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AMOSTRA DO LIVRO

J. AURIMAR MORAIS N.

1ª EDIÇÃO

VOLUME 2

AJUDA
CIVIL!

N ATA L
2024
PLANO DA OBRA
VOLUME 1: Etapas do projeto estrutural. Conhecendo os materiais.
Método dos estados limites. Flexão de vigas. Flexão de lajes.
Cisalhamento. Verificações do Estado Limite de Serviço (ELS).
Detalhamento de vigas e lajes.

VOLUME 2: Conceitos fundamentais para a análise de pilares. Ação


do vento. Desaprumo. Estabilidade global. Dimensionamento de
pilares. Detalhamento de pilares. Dimensionamento de tirantes.
Dimensionamento de pilares-parede.
SUMÁRIO
Prefácio 1
1 – Conceitos fundamentais 3
1.1 – Modelo de cálculo 5
1.2 – Análise: global x local x localizada 7
1.2.1 – Análise global 7
1.2.2 – Análise local 8
1.2.2 – Análise localizada 8
1.3 – Não-linearidade 9
1.2.2 – Não-linearidade física 9
1.2.2 – Não-linearidade geométrica 11
1.4 – Flexão composta oblíqua 12
2 – Ação do vento 15
2.1 – Introdução 17
2.1.1 – Características 17
2.2.2 – Métodos de análise 17
2.2 – Cálculo da ação do vento 19
3 – Estabilidade global 39
3.1 – Conceitos de estabilidade global 41
3.2 – Desaprumo global 42
3.3 – Avaliação da estabilidade global 47
3.4 – Consideração da não-linearidade física 49
3.5 – Parâmetro α 50
3.6 – Coeficiente γz 53
3.7 – Contraventamento 56
4 – Dimensionamento de pilares 57
4.1 – Pilar x tirante x pilar-parede x viga inclinada 59
4.2 – Variáveis adimensionais 60
4.2.1 – Força normal adimensional (ν) 60
4.2.2 – Excentricidade relativa 61
4.2.3 – Momento fletor adimensional (μ) 62
4.2.4 – Taxa geométrica de armadura (ρ) 63
4.2.4 – Taxa mecânica de armadura (ω) 63
4.2.6 – Índice de esbeltez (λ) 63
4.3 – Classificação dos pilares 66
4.3.1 – Conforme a posição em planta 66
4.3.2 – Conforme a esbeltez 67
4.4 – Limite de esbeltez 69
4.4.1 – Excentricidade relativa de 1ª ordem 69
4.4.2 – Vinculações das extremidades do pilar 70
4.4.3 – Formato do diagrama de momentos 70
4.4.4 – Coeficiente αb 72
4.4.5 – Cálculo do limite de esbeltez λ1 74
4.5 – Análise das solicitações 74
4.5.1 – Excentricidades 75
4.5.2 – Combinações de excentricidades 79
4.5.3 – Ponderadores adicionais 80
4.6 – Solicitações em pilares centrais 81
4.6.1 – Exemplo do cálculo 81
4.7 – Solicitações em pilares laterais 87
4.7.1 – Exemplo do cálculo 87
4.8 – Solicitações em pilares de canto 95
4.8.1 – Exemplo do cálculo 95
4.9 – Capacidade resistente de pilares 104
4.9.1 – Montagem da envoltória resistente 106
4.9.2 – Envoltória resistente aproximada 108
4.9.3 – Exemplo de cálculo 109
4.9.4 – Envoltória resistente mínima 117
4.10 – Ábacos de dimensionamento 119
4.10.1 – Exemplo de aplicação 121
5 – Detalhamento de pilares 125
5.1 – Dimensões da seção transversal 127
5.2 – Diâmetro das barras longitudinais 127
5.3 – Taxa geométrica de armadura 128
5.4 – Distribuição das barras longitudinais 128
5.5 – Espaçamento entre barras 129
5.6 – Armadura transversal 129
5.7 – Gancho dos estribos 130
5.8 – Tubulação embutida 130
5.9 – Emendas por traspasse em pilares 131
5.9.1 – Pilares com mesma seção 131
5.9.2 – Pilares com leve redução de seção 131
5.9.3 – Pilares com elevada redução de seção 132
5.10 – Estribos suplementares 132
6 – Dimensionamento de pilares especiais 133
6.1 – Introdução 135
6.2 – Dimensionamento de tirantes 135
6.2.1 – Exemplo de cálculo 1 136
6.2.2 – Exemplo de cálculo 2 138
6.3 – Dimensionamento de pilares-parede 140
6.3.1 – Definição 141
6.3.2 – Comprimento equivalente 141
6.3.3 – Efeito localizado de 2ª ordem 143
6.3.4 – Exemplo de cálculo: armadura longitudinal 145
6.3.5 – Armadura transversal em pilares-parede 153
6.3.6 – Exemplo de cálculo: armadura transversal 154
Apêndices 155
Apêndice A: métodos de cálculo dos efeitos de 2ª ordem 157
Apêndice B: cálculo da excentricidade suplementar 164
Apêndice C: exemplo complementar do cálculo de pilares 172
1.
CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
CHARLES CHAPLIN
1.2.2 – ANÁLISE LOCAL
A análise local é focada em estudar um elemento estrutural
específico da estrutura. Nessa análise, são considerados os esforços e
deformações locais, levando em conta o comportamento dos materiais e
as condições de contorno específicas da região em estudo.

