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AÇÃO DO VENTO E IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS NAS EDIFICAÇÕES

MCG591 – Projeto de Sistemas Estruturais


Prof.:Thais da Silva Rocha

1/2022
AÇÃO DO VENTO

O vento não é um problema em construções baixas e


pesadas com paredes grossas, porém em estruturas esbeltas
passa a ser uma das ações mais importantes a se determinar no
projeto de estruturas.

As considerações para determinação das forças devidas ao


vento são regidas e calculadas de acordo com a NBR 6123/1998
“Forças devidas ao vento em edificações”.
AÇÃO DO VENTO

As principais causas dos acidentes devidos ao vento são:

a) falta de ancoragem de terças;


b) contraventamento insuficiente de estruturas de cobertura;
c) fundações inadequadas;
d) paredes inadequadas;
e) deformabilidade excessiva da edificação.
DEFINIÇÕES BÁSICAS
Define-se o termo barlavento como sendo a região de onde
sopra o vento (em relação a edificação), e sotavento a região
oposta àquela de onde sopra o vento.
FATORES QUE INFLUENCIAM A VELOCIDADE DO
VENTO

➢ Local da edificação (Situação geográfica);

➢ Tipo de terreno (Rugosidade, presença de obstáculos);

➢ Geometria e altura da edificação (Velocidade, aerodinâmica);

➢ Tipo de ocupação (Segurança após tempestades).


VELOCIDADE BÁSICA
Os cálculos são feitos a partir de velocidades básicas
determinadas experimentalmente em torres de medição de ventos,
a 10 metros de altura, em campo aberto e plano.

A velocidade básica do vento é uma rajada de três


segundos de duração, que ultrapassa em média esse valor uma vez
em 50 anos, e se define por V0.
VELOCIDADE BÁSICA
FATOR TOPOGRÁFICO S1

O fator topográfico S1 leva em consideração as variações do


relevo do terreno e é determinado do seguinte modo:

a) terreno plano ou fracamente acidentado: S1 = 1,0;


FATOR TOPOGRÁFICO S1

b) taludes e morros:

- taludes e morros alongados nos quais pode ser admitido um fluxo


de ar bidimensional soprando no sentido indicado na figura abaixo;

- no ponto A (morros) e nos pontos A e C (taludes): S1 = 1,0;


FATOR TOPOGRÁFICO S1

b) taludes e morros:

- no ponto b:
FATOR TOPOGRÁFICO S1

Onde:

z = altura medida a partir da superfície do terreno no ponto


considerado;

d = diferença de nível entre a base e o topo do talude ou morro;

θ = inclinação média do talude ou encosta do morro.

Nota: Entre A e B e entre B e C, o fator S1 é obtido por interpolação


linear.
FATOR TOPOGRÁFICO S1

c) vales profundos, protegidos de ventos de qualquer direção: S1=0,9.


RUGOSIDADE DO TERRENO, DIMENSÕES DA
EDIFICAÇÃO E ALTURA SOBRE O TERRENO: FATOR S2

O fator S2 considera o efeito combinado da rugosidade do


terreno, da variação da velocidade do vento com a altura acima do
terreno e das dimensões da edificação ou parte da edificação em
consideração.
Em uma altura z acima
do nível geral do terreno, S2 é:

Rugosidade Categorias
Dimensões e altura Classes
RUGOSIDADE DO TERRENO, DIMENSÕES DA
EDIFICAÇÃO E ALTURA SOBRE O TERRENO: FATOR S2

Rugosidade do terreno (Categorias):


RUGOSIDADE DO TERRENO, DIMENSÕES DA
EDIFICAÇÃO E ALTURA SOBRE O TERRENO: FATOR S2

Dimensões e alturas (Classes):


RUGOSIDADE DO TERRENO, DIMENSÕES DA
EDIFICAÇÃO E ALTURA SOBRE O TERRENO: FATOR S2

Parâmetros metereológicos:
FATOR ESTATÍSTICO S3
O fator estatístico S3 é definido dependendo do uso da
edificação e considera o grau de segurança requerido e a vida útil
(normalmente 50 anos) da edificação.
VELOCIDADE CARACTERÍSTICA VK
A velocidade característica Vk é a velocidade usada em
projeto, sendo considerados os fatores topográficos (S1), influência
da rugosidade (obstáculos no entorno da edificação) e dimensões
da edificação (S2) e o fator estatístico (que considera a vida útil e
uso da edificação) (S3).
PRESSÃO DINÂMICA OU DE OBSTRUÇÃO
A pressão dinâmica ou de obstrução do vento, em condições
normais de pressão (1 Atm) e temperatura a 15°, é dada pela
expressão:
COEFICIENTE DE ARRASTO
É usado na determinação da ação do vento em edifícios de
andares múltiplos, torres treliçadas e estruturas reticuladas.

