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Concreto Armado I – Notas de Aula

Lajes em Concreto Armado


Prof. João Batista - Depto. Engenharia Estrutural e Construção Civil
Universidade Federal do Ceará
última revisão: 10 de julho de 2022

Sumário
1 Introdução 3

2 Noções de comportamento estrutural de lajes 3

3 Classificação das lajes 3

4 Carregamentos nas lajes 6


4.1 Carregamentos diretos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
4.2 Carregamentos indiretos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

5 Sistemas estruturais de lajes em edifícios 6


5.1 Laje maciça apoiada em vigas de bordo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
5.2 Laje maciça diretamente apoiada sobre os pilares . . . . . . . . . . . . . 7
5.3 Laje nervurada apoiada em vigas de bordo . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
5.4 Laje nervurada apoiada sobre vigas-faixa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
5.5 Laje nervurada apoiada sobre maciços . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

6 Teoria de Placas 11
6.1 Teoria de Placas Finas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6.1.1 Teoria de Vigas de Euler-Bernouilli . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
6.1.2 Equações da Teoria de Kirchhoff para placas . . . . . . . . . . . . 13
6.2 Teoria de Placas Espessas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
6.3 Condições de apoio das placas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

7 Métodos Simplificados 19
7.1 Método de Marcus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
7.2 Considerações sobre a Utilização do método . . . . . . . . . . . . . . . . 21
7.3 Exemplo - cálculo de esforços empregando Marcus . . . . . . . . . . . . . 21
8 Cálculo de Armaduras 22
8.1 Lajes maciças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
8.2 Consideração do momento torçor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
8.3 Lajes nervuradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
8.4 Lajes pré-moldadas com vigotas ou treliças . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

9 Detalhamento de armaduras em lajes 24


9.1 Lajes convencionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
9.2 Lajes nervuradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

10 Cálculo integrado de lajes e vigas 24


10.1 Modelo baseado em grelha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

11 Método dos Elementos Finitos 24

12 Dimensionamento à Punção 24
12.1 Recomendações da NBR6118 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
12.2 Definição de tensão solicitante nas superfícies críticas . . . . . . . . . . . 25

13 Prescrições Normativas e Construtivas Adicionais 25

2
1 Introdução
As lajes são classificadas como elementos planos (uma dimensão muito pequena em
relação às outras duas) recebendo carregamentos preponderantemente perpendiculares
ao seu plano. Nos edifícios, constituem normalmente os pisos e os tetos.
O concreto, armado ou protendido, praticamente não tem concorrência com outros
materiais para o projeto e execução de lajes. Nas estruturas metálicas, por exemplo, as
lajes em geral são de concreto ou mistas de aço e concreto.
O projeto de lajes envolve a definição do tipo de laje, a determinação dos carre-
gamentos atuantes e ações correspondentes, o cálculo de esforços solicitantes, de seção
transversal e armadura e a verificação de estados limites de serviço (deformações exces-
sivas, fissuração excessiva e limites para vibrações).
Existe hoje em dia uma enorme variedade de sistemas construtivos e opções para
o projeto de lajes de concreto. O sistema clássico laje–viga–pilar aparece apenas como
mais uma alternativa.
O cálculo dos esforços nas lajes também apresentou grande evolução nos últimos
anos, principalmente devido à disponibilidade de recursos computacionais. Métodos de
cálculo mais rigorosos permitem a avaliação precisa de esforços em lajes considerando
diversas condições de carregamento e apoio, geometrias complexas, interação com as
vigas do pavimento e e a simulação mais precisa do comportamento dos materiais.

2 Noções de comportamento estrutural de lajes


Para entender o funcionamento estrutural das lajes, pode-se partir da análise de
uma viga “chata”, cuja altura seja muitas vezes inferior a sua largura e que se destina a
funcionar como piso, simplesmente apoiada em seus extremos. Neste caso, supondo que
não há impedimento na direção transversal, desenvolvem-se o momento fletor e o esforço
cortante na direção longitudinal. O caso é de flexão simples, que pode ser chamado de
flexão cilíndrica. O dimensionamento desta laje à flexão poderia ser feito da mesma
forma que para uma viga, distribuindo-se a armadura ao longo da largura.
Considerando a mesma situação anterior, considere-se que mais dois apoios sejam
colocados ao longo das bordas livres da viga. Estas bordas extremas não poderão se
deslocar mais na vertical, enquanto o trecho entre elas está livre para se deslocar. Devido
a esta deformação transversal aparece flexão na direção perpendicular à “viga”, gerando
momentos fletores numa direção perpendicular à direção de flexão original.

