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CARGAS HORIZONTAIS EM EDIFÍCIOS

DEVIDAS AOS VENTO


E AO DESAPRUMO

João Ricardo Masuero


ENG01010
Estruturas de Edifícios
UFRGS - Departamento de Engenharia Civil - Curso de Engenharia Civil Fevereiro de 2020
CARACTERÍSTICAS DO VENTO
Segundo a NBR6123:1988, considera-se que a velocidade do vento é nula junto à
superfície do solo, e cresce com a altura em relação ao solo até uma determinada
cota que define o contorno superior da camada limite atmosférica, a partir da
qual a rugosidade superficial (acidentes geográficos, vegetação e edificações) não
mais exerce influência sobre a velocidade do vento, considerada então uniforme.
Considera-se que o vento pode incidir horizontalmente em todas as direções
sobre as edificações.
As forças devidas ao vento sobre uma
edificação devem ser calculadas
separadamente para: Contorno superior da Camada Limite

•Elementos de vedação e sua fixação Atmosférica

(telhas, vidros, esquadrias)


•Partes da estrutura (telhados, paredes,
etc.)
•A estrutura como um todo.
PRESSÃO DINÂMICA DO VENTO (q)
A velocidade básica do vento (V0) é a velocidade de
uma rajada de 3 segundos, excedida em média
uma vez a cada 50 anos, a dez metros acima do
terreno, em campo aberto e plano. Esta velocidade
poder ser obtida do gráfico de isopletas da
velocidade básica no Brasil, com intervalos de 5m/s
(item 5, Figura 1 da NBR6123:1988).
A velocidade característica (Vk) utilizada em
projeto é obtida a partir da velocidade básica V0
pela ponderação dos fatores S1 (Fator Topográfico),
S2 (Fator de rugosidade do terreno, dimensões da
edificação e altura sobre o terreno) e S3 (Fator
Estatístico ou de importância quanto a segurança).
A pressão dinâmica característica, utilizada em
projeto, é dada por:

Vk  S1 S 2 S 3V0 q  0,613Vk2

q em N/m2 e V0 em m/s
FATOR TOPOGRÁFICO S1
O fator topográfico S1 leva em consideração a influências das variações do relevo sobre
a velocidade do escoamento. Considerando as linhas de corrente do escoamento
indicadas no desenho abaixo, quanto mais próximas elas se tornam, maior a
velocidade, pois se a vazão de ar é constante, quando há um estreitamento da seção
transversal de escoamento (morro ou talude), a velocidade deverá aumentar para
manter escoamento (volume de ar por segundo). A zona cinza indica a área de
alteração significativa do escoamento. A perturbação no campo de velocidades diminui
coma altura e com a distância a partir do topo do morro ou crista do talude.
O fator S1 é determinado do seguinte
modo:
a) Terreno plano ou fracamente
acidentado: S1 = 1,0
b) Vales profundos, protegidos de
ventos de qualquer direção: S1 = OBS: Com vento no sentido contrário (morro abaixo)
as linhas de corrente se afastam entre si, indicando
0,9 diminuição de velocidade, sendo portanto uma
situação mais favorável que a anterior. Poir isso a
norma não faz menção a ela.
FATOR TOPOGRÁFICO S1
c) Taludes e morros alongados nos quais pode ser admitido um fluxo de ar
bidimensional soprando morro ou talude acima:
No pé de morros ou taludes (A) e a uma distância igual a 4 vezes a altura do
talude, a partir da crista, no topo do talude (C): S1 = 1,0
B
No topo de morros ou na crista de taludes (B)
d
q  3o S1 ( z )  1,0 A q
 z
6 o  q  17 o S1 ( z )  1,0   2,5  tg (q  3o )  1,0
 d
B C
 z
q  45o S1 ( z )  1,0  0,31 2,5    1,0
 d d
4d
A q
Interpolar linearmente para 3  q  6 e 17  q  45 o o o o

