Você está na página 1de 66

CASTELOS

ROMÂNICOS, GÓTICOS E
RENASCENTISTAS
Esquema de um castelo medieval
 Um castelo (diminutivo de castro) é uma
estrutura arquitetónica de fortificação, com
funções defensiva e residencial. De tipo
permanente, era geralmente erguido em
posição dominante no terreno, próximo a vias
de comunicação (terrestres, fluviais ou
marítimas), o que facilitava o registo visual
das forças inimigas e as comunicações a
grandes distâncias.
 Um castro é um tipo de povoado existente nas montanhas do
noroeste da Península Ibérica, e que são característicos da
Idade do Ferro com estruturas predominantemente circulares,
revelando desde cedo a implementação de uma «civilização da
pedra», quer nas zonas de granito quer nas de xisto.
 Uma cividade (substantivo feminino antigo de cidade) ou
Citânia é um castro de maiores dimensões e importância,
habitado continuamente. A designação Citânia é comparado
com o "Cytian" dos povoados fortificados nas ilhas Britânicas.
 Durante muito tempo consideraram-se os castros como
"povoados fortificados" mas esta designação, consagrada pelo
uso, é evidentemente muito redutora, porque recobre realidades
arqueológicas muito diversas e susceptíveis de variadas
interpretações. Recentemente, tem-se vindo a aperceber que
estes sítios são de uma enorme a complexidade, que de
maneira alguma se podem apenas subsumir numa qualquer
"cultura" local (ou várias), e muito menos numa "função" militar.
A construção de um castelo
 A construção de um castelo poderia demorar de menos de um
ano até mais de vinte para ser concluída. A arquitetura de
fortificações, por muitos séculos, constituiu-se em importante
atividade econômica, levando a uma grande demanda por
mestres-de-obras e grupos de artífices especializados, que se
mudavam freqüentemente de região para região. Na Idade
Média, as cidades que pretendiam erguer catedrais tinham que
competir por essa mão-de-obra especializada com a nobreza
que estava a construir castelos.
 Um exemplo foi a construção do Castelo Beaumaris, no norte de
Gales, iniciada em 1295 e jamais concluída. O projeto era
simétrico, sem pontos fracos. Em seu auge os trabalhos
ocuparam 30 ferreiros, 400 pedreiros e 2000 trabalhadores. O
Castelo de Conway, também em Gales, erguido por
determinação de Eduardo I de Inglaterra, levou quarenta meses
para ser concluído.
Beaumaris Castle and moat, Gales.
Conway Castle, Gales.
 Em sua concepção clássica, um castelo compunha-se de um pátio ou
praça de armas, cercado pelas edificações, adoçada às muralhas. O
topo das muralhas era percorrido por um adarve, protegido por ameias.
O acesso era feito pelo Portão de Armas (principal), havendo ainda
uma chamada "Porta Falsa", "Poterna" ou "Porta da Traição", prevendo
uma eventual retirada dos defensores. Com o desenvolvimento de
povoações ao abrigo dos muros do castelo, uma cerca passou a
envolver o perímetro urbano.

 Entre os seus principais elementos defensivos compreendem-se as


muralhas, amparadas ou reforçadas por torres. Entre estas últimas,
destacava-se a chamada torre de menagem, que se constituía em um
pequeno castelo dentro do castelo. Muralhas e torres eram encimadas
por matacães e ameias. A sua defesa era ampliada pela presença de
barbacãs e pela abertura de fossos e valas, secos ou inudados,
visando dificultar não apenas a aproximação dos atacantes, mas
também as muralhas contra os trabalhos de sapa dos atacantes. Estes
obstáculos eram transpostos, adiante dos portões, por pontes
levadiças. Os portões, por sua vez, podiam ser defendidos por pesadas
portas levadiças, uma grade que deslizava nas ombreiras do portão,
bloqueando a passagem.
Castelo de
Pierrefond
s (França)
e suas
estruturas
defensivas.
Construção de um torreão, destacando-se
os andaimes.
Corte de uma torre mostrando as seteiras
e ameias.
Porta levadiça.
Castelos Medievais Europeus
 Os castelos, em sua concepção clássica, começaram a surgir no
século IX, quer em resposta às incursões Normandas e
Magiares ao Norte e ao Centro, quer às lutas da Reconquista
cristã na península Ibérica, mas de forma geral como uma
manifestação do poder político descentralizado dos senhores
feudais. Do século IX ao século XV, milhares de castelos foram
erguidos pelo continente. Durante este período os senhores
feudais eram a lei e as suas torres, e depois castelos, a garantia
da segurança e da ordem para as populações locais, as suas
colheitas e o seu gado. Essa situação manteve-se até ao
surgimento da artilharia.
As torres defensivas