3 Classificação das lajes


Para fins meramente didáticos, sem a intenção de englobar todos os casos, e consi-
derando apenas as lajes retangulares, pode-se classificá-las segundo os critérios a seguir:
1. Quanto ao comportamento estrutural
• apoiadas em uma direção
quando a relação entre o maior e o menor vão é elevada, o comportamento da

3
laje é predominantemente ao longo da direção menor, e o seu funcionamento
se assemelha ao de vigas colocadas lado a lado. Também as lajes com vigotas
pré-moldadas ou lajes nervuradas com nervuras unidirecionais se enquadram
neste caso. Deve-se salientar que isto é uma simplificação, já que sempre há
momentos na outra direção, embora pequenos.
• apoiadas em duas direções
neste caso, o efeito de placa é pronunciado e surgem momentos fletores nas
duas direções perpendiculares. Além disso a flexão em uma direção provoca
torção na outra direção, notadamente nos cantos.
2. Quanto à forma de apoio
• lajes apoiadas sobre elementos lineares (vigas, paredes)
lajes apoiadas sobre vigas, paredes ou baldrames estão neste grupo. As rea-
ções de apoio da laje sobre estes elementos estruturais são consideradas cargas
distribuídas sobre linhas.
• lajes apoiadas sobre pequenas áreas (lisas, cogumelo)
nestes casos, estão as lajes que se apóiam diretamente sobre pilares, pilare-
tes, tirantes. A presença de uma carga elevada distribuída sobre uma área
pequena caracteriza a possibilidade de ocorrência de punção.
3. Quanto ao tipo de seção transversal
• lajes maciças
Estas são as lajes convencionais, com espessuras não muito elevadas. Sua
seção transversal é retangular (para uma faixa de 1m).
• lajes nervuradas
As seções transversais destas lajes são compostas por nervuras cobertas por
uma capa fina de concreto. Nos espaços entre as nervuras pode existir mate-
rial não-estrutural (por exemplo, tijolos cerâmicos ou blocos de isopor).
• Lajes com elementos pré-moldados
Neste caso, colocam-se vigotas pré-moldadas de concreto armado (ou treliças
com base), entre as quais são encaixados tijolos cerâmicos ou outros materiais.
Em seguida, uma capa superior de concreto é lançada e solidariza o conjunto.
• vigotas e tijolos/blocos
Utilizado principalmente para pequenos vãos, este tipo de laje é bastante
econômico pois dispensa o uso de formas e, muitas vezes, também não
precisa de escoramento. O comportamento estrutural é predominante-
mente unidirecional.
• treliças e tijolos/blocos
Semelhante ao sistema anterior, porém as vigotas são substituídas por
armaduras treliçadas assentadas em mini-bases pré-moldadas. Com este
esquema e usando blocos de enchimento especiais pode-se colocar ar-
madura na direção transversal e obter uma laje que trabalha nas duas
direções.

4
capa de concreto

tijolo ou bloco de material leve vigota

Figura 1: Seção transversal longitudinal de laje com vigotas pré-moldadas


capa de concreto

tijolo ou bloco de material leve vigota

Figura 2: Seção transversal longitudinal de laje com treliças em bases pré-moldadas

4. Quanto ao tipo de armadura

• lajes apenas com armadura passiva


São as lajes em que não é aplicado pré-esforço na armadura.
• com armadura montada in loco
Este é o esquema tradicional em que a malha de armadura é montada e
amarrada na própria obra.
• com tela soldada
Este é um esquema mais industrializado no qual as telas ou malhas são
adquiridas junto ao fornecedor e colocadas diretamente na posição reque-
rida.
• lajes com armadura ativa (protendidas)
São lajes onde se aplicam tensões prévias na armadura (chamada ativa) que
comprime o concreto, com o objetivo de aumentar a resistência à flexão por
meio da minimização ou a eliminação das tensões de tração. As armaduras
ativas podem ser tracionadas antes ou depois do concreto adquirir resistên-
cia (pré-tensão ou pós-tensão) e serem aderentes ou não ao concreto. Este
documento não contempla o projeto de lajes com armadura protendida.

Esta classificação é meramente didática, e não esgota as possibilidades existentes


(e em desenvolvimento) para as lajes. O engenheiro deve estar sempre atualizado em

5
relação a novos sistemas de piso que surgem no mercado e passam a concorrer com os
existentes.

4 Carregamentos nas lajes


4.1 Carregamentos diretos
Os principais carregamentos diretos sobre as lajes são o peso próprio, o peso de
pavimentação e revestimentos, peso de paredes colocadas diretamente sobre a laje e a
sobrecarga de utilização.
A Tabela 2 da Norma NBR6120 estabelece valores mínimos de sobrecarga de utili-
zação em função da finalidade da estrutura. Alguns destes valores são apresentados na
Tabela 1.

Tabela 1: Sobrecargas de utilização


Local Carga (kN/m2 )
corredores com acesso ao público 3,0
sem acesso ao público 2,0
edifícios residenciais dormitórios, sala, copa, cozinha e banheiro 1,5
despensa, área de serviço e lavanderia 2,0
escadas com acesso ao público 3,0
sem acesso ao público 2,5
forros sem acesso a pessoas 0,5
escritórios Salas de uso geral e banheiro 2,0
forros sem acesso a pessoas 0,5

O peso de pavimentação e revestimento deve incluir os elementos acima e abaixo


da laje, como pisos, enchimentos e forros. É freqüente não haver essa informação na
fase de projeto, devendo-se recorrer a estimativas ou trabalhar com as hipóteses mais
desfavoráveis.

4.2 Carregamentos indiretos


Os carregamentos indiretos nas lajes são devidos principalmente à variação de tem-
peratura e retração do concreto.

