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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E ARQUITECTURA

Autor: Eng. Seisdmar Young Araujo Bambala

"FUNDAÇÕES"

Conferencia #03
Actividade #3
4º Ano De Engenharia Civil
I SEMESTRE

TíTULO: “ASSENTAMENTO EM FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS”

SUMARIO:

3.1. Estado Limite de deformação


3.2. Método das relações tensão-deformação
3.3. Assentamento Diferencial

3.4 Efeito de assentamentos em estruturas

OBJETIVOS:

1. Entender os aspectos com relação ao estado limite utilização;


2. Aplicar o conceito de Teoria da Elasticidade para o cálculo de assentamentos;
3. Conhecer e determinar a distorção angular;
BIBLIOGRAFÍA

- Das, Braja Principios de Ingeniería de Cimentaciones. Primera parte, páginas


126-130 y 171-178

- Eurocodigo 7- Projecto Geotécnico

- Physical and Geotechnical properties of soils. Bowles, J.

- Anotações de aulas

1.1. INTRODUÇÃO:

Na aula passada se concluiu o estudo dos aspectos relacionados com a determinação da


capacidade de carga da base das fundações, aspecto fundamental para o desenho
geotécnico da base das fundações pelo estado limite último.

O tema fundamental que se tratará em esta conferencia é o relacionado com o estado


limite de utilização as diferentes deformações da base das fundações superficiais, assim
como sua importancia de determina-los.

-Enunciar os objectivos-

DESENVOLVIMENTO:

3.1 LIMITE DE ESTADO DE DEFORMAÇÃO

Estado Limite de Utilização: Estado Limite que garante a funcionalidade da estrutura,


verificando que todos os deslocamentos ou deformações que se originam na base da
fundação devido à ação das cargas, não ultrapassem os limites admissíveis, de forma que
assegurar o correto aproveitamento da estrutura.
Toda edificação implantada em algum solo se movimenta devido ao excesso de carga
atuante, e isso é chamado de recalque ou assentamento. Esse fenômeno é responsável
por causar a inclinação da edificação proporcionando ao surgimento de rachaduras em
diversas partes, alguns fatores que o favorecem são: o solo, má execução de projeto,
rebaixamento do lençol freático, vibrações próximas da obra.

Vejamos com alguns exemplos como isso acontece e a importância de conhecer o


assentamento, mesmo que a falha não seja eminente.

Aparência: aparecem fissuras nas paredes ou inclinação das estruturas.

Exemplo 1.
Assentamento de mais de 12 cm em terreno do Instituto de Tecnologia de Massachusetts.
EU.

Exemplo 2.
Torre de Pisa, que assentou 1m no lado norte e 3 m no lado sul. Inclinação.

Apesar de seu estado, quando as condições do solo são muito ruins, os assentamentos são
aceitos e a fissuração é consequente.

Exemplo 3.
No Brasil, os prédios de apartamentos de 15 andares são fundados em solo mole, onde
ocorrem assentamentos, de até 30 cm, e permanecem habitados.

Exemplo 4.
O Palácio de Bellas Artes do México afundou 3,60 m em relação ao terreno circundante
e permanece em serviço.

- Condições de serviço: Assim que guindastes, compressores, bombas e outras máquinas


param de funcionar devido ao desgaste e as unidades de monitoramento (por exemplo,
radares) perdem a precisão.
- Danos à estrutura: O assentamento pode causar falha estrutural, mesmo se a segurança
ao cisalhamento for alta.
3.2 MÉTODO DAS RELAÇÕES TENSÃO-DEFORMAÇÃO

O EC-7 estabelece que o assentamento total de uma fundação em solos coesivos ou não
coesivos poderá ser avaliado utilizando o método de cálculo basado nas relações tensão-
deformação, calculando a distribuição de tensões no terreno devido ao carregamento
proveniente da fundação.
Este cálculo poderá ser feito com base na Teoria da Elasticidade, admitindo geralmente
que o solo é homogéneo e isótropo e que se verifica uma distribuição linear da pressão de
contacto.
Calculando a deformação no terreno a partir das tensões, utilizando valores de módulos
de rigidez ou outras relações tensão-deformação determinadas a partir de ensaios de
laboratório (preferencialmente calibrados com ensaios de campo) ou de ensaios de
campo.
Para utilizar o método das relações tensão-deformação é necessário seleccionar um
número suficiente de pontos no interior do terreno sob a fundação e calcular as tensões e
as deformações nestes pontos.

