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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

AÇÃO DO VENTO NAS EDIFICAÇÕES

DISCIPLINA: ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO II – NOTAS DE AULA

Prof. M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira

JUAZEIRO-BA, 2021/1

Professor M.Sc. Sérgio Luís de Oliveira. 1


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AÇÃO DO VENTO NAS EDIFICAÇÕES


1.0 – INTRODUÇÃO

As estruturas, mesmo as mais simples, estão sujeitas, além das ações verticais
(gravitacionais), às ações horizontais decorrentes, principalmente, devido ao efeito dos
ventos. No caso de estruturas de grande altura ou aquelas que têm uma relação grande entre
a altura e a menor dimensão em planta (Figura 1), estes efeitos tornam-se mais importantes
e podem, inclusive, desencadear um processo de instabilidade da edificação. Dessa forma,
embora em algumas situações as estruturas tenham rigidez suficiente para que possam ser
desprezados os efeitos de segunda ordem devidos à instabilidade global (definidos mais
adiante), ainda assim é preciso considerar os esforços de primeira ordem, provocados por
forças horizontais, no cálculo dos edifícios.

Figura 1 – Ilustração de prédios esbeltos, nas cidades de Recife e Blumenau,


respectivamente.

A maioria dos acidentes ocorrem em construções leves, principalmente as que


apresentam grandes vãos livres, tais como hangares, pavilhões de feiras e de exposições,
pavilhões industriais, coberturas de estádios, ginásios e galpões cobertos (Figuras 2 e 3).
Ensaios em túneis de vento mostram que o máximo de sução média ocorrem em coberturas
com inclinação entre 8o e 12o, para certas proporções da construção, exatamente as
inclinações de uso corrente na arquitetura em um grande número de construções.

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Figura 2 – Arrancamento das coberturas de hangares.

Figura 3 – Arrancamento de coberturas metálicas.

As principais causas dos acidentes devidos ao vento são:


 Falta de ancoragem das terças;
 Contraventamento insuficiente de estruturas de cobertura;
 Fundações inadequadas;
 Paredes inadequadas;
 Deformabilidade excessiva da edificação.

2.0 – DETERMINAÇÃO DA INTENSIDADE DA AÇÃO DO VENTO

2.1 – Considerações Iniciais


A formação dos ventos depende de uma série de fatores meteorológicos,
principalmente por diferenças de temperatura de massas de ar na atmosfera, que não cabe
aqui discutir. No entanto um fator muito importante a ser considerado no cálculo estrutural,
é que o vento tem caráter aleatório, por essa razão, o projetista deve adotar para direção do

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vento a que seja mais desfavorável para a estrutura (a influência é maior nas estruturas mais
esbeltas, na direção de menor rigidez). A Figura 4 mostra ventos fortes atingindo as
fachadas dos prédios, permitindo a visualização de sua trajetória em torno dos edifícios.

Figura 4 – Ventos fortes atingindo edifícios na costa da Florida.

Para a determinação da intensidade da ação do vento é necessário usar valores


medidos experimentalmente e tratados estatisticamente. A NBR 6118:2014 (Projeto de
estruturas de concreto armado –Procedimento) estabelece que os esforços provocados pela
ação do vento devem sempre ser considerados, devendo ser determinados de acordo com o
que prescreve a NBR 6123:1988 (Forças devidas ao vento em edificações), permitindo-se o
emprego de regras simplificadas previstas em normas brasileiras específicas.
Nos casos não considerados na NBR 6123:1988, em relação às edificações, seja por
suas dimensões, forma e/ou obstáculos na sua vizinhança, que provoque perturbações
importantes devido à ação do vento, deve-se recorrer a ensaios em túnel de vento, onde
possam ser simuladas as características do vento natural. A Figura 5 ilustra um caso de
edificação com necessidade de estudos específicos em túnel de vento.

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Figura 5 – Edifício com características singulares em relação à ação do vento.