5 Sistemas estruturais de lajes em edifícios


Existe hoje em dia uma enorme variedade de possibilidades estruturais para os pisos
dos pavimentos, em contraste com a predominância quase absoluta dos sistemas laje
maciça ou laje nervurada apoiada em vigas de alguns anos atrás. Na busca de soluções
mais econômicas e com o auxílio de ferramentas numéricas avançadas de cálculo, pode-
se conceber soluções estruturais as mais diversas para os pavimentos, em função do

6
projeto arquitetônico, da disponibilidade de materiais e tecnologias (e.g. caixotes para
lajes nervuradas, protensão) e de fatores econômicos.
Nesta seção serão apresentadas algumas opções que vêm sendo utilizadas nos edi-
fícios. Combinações destas soluções são também possíveis e é impossível indicar uma
opção ideal para algum caso, cabendo ao projetista analisar as condições do projeto e,
se conveniente, propor mais de uma alternativa para a solução estrutural. Moderna-
mente, observa-se uma tendência a diminuir a quantidade de vigas nos pavimentos ou
até mesmo de eliminá-las devido ao alto custo e tempo de execução das vigas moldadas
in loco.

5.1 Laje maciça apoiada em vigas de bordo


Este sistema, que pode ser chamado de convencional, predominou na construção
civil durante muitos anos e ainda é empregado em boa parte das estruturas de edifícios
atuais. As lajes e vigas em geral se alinham pela sua face superior, a não ser no caso de
vigas invertidas. Em termos de vãos, em geral são utilizadas até 7 ou 8 metros, a partir
daí se tornando pouco econômicas devido à elevação do peso próprio.

5.2 Laje maciça diretamente apoiada sobre os pilares


Este tipo de laje é normalmente conhecida como laje cogumelo. O apoio das lajes
sobre os pilares pode ser feito com alargamento da seção do pilar, o que é conhecido
como capitel.
O principal problema deste tipo de solução é a tendência de puncionamento da
laje, que deve ser verificada para este tipo de solicitação. Como vantagem, destaca-se
a ausência de vigas, o que economiza em termos de forma e também o bom aspecto
estético e a flexibilidade na ocupação dos pavimentos.

5.3 Laje nervurada apoiada em vigas de bordo


As lajes nervuradas podem se apoiar em vigas em sua periferia. Este esquema estru-
tural é bastante tradicional e é semelhante ao sistema convencional. Uma representação
esquemática pode ser vista na Figura 4.

5.4 Laje nervurada apoiada sobre vigas-faixa


Caso se deseje obter uma laje lisa, com as vantagens citadas anteriormente, pode-se
utilizar vigas-faixa da mesma altura das lajes nervuradas.
É preciso tomar cuidado com a deformabilidade do sistema uma vez que as vigas-
faixa têm alturas relativamente baixas. Protensão aplicada apenas às faixas ou às faixas
e nervuras pode ser uma boa opção. Este esquema está representado na Figura 5.

7
Planta de Forma
Corte na Laje

L1 (h=10)

Planta de Armadura
φ 6.4c14

φ 5c14

φ 5c12
φ 6.4c14

Encontro Laje−Viga

Figura 3: Exemplo de sistema de lajes convencional

5.5 Laje nervurada apoiada sobre maciços


Outra opção para laje lisa é apoiar a laje nervurada em maciços, o que se obtém
simplesmente retirando as formas em volta dos pilares de apoio. Neste caso deve-se
dimensionar para o efeito de puncionamento na região dos maciços. A utilização de
protensão também é recomendável.

8
Planta de Forma
Mesa

L1 (h=35)

Nervuras

Armadura da Mesa

Planta de Armadura
2 φ 12.5(nerv.)
2 φ4.2(mesa)

2 φ 12.5(nerv.)
Forma da Celula
2 φ 4.2(mesa)

Forma da Laje
Armadura da Nervura

Figura 4: Exemplo de sistema de lajes nervuradas apoiadas em vigas

Figura 5: Exemplo de sistema de lajes nervuradas apoiadas em vigas-faixa

9
Figura 6: Exemplo de sistema de lajes nervuradas apoiadas em maciços junto aos pilares

10
6 Teoria de Placas
A Teoria de placas finas ou espessas fornece a base para a solução do problema
do cálculo de esforços em lajes por métodos analíticos ou semi-analíticos. As placas
finas são aquelas em que as deformações por cisalhamento transversal são desprezadas,
enquanto nas placas espessas estas deformações são consideradas.
Em ambas as teorias o domínio do problema consiste em uma região no plano (x, y)
com uma espessura constante t na direção z, submetida a um carregamento q(x, y) para-
lelo a z e sob determinadas condições de apoio (no contorno). O campo de deslocamentos
é dado por

u = u(x, y, z) v = v(x, y, z) w = w(x, y),

ou seja, o deslocamento transversal é o mesmo ao longo da altura da placa.

Figura 7: Tensões em um elemento de placa

6.1 Teoria de Placas Finas


Esta teoria pode ser vista como uma extensão da teoria de vigas de Euler-Bernouilli
para placas, que será apresentada aqui como uma introdução ao problema. É aplicável
para placas cuja razão entre espessura e demais dimensões no plano (x,y) seja pequena.

