Você está na página 1de 36

ESTRUTURAS

estruturas METÁLICAS
metálicas Ee DE de MADEIRAmadeira
por que? Porque eles atuam em partes diferentes da seção: o
Assuntos momento fletor solicita com mais intensidade as partes
extremas da seção, enquanto que o esforço cortante atua
1. Esforços combinados
2. Efeito do vento nas coberturas mais na parte central da seção
3. Detalhamento de estruturas metálicas
4. Estruturas de madeira
5. Sistemas estruturais e seus empregos
6. Ligações de nós de madeira
7. Madeira
8. Coeficiente Kmod
9. Dimensionamento da madeira a esforços
de compressão paralelos às fibras em
peças curtas
10. Corrosão das estruturas metálicas
11. Orçamento de estrutura metálica
12. Estruturas espaciais
13. Lajes esbeltas
14. Montagem de estruturas metálicas
15. fabricação de estruturas metálicas

(i) Se Nd/NR > 0,2 (se o esforço normal de cálculo


atuante for maior que 20% do esforço normal de
cálculo resistente).
1. Esforços combinados Considerar:
Nem sempre um único esforço atuará em uma
seção transversal de um perfil isoladamente.
Neste caso, deve-se considerar os EFEITOS
(ii) Se Nd/NR < 0,2 (se o esforço normal de cálculo
COMBINADOS de todos os tipos de tensões
atuante for menor que 20% do esforço normal de
atuantes
cálculo resistente).
Considerar:

(ii) Se Nd/NR < 0,2 (se o esforço normal de cálculo


atuante for menor que 20% do esforço normal de
cálculo resistente).
Considerar:

A norma não considera estes dois esforços atuando as ressalvas estabelecidas na norma para que esta
simultaneamente. Ela estabelece que os dois esforços devem inequação seja satisfeita são bem complexas
ser verificados independentemente um do outro
1
Bruna Karla
Sucção: pressão ascendente provocada pela passagem do vento
em uma superfície. A sucção sempre é perpendicular à superfície
em que atua, pois a resistência ao cisalhamento do ar é
·Em função de como a estrutura é calculada, diversos tipos
desprezível. Na área onde o vento atinge primeiro a estrutura, a
de esforços poderão surgir em uma mesma seção
sucção é maior, nas demais ela vai gradativamente diminuindo.
transversal do perfil. Um exemplo típico são os pórticos
metálicos: neles surgem esforços normais, momentos
fletores e esforços cortantes

Sobrepressão: pressão descendente provocada pela passagem do


vento em uma superfície. Também é perpendicular à superfície de
atuação.

2. Efeito do vento nas coberturas


É comum o vento ser negligenciado no cálculo Velocidade básica do vento Vo:
das estruturas metálicas e de madeira; A velocidade básica do vento é definida como sendo a velocidade
O vento é uma das maiores causas de ruptura de v de uma rajada de vento de 3 s de duração, excedida em média
de obras; uma vez a cada 50 anos, ocorrendo a 10 m acima do terreno, em
Há quem diga que o vento e a corrosão são os
campo aberto e plano. A NBR 6123 1988 indica as seguintes
2 maiores causadores de colapsos em estruturas
isopletas da velocidade básica Vo.
metálicas.
Estudos iniciais promovidos por Joaquim Blessman indicavam
velocidade básica máxima do vento no Brasil da ordem de 40 m/s.
Vento: deslocamento de uma massa de ar devido à
diferenças de pressão entre duas regiões da atmosfera.

Gradiente de velocidade do vento: é um perfil que mostra


como a velocidade do vento varia com a altura. Em altitudes
baixas, onde há obstáculos como edifícios e árvores, o vento
não exerce muita pressão sobre as estruturas. Porém, em
altitudes mais altas, onde não há obstáculos, o vento exerce
uma pressão muito maior. O gradiente de velocidade segue
uma função inversa, diminuindo à medida que a altura
aumenta, e eventualmente tende a zero em alturas muito
elevadas. 2
Bruna Karla
É a pressão efetiva que atua em uma superfície devida ao
vento.
Fator S1 topográfico:
Este fator refere-se à localização da construção em relação ao
terreno. adota-se 1,0, pois se está a favor da segurança; Duas observações sobre coeficiente de pressão externa:
Fator S2:
Referente à rugosidade, dimensões da construção e altura
sobre o terreno: este fator é dividido em 3 aspectos: 5
categorias, 3 classes e altura da construção.
Explicação:
a baixa rugosidade do alumínio reduz o efeito do vento na
coberta. É como se o vento se “agarrasse” às ondas da telha de
fibro-cimento com mais intensidade e “escorregasse” com mais
facilidade no alumínio por não ter onde se “pegar” (lembrar da
baixa resistência ao cisalhamento do ar).

Explicação:
para inclinações muito suaves o vento provoca sucção,
Fator S3 chegando a um máximo para inclinação nula. À medida que a
Está relacionado à possibilidade de ruína e ao fator de coberta tem sua inclinação aumentada, a sucção é
ocupação da edificação. O seu valor básico igual a 1,0 gradualmente reduzida, chegando a inverter de sinal
corresponde à probabilidade de que a velocidade básica do (passando para sobrepressão), dependendo de algumas
vento exceda o seu valor em um tempo de recorrência de 50 outras características aerodinâmicas. A inclinação para a qual
anos, esta probabilidade vale 63%. Assim, a norma indica 5 o vento não desperta esforços na coberta depende de alguns
grupos com os seguintes valores: fatores, mas situa-se em torno de 26º ± 4º.

O vento exerce pressão sobre as coberturas das


edificações.
O túnel de vento é um equipamento utilizado para
determinar como o vento irá solicitar uma cobertura.
Existem poucos túneis de vento no Brasil.
O túnel de vento mais conhecido no Brasil está localizado
em Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
O túnel de vento de Porto Alegre foi criado em 1973 e é
Pressão que o vento desperta nas edificações. Esta pressão é
famoso devido ao engenheiro Joaquim Blessmann.
função direta da velocidade característica Vk do vento (a
Joaquim Blessmann é considerado um dos maiores
equação deriva da equação geral de Bernoulli):
especialistas em efeitos do vento nas estruturas em todo o
mundo.
Outros túneis de vento foram criados posteriormente no Brasil,
Em que: como o túnel do vento do ITA em São José dos Campos.
v = velocidade básica do vento local em m/s;
q = pressão dinâmica do vento em kgf/m².
3
Bruna Karla
3
Bruna Karla
3
Bruna Karla
É a pressão efetiva que atua em uma superfície devida ao
vento.

Coeficiente de pressão + : sobrepressão

Coeficiente de pressão - : sucção

A mecânica dos fluidos é uma forma de calcular os efeitos


A existência de dois tipos de carregamento deve-se ao
do vento nas coberturas.
conhecimento incerto sobre a real natureza do efeito do
Os cálculos de mecânica dos fluidos são complexos e
vento;
raramente realizados.
Se for colocado algum tipo de fechamento nas laterais da
Os efeitos do vento nas coberturas são solucionados por
cobertura, os coeficientes de pressão serão alterados;
meio de ensaios em túneis de vento.
Se for colocado um lanternim na cumeeira da cobertura,
Diferentes modelos de cobertura e telhas são testados nos
os coeficientes serão alterados; e
túneis de vento.
Se o vento atuar perpendicularmente a esta página, a
Tabelas são elaboradas com parâmetros de referência com
cobertura sofrerá necessariamente sucção.
base nos ensaios realizados.
Se uma cobertura não se encaixar nas tabelas existentes, é
necessário modelá-la e testá-la em escala no túnel de
Esta cobertura é semelhante à anterior. A diferença é apenas a
vento.
presença de fechamentos laterais e frontais que impedem a
Isso é especialmente relevante para coberturas de grandes
passagem do vento.
proporções e com geometria significativamente diferente
das coberturas descritas na norma NBR 6123.
Estudar o efeito do vento em um túnel de vento é um
processo caro.
O texto aborda o efeito do vento em algumas coberturas
comuns.

Este tipo de cobertura é comum em nossa região


e geralmente possui telhas de baixa rugosidade, como é
o caso da telha de alumínio, da telha de aço galvanizado e O coeficiente de pressão interna geralmente contribui no
até da telha de fibrocimento. sentido de aumentar a pressão estática na cobertura. No
entanto, o cálculo preciso deste coeficiente só é possível de ser
feito mediante a definição precisa das aberturas que existirão
na construção, tais como janelas, portas, elementos vazados
para ventilação, etc.

Cpb: coeficiente de pressão a barlavento (lado de chegada


do vento)
Cps: coeficiente de pressão a sotavento (lado de saída do
vento)

4
Bruna Karla
O vento se move de áreas de alta pressão para áreas de baixa
pressão, afetando as estruturas. Construções sem meios de ↪Emenda de tesoura de grande porte
exaustão sofrem mais com o efeito do vento, aumentando a ↪Emenda comum de perfis
pressão interna e correndo maior risco de colapso. Portanto, ↪União de nós de perfis treliçados
essas estruturas precisam ser reforçadas. Detalhes ↪Lanternim
construtivos, como a exaustão do ar quente, podem influenciar ↪Contraventamento horizontal
o custo da obra, apesar de forma mínima. Esses pequenos ↪Contraventamento vertical
detalhes contribuem para tornar as construções mais ↪Junta de dilatação
econômicas e confortáveis. ↪Junta de dilatação, fundação
↪região de barlavento
As regiões onde o vento sofre desvio intenso do seu fluxo ↪deformação vertical
natural apresentam coeficientes de pressão externa elevados. ↪extremidade de tesoura
Alguns destes locais são: ↪de terça
- beirais transversais e longitudinais; ↪incêndio em estrutura metálica
- detalhes arquitetônicos; ↪chapa de base
- lanternins; ↪interface aço-alvenaria
- calhas, rufos; Emenda de tesoura de grande porte
- cumeeiras; etc.
Estruturas localizadas em regiões com ventos intensos devem
ser reforçadas para suportar a maior força do vento. Um
exemplo é a recomendação dos fabricantes de telhas de
utilizar um grampo ou parafuso a mais nas extremidades para
garantir maior fixação.