1.2.3 – ANÁLISE LOCALIZADA


Existem elementos que estão
sujeitos a um comportamento dife-
renciado em uma região isolada da
sua estrutura. A análise de regiões
específicas dentro de um elemento
estrutural é chamada de “análise loca-
lizada” e tem como objetivo avaliar o
desempenho de uma região em
condições particulares.

Apesar da análise localizada


ser mais comum em elementos de
estruturas metálicas, como a flamba-
gem da mesa ou alma de perfis tipo I,
em estruturas de concreto armado
esse tipo de análise também é
necessária em pilares-parede, como é
demonstrado no capítulo 6.

8
2.1 – INTRODUÇÃO

Antes de entrarmos nos assuntos de estabilidade global e dimen-


sionamento de pilares, é importante conhecer a ação do vento e como
ela afeta a estrutura.

2.1.1 – CARACTERÍSTICAS
É preciso ter em mente que quanto tratamos da ação do vento
estamos falando de uma solicitação com as seguintes características:

o É uma ação dinâmica;


o Pode atuar em todas as direções;
o Quanto maior a altitude, maior a sua intensidade;
o É influenciada por aspectos meteorológicos e aerodinâmicos.

O conhecimento de tais características é importante para um


calculista, pois a consideração da ação do vento pode envolver diversas
simplificações, as quais nem sempre serão adequadas para determinados
tipos de edificações. Cabe ao projetista avaliar se as considerações de
cálculo estão adequadas ou não.

2.1.2 – MÉTODOS DE ANÁLISE


A determinação da ação do ven-
to é normalmente realizada por três
métodos: através das recomendações
dispostas na ABNT NBR 6123:2023, por
meio de ensaios experimentais no túnel
de vento e pela simulação de rajadas de
vento em softwares computacionais.

17
DADOS:
Dimensões da edificação:

• 𝑎𝑎 = 16 𝑚𝑚
• 𝑏𝑏 = 8 𝑚𝑚
• ℎ = 12 𝑚𝑚
ℎ = 12 𝑚𝑚

Δ𝑧𝑧 = 3 𝑚𝑚

𝑎𝑎 = 16 𝑚𝑚
𝑏𝑏 = 8 𝑚𝑚

Dimensões do morro:

• 𝑑𝑑 = 12 𝑚𝑚
• 𝜃𝜃 = 17°

𝑑𝑑 = 12 𝑚𝑚
𝜃𝜃 = 17°

40 𝑚𝑚

20
O fator 𝑆𝑆1 é definido para as seguintes situações:

𝑑𝑑

A 𝜃𝜃 A

B A

𝑑𝑑
A 𝜃𝜃

≥ 4 𝑑𝑑

A A

23
A ABNT NBR 6123:2023 disponibiliza ábacos para que possam ser
extraídos os valores do coeficiente de arrasto da edificação. Para utilizar
o ábaco basta calcular as relações:

𝐿𝐿1 /𝐿𝐿2 ; ℎ/𝐿𝐿1


Onde,

𝐿𝐿1 : dimensão horizontal da edificação perpendicular ao sentido do vento;


𝐿𝐿2 : dimensão horizontal da edificação paralela ao sentido do vento;
ℎ: altura da edificação.