Para a consideração da ação do vento em edificações altas,


a superposição de efeitos externos (forma) com efeitos internos
(aberturas) é obtida por meio de uma componente global da
edificação e representada por um único coeficiente Ca, chamado
coeficiente de arrasto.

A identificação do coeficiente de arrasto parte da


consideração de que a força do vento atuando numa superfície de
uma edificação será admitida sempre perpendicular a esta, e em
particular as obtidas por meio dos coeficientes de pressão.
COEFICIENTE DE ARRASTO
Fornecido em ábacos pela NBR 6123/1988 para edifícios
com seção constante ou fracamente variável.

Em edifícios de planta retangular, depende:

• da relação entre as dimensões (planta e altura);


• das condições de turbulência.

Vento não turbulento: ausência de obstruções (ou poucas);

Vento turbulento: normalmente em grandes cidades (categorias IV


e V).
COEFICIENTE DE ARRASTO
Condições para vento turbulento:
COEFICIENTE DE ARRASTO

Segundo a NBR 6123/1988, uma edificação é considerada


em zona de alta turbulência quando a sua altura não excede o
dobro da altura média das edificações vizinhas, ou seja, se a altura
da edificação for maior que o dobro da altura média das
edificações vizinhas, ela estará em zona de baixa turbulência,
caso contrário, estará em zona de alta turbulência.
COEFICIENTE DE ARRASTO

Vale ressaltar que a força global do vento que se obtém


em zona de baixa turbulência é maior que a que se obtém em
zona de alta turbulência, embora o nome baixa e alta possa
induzir ao pensamento contrário.
Para entender bem isto, basta pensar que em zona de
baixa turbulência, como o nome já diz, a turbulência é baixa,
pois não há obstáculos, dessa maneira o vento segue livremente
em direção à edificação, e no caso de alta turbulência, como o
nome também já diz, a turbulência é alta, pois há diversos
obstáculos no caminho, fazendo com que o vento não atinja a
edificação com força máxima.
COEFICIENTE DE ARRASTO
Edificações com planta
retangular

Vento não turbulento


(baixa turbulência)
COEFICIENTE DE ARRASTO
Edificações com planta
retangular

Vento turbulento
(alta turbulência)
COEFICIENTE DE ARRASTO
Observações:

Vento não turbulento Ca maiores que vento turbulento

Na falta de informações ou dúvida considerar o vento não


turbulento.
COEFICIENTE DE ARRASTO
Em edifícios com geometria não abordada pela NBR
6123/1988:

➢ Ensaios em túnel de vento (modelos reduzidos).

Modelo reduzido de um edifício no


interior de um túnel de vento –
UFRGS. Fonte: Loredo-Souza et al.
(2002).
DETERMINAÇÃO DAS FORÇAS ESTÁTICAS DEVIDO AO
VENTO

A componente da força global na direção do vento, Fa,


denominada força de arrasto, é dada por:

Onde Ca é o coeficiente de arrasto e Ae é a área frontal efetiva.


EFEITOS DINÂMICOS DE EDIFICAÇÕES ESBELTAS E
FLEXÍVEIS

Os efeitos do vento são de caráter dinâmico, porém na


maioria das construções esses efeitos podem ser substituídos por
ações estáticas equivalentes. Em edificações esbeltas e flexíveis,
principalmente aquelas com baixas frequências naturais de
vibração (f < 1,0Hz), os efeitos dinâmicos devem ser considerados.
A seguir apresentam-se os possíveis efeitos dinâmicos
devidos ao vento.
AÇÃO DO VENTO SOBRE AS EDIFICAÇÕES
Cada edificação tem seu próprio campo aerodinâmico,
dependente de fatores como forma geométrica, posição geográfica
e direção que se dá a incidência dos ventos.
Esse campo também é afetado pela presença de obstáculos
próximos ao local, principalmente os de grande porte, como outras
edificações. Dessa forma, tem-se que edificações próximas
exercem influência direta no campo aerodinâmico umas das
outras, e portanto são capazes de mudar a forma como incide o
vento em cada uma.
AÇÃO DO VENTO SOBRE AS EDIFICAÇÕES
Afunilamento (efeito Venturi): ocorre quando a presença
de duas ou mais edificações torna o canal natural de escoamento
do vento mais estreito, formando um “corredor” de vento”. A
massa de ar aumenta sua aceleração nessa região, ganha velocidade
ao longo do percurso e tornam os coeficientes de pressão maiores
nas paredes desse “corredor”.
AÇÃO DO VENTO SOBRE AS EDIFICAÇÕES
A deflexão vertical do vento ocorre quando há uma
edificação de menor porte na região a barlavento de uma outra
edificação maior. É formada uma área com altas velocidades entre
as duas estruturas, com maiores coeficientes de pressão externa,
podendo trazer desconforto a transeuntes e danos aos pavimentos
inferiores das edificações.
AÇÃO DO VENTO SOBRE AS EDIFICAÇÕES
A turbulência de esteira ocorre quando há uma edificação
de maior porte na região a barlavento de uma outra edificação
menor. Após o vento atingir a primeira, há uma movimentação
turbulenta à sotavento que causa efeitos dinâmicos e mudanças nos
coeficientes de pressão externa na área entre as duas. As
consequências mais comuns são danos em vedações e desconforto
aos transeuntes.
AÇÃO DO VENTO SOBRE AS EDIFICAÇÕES

Galope: movimento da edificação e forma.