Detalhamento comum de perfis


Pode ser obtido com o túnel de vento, Entretanto, existe um
procedimento indicado na norma NBR 6123 que consegue
avaliar de forma razoável tal valor.
(Ver exemplo numérico)

3. Detalhamento de estruturas metálicas

Detalhamento: união de nós de perfis treliçados


Os nós das estruturas treliçadas devem ser soldados em fábrica
com filete de espessura equivalente à espessura da chapa mais
fina da união de perfis
É prudente aplicar solda em todo o contorno de todos os nós,
pois isto evita troca de especificação de nós e o custo adicional
é baixo em relação ao preço da estrutura
Em princípio, qualquer tipo de solda pode ser adotado, porém, a
solda MIG tem se sobressaído em relação aos demais tipos
devido ao:
O projetista/desenhista tem que se atentar ao nível do (i) Bom controle da espessura do filete de solda
Detalhamento, pois uma emenda mal detalhada, por exemplo, (ii) Boa qualidade do filete de solda
pode causar erros graves na execução da estrutura. (iii) Alta produção sem defeitos
Outra opção é a SOLDA ELÉTRICA, porém, poucos soldadores
conseguem soldar bem com esta solda 5
Bruna Karla
Detalhamento: junta de dilatação, fundação Algumas das espécies mais comuns de madeiras coníferas
incluem:
1. Pinho (Pinus spp.): Os pinheiros são amplamente
utilizados na indústria da construção, fabricação de
móveis, produção de papel e como matéria-prima para a
produção de resinas e produtos químicos.
2. Abeto (Abies spp.): Os abetos possuem madeira leve, macia
e de grã reta, sendo utilizados principalmente na
construção de estruturas leves, como molduras e painéis.
3. Cedro (Cedrus spp.): Os cedros são conhecidos por sua
durabilidade e resistência à deterioração. Eles são
frequentemente utilizados na fabricação de móveis,
revestimentos, construção naval e aplicações exteriores.
incêndio em estrutura metálica: comentário
4. Cipreste (Cupressus spp.): O cipreste possui uma madeira
- a propagação do calor em um ambiente é igual à formação do
resistente e durável, amplamente utilizada na construção,
vento: se a pressão aumenta em uma certa região da atmosfera o ar
produção de móveis, acabamentos interiores e exteriores.
se desloca para locais de mais baixa pressão, aliviando a pressão
5. Douglas-fir (Pseudotsuga menziesii): Apesar de ser uma
naquela área; da mesma forma, ao ser iniciado, o incêndio aumenta espécie de árvore de folhas planas, o douglas-fir é
a pressão do ambiente propagando o calor para todas as peças classificado como uma conífera devido às suas
estruturais; caso o ambiente esteja aberto, o calor é dissipado e a características de madeira. É usado na construção pesada,
temperatura cai como vigas estruturais e laminação.
- a ideia de se fechar os ambientes é valida apenas enquanto se tem As madeiras coníferas são valorizadas por sua disponibilidade,
material combustível para ser queimado (fonte potencial de calor), facilidade de cultivo e diversas aplicações na indústria. Sua
mas quando o material é consumido, quanto mais aberto o utilização abrange desde estruturas de madeira até móveis,
ambiente melhor revestimentos, papel, entre outros produtos.

4.Madeira
Existem várias espécies de madeira na natureza que podem ser
usadas em estruturas.
Nem todas as espécies têm propriedades mecânicas
adequadas para suportar cargas.
A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) criou uma
lista de tipos de madeiras e classes de resistência.
As madeiras são classificadas de acordo com sua resistência,
com a classe máxima sendo de 60 MPa.
A tensão característica mínima para as madeiras é de 20 MPa.
Essas classes de resistência ajudam na seleção adequada da
madeira para uso em estruturas. A madeira das espécies dicotiledôneas é amplamente utilizada
na indústria de construção, mobiliário, marcenaria e diversas
outras aplicações. Essa madeira é conhecida por sua resistência,
CONÍFERAS durabilidade e diversas propriedades físicas e mecânicas que a
DICOTILEDÔNEAS tornam adequada para uma variedade de usos.
As madeiras coníferas são provenientes de árvores da família Exemplos de árvores dicotiledôneas com madeira valiosa
Coniferophyta, caracterizadas por suas folhas em forma de agulhas incluem o carvalho, mogno, nogueira, cerejeira, freixo, entre
ou escamas e pela presença de cones. Essas árvores são outras. Cada espécie de árvore dicotiledônea possui
amplamente distribuídas em regiões de clima frio ou temperado e características distintas em relação à sua madeira, como cor,
são conhecidas por suas propriedades favoráveis, como resistência padrões de grãos e propriedades físicas, o que influencia em
mecânica, durabilidade e facilidade de trabalhabilidade. sua utilização final.
6
Bruna Karla
7
Bruna Karla
8
Bruna Karla
As características físicas e mecânicas da madeira variam de ↪Coeficiente de retratibilidade volumétrica: é o coeficiente angular
espécie para espécie. do diagrama;
Dentro da mesma espécie, essas características também ↪Ponto de saturação ao ar: ponto acima do qual a madeira não
podem variar devido à posição no tronco, local de varia seu volume com o aumento da umidade.
crescimento da árvore, diferenças entre alburno (parte (ii) Características mecânicas:
externa do tronco) e cerne (parte interna do tronco), entre compressão paralela às fibras,
outros fatores. módulo de elasticidade na compressão paralela às fibras,
Conhecer as características físicas e mecânicas de novas tração paralela às fibras:
espécies de madeira permite compará-las com espécies ↪Qualificação
conhecidas e otimizar seu uso. O ensaio de qualificação da resistência à compressão paralela às
Ensaios normalizados com pequenos corpos de prova fibras da madeira
isentos de defeitos são realizados para comparar as ↪Compressão em função da umidade
características físicas e mecânicas das madeiras. Determina-se a resistência à compressão de vários corpos de prova,
Esses ensaios permitem a comparação, mesmo que os com teores de umidade variando do material verde até o material
resultados tenham sido obtidos por instituições de completamente seco.
pesquisa diferentes (a Norma indica, por exemplo, o compressão normal às fibras,
formato e as dimensões dos corpos de prova, a velocidade tração normal às fibras,
de aplicação da carga, etc). cisalhamento,
fendilhamento,
A caracterização das propriedades físicas e mecânicas da madeira é
flexão estática,
realizada por meio de 14 ensaios:
tenacidade
(i) Características físicas: dureza,
umidade; flexão dinâmica,
densidade ; embutimento.
estabilidade dimensional (retração e inchamento): A investigação direta de lotes homogêneos de madeira serrada é
↪A retratibilidade da madeira ocorre devido à variação do teor de realizada por meio de corpos de prova de pequenas dimensões,
umidade. Sua estrutura é composta por células de celulose isentos de defeitos, retirados de regiões afastadas das
lenhificada, formando feixes de micelas ou fibrilas. A madeira verde extremidades das peças de mais de 30 cm ou 5 vezes a menor
contém água em três formas diferentes. dimensão da seção transversal, constituindo uma amostragem
↪A madeira verde, recém-cortada, contém água no seu interior sob representativa.
três formas: Para a caracterização simplificada são necessários no mínimo 6
a) Água de capilaridade ou de embebição: corpos de prova. Para a caracterização de espécies pouco
↪É a água que se encontra livre no interior da madeira. A perda dessa conhecidas são necessários no mínimo 12 corpos de prova.
água por secagem não acarreta alteração de volume na madeira
b) Água de adesão ou de impregnação: 5.Estruturas de madeira
↪É a água que se encontra infiltrada nos espaços existentes nas A madeira é um material anisotrópico, ou seja, suas
espirais que constituem as fibrilas. Quando a madeira perde essa propriedades mecânicas variam de acordo com a direção de
água, aumenta a força de coesão entre as células que tendem a se aplicação da carga.
aproximar, dando origem à retração. Essa variação ocorre devido à heterogeneidade natural da
↪O fenômeno inverso, ou seja, a absorção de umidade, reduz a força madeira durante o seu processo de formação.
de coesão entre as células que tendem a se afastar, dando origem ao Para ser utilizada em fins estruturais, é necessário tomar
inchamento; cuidados especiais para reduzir os riscos de falha, como
c) Água de constituição: ruptura precoce ou degradação causada por
↪é fixada pelos grupos atômicos, não sendo retirada com a secagem microrganismos.
da madeira. A presença de nós na madeira altera as trajetórias das
↪Contrações lineares tensões e causa concentrações de tensão no material.
↪Contração volumétrica total (C.V.T.): é a perda de volume da A peça de madeira abaixo está submetida a uma carga de
madeira (em %) tração P aplicada de forma uniforme em suas extremidades.
9
Bruna Karla
forma, a madeira não possui material resistente em
sua linha neutra; da mesma estabilidade das
construções sabe-se que as armaduras devem ser
protegidas por cobrimentos adequados, da mesma
forma a madeira possui a casca que desempenha
No trecho onde há um furo na madeira, as trajetórias de esta função.
tensão são desviadas, resultando em uma área de seção
transversal menor para a passagem da carga.
Os elementos químicos principais da madeira são:
Isso significa que a tensão nesse trecho será maior do que
- carbono (50%)
nas outras partes da madeira.
- oxigênio (44%)
Essa alta tensão pode levar à ruptura precoce da estrutura.
- hidrogênio (6%).
Mesmo que a estrutura esteja dimensionada corretamente,
Com relação aos compostos orgânicos os principais são:
ela pode colapsar devido à imperfeição causada pelo furo.
- celulose e hemi-celulose (65% a 75%)
Isso ocorre porque o nó, presente na região do furo, não
- lignina (18% a 35%)
contribui mais para a resistência à tração, se soltando das
- extrativos (tanino, óleos, resinas, etc.) (4% a 10%).
fibras longitudinais.
A celulose é um polímero de origem natural que apresenta
elevada resistência à tração; a hemi-celulose é um composto
associado com a celulose e a lignina; a lignina é um composto
amorfo que serve de ligação entre as fibras de celulose e os
extrativos são materiais responsáveis por características
específicas da árvore, tais como cor, odor, sabor, capacidade de
resistir a ataques de microorganismos, etc.