Antes de determinar a força aplicada pelo vento nas edificações é preciso definir, de
acordo com a NBR 6123:1988, alguns termos importantes que ajudam a compreender seus
efeitos, destacando-se que o vento sempre atua perpendicularmente à superfície que obstrui
sua passagem.
 Barlavento: região de onde sopra o vento, em relação à edificação (região da
edificação atingida diretamente pelo vento);
 Sotavento: região oposta àquela de onde sopra o vento, em relação à edificação;
 Sobrepressão: pressão efetiva acima da pressão atmosférica de referência (sinal
positivo);
 Sucção: pressão efetiva abaixo da pressão atmosférica de referência (sinal negativo);
 Superfície Frontal: superfície definida pela projeção ortogonal da edificação,
estrutura ou elemento estrutural sobre um plano perpendicular à direção do vento.

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Figura 6 – Ilustração sobre as definições dos elementos em função da direção do vento.

2.2 – Cálculo dos Esforços Solicitantes Devido ao Vento


Nos itens a seguir é apresentado o processo de cálculo dos esforços solicitantes
devido à ação do vento, de acordo com a NBR 6123:1988. Esses esforços podem ser
considerados no nível de cada laje, como mostra a Figura 7.

Figura 7 – Distribuição da força resultante do vento no nível de cada laje.

A pressão dinâmica do vento ou pressão de obstrução (em N/m2), correspondente a


uma velocidade característica Vk (em m/s), que é a velocidade utilizada em projeto, em
condições normais de temperatura (15oC) e pressão (1 atm = 101,32 kPa), pode ser
determinada aplicando-se o teorema de Bernoulli:

qVento  0,613  Vk2 (1)

Esta velocidade característica do vento é obtida, em geral, em referência a valores


medidos próximos da região em que será construída a edificação. Há portanto, a

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necessidade de uniformizar a maneira de medir a velocidade do vento ao longo de vários


anos e, depois, transformar este valor para a ação que irá atuar realmente na estrutura.
Assim, de um modo geral a velocidade do vento em uma edificação é analisada em função
do local da edificação, do tipo do terreno (plano, acidentado, morro, entre outros), da altura
da edificação e rugosidade do terreno (tipo e altura dos obstáculos na vizinhança da
edificação) e da finalidade da edificação (residência, hospital, escola, indústria e outros).
De acordo com a NBR 6123:1988, que estabelece o cálculo da velocidade
característica a partir da velocidade básica do vento através da seguinte expressão:

Vk  V0  S1  S 2  S 3 (2)

Onde:
 Vo é a velocidade básica do vento;
 S1 é um fator que depende da topografia do terreno (fator topográfico);
 S2 é o fator de rugosidade do terreno (dimensões e altura da edificação sobre o
terreno);
 S3 é um fator estatístico.

A velocidade básica do vento (como regra geral, é admitido que o vento básico pode
soprar de qualquer direção horizontal) é dada em um gráfico de isopletas (curvas que
contêm pontos com a mesma velocidade básica de vento) do Brasil, figura 3, e
considerando as seguintes situações:
 Velocidade básica de uma rajada de 3 segundos;
 Período de retorno de 50 anos;
 Probabilidade de 63% de ser excedida pelo menos uma vez no período de retorno de
50 anos;
 A altura de medição é de 10 m acima do nível do terreno;
 Medição realizada em terreno plano e em campo aberto.

Nota-se que os valores dos coeficientes S1, S2 e S3 são empregados numa tentativa
de adaptar o valor da velocidade do vento medida experimentalmente com a que
provavelmente irá atuar na edificação em análise. Determinada a pressão dinâmica do

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vento, é possível calcular a força de arrasto, que é a ação do vento perpendicular a uma
determinada superfície, em função do coeficiente de arrasto Ca.
Para o caso de edificações paralelepipédicas, de acordo com a NBR 6123:1988, o
projeto deve levar em consideração as seguintes situações:
 As forças devidas ao vento agindo perpendicularmente a cada uma das fachadas, de
acordo com as especificações da Norma;
 As excentricidades causadas por vento agindo obliquamente ou por efeitos de
vizinhança, que provocam esforços de torção na edificação.

Figura 8 – Isopletas da velocidade básica do vento V0 (m/s) no Brasil (NBR 6123:1988).