6.1.1 Teoria de Vigas de Euler-Bernouilli


Nesta teoria, o campo de deslocamentos é dado por (Figura 8):
dv
u(x, y) = −y sin θ ≈ −y v(x, y) = v0 (x) + y(1 − cos θ) ≈ v0 (x)
dx
onde se considerou o giro θ pequeno. A partir dos deslocamentos pode-se obter as
deformações
du d2 v dv du dv
ǫx = = −y 2 = yκz ǫy = =0 γxy = + = 0,
dx dx dy dy dx

11
d v 2
onde se assumiu que a curvatura pode ser expressa pela sua forma simplificada κ = − dx 2,

e o sinal negativo é utilizado para compatibilizar o sinal de κ com o sinal do momento


fletor (momentos positivos levam a tração nas fibras inferiores). 1

x, u

u
v0
y, v

Figura 8: Deslocamentos no modelo de vigas de Euler-Bernouilli

Com estas hipóteses cinemáticas, conclui-se que cada fibra está em um estado uni-
axial de tensões. Este campo de deslocamentos é aplicável para vigas submetidas à
flexão pura (momento fletor constante) e é geralmente admitido como boa aproximação
para vigas submetidas à flexão com cisalhamento (flexão simples), desde que a viga seja
esbelta.
Neste último caso é incoerente a consideração de tensões de cisalhamento (τxy ) nulas
pois são estas tensões que, integradas ao longo da seção transversal, geram o esforço
cortante que está necessariamente presente no caso de flexão simples (a equação de
equilíbrio das vigas exige a presença do esforço cortante).
Admitindo-se que as tensões normais da flexão pura sejam corretas, pode-se obter
a expressão para as tensões de cisalhamento τxy através de
V (x)Q(y)
τxy (x, y) =
I(x)b(y)
onde V é o esforço cortante, Q é o momento de primeira ordem da seção da posição y até
sua extremidade, I o momento de inércia e b a largura da seção no ponto considerado.
Conclui-se então que a distribuição de tensões é parabólica ao longo da altura da
viga (no caso de seção retangular). Esta incoerência entre modelo cinemático (γxy = 0)
d2 v
1 dx2
A expressão correta da curvatura é κ = 2 3
, obtida a partir da geometria diferencial da curva
(1+ dv
dx )
2
dv 2
v(x). Admitindo pequenos deslocamentos para a viga, a parcela ( dx ) pode ser desprezada em presença
da unidade.

12
e estático (τxy 6= 0) é conseqüência de se ter admitido a hipótese de seções planas.
Uma distribuição de tensões de cisalhamento ao longo da altura de uma seção leva a
deformações angulares que tendem a tornar a seção não plana.
As equações de equilíbrio de um elemento da viga, de largura dx, submetido a flexão
simples com carregamento distribuído q(x), são:
dV dM
= −q(x) =V (1)
dx dx
e derivando a segunda destas equações, chega-se a:
d2 M
= −q(x) (2)
dx2
O momento fletor pode ser obtido pela integração das tensões normais na seção
Z
M = σx ydA, (3)

e com comportamento linear elástico do material (lei de Hooke), tem-se


d2 v
Z Z Z
M = Eǫx ydA = (yκz )ydA = Eκz y 2dA = EIκz = −EI 2 . (4)
dx
Derivando duas vezes o primeiro e o último termos de (4) obtém-se a conhecida equação
da linha elástica:
d4 v
EI 4 + q(x) = 0. (5)
dx

6.1.2 Equações da Teoria de Kirchhoff para placas


As hipóteses cinemáticas (deslocamentos) para as placas finas (ou placas de Kirchhoff-
Love) são obtidas a partir da aplicação das hipóteses anteriores nas duas direções da
placa:
∂w ∂w
u = −z v = −z w = w(x, y), (6)
∂x ∂y
ou seja, seções planas permanecem planas e perpendiculares à superfície neutra. As de-
formações são obtidas a partir das derivadas dos deslocamentos, através das expressões:
2 2
ǫx = ∂u = −z ∂ w2 = zκx γxy = ∂u + ∂v = −2z ( ∂ w ) = zκxy
∂x ∂x ∂y ∂x ∂x∂y
2
ǫy = ∂v = −z ∂ w2 = −zκy γxz = ∂u + ∂w = 0 (7)
∂y ∂y ∂z ∂x

ǫz = ∂w = 0 γyz = ∂v + ∂w = 0
∂z ∂z ∂y
Nas expressões anteriores são válidas as observações feitas sobre a curvatura nas vigas
de Euler, ou seja, aproximações pela derivada segunda e consideração do sinal negativo:
∂2w ∂2w ∂2 w
κx = − κy = − κxy = −2( ) (8)
∂x2 ∂y 2 ∂x∂y