A madeira possui umidade elevada quando é cortada e vai


perdendo gradualmente essa umidade até atingir um ponto de
equilíbrio chamado de umidade de equilíbrio.
Casca: Parte externa da árvore que protege o interior contra
A umidade de equilíbrio é quando a madeira não ganha nem
as intempéries. A parte interna, chamada de floema, conduz
perde água em excesso do ambiente, apenas pequenas variações
a seiva das folhas para as partes em crescimento.
são observadas.
Câmbio ou liber: Composto por células vivas, é responsável
Quando a água é removida rapidamente da madeira, ela pode
pelo crescimento em diâmetro das árvores. Forma os anéis
sofrer variações dimensionais que prejudicam seu desempenho
de crescimento anuais.
como material estrutural.
Alburno ou branco: Parte branca do tronco com células
A secagem da madeira deve ser controlada para que a água seja
vivas. Conduz a seiva das raízes até a copa da árvore. À
removida lentamente, evitando deformações excessivas e
medida que a árvore cresce, o alburno interno morre e se
garantindo uma boa adesão para tratamentos superficiais
transforma em cerne. posteriores.
Cerne ou durâmen: Principal responsável pela Existem dois processos de secagem da madeira: secagem ao ar e
sustentação da árvore, é composto por células mortas. secagem em estufa.
Possui maior resistência em relação ao alburno.
Medula: a medula é uma espécie de depósito de
nutrientes para a árvore. É constituída por material Por estarem mortas, as células da madeira podem sofrer ataques
esponjoso de baixa resistência mecânica e descartada no biológicos, químicos, físicos ou uma combinação destes. O mais
beneficiamento da madeira. comum é o ataque biológico e isto se dá porque a madeira serve de
Uma observação interessante: da estabilidade das alimento para os microrganismos. Os animais que mais atacam a
construções sabe-se que a colocação de uma armadura na madeira são os seguintes:
linha neutra de uma barra estrutural de concreto, não
aumenta a sua capacidade de suportar cargas, da mesma 10
Bruna Karla
a) Bactérias: só se manifestam em ambientes úmidos; levam
muito tempo para degradar a madeira; a simples pintura da
Como visto no início deste curso, as madeiras são comercializadas
madeira é suficiente para evitar tal ataque.
sob diversos tipos de forma e, naturalmente, de preços. Pode-se
b) Fungos: só se manifestam em ambientes úmidos; levam muito classificar os produtos comerciais de madeira em:
tempo para degradar a madeira; a simples pintura da madeira é 1. Madeira bruta: é usada em estruturas de cobertura e pontes.
suficiente para evitar tal ataque. Geralmente é mais cara devido à sua origem na região Norte.
Um exemplo é uma marquise de um anfiteatro feita de
c) Insetos: os mais comuns são cupins (térmitas) e besouros; a eucalipto.
presença de substância tóxica na madeira previamente tratada é 2. Madeira esquadrejada: é obtida a partir de um tronco de
suficiente para afugentá-los e eliminá-los. árvore usando um machado para maximizar a seção útil. Ao
contrário da madeira bruta, a seção transversal da madeira
d) Moluscos e crustáceos: de ocorrência restrita ao ambiente
esquadrejada é constante. É usada em estruturas de cobertura
marinho, estes animais conseguem destruir completamente a
e pontes, mas não é comum na nossa região. A seguir, são
madeira; mesmo com tratamento prévio, a madeira sofrerá a
fornecidas equações que mostram como maximizar a seção
ação destruidora, pois geralmente a alta umidade destes
transversal e a capacidade de carga de uma peça de madeira.
ambientes
Demonstram matematicamente que essas equações estão
expulsa os produtos químicos responsáveis por sua proteção.
corretas usando cálculo diferencial.
3. Madeira serrada: é obtida através do corte do tronco da árvore
Preservar a madeira contra microrganismos e intempéries é usando uma serra de fita. É a mais cara de todas as opções de
desafiador, mas produtos químicos podem ser usados para madeira devido ao custo do corte e ao desperdício resultante. É
aumentar sua durabilidade. Um bom preservativo deve atacar comumente usada em nossa região em estruturas de
os microrganismos sem prejudicar materiais como pregos e cobertura de pequeno porte, esquadrias, entre outros. Por
tintas, aderir à madeira, ser tóxico para microrganismos estruturas de pequeno porte, entende-se aquelas que não
xilófagos e não-xilófagos, e não danificar a madeira. Os suportam grandes cargas e têm vãos máximos de 15 metros.
preservativos podem ser hidrossolúveis (CCA e CCB) ou 4. madeira compensada: é um material amplamente utilizado na
oleossolúveis (creosoto e pentaclorofenol), mas requerem construção civil, sendo formada pela colagem de várias folhas
manipulação especializada devido à sua toxicidade. de madeira em direções perpendiculares. É mais barata do que
outros tipos de madeira, pois utiliza madeiras de
reflorestamento e restos de madeiras. No entanto, seu uso
a) Aspersão: aplicação pulverizada do preservativo na superfície
estrutural não é recomendado, exceto em casos específicos de
da madeira, pouco eficaz.
estruturas leves e temporárias.
b) Banho quente-frio: imersão da madeira em preservativo
5. madeira laminada: similar à compensada, tem função
quente seguido de resfriamento, para expulsar o ar e permitir a
estrutural e é capaz de se adaptar a diferentes formas.
penetração do produto.
6. Madeira prensada: lançada no mercado a pouco tempo, as
c) Difusão: mergulho breve da madeira recém-cortada no
madeiras do tipo prensada ainda são restritas à confecção de
preservativo, permitindo sua difusão pela água presente.
móveis e divisórias. Elas são obtidas a partir da mistura e
d) Fumigação: método corretivo para madeiras atacadas por
prensagem de fibras de celulose e resinas (polímeros). Existem
microrganismos, usando um preservativo gasoso injetado na
três tipos no mercado:
madeira isolada com lona plástica.
e) Imersão: imersão da madeira em um tanque com preservativo, - LDF (low density fiber - raro)
seguida de secagem ao ar. - MDF (median density fiber - comum)
f) Pincelamento: aplicação superficial do preservativo líquido com - HDF (high density fiber - raro).
pincel, com penetração limitada.
g) Tratamento sob pressão: método mais eficaz de aplicação de
preservativos. A madeira é colocada em autoclave e submetida a
pressão negativa para remover o ar. Em seguida, o preservativo é
aplicado sob pressão, o excesso é removido e o processo é
repetido.
11
Bruna Karla
madeira correntes, geralmente se resumem a poucas variações.
6. Sistemas estruturais e seus empregos
A dificuldade de execução de seus nós e sua menor existência
O emprego racional da madeira se deu a partir dos árabes , até mecânica em relação aos metais restringe um pouco a criatividade
então, era a China que explorava com maestria estruturas de dos projetistas.
madeira em suas obras.
Nestas construções explora o sistema estrutural tipo pórtico
com grossas toras de madeira falquejada:

O desenvolvimento das estruturas de madeira se dá, portanto, a


partir da escassez de madeira na península Arábica juntamente com Existem estruturas que não são fabricadas com todos os elementos
a entrada deste povo na península Ibérica e da presença de uma indicados nas figuras. É o caso, por exemplo, do berço e do contra-
matemática e ciência mais desenvolvidas no continente europeu. frechal que são eliminados e a tesoura passa a se apoiar
diretamente em vigas, pilares ou alvenarias estruturais. Esta não é
No século XVIII, durante o período colonial do Brasil, Portugal boa prática, pois nestes locais é comum surgirem fissuras quando a
implementou uma lei que taxava excessivamente a madeira nobre estrutura de madeira se deforma, seja por variação de temperatura,
comercializada no país, com exceção daquela enviada para a ou por variação de sua umidade natural, provocada pela variação da
Europa. Essa lei deu origem à expressão "madeira de lei", que se umidade relativa do ar.
refere à madeira de qualidade restrita por força de lei. A madeira de A norma brasileira que trata da execução de estruturas de madeira
lei é reconhecida por sua dureza, resistência mecânica elevada e é a NBR 7190 Projeto de estruturas de madeira (2011)
maior resistência a microrganismos, tornando-a ideal para construir As tabelas abaixo indicam algumas dimensões dos elementos
estruturas duráveis. estruturais que geralmente são utilizados na fabricação do
Toda boa estrutura deve ser fabricada com madeira de lei, que é a madeiramento das coberturas (lembrar que são tabelas ilustrativas
madeira que apresenta dureza e resistência mecânica elevadas, e não tabelas com perfis dimensionados para qualquer vão de
além de maior resistência ao ataque de microrganismos. estrutura).