O cálculo de assentamentos surge no ponto 6.6.2 no EC7-1, inserido no Capítulo 6.6


referente ao dimensionamento em relação aos Estados Limites de Utilização.

Definem-se assim algumas exigências relativamente ao cálculo de assentamentos:

- No caso de argilas moles devem sempre ser realizados cálculos de


assentamentos;

- No caso de fundações superficiais em argilas rijas ou duras das Categorias


Geotécnicas 2 e 3 deverão em geral ser realizados cálculos de assentamentos;

- Os cálculos de assentamentos não deverão ser considerados exatos, mas apenas


uma estimativa aproximada;
- Os deslocamentos da fundação devem ser considerados em termos de
deslocamento de todo o sistema de fundação e em termos de deslocamentos
diferenciais das diferentes partes da fundação;

- O efeito das fundações e dos aterros vizinhos deve ser tido em conta no cálculo
dos incrementos de tensões no terreno e da sua influência na compressibilidade
do terreno.

Os limites definidos para os assentamentos apresentam-se no Anexo H, referindo-


se que nos casos de estruturas com fundações isoladas são muitas vezes
admissíveis assentamentos totais até 50 mm.

Método da elasticidade ajustada

O assentamento total de uma fundação em solos coesivos ou não coesivos poderá ser
avaliado utilizando a teoria da elasticidade em uma expressão com a seguinte forma:

(1 − 𝜇) )
𝑆 = 𝑝𝐵 𝐼
𝐸𝑠

Onde:

𝑝: Tensão aplicada no solo

𝐵: Menor dimensão da sapata

𝜇: Módulo de Poisson

𝐸𝑠: Módulo de elasticidade do Solo

𝐼: Factor de forma da sapata

A seguir, são apresentados alguns valores típicos de μ e ES para vários tipos de solos, e
de I para várias formas de sapatas, e para os recalques do canto e centro das mesmas.
Tabela 1: Fator de influência da geometria da sapata

Tabela 2: Módulo de Poisson

Tabela 3: Módulo de Elasticidade Secante

Apesar de terem sido apresentados na tabela 3 alguns valores típicos de ES para vários
tipos de solo, é recomendável que este parâmetro seja determinado através de ensaios
especiais (triaxial), que possibilitem a obtenção da curva tensão x deformação.
3.3 ASSENTAMENTO DIFERENCIAL

O recalque/assentamento mais conhecido é o diferencial que rebaixa apenas um lado da


edificação, que também pode ser conhecido como distorção angular.

Para a determinação da distorção angular, quando se garante o comportamento tensão-


deformação lineal, se determina primeiramente os assentamentos das bases de cada uma
das sapatas conectados estruturalmente e a partir deles se determina 𝛿 segundo a
equação.

∆𝑆
𝛿=
𝐿𝑐
Onde:
DS – Assentamento diferencial entre as sapatas isoladas ou a diferença de deslocamento
vertical em um tramo de uma sapata corrida ou radier.
Lc – Distancia entre duas sapatas isoladas ou a distância entre os pontos onde se mede a
diferença da flecha de uma sapata corrida ou radier.

Sapata 1 Sapata 2

S1
S2
DS
𝛿
LC
3.4 EFEITO DE ASSENTAMENTOS EM ESTRUTURAS

Os efeitos dos recalques nas estruturas podem ser classificados em 3 grupos.

ü Danos estruturais: são os danos causados à estrutura propriamente dita (pilares,


vigas e lajes).
ü Danos arquitetónicos: são os danos causados à estética da construção, tais
como trincas em paredes e acabamentos, rupturas de painéis de vidro ou
mármore, etc.
ü Danos funcionais: são os causados à utilização da estrutura com refluxo ou
ruptura de esgotos e galerias, emperramento das portas e janelas, desgaste
excessivo de elevadores (desaprumo da estrutura), etc.

Segundo Skempton e MacDonald (1956), no caso de estruturas normais (betão ou aço),


com painéis de alvenaria, o recalque diferencial não deve ser maior que o estabelecido
na tabela seguinte:

𝜹 Tipo de Dano
1/150 Estrutural
1/200 Funcional
1/300 Arquitetónico

Os limites de assentamento ou recalque diferencial estarão de acordo o seguinte


esquema:
CONCLUSÃO

Destacar nas conclusões a importancia que tem o dimensionamento da sapata pelo


critério de deformação ou estado limite de utilização, é evidente que a grande maioria
das patologias das estruturas, relacionadas com o comportamento das fundações, se
desenvolvem a partir das deformações das mesmas.

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