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MORFOLOGIA E ANÁLISE DE
ESTRUTURAS DE EDIFÍCIOS
RONALD J. ELLWANGER
MORFOLOGIA E ANÁLISE DE
ESTRUTURAS DE EDIFÍCIOS
E-mail: ronaldellwanger@gmail.com
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PREFÁCIO
Este trabalho trata de modelos estruturais de edifícios de múltiplos andares e sua análise.
Concentra-se, em sua maior parte, numa abordagem básica da morfologia e do
comportamento de diferentes tipos de sistemas de contraventamento de edifícios, incluindo
pórticos, paredes resistentes, núcleos, sistemas tubulares e sistemas reforçados por
estabilizadores; o trabalho também trata da morfologia e do comportamento dos sistemas de
estruturação de pavimentos.
Na literatura estrangeira, o conhecimento sistematizado deste tipo específico de estruturas
tem historicamente sido abordado por diversos autores, como (SCHUELER, 1977),
(STAFFORD SMITH e COULL, 1991) e (TARANATH, 2010). No Brasil, apesar de ser um
assunto intensamente investigado, as informações sobre o mesmo encontram-se dispersas em
inúmeros artigos publicados em periódicos e em anais de congressos, além de ser abordado de
forma fragmentada em livros de Mecânica Estrutural e em algumas normas, como (ABNT,
2003), (ABNT, 2008) e (ABNT, 2014). O presente trabalho trata de reunir e organizar esse
conhecimento numa seqüência lógica e didática, de forma a contribuir, não só para a
formação dos estudantes de Engenharia e Arquitetura, como também para a atividade dos
profissionais que se dedicam ao projeto de estruturas de edifícios.
Ao longo do trabalho, são abordados alguns métodos aproximados de análise da estrutura
global. Além de terem valor por si só para a análise de estruturas regulares simplificadas,
estes métodos servem também para destacar as ações e os modos de comportamento mais
importantes de componentes e subsistemas, bem como a interação entre eles. Desta forma,
eles proporcionam orientação ao projetista na concepção de modelos apropriados para fins de
análise, bem como no aperfeiçoamento de um modelo já adotado. Além disso, desenvolvem
nos estudantes a capacidade, não só de julgamento crítico dos resultados da análise da
estrutura global, como também de percepção do comportamento de subsistemas como grelhas
e pórticos planos hiperestáticos. Neste sentido, contribuem para preencher uma lacuna
freqüentemente encontrada na formação dos referidos estudantes (ELLWANGER, 2005).
A abordagem das diversas formas de estruturas também serve para a conscientização por
parte, tanto de estudantes como de profissionais, da multiplicidade de soluções para o sistema
estrutural de um edifício.
Ronald J. Ellwanger
Maio/2022
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SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO 6
1.1 – O projeto de estruturas de edifícios 6
1.2 – Fatores de influência na escolha do sistema estrutural 6
1.3 – Os carregamentos atuantes 8
1.3.1 – Classificação das ações 8
1.3.2 – Combinações de ações e estados-limites 9
1.4 – Modelagem para análise 9
1.4.1 – Análise final e hipóteses simplificadoras 10
1.5 – Elementos básicos das estruturas de edifícios 11
1.6 – Sistemas de contraventamento 12
2 – OS SISTEMAS APORTICADOS 14
2.1 – Pórticos planos 14
2.1.1 – Comportamento dos pórticos planos 15
2.1.2 – Análise de pórticos planos por computador 17
2.1.3 – Envoltórias de solicitações 21
2.2 – Sistemas desprovidos de vigas 24
2.3 – Pórticos reforçados e treliças verticais 26
2.3.1 – Tipos de reforços 27
2.3.2 – Comportamento dos reforços 28
2.3.3 – Os pórticos reforçados sob carregamento horizontal 29
2.3.4 – Pórticos preenchidos por painéis 31
3 – SISTEMAS DE PAREDES RESISTENTES 32
3.1 – Sistemas de paredes resistentes isoladas 33
3.1.1 – Sistemas proporcionados e não proporcionados 33
3.1.2 – Análise dos sistemas não proporcionados 33
3.1.3 – Efeitos de mudanças de seção das paredes 35
3.1.4 – Efeitos de descontinuidades junto à base 38
3.1.5 – Obtenção de tensões em paredes resistentes 38
3.2 – Sistemas de paredes resistentes acopladas 41
3
3.2.1 – Comportamento dos sistemas de paredes acopladas 41
3.2.2 – A técnica do meio contínuo 43
3.2.3 – Análise pela analogia de pórtico 43
3.2.4 – Análise por elementos finitos de membrana 46
4 – SISTEMAS FORMADOS POR NÚCLEOS 48
4.1 – Morfologia dos sistemas de núcleos 48
4.1.1 – Sistema de pavimentos em balanço 49
4.1.2 – Sistema de pavimentos suspensos 49
4.2 – Análise dos núcleos 52
4.2.1 – A torção com empenamento restringido 52
4.2.2 – Análise por elementos finitos de membrana 53
4.2.3 – Modelo do pórtico análogo 56
4.2.4 – Conversão dos esforços do pórtico análogo em tensões nas paredes 57
5 – ASSOCIAÇÃO DE PÓRTICOS COM PAREDES/NÚCLEOS 59
5.1 – Campo de aplicação e vantagens do sistema 59
5.2 – Comportamento dos sistemas paredes-pórticos simétricos 61
5.2.1 – Modelo plano equivalente 61
5.2.2 – Interação entre paredes/núcleos e pórticos 62
5.3 – Otimização do sistema 63
5.4 – Sistemas reforçados por estabilizadores 64
5.4.1 – Princípio de funcionamento do sistema 65
5.4.2 – Exemplos de sistemas com estabilizadores 67
6 – OS SISTEMAS TUBULARES 70
6.1 – Sistemas tubulares aporticados e o shear lag 70
6.1.1 – O shear lag 72
6.1.2 – Comportamento das subestruturas dos pavimentos 73
6.2 – Sistemas tubulares reforçados 74
6.2.1 – Comportamento sob carregamento gravitacional 75
6.2.2 – Comportamento sob carregamento lateral 76
6.2.3 – Combinação do carregamento gravitacional com o de vento 78
6.3 – Tubos treliçados 78
6.4 – Sistemas tube-in-tube (tubo externo com tubo interno) 79
6.5 – Tubos modulares 81
6.6 – Otimização de espaço no nível térreo 82
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7 – MORFOLOGIA DAS SUBESTRUTURAS HORIZONTAIS 85
7.1 – Distribuição do vigamento 85
7.2 – Pavimentos estruturados em concreto 87
7.2.1 – Lajes apoiadas diretamente em colunas ou em vigas-banda 87
7.2.2 – Lajes apoiadas somente em vigas principais ou em paredes 88
7.2.3 – Lajes sobre vigas principais e secundárias 89
7.2.4 – Lajes com nervuras 90
7.3 – Pavimentos estruturados em aço 91
7.3.1 – Laje simplesmente apoiada no vigamento 91
7.3.2 – Sistemas compósitos aço-concreto 92
8 – ANÁLISE DAS SUBESTRUTURAS HORIZONTAIS 95
8.1 – Análise de lajes e de vigas isoladas 95
8.2 – Análise de grelhas 97
8.2.1 – Caracterização da estrutura e resultados da análise 98
8.2.2 – Transmissão de forças verticais 99
8.2.3 – Transmissão de momentos 100
8.3 – Análise por elementos finitos 103
8.4 – Considerações adicionais para estruturas de concreto 104
9 – DISTRIBUIÇÃO DAS AÇÕES HORIZONTAIS NO SISTEMA DE
CONTRAVENTAMENTO 106
9.1 – Sistemas de referência 106
9.2 – Distribuição da carga de vento entre as subestruturas de contraventamento 107
9.2.1 - Diafragmas rígidos vinculados a molas 107
9.2.2 – Rigidez horizontal das subestruturas de contraventamento 109
9.2.3 – Centro elástico do sistema de contraventamento 111
9.2.4 – Rigidez do sistema à rotação em torno do centro elástico 112
9.2.5 – Atuação de forças com reta de ação fora do centro elástico 113
9.2.6 – Roteiro de cálculo 114
9.3 – Exemplos 114
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 125
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CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
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conta o custo de operação do edifício, incluindo despesas com serviços, manutenção, seguros,
impostos, financiamentos etc.
À medida que aumenta a altura do edifício, mais espaço é necessário para a estrutura e os
sistemas mecânicos (climatização e elevadores), restando menos espaço rentável. Além disso,
os custos com estes sistemas aumentam com a altura, acontecendo o mesmo aos custos com
empreiteiros, já que equipamentos mais sofisticados se tornam necessários à medida que a
construção vai ganhando altura. Todavia, todos estes aumentos de custos podem ser
compensados pelos altos custos do terreno e pela necessidade de se construir o edifício em
uma localidade específica.
b) Condições do solo
As fundações vinculam a estrutura do edifício (superestrutura) ao solo, recebendo suas
cargas e distribuindo-as de forma que o solo seja capaz de suportá-las. A escolha do tipo
estrutural é grandemente influenciada pela geologia do local. Por exemplo, se a capacidade de
carga do solo de determinado local é muito baixa, um edifício feito de materiais pesados,
como o concreto, pode tornar-se muito mais caro do que um feito de materiais leves, como o
aço. De qualquer forma, as relações entre as três variáveis – superestrutura, fundação e solo –
permitem alguma liberdade de combinações com respeito à escolha do sistema estrutural.
c) Relação altura/largura do edifício
A rigidez lateral da estrutura de um edifício varia inversamente com a relação
altura/largura. Ela depende diretamente da rigidez dos elementos individuais e suas conexões,
do número e da altura dos andares e do número e extensão dos vãos. Assim, cabe ao projetista
escolher um sistema estrutural que possa, com os comprimentos dos vãos e o número de
andares desejado, absorver os esforços e conter as deformações de maneira econômica e
segura.
d) Processos de fabricação e montagem
O planejamento dos procedimentos de fabricação e montagem pode definir importantes
fatores relacionados à escolha do sistema estrutural. Na verdade, eles podem ser os fatores
determinantes quando se adota um método construtivo envolvendo pré-fabricação. Estes
sistemas são usados por reduzir mão-de-obra e o tempo de construção. O número de peças
estruturais deve ser o menor possível, elementos de formato complicado devem ser evitados e
a moldagem em canteiro deve ser minimizada. Portanto, antes da escolha do sistema
estrutural, os processos de fabricação e montagem devem estar definidos.
e) Sistemas mecânicos
Uma vez que os sistemas mecânicos, elétrico, de água e de esgotos são responsáveis por
uma parte considerável do custo total de um edifício, é essencial escolher um sistema
estrutural adequado aos mesmos. Estes sistemas podem ser concentrados em núcleos
integrados em uma área central. Algumas vezes, são dispostos espaços para tubulação junto à
fachada. Também podem ser utilizados sistemas como os de pavimentos suspensos ou os com
estabilizadores, com determinados níveis destinados a abrigar equipamentos pesados. Cada
uma destas soluções influencia diretamente a escolha do sistema estrutural.
f) Questões locais
Cada comunidade possui suas características peculiares, de forma que o código de
zoneamento pode impor exigências que afetem a escolha do sistema construtivo e do tipo
estrutural. Por exemplo, se existe uma limitação de altura quando se necessita do maior
número possível de andares, as alturas entre os pavimentos devem ser as menores possíveis,
sugerindo o uso do sistema de lajes planas de concreto.
Existem situações especiais em que o edifício, ou parte dele, está sobre ruas, praças,
rodovias, ferrovias, ou até mesmo sobre outras edificações. Isto cria a necessidade da
existência de amplos espaços vazios em sua parte inferior, a fim de prover a claridade e a
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aeração apropriadas; isto pode se refletir em restrições às dimensões das colunas e às alturas
das vigas em alguns casos e em demandas por grandes vãos e grande altura livre em outros.
g) Disponibilidade e custo dos materiais de construção
Quando o local de construção de um edifício se situa próximo a fontes de determinados
materiais de construção, pode haver redução dos custos de transporte, fazendo baratear um
material que normalmente seja caro. Quando a proximidade de fontes de materiais não for
fator de influência, a disponibilidade deverá ser considerada. A dificuldade em adquirir
determinado material pode retardar o cronograma da obra, aumentando significativamente
seus custos. Portanto, a análise destes fatores é fundamental na escolha do material a ser
utilizado na construção do edifício, incluindo obviamente sua estrutura.
8
1.3.2 Combinações de ações e estados-limites
Os edifícios são submetidos a uma multiplicidade de ações durante sua vida útil, muitas
das quais atuam simultaneamente. Desta forma, seus efeitos necessitam ser combinados e o
projeto das estruturas necessita levar em conta todas as possíveis combinações de ações.
A possibilidade da ocorrência de ações combinadas é determinada através de
considerações estatísticas. Enquanto o peso próprio é suposto como atuante durante todo o
tempo, o mesmo não acontece necessariamente com as demais ações. A probabilidade de o
carregamento gravitacional pleno atuar simultaneamente, seja com as ações plenas de vento,
seja com as sísmicas ou as devidas à temperatura, é baixa e a de todas elas atuarem ao mesmo
tempo é mais baixa ainda. Isto é considerado nas normas por meio da aplicação de fatores de
redução às ações envolvidas numa combinação. Além disso, os valores das ações são
multiplicados por fatores de ponderação, os quais levam em conta a variabilidade das mesmas
e os possíveis erros de avaliação de seus efeitos, seja por problemas construtivos, seja por
deficiência do método de cálculo empregado.
Os métodos de determinação das combinações de ações e dos seus efeitos no projeto dos
elementos estruturais variam de acordo com a norma adotada e a filosofia de projeto. A
abordagem probabilística, tanto na quantificação das propriedades da estrutura como na
previsão de atuação do carregamento, deu origem à filosofia do projeto baseado na
verificação de estados-limites, a qual tem atualmente uma aceitação praticamente universal. O
objetivo desta abordagem é assegurar que as estruturas sejam projetadas não só para
suportarem com razoável segurança as ações e deformações mais nocivas que possam ocorrer
durante sua construção e sua vida útil, como também para possuírem uma adequada
durabilidade. De acordo com a (ABNT, 2003), estados-limites de uma estrutura são situações
a partir das quais ela apresenta desempenho inadequado às finalidades da edificação;
classificam-se em estados-limites últimos e estados-limites de serviço ou de utilização.
A ocorrência de estados-limites últimos determina a paralisação, no todo ou em parte, do
uso da edificação. Eles podem ser causados por: perda de equilíbrio, global ou parcial,
admitida a estrutura como um corpo rígido; ruptura ou deformação plástica excessiva dos
materiais; transformação da estrutura, no todo ou em parte, em um sistema hipostático;
instabilidade por deformação; ou instabilidade dinâmica. Estados-limites de serviço são
situações que, por sua ocorrência, repetição ou duração, causam efeitos estruturais tais que
deixam de ser atendidas as condições especificadas para o uso normal da edificação, ou que
são indícios de comprometimento da durabilidade da estrutura.
A modelagem da estrutura é sem dúvida a tarefa mais complexa que o projetista enfrenta,
exigindo capacidade de julgamento crítico e um sólido conhecimento do comportamento de
componentes e de conjuntos de componentes (subsistemas) de edifícios. É imperativo que o
projetista seja capaz de conceber um modelo de análise da estrutura real que venha a represen-
tar e prever com suficiente precisão a resposta do edifício às ações previstas. Além disso, os
resultados da análise devem ser interpretados e avaliados com discernimento para aplicação
na estrutura real, a fim de servir como base razoável para a tomada de decisões de projeto.