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A seguir será mostrado como devem ser calculados os coeficientes S1, S2, S3, Ca e as
excentricidades das forças de arrasto de acordo com as especificações da NBR 6123:1988.

2.3.1 – Fator Topográfico (S1)


O fator topográfico S1, leva em consideração as variações do relevo do terreno, e
para sua determinação, três situações são contempladas, que são: terreno plano ou pouco
ondulado, talude e morros. Na figura 4 estão representadas as três possibilidades que
correspondem aos pontos A, B e C. O ponto A refere-se a um terreno plano, o ponto B a um
aclive ou morro em que há aumento da velocidade do vento, e o ponto C a uma situação de
vale protegido em que há uma diminuição da velocidade do vento. Para cada uma dessas
situações, S1 assume os seguintes valores:
 Terrenos planos ou fracamente acidentados: S1 = 1,0;
 Vales protegidos de ventos de qualquer direção: S1 = 0,9;

Para taludes e morros alongados nos quais pode ser admitido um fluxo
bidimensional soprando no sentido indicado na figura 4, temos:
 No ponto A (morros) e nos pontos A e C (taludes): S1 = 1,0;
 No ponto B o fator S1, que é uma função de S1(z), é calculado pelas seguintes
expressões, para diversas declividades, podendo ser feita interpolação linear para
valores intermediários de θ:

S1 z   1,0 para θ < 30

 z
d

S1  z   1,0   2,5    tg   30  1  para 60 < θ < 170 (3)

 z
S1 z   1,0   2,5    0,31  1 para θ > 450 (4)
 d
Onde :
 z é a altura medida a partir da superfície do terreno no ponto considerado;
 d é a diferença de nível entre a base e o topo do talude ou morro;

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 θ é a inclinação média do talude ou encosta do morro.

Observação: entre os pontos A e B e entre os pontos B e C, o fator S1 deve ser


obtido por interpolação linear.
S1(z) S 2 S1(z) S 2
z z z
z z

B C B S1(z)
S1(z) S1=1
d d
4d S1=1
A  A 
perfil do terreno
S1=1
(a) talude (b) morro

Figura 9 – Fator topográfico S1(z) para taludes e morros (NBR 6123:1988).

2.3.2 – Rugosidade do Terreno, Dimensões da Edificação e Altura do Sobre o


Terreno: Fator S2
O fator S2 considera o efeito combinado da rugosidade do terreno, da variação da
velocidade do vento com a altura acima do terreno e das dimensões da edificação ou parte
da edificação em consideração.

A) Rugosidade do Terreno
O efeito da rugosidade leva em conta as particularidades da edificação em relação à
sua dimensão e à presença ou não de obstáculos ao seu redor. A rugosidade do terreno é
classificada em cinco categorias, que são mostradas a seguir:

Categoria I – Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de


extensão, medida na direção e sentido do vento incidente. Exemplos:
 Mar calmo;
 Lagos e rios;
 Pântanos sem vegetação.

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Categoria II – Terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível, com


poucos obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas. Exemplos:
 Zonas costeiras;
 Pântanos com vegetação rala;
 Campos de aviação;
 Pradarias e charnecas;
 Fazendas sem sebes ou muros.

A cota média do topo dos obstáculos é considerada inferior ou igual a 1,0 metro.

Categoria III – Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes e
muros, poucos quebra-ventos de árvore, edificações baixas e esparsas. Exemplos:
 Granjas e casas de campo;
 Fazendas com sebes ou muros;
 Subúrbios distantes do centro, com casas baixas e esparsas.

A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 3,0 metros.

Categoria IV– Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em


zona florestal, industrial ou urbanizada. Exemplos:
 Zonas de parques e bosques com muitas árvores;
 Cidades pequenas e seus arredores;
 Subúrbios densamente construídos de grandes cidades;
 Áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas.

A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 10,0 metros. Esta
categoria também inclui zonas com obstáculos maiores e que ainda não possam ser
consideradas da categoria V.

Categoria V– Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco


espaçados. Exemplos:

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 Florestas com árvores altas, de copas isoladas;


 Centros de grandes cidades;
 Complexos industriais bem desenvolvidos.
A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual ou superior a 25,0
metros. A Figura 10 ilustra casos típicos de regiões densamente povoadas.