Como a ação do vento pode atuar em todos os sentidos, é


necessário analisar as combinações que mais solicitam a estrutura
e dimensionar cada elemento para a sua solicitação crítica.

180° 90°

ℎ = 12 𝑚𝑚

270° 0°

Para o exemplo em Vento a 0°: Vento a 90°:


questão, é demonstrado o
cálculo do vento a 0° e a 𝐿𝐿1 𝑏𝑏 8 𝐿𝐿1 𝑎𝑎 16
= = = 0,5 = = = 2,0
90°. Vale ressaltar que se 𝐿𝐿2 𝑎𝑎 16 𝐿𝐿2 𝑏𝑏 8
tratam de dois casos de
ℎ ℎ 12 ℎ ℎ 12
carregamentos individuais, = = = 1,5 = = = 0,75
não simultâneos. 𝐿𝐿1 𝑏𝑏 8 𝐿𝐿1 𝑎𝑎 16

32
3.
ESTABILIDADE
GLOBAL
YUVAL NOAH HARARI
DADOS:
Para realizarmos a análise da ação do desaprumo, é conveniente
simplificarmos a estrutura tridimensional da edificação em um pórtico
plano. Para o nosso exemplo, adotaremos a seguinte configuração:

𝑃𝑃4 = 20 𝑘𝑘𝑘𝑘/𝑚𝑚
𝐹𝐹4 = 6,5 𝑘𝑘𝑘𝑘

𝑧𝑧4 = ℎ = 12 𝑚𝑚 𝑃𝑃3 = 30 𝑘𝑘𝑘𝑘/𝑚𝑚


𝐹𝐹3 = 13,6 𝑘𝑘𝑘𝑘

𝑧𝑧3 = 9 𝑚𝑚 𝑃𝑃2 = 30 𝑘𝑘𝑘𝑘/𝑚𝑚


𝐹𝐹2 = 14,8 𝑘𝑘𝑘𝑘

𝑧𝑧2 = 6 𝑚𝑚 𝑃𝑃1 = 30 𝑘𝑘𝑘𝑘/𝑚𝑚


𝐹𝐹1 = 16,0 𝑘𝑘𝑘𝑘

𝑧𝑧1 = 3 𝑚𝑚
𝑛𝑛 = 3 𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝

𝑏𝑏 = 8 𝑚𝑚

Onde,

𝐹𝐹𝑖𝑖 : força do vento no pavi-


mento 𝑖𝑖 do pórtico;
𝑧𝑧𝑖𝑖 : altura de atuação da
força do vento 𝑖𝑖;
ℎ: Altura da edificação;
𝑏𝑏: Largura da edificação;
𝑃𝑃𝑖𝑖 : carga vertical do pavi-
mento 𝑖𝑖;
𝑛𝑛: número de pilares verti-
cais que contribuem para
o efeito de desaprumo.

43
A fim de ilustrar o procedimento de cálculo do coeficiente 𝛾𝛾𝑧𝑧 ,
resolveremos o seguinte exemplo:

DADOS:
Para o exemplo a seguir, os deslocamentos horizontais de cada
pavimento já foram obtidos. Esta etapa é normalmente realizada com
ajuda computacional devido à complexidade da análise estrutural de
estruturas hiperestáticas.

