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ESTRUTURAS DE MADEIRA

CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES NAS ESTRUTURAS


Profª Esp. Paula Janaina Souza Farto

paulajanaina_engcivil@hotmail.com
Classificação das ações
Ações permanentes
Ocorrem com magnitude constante ou com pequena variação durante
praticamente toda a vida útil da construção.
• Permanentes diretas: peso próprio dos elementos da estrutura e de todos os
elementos construtivos permanentes, equipamentos fixos, empuxo de terras
não removíveis, entre outros
• Permanentes indiretas: protensão, recalques de apoios, retração/expansão
dos materiais
Classificação das ações
Ações variáveis
Ocorrem com magnitude significativamente variável ao redor da média
durante a vida útil da construção
São consideradas ações variáveis as cargas acidentais, ex: sobrecarga de
utilização, frenagem/aceleração, variação de temperatura, vento

• Variáveis normais: apresentam grande probabilidade de ocorrência, tornando


obrigatória sua consideração no projeto
• Variáveis especiais: sismos ou cargas de natureza
Classificação das ações
Ações excepcionais
Têm baixa probabilidade de ocorrência e curta duração. Ex:

• Explosões
• Choques de veículos ou embarcações
• Enchentes
• Incêndios
Ações variáveis
• As ações variáveis de uso e ocupação (cargas acidentais) atuantes em elementos
estruturais de coberturas e de edifícios de concreto armado são obtidas de
acordo com a NBR 6120:2019 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações:
Ações variáveis
• Ações variáveis verticais - recomendações da NBR 6120 e NBR 7190:

• Considerando todos os elementos de madeira isolados, destinados às


coberturas (ripas, caibros e terças), deve-se considerar uma força de 1,0 kN na
posição mais desfavorável do elemento estrutural, além da carga permanente

• Em estruturas de madeira para coberturas comuns, deve-se prever uma


sobrecarga mínima de 0,25 kN/m² (projeção horizontal), para considerar
possíveis instalações (elétrica, hidráulica, etc)
Efeito do vento sobre estruturas de madeira
• NBR 6123:1988 – Forças devidas ao vento em edificações
• Pode-se considerar o vento como sendo a movimentação das massas de ar em
razão das diferenças de pressão e de temperatura na atmosfera.
Tipos de vento
Tipos de vento
• Vento à barlavento: é o vento "clássico" e sua ação se resume em
tentar derrubar a parede. Não conseguindo derrubar a parede, ele
desvia e sobe, destruindo o que ele encontrar pelo caminho.
Tipos de vento
• Vento paralelo: produz um esforço de sucção vertical sobre o
componente, puxando-o na direção perpendicular ao do vento.
• Muitos pensam que o vento "empurra o telhado para baixo" mas o
vento paralelo "puxa o telhado para cima" e, se o telhado não estiver
bem amarrado nas paredes e pilares, sai voando
Tipos de vento
• Vento à sota-vento: produz um esforço de sucção sobre o
componente, puxando-o na direção e sentido do vento.
Tipos de vento
• Vento com pressão interna: no caso de um galpão cuja porta foi
esquecida aberta, o vento que penetra para dentro do galpão irá
exercer uma pressão de dentro para fora, arrancando as telhas.
Tipos de vento
• A ação do vento pode ser potencializada quando combina com a ação
do vento paralelo. Um empurra as telhas de baixo para cima, com,
por exemplo 15 kgf/m2 e o outro puxa por fora com, por exemplo, 27
kgf/m2 resultando numa força de 15 + 27 = 42 kgf/m2 modo que
mesmo telhas pesadas como as de barro podem ser arrancadas pela
força combinada.
Tipos de vento
• Vento com sucção interna: o vento que já passou pelo galpão, é
succionado pela ação a sota-vento que puxa o ar de dentro do galpão
e cria uma pressão negativa no interior do galpão. O telhado puxado
para baixo e as paredes são puxadas na direção do vento. Os vidros
das janelas podem quebrar.
Tipos de vento
• Ação combinada do vento a barlavento com o vento a sota-vento:
produz um esforço de pressão sobre o componente à barlavento,
empurrando-o na direção e sentido do vento, e também produz um
esforço de sucção sobre o componente à sota-vento, puxando-o na
direção e sentido do vento
Tipos de vento
• O projetista da estrutura deve analisar todas as combinações
possíveis, externas e internas, de ação do vento e estudar também os
condicionantes da região como: a topografia do terreno, a existência
de obstáculos e prédios que possam aumentar a força dos ventos, e
levar em consideração que portas e janelas podem se romper sob a
ação do vento e criar ventos internos.
Tipos de vento
• Uma simples depressão no terreno poderá ocasionar uma
concentração do fluxo do vento, aumentando a carga de vento que
atua sobre uma parede
Tipos de vento
Definições:
• Barlavento: Região de onde sopra o vento, em relação à edificação
• Sobrepressão: Pressão efetiva acima da pressão atmosférica de referência (sinal positivo).
• Sotavento: Região oposta àquela de onde sopra o vento, em relação à edificação.
• Sucção: Pressão efetiva abaixo da pressão atmosférica de referência (sinal negativo).
Tipos de vento
• O que costuma influenciar e, com valores significativos, é a
construção de um novo prédio na vizinhança.
• O novo prédio poderá "canalisar" o fluxo do vento aumentando a
velocidade do vento e concentrando a ação diretamente numa das
paredes do nosso prédio.
• Deste modo, prédios que já existiam há muitos anos e que nunca
foram solicitados a valores significativos de vento, passam a receber
rajadas de vento nunca antes sentida.
Tipos de vento
• Para tentar entender como é isso, imaginem que foi construido um
prédio numa praia isolada onde não há nenhum outro prédio.
Tipos de vento
• Agora, imaginem esta praia alguns
anos depois quando resolverem
construir outros prédios:

• O prédio ficará cercado por outros


prédios que irão canalizar, desviar,
conduzir o vento criando zonas de
maior pressão e também zonas de
menor pressão.
Tipos de vento
• São estas situações, mais complexas,
que um túnel de vento poderá
analisar
• Montado sobre uma plataforma
giratória, o túnel de vento permite a
análise sob todos ângulos de
incidência do vento.
Efeito do vento sobre estruturas de madeira
• NBR 6123:1988 – Forças devidas ao vento em edificações

• Nas combinações de longa duração no ELU, quando o vento é


considerado como a ação variável principal, multiplica-se pelo fator
0,75.
• Consideram-se as ações acidentais verticais e a ação do vento como
ações variáveis de naturezas diferentes, com baixa probabilidade de
ocorrência simultânea.
Efeito do vento sobre estruturas de madeira
• Parâmetro importante: velocidade média do vento
• Variáveis que influenciam:
• Posição geográfica
• Altura da edificação
• Aspectos topográficos (local plano, montanhoso, etc)
• Rugosidade do terreno (obstáculos à passagem do vento)
Efeito do vento sobre estruturas de madeira
• Rajadas: efeitos localizados e de curta duração, por isso atingem
valores mais altos que a velocidade média. São avaliados através de
ações estáticas equivalentes.
Velocidade básica do vento
• Equipamentos que medem a velocidade: anemômetros ou
anemógrafos
• Condições básicas :
• Localizados em terrenos planos
• Posicionados a 10 m de altura
• Sem obstruções que venham a interferir na velocidade do vento
• Leitura da velocidade média do vento sobre 3 segundos
Gráfico de isopletas
• NBR 6123
• Velocidade básica do vento
• Rajadas de 3 segundos
• Período de retorno da rajada
crítica de 50 anos
• Velocidades determinadas a partir
do tratamento estatístico aplicado
aos dados obtidos de 49 estações
meteorológicas espalhadas no país
Velocidade característica do vento
• A velocidade característica do vento, dada em m/s, é:

𝑉𝑘 = 𝑉0 . 𝑆1 . 𝑆2 . 𝑆3

• V0 para a região de Sinop: 30m/s


• S1 considera a topografia
• S2 considera a rugosidade do terreno e as dimensões da edificação
• S3 é baseado em conceitos estatísticos
Fator S1
• Leva em consideração as variações do relevo do terreno, que conduzem
ao aumento ou à diminuição da velocidade básica do vento
• A NBR 6123 considera três situações: terreno plano ou pouco ondulado,
vales profundos protegidos do vento, e taludes e morros.
Fator S1
•Terreno plano ou fracamente acidentado:
S1=1,0
Fator S1
•Terreno plano ou fracamente acidentado:
S1=1,0
Fator S1
•Vales protegidos do vento:
S1=0,9
Fator S1
• Taludes e morros
S1 é determinado a partir do
ângulo () de inclinação do
talude ou morro, da altura (z)
medida a partir da superfície do
terreno no local da construção,
e da diferença de nível (d) entre
a base e o topo do talude ou
morro.
Fator S1
• Taludes e morros
S1 é determinado a partir do
ângulo () de inclinação do
talude ou morro, da altura (z)
medida a partir da superfície do
terreno no local da construção,
e da diferença de nível (d) entre
a base e o topo do talude ou
morro.
Fator S1
• Situação 1: para 𝜃 ≤ 3°
S1 = 1,0