z = altura medida a partir da superfície do terreno


d = diferença de nível entre a base e o topo do talude ou morro
q = inclinação média do talude ou encosta do morro
Entre o pé do morro ou talude e o topo ou crista, e entre a crista do talude e um
ponto no topo afastado de 4 vezes a altura do talude, interpolar linearmente.
FATOR S2 : Rugosidade superficial, Tamanho da Edificação e Altura do solo
A velocidade do vento aumenta com a altura acima do terreno. Este aumento depende da
rugosidade do terreno, que é classificado em 5 categorias:
•CATEGORIA I: superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de extensão na direção
do vento incidente. Ex: mar calmo, lagos e rios, pântanos sem vegetação.
•CATEGORIA II: terrenos abertos e em nível (ou quase), com poucos obstáculos isolados, como
árvores e edificações. A cota média do topo dos obstáculos é considerada inferior ou igual a 1 m:
Ex: zonas costeiras planas, pântanos com vegetação rala, campos de aviação, pradarias e
charnecas, fazendas sem sebes ou muros.
•CATEGORIA III: terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes ou muros,
poucos árvores, edificações baixas e esparsas. A cota média do topo dos obstáculos é
considerada inferior ou igual a 3 m. Ex: granjas e casas de campo, fazendas com sebes ou muros,
subúrbios a consideráveis distâncias do centro, com casa baixas e esparsas.
•CATEGORIA IV: terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona
florestal, industrial ou urbanizada. A cota média do topo dos obstáculos é considerada inferior ou
igual a 10 m. Ex: parques e bosques com muitas árvores, cidades pequenas e seus arredores,
subúrbios densamente construídos de grandes cidades, áreas industriais.
•CATEGORIA V: terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco espaçados. .
A cota média do topo dos obstáculos é considerada inferior ou igual a 25 m. Ex: florestas com
árvores altas de copas isoladas, centros de grandes cidades, complexos industriais bem
desenvolvidos.
FATOR S2 : Rugosidade superficial, Tamanho da Edificação e Altura do solo
Edificações pequenas e elementos de edificações são mais afetados por rajadas de curta duração
do que grandes edificações. O intervalo mais curto das medidas usuais (3 segundos) corresponde
a rajadas cujas dimensões envolvem convenientemente obstáculos de até 20 m na direção do
vento médio. Quanto maior o intervalo de tempo utilizado no cálculo da velocidade média, maior
a distância abrangida pela rajada, e menor será o valor de velocidade obtido para o mesmo
período de recorrência (50 anos).
•CLASSE A (rajadas de 3s): todas as unidades de Turbilhão da rajada de 3 s. Envolve
completamente uma edificação pequena,
Turbilhão da rajada de 10 s consegue envolver.
vedação, seus elementos de fixação e peças mas não uma grande
completamente edificações de grandes dimensões

individuais de estruturas sem vedação; toda


edificação cuja maior dimensão horizontal ou
vertical não exceda 20m.
•CLASSE B (rajadas de 5s): toda edificação (ou
parte) cuja maior dimensão horizontal ou vertical
da superfície frontal (projeção no plano ortogonal
a direção do vento) esteja entre 20 e 50m.
•CLASSE C (rajadas de 10s): toda edificação (ou
parte) cuja maior dimensão horizontal ou vertical
da superfície frontal exceda os 50m.
Para elementos de vedação é recomendado utilizar o fator S2 correspondente ao topo da
edificação, visto que nas fachadas de barlavento e laterais o vento é defletido para baixo,
aumentando a pressão dinâmica na parte inferior da edificação.
FATOR S2 : Rugosidade superficial, Tamanho da Edificação e Altura do solo
O Fator S2 pode ser obtido pela expressão:  z 
p

S2  bFr  
sendo que o Fator de Rajada Fr é sempre  10 
correspondente à Categoria II. A expressão
pode ser utilizada até a altura zg que define o
contorno superior da camada atmosférica.
FATOR ESTATÍSTICO S3
Considera o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação. A classificação é feita em 5
Grupos:

1. Edifícios cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança ou possibilidade de socorro a
pessoas após uma tempestade destrutiva (hospitais, quartéis de bombeiros e de forças de
segurança, centrais de comunicação) : S3 = 1,10
2. Edificações para hotéis e residências. Edificações para comércio e indústria com alto fator de
ocupação: S3 = 1,00
3. Edificações e instalações industriais com baixo fator de ocupação: S3 = 0,95
4. Vedações (telhas, vidros, painéis de vedação) de edificações dos Grupos 1 a 3: S 3 = 0,88
5. Edificações temporárias ou estruturas dos Grupos 1 a 3 durante a construção: S3 = 0,83