 Na transição da Alta para a Baixa Idade Média, difundiu-se o


emprego de torres defensivas, erguidas em pontos elevados
e/ou de fácil defesa sobre o terreno, empregando os materiais
mais abundantes em cada região: madeira, taipa e,
posteriormente, pedra, em aparelho de menor ou maior
perfeição.
 Típicamente, estas torres apresentavam planta circular ou
quadrangular, divididas internamente em até três pavimentos
que se comunicavam entre si por escadas. De forma geral, o
pavimento inferior não apresentava portas, janelas ou quaisquer
aberturas, sendo utilizado como depósito, cisterna ou prisão. Em
época posterior, este pavimento inferior passou a abrigar o corpo
da guarda. O pavimento intermediário conservou a função social
e o superior passou a ser utilizado para a vida privada. No topo,
o terraço manteve a função defensiva.
 Ao abrigo e ao redor
destas torres, que  Progressivamente, durante a
combinavam as Baixa Idade Média, este tipo de
funções de atalaia, estrutura foi complementado por
uma cerca dos mesmos
aviso, depósito de materiais, normalmente de
víveres e residência planta ovalada, adaptada ao
terreno, e, mais tarde ainda, por
senhorial, os habitantes fossos. As defesas foram
da região iam erguendo progressivamente sendo
aperfeiçoadas e dotadas,
as suas residências. externamente, de barbacãs e
torres albarrãs, e internamente,
de cisternas e poços. O topo
dos muros e das torres, também
progressivamente, foi recebendo
caminhos de ronda (adarves),
ameias e merlões, seteiras e
troneiras, palanques defensivos
e balcões com matacães.
Castelo de Almourol em Vila Nova da Barquinha, Portugal:
Vista geral com a torre de menage.
Castelo de Almourol, Portugal: a torre de menagem
destaca-se no interior da cintura de muralhas.
Castle Neuschwanstein at Schwangau,
Bavaria, Germany.
Le château de Pierrefonds, Français.
Château de Pierrefonds - Portal
Parecido!
 A partir do
século XI, a torre
de madeira deu  A construção da Torre de
lugar a uma torre Londres em Londres,
(ou torreão) de
planta circular, Inglaterra, foi iniciada em
em alvenaria de 1078 ao leito do mais
pedra, e a cerca importante rio inglês, o
de madeira, a
uma muralha Tâmisa, por Guilherme o
também de Conquistador sendo
alvenaria de inicialmente uma
pedra, ainda
envolvida por um fortificação nos limites da
fosso inundado. cidade romana rodeando a
A entrada Torre Branca, primeiro
passou a ser membro dos 7 hectares que
defendida por
um portão e uma completam a Torre de
ponte Londres.
levadiça.Tal a
Torre de
Londres.
Tower of London -- from manuscript
(British Library, MS Royal, 16 folio 73)
of poems by charles, duke of orleans
(1391-1465)
Tower Of London Traitors' Gate Seen From The River
White Tower - Tower of London
Windsor Castle at sunset as viewed from
the Long Walk in Windsor, England.
Castelo de Guimarães - Portugal
Bodiam, castelo medieval junto ao Rio Rother, em East Sussex, no sudeste da Inglaterra.

Construído em 1385 por Sir Edward Dalyngrigge, um antigo cavaleiro de Edward III
Bodiam Castle, East Sussex,
England.
O castelo Bodiam construído, em Sussex,
Inglaterra, durante o século XIV,
 foi um dos primeiros a aliar
necessidades de defesa e
conforto para seus moradores.
O fosso e as altas muralhas
garantiam a segurança mas
havia, também, alojamentos
cuidadosamente planejados
no seu interior, inclusive um
átrio e uma capela. O castelo
foi parcialmente destruído no
século XVII, durante a Guerra
Civil inglesa, mas passou por
uma restauração no início do
século XX e foi doado à nação
pelo Lord Curzon, um
estadista inglês.
Castelo na Holanda
Herstmonceux Castelo. East Sussex.
Construído em meados do século XV.
 Os jardins,
Herstmonceux
Castelo.
Taken from
the
summerhouse
, the castle
can be seen
beyond the
sundial.
 O castelo
pode ser visto
além do
relógio de sol
Hever Castle, Kent.