AÇÃO DO VENTO SOBRE AS EDIFICAÇÕES

Drapejamento: acoplamento de vibrações em diferentes graus de


liberdade. Ocorre em estruturas esbeltas (seção alongada).
AÇÃO DO VENTO SOBRE AS EDIFICAÇÕES

Ventos intensos na costa da Florida, permitindo a visualização de sua trajetória em torno dos
edifícios.
CONFORTO DE USUÁRIO E TRANSEUNTES
O conforto de usuários e transeuntes está diretamente
ligado à velocidade do vento. Em todos os casos onde há deflexão
vertical, turbulência de esteira e afunilamento do vento, a
consequência é o aumento da velocidade.

Para transeuntes, o desconforto é a movimentação de pó,


folhas, areia e chuva no entorno da edificação. E para usuários das
edificações são ruídos em janelas, entrada de água e pó através
das vedações e oscilações perceptíveis.
CONFORTO DE USUÁRIO E TRANSEUNTES
No campo arquitetônico, algumas soluções existentes são a
concepção de pavimentos inferiores de maiores dimensões,
projeção de marquises e projetos de edificações circulares,
visando o conforto dos transeuntes.

No campo da Engenharia Civil, o principal aspecto a ser


considerado é a esbeltez da edificação. Procura-se evitar uma
maior esbeltez devido às oscilações causadas pelo vento nos
pavimentos mais altos, que geram desconforto aos usuários.
EXEMPLO

Para o edifício de 6 pavimentos, mostrado na figura abaixo verifique


a ação do vento considerando que ele está localizado na cidade de
Santa Maria-RS.

Dados:

V0 = 45 m/s;
Distância entre cada pavimento: 2,8 m;
Edifício comercial, terreno plano.

**Exemplo retirado da apostila do prof. Gerson Moacyr Sisniegas Alva (UFSM).


EXEMPLO
EXEMPLO
EXEMPLO
EXEMPLO
CONSIDERAÇÃO DE IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS
As estruturas reticuladas, mesmo quando descarregadas,
apresentam imperfeições geométricas do eixo dos seus elementos
e elas devem ser consideradas na verificação do estado limite
último.
A NBR 6118/2014 trata das imperfeições globais e
estabelece que, nas estruturas reticuladas, contraventadas ou não,
deve ser considerado um desaprumo dos seus elementos verticais.
O deslocamento máximo (amáx) no topo do edifício é dado
por:

amáx = θa.H
CONSIDERAÇÃO DE IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS

Onde

H é a altura total da edificação, expressa em metros (m);


n é o número de prumadas de pilares no pórtico plano.
CONSIDERAÇÃO DE IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS

Nas expressões anteriores devem ser obedecidos os seguintes


limites para θ1:

• θ1min = 1/300 para estruturas reticuladas e imperfeições locais;

• θ1máx = 1/200.

• Para edifícios com predominância de lajes lisas ou cogumelo,


considerar θa = θ1.

• Para pilares isolados em balanço, deve-se adotar θ1 = 1/200.


CONSIDERAÇÃO DE IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS
CONSIDERAÇÃO DE IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS
A consideração das ações de vento e desaprumo deve ser
realizada de acordo com as seguintes possibilidades:

a) Quando 30% da ação do vento for maior que a ação do


desaprumo, considera-se somente a ação do vento.

0,3Vento > Desaprumo Somente o vento

b) Quando a ação do vento for inferior a 30% da ação do


desaprumo, considera-se somente o desaprumo respeitando a
consideração de θ1mín, conforme definido acima.

Vento < 0,3Desaprumo Somente desaprumo


CONSIDERAÇÃO DE IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS
c) Nos demais casos, combina-se a ação do vento e desaprumo, sem
necessidade da consideração do θ1mín. Nessa combinação, admite-
se considerar ambas as ações atuando na mesma direção
e sentido como equivalentes a uma ação do vento, portanto como
carga variável, artificialmente amplificada para cobrir a
superposição.

Demais casos Vento + Desaprumo


EXEMPLO

Para o edifício de 6 pavimentos, mostrado na figura abaixo verifique


a ação do desaprumo.

Dados:

Distância entre cada pavimento: 2,8 m;


Número de prumadas de pilares a n = 4..

**Exemplo retirado da apostila do prof. Gerson Moacyr Sisniegas Alva (UFSM).


EXEMPLO
EXEMPLO
EXEMPLO

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