Obs.: Uma elemento de vedação, mesmo de uma edificação de importância, é considerado como
sendo apenas um elemento de vedação. Na análise de uma telha de um hospital, o valor S3 a ser
utilizado é 0,88. O valor de 1,10 é utilizado para a edificação como um todos ou componentes
principais.
Exemplos de cálculo da pressão dinâmica (q)
1. Celeiro de dimensões 16m x 32m, (em planta), altura de 6,5m, no interior da Bahia, na crista de um talude de inclinação15 o
e altura total de 30m em fazenda com poucas edificações.
Pelo mapa de isopletas, Vo = 30 m/s
S1 (6,5m) = 1,0 + (2,5-6,5/30) tg(15o-3o) = 1,49
S2 (categoria III, classe B, z = 6,5m) = (0,92-0,86)*1,5/5,0+0,86 = 0,88
S3 (Grupo 3) = 0,95
Vk = 1,49 x 0,88 x 0,95 x 30 = 37,37 m/s
q = 0,613 x 37,372 = 856 N/m2
2. Hospital de dimensões 36m x 66m, (em planta), altura de 27m, no centro de Porto Alegre, em região plana.
Pelo mapa de isopletas, Vo = 45 m/s
S1 = 1,00
S2 (categoria V, classe C, z = 27,0 m) = (0,82-0,76)*7/10+0,76 = 0,80
S3 (Grupo 1) = 1,10
Vk = 1,00 x 0,80 x 1,10 x 45 = 39,6 m/s
q = 0,613 x 39,62 = 961 N/m2
3. Telha de fibrocimento de 1,10 x 1,80m em telhado a 9 m de altura de um quartel do corpo de bombeiros em um subúrbio
de Curitiba, situado a 42 m da crista de um talude de inclinação 25 o e altura total de 23 m.
Pelo mapa de isopletas, Vo = 41 m/s
S1 (9m, na crista, q = 17o) = 1,0 + (2,5-9/23) tg(17o-3o) = 1,53
S1 (9m, na crista, q = 45o) = 1,0 + (2,5-9/23) 0,31 = 1,65
S1 (9m, na crista, q = 25o) = (1,65-1,53)*8o/28o + 1,53 = 1,56
S1 (9m, a 42 m da crista, q = 25o) = (1,00-1,56)*42/(4*23)+1,56 = 1,30
S2 (categoria IV, classe A, z = 9 m) = (0,86-0,79)*4/5+0,79 = 0,85
S3 (Grupo 4) = 0,88
Vk = 1,30 x 0,85 x 0,88 x 41 = 39,87 m/s
q = 0,613 x 39,872 = 974 N/m2
COEFICIENTES DE PRESSÃO (cpe) E DE FORMA (Ce)
Como a força do vento depende da diferença de pressão nas faces opostas da parte da DP  DPe  DPi
DP   c pe  c pi  q
edificação em estudo, os coeficientes de pressão são dados para superfícies externas e
internas. A pressão efetiva DP em um ponto da superfície da edificação é dada pelas
expressões ao lado, onde DPe é a pressão efetiva externa, DPi é a pressão efetiva c pe  DPe / q
interna, cpe é o coeficiente de pressão externo e cpi o interno.
c pi  DPi / q
Valores positivos de DP correspondem a sobrepressões, e valores negativos a sucções.
e F  F F
i
A força do vento sobre um elemento plano de área A da edificação atua em direção
perpendicular ao mesmo, sendo dada pelas expressões ao lado, onde Fe é a força F   Ce  Ci  qA
externa à edificação, agindo na superfície plana de área A, Fi a força interna, Ce é o Ce  Fe /(qA)
coeficiente de forma externo e Ci o interno. Ci  Fi /(qA)
O coeficiente de pressão está relacionado a ação puntual do vento, e o coeficiente de forma à ação média
sobre todo o elemento considerado. A norma considera a pressão interna uniformemente distribuída no
interior da edificação, de forma que o coeficiente de pressão interno é igual ao coeficiente de forma interno (cpi
= Ci).
Os coeficientes cpe junto às arestas de paredes e telhados devem ser utilizados somente para o
dimensionamento, verificação e ancoragem de elementos de vedação e da estrutura secundária (ex. caibros e
ripas, telhas, painéis,etc.), casos em que deverá ser utilizado o fator S2 correspondente à classe A.
Para o cálculo de peças estruturais principais dever ser utilizado o fator S2 correspondente à classe A, B ou C,
com o valor de Ce aplicável à zona em que se situa a respectiva peça estrutural.
COEFICIENTES DE PRESSÃO (cpe) E DE FORMA (Ce)
O vento atuando em uma certa direção sobre uma
edificação de planta retangular provoca sobrepressão
(Ce+) na fachada de barlavento (a voltada para a direção
de onde o vento vem) e sucção (Ce-) na fachada de
sotavento (voltada para a direção para onde o vento vai).
Nas fachadas laterais, paralelas ao vento, ocorrem Vento
sucções, com uma maior intensidade junto à barlavento,
diminuindo progressivamente em direção a sotavento.
A NBR6123:1988 aproxima essa variação na sucção em 2 Ce(+) Ce(-)
ou 3 trechos de pressão uniforme, conforme a fachada Ce(-)
Ce(-)
paralela ao vento seja a maior ou a menor dimensão em Ce(-)
planta. cpe (-)