A resposta da estrutura é governada pelos componentes do edifício que são tensionados à
medida que ele se deforma. Em princípio, devem ser incluídos no modelo de análise apenas
os principais elementos estruturais: lajes, vigas, colunas, paredes e núcleos. Na realidade,
porém, outros elementos, não estruturais, são tensionados e influenciam no comportamento da
edificação; isso inclui, por exemplo, as escadarias, as divisórias e o revestimento. Todavia,
para simplificar o problema, é usual incluir na modelagem apenas os principais membros
estruturais e assumir que a influência dos elementos não estruturais é pequena e conservativa.
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A referida modelagem depende, em certa medida, do tipo e tamanho da estrutura e do
estágio de projeto para o qual a análise será feita. Para estruturas de edifícios altos é usual
realizarem-se análises rápidas aproximadas nos estágios preliminares do projeto e análises
mais detalhadas e precisas nos estágios finais.
O objetivo das análises aproximadas pode ser o de comparar o desempenho de propostas
alternativas para a estrutura ou o de determinar as deformações e os esforços nos elementos
mais importantes de uma estrutura já escolhida, de forma a possibilitar que ela seja
adequadamente pré-dimensionada. A formação do modelo e o procedimento para uma análise
preliminar devem ser breves e produzir resultados que sejam aproximações confiáveis. O
modelo e sua análise devem, de fato, representar razoavelmente bem, se não com absoluta
precisão, os principais modos de atuação e interação dos principais componentes estruturais.
As simplificações adotadas em uma análise preliminar são freqüentemente na formação do
modelo estrutural. Às vezes, a aproximação é grande como, por exemplo, ao admitir que uma
subestrutura de contraventamento complexa seja considerada uniforme ao longo de sua altura,
ou que seja representada por uma simples barra em balanço. Simplificações alternativas e às
vezes adicionais dizem respeito ao carregamento. Por exemplo, em sistemas de
contraventamento com subestruturas de um mesmo tipo, não é raro fazer uma suposição para
a distribuição, entre as mesmas, do carregamento lateral total atuante no edifício e, em
seguida, analisar cada subestrutura por vez para seu carregamento assumido. O capítulo 9
aborda dois destes métodos aproximados de análise.
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Embora métodos de análise não linear tenham sido e estejam ainda em desenvolvimento,
sua aplicação em estruturas de edifícios tem sido mais para pesquisa do que na prática do
projeto; nesta última, a não linearidade tem sido usualmente levada em consideração por meio
de adaptações na análise linear. Por exemplo, os efeitos da fissuração em elementos de
concreto armado devidos a tensões de tração são considerados por meio de reduções do
momento de inércia das seções. A (ABNT, 2014) estabelece que as inércias brutas das vigas
sejam reduzidas para 40 % ou 50 % (dependendo da distribuição das armaduras) e as inércias
brutas das colunas sejam reduzidas para 80 %.
b) Diafragmas rígidos
Assume-se que as lajes dos pavimentos sejam infinitamente rígidas em seus próprios
planos. Isto implica que os deslocamentos no plano horizontal de todos os elementos verticais
no nível de um pavimento sejam definidos em função da rotação e das translações de corpo
rígido da laje no plano horizontal, conforme é mostrado analiticamente na seção 9.2. Assim, o
número de incógnitas a serem determinadas na análise fica bastante reduzido. Embora seja
válida para fins práticos na maioria das estruturas de edifícios, essa hipótese não pode ser
aplicada em certos casos nos quais a laje é muito longa e estreita em planta, ou possui uma
região com acentuado estreitamento, ou simplesmente não constitui um sistema monolítico.
c) Rigidezes desprezíveis
Assume-se que rigidezes de magnitude relativamente pequena sejam desprezíveis. Isso
inclui, por exemplo, a rigidez à flexão das lajes, a rigidez à flexão em torno do eixo de menor
inércia de paredes resistentes e a rigidez torcional de paredes, colunas e da maioria das vigas.
Na verdade, a adoção dessa hipótese está condicionada à função exercida pelo componente no
comportamento da estrutura. Por exemplo, a contribuição da resistência à flexão de uma laje
para a resistência ao carregamento lateral de um sistema aporticado é desprezível; todavia, em
um sistema de lajes lisas ou planas essa contribuição é vital e não pode ser desprezada.
d) Deformações desprezíveis
Deformações relativamente pequenas e de pouca influência são desprezadas. Isto inclui a
deformação axial das vigas, as deformações por corte e por flexão contidas nos planos das
lajes e, em estruturas de pequena a média altura, as deformações axiais das colunas. A
deformação por corte de um elemento de barra pode ser desprezada caso a razão entre seu
comprimento e a maior dimensão transversal for maior do que determinado valor; por
exemplo, para estruturas de concreto a (ABNT, 2014) fixa este valor em 3. Caso a referida
razão for menor do que o valor estabelecido, deve ser fornecida a área de corte da seção.
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c) elementos espaciais
- os núcleos resistentes, por exemplo, capazes de resistir a esforços axiais, de flexão e de
torção.
Os dois principais tipos de elementos de transmissão de ações verticais são as colunas e as
paredes, estas atuando independentemente como paredes resistentes ou fazendo parte de
núcleos. A função do edifício determinará naturalmente a existência de paredes para dividir e
cercar espaço, bem como de núcleos para abrigar e dar passagem a instalações como
elevadores. Além disso, serão alocadas colunas em regiões doutro modo sem suporte, para
transmitir cargas gravitacionais e, em alguns tipos de estruturas, também cargas horizontais.
Necessariamente, a função primária dos elementos estruturais é resistir ao carregamento
gravitacional devido ao peso do edifício e de seu conteúdo. Uma vez que o carregamento em
diferentes andares tende a ser semelhante, o peso do sistema de sustentação dos pavimentos
por unidade de área é aproximadamente constante, independentemente da altura do edifício.
Como o carregamento gravitacional nas colunas aumenta de cima para baixo ao longo do
edifício, o peso das colunas tem um aumento aproximadamente linear do topo para a base.
Via de regra, a segunda função dos elementos estruturais verticais é resistir a ações externas
causadas por vento e possivelmente terremotos. Os momentos fletores causados por essas
ações laterais aumentam com pelo menos o quadrado da altura do edifício, portanto seus
efeitos tornam-se progressivamente mais importantes quanto mais alto ele for.
A estrutura do edifício é gerada por uma combinação dos referidos elementos básicos,
usualmente escolhida dentre uma multiplicidade de possíveis soluções. Apesar de constituir
um sistema espacial uno, ela pode ser concebida como uma associação de subestruturas
verticais, como paredes, núcleos e pórticos, e subestruturas horizontais que constituem a
sustentação dos pavimentos. As subestruturas verticais são tratadas nos capítulos 2 a 6,
enquanto as horizontais são vistas nos capítulos 7 e 8. Conforme é esquematicamente
mostrado na figura 1.1, as ações gravitacionais e laterais são absorvidas pelos pavimentos e
transmitidas às subestruturas verticais que, por sua vez, as transmitem para as fundações. Com
respeito às ações laterais, os pavimentos atuam como se fossem vigas baixas e largas em
flexão lateral.
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Figura 1.1 – Transmissão de ações dos pavimentos para as subestruturas verticais.
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CAPÍTULO 2
OS SISTEMAS APORTICADOS
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idealmente apropriado para edifícios de concreto armado, por causa da rigidez inerente das
conexões. Ele também é utilizado em edifícios com estrutura de aço, porém as conexões
momento-resistentes tendem a ser dispendiosas. Os pórticos são considerados econômicos
para prédios de até cerca de 25 andares, acima dos quais o controle das deformações laterais
torna-se dispendioso.
Uma vez que a integridade do esqueleto espacial depende da resistência e da rigidez de
cada um dos elementos de viga e de coluna, as alturas entre andares e as distâncias entre
colunas tornam-se parâmetros de controle do projeto. A resistência às cargas laterais é
proporcionada pela resistência à flexão de colunas, vigas e nós. As dimensões das seções das
vigas e colunas de um pavimento qualquer de um pórtico plano são diretamente influenciadas
pelo esforço cortante global naquele nível e, portanto crescem em direção à base.
Conseqüentemente, o projeto da estrutura dos pavimentos não pode ser repetitivo e em alguns
casos pode não ser possível acomodar a altura necessária das vigas no espaço normal do teto
dos andares mais baixos.
Dotados de um alto grau de indeterminação estática, os pórticos são inicialmente
projetados com base em análises aproximadas, após as quais podem ser feitas análises e
verificações mais rigorosas. Um procedimento usual consiste numa estimativa inicial de
esforços em vigas e pilares, devidos às cargas gravitacionais, por algum método aproximado,
seguida de uma estimativa preliminar das dimensões das seções com base nestes esforços e
num aumento arbitrário das mesmas para resistir também ao carregamento horizontal.
O procedimento segue com uma determinação aproximada do carregamento horizontal
nos pórticos planos e análise preliminar dos mesmos, conforme é visto na subseção 2.1.2.
Segue-se uma verificação dos deslocamentos laterais e dos esforços nas barras para a pior
combinação de ações e um ajuste das dimensões das seções, se necessário. Na sequência, é
realizada a análise da estrutura global (sistema espacial) para uma verificação mais precisa da
resistência e das deformações das barras, com ajustes adicionais das dimensões, onde
necessário; este estágio pode incluir os efeitos de segunda ordem P- nos esforços e nas
deformações. O processo culmina com o projeto detalhado das barras e de suas conexões.
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flexionam em dupla curvatura, com os pontos de contraflexão localizados próximo ao centro
dos vãos.
As deformações por flexão das barras resultam numa configuração deformada global por
corte, cuja decilividade é proporcional à já mencionada força cortante global por andar.
Também conhecido como distorção global (racking) do pórtico, este modo de deformação
tem sua concavidade a barlavento, com uma inclinação máxima junto à base (onde o cortante
global é máximo) e uma inclinação mínima no topo. Ele é responsável por 70% a 80% da
deformação lateral total de um pórtico, sendo 15% a 20% devidos à flexão das colunas e 50%
a 65% devidos à flexão das vigas. Esta diferença ocorre porque a rigidez das colunas, medida
pela razão Ic/Lc, caracteriza-se por ser substancialmente maior do que a rigidez das vigas,
medida pela razão Iv/Lv, onde Ic e Lc representam a inércia e o comprimento das colunas,
enquanto Iv e Lv representam a inércia e o comprimento das vigas, respectivamente.
Flexão global:
O momento fletor global devido às cargas horizontais é equilibrado ao nível de cada andar
por pares de forças normais de tração e de compressão atuantes nos pilares situados em lados
opostos da estrutura (figura 2.2-b). O alongamento de alguns pilares e o encurtamento de
outros causam a flexão global do pórtico, com os correspondentes deslocamentos horizontais
devidos à curvatura da estrutura, de forma semelhante à deformação por flexão do pilar
engastado-livre. Devido à rotação cumulativa com a altura, o deslocamento horizontal relativo
entre os pisos, devido à flexão global, aumenta com a altura e pode, nos andares mais altos,
exceder o devido à distorção. No entanto, a contribuição da flexão global para o deslocamento
horizontal total raramente excede 20%, exceto em pórticos muito altos e esbeltos, nos quais
ela pode atingir proporções próximas a 30%.
Correção de deformações excessivas:
A distribuição usual de dimensões das barras dos pórticos é tal que a flexão das vigas é a
principal causa da deformação lateral; portanto, a maneira mais efetiva e econômica de
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correção de deformações excessivas é geralmente o aumento da rigidez das vigas à flexão.
Todavia, isto pode deixar de ocorrer em pórticos atípicos, com espaçamento entre colunas
próximo da altura entre andares. Por exemplo, considerando que dois pavimentos sucessivos
quaisquer de uma edificação com tais características estejam apresentando uma deformação
lateral relativa excessiva, pode-se realizar uma verificação relativamente simples, proposta
por (STAFFORD SMITH e COULL, 1991), para definir se o ajuste das dimensões deve ser
feito nas seções das vigas ou dos pilares. Inicialmente, calcula-se para cada nó dos dois
pavimentos em questão o valor do parâmetro , dado pela expressão:
I c Lc I v Lv (2.1)
onde I v Lv refere-se às vigas conectadas ao nó. No caso de resultar >> 0,5, devem-se
ajustar as seções das vigas; caso << 0,5, devem-se ajustar as seções dos pilares e se
0,5, devem-se ajustar as seções tanto das vigas como as dos pilares.
Os resultados da análise consistem usualmente nos deslocamentos dos nós e nas reações
nos vínculos externos, segundo as direções dos graus de liberdade já mencionados, além das
solicitações nas barras. A figura 2.3-b mostra as solicitações que podem atuar numa barra de
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pórtico plano, variando ao longo de seu comprimento: força normal N, força cortante V e
momento fletor M.
Os pórticos integrantes das estruturas de edifícios caracterizam-se por possuírem barras
perpendiculares entre si (vigas e pilares). As cargas atuantes são transmitidas desde seus
pontos de aplicação até as fundações sob a forma das recém mencionadas solicitações nas
barras. A força cortante de uma viga, ao ser transmitida para um pilar, transforma-se em força
normal e vice-versa, enquanto o momento fletor é transmitido como momento fletor.
Como exemplo, a figura 2.4-a apresenta a malha de um pórtico plano de dois vãos
simétricos, integrante do sistema de contraventamento de um edifício de 10 andares. O
pórtico foi analisado para os carregamentos vertical permanente, vertical variável e de vento.
As figuras 2.4-b, c e d mostram alguns casos de transmissão de solicitações entre as barras
incidentes em dois nós do quinto pavimento. O caso b trata da transmissão de esforços
verticais entre as barras concorrentes no nó B, devidos à carga vertical permanente. A figura
mostra que a força normal de compressão de 881 kN, atuante no pilar inferior ao nó, equilibra
a força normal do pilar superior, bem como as forças cortantes das vigas junto ao nó.
O caso c demonstra o equilíbrio das forças horizontais incidentes no nó A, devidas às
ações de vento. A força externa de 11 kN e a força cortante no pilar superior ao nó são
equilibradas pela soma da força normal na viga com a força cortante no pilar inferior.
Finalmente, o caso d mostra a transmissão de momentos fletores no mesmo nó A, devidos ao
carregamento vertical permanente; o momento de 49 kN.m, atuante na extremidade da viga, é
equilibrado pelos momentos atuantes nos pilares inferior e superior ao nó.
18
A figura 2.5 apresenta diagramas de solicitações do pórtico, devidas ao carregamento
vertical permanente. A força cortante varia linearmente ao longo das vigas e apresenta valores
constantes nas barras de pilar, mostrados na primeira coluna da tabela 2.1; no pilar central, ela
é nula por causa da simetria da estrutura. Os momentos fletores variam linearmente ao longo
dos pilares; nas vigas, seus diagramas assumem o formato de parábolas do segundo grau.
Observa-se, pela representação em escala da figura 2.5 e pelos valores da tabela 2.1, a
pequena variação dos cortantes e momentos entre os pavimentos, com exceção do primeiro,
no qual a taxa de carga aplicada é bem menor. As forças normais possuem valores constantes
em cada barra de pilar, mostrados na segunda e terceira colunas da tabela 2.1. Cabe salientar
que as forças normais fornecidas pelo software para as vigas encontram-se, na verdade,
diluídas entre estas e as lajes. Os diagramas de solicitações devidas ao carregamento vertical
variável não são apresentados, por possuírem o mesmo formato dos mostrados na figura 2.5,
diferenciando-se apenas pela escala de valores.