13
Analogamente à teoria de vigas esbeltas de Euler-Bernoulli, as deformações por
cisalhamento transversal γxz e γyz seriam nulas a partir das equações anteriores. Con-
sequentemente as tensões de cisalhamento τxz e τyz também seriam nulas. No entanto,
nas placas carregadas transversalmente surgem tensões de cisalhamento transversal que
integradas ao longo da espessura fornecem esforços cortantes que são essenciais para o
equilíbrio da placa, como se verá nas equações a seguir.
As relações entre tensões e deformações no caso linear elástico (lei de Hooke) são
obtidas por especialização do caso tridimensional, considerando que cada fibra ao longo
da espessura está submetida a um estado plano de tensões.
E E E
σx = (ǫx − νǫy ) σy = (ǫy − νǫx ) τxy = Gγxy = γxy (9)
1 − ν2 1 − ν2 2(1 + ν)

ou matricialmente
1 −ν 0
    
 σx  E   ǫx 
σy = −ν 1 0  ǫy (10)
 1 − ν2 1 − ν  γxy 
τxy 0 0

2
Esforços Resistentes
Como já foi mencionado, devem existir tensões tangenciais τxz e τyz que integradas
ao longo da espessura da placa fornecem os esforços cortantes (por unidade de compri-
mento): Z Z
Vx = τxz dz Vy = τyz dz (11)

Os momentos fletores (por unidade de comprimento) são definidos a partir da integração


das tensões normais ao longo da altura: 2
Z h/2 Z h/2
Mx = σx z dz e My = σy z dz (12)
−h/2 −h/2

A presença das tensões tangenciais τxy lineares ao longo da espessura dá origem a um


momento de torção Mxy : Z
Mxy = τxy z dz (13)

Usando as expressões anteriores é possível montar as relações entre momento e


curvatura para as placas. Substituindo o valor de σx em Mx ,

Zh/2 Zh/2
E E 2
Mx = (ǫx − νǫy )z dz = 2 (−κx − νκy )z dz =
1 − ν2 1−ν (14)
−h/2 −h/2
3
Eh (κx − νκy )
12(1 − ν 2 )
2
Existem outras convenções de sinais para os momentos na literatura. Neste texto procurou-se
conservar a condição de momentos positivos conforme a convenção usual na análise de lajes.

14
e de forma análoga. obtém-se para My e Mxy

Eh3
My = (κy − νκx ) (15)
12(1 − ν 2 )

Eh3
Mxy = (κy − νκx ) (16)
12(1 − ν 2 )
A grandeza D = Eh3 /12(1−ν 2) é a rigidez à flexão da placa isotrópica. É importante
observar a semelhança com a rigidez à flexão de vigas.
A Figura (9) apresenta os sentidos positivos dos esforços resistentes por unidade de
comprimento da placa. Nas faces opostas (não visíveis) os esforços atuam em sentidos
contrários.

My Mx

Myx Mxy

Vy Vx

Figura 9: Esforços resultantes nas faces do elemento

Através da consideração de um elemento infinitesimal pode-se deduzir as equações


de equilíbrio das placas. A expansão das funções é feita a partir de séries de Taylor, por
exemplo
∂Mx (x, y)
Mx (x + dx, y) = Mx (x, y) + dx.
∂x
O somatório de forças na direção vertical fornece
∂Vx ∂Vy
Vx dy + Vy dx − (Vx + dx)dy − (Vy + dy)dx − q(x, y)dxdy = 0 (17)
∂x ∂y
e após simplificação, chega-se a
∂Vx ∂Vy
+ + q(x, y) = 0. (18)
∂x ∂y

15
x Myx
z

My
x
Vy

Mxy Mxy + dMxy


Vx Vx + dVx
Mx Mx + dMx

Vy + dVy

My + dMy

Myx + dMyx

Figura 10: Esforços resultantes em um elemento de placa

A somatória dos momentos fletores em torno de y leva a


∂Mxy
Mx dy + Mxy dx − (Mx + ∂Mx dx)dy − (Mxy + dy)dx+
∂x ∂y (19)
(Vx + ∂Vx dx)dydx + q(x, y)dxdy dx
2 =0
∂x
que, após simplificação e eliminação de termos de ordem mais alta levam a
∂Mx ∂Mxy
+ = Vx . (20)
∂x ∂y
De forma análoga, a consideração de equilíbrio de momentos em torno do eixo x leva a
∂My ∂Myx
+ = Vy . (21)
∂y ∂x

Derivando a Eq. (20) em relação a x e a Eq. (20) em relação a y e somando os resultados,


pode-se obter a equação das placas finas em termos de esforços

∂ 2 mx ∂ 2 mxy ∂ 2 my
+ + + pz = 0. (22)
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
Com o auxílio das relações entre momentos e curvaturas, pode-se finalmente obter a
equação diferencial em termos de deslocamento vertical

∂4w ∂4w ∂4w pz


4 + 2 2 + 4 =
∂x ∂x ∂y ∂y D

16
A solução para um problema de placas finas consiste, então, em resolver as equações
diferenciais apresentadas anteriormente submetidas a condições de contorno especifica-
das, como por exemplo deslocamentos prescritos ou suas derivadas prescritas nos bordos
da placa. A natureza das equações diferenciais parciais do problema impede a obtenção
de soluções analíticas facilmente, a não ser em casos muito específicos, com geometria,
carregamentos e condições de contorno simples.