a) Tesoura: espaçamento de 3,50 m


A heterogeneidade (sem uniformidade, elementos ou partes de
natureza diferente) da madeira desperta comportamentos
diferentes quando esforços de tração e de compressão são
aplicados, por isso, as geometrias utilizadas nas estruturas de

12
Bruna Karla
b) Madeiramento:

7. Ligações de nós de madeira


Sempre se deve ter cuidado na união dos nós (estruturais) de
estruturas de madeira, pois a presença dos nós (naturais) pode
prejudicar ou até mesmo impedir a execução de uma ligação.
Ao longo do tempo, alguns tipos de ligações foram desenvolvidos
pelo homem resultando em uma diversidade de subsistemas. d)Ligação com cola:
Hoje, algumas serrarias chegam a ter sistemas de ligações próprios ·Não é muito utilizada deve se restringir às peças estruturais
diferentes dos demais empregados no mercado. que apresentam esforços de baixo valor.
·É mais empregada na Europa.
a)Ligação com prego: ·Não apresenta durabilidade diante da agressividade dos
Facilidade de execução. ambientes, principalmente diante da presença da umidade
Existem duas classificações para pregos, ambas se baseiam em relativa do ar.
diâmetro e comprimento. e) Ligação por meio de conectores metálicos:
b)Ligação com parafuso: criado para solucionar o problema da grande diferença entre
Apresenta maior segurança, maiores opções de dimensões e a resistência da madeira e a resistência do aço empregado na
maiores opções de tipos de materiais. ligação por parafuso.
Utilizam-se os mesmos parafusos das estruturas de aço
Deve-se ter atenção ao apertar os parafusos, pois apertos
exagerados comprometem localmente a estrutura das fibras
de celulose, enfraquecendo a estabilidade dos nós.
c)Ligação por entalhe:
As sambladuras passaram a se chamar ligações por entalhe e
dominaram as estruturas de madeira.
Na ligação por entalhe não são dispensados os pregos e/ou
parafusos, eles servem de elemento de ligação das peças de f) Ligação por meio de chapa metálica:
madeira no caso de esforços de tração. também denominado de chapa prego,
de difícil execução e exige, mão-de-obra especializada. Sistema de ligação mais recente e versátil para fixação de
No caso dos esforços de compressão, a própria forma do peças de madeira. A chapa
entalhe é suficiente para garantir a transmissão do esforço de As figuras abaixo apresentam uma melhor visualização da
uma barra para outra. ligação por meio de chapa metálica.
Detalhes típicos de uma ligação por entalhe: Aumenta a resistência da ligação

13
Bruna Karla
Assim, em função da duração da carga indicada na Tabela 3.9,
escolhe-se o valor de kmod1 na Tabela 3.10.

(b) kmod2:
para o seu cálculo é preciso saber qual é a classe de umidade
relativa do ar que a estrutura estará submetida em sua vida útil.
Da mesma forma que kmod1, a NBR 7190 criou as duas tabelas
seguintes:

Assim, em função da umidade relativa do ambiente indicada na


8. Coeficiente Kmod Tabela 3.11, escolhe-se o valor de kmod2 na Tabela 3.12.
(c) kmod3:
Leva em conta 3 fatores:
para o seu cálculo é preciso saber qual é a categoria estrutural da
madeira.
(i) Tipo de produto de madeira empregado e tempo de duração
da carga;
Para a avaliação do kmod3 a NBR 7190 criou a tabela seguinte, que
(ii) Efeito da umidade; e
tem como parâmetro de entrada a categoria da madeira, conforme
(iii) Classificação estrutural da madeira.
segue:
Para que uma madeira seja considerada de 1ª categoria ela precisa
O coeficiente modificador é dado por:
atender necessariamente aos 2 critérios seguintes:
(i) classificação de todas as peças como isentas de defeitos através
de inspeção visualnormalizada; e
kmod1:
(ii) classificação mecânica de modo a garantir a homogeneidade
para o seu cálculo é preciso saber qual é a durabilidade do
da rigidez das peçascomponentes do lote.
carregamento que atuará na estrutura. Assim, a NBR 7190 criou as
duas tabelas seguintes:

Obs.: para madeiras laminadas e coladas outros critérios são inseridos


na norma.

14
Bruna Karla
Para peças curtas de madeira submetidas a esforços de
compressão normal às fibras, a NBR 7190 prescreve:

Em que:

=tensão de compressão majorada por coeficiente de


segurança adequado (em geral 1,4) e obtida no cálculo
Para peças de madeira submetidas a esforços de tração paralelos estrutural;
às fibras ou no máximo inclinados em 6º, a NBR 7190 prescreve: = tensão resistente à compressão da madeira normal às
fibras e minorada por coeficiente de segurança adequado
(em geral 1,4) e por kmod. fcnd é tomado igual a 0,25.fcd.
Em que: Esta equação só é válida para trechos comprimidos com
extensão b > 15 cm; para trechos com extensão inferior debe-
=tensão majorada por coeficiente de segurança adequado se adotar a equação:
(em geral 1,4) e obtida no cálculo estrutural;

= tensão resistente à tração da madeira paralela às fibras e é dado na Tabela seguinte:


minorada por coeficiente de segurança adequado (em geral
1,8) e por kmod.
OBSERVAÇÕES:
Obs. 1: a norma NBR 7190 proíbe que peças de madeira sejam Esta abordagem é empregada naquelas situações em que a
submetidas a esforços de tração normais às fibras, devendo ser madeira está sofrendo compressão próxima de nós
considerada nula esta resistência, mesmo que os ensaios estruturais. O esquema seguinte esclarece melhor a
mecânicos indiquem valor não nulo para esta grandeza. situação.
Obs. 2: se a madeira a ser empregada não possuir suas fibras
paralelas à direção do esforço atuante, ou seja, fibras com
inclinação superior a 6º, a fórmula de Hankinson deve ser
empregada para corrigir o valor da resistência à tração. Eis a
fórmula:

Esta fórmula pondera as resistências paralela e normal às fibras,


tanto para tração quanto para compressão.

9. Dimensionamento da madeira a esforços de compressão


Paralelos às fibras e peças curtas

Para peças curtas de madeira submetidas a esforços de


compressão paralelos às fibras, a NBR 7190 prescreve:
Neste caso, dois tipos de tensões são despertadas: compressão e
tração paralelas às fibras. Assim, ambas as tensões,
Em que: devidamente majoradas e minoradas, devem ser superadas
=tensão majorada por coeficiente de segurança adequado pelas tensões resistentes.
(em geral 1,4) e obtida no cálculo estrutural;
= tensão resistente à tração da madeira paralela às fibras e
minorada por coeficiente de segurança adequado (em geral
1,4) e por kmod. Esta equação só pode ser aplicada para
peças curtas com coeficiente de
flambagem inferior a 40. 15
Bruna Karla
Em que:
se trata de flambagem de peça esbelta eles não podem ser
= tensão de compressão majorada por coeficiente de simplesmente negligenciados. A figura seguinte mostra um
segurança adequado (em geral 1,4) e obtida no cálculo exemplo de surgimento de efeito de segunda ordem.
estrutural na zona de compressão;
= tensão resistente à compressão da madeira paralela às
fibras e minorada por coeficiente de segurança adequado
(em geral 1,4) e por kmod na zona de compressão.
= tensão de tração majorada
= tensão de tração majorada por coeficiente de segurança
adequado (em geral 1,4) e obtida no cálculo estrutural na
zona de tração;
ftd = tensão resistente à tração da madeira paralela às fibras e
minorada por coeficiente de segurança adequado (em geral 1,8) e
por kmod na zona de tração;
Md = momento de dimensionamento;
O deslocamento da extremidade da peça gera uma excentricidade
W = momento resistente.
que, por sua vez, desperta um momento fletor adicional que não
existia. Este é um efeito de segunda ordem e, para o caso de peças
esbeltas (80 ≤ λ ≤ 140), ele não pode ser negligenciado. O cálculo
A NBR 7190 não admite cisalhamento paralelo às fibras, exceto
preciso deste esforço atinge valores muito grandes, aproximando-
em condições específicas de dimensionamento de nós estruturais.
se de λ = 140, ele pode fazer com que a carga P seja multiplicada
Então, a condição deve atender à equação:
por 10!
Assim, a NBR 7190 considera a flambagem no dimensionamento
Em que: destas peças por meio de equações complexas, desenvolvidas a
partir dos estudos de Euler.
= tensão de cisalhamento majorada por coeficiente de
Para facilitar, os engenheiros Walter Pfeil e Michèle Pfeil
segurança adequado (em geral 1,4) e obtida no cálculo
desenvolveram tabelas auxiliares que facilitam muito o cálculo
estrutural;
indicado na NBR 7190 para peças esbeltas submetidas a esforços
fvd = tensão resistente ao cisalhamento da madeira minorada por
de compressão.
coeficiente de segurança adequado (em geral 1,8) e por kmod. Na
Os parâmetros de entrada das tabelas são os seguintes:
ausência desta tensão pode-se considerar:
- coníferas :

- dicotiledôneas:

Estes dois casos são distintos.