A figura 2.6 apresenta o diagrama de momentos fletores do pórtico, devidos ao vento
atuante na direção x. Como esse carregamento é aplicado exclusivamente na forma de forças
concentradas em nós, os momentos fletores variam linearmente ao longo de cada barra. Pode-
se perceber o drástico aumento de seus valores pavimento por pavimento, do topo em direção
à base do edifício, o que não ocorre com os momentos causados pelas cargas verticais.
19
Tabela 2.1 – Solicitações (kN) com valores constantes por barra do pórtico
Pavto. Cargas verticais permanentes Ações de vento
VP1 = VP2 −NP1 = −NP3 −NP2 VV1 = VV2 VP1 = VP3 VP2 NP1 = −NP3
20
Essa tendência de aumento de valores também se verifica com as forças normais e
cortantes; essas solicitações possuem valores constantes ao longo de cada barra, mostrados da
quarta à sétima coluna da tabela 2.1. Por sua vez, o diagrama de momentos devidos ao vento
contrário à direção x terá o mesmo aspecto do diagrama da figura 2.6, efetuando-se apenas
uma inversão de sinais; o mesmo se verifica com relação às forças normais e cortantes.
21
dos coeficientes de ponderação das ações verticais permanentes e das verticais variáveis,
adotados na respectiva combinação. Por sua vez, a envoltória de momentos fletores será
obtida justapondo-se traçados de diagramas similares aos das figuras 2.8-c e d, resultando
num gráfico semelhante ao da figura 2.9-b, formado por várias parábolas do segundo grau; o
ponto de máximo de cada parábola corresponde ao respectivo ponto de cortante nulo da figura
2.9-a.
O método recém descrito foi utilizado na obtenção das envoltórias de solicitações das
vigas integrantes do pórtico da figura 2.4-a. As figuras 2.10-a e b mostram, respectivamente,
as envoltórias de forças cortantes e de momentos fletores para o vão esquerdo das vigas de
alguns andares do pórtico. As envoltórias de cortantes formam faixas retilíneas com
inclinação descendente; pode-se observar um considerável aumento da largura destas faixas,
dos pavimentos superiores em direção aos inferiores.
As envoltórias de momentos fletores delimitam, nos andares superiores, faixas curvilíneas
com formato semelhante ao do diagrama de momentos devidos exclusivamente às cargas
verticais, evidenciando que o efeito do vento é bastante reduzido nesta região. Todavia, à
22
medida que se percorrem os pavimentos do topo em direção à base, cresce a influência do
vento, provocando um drástico aumento da largura dessas faixas junto às conexões das vigas
com os pilares. Cabe observar que estes picos de momentos ocorrem, na verdade, nos
cruzamentos de eixos baricêntricos viga-pilar. A (ABNT, 2014) permite que sejam
considerados no projeto valores menores, resultantes do arredondamento dos respectivos
diagramas junto às referidas conexões, conforme é visto na seção 8.4.
23
Figura 2.11 – Envoltórias em andares inferiores de pórticos esbeltos.
Por sua vez, a envoltória de forças normais de um pilar apresenta-se em forma de degraus.
A figura 2.12-a mostra esta envoltória para o pilar da extremidade esquerda do pórtico da
figura 2.4-a; como ela apresenta apenas máximos e mínimos de forças normais de
compressão, deduz-se que todo o pilar estará comprimido ao longo de sua vida útil. A figura
2.12-b mostra a envoltória de forças normais típica de um pilar de extremidade de um pórtico
bastante esbelto e com um número maior de andares. Neste caso, devido à forte influência do
vento na região inferior da estrutura, observa-se que a envoltória da esquerda apresenta forças
normais de tração nos primeiros cinco andares, portanto este trecho deve ser projetado para
resistir tanto à tração como à compressão. Do sexto andar até o topo, ocorre somente
compressão, conforme indicam os máximos e mínimos mostrados na figura.
Em sistemas desprovidos de vigas, nos quais as colunas são integralmente fundidas com
as lajes dos pavimentos, o comportamento de pórtico pode ser atingido empregando-se faixas
de lajes, como se fossem vigas baixas e largas, dispostas ao longo de linhas de colunas. Estes
sistemas também são abordados na subseção 7.2.1 e classificam-se em lajes lisas e planas. As
lajes lisas consistem em lajes de concreto com espessura constante, rigidamente conectadas às
colunas (figura 7.3). A alta concentração de tensões de cisalhamento (punção nas lajes) ao
redor das colunas freqüentemente exige o uso de espessamentos da laje na forma de drop
panels ou capitéis, passando a constituir o sistema de lajes planas ou lajes-cogumelo (figura
7.4).
O sistema é economicamente viável para edifícios de até 25 andares. Dependendo da
razão altura/largura do edifício, as estruturas de lajes lisas ou planas podem ter somente
colunas como elementos portantes, ou podem utilizar também núcleos ou paredes resistentes,
a fim de aumentar a rigidez lateral. O caráter monolítico da estrutura de concreto leva o
conjunto a responder às cargas laterais de forma similar a um sistema aporticado. As
deformações laterais são o resultado da flexão das colunas em duas direções (flexão oblíqua)
e da flexão bidirecional das lajes. Apesar de relativamente flexíveis, as lajes lisas e planas
adicionam rigidez ao sistema, devido à sua continuidade com as colunas e as paredes
resistentes.
24
Figura 2.12 – Envoltórias de forças normais em pilares
Caso as colunas estejam distribuídas em uma malha regular ortogonal, como na figura
2.13-a, a estrutura pode ser analisada considerando-se cada faixa de laje conectada a uma
linha de pilares como um pórtico plano equivalente. Assim, cada faixa de laje é substituída
por uma viga equivalente com a mesma rigidez à flexão, a qual depende principalmente do
espaçamento das colunas em ambas as direções horizontais. Na figura 2.13-a, esses
parâmetros são usados para mostrar a largura efetiva da viga equivalente (faixas fe), isto é, a
largura da viga de seção constante com a mesma rigidez à flexão da laje, ou seja, com a
mesma espessura, o mesmo vão e módulo de elasticidade da laje. (JIMENEZ MONTOYA et
ali, 1978) limita a aplicação deste critério para uma relação a/b < 4/3. Caso a/b > 4/3, a
referida largura é definida em função do vão na direção do próprio plano do pórtico, conforme
é visto na figura 2.13-b.
A adoção do modelo de pórticos planos equivalentes é prevista pela (ABNT, 2014), com a
condição de que os pilares estejam dispostos em filas ortogonais, de maneira regular e com os
vãos a e b pouco diferentes. A mesma norma também estabelece que os momentos fletores,
obtidos em cada direção segundo as faixas indicadas na figura 2.13-a, devem ser distribuídos
na laje da seguinte forma:
- 45% dos momentos positivos e 25% dos momentos negativos para a faixa interna;
- 27,5% dos momentos positivos e 37,5% dos momentos negativos para cada uma das
faixas externas.
25
Figura 2.13 – Faixas de lajes equivalentes a vigas
26
fundamental para a viabilidade da estrutura. Em tais casos, é necessária uma coordenação no
desenvolvimento dos projetos arquitetônico e estrutural desde seus estágios iniciais.
Os sistemas reforçados são considerados quase uma exclusividade das estruturas de aço,
já que as diagonais estão inevitavelmente sujeitas à tração para uma ou outra direção do
carregamento lateral. No entanto, reforços de concreto na forma de diagonais duplas também
são utilizados, sendo cada diagonal projetada para atuar apenas sob compressão na
transmissão da força cortante global.
27
Figura 2.15 – Tipos de reforços
28
à deformação por corte da subestrutura. Na figura 2.16-b, as forças normais dos reforços de
andares adjacentes estão em equilíbrio horizontal, fazendo com que as vigas absorvam uma
força normal insignificante. Na figura 2.16-c, cada viga tem uma metade em compressão e a
outra em tração; na figura 2.16-d, os trechos de viga junto às extremidades estão um deles em
compressão e o outro em tração, com a viga inteira submetida a uma flexão em dupla
curvatura. Invertendo a direção das cargas horizontais, inverter-se-ão os sentidos das
solicitações e das deformações em cada elemento do sistema.
A função, quando for o caso, dos reforços em absorver forças de compressão à medida
que a estrutura se encurta sob o carregamento gravitacional pode ser examinada de forma
semelhante. À medida que as colunas das figuras 2.17-a e b encurtam, as vigas atuam como
tirantes e as diagonais ficam sujeitas à compressão. Na figura 2.17-c, as extremidades das
vigas não ligadas às diagonais não são rigidamente restringidas pela rigidez à flexão das
colunas; assim, as vigas não oferecem a restrição horizontal necessária para induzir
solicitações nos reforços. Desta forma, diagonais com inclinações em sentidos alternados não
absorvem esforços significantes devidos às cargas gravitacionais. Similarmente, na figura
2.17-d a restrição vertical decorrente da rigidez da viga à flexão não é grande. Portanto, como
no caso anterior, as diagonais não experimentam esforços significativos devidos às cargas
gravitacionais; o mesmo ocorre com qualquer reforço que tenha uma ou ambas as
extremidades conectadas a vigas.
29
As deformações axiais das colunas originam uma tendência da estrutura em deformar-se
lateralmente numa configuração de flexão global, com concavidade a sotavento e inclinação
máxima no topo (figura 2.18-a). Por sua vez, as deformações das vigas e das diagonais
tendem a causar uma deformada global por cisalhamento, com concavidade a barlavento,
inclinação máxima na base e nula no topo (figura 2.18-b). A configuração deformada da
estrutura (figura 2.18-c) é uma combinação das deformações globais por flexão e por corte,
cujas magnitudes relativas são determinadas principalmente pelo tipo dos reforços.
30
Figura 2.19 – Reforços em diferentes vãos de uma subestrutura
31
CAPÍTULO 3
Ao contrário dos sistemas aporticados, o caráter maciço das paredes tende a restringir a
continuidade dos espaços internos. Por outro lado, elas são bem adequadas para hotéis e
edifícios residenciais, nos quais o projeto repetitivo pavimento por pavimento permite que
elas sejam verticalmente contínuas e nos quais elas servem como excelentes isolantes
acústicos e de incêndio entre aposentos e apartamentos.
32
Em sistemas de paredes resistentes é especialmente importante tentar projetar o arranjo
das mesmas de forma que as tensões de tração devidas às cargas laterais sejam neutralizadas
pelas tensões de compressão devidas às cargas gravitacionais, possibilitando que as paredes
necessitem apenas de armadura mínima. Em edifícios de baixa a média altura, no caso em que
as paredes são combinadas com pórticos, é razoável supor que elas absorvam a totalidade do
carregamento lateral, conseqüentemente os pórticos podem ser projetados para resistir
exclusivamente ao carregamento gravitacional.
Esta seção aborda sistemas constituídos por conjuntos de paredes resistentes isoladas ou
conectadas por elementos como vigas ou lajes com resistência desprezível à flexão.
33
os pontos de um pavimento terão o mesmo deslocamento horizontal. Conseqüentemente,
pode-se utilizar para a análise um modelo formado pela metade das paredes reunidas num
único plano, representadas por elementos de coluna e conectadas nos níveis dos pavimentos
por barras bi-rotuladas com grande rigidez axial (figura 3.2-b). O conjunto é então submetido
à metade do carregamento utilizando-se um programa de análise de pórticos planos.
Figura 3.2
Por sua vez, sistemas assimétricos como o da figura 3.3-a podem sofrer torção quando
submetidos ao carregamento horizontal. Isto torna necessária a introdução da rotação em
torno do eixo vertical como parâmetro adicional e, conseqüentemente, a adoção de um
modelo tridimensional de análise. Um possível modelo utiliza elementos de coluna ao longo
dos eixos baricêntricos das paredes resistentes para representá-las (figura 3.3-b), juntamente
Figura 3.3
34
com a ativação de uma opção de diafragma rígido para simular a rigidez das lajes dos
pavimentos em seus próprios planos.
Para as barras de coluna devem ser informadas as rigidezes à flexão e ao corte das paredes
correspondentes. Para as paredes que variam somente em espessura, ou simetricamente na
largura, de forma que seus eixos sejam verticalmente contínuos, as barras de coluna são
dispostas em uma única linha. Para uma parede cuja largura varia assimetricamente, o
elemento de coluna acima da alteração deve ser conectado ao elemento abaixo por meio de
uma barra horizontal com grande rigidez.
Caso o programa disponível de análise não possua opção de diafragma rígido, a restrição
exercida pela rigidez nos planos das lajes pode ser simulada pela introdução, em cada
pavimento, de um vigamento interconectando os eixos baricêntricos das paredes. As vigas
devem ser definidas com uma grande rigidez axial e à flexão no plano horizontal, tendo,
porém, rigidez desprezível à flexão no plano vertical. Caso a reta de ação da resultante das
cargas horizontais não coincida com nenhuma coluna, as mesmas podem ser aplicadas, em
cada pavimento, na forma de pares de forças estaticamente equivalentes em duas dentre as
colunas.
35
A magnitude dos momentos transferidos é usualmente tal que as forças de interação
correspondentes atingem valores altos o suficiente para que, localmente, o cortante de uma
parede e o cortante reverso na outra superem facilmente a força cortante global naquele nível.
Estes efeitos locais severos na interação entre as paredes expandem-se por um ou dois andares
acima e abaixo do nível de mudança, diminuindo até se tornarem desprezíveis. Os diagramas
de forças cortantes nas paredes são, portanto, significativamente perturbados junto aos níveis
de mudança, mas os de momentos são bem menos perturbados. Esses efeitos aparecem com
nitidez no exemplo 3.1, apresentado adiante.
Um sistema não proporcionado que, além de flexão, também sofre torção sob
carregamento horizontal, comporta-se similarmente aos sistemas proporcionados nas regiões
afastadas dos níveis de mudança, com os momentos resultantes nas paredes sendo uma
combinação dos momentos provenientes da flexão e da torção do sistema. Nos níveis de
mudança, ocorrem transferências de momentos, com perturbações severas nas forças de
interação e nos cortantes das paredes. Estas transferências de momentos resultam da atuação
da rigidez à flexão das paredes na resistência, tanto à flexão como à torção do sistema, esta
última dependendo também da distribuição das paredes em planta.
36
a metade simétrica do sistema, composta por uma parede do tipo 1, uma do tipo 2 e metade do
núcleo. Foi considerada uma pressão uniforme do vento de 1,5 kN/m2, resultando numa carga
distribuída horizontal com taxa constante de 30 kN/m.
As figuras 3.6 a 3.8 mostram os diagramas de forças cortantes e de momentos fletores das
paredes e do núcleo; podem-se observar as drásticas variações, entre o quarto e sétimo
pavimentos, das forças cortantes nas paredes dos tipos 1 e 2. Entre o quinto e o sexto
pavimentos, o cortante na parede do tipo 1 sofre uma reversão de sinal (figura 3.6), enquanto
o do tipo 2 supera o valor da força cortante global (figura 3.7).
37
Por sua vez, os diagramas de momentos fletores evidenciam uma transferência de
momentos entre as referidas paredes, no mesmo local; todavia, as variações são bem menos
acentuadas do que as das forças cortantes, conforme se pode observar na figura 3.8.