Picos de sucção extrema ocorrem nas faces paralelas ao vento junto a barlavento. Esses picos são
igualmente tratados pela NBR6123:1988 como um trecho de pressão uniformemente distribuída (nas
regiões hachuradas da Tabela 4 da norma) e devem ser usada não para ao dimensionamento da
estrutura principal ou da própria edificação, mas somente de componentes estruturais, de vedação
ou ancoragens localizados nessa região.
COEFICIENTES DE PRESSÃO (cpe) E DE FORMA (Ce) em paredes

.
COEFICIENTE DE ARRASTO (Ca)
A força atuante em cada superfície é dada por
dF = Ce.q.dA
sempre ortogonal à superfície considerada. Essas forças
variam com a posição em planta na edificação e com a
altura, uma vez que a Pressão Dinâmica do Vento varia Vento
com altura através do seu coeficiente S2.
A integral sobre toda a superfície da edificação das
componentes das forças em cada ponto na direção do Ce(+) Ce(-)
Ce(-)
vento incidente dá a força total exercida pelo vento sobre Ce(-)
a edificação naquela direção, chamada de Força de Ce(-)
Arrasto. cpe (-)

Enquanto as pressões em cada superfície são utilizados para o dimensionamento de componentes e


partes da estrutura, a Força de Arrasto é utilizada no dimensionamento da estrutura como um todo da
edificação.
A razão entre a Força de Arrasto que efetivamente atua sobre a edificação e o produto da pressão
dinâmica do vento pela área da edificação ortogonal à direção do vento (Ae) é chamada de Coeficiente
de Arrasto Ca.
COEFICIENTE DE ARRASTO (Ca)
A NBR6123:1988 item 6.3.6 define o Coeficiente de Arrasto da forma:
Fa=Ca.q.Ae Ca=Fa/(q.Ae)
Como o coeficiente de arrasto é dado em função da Pressão Dinâmica do Vento (q) e esta varia com
a altura, é importante que haja uma definição de qual a altura que deve ser considerada para a
definição dessa pressão, se no topo da edificação, 2/3 da altura, ½ da altura ou outro valor.
Embora não esteja explícito, os Coeficientes de Arrasto Ca fornecidos pela NBR6123:1988 são
calculados pela razão entre a força efetiva do vento sobre a edificação e a resultante obtida pela
integração da Pressão Dinâmica do ao longo de toda a altura da edificação, ou seja, os Coeficientes
de Arrasto podem ser aplicado em qualquer ponto do Perfil de Pressões, definindo um Perfil de
Forças efetivas de Arrasto ao longo da altura.
A NBR6123:1988 permite que, embora o vento incida em qualquer direção, a análise de uma
edificação de planta retangular possa ser feito considerando apenas as quatro situações nas quais o
vento incide perpendicularmente a cada uma das fachadas (2 direções do vento, 2 sentidos por
direção). No caso da estrutura ser simétrica em um ou dois eixos em planta, pode-se reduzir as
situações de análise.
COEFICIENTE DE ARRASTO (Ca) – vento de alta turbulência
A NBR6123:1988 item 6.5.3 estabelece que uma
edificação pode ser considerada em vento de alta
turbulência quando a sua altura não excede duas
vezes a altura média das edificações nas
vizinhanças, estendendo-se estas, na direção e no
sentido do vento incidente (barlavento) a uma
distância mínima de:
•500m para uma edificação de até 40m de altura
•1000m para uma edificação de até 55m de altura
•2000m para uma edificação de até 70m de altura
•3000m para uma edificação de até 80m de altura