Figura 10 – Casos típicos de regiões densamente edificadas.

B) Dimensões da Edificação
De acordo com a NBR 6123:1988, a velocidade do vento varia continuamente, e seu
valor médio pode ser calculado sobre qualquer intervalo de tempo. Foi verificado que o
intervalo mais curto das medidas usuais (3s) corresponde a rajadas cujas dimensões
envolvem convenientemente obstáculos de 20 m na direção do vento médio. Quanto maior
o intervalo de tempo usado no cálculo da velocidade média, maior será a distância
abrangida pela rajada. Foram escolhidas três classes de edificações, partes de edificações e
seus elementos, em que os intervalos de tempo para cálculo da velocidade média são,
respectivamente, 3s, 5s e 10s:
 Classe A: Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças
individuais de estruturas sem vedação. Toda edificação ou parte da edificação na
qual a maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal não exceda 20
metros;

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 Classe B: Toda edificação ou parte da edificação na qual a maior dimensão


horizontal ou vertical da superfície frontal esteja entre 20 e 50 metros;
 Classe C: Toda edificação ou parte da edificação na qual a maior dimensão
horizontal ou vertical da superfície frontal exceda a 50 metros.

C) Altura Sobre o Terreno


O fator S2 usado no cálculo da velocidade do vento em uma altura z acima do nível
do terreno é obtido pela expressão 5, sendo que os parâmetros que permitem determinar o
valor de S2 para as cinco categorias de rugosidade do terreno são mostrados na tabela 1.

p
 z 
S 2  b  Fr    (5)
 10 

Onde:
 z é a altura medida a partir da superfície do terreno;
 Fr é o fator de rajada correspondente sempre à categoria II;
 b é um parâmetro meteorológico usado na determinação de S2;
 p é o expoente da lei potencial da variação de S2.

Tabela 1: Parâmetros meteorológicos usados no cálculo do fator S2 (NBR 6123:1988).

Classes
Categoria Parâmetro
A B C
b 1,10 1,11 1,12
I
p 0,06 0,065 0,07
b 1,00 1,00 1,00
II Fr 1,00 0,98 0,95
p 0,085 0,09 0,10
b 0,94 0,94 0,93
III
p 0,10 0,105 0,115
b 0,86 0,85 0,84
IV
p 0,12 0,125 0,135
b 0,74 0,73 0,71
V
p 0,15 0,16 0,175

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2.3.3 – Fator Estatístico S3


O fator S3 é baseado em conceitos estatísticos e considera o grau de segurança
requerido e a vida útil da edificação. Como visto anteriormente, a velocidade básica do
vento V0 é a velocidade do vento que apresenta um período de recorrência de 50 anos. A
probabilidade de que essa velocidade seja igualada ou excedida neste período é de 63%.
O nível de probabilidade (0,63) e a vida útil (50 anos) adotados são considerados
adequados para as edificações destinadas a moradias, hotéis, escritórios, etc. (grupo 2,
tabela 2). Na falta de uma norma específica sobre segurança nas edificações ou de
indicações correspondentes em outras normas, os valores mínimos para o fator S2 são
indicados na tabela 2 para os cinco grupos de edificações e ocupação.

Valores de S3 para outros níveis de probabilidade e outros períodos de exposição da


edificação à ação do vento que venham a ser empregados, podem ser obtidos a partir da
expressão 6, em que Pm é a probabilidade de certa velocidade do vento ser igualada ou
excedida pelo menos uma vez em um período de m anos.

0 ,157
 ln 1  Pm  
S 3  0,54     (6)
 m 

Tabela 2: Valores mínimos do fator estatístico S3 (NBR 6123:1988).