38
Figura 3.9 – Interação de forças em sistemas contendo paredes com aberturas na base
Figura 3.10 – Interação de forças em sistemas contendo paredes com redução de seção.
uma boa aproximação para as tensões normais. Todavia, caso a referida razão for inferior a 3,
ou se a geometria for irregular com alterações na largura ou com aberturas, ou com vigas e
outras paredes conectadas a ela, é necessária uma análise mais detalhada. Para isso, encontra-
se disponível o Método dos Elementos Finitos (M.E.F), de uso consagrado por sua
versatilidade e precisão. Nessa técnica, a superfície da parede é dividida em uma série de
elementos, geralmente retangulares, triangulares ou quadriláteros, conectados por um
conjunto discreto de nós. Os grandes programas de análise estrutural geralmente incluem uma
seleção de elementos apropriados para problemas de flexão de paredes em seus próprios
planos.
Caso somente um programa de análise de pórticos estiver disponível e o formato da
parede puder ser dividido em uma malha de segmentos retangulares, existe a alternativa de
analisá-la como uma estrutura análoga constituída por elementos de barra. O capítulo 4, em
sua subseção 4.2.3, apresenta um modelo desenvolvido para esta finalidade.
39
Com relação à análise por elementos finitos, a atuação das paredes resistentes
predominantemente em seus próprios planos permite que, na maioria dos casos, elas sejam
satisfatoriamente representadas por elementos de membrana (estado plano de tensões). Os
tipos mais simples de elementos retangulares e quadriláteros são geralmente adequados. Os
resultados fornecidos por eles tipicamente incluem o deslocamento horizontal e o vertical,
bem como a tensão normal vertical e a horizontal, além da tensão tangencial, em cada um de
seus nós, situados em seus vértices e no centro de cada lado.
Uma vez que os segmentos de uma parede resistente e os elementos de membrana
utilizados para modelá-la são sujeitos à flexão em seu próprio plano, elementos finitos de
modelo não compatível, criados para incluir esta deformação, invariavelmente fornecem
resultados mais precisos; além disso, permitem o emprego de elementos retangulares com
proporções comprimento-largura bem maiores com resultados suficientemente precisos.
Paredes com seção variável podem ser modeladas empregando-se elementos
quadriláteros. Caso seja necessária uma análise mais detalhada em certas regiões de uma
parede, seja devido a irregularidades como aberturas, seja por causa de altos gradientes de
tensões previstos em certos locais como junto à base, uma malha refinada necessita ser
empregada nestas regiões, também com elementos quadriláteros sendo usados para fazer a
transição (figura 3.11). Para uma melhor precisão, esses elementos devem ter suas proporções
o mais próximo possível de paralelogramos eqüiláteros.
Caso o grau de detalhamento requerido para as tensões exigir que a malha de uma região
seja muito mais refinada do que a de qualquer outra, pode ser desaconselhável analisar
simultaneamente o modelo completo, mesmo que a capacidade do computador o permita.
Grandes diferenças no tamanho dos elementos podem levar a erros computacionais. Tais
casos podem ser mais bem tratados por meio de uma análise preliminar, com a região em
questão representada de forma relativamente grosseira.
Uma análise separada mais minuciosa da região pode então ser feita, utilizando-se uma
malha bastante refinada, com a imposição de ações ou de deslocamentos nodais no contorno
da região, obtidos na primeira análise. Cabe destacar que todo este processo também pode ser
feito de forma simultânea, caso esteja disponível um programa de análise como o mostrado
por (ELLWANGER, 1992), o qual realiza condensação estática, com a divisão da estrutura
em regiões menores ou “superelementos”.
Deve se ter cautela ao interpretar resultados detalhados de tensões imediatamente
próximas a ângulos internos agudos onde, teoricamente, as tensões são infinitas. Quanto mais
40
refinada a malha em tais regiões, tanto maiores e mais alarmantes se tornam os valores das
tensões fornecidas pelo M.E.F.
M M 1 M 2 N (3.1)
41
Figura 3.13 – Paredes acopladas sob carregamento lateral.
42
de compressão ocorrendo nas bordas extremas opostas (figura 3.14-c). O comportamento de
qualquer par de paredes conectadas por vigas flexíveis (figura 3.14-d) estará entre esses dois
casos extremos, que podem ser considerados como limites para o comportamento estrutural
de um sistema de paredes acopladas. Quanto mais rígidas forem as vigas de ligação, tanto
mais o comportamento estrutural aproximar-se-á de um balanço composto plenamente coeso.
A eficiência do sistema pode ser avaliada pelo grau de proximidade com o comportamento
ótimo de tal balanço.
Portanto, o efeito das vigas de ligação é reduzir as magnitudes dos momentos atuantes nas
paredes, fazendo com que uma parte do momento global seja absorvida na forma de um par
de forças normais. Devido ao fato do braço de alavanca l ser relativamente grande, a tensão
normal devida a N é relativamente pequena, não causando acréscimos importantes às tensões
devidas a M1 e M2. Assim, as tensões máximas de tração no concreto, causadas pelas ações de
vento, podem tornar-se bastante reduzidas (comparem-se, por exemplo, os diagramas de
tensões das figuras 3.14-b e d), de forma a serem mais facilmente neutralizadas pelas tensões
de compressão devidas às cargas gravitacionais.
43
bastante largo, porém quando visto no contexto da altura total, a parede parecerá com uma
barra esbelta em balanço. Ao ser submetida às forças laterais, ela terá uma predominância de
comportamento de flexão. No modelo mais simples de pórtico análogo, cada parede é
representada por uma coluna equivalente localizada em seu eixo baricêntrico, à qual deve ser
atribuída a rigidez axial EA e a rigidez à flexão EI da parede.
A condição de que as seções planas permaneçam planas pode ser imposta por meio da
inclusão de barras rígidas nos níveis das vigas de ligação, estendendo-se do eixo baricêntrico
da parede até sua borda, conforme mostrado na figura 3.15-b. As barras rígidas têm por
função assegurar que as rotações e os deslocamentos verticais corretos sejam gerados nas
bordas das paredes. As vigas de ligação podem ser representadas por elementos lineares na
maneira convencional, sendo-lhes atribuídas suas reais rigidezes axial e à flexão; caso a
relação comprimento/altura de uma viga for menor do que 3, também é necessário fornecer a
área de corte. Assim, o sistema de paredes resistentes acopladas da figura 3.15-a pode ser
modelado pelo pórtico plano análogo da figura 3.15-b.
44
resultado da elevada rigidez nos planos das lajes dos pavimentos. No modelo da figura 3.15-b,
esta condição pode ser imposta pela atribuição de valores bastante altos também para a rigidez
axial das vigas de conexão.
Alternativamente, caso estiver disponível, no programa utilizado, o recurso de restrições
internodais (restrições nodais generalizadas) ou a opção de pavimento rígido, qualquer deles
pode ser empregado para impor a igualdade entre os deslocamentos horizontais dos nós de um
mesmo andar. Conseqüentemente, no modelo da figura 3.15-b, em três dos quatro nós de cada
andar, apenas dois graus de liberdade (deslocamento vertical e rotação) estarão presentes,
enquanto o quarto nó (nó de referência) possuirá todos os três graus de liberdade
característicos de pórtico plano.
Cabe destacar que a análise com a matriz composta gera momentos da viga junto aos
eixos baricêntricos A e B das paredes, nas extremidades dos tramos rígidos (figura 3.16-b).
Na estrutura real, os momentos máximos nas vigas de ligação ocorrem em suas junções com
as paredes, nas seções C e D. Na ausência de cargas transversais à viga, o momento fletor
varia linearmente entre os nós A e B. Se os momentos calculados para estes pontos forem
respectivamente MA e MB, então os verdadeiros momentos finais nas vigas serão dados por:
45
M C M A d1 M A M B (3.2)
M D M B d 2 M A M B (3.3)
Da mesma forma que para os sistemas de paredes isoladas (seção 3.1), diversas
formulações de matrizes de rigidez para elementos com diferentes formatos são apresentadas
na literatura, permitindo que a matriz de rigidez da estrutura seja montada e solucionada,
fornecendo os deslocamentos nodais e as tensões correspondentes. A técnica tem a vantagem
46
de poder empregar uma malha refinada em regiões com alto gradiente de tensões ou com
geometria particularmente complexa e, ao mesmo tempo, uma malha bem mais grosseira em
regiões com tensões baixas ou uniformes. Também é possível modelar o sistema como uma
combinação de elementos finitos de membrana em regiões complexas e um pórtico
equivalente na região remanescente mais uniforme, desde que sejam tomados cuidados para
estabelecer as devidas condições de interface.
Dificuldades especiais surgem ao utilizar-se o método para sistemas nos quais
componentes relativamente delgados, como vigas de conexão, estão ligados a componentes
relativamente maciços, como paredes resistentes. Embora seja perfeitamente aceitável
modelar as paredes por elementos finitos retangulares de membrana, com dois graus de
liberdade por nó, é inapropriado utilizá-los para as vigas de conexão. Estas últimas exigiriam
a utilização de elementos com uma alta proporção comprimento/altura, o que poderia levar a
erros computacionais; além disso, seria necessário um mínimo de três elementos para simular
a flexão em dupla curvatura das vigas, aumentando consideravelmente o tamanho da matriz
de rigidez da estrutura e o custo da solução.
É bem mais conveniente e suficientemente preciso modelar as vigas por meio de
elementos lineares convencionais, porém, nesse caso, é necessária uma consideração especial.
Um nó de elemento de membrana não possui o grau de liberdade correspondente à rotação no
plano; em conseqüência, a ligação de um elemento de viga a um nó de membrana comportar-
se-á como uma rótula.
Um recurso para eliminar essa deficiência é adicionar uma barra auxiliar fictícia com
grande rigidez à flexão, conectando-a ao elemento finito da borda da parede, na junção viga-
parede. A barra auxiliar deve ser conectada a dois nós adjacentes da parede, na própria
direção da viga ou normal a ela, conforme mostrado na figura 3.19. As extremidades da barra
auxiliar e da viga de conexão, concorrentes no nó da junção viga-parede, são ambas
compelidas a girar com o mesmo. Conseqüentemente, a rotação da parede, conforme definida
pelos deslocamentos transversais relativos das extremidades da barra auxiliar, bem como um
momento fletor, são transferidos para a viga de conexão. Um dispositivo semelhante pode ser
usado para conectar uma coluna a uma parede, caso o sistema for modelado por uma
combinação de um pórtico com elementos finitos de estado plano de tensões.
Figura 3.19 – Barra auxiliar fictícia na ligação de uma viga com elementos de membrana.
47
CAPÍTULO 4
48
Vários exemplos de sistemas com núcleos são mostrados esquematicamente em planta na
figura 4.2. Parece não haver restrições com respeito à disposição dos núcleos no volume do
edifício. Eles podem estar isolados ou combinados com paredes lineares e sua localização
pode ser interna, perimetral ou externa. Eles podem estar simétrica ou assimetricamente
distribuídos. As figuras 4.2-a a f apresentam arranjos simétricos usando um ou mais núcleos.
As figuras 4.2-g e h apresentam dois casos entre o número infinito de possíveis arranjos
assimétricos de núcleos. O número de núcleos pode ser único ou múltiplo. As subseções 4.1.1
e 4.1.2 tratam de dois tipos peculiares de sistemas de contraventamento formados por núcleo
único, a saber, o sistema de pavimentos em balanço e o de pavimentos suspensos.
49
poder ser inteiramente livre de elementos verticais importantes, permitindo aos ocupantes um
acesso isento de obstáculos. Além disso, os tirantes, por estarem tracionados e podendo ser de
aço de alta resistência, possuem seções com dimensões mínimas, sendo assim menos
obstrutivos; todavia, esta vantagem tende a sofrer uma certa redução por causa do aumento de
volume necessário para tornar os tirantes à prova de fogo e de ferrugem. Uma vantagem
construtiva é a possibilidade de que o núcleo, os balanços e os tirantes sejam construídos ao
mesmo tempo em que as lajes vão sendo concretadas umas sobre as outras no nível da base,
sendo posteriormente erguidas em grupos e fixadas em suas posições.
50
limitada pela largura relativamente reduzida do núcleo, o que inviabiliza o uso do sistema em
edifícios de grande altura. Um problema adicional é causado pelo comprimento e esbeltez dos
tirantes, o que pode resultar em deslocamentos verticais significativos dos pavimentos junto
às bordas das lajes, devido à variação de intensidade da sobrecarga. Este efeito aumenta de
cima para baixo ao longo de cada tirante, atingindo sua máxima intensidade no pavimento
suspenso por sua extremidade inferior. O problema pode ser reduzido, limitando-se o número
de andares suspensos por um único tirante a um máximo em torno de 10 e tendo-se sistemas
com balanços em múltiplos níveis (figura 4.4-b). Para minimizar sua interferência na função
do edifício, os balanços são normalmente acomodados em espaços delimitados pelos níveis
dos pavimentos.
O sistema também pode ser constituído por dois ou quatro núcleos, entre os quais se
estendem grandes vigas às quais os tirantes são suspensos. Neste caso, as vantagens
consistem na existência de amplos espaços abertos em todos os andares e na possibilidade de
um pavimento térreo isento de colunas.
Um interessante exemplo de sistema suspenso, mostrado na figura 4.5-a, é o conjunto
Puerta de Europa, localizado em Madrid, constituído por duas torres gêmeas destinadas a
escritórios. A característica mais notável destas torres é seu ângulo de inclinação de 15o. A
altura de cada torre é de 115 m e a planta é quadrada com 36 m de lado. O sistema de
contraventamento consiste essencialmente em uma estrutura de aço construída ao redor de um
núcleo de concreto armado com seção transversal em forma de H, com as abas voltadas para
as fachadas inclinadas, a fim de proporcionar maior rigidez nesta direção. A figura 4.5-b
mostra uma vista lateral do sistema, onde o núcleo está hachurado. Observa-se que à direita
do núcleo os pavimentos são sustentados por pilares e à sua esquerda por tirantes de aço
suspensos a uma “mega-treliça” situada no topo da edificação. Além disso, um sistema de
cabos liga a fachada inclinada à esquerda do núcleo a um contrapeso subterrâneo, situado à
direita da base do edifício, com a finalidade de conter a deformação lateral devida ao
carregamento gravitacional.
51
4.2 ANÁLISE DOS NÚCLEOS
Em edifícios sujeitos à torção, a rigidez torcional do núcleo pode constituir uma parte
significativa da resistência torcional global da estrutura. As proporções entre altura,
comprimento e espessura das paredes de um núcleo típico de edifício classificam-no, em
termos de comportamento torcional, como um perfil de paredes finas. Em conseqüência,
quando o núcleo se torce, suas seções originalmente planas sofrem empenamento (figura 4.7).
Uma vez que a seção junto à base tem o empenamento restringido pelas fundações, a torção
causa tensões e deformações verticais de empenamento ao longo da altura das paredes. Em
estruturas altamente dependentes da rigidez torcional de um núcleo para a resistência à torção
global, as tensões verticais devidas ao empenamento junto à base do mesmo podem ser da
mesma ordem de grandeza das tensões devidas à flexão, não podendo, portanto, ser
desprezadas.
O fechamento parcial das aberturas de um núcleo por meio de vigas ou lajes restringe o
empenamento de sua seção transversal e com isso aumenta sua rigidez torcional, diminuindo
as rotações e as tensões de empenamento. Todavia, ao exercer esta restrição, as vigas e as
lajes de conexão ficam sujeitas a cisalhamento e flexão que podem ser de magnitude
suficiente para exigirem consideração em seu projeto.