As peças medianamente esbeltas envolvem imperfeições
geométricas e não linearidade do material, enquanto que as
peças esbeltas incluem, além destes 2 fenômenos, o
fenômeno da fluência natural da madeira e flambagem em
regime elástico.
No caso das peças esbeltas são despertados os “efeitos de
segunda ordem”. Estes efeitos são, em geral, desprezados
quando as deformações são de pequena monta, pois eles não
chegam a representar valores elevados. Entretanto, quando
16
Bruna Karla
17
Bruna Karla
O objetivo é determinar o valor de ρ que representa a redução da
tensão resistente de compressão devido à flambagem e todos os
Através de uma pilha eletrolítica (pilha de Daniel) pode-se
efeitos citados. De posse de ρ calcula-se a tensão reduzida:
entender o esquema anterior:

O esforço máximo que a seção suportará nestas condições é dado


por:

Em que:
f’cd = tensão resistente à compressão da madeira paralela às
fibras e reduzida devido à flambagem;
fcd = tensão resistente à compressão da madeira paralela às
fibras e minorada por coeficiente de segurança adequado (em
geral 1,4) e por kmod; Algumas constatações da pilha eletrolítica:
A = seção transversal da peça de madeira. ➥ o cátodo é negativo porque ganha elétrons;
➥ o ânodo é positivo porque perde elétrons;
10. Corrosão das estruturas metálicas
➥ o sentido da corrente elétrica convencional é inverso ao da
A ligação química que ocorre na corrosão das estruturas condução eletrônica (elétrons) real;
metálicas é a do tipo metálica. ➥o processo de redução provoca a aglomeração dos íons Cu++ e
Na ligação metálica, os elétrons dos átomos permanecem consequente crescimento do cátodo; e
vibrando e se deslocando com maior frequência e velocidade do ➥o processo de oxidação provoca a dispersão dos íons Fe++ e o
que nos casos das ligações covalente e iônica. consequente decréscimo do ânodo.
A corrosão pode ser de origem química ou eletroquímica. O fato do cobre sofrer redução em relação ao ferro significa que
1. Origem química: reação química de um metal com um gás este possui um potencial de redução menor que aquele. Em
ou líquido. Esta forma de corrosão não é muito outras palavras, o cobre é muito menos propenso a sofrer
representativa na natureza, pois necessita de temperatura oxidação do que o ferro quando postos em contato através de
e/ou pressão altas. uma pilha eletrolítica.
2. Origem eletroquímica: é a que predomina e merece maior
atenção; é um processo de deterioração dos metais através
da ocorrência simultânea dos processos de oxidação e Por que dois metais em contato eletrolítico impulsionam o
redução processo de formação da corrosão?

observe que corrosão é diferente de oxidação Porque surgi um campo elétrico entre o Plano Interno de
Helmholtz (PHI) e o Plano Externo de Helmholtz (PHE). Como o

campo elétrico gerará uma diferença de potencial, haverá, na


OXIDAÇÃO= A oxidação é um processo químico no qual um
região anódica, uma força eletromotriz impulsionando os
átomo, íon ou molécula perde elétrons. Esse processo está
elétrons para o fio condutor e afastando os íons de ferro para o
geralmente associado à reação de uma substância com o
eletrólito (provocando oxidação) e, na região catódica, a mesma
oxigênio, embora a oxidação também possa ocorrer sem a
força eletromotriz atrairá os elétrons do fio condutor e os íons
presença do oxigênio.
de cobre do eletrólito para a face do metal (provocando
redução).
REDUÇÃO= A redução é o processo químico no qual um átomo,
A figura abaixo apresenta o modelo da dupla camada elétrica
íon ou molécula ganha elétrons. Esse processo está
de Grahame.
geralmente associado à diminuição do estado de oxidação ou
valência da substância envolvida. A redução ocorre em
conjunto com a oxidação em uma reação redox (redução-
oxidação), na qual há transferência de elétrons entre espécies
químicas.

18
Bruna Karla
A corrosão pode ser classificada de diferentes formas. As três
principais são:
Corrosão de acordo com o seu formato
Corrosão segundo o tipo de ataque
Corrosão por pite
As três classificações enquadram a corrosão de acordo com a
sua forma de manifestação. É bom lembrar, todavia, que a
corrosão raramente ocorre sob uma mesma forma.
a) Classificação da corrosão segundo a forma:

19
Bruna Karla
b) Classificação da corrosão segundo o tipo de ataque: A corrosão é inevitável?
O aço é produzido através do aquecimento do minério de ferro,
que é uma forma de óxido presente na natureza. Durante esse
aquecimento, o oxigênio é liberado e o ferro passa de uma
condição estável para uma condição metaestável. Isso significa
que o ferro pode facilmente voltar a se tornar óxido de ferro
através de processos químicos e/ou eletroquímicos.

Ciclo do ferro e dos metais em geral na natureza:

➥A corrosão é um processo natural e inevitável que ocorre


para regularizar a intervenção humana na natureza.
➥A pintura anticorrosiva é um método eficiente de tratamento
de estruturas metálicas.
➥A durabilidade da pintura depende das condições de
c) Classificação da corrosão por pite
exposição da estrutura e da manutenção que ela recebe ao
É um tipo que corrosão que possui complexidade de
longo do tempo.
classificação.
➥Pequenos arranhões na película de tinta podem levar à
O esquema abaixo que classifica a corrosão apenas por pite:
corrosão localizada do tipo pite.
➥A degradação das tintas ao longo do tempo expõe o metal ao
ambiente e torna-o suscetível à corrosão.
➥Tintas ricas em metais, como o zinco, possuem um processo
de proteção diferente, onde a própria tinta sofre corrosão,
chamado de proteção catódica.

Foi dito neste texto que é impossível impedir que a corrosão


ocorra. Neste item, esta afirmação continua sendo verdadeira,
mas o mecanismo de proteção denominado proteção catódica
atenua significativamente os efeitos danosos provocados pela
corrosão.
A proteção catódica é um método utilizado para proteger
estruturas metálicas da corrosão. Consiste em criar uma
corrente elétrica de proteção que flui do metal a ser protegido
(ânodo) para um metal mais facilmente oxidável (cátodo),
prevenindo a corrosão do metal principal.
Existem dois tipos principais de proteção catódica: a proteção
catódica por ânodos de sacrifício e a proteção catódica por
corrente impressa.
20
Bruna Karla
Na proteção catódica por ânodos de sacrifício, também conhecida
como proteção galvânica, são utilizados ânodos feitos de metais mais
ativos e eletropositivos, como zinco ou magnésio. Esses ânodos são
conectados à estrutura metálica a ser protegida, formando uma célula
eletroquímica. O ânodo de sacrifício é consumido preferencialmente
pela corrosão, protegendo o metal principal.
Já na proteção catódica por corrente impressa, uma corrente elétrica
externa é aplicada na estrutura metálica através de ânodos inertes,
como titânio revestido com óxido de rutenio-irídio. Essa corrente
suprime a corrosão ao fornecer elétrons para o metal protegido, E se o ânodo for totalmente consumido? O processo de
mantendo-o em um estado catódico, onde não ocorre a oxidação. corrosão será iniciado e o aço será corroído.
Verifiquemos novamente a pilha eletrolítica do início do texto. Nela Existe alguma forma de se ter uma proteção catódica mais
está muito claro que o ferro será oxidado e o cobre reduzido. eficiente? Sim.
Geralmente, os dois metais mais escolhidos são o zinco e o magnésio Se o sistema de proteção catódica com ânodo de sacrifício não
(Eo Fe = - 0,44 V; Eo Zn = - 0,762 V; Eo Mg = - 2,363 V). for eficiente, podese empregar um outro sistema que é a
proteção catódica por corrente impressa. Neste sistema, o
ânodo de sacrifício é substituído por um ânodo inerte (por
exemplo: titânio) e impõe-se uma corrente elétrica entre os
dois eletrodos. Voltemos à pilha eletrolítica.

Esta forma de proteção se chama de proteção catódica com ânodo de


sacrifício.
Isto porque o ânodo será oxidado e se sacrificará em detrimento do
Observe que se a bateria for retirada haverá uma inversão de
aço que será protegido.
condução eletrônica e o aço será oxidado. Neste caso, o aço não
Exemplos de estruturas com proteção catódica com ânodo de
é cátodo, mas está cátodo. O exemplo abaixo esclarece melhor
sacrifício
este sistema.

