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CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

MCG591 – Projeto de Sistemas Estruturais


Prof.:Thais da Silva Rocha

1/2022
PROJETO ESTRUTURAL

O projeto estrutural, normalmente, compõe-se das seguintes


etapas:

• CONCEPÇÃO ESTRUTURAL;

• ANÁLISE ESTRUTURAL;

• DIMENSIONAMENTO E DETALHAMENTO;

que interagem para gerar o projeto da estrutura.


CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

A concepção estrutural, ou
simplesmente estruturação, também
chamada de lançamento da estrutura,
consiste em escolher um sistema
estrutural que constitua a parte
resistente do edifício.

A solução estrutural adotada no projeto deve


atender aos requisitos de qualidade
estabelecidos nas normas técnicas.
CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

Concepção estrutural: atender a finalidade da edificação e


condições impostas pela arquitetura.

Devem ser considerados vários aspectos no projeto de


edificações:

• Projeto arquitetônico: estética e funcionalidade;

• Projeto estrutural: resistência e segurança;

• Projeto de instalações: aspectos ligados à instalações elétricas e


hidráulicas.
CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

Projeto arquitetônico:

• a base para a elaboração do projeto estrutural;


• posicionamento dos elementos de forma a respeitar a
distribuição dos diferentes ambientes nos diversos pavimentos.

Obs.: Não se deve esquecer de que a estrutura deve também ser


coerente com as características do solo no qual ela se apóia.
CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

Projeto estrutural:

• deve estar em harmonia com os demais projetos, tais como: de


instalações elétricas, hidráulicas, telefonia, segurança, som,
televisão, ar condicionado, computador e outros, de modo a
permitir a coexistência, com qualidade, de todos os sistemas.

Conflito com aberturas;

Incompatibilidade ou conflito Instalações em conflito com a


estrutura;

Pilares excessivamente próximos.


CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

Falha na compatibilização de projetos


CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

Os edifícios podem ser constituídos, por


exemplo, pelos seguintes pavimentos:

• subsolo;
• térreo;
• tipo;
• cobertura;
• casa de máquinas;
• além dos reservatórios inferiores e
superiores.
CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

A escolha do sistema estrutural depende de fatores técnicos e


econômicos, dentre eles:

Capacidade do meio técnico para desenvolver o projeto e


para executar a obra;

Disponibilidade de materiais, mão-de-obra e equipamentos


necessários para a execução;

Fatores econômicos.
CAMINHO DAS CARGAS E COMPORTAMENTO
PRIMÁRIO DOS ELEMENTOS

Lajes:
Receber e transferir cargas para as vigas
Predominância da flexão (M,V)

Vigas:
Transferir cargas verticais aos pilares
Predominância da flexão (M,V)

Pilares:
Transferir esforços da superestrutura para
as fundações
Predominância da flexo-compressão (N,M)
PISO ELEMENTAR
CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

Lançamento da estrutura

Posição dos elementos estruturais (pilares, vigas, lajes, etc.)


Base principal: projeto arquitetônico

Pré-dimensionamento dos elementos estruturais

Definição preliminar das seções dos elementos

Desenho das fôrmas estruturais (pré-fôrmas)

Geração de desenhos
Compatibilização com os demais projetos
CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

Análise estrutural

Levantamento das ações atuantes


Ações verticais e horizontais
Deformações impostas
Obtenção dos esforços e deslocamentos
Montagem das combinações de ações (ELU e ELS)
Uso de recurso computacional na análise estrutural
Verificação da estabilidade global
Efeitos globais de segunda ordem
Dimensionamento dos elementos estruturais

Eventuais correções / modificações da solução inicial


CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

Observações iniciais:

Não existem normas;

Possibilidade de várias soluções tecnicamente viáveis;


Requer conhecimento técnico, criatividade (experiência)

Alterações na concepção inicial podem ser requeridas;


Pelo cálculo estrutural
Por alterações posteriores na arquitetura
Na compatibilização de projetos

Aproveitar facilidades das ferramentas computacionais.


DIRETRIZES GERAIS

1) Posicionamento dos elementos estruturais em função


do comportamento primário dos mesmos:

Ações nos pavimentos lajes vigas pilares

2) Transferência de cargas da forma mais direta possível

Evitar vigas apoiadas em outras vigas


Evitar pilares apoiados em vigas Sempre que possível!
(vigas de transição)
DIRETRIZES GERAIS

Grandes dimensões de
seções;
Custo elevado.

Risco: colapso da viga de transição!


DIRETRIZES GERAIS

3) Uniformidade dos elementos estruturais (seções, vãos)

Reduz custos com fôrmas


Aumenta velocidade de execução
Melhor aproveitamento das chapas de madeira
Exemplo: padronização das alturas das vigas

Aumento de produtividade no canteiro de obras

4) Orientação criteriosa das seções dos pilares (planta)

Rigidez frente às ações horizontais


Comportamento em serviço
Estabilidade global
DIRETRIZES GERAIS

5) As dimensões contínuas da estrutura, em planta, devem ser, a


princípio, limitadas a cerca de 30 m.

