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JUAZEIRO-BA, 2021/1
As estruturas, mesmo as mais simples, estão sujeitas, além das ações verticais
(gravitacionais), às ações horizontais decorrentes, principalmente, devido ao efeito dos
ventos. No caso de estruturas de grande altura ou aquelas que têm uma relação grande entre
a altura e a menor dimensão em planta (Figura 1), estes efeitos tornam-se mais importantes
e podem, inclusive, desencadear um processo de instabilidade da edificação. Dessa forma,
embora em algumas situações as estruturas tenham rigidez suficiente para que possam ser
desprezados os efeitos de segunda ordem devidos à instabilidade global (definidos mais
adiante), ainda assim é preciso considerar os esforços de primeira ordem, provocados por
forças horizontais, no cálculo dos edifícios.
vento a que seja mais desfavorável para a estrutura (a influência é maior nas estruturas mais
esbeltas, na direção de menor rigidez). A Figura 4 mostra ventos fortes atingindo as
fachadas dos prédios, permitindo a visualização de sua trajetória em torno dos edifícios.
Antes de determinar a força aplicada pelo vento nas edificações é preciso definir, de
acordo com a NBR 6123:1988, alguns termos importantes que ajudam a compreender seus
efeitos, destacando-se que o vento sempre atua perpendicularmente à superfície que obstrui
sua passagem.
Barlavento: região de onde sopra o vento, em relação à edificação (região da
edificação atingida diretamente pelo vento);
Sotavento: região oposta àquela de onde sopra o vento, em relação à edificação;
Sobrepressão: pressão efetiva acima da pressão atmosférica de referência (sinal
positivo);
Sucção: pressão efetiva abaixo da pressão atmosférica de referência (sinal negativo);
Superfície Frontal: superfície definida pela projeção ortogonal da edificação,
estrutura ou elemento estrutural sobre um plano perpendicular à direção do vento.
Vk V0 S1 S 2 S 3 (2)
Onde:
Vo é a velocidade básica do vento;
S1 é um fator que depende da topografia do terreno (fator topográfico);
S2 é o fator de rugosidade do terreno (dimensões e altura da edificação sobre o
terreno);
S3 é um fator estatístico.
A velocidade básica do vento (como regra geral, é admitido que o vento básico pode
soprar de qualquer direção horizontal) é dada em um gráfico de isopletas (curvas que
contêm pontos com a mesma velocidade básica de vento) do Brasil, figura 3, e
considerando as seguintes situações:
Velocidade básica de uma rajada de 3 segundos;
Período de retorno de 50 anos;
Probabilidade de 63% de ser excedida pelo menos uma vez no período de retorno de
50 anos;
A altura de medição é de 10 m acima do nível do terreno;
Medição realizada em terreno plano e em campo aberto.
Nota-se que os valores dos coeficientes S1, S2 e S3 são empregados numa tentativa
de adaptar o valor da velocidade do vento medida experimentalmente com a que
provavelmente irá atuar na edificação em análise. Determinada a pressão dinâmica do
vento, é possível calcular a força de arrasto, que é a ação do vento perpendicular a uma
determinada superfície, em função do coeficiente de arrasto Ca.
Para o caso de edificações paralelepipédicas, de acordo com a NBR 6123:1988, o
projeto deve levar em consideração as seguintes situações:
As forças devidas ao vento agindo perpendicularmente a cada uma das fachadas, de
acordo com as especificações da Norma;
As excentricidades causadas por vento agindo obliquamente ou por efeitos de
vizinhança, que provocam esforços de torção na edificação.
A seguir será mostrado como devem ser calculados os coeficientes S1, S2, S3, Ca e as
excentricidades das forças de arrasto de acordo com as especificações da NBR 6123:1988.
Para taludes e morros alongados nos quais pode ser admitido um fluxo
bidimensional soprando no sentido indicado na figura 4, temos:
No ponto A (morros) e nos pontos A e C (taludes): S1 = 1,0;
No ponto B o fator S1, que é uma função de S1(z), é calculado pelas seguintes
expressões, para diversas declividades, podendo ser feita interpolação linear para
valores intermediários de θ:
z
d
S1 z 1,0 2,5 tg 30 1 para 60 < θ < 170 (3)
z
S1 z 1,0 2,5 0,31 1 para θ > 450 (4)
d
Onde :
z é a altura medida a partir da superfície do terreno no ponto considerado;
d é a diferença de nível entre a base e o topo do talude ou morro;
B C B S1(z)
S1(z) S1=1
d d
4d S1=1
A A
perfil do terreno
S1=1
(a) talude (b) morro
A) Rugosidade do Terreno
O efeito da rugosidade leva em conta as particularidades da edificação em relação à
sua dimensão e à presença ou não de obstáculos ao seu redor. A rugosidade do terreno é
classificada em cinco categorias, que são mostradas a seguir:
A cota média do topo dos obstáculos é considerada inferior ou igual a 1,0 metro.
Categoria III – Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes e
muros, poucos quebra-ventos de árvore, edificações baixas e esparsas. Exemplos:
Granjas e casas de campo;
Fazendas com sebes ou muros;
Subúrbios distantes do centro, com casas baixas e esparsas.
A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 10,0 metros. Esta
categoria também inclui zonas com obstáculos maiores e que ainda não possam ser
consideradas da categoria V.
B) Dimensões da Edificação
De acordo com a NBR 6123:1988, a velocidade do vento varia continuamente, e seu
valor médio pode ser calculado sobre qualquer intervalo de tempo. Foi verificado que o
intervalo mais curto das medidas usuais (3s) corresponde a rajadas cujas dimensões
envolvem convenientemente obstáculos de 20 m na direção do vento médio. Quanto maior
o intervalo de tempo usado no cálculo da velocidade média, maior será a distância
abrangida pela rajada. Foram escolhidas três classes de edificações, partes de edificações e
seus elementos, em que os intervalos de tempo para cálculo da velocidade média são,
respectivamente, 3s, 5s e 10s:
Classe A: Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças
individuais de estruturas sem vedação. Toda edificação ou parte da edificação na
qual a maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal não exceda 20
metros;
p
z
S 2 b Fr (5)
10
Onde:
z é a altura medida a partir da superfície do terreno;
Fr é o fator de rajada correspondente sempre à categoria II;
b é um parâmetro meteorológico usado na determinação de S2;
p é o expoente da lei potencial da variação de S2.
Classes
Categoria Parâmetro
A B C
b 1,10 1,11 1,12
I
p 0,06 0,065 0,07
b 1,00 1,00 1,00
II Fr 1,00 0,98 0,95
p 0,085 0,09 0,10
b 0,94 0,94 0,93
III
p 0,10 0,105 0,115
b 0,86 0,85 0,84
IV
p 0,12 0,125 0,135
b 0,74 0,73 0,71
V
p 0,15 0,16 0,175
0 ,157
ln 1 Pm
S 3 0,54 (6)
m
Grupo Descrição S3
2.3.5 – Excentricidades
Devem ser considerados, quando for o caso, os efeitos das excentricidades da força
de arrasto, conforme o item 6.6 da NBR 6123:1988. Os esforços de torção oriundos de
excentricidades, causadas por vento agindo obliquamente ou por efeito de vizinhança, são
calculados considerando as forças de arrasto agindo, respectivamente, com as seguintes
Fa C a q Ae (9)
Onde:
Ca é o coeficiente de arrasto;