O ábaco ao lado permite determinar o Coeficiente


de Arrasto para vento de alta turbulência
COEFICIENTE DE ARRASTO (Ca) – vento de baixa turbulência
O ábaco ao lado permite determinar o
Coeficiente de Arrasto para vento de baixa
turbulência.
Os valore obtidos nesta situação são maiores que
os obtidos para a situação de vento de alta
turbulência, resultando em valores da Força de
Arrasto maiores e sendo, portanto, uma situação
mais crítica que a anterior.
Na dúvida sobre o tipo de vento incidente, de
alta ou baixa turbulência, numa abordagem
conservativa recomenda-se o uso do ábaco para
vento de baixa turbulência.
A Tabela 10 das NBR6123:1988 indica valore de
Ca para uma série de formatos de seção
transversal em corpos de seção constante e eixo
vertical ou horizontal.
EXCENTRICIDADE DAS FORÇAS DE ARRASTO
A NBR6123:1988 define :
6.6.2 Para o caso de edificações paralelepipédicas (com planta retangular a.b), o projeto deve levar em
conta:
As forças devidas ao vento agindo perpendicularmente a cada uma das fachadas
As excentricidades causadas por vento agindo obliquamente ou por efeitos de vizinhança. Os esforços de
torção (da edificação como um todo, não dos componentes) daí oriundos são calculados considerando
estas forças agindo, respectivamente, com as seguintes excentricidades , em relação ao eixo vertical
geométrico:
•Edificações sem efeitos de vizinhança: ea = 0,075.a e eb = 0,075.b
•Edificações com efeitos de vizinhança: ea = 0,15.a e eb = 0,15.b
Sendo ea medido na direção do lado maior a, e eb medido na direção do lado menor b.
Os efeitos de vizinhança serão considerados somente até a altura (topo) da(s) edificação(ões) situada(s)
na(s) proximidade(s), dentro de um círculo de diâmetro igual à altura da edificação em estudo, ou igual a
seis vezes o lado menor da edificação b, adotando-se o menor destes dois valores.
OBS: Para estruturas sem eixos de simetria em planta, a consideração de excentricidade leva a 12 diferentes
configurações de cargas de vento, 3 por fachada (Força de Arrasto centrada, excêntrica para um lado e
excêntrica para outro).
CÁLCULO DAS FORÇAS DE ARRASTO EM CADA PAVIMENTO
A pressão do vento atua sobre o Sistema de Vedação Vertical
externo da edificação. Os painéis de vedação em cada andar podem a
ser pensados como vinculados à estrutura do pavimento inferior e
superior que delimitam esse painel, transmitindo a carga h
igualmente para cada nível de estrutura. Assim, a estrutura de cada h
andar i é responsável por uma área em projeção ortogonal à direção
do vento igual ao produto da largura do andar b pela distância entre
pavimentos h, Ai = bi.hi , ou seja, a pressão do vento sobre metade z4
da altura do painel de vedação abaixo do andar e metade da altura
do painel de vedação acima do andar contribui para a força aplicada
em cada andar. Fa4 = Ca.q(z4).a.h.
A Força de Arrasto Fai em cada andar é obtida pelo produto do
Coeficiente de Arrasto Ca (que é único para a edificação como um
todo para o vento incidindo naquela direção) pela Pressão Dinâmica
do Vento q(zi) (que varia com a altura zi) e pela Área Efetiva em
projeção Ai.
Considera-se sobre a área de Influência Ai , de forma simplificada,
uma distribuição uniforme de pressão q avaliada no centro da
mesma, ou seja, obtida para um valor de zi correspondente ao plano
médio de cada pavimento.
Obs.1: A determinação da pressão q(zi) é obtida com fatores S1, S2 e S3 correspondentes à edificação como um todo.
Obs.2: As Forças de Arrasto em cada pavimento devem ser aplicadas tanto centradas como com excentricidade, tanto
para um lado quanto para outro.
CÁLCULO DAS FORÇAS DE ARRASTO EM CADA PAVIMENTO
A Força de Arrasto do vento sobre o a a
edifício é considerada como uma única
carga concentrada (ou como cargas
concentradas únicas em cada pavimento)
apenas como idealização. qa4 = Fa4/a
Uma melhor forma de representação é
aplicar na face de barlavento uma carga
Fa4
distribuída por unidade de comprimento
ao longo de toda a largura do edifício, no
plano médio de cada pavimento.
Para a Força de Arrasto aplicada centrada
em relação à fachada de barlavento, a
taxa de carga é correspondente à razão
entre a Força de Arrasto (Fa) e a largura
do edifício (a).
qai=Fai/a
CÁLCULO DAS FORÇAS DE ARRASTO EM CADA PAVIMENTO
Como a NBR6123:1988 prescreve
que se deve analisar o efeito do a a q5 = Fa5/a
vento atuando obliquamente ou qe5 = (e/a).6Fa5/a
em função dos efeitos de e
vizinhança, considerando a Fa5
Força de Arrasto atuando com
uma certa excentricidade e, a
distribuição de cargas em cada
pavimento deixa de ser uniforme
(constante) e assume uma forma
trapezoidal, resultado da soma
de uma distribuição uniforme
decorrente da Força de Arrasto
centrada com uma distribuição
linear decorrente do momento
em relação a um eixo vertical
gerado pela excentricidade da
Força de Arrasto.
Fai.e = { [ ½.qe.(a/2) ].(2/3)(a/2) }
qe = (e/a) . [6Fai/a]
CÁLCULO DAS FORÇAS DE ARRASTO EM CADA PAVIMENTO
A taxa de em cada ponto é obtida pela a a q= Ca.q4.h.[1+6(e/a)]
soma da parcela constante (Fai/a) e pela
taxa de carga linear cujo valor máximo é e
/a
qe.
h
Desta forma, a taxa máxima é dada por:
qa = [Fai/a] + (e/a) . [6Fai/a] Ca. q4.a.h
e a mínima dada por
qa = [Fai/a] + (e/a) . [6Fai/a]