52
Figura 4.7 – Núcleo de seção aberta em torção.
53
para modelar arranjos tridimensionais de paredes resistentes. Na maioria das situações,
elementos retangulares e quadriláteros com a altura de um andar e a largura de cada parede
proporcionam uma representação adequada do comportamento do núcleo e de sua interação
com o restante da estrutura. Assim, por exemplo, os núcleos mostrados nas figuras 4.8-a
(seção aberta com ramificações) e 4.8-b (paredes conectadas por vigas) podem ser modelados,
em cada andar, pelos componentes mostrados respectivamente nas figuras 4.8-c e d.
54
do núcleo conforme ele é, na realidade, mantido pela rigidez dos planos dos pavimentos. A
solução para essa limitação é acrescentar ao longo do perfil do núcleo, em cada nível da
malha, um conjunto de barras auxiliares, especificadas com grande rigidez à flexão no plano
horizontal e rigidamente ligadas entre si (figura 4.8-c). Caso alguma das paredes seja
conectada a alguma outra coplanar a ela, ou a outras partes da estrutura, por vigas, as barras
auxiliares adjacentes às bordas da parede devem ser definidas como verticalmente rígidas
também (figura 4.8-d), a fim de possibilitar a transferência de momentos fletores, conforme
descrito na subseção 3.2.4.
Um fator que seria considerado automaticamente, caso fossem utilizados elementos finitos
de casca, é a rigidez à torção das paredes individuais, o que não acontece com os elementos de
estado plano de tensões. Embora usualmente esta rigidez seja relativamente insignificante, em
arranjos de paredes de seção aberta ela pode ser importante e deve ser considerada. Isto pode
ser feito por meio da inclusão de uma coluna fictícia localizada em qualquer uma das linhas
verticais de nós do modelo (figura 4.8-c) e atribuindo-lhe uma constante de torção JT com
valor igual à soma das constantes de torção das paredes individuais, ou seja:
J T bt 3 3 (4.1)
As variáveis envolvidas em (4.2) estão definidas na figura 4.9-c. O deslocamento m deve ser
igual ao deslocamento por corte e flexão em dupla curvatura v da viga substituída (figura 4.9-
b):
v VL3 12EI v VL GAS (4.3)
t1 12 EI v GL2 h (4.5)
55
Neste modelo, as barras auxiliares ainda são necessárias para compor um conjunto
horizontalmente rígido ao longo de cada nível do arranjo de paredes, porém as barras
adjacentes às aberturas não necessitam ser verticalmente rígidas.
56
Figura 4.10 – Modelo de pórtico análogo para análise de núcleos.
largura maiores do que 2(1 )1/ 2 . Embora elementos com propriedades negativas sejam um
conceito fictício, os programas de análise de pórticos usualmente os aceitam e processam,
desde que os coeficientes de rigidez global resultem positivos.
Em um núcleo de seção aberta, para o qual seja desejável incluir a constante JT da equação
4.1, o valor da constante de torção de cada segmento de parede pode ser atribuído para a
coluna do respectivo módulo do pórtico.
57
- força normal: soma algébrica das forças normais da coluna e da barra de ligação com as
componentes verticais das forças normais das diagonais;
- força cortante: soma algébrica da força cortante da coluna com as componentes horizontais
das forças normais das diagonais.
O momento fletor e a força normal assim obtidos são aplicados na seção do segmento para
determinar as tensões normais na parede, enquanto a força cortante é aplicada para obter as
tensões tangenciais. As tensões na parede são referidas à meia altura do segmento. As tensões
normais variam linearmente ao longo da largura do segmento e são constantes ao longo de sua
altura. A tensão tangencial é constante por todo o segmento. Tensões normais em seções
verticais do segmento não são calculadas, porque a rigidez axial das vigas faz com que os
valores das forças horizontais internas sejam insignificantes.
Segundo (STAFFORD SMITH e COULL, 1991), a analogia do pórtico reforçado
assimétrico tem fornecido resultados, em termos de deslocamentos e tensões, com precisão
comparável aos da análise por elementos de estado plano de tensões com utilização de uma
malha com grau de refinamento similar. Em termos computacionais, o método tem
praticamente a mesma eficiência da análise por elementos de membrana, porém, na ausência
de sub-rotinas específicas, ele toma tempo adicional em inicialmente calcular as propriedades
geométricas dos elementos e posteriormente transformar as solicitações do pórtico em
resultados de tensões.
58
CAPÍTULO 5
Figura 5.1 – Contraventamento por associação de pórticos com núcleo e paredes resistentes
59
andares, bem além daquela relativa aos pórticos planos ou paredes resistentes atuando
isoladamente.
A principal vantagem de se levar em conta a interação horizontal no projeto de um
sistema paredes-pórticos é a significativa redução de deslocamentos horizontais e de
momentos fletores nas paredes ou núcleos, em relação ao caso de se considerar unicamente as
paredes ou núcleos como resistentes ao carregamento horizontal. Essa vantagem potencial
depende do grau de interação horizontal, o qual é função da rigidez relativa das paredes e dos
pórticos, bem como da altura do sistema. Quanto mais alto o edifício e, em sistemas com
proporções usuais, quanto mais rígidos os pórticos, maior a interação.
No projeto de estruturas de edifícios altos, já foi prática comum supor que as paredes ou
núcleos resistissem a todo o carregamento lateral e projetar os pórticos somente para o
carregamento gravitacional. Embora esta suposição tenha incorrido em erros insignificantes
para edifícios com menos de 20 andares e com pórticos flexíveis, é possível que, em casos de
estruturas de edifícios mais altos com pórticos mais rígidos, se tenha deixado de projetar
estruturas mais racionais e econômicas.
Uma característica adicional, porém menos conhecida, dos sistemas pórticos-paredes é a
possibilidade de que, numa estrutura cuidadosamente “ajustada”, a força cortante global nos
pórticos seja tornada aproximadamente uniforme ao longo da altura do edifício, permitindo
que a estruturação dos pavimentos seja repetitiva, com uma economia evidente de projeto e
construção.
Alguns casos típicos de edifícios altos utilizando núcleos, paredes e pórticos aparecem em
planta na figura 5.2. A disposição dos pórticos pode ser transversal ou perimetral e a
localização dos núcleos pode ser interna ou junto às fachadas.
Na figura 5.2 podem ser vistos exemplos de arranjos com dupla simetria (casos a, c, e) e
com simetria simples (casos b e d). Nos exemplos dos casos a, b e c, a resistência horizontal é
proporcionada por núcleos e pórticos em subestruturas paralelas, as quais são compelidas a se
deformar identicamente devido à rigidez nos planos das lajes e, portanto, interagem
60
horizontalmente na forma de forças cortantes contidas nestes planos. As figuras 5.2-d e e
mostram, na direção transversal, subestruturas paralelas formadas por paredes e pórticos
contidos no mesmo plano. Neste caso, a parede e os pórticos de cada subestrutura plana
interagem horizontalmente por meio de forças normais nas vigas de conexão.
61
planta das subestruturas de contraventamento, a análise desses sistemas deve necessariamente
ser realizada com um modelo espacial.
62
topo, onde o cortante global é zero, o pórtico é submetido a uma força cortante positiva
(mesma direção do carregamento externo) de valor significativo, a qual é equilibrada por uma
força cortante negativa de mesmo valor no topo da parede. Isto dá origem à atuação de uma
força de interação entre o pórtico e a parede, através da laje ou viga de conexão no topo. Por
sua magnitude, a atuação desta força exige uma consideração especial no projeto.
63
Interrupção ou redução de seção dos núcleos e paredes resistentes
Na prática do projeto de sistemas paredes-pórticos, é comum reduzir as dimensões das
seções ou mesmo suprimir núcleos e paredes resistentes na região superior do edifício, na
qual menos poços de elevadores são necessários. A questão de como esta redução ou
supressão afetará a rigidez da estrutura pode ser respondida considerando-se inicialmente o
comportamento do sistema com as paredes ou núcleos tendo a altura total do edifício.
Conforme é ilustrado na figura 5.5, a análise de um sistema parede-pórtico com altura plena
mostra que, na região inferior da estrutura, tanto a parede como o pórtico contribuem para
resistir ao momento e ao cortante externo. Na região superior, acima do ponto de inflexão da
deformada, o momento na parede sofre uma inversão de sinal, passando a ter o mesmo
sentido do momento externo; conseqüentemente, o momento no pórtico torna-se maior do que
o momento global. Além disso, numa região ainda mais alta, existe um nível no qual a força
cortante na parede também sofre uma inversão de sinal e, assim, a força cortante no pórtico
torna-se maior do que o cortante global.
Conseqüentemente, se a parede tiver sua seção reduzida ou for eliminada acima do ponto
de contraflexão, o momento na parte superior do pórtico será reduzido; se a parede tiver sua
seção reduzida ou for eliminada acima do nível de inversão do cortante, tanto o momento
quanto o cortante no pórtico serão reduzidos. Em ambos os casos, a redução da seção ou
eliminação da parede terá pouca influência no deslocamento horizontal do topo, podendo
inclusive levar a uma pequena redução do mesmo.
Portanto, um procedimento prático no projeto de uma estrutura com paredes encurtadas
seria realizar uma análise inicial, com as paredes e núcleos sem a pretendida redução de seção
ou encurtamento. Em seguida, os resultados seriam usados para traçar o diagrama de
deslocamentos horizontais e estimar a localização do ponto de inflexão. Assim, seria viável
reduzir a seção ou encurtar as paredes e núcleos em qualquer nível acima do ponto de inflexão
sem causar redução na rigidez lateral do sistema.
Aumento da interação no topo da parede
Um estudo da interação paredes-pórticos leva à noção de que um enrijecimento adicional
do sistema pode ser obtido aumentando-se a magnitude da força concentrada de interação no
topo. Por sua vez, esta força é proporcional à rigidez ao corte do conjunto de pórticos junto ao
topo. Assim, a força de interação pode ser aumentada simplesmente aumentando-se a rigidez
ao corte dos pórticos no pavimento adjacente ao topo das paredes, seja em sistemas paredes-
pórticos de altura plena ou de paredes interrompidas. Na prática, o aumento desta rigidez pode
ser obtido aumentando-se as inércias das vigas e colunas dos pórticos no pavimento adjacente
ao topo da parede. Estudos têm mostrado que, em sistemas com predominância de paredes
resistentes, reduções do deslocamento horizontal no topo de até 30% podem ser obtidas. Em
tais casos, uma atenção especial deve ser dada ao projeto dos pórticos e dos elementos que os
conectam às paredes, tendo em vista as forças localmente altas associadas à interação.
64
vigas-parede, formando um “cintamento” ao redor do sistema nos níveis dos estabilizadores,
como na figura 5.7.
Para torná-los suficientemente rígidos à flexão e ao cisalhamento, os estabilizadores e as
vigas ou treliças de cintamento são feitos com pelo menos um e até mesmo com dois andares
de altura. Para minimizar a obstrução que causam, eles são alocados em espaços delimitados
pelos níveis dos pavimentos, geralmente em pavimentos destinados a instalações ou em locais
onde suas barras diagonais não interfiram na função do edifício.
65
diagrama de momentos fletores e induzindo tração nas colunas a barlavento e compressão nas
a sotavento (figura 5.8-a). Desta forma, a largura efetiva da estrutura fica bastante ampliada,
aumentando sua rigidez lateral e assim reduzindo as deformações horizontais e os momentos
fletores do núcleo, conforme pode ser observado nos gráficos comparativos das figuras 5.8-b
e c. Embora os estabilizadores sejam muito eficazes para aumentar a rigidez do sistema à
flexão, eles não aumentam a resistência ao cisalhamento, o qual deve ser absorvido
predominantemente pelo núcleo.
66
estabilizadores, eles devem estar a um quarto, a um meio e a três quartos da altura, e assim
por diante.
67
A torre de escritórios Plaza Rakiat, em Kuala Lumpur (Malásia), com 77 andares e 382 m
de altura, também possui uma relação altura/largura de 8:1; foi projetada na década de 1990
para ser o mais alto edifício do mundo em concreto armado. O sistema de contraventamento é
formado por um núcleo, um perímetro aporticado e por estabilizadores com altura equivalente
a dois andares, conforme esquematizado na figura 5.10-a. Apenas os estabilizadores situados
entre os andares 73 e 75 promovem a ligação direta entre núcleo e pilares perimetrais, agindo
68
efetivamente como braços de alavanca. Os estabilizadores situados nos outros dois níveis (28
a 30 e 51 a 53) ocupam, na verdade, os planos das fachadas, atuando como vigas-parede de
cintamento; existe aqui uma ação indireta como braços de alavanca para o núcleo, feita em
conjunto com a estrutura dos pavimentos, conforme se mostra na figura 5.10-b.
69
CAPÍTULO 6
OS SISTEMAS TUBULARES
Pelo princípio de funcionamento dos sistemas tubulares, a estrutura das fachadas resiste às
cargas laterais como um enorme tubo ou pilar de seção caixão, em balanço, engastado no
solo. As paredes deste tubo consistem em colunas estreitamente espaçadas ao longo do
perímetro do edifício, ligadas entre si por vigas de grande altura, de forma que a estrutura das
fachadas fica com o aspecto de paredes perfuradas.
O conceito de comportamento tubular passou a ser aplicado no projeto estrutural a partir
da década de 1960. Desde então, a maioria dos mais altos edifícios do mundo têm sido
estruturados por sistemas tubulares. Estes sistemas têm uma eficiência tal que, na maioria dos
casos, a quantidade de material empregado por área de pavimento é comparável com a
quantidade usada em edifícios aporticados convencionais com a metade da altura.
O requisito básico a ser observado no projeto de todas as formas de sistemas tubulares é o
de alocar o máximo de material para a absorção de cargas na periferia do edifício, a fim de
maximizar a inércia de sua seção transversal. O tubo aporticado, tratado na seção 6.1, é a mais
antiga aplicação do conceito de comportamento tubular. Com exceção do tubo treliçado, visto
na seção 6.3, os demais sistemas tubulares podem ser considerados como resultantes das
seguintes adições ao sistema aporticado:
- reforços diagonais nas fachadas, na formação dos sistemas tubulares reforçados;
- tubos internos, na formação dos sistemas tube-in-tube;
- pórticos ou paredes transversais em ambas as direções, na formação dos tubos modulares.
Estes sistemas são tratados respectivamente nas seções 6.2, 6.4 e 6.5.
70
Figura 6.1 – Sistema tubular aporticado.
71
em concreto armado; tem sido utilizado em edifícios de 40 a mais de 100 andares. A
geometria altamente repetitiva dos pórticos favorece a utilização de técnicas industrializadas
em sua construção. No caso de estruturas de aço, grandes elementos da estrutura das fachadas
podem ser pré-fabricados e transportados para o local onde serão içados e fixados em suas
posições. No caso de estruturas de concreto, o emprego de formas deslizantes erguidas andar
por andar permite atingir taxas de construção bastante rápidas.
Ao resistir à totalidade das cargas de vento por meio da estrutura periférica, o sistema tem
a vantagem arquitetônica de permitir liberdade no planejamento do interior. Por exemplo, um
sistema com pavimentos de grande vão estendendo-se entre um núcleo central e o tubo
proporciona os espaços abertos desejados para edifícios de escritórios, enquanto um sistema
com colunas e paredes internas sustentando pavimentos de vãos curtos e de pequena altura é
bem adequado para edifícios residenciais.