6.2 Teoria de Placas Espessas


Esta teoria é análoga à teoria de Timoshenko para vigas. Sua principal caracte-
rística é a independência entre as rotações das seções transversais e as derivadas dos
deslocamentos, permitindo a consideração das deformações por cisalhamento.
As hipóteses cinemáticas (deslocamentos) para as placas espessas (ou placas de
Reissner-Mindlin) são

u(x, y, z) = −zθx (x, y) v(x, y, z) = −zθy (x, y) w(x, y, z) = w(x, y)

ou seja, as seções permanecem planas mas não perpendiculares ao eixo deformado, pois
as rotações θx e θy são independentes do deslocamento transversal w (na teoria de Euler-
Bernouilli, as rotações são obtidas a partir das derivadas dos deslocamentos).
As deformações são obtidas a partir dos deslocamentos através das expressões:

ǫx = ∂u = −z ∂θx = −zκx γxy = ∂u + ∂v = −z( ∂θx + ∂θx )


∂x ∂x ∂y ∂x ∂y ∂y
2
γxy = ∂u + ∂v = −2z ( ∂ w ) = −zκxy
∂y ∂x ∂x∂y
2 (23)
ǫy = ∂v = −z ∂ w2 = −zκy γxz = ∂u + ∂w = 0
∂y ∂y ∂z ∂x

ǫz = ∂w = 0 γyz = ∂v + ∂w = 0
∂z ∂z ∂y

6.3 Condições de apoio das placas


Em função da teoria de placas empregada (Kirchhoff ou Reissner), as condições
de bordo a ser aplicadas são diferentes. Não será feita aqui uma análise rigorosa da
aplicação das condições de contorno na solução do problema das placas. Deve-se ter em
mente que as condições de apoio envolvem impedimentos ao deslocamento vertical w e
às rotações θx e θy , sendo que no caso das placas finas estas rotações são obtidas a partir
de derivadas de w.
No caso de placas com lados inclinados (placas não retangulares) as condições de
contorno nos apoios não são de análise simples (deve-se levar em conta rotações normais
e tangenciais à superfície).
Considerando um bordo genérico de uma placa cujos lados são paralelos aos eixos
coordenados x e y (placa retangular) é possível traçar uma analogia com as condições de
apoio de vigas, o que facilita a compreensão (apesar da falta de rigor da comparação).

17
A Figura 11 mostra a analogia entre uma placa simplesmente apoiada e a situação de
uma viga com apoio simples. A rotação em torno do lado da placa é livre, e o movimento
vertical impedido. A diferença em relação ao apoio da viga seria a necessidade de
definição do que acontece com a rotação na direção do lado da placa. Em geral nas
placas simplesmente apoiadas esta rotação é considerada livre.
A Figura 12 apresenta a placa engastada (rotação e deslocamento transversal impe-
didos). A mesma consideração em relação à rotação perpendicular se aplica.

Figura 11: laje simplesmente apoiada e analogia com viga

ϕ=0
m 6= 0

Figura 12: laje engastada e analogia com viga

A Figura 13 mostra uma placa que apresenta continuidade sobre um apoio simples,
e a analogia correspondente de viga. Se os carregamentos, geometria e condições de
apoio dos dois lados são semelhantes, a rotação sobre este apoio será praticamente nula,
configurando uma situação idêntica à de engastamento perfeito. Esta consideração é
freqüentemente aplicada quando se analisam as lajes isoladamente.

18
m 6= 0

ϕ≈0

Figura 13: laje contínua e analogia com viga

7 Métodos Simplificados
7.1 Método de Marcus
O Método de Marcus é um processo simplificado de avaliação de esforços em lajes e
foi durante muitos anos um dos mais utilizados nos projetos estruturais. Ele foi desen-
volvido a partir de outro método simplificado, a Teoria das Grelhas, com coeficientes
obtidos por meio de diferenças finitas. O método permite o cálculo de lajes isoladas
retangulares sob condições de apoio usuais (simplesmente apoiada, engastada) e sua
aplicação é bastante simples. Sua maior vantagem é justamente a facilidade de obten-
ção dos momentos fletores. Sua desvantagem está em fornecer valores de momentos
negativos elevados e, no caso de imposição de continuidade entre lajes, necessitar de
ajuste nos valores dos momentos negativos.
Neste método o lado ℓx é o lado correspondente ao maior número de engastes, e caso
haja igualdade, o menor lado. A razão entre os lados é
ℓy
λ= . (24)
ℓx
O carregamento total na laje p divide-se em duas parcelas correspondentes às duas
direções
p = px + py px = k x p py = k y p (25)
onde o coeficiente kx é obtido igualando a flecha máxima nas duas direções, em função
das condições de apoio, e pode ser obtido a partir da Tabela 2. Os momentos nas duas

19
Tabela 2: coeficientes kx
caso contorno descrição kx

1 4 apoios simples λ4
4
λ +1

2 1 engaste 5λ4
5λ4 + 2

3 2 engastes adjacentes λ4
4
λ +1

4 2 engastes opostos 5λ4


5λ4 + 1

5 3 engastes 2λ4
2λ4 + 1

6 4 engastes λ4
4
λ +1

direções são dados pelas expressões:

px ℓ2x py ℓ2y
Mx = m x
V x My = my Vy
20k λ2
Vx = 1 − 20kx 2 Vy = 1 − 3my (26)
3mx λ y
2 2
p ℓ p y ℓ
Xx = − nx xx Xy = − nyy

onde M designa momentos positivos e X momentos negativos, e os coeficientes mx , my


(para momentos positivos) e nx , ny (para momentos negativos) dependem da condição
de apoio na respectiva direção e podem ser obtidos a partir da Tabela 3.