Minimizar os efeitos da variação de temperatura ambiente


e da retração do concreto
RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS: LANÇAMENTO
DA ESTRUTURA

✓ Iniciar o lançamento pelo pavimento tipo;

✓ Posicionar pilares preferencialmente:

Nos cantos da edificação

Recomenda-se iniciar a localização dos pilares pelos


cantos e, a partir daí, pelas áreas que geralmente são
comuns a todos os pavimentos (área de elevadores e de
escadas) e onde se localizam, na cobertura, a casa de
máquinas e o reservatório superior. Em seguida,
posicionam-se os pilares de extremidade e os internos,
buscando embuti-los nas paredes ou procurando
respeitar as imposições do projeto de arquitetura.
RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS: LANÇAMENTO
DA ESTRUTURA

✓ Posicionar pilares preferencialmente:

No encontro de vigas “importantes”


Embutidos em paredes (estética)
Alinhados, a fim de formar pórticos com as vigas
Os pórticos, assim formados, contribuem
significativamente na estabilidade global do edifício.

Distantes entre 2,5 m e 6,0m


RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS: LANÇAMENTO
DA ESTRUTURA

Usualmente os pilares são dispostos de forma que resultem


distâncias entre seus eixos da ordem de 2,5 a 6 m.

Distâncias muito grandes entre pilares produzem vigas com:


• dimensões incompatíveis e acarretam maiores custos à
construção (maiores seções transversais dos pilares, maiores taxas
de armadura, dificuldades nas montagens da armação e das
fôrmas etc.).

Pilares muito próximos acarretam:


• interferência nos elementos de fundação e aumento do
consumo de materiais e de mão-de-obra, afetando
desfavoravelmente os custos.
RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS: LANÇAMENTO
DA ESTRUTURA

✓ Verificar se a posição dos pilares no pavimento tipo interferem


nos demais pavimentos que compõem a edificação.

✓ Posicionar vigas preferencialmente:

Onde existam paredes de alvenaria


Embutidas em paredes (estética)
Alinhadas com os pilares para a formação de pórticos
Vãos entre 2,5m à 6,0m
RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS: LANÇAMENTO
DA ESTRUTURA

✓ Limitar vão das lajes

Lajes “armadas em uma direção” Menor vão entre 2,0m e 5,0m


Lajes “armadas em duas direções” Limitar vão até 7 m

Como as vigas delimitam os painéis de laje, suas


disposições devem levar em consideração o valor
econômico do menor vão das lajes, que, para lajes
maciças, é da ordem de 2,0 m a 5,0 m. O
posicionamento das lajes fica, então, praticamente
definido pelo arranjo das vigas.
EXERCÍCIO PRÁTICO: LANÇAMENTO DA ESTRUTURA
EXERCÍCIO PRÁTICO: LANÇAMENTO DA ESTRUTURA
DESENHO PRELIMINAR DE FÔRMAS

De posse do arranjo dos elementos estruturais, podem ser feitos


os desenhos preliminares de formas de todos os pavimentos.

• As larguras das vigas são adotadas para atender condições de


arquitetura ou construtivas. Sempre que possível, devem estar
embutidas na alvenaria e permitir a passagem de tubulações.

• O cobrimento mínimo das faces das vigas em


relação às das paredes acabadas varia de 1,5 a 2,5 cm, em geral.
Costuma-se adotar para as vigas no máximo três pares de
dimensões diferentes para as seções transversais. O ideal é que
todas elas tenham a mesma altura, para simplificar o
cimbramento.
DESENHO PRELIMINAR DE FÔRMAS
• Em edifícios residenciais, é conveniente que as alturas das vigas
não ultrapassem 60 cm, para não interferir nos vãos de portas e
de janelas.

• A numeração dos elementos (lajes, vigas e pilares) deve ser feita


da esquerda para a direita e de cima para baixo.

• Numeração das lajes – L1, L2, L3 etc. : seus números devem ser
colocados próximos do centro delas
• Numeração das vigas – V1, V2, V3 etc. : seus números devem ser
colocados no meio do primeiro tramo.
• Numeração dos pilares – P1, P2, P3 etc. : posicionados embaixo
deles, na forma estrutural.
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Lajes

A espessura da laje (h) pode ser estimada em h ≅ 2,5% lx

Recomenda-se a adoção de espessuras mínimas em função do uso


da laje:

7 cm para lajes de cobertura não em balanço;


8 cm para lajes de piso não em balanço;
10 cm para lajes em balanço;
10 cm para lajes que suportem veículos com peso ≤ 30 kN;
12 cm para lajes que suportem veículos com peso ≥ 30 kN.
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Lajes

Essas espessuras mínimas sugerem vãos mínimos. Assim, para


lajes maciças de piso tem-se:

Ex.: lx = 2,8m 2,8 x 0,025 = 0,07 m

Costuma-se adotar espessuras inteiras em cm (7 cm, 8 cm, etc.).


PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Lajes
Para o cálculo das lajes é necessário estimar inicialmente a sua
altura. Existem vários e diferentes processos para essa estimativa,
sendo um deles dado pela equação seguinte:

onde:
d : altura útil da laje em cm;
n: número de bordas engastadas na laje;
l*: dimensão da laje assumida da seguinte forma:
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Lajes
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Vigas

A altura (h) da seção transversal da viga


pode ser estimada entre l/10 e l/ 12, onde
l é o vão da viga (normalmente, igual a
distância entre os eixos dos
pilares de apoio).
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Vigas

✓ No caso de apoios indiretos (viga apoiada em outra viga),


recomenda-se que a viga apoiada tenha altura menor ou igual ao
da viga de apoio.

✓Podem ser adotadas alturas múltiplas de 5 cm, com um mínimo


de 25 cm. A altura mínima induz a utilização de vãos até 2,5 m.

✓ Em geral, não devem ser utilizados vãos superiores a 6 m, face


aos valores usuais de pé direito (em torno de 2,8 m) que permitem
espaço disponível, para a altura da viga, em torno de 60 cm.

hmín = 25 cm e hmáx = 60 cm
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Vigas
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Vigas
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares

✓ Os espaçamentos dos pilares constituem os vãos das vigas,


resultando, em geral, valores entre 2,5m a 6m.

✓ No posicionamento dos pilares, devem ser compatibilizados os


diversos pisos, procurando manter a continuidade vertical dos
mesmos até a fundação de modo a se evitar, o quanto possível, a
utilização de vigas de transição (pilar apoiado em viga).
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares

✓ Deve-se adotar 19 cm, pelo menos, para a menor dimensão do


pilar e escolher a direção da maior dimensão de maneira a garantir
adequada rigidez à estrutura, nas duas direções. Sua área mínima
deve ser de 360 cm2.

Casos especiais:
Dimensões entre 14 e 19 cm

Majorar os esforços
solicitantes de cálculo finais

ɣn = 1,95 - 0,05b ≥ 1
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares

✓ Para efeito de pré-dimensionamento, a área da seção transversal


Ac pode ser pré-dimensionada através da carga total (Ptot) prevista
para o pilar.

✓ Esta carga pode ser estimada através da área de influência total


do pilar em questão, Atot .

✓ No caso de andares-tipo, ela equivale à área de influência em


um andar multiplicada pelo número de andares existentes acima
do lance considerado.
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares – Estimativa da carga no pilar por área de


influência

✓ Durante o desenvolvimento e desenho da planta de fôrma é


necessário definir as dimensões dos pilares, antes mesmo de
conhecermos os esforços solicitantes atuantes.

✓ Um processo simples, que auxilia a fixação das dimensões do


pilar, é a estimativa da carga vertical no pilar pela sua área de
influência, ou seja, a carga que estiver na laje dentro da área de
influência do pilar “caminhará” até o pilar.
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares – Estimativa da carga no pilar por área de


influência

✓ No entanto, é necessário ter um valor que represente a carga


total por metro quadrado de laje, levando-se em conta todos os
carregamentos permanentes e variáveis. Para edifícios de pequena
altura, com fins residenciais e de escritórios, pode-se estimar a
carga total de 10 kN/m2. Edifícios com outros fins de utilização
podem ter cargas superiores e edifícios onde a ação do vento é
significativa, a carga por metro quadrado deve ser majorada.
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares – Estimativa da carga no pilar por área de


influência

✓ É importante salientar que a carga estimada serve apenas para


o pré-dimensionamento da seção transversal dos pilares. O
dimensionamento final deve ser obrigatoriamente feito com os
esforços solicitantes reais, calculados em função das cargas
(reações) das vigas e lajes sobre o pilar, e com a atuação
das forças do vento e outras que existirem.
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares – Estimativa da carga no pilar por área de


influência
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares – Estimativa da carga no pilar por área de


influência

✓ As equações para pré-dimensionamento da seção transversal de


pilares, apresentadas a seguir, servem apenas para pilares de
edificações de pequeno porte (baixa altura), e aço do tipo CA-50.
Edifícios onde a ação do vento origina solicitações significativas
devem ter a seção transversal majorada em relação àquelas
resultantes deste pré-dimensionamento, ou outras equações
devem ser utilizadas.
PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares – Estimativa da carga no pilar por área de


influência

A carga total média em edifícios (pméd) varia de 10 kN/m2 a 12


kN/m2. Portanto, tem-se:

Ptot ou Nk = Atot . pméd


PRÉ – DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS

Pilares – Estimativa da carga no pilar por área de


influência
DESENHO PRELIMINAR DE FÔRMAS - CARIMBO
EXERCÍCIO

Fazer a concepção estrutural


do pavimento:

- lançamento de pilares,
vigas e lajes;
- pré-dimensionamento dos
elementos.
- planta de fôrmas.

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