𝐹𝐹ℎ4,𝑑𝑑 = 40 𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐹𝐹𝑣𝑣𝑣,𝑑𝑑 = 1200 𝑘𝑘𝑘𝑘


𝑒𝑒4 = 6,0 𝑐𝑐𝑐𝑐

𝑧𝑧4 = 12 𝑚𝑚
𝐹𝐹ℎ3,𝑑𝑑 = 70 𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑒𝑒3 = 5,5 𝑐𝑐𝑐𝑐 𝐹𝐹𝑣𝑣𝑣,𝑑𝑑 = 1500 𝑘𝑘𝑘𝑘

𝑧𝑧3 = 9 𝑚𝑚
𝐹𝐹ℎ2,𝑑𝑑 = 60 𝑘𝑘𝑘𝑘 𝐹𝐹𝑣𝑣𝑣,𝑑𝑑 = 1500 𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑒𝑒2 = 4,0 𝑐𝑐𝑐𝑐

𝑧𝑧2 = 6 𝑚𝑚 𝐹𝐹𝑣𝑣𝑣,𝑑𝑑 = 1500 𝑘𝑘𝑘𝑘


𝐹𝐹ℎ1,𝑑𝑑 = 50 𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑒𝑒1 = 2,0 𝑐𝑐𝑐𝑐

𝑧𝑧1 = 3 𝑚𝑚

1º – MOMENTO DE TOMBAMENTO

O momento de tombamento 𝑀𝑀1,𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡,𝑑𝑑 é dado pela soma dos


produtos de todas as forças horizontais pelas suas respectivas alturas em
relação à base da edificação.

54
4.1 – PILAR x TIRANTE x PILAR-PAREDE x VIGA INCLINADA

Antes de tratarmos do dimensionamento propriamente dito dos


pilares, é importante ter em mente que tipo de elemento estrutural
estamos lidando. É comum confundirmos pilares, tirantes, pilares-parede
e até vigas inclinadas como sendo o mesmo tipo de elemento.
Entretanto, o dimensionamento de cada um deles difere bastante, sendo
imprescindível a identificação do elemento analisado antes de partir para
o cálculo estrutural. Veja como fazer essa diferenciação:

Pilar Tirante Pilar-parede Viga inclinada

1. Os pilares são elementos lineares verticais que estão submetidos


majoritariamente à compressão.

2. Já os tirantes são elementos lineares submetidos à tração, ou seja,


caso um pilar esteja tracionado, chamamos ele de tirante.

3. Os pilares-parede são elementos superficiais planos, cuja maior


dimensão da seção transversal é superior a cinco vezes a menor
dimensão.

4. Quando a inclinação do pilar começa a gerar esforços significativos de


cisalhamento e flexão, a compressão deixa de ser a solicitação prin-
cipal. Logo, passamos a chama-lo de viga inclinada. Não existe um
valor de inclinação fixo para essa diferenciação, cabe ao calculista
essa classificação.

59
9º – ÍNDICE DE ESBELTEZ
Obtido o valor do comprimento equivalente, é possível calcular o
índice de esbeltez do pilar e classifica-lo:

12 ⋅ 𝑙𝑙𝑒𝑒𝑒𝑒 12 ⋅ 𝑙𝑙𝑒𝑒𝑒𝑒
𝜆𝜆𝑦𝑦 = 𝜆𝜆𝑥𝑥 =
ℎ𝑥𝑥 ℎ𝑦𝑦

12 ⋅ 279 12 ⋅ 280
𝜆𝜆𝑦𝑦 = 𝜆𝜆𝑥𝑥 =
14 30

𝜆𝜆𝑦𝑦 = 69 → 𝜆𝜆1𝑦𝑦 ≤ 𝜆𝜆𝑦𝑦 ≤ 90 𝜆𝜆𝑥𝑥 = 32 → 𝜆𝜆𝑥𝑥 ≤ 𝜆𝜆1𝑥𝑥

𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀 𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒𝑒 𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐

10º – EXCENTRICIDADE DE 2ª ORDEM


Como o pilar é considerado medianamente esbelto em torno do
eixo Y, é necessário o cálculo de 𝑒𝑒2𝑥𝑥 , dado por:

Força normal adimensional:

𝑁𝑁𝑆𝑆𝑆𝑆 540
𝜈𝜈 = → 𝜈𝜈 = → 𝜈𝜈 = 0,60
ℎ𝑥𝑥 ⋅ ℎ𝑦𝑦 ⋅ 𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐 3
14 ⋅ 30 ⋅
1,4

Excentricidade de 2ª ordem:
2
𝑒𝑒2𝑥𝑥
𝑙𝑙𝑒𝑒𝑒𝑒 0,005
𝑒𝑒2𝑥𝑥 = ⋅
10 𝜈𝜈 + 0,5 ⋅ ℎ𝑥𝑥

2792 0,005
𝑒𝑒2𝑥𝑥 = ⋅
10 0,6 + 0,5 ⋅ 14

𝑒𝑒2𝑥𝑥 = 2,53 𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑥𝑥


𝑦𝑦

92
Como o valor obtido para a relação 𝑥𝑥/𝑑𝑑 é de 0,660, a estrutura se
encontra no domínio 4 de deformação (0,628 ≤ 𝑥𝑥/𝑑𝑑 ≤ 1,000).

0,628

0,660
0,000

1,000
0,259

ℎ/𝑑𝑑
−∞ ∞
D1 D2 D3 D4 D4a D5

4º – INDENTIFICAÇÃO DA DEFORMAÇÃO DE REFERÊNCIA


Em cada um dos domínios, existe um ponto de deformação que
não se altera com a mudança da posição da linha neutra. Este ponto é
então utilizado como referência para a determinação das deformações
ao longo da seção. Para o caso do domínio 4, o ponto de deformação de
referência vale:
Domínio 1: 𝜀𝜀𝑦𝑦 = 10 ‰
Domínio 2: 𝜀𝜀𝑦𝑦 = 10 ‰
Domínio 3: 𝜀𝜀𝑐𝑐 = −3,5 ‰
Domínio 4: 𝜀𝜀𝑐𝑐 = −3,5 ‰ 𝜀𝜀𝑐𝑐 = −3,5 ‰
Domínio 4a: 𝜀𝜀𝑐𝑐 = −3,5 ‰
Domínio 5: 𝜀𝜀 3ℎ = −2,0 ‰
7

5º – DEFORMAÇÃO NOS DEMAIS ELEMENTOS


Admitindo que a seção permaneça plana e conhecendo os
valores da deformação de referência e profundidade da linha neutra, é
possível obter a deformação nos demais elementos da seção por uma
simples relação trigonométrica.
𝜀𝜀𝑐𝑐
𝑑𝑑 ′
𝜀𝜀𝑠𝑠′
𝑥𝑥 𝜀𝜀𝑐𝑐 𝜀𝜀𝑠𝑠′ 𝜀𝜀𝑠𝑠
LN 𝑑𝑑 = ′
=
𝑥𝑥 𝑥𝑥 − 𝑑𝑑 𝑥𝑥 − 𝑑𝑑

𝜀𝜀𝑠𝑠
Relações
Vista frontal Vista lateral trigonométricas

112
Uma forma de facilitar o emprego dos ábacos é tratar as variáveis
em termos adimensionais. Deste modo, o mesmo ábaco pode ser
utilizado para seções análogas entre si.

Além disso, como as envoltórias são superfícies tridimensionais,


os ábacos seguem a mesma lógica de representação bidimensional
apresentada anteriormente. Neste caso, são definidos valores para a
força normal adimensional (𝜈𝜈) e plotados segmentos das envoltórias.
Como geralmente os pilares são simétricos, os valores da envoltória
também se tornam espelhados, de modo que seus gráficos podem ser
representados seccionados sem prejuízo às informações.

𝜈𝜈

ENVOLTÓRIAS

𝜇𝜇𝑦𝑦

𝜇𝜇𝑥𝑥
𝜈𝜈 = 1,0 𝜈𝜈 = 0,8

ÁBACO

𝜈𝜈 = 1,2 𝜈𝜈 = 1,4

120
5.
DETALHAMENTO
DE PILARES
ELON MUSK
5.7 – GANCHO DOS ESTRIBOS
O detalhamento do gancho dos estribos pode ser feito de duas
maneiras. Com dobra de 90° para barras nervuradas e comprimento da
ponta reta de 𝑐𝑐90° , ou com dobra de 135° e ancoragem de 𝑐𝑐135° para
barras lisas ou nervuradas.