21
Bruna Karla
Comentário geral: apenas a medida local é capaz de determinar
A Série de Potenciais Eletroquímicos abaixo pode apresentar com maior precisão a resistividade. Para concretos pode-se afirmar
pequenas diferenças em relação a outras Séries, pois isto que quanto mais densos, maiores serão suas resistividades, assim,
depende da precisão com que foram feitas as medidas de concretos com fck baixo tendem a apresentar menores
potencial. O mais importante, no entanto, é a posição que cada resistividades, e concretos com fck elevado (como o CAD), tendem a
elemento ocupa na série. Então, os elementos que apresentam apresentar altas resistividades. Por outro lado, solos com muitos
potencial mais negativo são mais susceptíveis a sofrer oxidação íons conduzem mais, não havendo relação direta com sua
do que os que possuem potencial mais positivo. resistência mecânica, mas com a disponibilidade de íons, além disso,
pode-se dizer que a presença de água facilita enormemente a
condução iônica.

b) Densidade de corrente necessária para a proteção de uma


superfície metálica
em contato com um meio é importante saber quanto de
corrente passará nesta área, pois para correntes muito baixas a
pilha de Daniel não terá energia suficiente para gerar uma
força eletromotriz capaz de fazer desencadear o processo de
corrosão de origem eletroquímica.

c) Área de contato do meio com a estrutura metálica [m²]


este procedimento é simplificado, fornecendo as noções Esta área refere-se ao contato estrutura-meio. De um modo geral
básicas de como uma estrutura metálica pode ser protegida ela corresponde à face inferior das chapas de base dos pilares
através desta técnica. metálicos, eventualmente, caso as bases estejam imersas no
Princípio básico: a proteção catódica por eletrodo de sacrifício concreto, esta área será maior, devendo ser corrigida. Deve-se
se baseia na pilha de Daniel, em que dois metais postos em considerar, inclusive, contato estrutura-solo.
contato (um contato metálico [corrente eletrônica] e outro d) Vida útil do sistema de proteção (T) [ano]
eletrolítico [corrente iônica]) promovem a redução do metal A vida útil do sistema é reduzida, até por uma questão de custo, pois
mais eletropositivo e a oxidação do metal mais eletronegativo. quanto mais material de proteção for usado, mais caro será o
Assim, é comum escolher-se para a proteção do ferro (átomo sistema. A vida útil de sistemas de proteção pode variar de 2 anos a
mais abundante do aço com - 0,44 V de potencial de eletrodo) 10 anos, com preferência para tempos menores em torno de 3 anos
metais mais eletronegativos como o zinco (- 0,76 V), o alumínio a 5 anos.
(- 1,66 V) e o magnésio (- 2,36 V). e) Fator de velocidade (F) [adimensional]
Marcha de cálculo em onze passos: o fator de velocidade é igual à unidade.
f) Eficiência do revestimento de proteção (E) [adimensional]
a) Resistividade do eletrólito
Quanto melhor for o revestimento menor será a corrosão. Uma
É importante lembrar que uma determinação precisa da
quantificação desta eficiência encontra-se na Tabela 2.
resistividade exige o uso de equipamento específico, como o
resistivímetro.

22
Bruna Karla
❯ Tratamentos superficiais adequados são considerados
excelentes.
❯ Tratamentos superficiais que negligenciam princípios gerais Obs.: ΔV é a tensão do ânodo adotado em V; R é a resistência do
em sua totalidade podem ser considerados ruins. ânodo em Ohm.
❯ cabe a quem está dimensionando o sistema de proteção A tensão pode ser adotada como sendo 0,7 V para os ânodos de
decidir sobre o valor adotar para eficiência em função das magnésio e 0,5 V para os ânodos de alumínio e zinco.
características empregadas no tratamento superficial da k) Resistência do ânodo (R)
estrutura. O cálculo da resistência do ânodo é dado por:
g) Corrente total requerida para a proteção do sistema (It)
A corrente elétrica requerida para a proteção do sistema é
dada por:
Obs.: resistividade do eletrólito em Ohm.cm; comprimento do
ânodo em cm; diâmetro remanescente do ânodo em cm. O
diâmetro remanescente do ânodo refere-se ao diâmetro
Obs.: área em m²; densidade de corrente em A/m²; demais depois de um certo tempo de oxidação, que geralmente é
parâmetros adimensionais. adotado em torno de 40% de seu diâmetro original.
h) Capacidade de condução de corrente do ânodo de sacrifício
11. Orçamento de estrutura metálica
(C)
Alguns tipos de ânodo de sacrifício existem no mercado, cada
um possui custo e capacidade de corrente distintos. Os mais a) Orçamento baseado na área de construção de estrutura
comuns são os constantes da Tabela 3. metálica:
➪área de construção de estrutura metálica em m²:
➪preço por m² de estrutura metálica:
b) Orçamento baseado na massa de estrutura metálica
c) Orçamento baseado em índices de custo

A partir do orçamento pronto, chega-se à fase de elaboração da


proposta. Esta consta de um documento em que estão reunidas
todas as informações necessárias para que o cliente tenha uma
ideia completa e bem definida do que estará adquirindo, caso o
contrato seja assinado.
i) Massa dos ânodos para determinada vida útil (M)
A massa necessária de ânodo de sacrifício para proteger uma 12. Estruturas espaciais
estrutura durante um certo tempo é dada pela equação Naturais ou construídas pelo homem, todas as estruturas
seguinte. existentes na Terra são espaciais, pois todas ocupam as três
dimensões do espaço.

A análise estrutural classifica as estruturas em três tipos:

Obs.: vida útil em anos; corrente em A; capacidade de corrente


➪ Estruturas volumétricas: tipos de estruturas tais como
em A.h/kg; 8 760 é o número de horas de um ano; 0,85 é o
barragens, fundações, etc. que são calculadas por métodos
rendimento do ânodo.
aproximados e pouco precisos, nestes tipos de estruturas todas
j) Corrente que o ânodo é capaz de conduzir (i)
as dimensões são significativas;
A corrente, calculada no passo g, refere-se à corrente
➪ Estruturas planas: tipos de estruturas tais como lajes,
necessária para proteger a estrutura metálica. Resta ainda
cascas, etc. que são calculadas por métodos mais precisos
verificar se o ânodo terá capacidade de conduzir esta corrente.
como o Método dos Elementos Finitos, em que apenas duas
Esta corrente é dada por:
dimensões são significativas; e
23
Bruna Karla
➪ Estruturas reticuladas: tipos de estruturas tais como vigas,
pilares, etc. que são calculadas por métodos precisos como a
Teoria da Elasticidade e em que apenas uma dimensão é
significativa.

as estruturas reticuladas (formadas por barras) são


classificadas nos seguintes 6 subtipos:
viga,
treliça plana,
treliça espacial,
pórtico plano,
pórtico espacial
grelha.

Destes, apenas a treliça espacial e o pórtico espacial não


podem ser projetados em um único plano. A junção das barras de uma estrutura espacial é feita através
dos nós. Este elemento pode ser fabricado de diversas formas,
algumas delas sendo, inclusive, patenteadas. O tipo de nó mais
Composta por barras reticuladas presentes nas três empregado em nossa região é o nó estampado, conforme
dimensões. figura abaixo.
Pode ser fabricada com diversos tipos de materiais.
Os dois mais comuns são aço (aço comum, aço patinável
ou aço galvanizado) e alumínio.
Algumas experiências foram feitas com madeira,
principalmente bambu, mas os resultados são limitados.
Recomenda-se o uso de madeira apenas em estruturas de
pequeno porte para eventos temporários.

O modelo inicial de estrutura espacial foi o tetraedro de base


retangular. No entanto, o aperfeiçoamento dos métodos de
cálculo e o desenvolvimento de computadores mais potentes,
juntamente com a criatividade dos projetistas, levaram à
Neste tipo de nó, as barras (tubos metálicos) são
criação de outros modelos e estima-se, atualmente, que
estampadas (prensadas) e furadas simultaneamente. Os
existam mais de 30 modelos.
parafusos e furos são especificados pelo calculista da
Alguns deles são os seguintes:
obra e, geralmente, é seguida a regra de se acrescer ao
diâmetro do parafuso uma folga de 1/16” (1,5 mm) para a
furação, esta folga não pode ser grande, pois do contrário,
a estrutura apresentará deformação excessiva quando for
içada.
Quando os esforços atuantes nos nós são grandes, o tipo
de nó a ser adotado deve ter maior capacidade de
absorção de carga. O nó estampado nestes casos não é
recomendado, tendo-se, portanto, a necessidade de se
projetar nós mais reforçados, como algum dos tipos
indicados abaixo.

24
Bruna Karla
diagonais e malha de fechamento.
As malhas inferiores e superiores são levantadas a partir do
somatório de todos os comprimentos de tubos e suas
respectivas massas. Como estas malhas podem ser projetadas
em um único plano, não há necessidade de se empregar
recursos trigonométricos no seu levantamento. O único detalhe
a ser observado é o acréscimo
que se deve deixar para a devida conexão dos parafusos nas
extremidades dos tubos.

