes bordos. Mas, em uma estrutura monolítica, este momento
deve ter um valor único, exigindo uma uniformização de momentos nesta
região.

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Esforços Solicitantes

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Momentos nas lajes em cruz.

Uniformização de momentos: Casos especiais.


• 1º Situação: comprimento, na borda comum, da maior borda maior ou
igual a 2/3 da borda menor.

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Esforços Solicitantes

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Momentos nas lajes em cruz.

Uniformização de momentos: Casos especiais.


• 2º Situação: situação para lajes rebaixadas:

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Esforços Solicitantes

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Cargas das lajes nas vigas:
Para o cálculo das reações de apoio das lajes maciças retangulares com
carga uniforme podem ser feitas as seguintes aproximações:
• As reações em cada apoio são as correspondentes às cargas atuantes nos
triângulos ou trapézios determinados através das charneiras plásticas
correspondentes à análise efetivada com os critérios de 14.7.4, sendo que
essas reações podem ser, de maneira aproximada, consideradas
uniformemente distribuídas sobre os elementos estruturais que lhes
servem de apoio;

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Esforços Solicitantes

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Cargas das lajes nas vigas:
• quando a análise plástica não for efetuada, as charneiras podem ser
aproximadas por retas inclinadas, a partir dos vértices com os seguintes
ângulos:
 45° entre dois apoios do mesmo tipo;
 60° a partir do apoio considerado engastado, se o outro for
considerado simplesmente apoiado;
 90° a partir do apoio, quando a borda vizinha for livre.

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Esforços Solicitantes

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Cargas das lajes nas vigas:

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Dimensionamento

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Para faixas de laje de largura unitária como vigas de bw=1 m, devem ser
verificadas as seguintes expressões:
• Momentos fletores negativos nos apoios:

Se f ck  35 MPa  M sd ,max   f M max



 0,272d 2 f cd
Se f ck  35 MPa  M sd ,max   f M max

 0,228d 2 f cd

• Momentos fletores positivos:

M sd ,max   f M max

 k md ,lim d 2 f cd

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Dimensionamento

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Cálculo da área de armadura:

M sd
k md  2
d f cd

As 
M sd
k z df yd
cm 2
/m 

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Recomendações Normativas

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É recomendável adotar espaçamento s ≥ 10 cm, para garantir um bom
lançamento e adensamento do concreto.
Taxa mínima de armadura (área mínima = 0,9 cm2/m).
Área mínima de armadura dada de acordo com a tabela:
Armaduras Positivas
Armaduras
Lajes em uma direção
Negativas Lajes em cruz
Principal Secundária
Principal:
 s  0,5 min
 s  0,67 min
 s  As / bw h   s   min Secundária:  s   min
As  0,2 As, princ
As  0,2 As, princ
 0,9 cm 2 / m  0,9 cm 2 / m
fck (MPa)
20 25 30 35 40 45 50 30
 min (%) 0,15 0,15 0,173 0,201 0,23 0,259 0,288
Dimensionamento

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Não deve ser utilizada bitola inferior a 3,4 mm, exceto em caso de telas
soldadas, sendo o diâmetro máximo das armaduras especificado por:


h
espessura da laje
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O espaçamento máximo para a armadura principal deve ser igual a 2h ou


20 cm, prevalecendo o menor destes valores na região dos maiores
momentos fletores;
O espaçamento máximo da armadura secundaria não deve ser maior que
33 cm.

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Detalhamento das Armaduras

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O desenho das armaduras das lajes é feito diretamente sobre a planta de
formas da estrutura do pavimento:

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Detalhamento das Armaduras

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As seguintes regras básicas devem ser observadas:
• Desenham-se em cada laje, no máximo duas barras representativas da
armadura em cada direção, positiva ou negativa. Devem ser anotadas as
seguintes informações: número de barras iguais naquela direção, bitola,
espaçamento entre barras e comprimento unitário;
• Os desenhos de armaduras positivas e negativas não devem ser
superpostos para não haver confusão. Em estruturas com simetria em
planta, podem-se desenhar as armaduras positivas de um lado e as
negativas do outro;
• Todas as barras da planta com mesma bitola, comprimento e formato
recebem um numero de ordem ou posição;
• Na planta de armaduras de lajes devem constar as informações:
resistência característica do concreto, classes dos aços empregados e os
respectivos quadros de armadura analítico e resumo. 33
Detalhamento das Armaduras

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Arranjo das armaduras.

• Em bordos simplesmente apoiados (sem continuidade), em se tratando


de lajes com valores de cargas e vãos elevados (superiores a 6 m),
devem-se prever armaduras especificas junto as faces superiores, para
prevenir fissuras paralelas às vigas na região próxima a esses bordos;

• Nos cantos sem continuidade, é necessária ainda uma armadura em


ambas as faces, para se combater o momento volvente, originados de
uma tendência de elevação dos cantos da placa, com a inversão das
reações nestes cantos, de cima para baixo, nos extremos da viga de
apoio.

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Detalhamento das Armaduras

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Arranjo das armaduras.

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Detalhamento das Armaduras

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Arranjo das armaduras.

• Nas lajes em balanço, como os momentos


fletores diminuem no sentido do engaste
para a borda livre, a armadura negativa não
é necessária em toda a sua extensão.

• A prática permite que se possa dispor


metade das barras em toda a extensão do
balanço, com igual comprimento de
ancoragem na laje interna, sendo as demais
dispostas em apenas metade do
comprimento do balanço e ancoradas com
igual comprimento na laje interna. 36
Detalhamento das Armaduras

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Quadro de armaduras.

• Em todas as plantas de armadura de estruturas de concreto armado


devem constar dois quadros de armadura: analítico e resumo.

• O quadro analítico apresenta a quantidade de barras de mesma posição


ou numero de ordem N, que identifica as barras de mesma bitola,
comprimento e desenho, para as diferentes barras utilizadas, com os
respectivos comprimentos unitário e total.

• Este quadro é utilizado para o corte e montagem das armaduras.

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Detalhamento das Armaduras

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Quadro de armaduras.

• O quadro resumo tem uso na elaboração de orçamentos e compra de


armaduras.

• O peso total das barras correspondentes a cada bitola é obtido


multiplicando-se o comprimento total referente a cada bitola (Quadro
analítico), pelo peso por metro linear.

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Detalhamento das Armaduras

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Quadro de armaduras.

Nº de ordem Comprimento (m)


 (mm) Quant.
(Posição) Unit. Total
N1 5,0 200 1,50 300
N2 5,0 150 2,00 300
N3 5,0 100 4,00 400
N4 6,3 100 3,00 300
N5 6,3 50 4,00 200

Bitola () Compr. Total (m) Peso (kg)


5,0 1000 160
6,3 500 80
Total 2120

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