90° 135°

𝑐𝑐90°
𝑐𝑐135°

Gancho com 90° Gancho com 135°

7 𝑐𝑐𝑐𝑐 5 𝑐𝑐𝑐𝑐
𝑐𝑐90° ≥ � 𝑐𝑐135° ≥ �
10 ⋅ ∅𝑡𝑡 5 ⋅ ∅𝑡𝑡

5.8 – TUBULAÇÃO EMBUTIDA


Apesar de não ser uma prática muito recomendada devido à
possibilidade de vazamentos e comprometimento da armadura, a ABNT
NBR 6118:2023 permite que tubulações sejam embutidas em pilares,
desde que sejam respeitadas as seguintes condições:

1. A área de concreto da seção transversal (descon-


siderando a área do furo) deve respeitar o limite
mínimo de 360 cm2;

2. Isolamento adequado para passagem de fluidos


com 15°C de diferença da temperatura ambiente;

3. Pressão interna da tubulação inferior a 0,3 MPa;

4. Existência de abertura para drenagem.

130
5.9.3 – PILARES COM ELEVADA REDUÇÃO DE SEÇÃO
Nas situações em que a redução de
seção do pilar necessite de uma inclinação
maior que 1:4 (horizontal : vertical) para a
continuidade das barras longitudinais, é
necessário adotar chumbadores no deta- 𝑙𝑙0 > ℎ/4
lhamento, ou seja, barras adicionais para a
ancoragem das armaduras. Dessa forma,

as barras do pavimento inferior devem ser 𝑑𝑑0

interrompidas a uma distância 𝑑𝑑0 da face 𝑙𝑙0 +
superior da laje. 2

5 𝑐𝑐𝑐𝑐
𝑑𝑑0 ≥ �
4 ⋅ ∅𝑙𝑙

5.10 – ESTRIBOS SUPLEMENTARES


A proteção contra flambagem
promovida pelos estribos poligonais
é garantida apenas para as barras
longitudinais situadas em seus can-
tos e até mais duas outras barras em
cada direção situadas no máximo à
distância de 20 ∅𝑡𝑡 do canto. Quando 20 ∅𝑡𝑡 20 ∅𝑡𝑡
houver mais de duas barras nesse
trecho ou barras fora dele, devem
haver estribos suplementares para
promover a proteção das barras
excedentes.

O estribo suplementar pode 20 ∅𝑡𝑡 20 ∅𝑡𝑡


ser constituído por outro estribo
poligonal ou por uma barra reta com
ganchos (semelhante a um “S”). Tais
ganchos devem envolver a barra
longitudinal.
20 ∅𝑡𝑡 20 ∅𝑡𝑡
132
𝐿𝐿
𝑙𝑙𝑒𝑒 = 𝐿𝐿
𝑏𝑏

Livre-livre

𝐿𝐿
𝑙𝑙𝑒𝑒 = 2
𝛽𝛽
𝐿𝐿 1+
3
𝑏𝑏
Com 𝑙𝑙𝑒𝑒 ≥ 0,3 ⋅ 𝐿𝐿

Apoio-livre

Se 𝛽𝛽 ≤ 1:
𝐿𝐿
𝑙𝑙𝑒𝑒 =
1 + 𝛽𝛽2
𝐿𝐿
𝑏𝑏 Se 𝛽𝛽 > 1:
𝐿𝐿
𝑙𝑙𝑒𝑒 =
2 ⋅ 𝛽𝛽
Apoio-apoio

Se 𝛽𝛽 ≥ 7,0:

𝑙𝑙𝑒𝑒 = 2 ⋅ 𝑏𝑏 ≤ 𝐿𝐿
𝐿𝐿
𝑏𝑏 Se 𝛽𝛽 < 7,0:
Calcular como
Apoio-livre
Livre-engaste

142
6.3.4 – EXEMPLO DE CÁLCULO: ARMADURA LONGITUDINAL
Caso o pilar-parede tenha uma esbeltez inferior a 35 em torno da
direção de menor rigidez, não é necessário calcular o efeito localizado de
2ª ordem e o dimensionamento de cada lâmina é realizado da mesma
forma que um pilar comum, conforme já discutido no capítulo 4. Neste
exemplo é demonstrado o passo a passo para calcular um pilar-parede
sujeito ao fenômeno de instabilidade localizada.
DADOS:

Materiais:
• 𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐 = 35 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀
𝑀𝑀𝑥𝑥 𝑁𝑁
• 𝑓𝑓𝑦𝑦𝑦𝑦 = 500 𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀𝑀

Geometria:
• 𝐿𝐿 = 300 𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑀𝑀𝑦𝑦
• ℎ𝑦𝑦 = 240 𝑐𝑐𝑐𝑐
20 𝑐𝑐𝑐𝑐
• ℎ𝑥𝑥 = 20 𝑐𝑐𝑐𝑐

Solicitações:
• 𝑁𝑁𝑆𝑆𝑆𝑆 = 7200 𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝑀𝑀𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆,𝐴𝐴 = 140 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑥𝑥
• 𝑀𝑀𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆,𝐵𝐵 = −84 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘
• 𝑀𝑀𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆,𝐴𝐴 = ±1600 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑦𝑦
• 𝑀𝑀𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆𝑆,𝐵𝐵 = ±1600 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘

7200 140 ±1600

7200 −84 ±1600


DEN (𝒌𝒌𝒌𝒌) DMF-My (𝒌𝒌𝒌𝒌𝒌𝒌) DMF-Mx (𝒌𝒌𝒌𝒌𝒌𝒌)

Como a ação do vento pode incidir sobre a edificação em todas


as direções e o pilar-parede é o elemento responsável por absorver tais
esforços horizontais, o seu momento fletor solicitante é geralmente
considerado em ambos os sentidos da direção de maior rigidez.
145
Momento fletor total:

𝑙𝑙𝑒𝑒2 ⋅ 0,005
𝑀𝑀𝑑𝑑𝑑𝑑,𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡,𝐹𝐹2 = 𝛼𝛼𝑏𝑏𝑏𝑏 ⋅ 𝑀𝑀𝑦𝑦,𝐹𝐹2 + 𝑁𝑁𝑡𝑡,𝐹𝐹2 ⋅ ; 𝜈𝜈 + 0,5 ≥ 1
10 ⋅ ℎ𝑥𝑥 ⋅ 𝜈𝜈 + 0,5

32 ⋅ 0,005
𝑀𝑀𝑑𝑑𝑑𝑑,𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡,𝐹𝐹2 = 0,6 ⋅ 43,1 + 2050 ⋅
10 ⋅ 0,20 ⋅ 0,68 + 0,5

𝑀𝑀𝑑𝑑𝑑𝑑,𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡,𝐹𝐹1 = 64,9 𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘𝑘

7º.4 – CÁLCULO DAS ARMADURAS


Admitindo a distância de 𝑑𝑑 ′ = 4 𝑐𝑐𝑐𝑐, barras de 20 mm e com
base nos dados calculados, a quantidade de armadura que gera uma
envoltória resistente capaz de resistir às solicitações da faixa F2 vale:

ℎ𝑥𝑥 ; 𝑎𝑎𝑖𝑖 ; 𝑑𝑑′


𝑓𝑓𝑐𝑐𝑐𝑐 ; 𝑓𝑓𝑦𝑦𝑦𝑦
𝑅𝑅𝑑𝑑 = 𝑆𝑆𝑑𝑑 → 8 ∅ 16 𝑚𝑚𝑚𝑚
𝑁𝑁𝑡𝑡,𝐹𝐹1
𝑀𝑀𝑑𝑑𝑑𝑑,𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡,𝐹𝐹1

8º – DETALHAMENTO DO PILAR-PAREDE
O último passo para completar o dimensionamento das armadu-
ras longitudinais do pilar-parede é simplesmente juntar as barras de cada
faixa para sua respectiva localização.