Substituindo Fai por Ca.qi.a.h resulta:


Taxa máxima: q = Ca.qi.h.[1+6(e/a)]
Taxa mínima: q = Ca.qi.h.[1-6(e/a)] q= Ca.q4.h.[1-6(e/a)]

Obs.: Modelos de cargas mais elaborados podem ser feitos


Onde (e/a) = 0,075 para situações sem
considerando taxas de carga lineares em sobrepressão na fachada de
efeitos de vizinhança e 0,15 para
barlavento e em sucção na fachada de sotavento. A razão entre as
situações com efeito de vizinhança.
taxas de carga em cada fachada seguem a razão entre os coeficientes
de forma externos Ce dessas mesmas fachadas (slides 12 e 13).
DESAPRUMO
A NBR6118:2014 preconiza que, na
análise global de estruturas, sejam elas
contraventadas ou não, deve ser
considerado um desaprumo dos
elementos verticais.
Tal consideração visa levar em conta os
erros construtivos decorrentes da
colocação das fôrmas de um andar
sobre o outro de forma não totalmente
alinhada e não totalmente no prumo.
O valor de q1 está limitado a:
q1 min = 1/300
q1 max=1/200.
Em edifícios com predominância de lajes lisas ou cogumelo, bem como para pilares
isolados em balanço (engastados na base e livres até o topo da edificação, situação
comum em pavilhões) usar qa= q1 . A norma considera desta forma que, com lajes lisas
ou cogumelo, não há efetivamente a formação de pórticos com os pilares pela
ausência das vigas, tornando a estrutura muito mais deformável horizontalmente, e
igualmente as fôrmas.
VENTO E DESAPRUMO
A NBR6118:2014 em 11.3.3.4.1 indica comparar, na base
da construção e em cada direção e sentido de aplicação
do vento, os momento gerados pelas cargas verticais em
função dos deslocamentos horizontais gerados pelo
desaprumo com os momentos gerados pelas cargas
horizontais de vento. Nas comparações, o desaprumo é
calculado com qa sem a consideração de q1min .
• Quando 30% do Momento das Cargas de Vento for
maior que o Momento de Desaprumo, considera-se
Mcargas de vento somente a ação do vento e despreza-se o desaprumo.
• Quando 30% do Momento do Desaprumo for maior
que o Momento das Cargas de Vento, considera-se
Mcargas verticais = Mdesaprumo somente o Desaprumo, respeitando a consideração de
q1min., desprezando-se a ação do vento.
Nos demais casos, combina-se a ação do vento com o desaprumo, sem a necessidade de
consideração de q1min. Nessa combinação, admite-se considerar ambas as ações atuando na
mesma direção e sentido como equivalentes a uma ação do vento, amplificada da forma:

O desaprumo não precisa ser considerado para os Estados Limites de Serviço

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