 The oldest part of the castle dates to 1270 and consisted of the
gatehouse and a walled bailey. A parte mais antiga do castelo
datas de 1270 e consistiu da Gatehouse e uma murada
colherão. In the early 1500’s, the Bullen family bought the castle
and added a Tudor dwelling within the walls and so it became the
childhood home of its most famous inhabitant, Anne Boleyn. No
início dos anos 1500's, o Bullen família comprou o castelo Tudor
e acrescentou uma habitação dentro das muralhas e, por isso,
tornou-se o lar de sua infância mais famoso habitante, Anne
Boleyn. It later passed into the ownership of Henry’s fourth wife,
Anne of Cleves. É mais tarde passou para a propriedade de
Henrique da quarta esposa, Ana de Cleves.
Hever Castle, do Sul-Oeste. Hever was Anne Boleyn's family home.

Hever Anne Boleyn foi a família da casa.


CASTELO SEGOVIANO - ESPANHA
Scotney Castelo Kilndown, Kent
CASTELO DE LEIRIA -
PORTUGAL  Vigiando a cidade do
Lis que se estende a
seus pés, o castelo
medieval de Leiria foi
edificado no topo de
uma colina,
constituindo um
conjunto de rara
beleza entre
património natural e
património construído.
 Em 1135, D. Afonso
Henriques, após a
conquista de Leiria
aos Mouros, manda
construir o castelo
onde antes existia
uma fortaleza dos
Mouros.
 Foi reconstruído em 1192 por D.Sancho I, após
vários ataques muçulmanos.
O mais bem preservado castelo medieval
do Vale da Aosta, Italy – Castelo di
Fenis
Castelo de Linhares da Beira-
Portugal
 localiza-se na vila e Freguesia
de Linhares da Beira, Distrito  traços do estilo românico, com
da Guarda, em Portugal. a torre de menagem isolada
 Situado num cabeço rochoso no interior da praça de armas
num contraforte a noroeste da e cerca envolvente adaptada
serra da Estrela, domina o ao terreno. No reinado de D.
vale do rio Mondego. O seu Afonso III, nas Inquirições de
passado mergulha nas lendas, 1258, menciona-se que os
sendo considerado uma das moradores de Sátão eram
fortificações medievais mais obrigados à anúduva (auxílio
importantes da Beira Alta na reparação de estruturas
Interior. militares) nos castelos da
Guarda e de Linhares, o que
demonstra, a par da
importância estratégica deste
último no quadro defensivo do
reino à época, que lhe
estavam sendo procedidas
obras
Castelo de Linhares da Beira, Portugal: muralhas
e Torre de Menagem.
Castelo de
Penedono -
Portugal
Castelo de Estremoz, Alentejo, com uma
alta torre de menagem

castelo
medieval com
acrescento
manuelino-
renascentista
com nós e
planta
centrada com
torres
cilíndricas.
Guimarães, Portugal - Castelo e Paço Ducal
Castelo de Guimarães, Portugal