• Situação 2: para 6° ≤ 𝜃 ≤ 17°

• Situação 3: para 𝜃 ≥ 45°


* Para valores entre 3° e
6° e entre 17° e 45°,
fazer interpolação linear
Fator S2
• O fator S2 considera os aspectos particulares de uma determinada
edificação, quanto às dimensões da edificação e à rugosidade do terreno
onde será construída.
• A NBR 6123 estabelece 5 categorias para a rugosidade
Fator S2
• Categoria I - São as superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de
cinco quilômetros de extensão, medidos na direção e no sentido do
vento incidente.
Exemplos: mar calmo; lagos e rios; pântanos sem vegetação.
Fator S2
• Categoria II - São os terrenos abertos em nível ou aproximadamente em
nível, com poucos obstáculos isolados, como árvores e edificações
baixas.
Exemplos: zonas costeiras planas; pântanos com vegetação rala; campos
de aviação; pradarias; fazendas sem muros.
Fator S2
• Categoria III - São os terrenos planos ou ondulados com obstáculos,
como muros, poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e
esparsas.
• Exemplos: granjas e casas de campo; fazendas com muros; subúrbios
distantes do centro das cidades, com casas baixas e esparsas. A cota
média do topo dos obstáculos é considerada igual a 3 metros.
Fator S2
• Categoria IV - São os terrenos cobertos por obstáculos numerosos e
pouco espaçados em zona florestal, industrial ou urbanizados.
Exemplos: parques e bosques com muitas árvores; cidades pequenas e
arredores; subúrbios densamente construídos de grandes cidades; áreas
industriais plena ou parcialmente desenvolvidas. A cota média do topo
dos obstáculos é igual a 10 metros.
Fator S2
• Categoria V - São os terrenos cobertos por obstáculos numerosos, de
grande altura e pouco espaçados.
Exemplos: florestas com árvores altas de copas isoladas; centros das
grandes cidades; complexos industriais bem desenvolvidos. Nesta
categoria, a cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 25
metros.
Fator S2
• A NBR 6123 também define três classes para as edificações e seus
elementos.
Fator S2
• Classe A - Pertencem a esta classe todas as unidades de vedação, seus
elementos de fixação e as peças individuais de estruturas sem vedação;
todas as edificações ou suas partes nas quais a maior dimensão
horizontal (planta) ou vertical (superfície frontal) não exceda 20 metros.
Fator S2
• Classe B - Pertencem a esta classe todas as edificações ou suas partes
nas quais a maior dimensão horizontal (planta) ou vertical (superfície
frontal) esteja compreendida no intervalo entre 20 e 50 metros.
Fator S2
• Classe C - Pertencem a esta classe todas as edificações ou suas partes
nas quais a maior dimensão horizontal ou vertical (superfície frontal)
exceda 50 metros.
Fator S2
• Nesta tabela, “z”
representa a altura, em
metros, medida a partir
da superfície do
terreno.
Fator S3
• O fator S3 é baseado em conceitos estatísticos, levando em
consideração a vida útil esperada para a edificação e o grau de
segurança requerido.
• A norma divide em cinco grupos:

• Grupo 1: são as edificações cuja ruína total ou parcial pode afetar a


segurança ou a possibilidade de socorro a pessoas após tempestades
destrutivas, como é o caso de hospitais, quartéis de bombeiros e de
forças de segurança, centrais de comunicação. Nesta condições,
𝑆3 = 1,10
Fator S3
• Grupo 2: são as edificações para hotéis, residências; edificações para
comércio e indústria com alto fator de ocupação. Nestas condições,
𝑆3 = 1,00

• Grupo 3: são as edificações e instalações industriais com baixo fator


de ocupação. Ex: depósitos, silos, construções rurais. Nestas
condições, 𝑆3 = 0,95
Fator S3
• Grupo 4: são as vedações (telhas, vidros, painéis). Assim, 𝑆3 = 0,88

• Grupo 5: edificações temporárias; edificações dos grupos 1 a 3


durante a fase de construção. Nestas condições, 𝑆3 = 0,83
Pressão dinâmica do vento (q)
• É a pressão exercida pela velocidade característica do vento, nas
condições normais de temperatura e pressão.

• A pressão dinâmica é considerada sempre perpendicular à superfície


da estrutura.
Exercício resolvido
Calcule os coeficientes de pressão externos e internos, e a pressão
dinâmica do vento atuante em um galpão localizado no município de
sinop-MT com as seguintes dimensões:

• Distância entre pórticos: 6 m


• Edificação industrial com alto fator de ocupação.
• Considerar duas faces permeáveis e duas faces impermeáveis
a) Cálculo da pressão dinâmica do vento
• Velocidade básica: V0 = 30 m/s (mapa das isopletas)
• Fator S1 = 1,0 (terreno plano)
• Fator S2 – Categoria IV e Classe B
Por interpolação entre 5 e 10 -> para z = 6 m, S2 = 0,781
• S3 = 1,0 (Grupo 2)
• Velocidade característica:
𝑉𝑘 = 𝑉0 × 𝑆1 × 𝑆2 × 𝑆3 𝑉𝑘 = 23,43 m/s
• Pressão dinâmica:
𝑞 = 0,613 × 𝑉𝑘2 𝑞 = 336,52 𝑁/𝑚²

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