13. Lajes esbeltas


Se o projeto de estrutura metálica estiver pronto e estiver bem laje nervurada/treliçada;
elaborado, o levantamento de tubos se resume à coleta das laje pré-moldada (originariamente denominada volterrana);
massas totais que estão definidas no projeto. A partir deste laje wall*;
ponto, repete-se o procedimento definido na aula de laje wall madeirit*;
orçamento de estruturas metálicas, ou seja: laje em chapa metálica*;
1. levantamento da área de estrutura metálica; laje alveolar*;
2. levantamento da massa de metal que será consumida na laje steel deck*.
estrutura; Embora reduzam significativamente o consumo de formas e, em
3. cálculo da taxa de consumo de aço (CA) através da divisão alguns casos (lajes com asterisco), chegue a eliminá-las, nem
do consumo total pela área de estrutura espacial; e sempre tal eliminação é acompanhada de redução de custos.
4. composição do preço unitário utilizando a fórmula
empírica:
Laje steel deck foi criada nos anos 70 nos Estados Unidos.
É considerada a estrutura mais inteligente em termos de laje
em que: com função estrutural.
PU = preço unitário em R$/m² Aproveita a forma metálica como armadura positiva.
PA = preço do kg de aço em R$/kg Não é necessário adicionar armadura positiva, pois a própria
CA = consumo de aço em kg/m² forma da laje desempenha essa função.
De posse do PU, o orçamento é concluído através de sua a laje steel deck ainda não apresenta custo inferior, por
multiplicação pela área da estrutura espacial. exemplo, às lajes pré moldadas.
No caso de estrutura espacial, o valor de K geralmente
oscila entre 1,5 e 2,0, sendo o valor mais praticado 1,5
(lucro?).
O preço atual do quilograma de aço na forma de perfil ou
chapa oscila em torno de R$ 3,20, enquanto que o de tubo
de aço fica em torno de R$ 4,20, ou seja, aproximadamente
31% mais caro. É por este motivo que as estruturas
espaciais sofreram queda nas vendas a partir da década
de 1990.
Os materiais envolvidos são os seguintes:
Steel deck: em aço ASTM A-653, Grau 40 (ZAR 280),
Quando o projeto não indicar as quantidades de massas galvanizado com película de zinco equivalente a 260 g/m2 e
totais, será necessário o levantamento para cada tipo de tensão de escoamento igual a 280 MPa.
tubo constante do mesmo. Concreto estrutural: concreto grupo I, classe C-20, ou seja,
O levantamento dos tubos de uma estrutura espacial concreto convencional com fck maior ou igual a 20 MPa.
envolve o levantamento de cada um dos seguintes Armaduras negativas: armaduras em telas soldadas, para
elementos: malha inferior, malha superior, malha das controle de fissuração, com taxa mínima de 0,1% da área de
25
Bruna Karla
concreto acima da face superior do steel deck. Escoramento: caso o vão utilizado seja superior ao vão
Armaduras positivas: caso sejam necessárias, serão máximo sem escoramento indicado na Tabela de Cargas, a
colocadas na calha do steel deck para reforço da laje deverá ser escorada durante a concretagem;
armadura positiva principal, que é o próprio steel deck. A Largura de apoio: o apoio da laje deve ser de 75 mm para
seção transversal da laje steel deck é a mostrada na apoios externos e 150 mm para apoios internos;
figura seguinte. Observar que os espaços vazios inferiores Lajes de piso: para lajes de piso, recomenda-se que a altura
formados pelas ondas do steel deck poderá ser total de concreto seja maior ou igual a 140 mm;
preenchidos ou não. Do ponto de vista estrutural a laje Cargas pontuais ou lineares: a Tabela de Cargas foi
steel deck poderá ficar à vista. elaborada para cargas uniformemente distribuídas na
superfície da laje. Caso existam cargas lineares ou pontuais
Em termos de acabamento, a face inferior da laje steel deck aplicadas diretamente na laje, deverá haver um estudo mais
pode receber pintura em qualquer cor ou ainda a aplicação de detalhado; e
forro Situações de incêndio: os valores indicados na Tabela de
Cargas correspondem aos carregamentos que podem ser
aplicados em temperatura ambiente, ou em situações de
incêndio com tempos de atuação de até 30 minutos. Para
situações de incêndio com tempos de atuação superiores a
30 minutos, a norma NBR 14 323 deverá ser consultada, para
que as armaduras adicionais sejam consideradas na
resistência nominal das lajes.

(PRÓXIMA PÁGINA)

Norma utilizada: a tabela de cargas foi elaborada


seguindo as prescrições do anexo C da norma NBR 14 323;
Massa específica: 2 400 kg/m3 . O peso próprio da laje
não deve ser computado no cálculo da carga sobreposta;
Armaduras adicionais: Deverá ser posta uma tela a fim de
evitar possíveis fissuras devidas à retração ou à variações
de temperatura do concreto. Além desta tela, deverão ser
previstas armaduras localizadas (acima de vigas
principais, no contorno de pilares, etc.) para evitar
possíveis fissuras devidas à tendência de continuidade da
laje sobre os apoios; 26
Bruna Karla
Algumas estruturas possuem limitação de dimensões imposta pelo projeto de arquitetura e/ou por alguma especificidade da obra.
Exemplos clássicos são as lojas de shoppings centers, onde geralmente se necessita de um mezanino para área de estoque e/ou
escritório, mas o pé-direito disponível é limitado.
Outra situação é a execução de um pavimento suplementar em um edifício existente sem reforço de sua estrutura de sustentação e
fundações. Nestes casos, geralmente se opta por lajes leves e de espessura reduzida, de modo que o usuário final tenha mais espaço
útil.
Uma opção existente no mercado para solucionar problemas desta natureza é o emprego de lajes tipo sanduíche compostas por
materiais compósitos, ou seja, materiais distintos que são unidos de modo que um compense os defeitos do outro e vice-versa

(exemplo: concreto armado a armadura compensa a baixa resistência à tração do concreto e o concreto resolve o problema da baixa
rigidez das longas armaduras de aço).

27
Bruna Karla
Embora existam várias opções de materiais compósitos, as duas Forma de aplicação do painel wall:
que são mais empregadas são:
Painel wall (fabricado pela Brasilit com o nome de
Masterboard e pela Eternit com o nome de Painel Wall
Eternit)
Painel madeirit (fabricado pela Madeirit com o nome de
Painel Mad Wall).

Além destas características, o painel wall possui Certificados e


Relatórios Técnicos emitidos pelo Instituto de Pesquisas
b) Painel wall madeirit Devido às placas de fibro-cimento
Tecnológicas do estado de São Paulo (IPT) que atestam outras
iniciais (fibra de amianto com cimento Portland), o painel
características importantes, tais como:
wall recebeu algumas restrições de uso em determinados
- Desempenho a impacto;
ambientes, tais como áreas de alimentação, fábricas de
- Comportamento ao fogo e propagação superficial de chamas;
alimentos, hospitais, ambulatórios, etc. Dessa forma, uma
- Isolamento acústico;
alternativa para o painel wall foi a criação do painel wall
- Isolamento térmico;
madeirit, que possui dimensões semelhantes ao seu
- Comportamento à radiação e choque térmico;
concorrente.
- Desempenho à compressão axial;
- Desempenho à flexão;
- Comportamento à ação da água;
- Resistência a cupins;
- Estanqueidade à água;
- Estabilidade dimensional.
Para as aplicações mais comuns o painel wall possui a seguinte
capacidade de carga:

28
Bruna Karla
Da mesma forma que o painel wall, o painel wall madeirit possui a mais é possível em função da flexibilidade que se tem nas chapas de
Certificados e Relatórios Técnicos emitidos pelo IPT que atestam base dos pilares que permitem ajustes posteriores.
boas características, mesmo que não sejam as mesmas Um recurso muito utilizado na locação de bases e de pilares em
atestadas pelo painel wall, principalmente quanto ao montagens de estruturas metálicas são os teodolitos e níveis que
comportamento ao fogo. facilitam a locação das bases, reduzem o desaprumo dos pilares e
Esta laje apresenta a seguinte capacidade de carga. permitem que os critérios da norma sejam atendidos com mais
facilidade.
Uma recomendação prática final sobre o alinhamento de pilares é a
seguinte: quando os pilares estiverem erguidos, um observador deve-se
distanciar da obra e olhar o seu alinhamento, através deste
procedimento fica fácil identificar se algum pilar está fora de
alinhamento, como pode ser visto no esquema seguinte.
Com relação ao sistema de fixação do painel wall madeirit,
ele é igual ao do painel wall.

14. Montagem de estruturas metálicas


Esta etapa da execução das estruturas metálicas raramente é
explorada em livros e/ou trabalhos publicados na área. Na
verdade, ela está mais relacionada à experiência das pessoas Desta forma identificam-se o quarto pilar da fila superior e o sexto da
que estão diariamente envolvidas na montagem de campo, ou fila inferior com facilidade.
montagem externa. Assim, este tema será discorrido na forma
de recomendações de caráter prático e informações sobre b) As estruturas quando são soldadas sofrem pequenos
máquinas e equipamentos de montagem. empenamentos de modo que, quando vão ser montadas, os furos das
chapas de emenda podem não coincidir exatamente; neste caso deve-
se utilizar uma ferramenta chamada espina. O que não pode ocorrer é
a) Conferir o nivelamento e locação das bases de concreto
dano na chapa provocado por esforço demasiado na introdução da
(fundações) para que os pilares fiquem perfeitamente alinhados
espina. Caso isto ocorra, a peça deve ser consertada na obra ou voltar
e em prumo. O desaprumo tolerado por norma para pilares de
para a fábrica se o conserto for de grande vulto, o que não é comum.
estrutura metálica é de h/500, como ilustrado na sequência.

c) Após a montagem das peças de cobertura no chão, inicia-se o seu


içamento até o topo dos pilares. Esta operação é realizada por meio de
equipamentos especiais. Alguns deles são:

(i) Tirfor (também denominado de tifor): trata-se de um tipo de talha


com boa capacidade de carga (1 600 kgf até 5 000 kgf) que, instalado
em uma torre de andaimes reforçada, permite o içamento de estruturas
de cobertura previamente parafusadas. Este é o equipamento mais
Na prática é possível se fugir um pouco deste valor se utilizado em nossa região para montagem de estruturas metálicas. O
chegando a valores de desaprumo da ordem de h/400. É esquema seguinte explica melhor o seu funcionamento.
evidente, por outro lado, que quanto maior o desaprumo, mais
problemas ocorrerão na montagem e que o certo é sempre
procurar o desaprumo nulo.
No caso do nivelamento das bases, a norma estipula o
valor de 2 mm como diferença de nível máxima entre duas
bases quaisquer. Na prática, este valor pode chegar a até 20
mm, pois esta diferença não gera grandes transtornos.
Quanto à distância horizontal entre bases a norma
especifica um máximo de 3 mm. Geralmente, na prática, se
toleram valores maiores da ordem de 50 mm. Esta tolerância 29
Bruna Karla
Desta forma identificam-se o quarto pilar da fila superior e o sexto da
fila inferior com facilidade.
Antes do içamento a torre de andaimes deve estar
devidamente presa ao solo e atirantada no tirfor para que não
b) As estruturas quando são soldadas sofrem pequenos
venha a tombar ou se mover lateralmente. É relativamente
empenamentos de modo que, quando vão ser montadas, os furos das
comum a não observação destes dois princípios básicos e,
chapas de emenda podem não coincidir exatamente; neste caso deve-
consequentemente, é relativamente comum a ocorrência de
se utilizar uma ferramenta chamada espina. O que não pode ocorrer é
acidentes. Portanto, o tirfor não pode ser considerado um
dano na chapa provocado por esforço demasiado na introdução da
equipamento inseguro, pois a origem dos problemas está
espina. Caso isto ocorra, a peça deve ser consertada na obra ou voltar
associada a uma prática errada de içamento empregada pela
para a fábrica se o conserto for de grande vulto, o que não é comum.
mão de obra da região.

c) Após a montagem das peças de cobertura no chão, inicia-se o seu


(ii) Grua fixa: pouco utilizada na montagem de estruturas
içamento até o topo dos pilares. Esta operação é realizada por meio de
metálicas, pois a velocidade de execução deste tipo de
equipamentos especiais. Alguns deles são:
estrutura torna a adoção da grua fixa inviável do ponto de
vista econômico. Apenas em obras de grande porte, grande
(i) Tirfor (também denominado de tifor): trata-se de um tipo de talha
prazo de execução e pequena área de projeção as gruas fixas
com boa capacidade de carga (1 600 kgf até 5 000 kgf) que, instalado
são utilizadas. Estes casos correspondem a edifícios altos,
em uma torre de andaimes reforçada, permite o içamento de estruturas
como o Centro Empresarial do Aço (São Paulo), Edifício
de cobertura previamente parafusadas. Este é o equipamento mais
Avenida Central (Rio de Janeiro), Hangar da ex-Varig (Rio de
utilizado em nossa região para montagem de estruturas metálicas. O
Janeiro), Shopping Midway Mall (Natal), etc.
esquema seguinte explica melhor o seu funcionamento.

(iv) Munck: acoplado a um caminhão comum, este equipamento é


extremamente útil, pois alia a capacidade de elevar cargas de porte
médio (2 000 kgf a 6 000 kgf) com boa flexibilidade no canteiro de
obras. Além disso, permite a carga, transporte e descarga da estrutura
metálica no local da obra.
(iii) Guindaste: este equipamento é mais utilizado em obras
com peças mais pesadas (acima de 5 000 kgf), pois a
capacidade de carga e flexibilidade de movimento deste
equipamento é superior que os demais. Também é
equipamento que deve ser bem avaliado antes de ser
comprado ou alugado. Para se ter uma idéia, o aluguel de um
guindaste de porte médio, custa em torno de R$ 2 000,00/dia.
Assim, muitas empresas da região alugam guindastes e estes
são sinônimo de redução de custos de montagem quando o
(v) Torre atirantada (pau de carga): é um equipamento mais usado na
canteiro de obras está previamente preparado para recebê-
montagem de estruturas espaciais. Estas estruturas são montadas no
los. Quando um guindaste for ser alugado, todas as peças
piso e içadas de uma vez só ou em partes por 04 ou mais torres
devem estar prontas e posicionadas para o içamento, porque a
atirantadas, assim, a estrutura sobe por igual (abaixo a montagem do
operação de montagem se torna muito rápida e não compensa
Parque do Anhembi, São Paulo).
deixar este equipamento ocioso com o seu aluguel em aberto.

30
Bruna Karla
d) Trata-se de um galpão em tesoura de múltiplos vãos, uns contraventados e outros não, apoiados em pilares também metálicos.
Eis a sequência em 13 etapas:

31
Bruna Karla
O contraventamento das estruturas convencionais é uma etapa importante no início da montagem. O estaiamento/atirantamento deve
empregar corda de nylon. Após as etapas iniciais, o risco de desmoronamento vai se tornando cada vez menor e a estabilidade do
conjunto, em consequência, vai aumentando. Existem acidentes históricos de desastres devidos à falta de contraventamento durante a
montagem, estes casos evidenciam o famoso e conhecido efeito dominó.

e) A fase seguinte da montagem é a colocação dos elementos estruturais secundários. Estes podem ser vários, os mais comuns são: terça,
espaçador, mão francesa, lanternim, terça de fechamento lateral, terça de fechamento frontal, etc. Como estas peças são leves (peso
inferior a 100 kgf), não são empregados equipamentos especiais para içamento, o simples uso de corda de nylon é suficiente para a
elevação manual das cargas. Para se ter uma idéia melhor, o peso da terça mais utilizada nas montagens de estruturas metálicas é de 20
kgf (terça tipo G com 6 m de comprimento), o que representa um esforço físico muito pequeno para dois operários durante o içamento.

f) Em seguida à colocação das peças estruturais secundárias, inicia-se a colocação dos contraventamentos horizontais e verticais
definitivos. Esta etapa é importante para reduzir a quase zero a movimentação da estrutura provocada pelo vento. Sem esta etapa, as
estruturas continuam instáveis e ainda podem ruir pelo efeito dominó. A colocação das telhas de cobertura só pode ser feita se esta etapa
estiver concluída.

32
Bruna Karla
g) Após a conclusão da montagem vem a fase de colocação i) Como visto na aula de ligações de estruturas metálicas, as preferidas
das telhas, calhas, pingadeiras, fechamentos laterais, frontais, para o campo são as ligações com parafusos. No caso do uso de
etc. Nesta etapa deve-se atentar para a seguinte advertência: parafusos comuns, o aperto dos mesmos pode ser feito por meio de
em hipótese alguma, a estrutura deve ser coberta de um lado chave manual, mas no caso de parafusos de alta resistência, a norma
e depois do outro, ela deve ser coberta pelos dois lados exige a utilização de torquímetros que aplicarão nos parafusos tensões
simultaneamente. Observem o esquema abaixo que esclarece de tração tabeladas no projeto estrutural. Ligações desta natureza,
melhor. como visto, são chamadas de ligações por atrito e são empregadas
mais em estruturas de grande porte. As ligações por meio de parafusos
comuns são chamadas de ligações por contato e são as mais comuns
em nossa região. Segundo a norma brasileira, uma vez apertado, um
parafuso não pode ser mais utilizado, mesmo que aparente estar em
boas condições.

j) Ainda reforçando a adoção de práticas seguras, algumas


recomendações de segurança importantes para o içamento de cargas
são as ilustradas abaixo:

A colocação de telhas de acordo com o primeiro esquema pode


despertar esforços não previstos no cálculo estrutural e levar
a estrutura à ruptura, fato que já ocorreu em João Pessoa
durante a montagem da estrutura metálica do Forrock.
Naquela ocasião foram somados três efeitos destrutivos:

1) Esquema de colocação da coberta errado


2) Alto índice de corrosão devido às condições inadequadas de
armazenamento (aproximadamente 01 ano exposto ao
intemperismo)
3) Subdimensionamento dos perfis.

É lamentável que o acidente tenha ocorrido e, principalmente,


provocado a morte de duas pessoas, mas é reconfortante
saber que a estrutura ruiu poucos dias antes do show de
inauguração.

h) Durante o transporte e manuseio das peças na obra, é


comum surgirem arranhões. Estes merecem atenção especial,
pois todo o cuidado dispensado no tratamento superficial é
fisicamente removido e a estrutura fica passível de sofrer
corrosão de origem eletroquímica. Nestes casos, os retoques
devem ser feitos por meio de um sistema de pintura que
possua resistência à corrosão superior ao sistema adotado na
fábrica. Um sistema recomendado é: (i) limpeza manual ou
mecânica por meio de lixamento, (ii) aplicação de 02 demãos
de tinta à base de epóxi e (iii) 02 demãos de tinta à base de
poliuretana.
33
Bruna Karla
k) Em geral, as estruturas espaciais são montadas no chão e
içadas em sua totalidade. Uma observação interessante sobre
este tipo de montagem refere-se ao fato de que, mesmo
tendo-se o cuidado de apertar os parafusos de forma
adequada, a experiência mostra que as estruturas espaciais
seguem exatamente a topografia do terreno de apoio, ou seja,
se a base de apoio onde a estrutura está sendo montada
possuir ondulações, o plano inferior da estrutura seguirá este
formato e ela será içada, portanto, deformada, sem que tenha
sofrido esforços. Assim, sempre se deve ter a preocupação de
montar as estruturas espaciais em locais planos e, caso não
existam, escorar os nós da estrutura com calços de madeira
para que a planicidade desejada seja alcançada.

34
Bruna Karla

Você também pode gostar