 A povoação de Vimaranes distribuía-se, à época, em dois núcleos: um


no topo do então chamado Monte Largo, e outro, no sopé dessa
elevação, onde o mosteiro foi fundado. Era vulnerável à época, além
das possíveis incursões de forças Muçulmanas, oriundas da fronteira
ao Sul de Coimbra, às incursões de Normandos, oriundos do mar do
Norte em embarcações rápidas e ágeis, que assolavam as costas e o
curso navegável dos rios à época.
Visando a defesa do núcleo monacal, a condessa Mumadona Dias
principiou, no topo do Monte Largo, um castelo para o recolhimento das
gentes em caso de necessidade. É bem conhecido historiograficamente
o trecho da carta de doação desse castelo aos religiosos, lavrada em
Dezembro de 958, do qual consta essa decisão. Acredita-se que a
estrutura então erguida, sob a invocação de São Mamede, fosse
bastante simples, composta por uma torre possivelmente envolta por
uma cerca.
Powis Castle - Welshpool, Powys. England
Siglo XII até XIX
Castelo, construídas
originalmente c.1200,
começou a vida como uma
fortaleza do galês Príncipes de
Powys e comandos magníficas
vistas em direção a Inglaterra.
Remodelada por mais de 400
anos, que reflete a evolução
das necessidades e das
ambições da família Herbert,
acrescentando a cada geração
da magnífica coleção de
pinturas, esculturas, mobiliário
e tapeçaria.
Castelos Românicos
 Com o advento de uma nova reforma administrativa por parte de
Fernando Magno, procede-se a um desencastelamento a nível da
península Ibérica entre 1090 e 1125, abandonando-se as estruturas
militares de menor importância. De agora em diante, o esquema de
organização do território é, grosso modo, definido por uma terra, um
tenente, um castelo cabeça de terra (BARROCA, 2000). O castelo
românico é o exemplo paradigmático das novas estruturas militares.
 A morfologia do castelo românico assenta em dois princípios
fundamentais: o do comando e o da defesa passiva:
 Confia na sua capacidade de resistência, com muros espessos e altos,
ignorando dispositivos de contra-ataque eficazes;
 A cerca delimita um pátio, o que pela primeira vez possibilita a
permanência de uma pequena guarnição;
 Geralmente possui duas portas, a porta principal e a porta da traição;
 Podem existir recintos secundários que permitam o abrigo das
populações, como é o caso do Castelo de Castro Laboreiro;
 A torre de menagem, estrutura  A Ordem dos Templários é
central do castelo, define-se responsável pela maior parte
como principal ponto de poder das grandes inovações
e último reduto de defesa. militares a nível arquitectónico
Esta torre é mais alta do que a conhecidas nesta época em
cerca de muralha, permitindo o território português,
tiro directo para fora desta e é introduzindo a torre de
de planta quadrangular, com a menagem (Castelo de
entrada no primeiro piso, Pombal), o hurdício (Castelo
sendo o acesso apenas de Longroiva) e o alambor
possível por uma escada de (Castelo de Tomar).
madeira, facilmente removível
ou eliminada se fosse o caso
de perda do resto das
estruturas.
O Castelo de Pombal, Distrito de Leiria,
em Portugal.
O Castelo de Longroiva, na Beira
Interior, Distrito da Guarda, em Portugal
Castelo de Tomar na província do Ribatejo
O assédio e o assalto a um castelo

 A tarefa de captura de um castelo era normalmente difícil,


demandando paciência e recursos para sustentar um cerco, o
emprego de astúcia e mesmo de diplomacia.
 Quando uma força inimiga se aproximava do castelo,
normalmente os habitantes da região se abrigavam em seu
interior com suas colheitas e criação.
 Estabelecido o assédio, impunha-se ultrapassar as muralhas,
que necessitavam ser rompidas. Uma variedade de técnicas e
de meios foi desenvolvida, ao longo dos séculos, para esse fim:
 Sapa - os trabalhos de sapa ou de minas consistiam em escavar
túneis nas fundações das muralhas, escorados por traves de
material, posteriormente incendiados para fazer desabar os
túneis e as seções de muralhas acima.
 Tossa de Mar,
Costa Brava, no
litoral da Catalunha.
 Aparelhos de  Aríetes
arremesso de projéteis  Escadas
(pedras, projéteis  Torres de cerco
incendiados ou
cadáveres de animais
 Pavês
ou de pessoas), como
por exemplo o trabuco
("trebuchet") e a
manganela.
Aríetes em ação
Cerco a um castelo
Esquema de um
ataque ao castelo
Torre de Sítio em ação
Castelos Condais
 Os castelos condais são fruto do chamado
"segundo incastelamento" em Portugal que se inicia
em meados do século IX. Derivando de uma nova
fase de índole administrativa, com a divisão do
território em condados (unidades políticas), terrae
(unidades eclesiásticas) e civitates (unidades
militares). Dona Flâmula, no seu testamento, refere
castelos (castelos condais) e penelas (castelos
roqueiros). Podemos observar que estes castelos
continuam a não dar importância à defesa das
populações em si, focando, todavia, a admnistração
territorial.
Castelos Roqueiros
 A estrutura defensiva apelidada de castelo
roqueiro surge-nos como uma primeira tentativa de
defesa ao longo dos séculos IX e X (período ao qual
a maior parte dos medievalistas apelidam como
"primeiro incastelamento"), partindo por parte das
próprias populações a um nível estritamente local,
numa época de crescentes incertezas e sem um
poder central bem definido. A documentação sobre
este tipo de estrutura é escassa e as informações
que possuímos provêm essencialmente da
arqueologia.

Você também pode gostar