Tabela 3: Coeficientes m e n no método de Marcus

Situação m n

8 —

14,22 8

24 12

20
7.2 Considerações sobre a Utilização do método
O Método de Marcus foi usado durante décadas no cálculo de esforços em lajes. A
condição de continuidade entre lajes era normalmente feita com a simulação de engas-
tamento entre estas lajes. Esta consideração é razoável quando as lajes têm aproxima-
damente a mesma dimensão e carregamentos semelhantes, quando a diferença entre os
momentos de engastamento calculados pelos dois lados não é significativa. Nos demais
casos o momento fletor sobre o apoio (que deve ser compatibilizado) deve estipulado em
função dos valores obtidos nas fórmulas aproximadas.

7.3 Exemplo - cálculo de esforços empregando Marcus


Suponha que se deseja calcular esforços em duas lajes adjacentes de 5,0×6,0 m,
com a hipótese (neste caso bastante razoável) de que há engastamento na face comum.
O carregamento total, considerado uniformemente distribuído, vale 5,0 kN/m2 . Neste
caso, tem-se
ℓy 5λ4
λ= = 5.0/6.0 = 0, 833 κx = 4 = 0, 5466 → κy = 0, 4534
ℓx 5λ + 2
Os carregamentos em cada direção se tornam

px = κx p = 0, 5466 × 5, 0 = 2, 733 kN/m2

py = p − px = 2, 267 kN/m2
Na direção x (maior número de engastes) o momento positivo será
px ℓ2x 20kx 2, 733 × 6, 02 20 × 0, 5466
Mx = (1 − 2 ) = (1 − ) = 4, 366 kN
mx 3mx λ 14, 22 3 × 14, 22 × 0, 8332
e o momento negativo
px ℓ2x 2, 733 × 6, 02
Xx = − =− = −12, 30 kN
nx 8
Na direção y só surgem momentos positivos
py ℓ2y 20ky λ2 2, 267 × 5, 02 20 × 0, 4534 × 0, 83332
My = (1 − )= (1 − ) = 5, 226 kN
my 3my 8 3×8
Supondo agora que as lajes serão consideradas como simplesmente apoiadas, sem
continuidade, só haverá momentos positivos e o caso a ser considerado é o caso 1. A
direção x é a menor direção. Neste caso, tem-se
ℓy λ4
λ= = 6.0/5.0 = 1, 2 κx = = 0, 675 → κy = 0, 325
ℓx λ4 + 1
Os carregamentos em cada direção se tornam

px = κx p = 0, 675 × 5, 0 = 3, 375 kN/m2

21
py = p − px = 1, 625 kN/m2
Na direção x o momento positivo será
px ℓ2x 20kx 3, 375 × 5, 02 20 × 0, 675
Mx = (1 − 2 ) = (1 − ) = 6, 427 kN
mx 3mx λ 8 3 × 82 × 1, 22
Na direção y os momentos positivos são
py ℓ2y 20ky λ2 1, 625 × 6, 02 20 × 0, 0, 325 × 1, 22
My = (1 − )= (1 − ) = 5, 226 kN
my 3my 8 3×8
Posteriormente, estes valores de momentos obtidos por Marcus serão comparados
com resultados de métodos mais sofisticados.

8 Cálculo de Armaduras
Conhecidos os valores dos momentos fletores por unidade de comprimento, deve-se
calcular as armaduras necessárias. Este cálculo é obviamente função da seção transversal
da laje para a largura de 1,0 m.

8.1 Lajes maciças


O cálculo da armadura para lajes maciças é extremamente simples, já que se pode
considerar uma faixa de largura unitária como uma seção retangular com largura b igual
a 1m e altura em função da altura total da laje e do cobrimento adotado.
Supondo que as lajes cujos momentos fletores foram avaliados pelo processo de
Marcus na Seção 7.3 são maciças, de altura total 10 cm, com cobrimento de 1,5 cm, o
cálculo de armaduras seria feito a partir das expressões de cálculo de seções retangulares,
ou tabelas disponíveis em qualquer livro de concreto armado. Em geral não se emprega
armadura dupla em lajes, por questão de deformabilidade excessiva. O aumento de
altura deve ser a forma preferida de evitar seções superarmadas.
O momento fletor obtido é para uma faixa de 1 m de largura, cuja armadura deve ser
distribuída uniformemente nesta faixa. Para se obter o momento de cálculo Md deve-se
entrar nas equações com a carga previamente majorada. Como esta majoração não foi
feita, e considerando que todo o carregamento é formado por carga acidental e carga
permanente, o valor de cálculo dos momentos Md será obtido por majoração direta do
valor M obtido (Md = γf M).
Considerando o momento positivo Mx de 4,366 kNm para a faixa de 1 m, concreto
de resistência característica à compressão 20 MPa e aço CA50, tem-se
Md 1, 4 × 4, 366
k= 2 = = 0, 07865 < klim (27)
0, 85fcdbd 0, 85 × 20000/1, 4 × 1, 0 × 0, 0802
e a armadura correspondente
0, 85fcdbd √ 0, 85 × 20/1, 4 × 100 × 8 √
As = (1 − 1 − 2k) = (1 − 1 − 2×, 07865) =
fyd 500/1, 15
1, 83 cm2
(28)