2 × 7 ∅ 16 𝑚𝑚𝑚𝑚 2 × 4 ∅ 16 𝑚𝑚𝑚𝑚

2 × 4 ∅ 16 𝑚𝑚𝑚𝑚 2 × 7 ∅ 16 𝑚𝑚𝑚𝑚

Observe que ao realizar o dimensionamento considerando o efei-


to localizado de 2ª ordem, naturalmente mais barras são dispostas nas
extremidades laterais do pilar-parede, reforçando-o contra este tipo de
instabilidade.

152
6.3.5 – ARMADURA TRANSVERSAL EM PILARES-PAREDE
Assim como as barras longitudinais, as armaduras transversais
nos pilares-parede também estão sujeitas a esforços de flexão. Como os
pilares-parede são elementos de superfície, suas deformações na direção
transversal nem sempre são uniformes. Essa característica gera esforços
internos adicionais (em comparação com elementos lineares) que devem
ser resistidos por suas armaduras longitudinais e transversais. Este fato é
facilmente observado pelo padrão de deformação de um pilar-parede
em U, ilustrado abaixo. Perceba que a deformação da superfície flexiona
tanto no sentido longitudinal como também no transversal

A maneira mais adequada de determinar a armadura transversal


para pilares-parede é através da simulação da estrutura como elementos
de placa, para que sejam determinados os esforços de flexão e então
calculada a armadura transversal necessária para atender a tais solicita-
ções. Contudo, para facilitar este tipo de análise, a ABNT NBR 6118:2023
também permite que, na ausência destes cálculos, seja considerada uma
taxa mínima de 25% da armadura longitudinal por metro da maior face
da lâmina calculada

É importante destacar que, além


da presença da armadura transversal, o
detalhamento dos estribos suplementares
discutidos no tópico 5.10 também é
necessário no detalhamento dos pilares-
parede para a proteção contra a flamba-
gem das barras longitudinais

153
7º – COEFICIENTE DE FLUÊNCIA
O coeficiente de fluência é um fator que mede o quão exposto o
concreto está para a ocorrência do fenômeno da fluência. Para isso,
devemos levar em consideração fatores como a umidade média do
ambiente (𝑈𝑈), a espessura fictícia (ℎ𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 ), o tempo de desforma (𝑡𝑡0 ) e a
classe do concreto.

A espessura fictícia do concreto representa um fator que


relaciona a área exposta da superfície da estrutura com as condições
atmosféricas. Essa medida desempenha um papel crucial no cálculo da
fluência, uma vez que está diretamente associada à perda de água do
concreto para a atmosfera. Quanto mais exposta a estrutura estiver,
maior será a sua dissipação de água para o meio ambiente, resultando
em uma degradação proporcional da rigidez e resistência à fluência. O
seu cálculo é dado por:

2 ⋅ 𝐴𝐴𝑐𝑐
ℎ𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 =
𝑢𝑢

𝐴𝐴𝑐𝑐 : área bruta da seção transversal;


𝑢𝑢: perímetro da seção exposto à secagem (em contato com a atmosfera).

Admitindo que sejam executadas alvenarias


sobre as vigas, a espessura fictícia do pilar vale:

𝐴𝐴𝑐𝑐 = ℎ𝑥𝑥 ⋅ ℎ𝑦𝑦 → 𝐴𝐴𝑐𝑐 = 19 ⋅ 50 → 𝐴𝐴𝑐𝑐 = 950 𝑐𝑐𝑚𝑚2

𝑢𝑢 = ℎ𝑥𝑥 + ℎ𝑦𝑦 + ℎ𝑦𝑦 − 24 → 𝑢𝑢 = 19 + 50 + 50 − 24

𝑢𝑢 = 95 𝑐𝑐𝑐𝑐
ℎ𝑦𝑦

2 ⋅ 𝐴𝐴𝑐𝑐 2 ⋅ 950 ℎ𝑥𝑥


ℎ𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 = → ℎ𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 =
𝑢𝑢 95
ℎ𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓𝑓 = 20 𝑐𝑐𝑐𝑐 24

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