O tubo aporticado foi um dos desenvolvimentos modernos mais significantes em
estruturas de edifícios altos. Caracteriza-se por ser uma estrutura relativamente eficiente, de
fácil construção e apropriada para utilização nos mais altos edifícios. Esteticamente, sua
forma explícita no exterior do edifício divide opiniões: enquanto alguns louvam a beleza da
estrutura claramente expressa na fachada, outros a criticam, por seu formato em grade, com
janelas pequenas e monotonamente repetidas.
72
Como as tensões nas colunas são distribuídas com menos eficácia do que em um tubo
propriamente dito, o momento resistente e a rigidez do sistema à flexão resultam reduzidos.
Assim, embora um tubo aporticado seja uma forma altamente eficaz de construção de
edifícios altos, ele não explora plenamente o potencial de rigidez e de resistência do sistema,
devido aos efeitos do shear lag. Um desses efeitos é a ocorrência de flexão das lajes dos
pavimentos, já que as seções transversais originalmente planas do edifício não permanecem
planas; em conseqüência, ocorrem deformações em divisórias internas e em componentes
estruturais secundários, as quais aumentam cumulativamente ao longo da altura do edifício.
Portanto, os efeitos do shear lag afetam severamente a eficiência dos sistemas tubulares e
todos os desenvolvimentos posteriores em projeto tubular procuraram superar este problema.
73
muito baixa para ser considerada como contribuição ao sistema de contraventamento.
Alternativamente, sua rigidez efetiva pode ser avaliada da mesma forma que em sistemas de
lajes lisas ou planas (vide seção 2.2) e combinada com a das vigas das fachadas na avaliação
da rigidez dos pórticos planos.
Presume-se que as subestruturas dos pavimentos sejam incapazes de exercer qualquer
ação de acoplamento entre os pórticos normais à direção do vento e os pórticos laterais.
Portanto, ambos os pórticos, normais e laterais, são predominantemente sujeitos a ações em
seus próprios planos e as ações fora deles são geralmente desprezíveis. Desta forma, como as
referidas subestruturas não participam do sistema de contraventamento e caso o carregamento
gravitacional não tenha alterações significativas entre os pavimentos, pode-se adotar uma
subestrutura repetitiva de pavimento, com economia no projeto e na construção.
A deformabilidade inerente ao tubo aporticado pode ser drasticamente reduzida por meio
da adição de grandes barras diagonais à malha retangular de vigas e colunas (figura 6.4),
gerando o sistema tubular reforçado. As diagonais são geralmente inclinadas em cerca de 45º
e, juntamente com as demais barras, criam uma rigidez lateral semelhante à de uma parede.
As fachadas são usualmente providas de diagonais duplas simetricamente dispostas, formando
grandes módulos de reforços dispostos em forma de losango. Caso o sistema tenha planta
retangular, as fachadas menores podem ter reforços diagonais simples dispostos em
ziguezague, de forma a permitir que os dois conjuntos de diagonais em planos ortogonais se
encontrem nos cantos do edifício (figura 6.4-b).
A força cortante global, neste sistema, é predominantemente absorvida e transmitida pelas
diagonais na forma de forças normais, virtualmente eliminando os efeitos do shear lag tanto
nos pórticos-aba como nos pórticos-alma. Desta forma, ao ser submetida ao carregamento
lateral, a estrutura tem um comportamento mais próximo ao de um tubo em balanço. Em
conseqüência, as seções das colunas podem ser orientadas com suas menores dimensões no
plano da fachada, os vãos das vigas podem ser mais longos e o número de colunas menor;
além disso, como as inércias das vigas não são mais tão importantes, pois elas atuam
principalmente sob forças normais, as vigas podem ser mais baixas. Isto permite que as
janelas sejam mais altas e largas. Além de transmitirem as cargas gravitacionais para as
colunas, as vigas também funcionam como elementos de amarração, impedindo a distensão
dos pavimentos.
O sistema tubular reforçado possui um potencial de utilização em edifícios bem mais altos
do que os com sistemas tubulares aporticados. Ele foi empregado pela primeira vez numa
estrutura de aço em 1969, no John Hancock Building, em Chicago (figura 6.4-a) e numa
estrutura de concreto armado em 1985, no 780 Third Avenue Buiding, em Nova Iorque (figura
6.4-b). No tubo de aço, os reforços são adicionados às fachadas, ao passo que na estrutura de
concreto eles são gerados pelo preenchimento de aberturas de janelas numa disposição
diagonal.
O modo de comportamento de um sistema tubular reforçado sujeito a ações, sejam
gravitacionais ou de vento, pode ser melhor compreendido analisando-se os efeitos que a
adição das diagonais provoca no comportamento da estrutura tendo apenas colunas como
elementos verticais, conforme é visto nas próximas subseções.
74
Figura 6.4 – Sistemas tubulares reforçados.
75
Em conseqüência, essas ações reduzem a tração inicial nas vigas das metades superiores dos
módulos e aumentam a tração nas das metades inferiores. As forças normais nas colunas
intermediárias e de canto terão variações significativas em cada ponto de interseção com as
diagonais. Nos trechos entre as interseções, as variações ocorrerão apenas pelo incremento de
carga gravitacional proveniente de cada pavimento. A distribuição das forças normais
atuantes nos membros da fachada é resumida qualitativamente na figura 6.5-c.
Nos pórticos das fachadas menores com diagonais em ziguezague, como cada viga é
conectada com apenas uma diagonal, ela é incapaz de exercer a ação de amarração ou
escoramento transversal que ocorre nas fachadas com diagonais duplas. Como conseqüência,
as diagonais ficam incapacitadas de transferir carga das colunas intermediárias para as de
canto [12.1].
76
metades superiores dos módulos de reforços desta fachada atuam como escoras, enquanto as
das metades inferiores atuam como tirantes.
Uma representação qualitativa dos esforços devidos à ação do vento na face a barlavento é
mostrada na figura 6.6-c. As forças de tração nas colunas intermediárias aumentam do topo
em direção à base, devido aos incrementos aplicados nas interseções com as diagonais. Por
outro lado, as forças nas colunas, diagonais e vigas na face a sotavento terão sentido oposto
àquelas na face a barlavento.
Por sua vez, os pórticos das fachadas laterais são submetidos a ações de flexão e
cisalhamento. A distribuição típica de forças normais nas colunas de um pórtico-alma de um
tubo aporticado não reforçado é mostrada na figura 6.3. Devido ao shear lag, as forças
normais nas colunas mais próximas aos cantos têm valores mais altos do que estariam em
ação tubular genuína. Uma extensão do argumento já utilizado para os pórticos-aba mostra
que a ação das diagonais em um pórtico-alma também é reduzir as altas forças axiais
próximas aos cantos, trazendo-as a valores mais próximos da distribuição linear tubular ideal
de tensões.
Da mesma forma que nos pórticos reforçados, tratados na seção 2.3, as diagonais e as
vigas de um pórtico-alma reforçado atuam como membros da alma de uma treliça vertical na
transmissão do cisalhamento horizontal, com as diagonais em tração ou compressão,
dependendo da direção de suas inclinações. Conseqüentemente, as forças cortantes e os
momentos fletores atuantes nas colunas resultam bastante reduzidos (GROSSMAN et ali,
1986).
77
6.2.3 Combinação do carregamento gravitacional com o de vento
Ao superpor as distribuições de esforços nos pórticos-aba devidos às cargas gravitacionais
e de vento, constata-se que, na face a sotavento, todas as diagonais tendem a estar em
compressão enquanto as vigas resultam tracionadas. Na face a barlavento, os esforços
resultantes dependerão das magnitudes relativas dos efeitos de compressão devidos às ações
gravitacionais e de tração devidos às ações de vento. Por sua vez, as barras das faces laterais
transmitem esforços que são uma combinação dos efeitos de compressão, devidos às ações
gravitacionais, e de tração-compressão (barlavento-sotavento) das ações de vento.
O comportamento ideal de um tubo em balanço pode ser atingido com um bom grau de
precisão substituindo-se todas as colunas externas por diagonais em ambas as direções, com
um espaçamento suficientemente próximo de forma a representar as paredes do tubo (figura
6.7). Ao conectar as diagonais em seus pontos de cruzamento e nos quatro cantos da
edificação, a estrutura atuará efetivamente como um tubo rígido na resistência às ações
horizontais. O sistema também pode ter barras horizontais em adição às diagonais.
As diagonais são muito eficientes na resposta às cargas laterais, porém são menos
eficientes do que as colunas em transmitir as cargas gravitacionais ao solo. Isto porque a
transmissão destas ações verticais através de barras inclinadas causa nas mesmas forças
normais maiores do que seriam se as barras fossem verticais. Em conseqüência, os membros
diagonais demandam seções transversais com áreas maiores do que as que seriam necessárias
em um sistema formado por colunas. Além disso, o grande número de ligações necessário
entre as diagonais e os problemas relacionados a detalhes das janelas fazem com que o
sistema tubular treliçado não seja muito utilizado.
Um exemplo de tubo treliçado é a torre de escritórios da Swiss Reinsurance Company,
com 40 andares e 180 m de altura, construída em Londres, em 2003 (figura 6.8). Dotado de
um formato aerodinâmico, o edifício é provido de um núcleo circular, projetado para sustentar
as cargas verticais, enquanto uma estrutura metálica periférica em espiral, formando uma
malha triangular, resiste às cargas laterais.
78
6.4 SISTEMAS TUBE-IN-TUBE (TUBO EXTERNO COM TUBO INTERNO)
79
Figura 6.9 – Sistema tube in tube.
80
6.5 TUBOS MODULARES
81
são permitidas pelo sistema de tubo único. Além disso, este sistema é o que possui a maior
capacidade de abrangência de área por pavimento.
Quando o edifício se flexiona devido às ações laterais, a alta rigidez nos planos dos
pavimentos compele os pórticos-alma internos a se deslocarem igualmente com os externos e
os cortantes transmitidos por cada um serão proporcionais às suas rigidezes laterais. Como as
colunas das extremidades destes pórticos internos são mobilizadas diretamente pelos mesmos,
elas serão mais tensionadas do que no tubo único, no qual elas são mobilizadas apenas
indiretamente pelos pórticos-alma externos através das vigas dos pórticos-aba.
Conseqüentemente, a presença dos pórticos internos reduz substancialmente a não
uniformidade das forças normais nas colunas, causada pelo shear lag, conforme mostrado na
figura 6.13. Assim, as tensões verticais nos pórticos-aba têm uma distribuição mais próxima
da uniforme e o comportamento estrutural é bem mais próximo do de um tubo propriamente
dito. No caso de existirem pórticos internos normais à direção do vento, os mesmos atuarão
como abas da seção tubular de maneira semelhante aos pórticos normais externos.
Uma forma alternativa de construção multicelular, dotada da mesma forma geral de
comportamento estrutural, utiliza paredes resistentes acopladas no lugar dos pórticos internos.
Neste caso, a distribuição de tensões nos pórticos-aba será governada pelas rigidezes laterais
relativas dos pórticos e paredes paralelos à direção do vento.
Até aqui, as subestruturas verticais foram tratadas como sendo de geometria constante do
topo até a base do edifício. Entretanto, a configuração de colunas estreitamente espaçadas
tende a dificultar o acesso à área pública no térreo. Em muitos casos, é necessário dispor de
82
espaço livre no nível térreo, destinado a constituir um saguão, um estacionamento, um passeio
ou até mesmo tornar-se parte de uma praça.
Figura 6.13 – Distribuição das forças normais nas colunas de um sistema de tubos modulares.
Algumas soluções comuns para a ampliação do espaço térreo aparecem nas figuras 6.14 e
6.15. Elas são adotadas não só em estruturas tubulares, como também em outros sistemas de
contraventamento. Elas podem ser classificadas em:
a) apoiar o corpo do edifício em elementos estruturais individuais, como colunas bi ou
trifurcadas para onde convergem elementos comprimidos (figuras 6.14-a e b), e conjuntos de
colunas e vigas formando portais (figuras 6.14-c e d). Um exemplo de sistema formado por
portais é a sustentação do edifício da FIESP, em São Paulo, mostrado na figura 6.14-e.
b) descontinuar parte dos pilares da fachada no nível térreo, pela utilização de sistemas de
transferência de esforços: viga, treliça, arcos, viga-parede e convergência de colunas (figura
83
6.15). Esses elementos de transferência absorvem as cargas verticais das colunas
estreitamente espaçadas e distribuem-nas para um número menor de colunas maiores e mais
espaçadas na base.
84
CAPÍTULO 7
85
Em ambos os sistemas, tira-se proveito da continuidade das lajes sobre os apoios internos,
dotando-as de armaduras negativas.
Nos sistemas aporticados, o arranjo das colunas define o módulo horizontal da estrutura
do edifício. As vigas principais compõem este módulo, estendendo-se de uma coluna a outra
e, portanto, fazendo também parte das subestruturas verticais (pórticos). As lajes podem se
estender diretamente entre estas vigas (figura 7.1-a), se elas estiverem estreitamente espaçadas
e as cargas forem pequenas. À medida que aumenta o espaçamento entre os pórticos, torna-se
necessário um vigamento secundário para transferir as cargas gravitacionais das lajes para as
vigas principais. Esta é uma solução típica dos sistemas aporticados. As figuras 7.1-b, c e d
mostram o vigamento secundário dividindo o vão das vigas principais, respectivamente, em
três, quatro ou mais partes.
Quando o módulo estrutural do edifício é aproximadamente quadrado, empregam-se
geralmente sistemas de pórticos em duas direções (figuras 7.1-e a h). Lajes de concreto com
armaduras em ambas as direções dispersam as cargas segundo as mesmas. Um efeito
semelhante pode ser obtido, dispondo-se as vigas secundárias de um andar numa determinada
direção e as do andar seguinte na direção perpendicular. Em síntese, a figura 7.1 mostra como
a forma de dispor as vigas secundárias define para quais pórticos as cargas gravitacionais
serão transmitidas. As seções 7.2 e 7.3 apresentam diversos exemplos de formas de
distribuição do vigamento em sistemas aporticados.
86
Figura 7.2 – Distribuição do vigamento em estruturas com núcleos.
87
deformações excessivas das lajes. Assim, elas só conseguem vencer vãos de até 7,5 m, o que
limita a sua aplicabilidade aos tipos de edificações com alto grau de particionamento em
planta, como prédios de apartamentos e hotéis.
As lajes planas diferenciam-se das lajes lisas por apresentarem espessamentos na forma de
capitéis ou drop panels nas regiões junto às colunas ou às paredes (figura 7.4). Os capitéis
aumentam a resistência ao corte, enquanto os drop panels aumentam a resistência tanto ao
corte quanto aos momentos negativos, justamente nas regiões de ocorrência dos maiores
valores destes esforços. Por esta razão, as lajes planas são mais adequadas do que as lajes lisas
para vãos maiores e mais carregados e, em situações similares, demandam menos concreto e
armaduras. Sua utilização é mais apropriada em arranjos quadrados ou quase quadrados de
colunas. Por ser desprovido de vigas, este sistema resulta numa estrutura de pouca espessura e
proporciona grande flexibilidade para a disposição dos dutos de ar condicionado e das
luminárias. Em apartamentos e hotéis, da mesma forma que a laje lisa, a laje plana pode servir
como um teto acabado para o pavimento inferior a ela.