22
Esta armadura calculada deve ser distribuída em uma faixa de 1 m. Escolhendo
uma barra de 5mm de diâmetro (0,2 cm2 ), tem-se

100cm — 1, 83 cm2
 
→ e = 10, 9 cm → Φ5c10
e — 0, 2 cm2

Figura 14: Cálculo de armadura em laje maciça

8.2 Consideração do momento torçor


O cálculo das armaduras foi feito no item anterior considerando apenas a atuação do
momento fletor e desprezando a torção. Embora a flexão seja o esforço preponderante
nas lajes, em determinadas situações não se pode desprezar a influência do momento
torçor.

8.3 Lajes nervuradas


A seção transversal da laje nervurada é função do formato das células. Quando
as células tiverem forma de paralelepípedo, pode-se imaginar que são vigas T colocadas
lado a lado. No entanto, como as formas plásticas mais modernas têm superfícies curvas,
a seção transversal resultante teria um formato indicado na Figura xx.
O dimensionamento ideal de lajes nervuradas em concreto armado, no entanto,
deve levar a linha neutra situada na mesa, indicando ductilidade da laje. Neste caso,
independentemente da geometria da forma (plástica ou não) pode-se imaginar que o
cálculo é feito como seção retangular desde que se verifique a condição de linha neutra na
mesa (x ≤ hf ). Deve-se atentar para o fato que as armaduras não são mais distribuídas
em um espaçamento e a ser calculado e sim posicionadas no interior das nervuras.

8.4 Lajes pré-moldadas com vigotas ou treliças


Nestes casos deve-se verificar se a linha neutra está na capa de concreto. Da mesma
maneira que nas lajes nervuradas o espaçamento entre as armaduras de flexão é pré-
determinado. Como as vigotas e treliças são fornecidas com armaduras preestabelecidas,
normalmente o que se faz é uma verificação do processo.

23
9 Detalhamento de armaduras em lajes
Calculadas as armaduras, surge a necessidade de se definir como fazer o detalhe
em planta, visando sempre a economia e a melhor facilidade de execução. O detalhe
das lajes não é feito com o rigor observado, por exemplo, nas vigas. Assim, não são
geralmente calculados pontos de corte de barras, embora isto pudesse ser feito facilmente
com programas sofisticados de análise de esforços.

9.1 Lajes convencionais


9.2 Lajes nervuradas
A armadura principal das lajes nervuradas se situa na parte inferior das nervuras e
é composta normalmente por duas barras.

10 Cálculo integrado de lajes e vigas


A consideração de lajes apoiadas sobre vigas indeformáveis, apesar de simplificar
bastante o processo de cálculo, pode levar a grandes erros na avaliação de esforços. A
deformação conjunta do sistema estrutural do pavimento leva a distribuições dos esforços
bastante diferentes do cálculo de placas isoladas sobre apoios indeformáveis.
Atualmente, a grande disponibilidade de programas de computador para o cálculo
de estruturas torna possível a consideração dos efeitos da deformabilidade das vigas na
análise de pavimentos de concreto armado e protendido.

10.1 Modelo baseado em grelha


Um modelo de análise de pavimentos baseado em grelha consiste em substituir a
laje por uma grelha (sistema reticulado plano com cargas perpendiculares ao plano).
Este esquema é bastante popular em programas de cálculo automático, inclusive com a
consideração de não-linearidades físicas (e.g. fissuração do concreto) a partir da redução
da rigidez das barras da grelha. A geração automática de elementos fica mais fácil do
que no caso de elementos finitos de placa assim como a interpretação dos resultados.

11 Método dos Elementos Finitos


O Método dos Elementos Finitos é o mais popular método de análise numérica
disponível.

12 Dimensionamento à Punção
A atuação de forças distribuídas em áreas pequenas gera uma distribuição de tensões
que pode caracterizar o fenômeno de falha por puncionamento.

24
Os mecanismos resistentes e de ruptura ao puncionamento são bastante complexos,
dependem de diversos fatores como tipo de carregamento, disposição e quantidade das
armaduras, geometria das peças e ainda são objeto de extensivas pesquisas experimen-
tais, teóricas e numéricas.

12.1 Recomendações da NBR6118


O método de verificação à punção preconizado pela NBR6118 se baseia na análise
de tensões convencionais de cisalhamento em duas superfícies críticas, determinadas a
partir dos contornos C e C ′ . O contorno C é o contorno do pilar ou da carga concen-
trada atuante, e o contorno C ′ é afastado 2d do pilar ou carga concentrada. Caso haja
necessidade a ligação deve ser reforçada com armadura transversal.

12.2 Definição de tensão solicitante nas superfícies críticas


• Pilar interno com carregamento simétrico
Fsd dx + dy
τsd = d= (29)
ud 2

• Pilar interno com momento

• Pilar de borda

– quando não agir momento paralelo à borda livre


– quando agir momento paralelo à borda livre

• Pilar de canto

13 Prescrições Normativas e Construtivas Adicionais


Referências

25

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