Grupo Descrição S3

Edificações cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança ou


possibilidade de socorro a pessoas após uma tempestade destrutiva
I 1,10
(hospitais, quartéis de bombeiros e de forças de segurança, centrais de
comunicação, etc.)
Edificações para hotéis e residências. Edificações para comércio e
II 1,00
indústria com alto fator de ocupação
Edificações e instalações industriais com baixo fator de ocupação
III 0,95
(depósitos, silos, construções rurais, etc.)
IV Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação, etc.) 0,88
Edificações temporárias. Estruturas dos grupos 1 a 3 durante a
V 0,83
construção

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2.3.4 – Coeficiente de Arrasto Ca


É um coeficiente usado na avaliação da força global na estrutura, sendo determinado
conforme o item 6.3 da NBR 6123:1988 e pode variar de 0,7 a 2,2, dependendo da forma
da edificação. É um coeficiente adimensional e, portanto, só pode depender de grandezas
igualmente sem dimensão.
Conforme o item 6.3.1, para vento incidindo perpendicularmente a cada uma das
fachadas de uma edificação retangular em planta e assente no terreno, deve ser usado o
gráfico da figura 5 para a determinação do coeficiente de arrasto. No caso excepcional de
vento de alta turbulência, os valores são obtidos a partir do gráfico da figura 6.
Os coeficientes de arrasto são dados, nesses gráficos, em função das relações h / l1 e
l1 / l2 (só se aplica a edificações retangulares) em que h é a altura da edificação acima do
terreno, medida até o topo da platibanda ou no nível do beiral, l1 é a largura da edificação
(dimensão horizontal perpendicular à direção do vento) e l2 é a profundidade da edificação
(dimensão na direção do vento).
De acordo com o item 6.5.3 da NBR 6123:1988, uma edificação pode ser
considerada em zona de vento de alta turbulência (caracterizado para grandes cidades,
categorias IV e V, em que geralmente há uma diminuição no coeficiente, pois a sucção a
sotavento é reduzida), quando sua altura não excede duas vezes a altura média das
edificações da vizinhança, estendo-se estas, na direção e no sentido do vento incidente, a
uma distância mínima de:
 500 m para uma edificação de até 40 m de altura;
 1.000 m para uma edificação de até 55 m de altura;
 2.000 m para uma edificação de até 70 m de altura;
 3.000 m para uma edificação até 80 m de altura.

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Figura 11 – Coeficiente de Arrasto Ca para edificações paralelepipédicas situadas em região


de ventos de baixa turbulência (NBR 6123:1988).

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Figura 12 – Coeficiente de Arrasto Ca para edificações paralelepipédicas situadas em região


de ventos de alta turbulência (NBR 6123:1988).

2.3.5 – Excentricidades
Devem ser considerados, quando for o caso, os efeitos das excentricidades da força
de arrasto, conforme o item 6.6 da NBR 6123:1988. Os esforços de torção oriundos de
excentricidades, causadas por vento agindo obliquamente ou por efeito de vizinhança, são
calculados considerando as forças de arrasto agindo, respectivamente, com as seguintes

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excentricidades (expressões 7 ou 8), em relação ao eixo geométrico, sendo ea medida na


direção do lado maior a, e eb medida na direção do lado menor b:
 Edificações sem efeitos de vizinhança:

ea  0,075a e eb  0,075b (7)

 Edificações com efeitos de vizinhança:

ea  0,15a e eb  0,15b (8)

Figura 13 – Excentricidades da força de arrasto.

Os efeitos de vizinhança serão considerados somente até a altura do topo da(s)


edificação(ões) situada(s) na(s) proximidade(s), dentro de um círculo de diâmetro igual à
altura da edificação em estudo, ou igual a seis vezes o lado menor da edificação (b),
adotando-se o menor destes dois valores.

2.3.6 – Força de Arrasto do Vento


A força do vento que atua em uma superfície de uma edificação é considerada
sempre perpendicular a esta. A força global da ação do vento Fg é a soma de todas as forças
incidentes nas diversas partes (superfícies) que compõem um edifício, e permite saber as
ações globais que serão utilizadas em toda a estrutura. A componente da força global na
direção do vento é a força de arrasto Fa, obtida a partir da seguinte expressão:

Fa  C a  q  Ae (9)

Onde:
 Ca é o coeficiente de arrasto;

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 q é a pressão dinâmica do vento (pressão de obstrução);


 Ae é a área frontal, ou seja, área da projeção da edificação, estrutura ou elemento
estrutural, sobre o plano perpendicular à direção do vento (“área de sombra”).

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