Quando a disposição dos apoios de uma laje lisa ou plana é tal que os vãos em uma
direção são consideravelmente maiores do que os na outra, o comprimento do vão maior
naturalmente controla a espessura da laje. Os efeitos desfavoráveis dos vãos longos podem ser
reduzidos se forem utilizadas vigas-banda segundo o vão maior, caso em que a espessura da
laje será determinada em função do comprimento do vão menor. Vigas-banda consistem em
espessamentos sob a laje (figura 7.5) e constituem uma alternativa nos casos de limitação do
pé-direito. Suas dimensões são definidas de forma a evitar um aumento significativo da
rigidez da laje e manter o comportamento bidirecional da estrutura do pavimento.
88
alto consumo tanto de concreto quanto de aço. Ela é adequada para edifícios altos de
apartamentos, contraventados por paredes e por pórticos transversais.
O sistema também pode ser formado por lajes com razão comprimento/largura não
superior a 2, armadas em ambas as direções e apoiadas em conjuntos de vigas ortogonais
(figura 7.6-b). O sistema bidirecional propicia uma laje mais delgada, sendo econômico em
termos de concreto e armaduras. Ele é compatível com um sistema de contraventamento
aporticado em ambas as direções.
89
Figura 7.7 – Lajes unidirecionais sobre vigas secundárias.
90
eficiente do que esta para vãos na faixa de 9 a 12 m, por possuir uma maior espessura global
sem que isto acarrete aumento do peso próprio.
91
Os tipos de estruturação de pavimentos em aço, apresentados a seguir, são classificados de
acordo com a constituição do vigamento de sustentação:
a) Somente vigas principais
Uma malha retangular de colunas sustenta conjuntos de vigas paralelas de grande vão com
espaçamento relativamente pequeno, com a laje estendendo-se ao longo dos vãos menores
(figura 7.12). Em sistemas de pórticos transversais, as vigas situadas nos limites dos módulos
podem ter sua altura aumentada para integrar os pórticos de contraventamento.
92
das lajes mistas de aço e concreto, também chamadas de lajes com fôrma de aço incorporada.
O sistema é construído de forma que o deque de aço (steel deck), em vez de servir meramente
como fôrma permanente de uma laje armada com barras, funciona como a própria armadura
positiva da laje numa função compósita. Dentre as vantagens das lajes mistas, pode-se
mencionar a diminuição e até mesmo a eliminação do escoramento e a boa qualidade de
acabamento da face inferior da laje; além disso, a fôrma de aço pode ser utilizada como
plataforma de serviço e proteção aos operários.
As lajes também podem ser projetadas para atuar de forma compósita com as próprias
vigas de sustentação, por meio de conectores de cisalhamento, constituindo as chamadas vigas
mistas. Ao mesmo tempo em que desempenha sua função como laje propriamente dita,
estendendo-se através da pequena distância entre as vigas, a laje, atuando de forma compósita
com as mesmas, integra o próprio sistema de sustentação (figura 7.16-a). A combinação
adicional de uma laje de concreto em deque metálico com conectores de cisalhamento
soldados ao longo das treliças ou das vigas de sustentação constitui um eficiente sistema de
estruturação de pavimentos (figura 7.16-b), já que o acréscimo de resistência e de rigidez
proporcionado pela associação dos elementos de aço e de concreto possibilita a redução da
altura dos mesmos.
O tipo de conector de cisalhamento mais utilizado é o pino com cabeça, mostrado na
figura 7.17-a; também são utilizados conectores constituídos por barra com gancho, perfil em
93
U e plaqueta com laço, mostrados respectivamente nas figuras 7.17-b, c e d. A (ABNT, 2008)
contém prescrições sobre as dimensões, localização e espaçamento dos conectores dos tipos
pino com cabeça e perfil U.
94
CAPÍTULO 8
Neste método, cada laje é analisada isoladamente, sendo usual obterem-se suas
solicitações máximas com o auxílio de tabelas, determinarem-se suas reações pelo método das
charneiras plásticas e transferi-las como cargas verticais para as vigas que a circundam.
Cada viga também é analisada isoladamente, submetida a seu peso próprio, ao peso das
paredes nela apoiadas e às recém mencionadas reações das lajes. A viga é modelada como
simplesmente apoiada nos pilares e em outras vigas transversais a ela. Além disso, ela pode
estar servindo de apoio para vigas transversais que para ela transferem suas reações verticais.
Os apoios são considerados perfeitos, o que implica em falta de compatibilidade de
deslocamentos verticais nos pontos de cruzamento de vigas. Por exemplo, a figura 8.1-a
mostra uma viga AE, vinculada aos pilares A, C, E e às vigas transversais B e D. A figura 8.1-
b apresenta um modelo matemático caracterizando-a como uma viga contínua de três vãos,
apoiada na viga B e nos pilares já mencionados. A e E são considerados apoios externos e os
demais são apoios intermediários. A viga D é considerada como apoiada no interior do vão
CE, transmitindo-lhe a carga concentrada PD.
Para suprir parcialmente a falta de compatibilidade de deslocamentos verticais nos pontos
de cruzamento das vigas, considera-se apoiada a viga que apresentar o maior deslocamento
vertical no ponto de conexão ao ser analisada isoladamente sob suas respectivas cargas; a viga
95
que apresentar o menor deslocamento vertical é a que serve de apoio. Cabe ao projetista
definir previamente qual a viga apoiada e qual a de apoio, baseado em fatores como inércia
das seções das vigas, intensidade de suas cargas e posição do ponto de conexão dentro de seus
vãos. Uma vez que a reação vertical da viga apoiada se constitui em carga para a viga de
apoio, aquela deve ser analisada previamente a esta. Assim, também cabe ao projetista
estabelecer a seqüência de análise das vigas e, portanto, o percurso das cargas verticais, de
forma que, ao analisar determinada viga, já tenham sido determinadas as reações das vigas
que nela se apóiam. Com isto, também fica definido se o pavimento será projetado como um
sistema uni ou bidirecional de transmissão de cargas, conforme definição na seção 7.1.
96
ri é a rigidez à flexão do elemento i no nó considerado, avaliada conforme indicado na figura
8.2, sendo dada por:
ri = Ii / ℓi (8.2)
Em ambos os modelos abordados nesta seção, o funcionamento conjunto das lajes e vigas
pode ser levado em consideração por meio da adoção de uma largura colaborante da laje
associada à viga, compondo uma seção transversal T. A (ABNT, 2014) estabelece critérios de
definição desta largura, em função principalmente da largura da própria viga, da distância
entre seus pontos de momento fletor nulo e da distância até as vigas paralelas a ela.
Os pavimentos dos edifícios podem, para fins de estudo do efeito das cargas verticais, ser
modelados como grelhas, definidas como estruturas reticuladas planas que só admitem cargas
normais a seus planos. As barras de uma grelha formam malhas cujas configurações mais
comuns aparecem na figura 8.3: ortogonal, esconsa e circular. Barras curvas, como no caso de
97
vigas-balcão, podem ser modeladas por meio de conjuntos de barras retas. As barras
interconectam-se rigidamente em pontos denominados nós (pontos de cruzamento dos eixos
baricêntricos das barras), satisfazendo assim à condição de compatibilidade de deslocamentos
verticais. Devido a essas condições de geometria e carregamento, ficam definidos três graus
de liberdade por nó, mostrados na figura 8.4-a para uma grelha contida no plano x-y:
- grau de liberdade translacional z: direção segundo a qual podem atuar forças e ocorrer
deslocamentos de translação do nó;
- graus de liberdade rotacionais x e y: direções em torno das quais podem atuar momentos
e ocorrer deslocamentos de rotação do nó.
98
Ao contrário do que ocorre com o modelo de vigas isoladas, tratado na seção 8.1, não é
necessário obter as reações de apoio de vigas em outras vigas (definindo previamente o
percurso das cargas), pois esta interação é determinada automaticamente como parte da
análise da grelha. As cargas a serem fornecidas para cada barra são o seu peso próprio, o peso
de paredes nela apoiadas e as reações das lajes, obtidas da mesma forma que para as vigas
isoladas. A consideração do funcionamento conjunto das lajes e vigas (em termos de rigidez)
também pode ser feito da mesma forma que no modelo de vigas isoladas.
A vinculação de uma grelha com os pilares ocorre na forma de engastes elásticos,
caracterizados pela restrição ao deslocamento vertical e pela atuação de molas rotacionais
simulando as rigidezes das barras de pilar à flexão em torno de seus eixos principais centrais
de inércia; essas rigidezes podem ser determinadas conforme o modelo da figura 8.2, sendo
dadas pela equação (8.3).
No caso de simetria simples ou dupla do sistema em planta (simetria de geometria e de
carregamento), somente a metade ou a quarta parte da grelha necessita ser modelada. Neste
caso, a vinculação desta metade ou quarta parte com o restante do sistema fica caracterizada
por restrições à rotação em torno dos respectivos eixos de simetria, impostas aos nós situados
sobre os mesmos.
A figura 8.4-b mostra as solicitações que podem atuar numa barra de grelha, variando ao
longo do seu comprimento: força cortante V, momento torçor T e momento fletor M. Em
geral, os programas de análise de grelhas fornecem as solicitações atuantes nas extremidades
de cada barra, além das reações nos vínculos externos e dos deslocamentos dos nós. O
funcionamento de uma grelha pode ser entendido como o de um conjunto de vigas
entrecruzadas transmitindo solicitações de umas para as outras. No caso de vigas ortogonais
entre si, o momento fletor de uma viga é transmitido como momento torçor para a outra e
vice-versa, enquanto a força cortante é transmitida como força cortante.
Como exemplo, a figura 8.5 mostra a malha da grelha de sustentação da quarta parte de
um pavimento-tipo de um edifício residencial, com dupla simetria em planta. A grelha foi
analisada para o carregamento vertical permanente combinado com o vertical variável; ambos
os carregamentos são constituídos exclusivamente por cargas com distribuição uniforme ao
longo de cada barra. No texto que segue, define-se como viga uma sucessão de barras situadas
sobre uma mesma linha. Para descrever alguns princípios do funcionamento das grelhas,
foram selecionadas algumas vigas da estrutura da figura 8.5. Estas vigas estão definidas pelos
nós que elas unem, identificados na figura pelas letras A a M.
99
Figura 8.5 – Malha de uma grelha de sustentação de pavimento.
- a viga KE, mostrada em e, funciona como se estivesse apoiada nas vigas JL e DF. Por
exemplo, a reação vertical de 22,3 kN no apoio E aparece como uma carga vertical na viga
DF, mostrada em f, provocando um salto para baixo no respectivo diagrama de cortantes,
mostrado em b.
- por sua vez, a viga DF comporta-se como estando apoiada no vão JC da viga MA e no pilar
F; as respectivas reações verticais constam em f.
- a viga IB, mostrada em g, apóia-se nos pilares B, F e na extremidade do balanço da viga
GI, mostrada em h. Assim, a reação de 6,9 kN no apoio I aparece como uma carga vertical na
viga GI, provocando um salto para baixo no respectivo diagrama de cortantes, mostrado em d.
- a viga GI funciona como estando apoiada na viga KE e no pilar H. A reação de 9 kN no
apoio G aparece como carga vertical na viga KE, mostrada em e, provocando um salto para
baixo no respectivo diagrama de cortantes, mostrado em a.
- finalmente, cabe destacar que, como era de se esperar, para todas as reações verticais das
vigas existe um salto para cima nos respectivos diagramas de cortantes.
100
mostradas nas figuras 8.7-d e f, com seus sistemas de cargas e com os momentos transmitidos
a elas por outras partes da estrutura. As figuras 8.7-g e h apresentam os diagramas de
momentos torçores das vigas GI e MA.
101
Momentos fletores nas vigas IB e DF
O diagrama de fletores mostrado na figura 8.7-c apresenta um salto junto à seção F, bem
como momentos não nulos nas extremidades I (1,43 kN.m em módulo, já mencionado) e B.
A viga correspondente a esse diagrama é apresentada com seu sistema de cargas na figura 8.7-
d. O salto de 7,8 kN.m no diagrama corresponde a uma carga-momento de mesmo valor que
aparece decomposta em duas parcelas junto ao apoio F da viga: 7,6 kN.m são transmitidos ao
pilar F e 0,2 kN.m são transmitidos como momento torçor à barra EF. Algo semelhante se
passa na extremidade B; o momento de 12,5 kN.m em módulo, constante no diagrama,
também aparece na viga decomposto por duas parcelas: 12,3 kN.m, que são transmitidos ao
pilar B, e 0,2 kN.m transmitidos como momento torçor para a barra AB.
102
Picos de momentos torçores
Os momentos torçores de −1,43 kN.m e −1,11 kN.m, constantes nos diagramas das figuras
8.7-g e h, são os que apresentam os maiores valores em módulo para este tipo de solicitação
em toda a grelha. Isto é causado por um fator que é característico do comportamento das
grelhas, ou seja, os picos de momento torçor tendem a ocorrer em barras curtas de cujas
extremidades estendem-se vigas transversais em direções opostas, conforme pode ser
observado na figura 8.5 para as barras HI e DC. A flexão das vigas transversais tende a fazer
girar as extremidades das barras curtas em direções opostas, intensificando a torção nas
mesmas.
Finalmente, cabe destacar que os valores bastante baixos dos momentos torçores em
comparação com os dos fletores neste exemplo se devem ao fato de se ter considerado apenas
15 % da rigidez das barras à torção, conforme é permitido pela (ABNT, 2014). Uma análise
da mesma estrutura, realizada com a rigidez integral à torção, resultou, de uma forma geral,
em momentos torçores entre cinco e seis vezes maiores do que os encontrados com a rigidez à
torção reduzida.
103
A figura 8.8-a mostra, em traço cheio, a malha a ser adotada para lajes com r entre 1 e 1,5.
No caso de r entre 1,5 e 2, para evitar a excessiva distorção dos elementos, devem ser
adicionados os trechos representados em tracejado. Para as lajes com r > 2, utiliza-se uma
malha com a configuração mostrada na figura 8.8-b, reduzindo o grande número de elementos
gerados caso fosse adotada a malha da figura 8.8-a. Mesmo sendo mais grosseira, esta malha
é considerada adequada para simular o comportamento predominantemente unidirecional
destas lajes alongadas. Cabe observar que ela possui um número fixo de duas divisões ao
longo do lado menor e um número variável ao longo do lado maior, dado por 2r (no exemplo
da figura, r = 2,5).
A inclusão no modelo das malhas de elementos finitos das lajes de um pavimento resulta
num grande aumento da quantidade de nós e conseqüentemente do número de equações do
sistema a ser resolvido, podendo, em muitos casos, até mesmo inviabilizar a análise de tais
estruturas. Um recurso utilizado para superar este problema tem sido o método da
subestruturação (divisão da estrutura em regiões menores ou subestruturas, no caso, as lajes).
Conforme é mostrado por (OLIVEIRA e ELLWANGER, 2000) o método realiza uma
condensação estática destas subestruturas, obtendo uma matriz de rigidez e um vetor de
cargas de cada laje (como se ela fosse um “superelemento”), expressos exclusivamente em
função dos nós de seu contorno ou contato com as vigas. Com isto, fica drasticamente
reduzido o número de nós do sistema estrutural e, conseqüentemente, o número de equações a
serem resolvidas.
104
Figura 8.9 - Trechos rígidos
Por sua vez, o diagrama de momentos fletores pode ser arredondado junto aos apoios e
pontos de aplicação de forças consideradas como concentradas, bem como em nós de
pórticos. De acordo com a mesma norma, esse arredondamento pode ser feito de maneira
aproximada conforme indicado na figura 8.10-a ou 8.10-b, dependendo, respectivamente, de
existir ou não descontinuidade de momentos no apoio ou ponto considerado.
M ( R2 R1 ) t 4 M ' R t / 8
M 1 R1 t / 4 M 2 R2 t / 4
105
CAPÍTULO 9
A figura 9.1 mostra o sistema de eixos globais de referência (X-Y-Z) para o caso bastante
comum de um edifício com geometria ortogonal. Assim, sempre que se usarem notações
como pórtico na direção X, vento soprando na direção Y etc., estar-se-á fazendo referência a
este sistema global. Sua origem situa-se em um ponto arbitrário do plano que contém a base
do edifício e o eixo Z é orientado para cima. Os eixos X e Y são paralelos aos planos médios
dos pórticos e das paredes, bem como aos eixos principais centrais de inércia das seções dos
núcleos que formam o sistema de contraventamento do edifício.
Define-se também um conjunto de eixos auxiliares xi e yi, paralelos respectivamente aos
eixos globais X e Y, com a função de referenciar cada subestrutura individual. No exemplo da
figura 9.1, os eixos x3 e y4 contêm os eixos principais centrais de inércia da seção do núcleo e
os demais eixos auxiliares estão contidos nos planos médios dos pórticos que integram o
sistema de contraventamento.
106
Em geral, os programas de análise de pórticos pressupõem que os mesmos estejam
situados em planos verticais, como o plano (xP-yP) da figura 9.2-a. Assim, ao se analisar um
pórtico plano integrante de um sistema de contraventamento como o da figura 9.1, o eixo
vertical yP será necessariamente paralelo e com a mesma orientação do eixo global Z. Por sua
vez, o eixo horizontal xP será coincidente com um dos eixos auxiliares xi e yi e, portanto,
paralelo a um dos eixos globais X ou Y; ele poderá ter a mesma orientação de X ou Y ou
contrária a eles, dependendo da posição do observador em relação ao sistema da figura 9.1.
Definem-se também sistemas de eixos locais (xL-yL-zL) para cada barra da estrutura, com a
função de referenciar grandezas inerentes a ela (momentos de inércia de sua seção,
solicitações etc.). A orientação destes eixos em relação à estrutura é tal que xL, yL e zL, nesta
seqüência, formam um triedro direto; xL coincide com o eixo baricêntrico da barra, com
orientação definida pela ordem de suas conectividades, determinadas automaticamente pelo
programa ou fornecidas pelo usuário. Com relação às colunas e vigas de um pórtico (figuras
9.2-c e d), zL deve ser paralelo e ter a mesma orientação de zP. Assim, considerando o ângulo
de visão de quem observa a figura 9.1 de frente, zL será paralelo e com direção contrária ao
eixo global Y para as vigas e colunas dos pórticos na direção global X; por outro lado, zL será
paralelo e com a mesma direção de X para as barras dos pórticos na direção Y. No caso de se
estar analisando o sistema de sustentação de um pavimento na forma de grelha, o eixo zL de
cada uma das barras (figura 9.2-b) deve ser paralelo e com a mesma orientação do eixo global
Z.
107
distribuição do carregamento horizontal entre as subestruturas de contraventamento. Para isto,
é assumido o comportamento dos pavimentos como diafragmas rígidos, isto é, indeformáveis
em seus planos. Estes diafragmas são sustentados horizontalmente pelas subestruturas de
contraventamento que, em um modelo elástico-linear, podem ser representadas por molas,
conforme mostra a figura 9.3. A atuação destas molas se dá em direções contidas no plano
médio das paredes e dos pórticos, bem como em direções coincidentes com os eixos
principais centrais de inércia da seção dos núcleos. Assim, qualquer ação horizontal aplicada
no sistema causará o surgimento de reações nas molas; invertendo-se o sinal das mesmas,
obtêm-se as parcelas de distribuição da ação entre as subestruturas correspondentes. O
método de determinação destas reações é exposto a seguir.
108
δyP = δyA + (xP-xA) tg θ ≈ δyA + θ (xP-xA) (9.2)
Mi = -kri θ (9.5)
representa uma rotação contida no plano X-Y, sendo considerada positiva se anti-horária.
Os pórticos e paredes proporcionam rigidez horizontal somente em direções contidas em seus
respectivos planos. Os núcleos proporcionam rigidez horizontal segundo os eixos principais
de inércia de sua seção transversal, além de rigidez torcional. Os coeficientes de rigidez
109
horizontal kxi e kyi são determinados pelo método simplificado recém mencionado. Por este
mesmo método, a rigidez torcional kri de um núcleo é determinada pela razão entre um
momento de torção aplicado em seu topo e o ângulo de torção por ele provocado neste mesmo
nível.
Determinar os coeficientes de rigidez kxi e kyi de uma caixa de escada com altura de 75 m,
com as dimensões em planta mostradas na figura 9.5-a. Concreto com E = 3x106 tf/m2.
De acordo com a definição do início da subseção 9.2.2 e com referência à figura 9.5-b, um
coeficiente de rigidez horizontal de uma subestrutura de contraventamento é dado pela razão
entre uma força horizontal P aplicada em seu topo e o deslocamento horizontal por ela
provocado neste mesmo nível. Para a obtenção de , é necessário o cálculo dos momentos
principais de inércia da seção da figura 9.5-a. Por ser de simetria, y é um dos eixos principais
centrais de inércia da seção. O outro eixo, representado por x, intercepta y no baricentro da
seção, cuja coordenada yG pode ser calculada com referência ao eixo de trabalho x’, mostrado
na mesma figura. A coordenada yG é calculada da seguinte forma:
3x 43 2,8x 3,63
Iy 5,11 m 4
12 12
Com o valor recém obtido de Iy, com os valores dados de E e de l, assumindo um valor
unitário para a força P, pode-se determinar o deslocamento do topo provocado pela força P
atuando na direção x:
P3 1x 753
x 0,00917 m
3EI y 3x3x106 x5,11
110
k xi 1 tf x 109,0 tf / m
O momento de inércia Ix pode ser obtido através das somas das inércias, em relação a x,
dos retângulos que compõem a seção, situados acima e abaixo do próprio eixo x
(denominador 3). Em seguida, obtém-se y e o coeficiente kyi:
P 3 1x 753
y 0,0263 m
3EI x 3x 3x106 x1,7844
k yi 1 tf y 38,07 tf / m
Assim, o deslocamento δy, provocado por uma força Fy passando pelo centro elástico, é
expresso por:
δy = Fy / Σ kyi (9.7)
Figura 9.6 – Efeito de uma força com reta de ação contendo o centro elástico do sistema.
111
Para simplificar a notação, os símbolos de somatório aparecem sem o indicador i da
seqüência de parcelas e os respectivos limites; fica subentendido que cada somatório se refere
às molas numa determinada direção: X, Y ou rotacionais, conforme o caso. Aplicando-se (9.4)
com yi dado por y da equação (9.7), obtém-se a expressão da reação em uma mola i:
Fy xo = Σ (-Fyi xi) = Σ [(Fy kyi / Σ kyi) xi] = Fy (Σ kyi xi) / Σ kyi (9.9)
Através da mesma linha de raciocínio, pode-se estudar o efeito da atuação de uma força Fx
(direção X) com reta de ação passando por CE, chegando-se às seguintes expressões:
a) reações em cada mola com rigidez na direção Y: Fxi = -Fx kxi / Σ kxi (9.11)
Figura 9.7 – Carga momento M causando uma rotação do sistema em torno do centro elástico.
112
ficam reduzidas respectivamente a –θ i e θ i. Introduzindo-as nas equações (9.3) e (9.4),
podem-se expressar as reações da figura 9.7 para cada mola i:
As reações momento Mzi permanecem sendo expressas por (9.5). Para obter a relação
entre a carga momento M e a rotação θ que ela provoca, deve-se expressar o equilíbrio de
momentos em torno de CE. De acordo com a situação da figura 9.7, contribuem para esta
expressão o momento M, a reação momento Mz1 e os produtos das reações Fxi e Fyi,
respectivamente, pelas coordenadas i e i de seus pontos de atuação. Genericamente, este
equilíbrio fica assim expresso:
Portanto: θ = M / kR (9.17)
2 2
onde kR = Σ kri + Σ kyi i + Σ kxi i (9.18)
As reações nas demais molas (direção Y e rotacionais) são obtidas pela aplicação das
equações (9.20) e (9.21). Nos três casos, M é dado por mais ou menos Hx ex, dependendo se
M é, respectivamente, anti-horário ou horário.
113
Por outro lado, considerando a atuação de Hy com excentricidade ey, as reações nas molas
na própria direção Y ( yi) são obtidas pela superposição das Fyi dadas por (9.8) e (9.20),
substituindo-se Fy por Hy:
yi = -Hy kyi / Σ kyi - M kyi i / kR (9.23)
As reações nas demais molas (direção X e rotacionais) são obtidas pela aplicação das
equações (9.19) e (9.21). Nos três casos, M é dado por mais ou menos Hy ey, dependendo se M
é, respectivamente, anti-horário ou horário.
9.3 EXEMPLOS
114
de três sistemas de contraventamento. No primeiro exemplo, a análise restringe-se a um andar
isolado do edifício e considera as cargas aplicadas no centro das fachadas. Nos outros dois, a
análise estende-se a todos os andares do edifício e considera as excentricidades da carga de
vento prescritas pela (ABNT, 1988).
115
k yi xi 15k x 0 5k x 9 5k x 18 5k x 27 270k
k xi yi k x 0 k x 14,8 14,8k
k xi 2k y0 14,8k 2k 7,4m
Desta forma, o centro elástico fica coincidente com o baricentro da parede 2, o eixo fica
contido em seu plano médio e o eixo resulta paralelo e eqüidistante aos planos médios dos
pórticos 5 e 6. As coordenadas das molas em relação ao sistema - são:
1 = –9 2 =0 3 =9 4= 18 y5 = 7,4 y6 = –7,4
2 2 2 2 2
k R 15k x ( 9) 5k x 0 5k x 9 5k x 18 k x 7, 4 k x( 7, 4)
x5 = x6 = –36k / 2k = –18 kN
Hx5 = Hx6 = 18 kN ∑ = 36 kN
y1 = –120 x 15k / 30k – 540 x 15k x (–9) / 3350k = –60 + 21,76 = –38,24 kN
116
Invertendo-se os sinais, obtém-se as parcelas de distribuição de Hy:
117
Figura 9.11 – Dados de geometria – Pórticos do exemplo 9.3.
Aplicando-se a equação (9.18), obtém-se a rigidez rotacional do sistema que, neste caso,
fica reduzida a Σ kyi i2:
118
Figura 9.12 – Excentricidades das cargas de vento – exemplo 9.3.
Como y5 nula e,
conseqüentemente, ações nulas para o pórtico longitudinal P5. Considerando, agora, a
excentricidade para a esquerda, a distância entre CE e o ponto de aplicação do carregamento
(ver figura 9.12) será de: 12,33 – (26,87/ 2 – 4,06) = 2,955 m. Isto dá origem à atuação de um
momento horário dado por: M = –2,955 Hy. Aplicando-se novamente a equação (9.23),
determinam-se as reações nas molas. Invertendo-se o sinal das mesmas, obtém-se:
Assim, as ações mais severas a serem aplicadas em cada pórtico, devidas ao vento na
direção Y, serão:
Pórtico P1: 0,311 Hy Pórtico P2: 0,314 Hy Pórtico P3: 0,304 Hy Pórtico P4: 0,415 Hy
A distribuição destas ações entre os diversos andares dos pórticos é obtida aplicando-se as
proporções recém determinadas e está mostrada na tabela 9.2. As forças totais por andar (Hy)
foram determinadas considerando-se V0 = 45 m/s, fatores S1 e S3 iguais a 1 e fatores S2 para
rugosidade de categoria IV e edificação de classe B.
119
Tabela 9.2 – Ações horizontais (kN) nos pórticos devidas ao vento na direção Y.
Tabela 9.3 – Ações horizontais (kN) nos pórticos devidas ao vento na direção X.
120
atuação do vento longitudinal é igual a 0,15 x 11,20 = 1,68 m. Uma vez que o pórtico P5
encontra a fachada lateral em sua extremidade direita, o efeito mais severo do vento segundo
X é o devido à atuação de Hx com excentricidade para a esquerda. Assim, o momento de Hx
em relação a CE terá sentido horário, sendo dado por M = – (11,10 / 2 + 1,68) Hx = –7,23 Hx.
Para determinar a distribuição de Hx, aplicam-se as equações (9.22) e (9.20) e invertem-se os
seus sinais, obtendo-se:
As rigidezes horizontais dos núcleos segundo X e Y são obtidas pelo mesmo método
utilizado no exemplo 9.1. As rigidezes dos pórticos P1, P4 e P5/N2 são determinadas após
121
submetê-los à análise sob a ação de uma carga horizontal unitária no topo. O diafragma rígido
representando o contraventamento transversal e o longitudinal está mostrado na figura 9.15.
Os núcleos N1 e N2, por terem seus baricentros no mesmo alinhamento segundo Y, terão suas
rigidezes nesta direção representadas por uma única mola, integrando o coeficiente ky2. As
rigidezes das molas, em tf/m, são as seguintes:
ky1 = ky3 = 101,50 (pórticos P1 e P4) ky2 = 377,33 (núcleo N1) + 15,43 (Núcleo N2)
Os pórticos absorvem somente forças contidas em seus próprios planos, neste caso forças
na direção Y para os pórticos P1 e P4 e forças na direção X para o conjunto P5/N2. Além
disso, o núcleo N2 também absorve forças na direção Y. Por sua vez, o núcleo N1 absorve
forças em ambas as direções. Por constituírem perfis de seção aberta, a resistência dos núcleos
à torção foi desconsiderada.
A tabela 9.4 apresenta a distribuição das ações devidas ao vento transversal (direção Y)
nos diversos andares de cada subestrutura, segundo as direções recém mencionadas. Da
mesma forma que no exemplo 9.3, foi determinada a distribuição de ações do vento atuando
com excentricidade para a esquerda e para a direita do centro geométrico; foram incluídas na
tabela, para cada subestrutura, apenas as ações mais severas dentre as correspondentes às duas
excentricidades pesquisadas. As proporções do carregamento de vento absorvidas pelas
subestruturas constam no cabeçalho da tabela. Por sua vez, a tabela 9.5 contém as mesmas
informações da tabela 9.4 com respeito ao vento longitudinal (direção X).
A consideração das excentricidades das ações de vento prescritas pela (ABNT, 1988),
bem como a existência da excentricidade do centro elástico do contraventamento, causa
torção do edifício. Isto faz com que o vento atuante numa determinada direção provoque
forças nas subestruturas segundo ambas as direções X e Y.
A tendência natural é a de que as maiores forças, em módulo, absorvidas por uma
subestrutura segundo uma determinada direção sejam as devidas ao vento atuante naquela
mesma direção. Todavia, exceções ocorrem. Neste exemplo, as maiores forças na direção X,
em módulo, absorvidas pelo núcleo N1, são causadas pelo vento atuante na direção Y. Elas
aparecem na 6ª coluna da tabela 9.4 e superam em 35,8 % as forças na direção X causadas
pelo vento atuante na própria direção X, constantes na 6ª coluna da tabela 9.5.
122
Tabela 9.4 – Distribuição das ações (kN) devidas ao vento na direção Y – exemplo 9.4.
123
Tabela 9.5 – Distribuição das ações (kN) devidas ao vento na direção X – exemplo 9.4.
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